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públicos localizados em
Florianópolis, SC
Water end-uses in public buildings located in
Florianópolis-SC
Resumo
E
ste artigo apresenta os usos finais de água estimados para dez edifícios
do setor público localizados em Florianópolis, SC. Primeiramente, fez-
se a estimativa dos consumos específicos de água em cada dispositivo
sanitário do edifício, medindo-se a vazão deles e realizando-se
entrevistas com os usuários, que relataram seus hábitos em relação ao uso da água
nos edifícios. Com base nestes dados foi possível estimar o consumo total de água
e compará-lo ao consumo fornecido pela concessionária, obtendo-se os usos finais
de água. Para corrigir eventuais distorções ocorridas no consumo estimado, fez-se
uma análise de sensibilidade sobre os dados obtidos nas entrevistas e também se
verificou a presença de vazamentos nos edifícios. Nos dez edifícios estudados,
percebeu-se predominância de maior consumo de água em vasos sanitários e
mictórios, variando a soma dos consumos para esses dispositivos entre 44,3% e
84,3%, com média de 72,1%. Esses dados indicam a possibilidade de utilização de
água pluvial ou de reuso de águas cinzas nos edifícios, pois os pontos de maior
consumo de água (vaso sanitário e mictório) não necessitam, obrigatoriamente, de
água potável.
Palavras-chave: uso final de água, consumo de água, edifícios públicos.
Pauline Cristiane Kammers
Laboratório de Eficiência Energética
em Edificações Abstract
Universidade Federal de Santa This paper presents the estimated water end-uses for ten government buildings
Catarina
Campus Trindade located in Florianópolis, state of Santa Catarina. First, the specific water
Caixa Postal 476 consumption for each appliance was estimated by measuring the water flow rate
Florianópolis – SC – Brasil
CEP 88040-900
for each appliance and interviewing users about their habits on water use. Based
Tel.: (48) 3331 5184 on such data it was possible to estimate the total water consumption for each
E-mail: building; by comparing these with the water consumption measured by the water
paulinekammers@yahoo.com.br
service board it was possible to determine the water end-uses for each building. In
order to make up for discrepancies on the estimated water consumption, a
Enedir Ghisi
Laboratório de Eficiência Energética
sensitivity analysis was performed on the data obtained from the interviews;
em Edificações leakages were also searched for. In ten buildings that have been studied, toilets
Universidade Federal de Santa and urinals showed the highest end-uses; both toilet and urinal end-uses together
Catarina
E-mail: enedir@labeee.ufsc.br ranged from 44.3% to 84.3%, being 72.1% on average. These results indicate that
there is a possibility of using rainwater and reusing greywater in buildings, since
Recebido em 28/02/05
major water consumers (toilets and urinals) do not need potable water for their
Aceito em 23/11/05 operation.
Keywords: water end-uses, water consumption, government buildings.
80 69
70
60
45
Percentagem
50 43
40
28
30 19 15
18 15
20 11
8 6 7 6 7
10 3
0
N orte N ordeste Sudeste Sul C entro-O este
R egião
1000000
Previsão de disponibilidade hídrica
100000
(m3 per capita/ano)
10000
1000
Nort e Nordest e
Sudest e Sul
Cent ro-Oest e
100
2000 2020 2040 2060 2080 2100
Ano
Figura 2 - Redução dos recursos hídricos prevista por região brasileira (GHISI, 2004)
Uma amostra bastante significativa seria aquela Em edifícios que possuíam filtros de água, foi
onde o erro adotado estivesse entre 1% e 4% quantificado o número de copos de água (com
volume conhecido) consumidos. A partir daí, fez-
(BARBETTA, 2003). Porém, foram adotados
valores maiores de erros, pois em edifícios com se uma média do número de copos de água
consumidos no edifício por pessoa. O cálculo
um grande número de usuários se obteria uma
desse consumo foi feito multiplicando-se a média
amostra também muito grande, tornando inviável a
realização das entrevistas. Para edifícios com do número de copos consumidos pela população
total.
populações menores, a equação 1 forneceria, para
pequenos erros, amostras tendendo ao valor real da Outros consumos quantificados foram os
população, o que também resultaria em amostras referentes à lavação de carros, restaurantes e rega
grandes. Logo, adotaram-se erros um pouco de jardins, entre outras atividades incluídas no
maiores do que os considerados significativos para consumo de água do edifício. Para a estimativa
a determinação das amostras. desses consumos, os usuários responderam a um
Procurou-se fazer as entrevistas com homens e questionário, informando a utilização da água para
a atividade que exerciam.
mulheres na mesma proporção que existia entre
eles no edifício, evitando assim que edifícios com O consumo total foi determinado fazendo-se a
mictórios e vasos sanitários, onde existe diferença soma de todos os consumos específicos calculados.
na utilização por sexo, tivessem erros em seus usos
finais. Análise de sensibilidade
Através das entrevistas, foi possível levantar todos Durante as entrevistas, percebeu-se a existência de
os locais, além de banheiros e copas, em que a dúvidas nas respostas dos usuários, o que pode
água é utilizada, tais como restaurantes, lavação de acarretar em erros na estimativa dos consumos.
carros, torres de resfriamento, etc. Para obter Para verificar a influência de uma resposta
valores que representassem tanto a freqüência imprecisa no resultado final, fez-se uma análise da
como o tempo de uso dos dispositivos, fez-se uma sensibilidade para todos os dispositivos contidos
média dos valores obtidos para cada dispositivo em cada edifício. Nessa análise, aplicaram-se
em cada edifício. variações sobre os itens levantados, relativas ao
uso dos dispositivos.
Estimativa de consumo de água
Nas torneiras, chuveiros e duchas, a modificação
A partir das médias de freqüência e tempo de uso foi realizada sobre o tempo estimado de utilização
da água e das vazões medidas, foram determinados do dispositivo, ou seja, o tempo foi modificado de
os consumos de água para cada dispositivo. Esses –15 a +15 segundos, em intervalos de 5 segundos.
consumos consistem basicamente no produto Para os vasos sanitários, mictórios e filtros, variou-
5000 5000
4000 4000
Cons umos (m )
Cons umos (m )
3
3000 3000
2000 2000
1000 1000 ``
0 0
NOV/00
FEV/01
M AI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
M AI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
M AI/03
AGO/03
NOV/00
FEV/01
M AI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
M AI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
M AI/03
AGO/03
Meses Meses
400 200
300 150
Consumos (m )
Consumos (m )
3
3
200 100
100 50
0 0
NOV/00
FEV/01
MAI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
MAI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
MAI/03
AGO/03
NOV/00
FEV/01
MAI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
MAI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
MAI/03
AGO/03
Meses Meses
Co n s u mo s (m )
3
3
300 750
200 500
100 250
0 0
N OV/0 0
FE V/0 1
M A I/0 1
A GO/0 1
N OV/0 1
FE V/0 2
M A I/0 2
A GO/0 2
N OV/0 2
FE V/0 3
M A I/0 3
A GO/0 3
N O V/0 0
FE V/0 1
M A I/0 1
A GO /0 1
N O V/0 1
FE V/0 2
M A I/0 2
A GO /0 2
N O V/0 2
FE V/0 3
M A I/0 3
A GO /0 3
Meses
Meses
500
300
400 250
300 200
Consumos (m )
Consumos (m )
3
3
150
200
100
100 50
0 0
NOV/00
FEV/01
MAI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
MAI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
MAI/03
AGO/03
NOV/00
FEV/01
MAI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
MAI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
MAI/03
AGO/03
Meses Meses
1200 2000
1000
1500
Consumos (m )
800
Cons umos (m )
3
3
600 1000
400 500
200
0
0
NOV/00
FEV/01
MAI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
MAI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
MAI/03
AGO/03
NOV/00
FEV/01
M AI/01
AGO/01
NOV/01
FEV/02
M AI/02
AGO/02
NOV/02
FEV/03
M AI/03
AGO/03
Meses
Meses
Consumo per capita fato de serem os dois únicos que possuem torres de
resfriamento para ar-condicionado. Nesse caso,
Para fins de comparação de consumo de água nos desconsiderando-se o consumo das torres, para
diferentes edifícios, determinou-se o consumo efeitos de comparação, os consumos per capita
diário de água por pessoa, adotando-se uma média nos edifícios seriam reduzidos para 54,7 e 42,1
de 22 dias úteis por mês. A Figura 13 mostra os litros/pessoa por dia, respectivamente. Na
resultados dos consumos per capita nos edifícios Secretaria da Educação, o número de usuários do
analisados, onde se percebeu predominância de edifício pode ter sido informado incorretamente,
consumo entre 28,0 e 39,8 litros por pessoa por fato que pode justificar o seu baixo consumo per
dia, exceto pelos edifícios Celesc e Secretaria da capita. Além disso, outras informações coletadas
Agricultura, que apresentaram consumo maior na Casan mostraram que o hidrômetro da
(67,2 e 57,3 litros/pessoa por dia, Secretaria da Educação encontrava-se danificado
respectivamente), e o edifício Secretaria da no ano de 2003, quando o consumo passou a
Educação, que apresentou consumo menor (18,3 diminuir significativamente. A média de consumo
litros/pessoa por dia). Os dois primeiros edifícios per capita para os dez edifícios foi de 36,7
citados apresentaram seu consumo elevado pelo litros/pessoa por dia.
57,3
Consumo (litros/pessoa por dia)
60,0
50,0
32,9 39,8
40,0
31,5 33,1
29,0 29,7 28,0
30,0
18,3
20,0
10,0
0,0
BADESC
CELESC
CREA
DETER
Secretaria da
Secretaria da
Segurança Pública
Tribunal de
Tribunal de
EPAGRI
Agricultura
Educação
Contas
Secretaria de
Justiça
Edifício
Badesc 98 67 165 59 41 7 5 58 42 28
Celesc 535 500 1035 52 48 11 19 37 63 18
Crea 50 45 95 53 47 5 5 50 50 30
Deter --- --- 107 --- --- 6 5 55 45 29
Epagri 190 134 324 59 41 5 9 36 64 26
Secretaria da
79 118 197 40 60 4 6 40 60 31
Agricultura
Secretaria
130 390 520 25 75 6 10 38 63 25
da Educação
Secretaria
de
--- --- 90 --- --- 4 5 44 56 30
Segurança
Pública
Tribunal de
342 200 542 63 37 5 10 33 67 25
Contas
Tribunal de
426 790 1216 35 65 15 29 34 66 15
Justiça
Tabela 4 - População e porcentagem de homens e mulheres nos dez edifícios
Consumos (litros/dia)
Edifício Irrigação Lavação Torre de
Limpeza Cozinha Restaurante
de jardim de carros resfriamento
Badesc 100,0 23,0 432,0 --- --- ---
Celesc 2.500,0 150,0 --- 1500,0 5.400,0 13.000,0
Crea 80,0 10,0 40,0 --- --- ---
Deter 60,0 15,0 --- --- --- ---
Epagri 270,0 35,0 60,0 150,0 --- ---
Secretaria da Agricultura 540,0 35,0 --- 200,0 2.600,0 3.000,0
Secretaria da Educação 200,0 90,0 --- --- --- ---
Secretaria de Segurança Pública 75,0 10,0 --- --- --- ---
Tribunal de Contas 290,0 70,0 --- 100,0 --- ---
Tribunal de Justiça 2.230,0 195,0 180,0 --- --- ---
Tabela 6 - Consumo específico diário de água nos dez edifícios (continuação)
Através da Tabela 7, pôde-se verificar que em cinco hipóteses que justifiquem essas diferenças. Entre elas
edifícios ocorreram diferenças entre os consumos pode-se destacar: respostas com grande margem de
acima de 5,0%. No edifício da Celesc percebeu-se o erros nas entrevistas; vazões adotadas para vasos
maior erro (cerca de 20%). Várias podem ser as sanitários com válvula de descarga e mictórios;
2,0 0,4
Variação no consumo (%)
Variação no consumo (%)
1,0 0,2
0,0 0,0
-3 -2 -1 0 1 2 3 -15 -10 -5 0 5 10 15
-1,0 -0,2 Torneira
Vaso
-2,0 Sanitário -0,4 Chuveiro
Figura 14 - Sensibilidade para vasos sanitários e Figura 15 - Sensibilidade para torneiras, chuveiros
mictórios na Celesc e duchas na Celesc
5,0
3,0
1,0
1,0
0,0
-1,0
-3 -2 -1 0 1 2 3 -15 -10 -5 0 5 10 15
-3,0
-1,0
-5,0
-7,0 -2,0
Variação no uso do vaso sanitário (vezes) Variação no tempo de uso da torneira (s)
Figura 16 - Sensibilidade para vasos sanitários no Figura 17 - Sensibilidade para torneiras no Deter
Deter