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Variações De Calor E Energia Interna

Num Processo Isobárico

João Ricardo Côre Dutra


Yhasmani Cabral

26/05/2009
1. Introdução
Um gás pode ser considerado ideal quando o volume disponível para cada
molécula é igual ao volume do recipiente onde o gás se encontra. Nestas
condições as interações entre as moléculas constituintes desse gás são
consideradas inexistentes.
Devemos distinguir os conceitos de calor e energia interna de uma substância. O
fluxo de calor é uma transferência de energia que é levada como conseqüência das
diferenças de temperatura. A energia interna é a energia que tem uma substância devido
a sua temperatura, que é essencialmente a escala microscópica, a energia cinética de
suas moléculas.
O calor é considerado positivo quando flui para o sistema, quando aumenta sua
energia interna. O calor é considerado negativo quando flui desde o sistema, por isto
diminui sua energia interna. [1]
Em uma transformação isobárica a pressão é constante. Assim, no diagrama pv, é
representada por uma reta paralela ao eixo v (Figura 01). Da equação dos gases ideais,
pode ser facilmente concluído que, entre dois pontos 1 e 2, vale:

Onde V é o volume e T é a temperatura.


O trabalho de expansão de um gás é:

dW = P dV .

Onde dW é a variação infinitesimal do trabalho, P é a pressão e dV é a variação


infinitesimal do volume.
Desde que p é constante, o trabalho externo é:

W = p (V2 − V1) .

Usando a equação dos gases ideais,

PV = nRT .

onde o trabalho pode ser dado em função de diferença de temperaturas [2]:

. W = P ∆V = n R ∆T .
2. Objetivo

O objetivo desta prática foi de determinar, através de duas maneiras, o trabalho


exercido por um gás e a variação da energia interna de um gás.

3. Materiais e Métodos

Para a realização utilizou-se os seguintes materiais:, mostrados na figura 1.

Figura 1 – Materiais Utilizados

1- Seringa
2- Termopar
3- Pipeta
4- Aquecedor

Preenchemos o aquecedor de água até que seja preenchido por completo, aquecemos
a água em seu interior até 65ºC. Enchemos a seringa com 50 ml de ar, submergimos a
seringa na água a 65 ºC. Com o termopar monitoramos a temperatura do gás no interior
da seringa e da água no aquecedor. Esperamos atingir o equilíbrio e aferimos a variação
do volume do gás no interior da seringa.
4. Resultado e Discussão

Tabela-1 Dados Obtidos no laboratório


Ar Água

T Inicial (ºC) 24 24

T Final (ºC) 65 65

V Inicial (ml) 50 X

V Final (ml) 51,5 X

Para a realização dos cálculos foi necessário converter o volume de mililitro (ml)
para litro (l). Para realizar esse procedimento, dividimos os valores em mililitros por
1000 (mil). 1000 litros é o mesmo que 1 m³.
Primeira parte:
Na primeira parte calculamos o trabalho realizado pelo gás e a variação de energia
interna utilizando as seguintes equações.
∆w= ʃPdV
Onde a pressão utilizada é a pressão atmosférica(1,013x105 N/m2). Sendo a pressão
constante, a variável P que corresponde a pressão, sai da integral. Assim podendo
reescrever a equação:
∆w=P ∆V
Onde ∆V é a variação do volume.
∆V=V Final – V Inicial
∆V=1,5ml ∆V=1,5x10-6 m³
Obtendo ∆w:
∆w=P ∆V
∆w=1,013x105x1,5x10-6
∆w=1,5x10-1J
Para calcular a variação do calor, utilizamos a seguinte equação:
∆Q=mc ∆T
Onde m é a massa do gás, c é o calor específico do gás (1005,6 J/KgK), ∆T é a
variação da temperatura que é dada em graus Kelvin.
∆T=TFinal – TInicial
∆T= 41K
A massa do gás foi calculada através do produto de sua densidade (1,2Kg/m³) pelo
seu volume inicial.
m=dV Inicial
m=1,5x5x10-4
m=6x10-4 Kg
Obtendo ∆Q:
∆Q=mc ∆T
∆Q=6x10-4 x 1005,6 x 41
∆Q=2,474J
Obtendo ∆U(Variação da energia interna):
∆Q= ∆U+ ∆W
∆U= ∆Q- ∆W
∆U=2,5-1,5
∆U=2,322J
Segunda parte:
Para calcularmos o ∆U, sabendo que a molécula do gás possui 5 graus de liberdade,
utilizamos a seguinte equação:
∆U=(5nR ∆T)/2
Onde n é o numero de moles do gás e R (8,31 J/molK) é a constante dos gases.
O n é obtido através da seguinte equação:
n=(P0V0)/RT0)
n=(1,013x105 x 5 x 10-5)/8,31x297,15
Obs: 24ºC + 275,15 = 297,15K
n=2,05x10-3
Obtendo ∆U:
∆U=(5nR ∆T)/2
∆U=(5nR ∆U)/2
∆U=(5x2,05x10-3 x 8,31 x 41)/2
∆U=1,748J

Para calcularmos o ∆Q utilizamos a seguinte equação:


∆Q=nCp∆T
Onde m é a massa do gás, Cp é a capacidade térmica do gás a pressão constante e ∆T
é a variação da temperatura.
Cp é a soma de Cv(Capacidade térmica do gás a volume constante) com a constante
R.
Cv é obtida através da seguinte equação:
Cv =(1/n) dU/dT
Onde (U=5nRT)/2, então dU/dV=(5nR)/2
Cv =(1/n) [(5nR)/2]
Cv=(1/2,05x10-3)x[(5x2,05x10-3x8,31)/2]
Cv=20,775J/molK
Como Cp=Cv+R, calculamos Cp:
Cp=20,775+8,31+8,31
Cp=29,085J/molK
Obtendo ∆Q:
∆Q=nCp∆T
∆Q=2,05x10-3x29,085x41
∆Q=2,445J

Após termos obtido os resultado através dos cálculos, podemos fazer as comparações
entre os ∆Qs e ∆Us obtidos pelas duas diferentes maneiras.
Para calcular o erro percentual entre os resultados obtidos, calculamos primeiramente
quantos por cento o segundo resultado é do primeiro e depois subtraímos esse valor de
100.

Tabela-2 Comparação dos resultados


Primeira Parte Segunda Parte Diferença Percentual

∆Q(J) 2,474 2,445 1,172%

∆U(J) 2,322 1,748 25,043%

Podemos observar na tabela-2 o erro percentual entres os resultados obtidos de


diferentes maneiras.
Analisando o ∆Q podemos observar um erro percentual muito pequeno,
provavelmente oriundo dos erros propagados durante os cálculos. O ∆U apresentou um
erro percentual considerável. Para calcularmos o ∆U foi necessário utilizar a variação
do volume. A variação do volume foi medida na seringa a olho nu. O seja, com um
grande risco de erro. O fato de o embolo da seringa não ser ideal, podendo ter atrito com
a parede da seringa, pode proporcionar uma leitura errada da variação do volume do gás
no interior da seringa. Através de todas essas incertezas podemos explicar o erro
percentual entre os dois ∆Us calculados.

5. Conclusões
Essa prática teve como finalidade calcular o ∆U e o ∆Q utilizando diferentes
maneiras e também analisar a diferença entre os resultados.
Podemos observar os resultados e erros obtidos que teoricamente seriam iguais.
Concluímos que o fato da seringa não ser ideal ocorreu um erro maior ao calcular a
variação da energia interna do gás (∆U). Por outro lado a variação de calor (∆Q) teve
um erro muito pequeno, provavelmente oriundo dos cálculos.
Obtivemos sucesso na realização desta prática.
6. Referências

[1] http://www.mspc.eng.br/termo/termod0220.shtml 25/05/2009

[2] Halliday, David; Resnic, Robert; Walker, Jearl, Fundamentos de Física,


Vol. 2, 4ª Ed., Rio de Janeiro: LTC, 1996;

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