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GESTÃO DE RISCOS NA GESTÃO DE

PROJETOS DE OBRAS INDUSTRIAIS


Valdair Sarmento

Começo minhas considerações sobre a Gestão de Riscos, reproduzindo parte do artigo Obras do
Descaso, do Eduardo Lorea e do Marcos Graciani, da edição 229, de março de 2007, da revista
AMANHÃ:

“Da antiguidade à Pós-Modernidade, ainda há quem prefira deixar o futuro nas mãos dos deuses.
Acreditam que a gestão de riscos a as apólices de seguro são custos desnecessários e apostam a
sustentabilidade da empresa em um jogo de sorte e azar. No sentido inverso da natural aversão ao
risco, nutrem a própria paranoia e não tratam o sintoma do risco. Enquanto isso, os especialistas
garantem: a maioria dos acidentes não nasce do acaso. Nasce do descaso”.

São perfeitas as considerações do texto e acredito que um percentual significativo de empresários


pensa exatamente da forma que os autores descreveram.

São comuns frases do tipo: Comigo isso não acontece...


E lá se vai o lucro e, muitas vezes, até a empresa para o buraco.

Para ilustrar melhor o tema, resumo o que alguns especialistas definem como “Gestão de Riscos”:
- Consiste em um processo de identificação e avaliação dos fatores de risco presentes e de forma
antecipada no ambiente organizacional, possibilitando uma visão do impacto negativo ou positivo,
causado aos negócios, permitindo aos gestores cercar os impactos negativos, minimizando os
prejuízos aos empreendimentos.

Trazendo o assunto para dentro do universo de obras industriais, são muitos os riscos que cercam
os empreendimentos, destaco o escopo mal elaborado - que poderá gerar custos adicionais, na
medida em que o cliente cobre algum componente que falte para funcionar seu processo -, falta de
consistência dos projetos eletromecânicos com os da construtora civil - bases civis mal
posicionadas topograficamente ou atrasadas, comprometendo o início das montagens -,
ociosidade de mão de obra direta, provocado pelo atraso das obras civis ou pela falta de
equipamentos para serem montados, provocado pela falta de monitoramento do transporte
(logística) entre a fábrica e a obra, etc.

Claro que aqui mencionei apenas alguns riscos, pois o número é impressionante dentro deste
segmento. Como faço parte dele, não tenho receio de afirmar que nossos CEOs estão
absolutamente à margem dos processos – Gestão de Riscos -, que ajudariam a minimizar muitos
dos seus prejuízos.

Acredito que as soluções passam necessariamente pelos conceitos da Gestão de Projetos. Desta
forma, seguem abaixo e de forma resumida os conceitos do PMI (www.pmi.org.br), para o
Gerenciamento dos Riscos:

Planejamento do gerenciamento de risco:


Envolve a definição de como abordar, em todos os níveis, as ações de gestão de riscos em um
projeto.

Identificação de riscos:
Consiste na determinação dos riscos que podem afetar o projeto e na documentação de suas
características.

Análise qualitativa de riscos:


Envolvem métodos para a priorização dos riscos identificados, considerando, dentre outros fatores,
a probabilidade e o impacto.

Análise quantitativa de riscos:


Inclui a análise numérica do efeito dos riscos identificados.

Planejamento de respostas a riscos:


Refere-se ao planejamento de ações para responder aos riscos identificados.

Monitoramento e o controle de riscos:


Consistem no acompanhamento dos riscos identificados, no monitoramento dos riscos residuais,
na identificação de novos riscos, na execução dos planos de respostas a riscos e na avaliação da
sua eficácia durante todo o ciclo de vida do projeto.

Como mencionei no parágrafo de definição, podem existir situações em que o Risco não é de todo
ruim, e até poderá ser essencial no desenvolvimento das empresas. Por exemplo, no tratamento
de problemas que podem comprometer os processos e produção. Se identificados, tratados e
controlados, os Riscos poderão ajudar a solucionar problemas, eliminando sua repetição, podendo
melhorar os resultados das organizações e, consequentemente, preservar seu lucro.

Na Gestão de Obras Industriais, em que o número de RNCs (Relatórios de Não Conformidades) é


grande - também pelo não tratamento adequado aos Riscos -, os gestores têm a responsabilidade
de gerar procedimentos que venham a facilitar o trabalho da sua equipe na identificação
antecipada dos problemas.

Por certo, isto passa por um planejamento bem elaborado, com escopo descrito no cronograma de
forma clara e objetiva - sem deixar dúvidas de seu conteúdo -, passa pela construção de uma
Estrutura Analítica do Projeto (EAP) detalhada, sem economia no número níveis e subníveis,
apresentando além dos itens de escopo, todas as etapas de fornecimentos de terceiros (do cliente)
passam pela elaboração da gestão de Segurança do Trabalho, pela gestão de Meio Ambiente,
pela gestão de Recursos Humanos, pela gestão de Qualidade, enfim, passa por um Plano de
Projeto completo.

Percebam que a Gestão de Riscos acaba sendo oportunidade de monitoramento e controle


antecipado de todos os demais processos de uma Gestão de Projetos, sejam internos ou externos
a qualquer organização.

Adm. Valdair Sarmento


CRA/RS N° 29.357

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