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ILMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) COORDENADOR(A) DO CURSO DE

LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DA FACULDADE SUMARÉ

ALBERTO FRAGOSO DIAS DANTAS, brasileiro, casado, ministro de confissão


religiosa, regularmente matriculado no curso de Licenciatura em Geografia, sob
o R. A. Nº 1812060, inscrito no R. G. de nº 35.645.229-3 e no CPF 276.424.188-
76, residente e domiciliado na Rua Capricho, 95, Casa 5, Vila Nivi, São Paulo-
SP, CEP 02254-000, vem, mui respeitosamente solicitar a este conceituado
estabelecimento de Ensino Superior que em fomento a seguir se sustenta, por
extrema equidade o que segue: horário alternativo para as aulas que ocorrem
às sextas-feiras à noite e aos sábados durante o dia ou reposição da
presença nestas aulas através de atividades acadêmicas específicas para
tal finalidade nos termos da Lei nº 12.142/05, pelos motivos que passam a
expor e ao final requer.

O requerente é ministro de confissão religiosa de uma igreja batista, e pretende,


outrossim, concluir o presente semestre letivo com igual avaliação acadêmica
que os demais estudantes de sua turma. Ocorrem, no entanto, que, por questões
de crença e consciência religiosa não frequenta as aulas de sexta-feira à noite e
nem aos sábados. Vale dizer que o horário enquadra-se no período considerado
sagrado pelos Judeus e, também, pelos Adventistas do Sétimo Dia e outros
cristãos. Trata-se do sábado bíblico encontrado no quarto mandamento da Lei
de Deus, o qual é observado do pôr-do-sol de sexta-feira ao pôr-do-sol de
Sábado, conforme diz o mandamento divino expresso em Êxodo 20.

Participar das aulas ou de atividades acadêmicas no referido horário significa


uma violação da consciência do aluno. Por outro lado, as liberdades de
consciência, de crença e de religião são protegidas pelos mais importantes
tratados internacionais de direitos humanos e, também, pela Constituição
Federal de 1988.
O inciso VI do art. 5º da Constituição Federal garante a liberdade religiosa nos
seguintes termos:

“VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o


livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e suas liturgias;” (grifo nosso)

Além disso, o inciso VIII do mesmo artigo da Carta Magna, assim determina:

“Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção


filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta, e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;” (grifo
nosso)

Para regulamentar estes incisos constitucionais foi promulgada a Lei 12142/05,


que no seu artigo 2º diz:

“É assegurado ao aluno, devidamente matriculado em estabelecimento de


ensino público ou privado, de ensino fundamental, médio ou superior, a aplicação
de provas em dias não coincidentes com o período de guarda religiosa(...).” (grifo
nosso)

“§ 1º - Poderá o aluno, pelos mesmos motivos previstos neste artigo, requerer à


escola que, em substituição à sua presença na sala de aula, e para fins de
obtenção de frequência, seja-lhe assegurada, alternativamente, a apresentação
de trabalho escrito ou qualquer outra atividade de pesquisa acadêmica,
determinados pelo estabelecimento de ensino, observados os parâmetros
curriculares e plano de aula do dia de sua ausência.” (grifo nosso)

O direito fundamental que assegura a toda a pessoa o princípio da inviolabilidade


da liberdade de consciência está consubstanciada na Declaração Universal dos
Direitos do Homem; no texto do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos e do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos (aprovado pela XXI
Assembleia Geral das Nações Unidas); na Declaração sobre Eliminação de
Todas as Formas de Intolerância e Discriminação por Causa de Religião ou
Crença (aprovada por unanimidade, em 25 de novembro de 1981, pela Câmara
Legislativa das Nações Unidas).
Para estes organismos internacionais, o conceito fundamental que reflete a
essência da liberdade de consciência e religiosa, implica:

- um profundo respeito à liberdade de consciência dos demais, quer sejam


representados pela maioria ou minoria do agrupamento social; o direito de crer,
professar, de ensinar e de viver suas convicções sem nenhum impedimento
exterior, não poderá servir de escusa para denegrir, atacar livremente igrejas ou
seus adeptos, estimulando preconceitos ou ferindo a dignidade do próximo; no
respeito da transcendência, do caráter absoluto e da soberania de Deus; o que
pressupõe poder a liberdade de Deus que atua no ser humano de responder
este, unicamente no foro íntimo de sua consciência perante o Ser Supremo por
suas crenças, convicções e sua exteriorização;

- no impedimento da sociedade e do próprio Estado imiscuir-se nas convicções


religiosas de seus cidadãos, atuando como fator limitante, capaz de restringir
direitos individuais ou reduzir ao silêncio à opressão moral ou interior os crentes
de qualquer confissão religiosa.

Ademais, não se encontra qualquer motivo subjetivo para que o aluno não seja
agraciado com esta alternativa, pois seus estudos são feitos cuidadosamente
para que possa elevar suas notas e confiscar o saber da melhor forma possível
e um dia aplicá-los na sua área de atuação.

Não obstantes os prejuízos que decorrem das perdas das aulas no tocante ao
conhecimento que se esvaíra no referido período, ainda poderá sofrer com
devidas restrições as matérias, submetendo-se às recuperações que
eventualmente possam cair neste horário sagrado. O que infelizmente podem
gerar sentimentos que agridam a liberdade de sua consciência religiosa. Eis que
aparece um questionamento – será isto tudo necessário uma pessoa passar para
que possa manter sua convicção religiosa?

Posto isso, requer o tratamento exposto acima, sem discriminação por motivos
religiosos, tendo como amparo o artigo 5º, VI e VIII da Constituição Federal e a
Lei 12.142/05. Solicita, destarte, resposta a esta solicitação por escrito, conforme
ditam as normas de procedimentos e protocolos convencionais.
Espera assim confiando no espírito de solidariedade humana de Vossa Senhoria
que se manifestará, certamente no deferimento do pedido submetido à sua
elevada apreciação, que promoverá e respeitará o sagrado direito solicitado em
poder vivenciar os ditames e convicções de sua consciência, além de permitir
que possa livremente e sem coações reverenciar e prestar culto ao meu Deus
através da santificação e guarda do Santo Sábado.

Termos em que pede e aguarda deferimento.

São Paulo," Data "," Mês e Ano "

Advogado

OAB

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