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IV SAISEE – SEMINÁRIO DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E SISTEMAS ELETRO-ELETRÔNICOS

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – INATEL


ISSN 2319-0280
MARÇO DE 2016

Desenvolvimento de uma aplicação envolvendo


Inversor de Frequência em Rede PROFIBUS
Alexandre Baratella Lugli, Alexandre Eduardo B. S. de Gouvêa & Pedro Henrique R. de O. Ribeiro
Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel

Abstract – The development presented in this paper can As vantagens trazidas pelo protocolo PROFIBUS e
show how important is the use of technology in automated industry. demais redes tornam o conceito de redes industriais muito
Using the concept of industrial networks can control the operation
atraentes, oferecendo grande confiabilidade e modularidade,
of a motor via commands sent by PLC to frequency inverters, and
thus can achieve a significant reduction in power consumption. fácil compreensão e redução de custos em comparação aos
You can also reduce costs in the implementation of the initial sistemas centralizados utilizados anteriormente com CLP. [1]
project of an industry by reducing the wiring, in addition to
performing a control and more sophisticated diagnostic occupying II. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA
a much smaller space in the control room. The aim of this study is
to propose a motor speed control using industrial PROFIBUS
protocol , to carry out the control of the frequency inverter via A. Motor de Indução Trifásico (MIT)
commands sent by the network bus. In addition, you can also view
the fault diagnostics occurred in the inverter by PROFIBUS Os motores trifásicos de corrente alternada são
network. conversores eletromagnéticos de energia que conseguem
Index Terms – frequency Inverter, Industrial Automation,
converter energia elétrica em energia mecânica, quando
Motor, PLC, PROFIBUS Network.
operado como motor, e converter energia mecânica em energia
Resumo – O desenvolvimento apresentado nesse trabalho elétrica, quando operado como gerador, pela indução
pode demonstrar o quão importante é a utilização da tecnologia magnética. [2]
numa indústria automatizada. Utilizando o conceito de redes A Figura 1 ilustra um motor de indução trifásico.
industriais pode-se controlar o funcionamento de um motor através
de comandos enviados por CLPs para inversores de frequência,
podendo, assim, obter uma redução significativa no consumo de
energia. Também é possível reduzir custos na implementação do
projeto inicial de uma indústria com a redução do cabeamento,
além da realização de um controle e diagnóstico muito mais
sofisticado ocupando um espaço muito menor na sala de controle.
O objetivo desse trabalho é propor um controle de velocidade do
motor, utilizando o protocolo industrial PROFIBUS, para realizar o
controle do inversor de frequência, via comandos enviados pelo
barramento de rede. Além disso, pode-se, também, visualizar os
diagnósticos de falha ocorrido no inversor pela rede PROFIBUS.
Palavras-chave – Automação Industrial, CLP, Inversor de
frequência, Motor, Rede PROFIBUS.

I. INTRODUÇÃO
Figura 1 – Motor de Indução Trifásico. [2]
Este artigo tem por objetivo abordar o conceito de uma
aplicação que controla um motor através de um inversor de No desenvolvimento dessa aplicação utilizou-se um
frequências ligado à uma rede PROFIBUS-DP. motor para operar na conversão de energia elétrica em energia
As redes industriais são importante parte da evolução mecânica. Pode-se observar o princípio de funcionamento na
dos sistemas ponto a ponto, onde havia um elemento Figura 2.
centralizado de controle e todos os elementos periféricos se
conectavam a ele. Com a evolução destes sistemas, verificou-
se uma grande melhora na sinalização de diagnóstico e
alarmes dos dispositivos periféricos (o que era impossível nos
sistemas ponto-a-ponto) e uma grande diminuição no custo de
partida da planta, devido à grande economia de cabeamento. [1]
Figura 2 – Transformação de energia no motor. [3]

Algumas vantagens no uso do motor CA em


comparação com o motor CC estão listadas a seguir.
 O motor CA tem um custo menor que o motor CC.
 O motor CA oferece melhor rendimento
proporcionando redução no consumo de energia e
menor aquecimento do motor.
 Menor número de componentes, o que Figura 3 – Representação em blocos dos componentes dos Inversores de
proporciona um menor custo de manutenção. Frequência. [4]

 Maior número de fornecedores capacitados e


habilitados para fornecerem motores CA e maior
número de oficinas especializadas em
rebobinamento. 1. Unidade Central de Processamento (CPU)
 O motor CA é bem menor que o CC com a mesma
Dependendo do fabricante, a CPU de um inversor de
potência.
frequência pode ser formada por um microcontrolador ou um
microprocessador. Neste bloco, todos os parâmetros estão
B. Inversor de Frequência
armazenados, já que este conjunto também dispõe de uma
memória. A CPU, além de armazenar os dados, também é
O controle de velocidade é indispensável na automação
responsável por executar a função considerada mais vital para
industrial. Na indústria de papeis e celulose, por exemplo,
o funcionamento do inversor: a geração de pulsos de disparo,
algumas aplicações não podem operar sem este controle.
acionada por uma lógica de controle. [4]
Outros dispositivos como bombas centrífugas, podem se
beneficiar reduzindo o consumo de energia. O uso de
2. Interface Homem/Máquina (IHM)
dispositivos para controlar a velocidades de motores nas
Com este dispositivo é possível visualizar o que está
indústrias possui diversas aplicações. [4]
ocorrendo (display) e parametrizá-lo (teclas) de acordo com a
Geralmente estes dispositivos são utilizados para: [4]
aplicação. [4]
 Agilizar um processo ajustando sua velocidade;
A Figura 4 ilustra a vista frontal do inversor de
 Controlar o torque de um conjunto de acordo com a
frequência utilizado nessa aplicação.
necessidade do processo;
 Reduzir o consumo de energia e aumentar a
eficiência.

A Figura 3 mostra os blocos componentes do inversor


de frequência.

Figura 4 – Painel de comandos do inversor de frequência.


3. Interfaces
Na maior parte dos inversores, o comando é dados
através dos sinais analógicos ou digitais. Quando queremos
controlar a velocidade de rotação de um motor CA, utilizamos
a tensão analógica de comando, que varia entre 0 e 10Vcc. A
velocidade (RPM) é proporcional ao seu valor. A inversão do
sentido de rotação é feita invertendo a polaridade do sinal
analógico. O inversor também possui entradas digitais que
podem ser selecionadas nos parâmetros de programação. [4]

4. Etapa de Potência
É constituída por um circuito retificador, que através de
um circuito intermediário chamando de “barramento CC”
alimenta o circuito de saída do inversor (módulo IGBT). [4]

5. Diagramas de ligação típicos de um inversor


A configuração típica de um inversor de frequência,
contem entradas e saídas digitais e analógicas, exercendo
funções parametrizadas no inversor, como controle de Figura 6 – Aplicação genérica do CLP. [5]
velocidade, partida, reversão, leitura de corrente e frequência
entre outras. Os principais blocos que compõem o CLP são:
A Figura 5 demonstra uma configuração típica do  CPU (Unidade Central de Processamento): compreende o
inversor de frequência. processador (microprocessador, microcontrolador ou
processador dedicado), o sistema de memória (ROM e RAM)
e os circuitos auxiliares de controle. [5]
 Circuitos/Módulos de I/O (Entrada/Saída): podem ser
discretos (sinais digitais: 12VDC, 110VAC, contatos
normalmente abertos, contatos normalmente fechados) ou
analógicos (sinais analógicos: 4-20mA, 0-10VDC, termopar).
[5]

 Fonte de Alimentação: responsável pela tensão de


alimentação fornecida à CPU e os Circuitos/Módulos de I/O.
Em alguns casos, proporciona saída auxiliar (baixa corrente).
[5]

 Base ou Rack: proporciona conexão mecânica e elétrica


entre a CPU, os Módulos de I/O e a Fonte de Alimentação.
Contém o barramento de comunicação entre eles, no qual os
Figura 5 – Conexão de entradas e saídas digitais e analógicas. [4]
sinais de dados, endereço, controle e tensão de alimentação
estão presentes. [5]
C. Controlador Lógico Programável (CLP)
Pode ainda ser composto por Circuitos/Módulos
O Controlador Lógico Programável, ou simplesmente
Especiais: contador rápido, interrupção por hardware,
CLP, pode ser definido como um dispositivo de estado sólido,
controlador de temperatura, controlador PID, co-processadores
um computador industrial, capaz de armazenar instruções para
e comunicação em rede, por exemplo. [5]
implementação de funções de controle (sequência lógica,
A Figura 7 mostra a estrutura básica de um CLP por
temporização e contagem, por exemplo), além de realizar
meio dos blocos descritos.
operações lógicas e aritméticas, manipulação de dados e
comunicação em rede, sendo utilizado no controle de sistemas
automatizados. [5]
A Figura 6 apresenta uma aplicação genérica do CLP.
 Classe – 2_DP MASTER aplicado em
manutenções e diagnósticos dos dispositivos de
trabalho;
 Classe – 3_SLAVE busca as informações da saída
e envia para a entrada de no máximo 244 bytes de
entrada e saída.

A Figura 8 ilustra as principais características da rede


PROFIBUS DP.

Figura 7 – Estrutura básica do CLP. [5]

D. Rede PROFIBUS

A rede PROFIBUS (Process Field Bus), por ser um


padrão aberto de comunicação industrial, é utilizada em um
grande número de aplicações para automação de processos e Figura 8 – Características da rede PRODIBUS DP. [6]
manufatura. É um protocolo independente de fabricantes e
padronizado conforme as normas EN50170 e EN50254. O A taxa de transmissão pode chegar à 12Mbps, contudo
mesmo consegue transmitir informações em aplicações que ela varia de acordo com a distância, em metros. [6]
precisem de alta velocidade ou mesmo tarefas complexas e A Figura 9 mostra a velocidade de acordo com a
extensas de comunicação. [1] distância.
Existem duas diferentes versões de PROFIBUS:
 PROFIBUS DP: Periferia Descentralizada
(Decentralized Peripherals): esse protocolo
atualmente é o mais utilizado. Projetado para
aplicações onde alta velocidade e baixo custo
sejam prioridades. Pode substituir sistemas
centralizados com CLPs, em automações com
sinais discretos em manufatura ou para transmissão
de sinais de 4 a 20 mA em automações de
processos analógicos (possui algumas restrições
para esta aplicação que são supridas na versão
PA). Esta é a versão com melhor desempenho,
dedicada a aplicações com tempos críticos entre o
sistema de automação e a periferia distribuída.
Apropriada para substituir a conexão paralela de
sinais, que tem um alto custo.
 O PROFIBUS DP é mais rápido em aplicações no Figura 9 – Variação da Taxa de transmissão do PROFIBUS DP. [1]
nível de sensor/atuador. O meio físico utilizado é
RS-485 e a fibra óptica. Permite sistemas mono e  PROFIBUS PA – Automação de Processo (Process
multi-mestre com vários modelos de Automation): é uma versão menos utilizada do
configurações, limitada a no máximo, 125 Profibus. Desenvolvida para sistemas de transmissão
dispositivos (mestres e escravos) ligados em um de sinais de 4 a 20mA ou HART para aplicação de
mesmo barramento. [1] processos analógicos. A velocidade é fixa em
31,25Kbps, depende da versão DP para funcionar e
Existem três tipos de dispositivos: tem um custo maior comparado a mesma. A grande
 Classe – 1_DP MASTER controla as informações vantagem é ter a possibilidade de configuração e
através de um controlador único com o escravo em parametrização integradas no instrumento de campo e
um ciclo de mensagem; a padrões avançados de supervisão como o FDT
(Field Device Tool) ou DTM (Device Type
Manager). As duas tecnologias são conceitos de
análise de falhas, diagnósticos e parâmetros avançados
de redes de campo para instrumentos analógicos. O
meio físico utilizado é o Manchester. [1]

III. APLICAÇÃO PRÁTICA

Para iniciar os trabalhos, são necessárias várias


configurações nos parâmetros do inversor de frequências, nas
quais são configurados taxa de transmissão de dados,
protocolo de comunicação, fonte de frequência para operar em
RS-485 e fonte de operação para operar em modo MODBUS.
Figura 12 – Importação do arquivo GSD para o programa.
A Figura 10 mostra as configurações de parâmetros
inseridas no inversor.

Figura 10 – Parâmetros inseridos no inversor de frequências para operar em


rede PRODIBUS.

O segundo passo é definir em qual endereço o inversor irá


operar, nesse caso endereço 3.
A Figura 11 mostra a configuração física desse endereço
no inversor de frequência.
Figura 13 – Importação do arquivo GSD para o programa.

A configuração do endereço físico alocado no inversor


também é necessária no programa.
A Figura 14 mostra a configuração do endereço do
inversor no aplicativo computacional da rede PROFIBUS DP.

Figura 11 – Endereço alocado no inversor de frequência.

Feito isso, algumas configurações básicas são necessárias


no programa, como a importação do arquivo GSD (General
Figura 14 – Configuração do endereço do inversor no programa.
Source Device), que configura todos os parâmetros necessários
para o módulo adicional de comunicação PROFIBUS.
A taxa de comunicação e o perfil de rede são configurados
As Figuras 12 e 13 mostram com detalhes a importação
no aplicativo computacional da rede PROFIBUS DP,
desse arquivo para o programa.
conforme mostra a Figura 15 a seguir.
Figura 15 – Seleção da taxa de comunicação e perfil de operação da rede.

Os bytes que são trabalhados estão configurados entre 136


e 143, ou seja, 8 bytes de entrada e 8 bytes de saída. A Figura
16 a seguir ilustra essa configuração.

Figura 17 – Lógica desenvolvida em Ladder.

IV. CONCLUSÃO

Apresenta-se, neste trabalho, o desenvolvimento de uma


aplicação de controle de um inversor de frequências utilizando
Figura 16 – Configuração dos bits de operação. a rede PROFIBUS DP.
Verificam-se inúmeras vantagens em relação à aplicação
A lógica utilizada no sistema trata-se de uma lógica com padrão. Primeiramente, as vantagens de se utilizar um motor
um bloco MOVE que apenas move o valor desejado da AC em relação ao motor DC, a facilidade de alterar um
frequência para a saída do inversor através do byte 138, bem parâmetro, ou fazer um diagnóstico sem a necessidade de estar
como os valores 1 (liga) e 2 (desliga) inseridos no byte 136 fisicamente no chão de fábrica. Também pode-se citar as
para ligar e desligar o sistema. Assim, o byte 136 liga/desliga reduções de custos com cabos e de tempo de manutenção que
o sistema e o byte 138 realiza o controle de velocidade do o sistema em rede pode trazer. A praticidade que isso traz
motor. quando comparada com os sistemas centralizados ponto-a-
A figura 17 mostra as linhas do código desenvolvido em ponto, com seus muitos cabos e identificações muitas vezes
Ladder para girar o motor a uma frequência de 10, 20, 30, 40, apagadas ou até sem a mesma, deixa uma ótima impressão
50 ou 60Hz, bem como os valores 1 e 2 inseridos para ligar e para quem utiliza estas ferramentas.
desligar, respectivamente, o sistema. Conclui-se, deste modo, que para o profissional de
O byte 136 realiza, ainda, o controle de rotação do motor automação é de suma importância o aprofundamento no
(sentido de giro). conhecimento destas tecnologias, visando a melhoria na
Os testes forem realizados com o eixo do motor acoplado a visualização dos parâmetros do elemento de campo, nesse
uma carga mecânica para validação da velocidade de giro do caso, o inversor de frequências.
motor e da corrente consumida pelo inversor.
REFERÊNCIAS

[1] LUGLI, A. B. e SANTOS, M. M. D. Redes industriais para Automação


Industrial: AS-I, PROFIBUS e PROFINET. São Paulo: Érica 2010. 174p.

[2] EEWEB, Electrical Engineering Community. Site:


<http://www.eeweb.com/blog/cody_miller/electric-motor-reference-guide>
Acesso em 18 de Maio de 2015 às 01:18.

[3] FILHO, G. F.. Motor de Indução: Princípios de funcionamento,


características operacionais aplicadas, acionamentos e comandos. São
Paulo: Érica 2010. 246p.

[4] FRANCHI, C. M. D. Inversores de frequência: Teoria e aplicação. São


Paulo: Érica 2011, 2ª edição, 192p.
/
[5] GEORGINI, M. Automação aplicada: Descrição e implementação de
sistemas sequenciais com PLCs. São Paulo: Érica 2010, 9ª Edição. 236p.

[6] TECNOLOGIA PROFIBUS DP. Disponível em:


<http://www.profibus.org.br/apresentacoes>, Acessado em 25 de Abril de
2015 às 16:36.

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