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Lucas 22.31-34 1
INTRODUÇÃO
Poderíamos perguntar: Jesus, só isso? Creio que esta pergunta surja em nossos
corações porque em algumas ocasiões não conseguimos encontrar um sentido para a
fé em meio às situações da vida. Ou porque achamos que a fé seja o “esfregar de uma
lâmpada mágica” que nos põe frente a um “gênio” que há de conduzir as coisas da
forma que gostaríamos que fossem. E na maioria das vezes a fé se resume a isto: “uma
esperança na solução dos nossos problemas”; fé como um “bilhete especial” que
apresentamos frente a toda situação contrária: - Ei! preste atenção! – gostaríamos de
dizer as ondas e marés que se levantam – tenho um bilhetinho que me garante
“passagem-livre”; sou o queridinho de Deus.
Mas isso tem alguma coisa a ver com a fé? Poríamos nos perguntar. Em certo
sentido sim, pois a fé inclui a confiança de que Deus nos pode livrar a qualquer
momento. Porém muitas vezes a fé só tem esta utilidade, e em um mundo onde todos
almejam o sucesso, o triunfar em tudo e sobre todos, a fé é o nosso “amuleto divino”.
E quando as coisas não saem da forma como planejamos, quando o sucesso esperado
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Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!Eu, porém, roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmão.
Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para prisão quanto para a morte.
Mas Jesus lhe disse: Afirmo-te, Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo
cante.
em nossas empreitadas não chega, quando recebemos um diagnóstico de que somos
portadores de uma doença que possivelmente nos levará a morte, quando perdemos
um ente querido em uma tragédia, etc., dizemos: não tenho fé, e Deus me esqueceu!
O chamado de Pedro para ser “pescador de homens” foi envolto desde seu início por
uma experiência marcante. O Evangelho de Lucas descreve que Jesus, após pregar um
sermão à beira-mar, ordena a um grupo de pescadores experientes que lancem suas
redes ao mar. Depois de muitas horas de trabalho, eles sabiam como ninguém
descrever a situação do mar. Porém Pedro diz: sob a tua palavra lançarei as redes
(Lucas 5.5b). Esta frase o conduziu a decisão de aceitar o chamado para o discipulado.
O sim de Pedro nada mais era do que uma resposta de fé ao convite de Cristo. Fé para
abandonar toda sua empresa de pesca, tornar-se um seguidor de Cristo e proclamador
das boas novas do Reino.
E não simplesmente isto, mas por três anos e meio Pedro viveu sob uma
atmosfera repleta de fé, pois onde Jesus se encontrava milhares de pessoas se
achegavam a ele e eram tocadas e transformadas pelo poder do Reino. E quantas
vezes ele não ouviu a expressão: A tua fé te salvou; vai-te em paz(Lucas 7.50). E esta
expressão não se limitava a um caso particular, pois encontrava-se presente em
diversas ocasiões: cura, libertação, perdão de pecados, etc.
Logo após o momento de haver sido alvo de uma revelação da parte de Deus,
Pedro, tentando conciliar o seu momento de revelação com sua concepção de
Messias, deixa-se usar por Satanás, e Cristo lhe diz: Arreda, Satanás! Porque não
cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens (Marcos 8.33).
Depois de três anos e meio de discipulado, Jesus conhecia muito bem a Pedro:
suas qualidades e defeitos; seus pontos fortes e fracos. E num momento em que o
próprio Cristo descreve como a hora e o poder das trevas (Lucas 22.53b), onde tudo
aquilo que Ele predisse a seu respeito teria seu cumprimento, a intercessão de Cristo
em favor de Pedro se resumiu em algumas poucas palavras:
- Roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (Lucas 22.32)
O que Jesus estava visando era cuidar para que em frente uma situação
totalmente hostil à fé que havia feito Pedro aceitar o chamado do discipulado, à fé que
havia sido estimulada pelas ações de Cristo, à fé na revelação de quem era Cristo, não
viesse a sucumbir frente àquele momento totalmente desconhecido a Pedro.
Quando Pedro caminhou sobre as águas, num passo de fé, e sob a palavra de
Jesus ele seguia, mas em um dado momento sucumbiu, porém Cristo o tomou pela
mão. Neste momento de trevas Pedro veria aquele por quem ele havia feito tantos
sacrifícios sendo humilhado, escarnecido e crucificado. E por conhecer a Pedro Jesus
sabia que a simples frase: roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (Lucas 22.32)
era suficiente. Para Jesus não fazia-se necessário que Pedro contemplasse uma
multidão de anjos, ou fogo caindo do céu, ou outro fato mirabolante. Jesus queria que
Pedro resistisse frente àquele momento.
Para alguém que não sabe como lidar com o desconhecido, roguei por ti, para
que a tua fé não desfaleça é o suficiente!
Talvez esta tenha sido uma das experiências mais amargas na vida de Pedro.
Seu desejo era estar pronto para, se necessário, ir à prisão ou à morte juntamente com
Cristo. Porém, no momento de testemunhar Pedro vê que suas forças não eram tão
grandes quanto pensava. Lucas utiliza uma linguagem mais amena para descrever a
atitude de Pedro, porém Marcos diz: Ele porém começou a praguejar e a jurar: Não
conheço este homem de quem falais (14.71).
Aqui cabe muito bem a advertência de Paulo: aquele, pois, que pensa estar em
pé veja que não caia (1 Coríntios 10.12). Até este momento a confiança de Pedro
descansava em si mesmo: estou pronto a ir contigo (Lucas 22.33).
Embora este fracasso seja evidente na vida de Pedro, uma coisa é certa: ele não
perdeu sua fé! Pois sua fé não era um desempenho puramente humano, mas se
apoiava na intercessão de Jesus (SHÖKEL, 2005: 228).
Mas Jesus não desejava lançar isto no rosto de Pedro. A oração de Jesus tinha
um propósito: tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos (Lucas 22.32).
Anos mais tarde, escrevendo em sua primeira epístola, que foi endereçada a
leitores que se encontravam sob perseguição, Pedro os encoraja a resistir frente à
situação adversa. Ler 1 Pedro 1.3-9. Encorajou os irmãos para que pudessem resistir,
pois se encontravam guardados pelo poder de Deus, mediante a fé (v. 5) uma fé
muito mais preciosa do que ouro perecível (v. 7) que tem em vista um único fim: a
salvação da vossa alma (v. 9).
CONCLUSÃO
“Fortalecido para fortalecer a outros” – esta é uma frase que expressa muito
bem o sentido da intercessão de Jesus em favor de Pedro. Assim como aconteceu a
Pedro, muitas vezes em nossa vida tudo que precisamos é ouvir de Cristo: eu, porém,
roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (Lucas 22.32a). Mesmo que em nossos
momentos de crise e dificuldades venhamos a nos desesperar por um momento, e
quem sabe não ver concretizado em nossas vidas aquilo que muitas vezes está em
nosso coração, mas não temos força de fazê-lo.
Que o Espírito Santo, Aquele que conhece a vontade de Deus, e que segundo
ela, intercede por nós com gemidos inexprimíveis possa nos levar ao arrependimento e
que ao ser restaurados por Cristo, possamos ouvir as palavras de Cristo: tu, pois,
quando te converteres, fortalece os teus irmãos (Lucas 22.32b).
Cambé, 2011