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Curso: Administração de Empresas


Disciplina: Economia II
Prof.: Marcelo M. Saraiva
Turmas: A, B e C

Apostila I: Microeconomia – Parte I

1. Por que estudamos Economia?

1.1. O que é Economia?

Economia é a ciência social que estuda basicamente de que forma as pessoas e as


empresas, individual ou coletivamente, alocam recursos escassos. Em outras palavras, a
Economia estuda como as pessoas tomam decisões sobre investimento, poupança,
consumo, trabalho, e como interagem umas com as outras.

1.2. Por que os recursos são escassos?

A escassez em economia se deve ao descasamento entre a disponibilidade de recursos e


os desejos dos indivíduos. Em outras palavras, a escassez é gerada pelo fato de ter que
se produzir bens e serviços com recursos limitados para satisfazer desejos por vezes
ilimitados dos indivíduos.

A escassez de recursos gera o que se chama de bem econômico. Um bem econômico é


desejado e tem utilidade. Se os recursos não fossem escassos só existiriam bens livres e
não haveria necessidade de alocar recursos.

Comentário: Note que um recurso não é escasso se não for desejado. Ou seja, mesmo
que um bem esteja disponível em pequena quantidade ele pode não ser escasso caso
ninguém o desejado.

1.3. Por que indivíduos e empresas fazem escolhas?

A escassez de recursos obriga indivíduos e empresas a fazerem escolhas. Estas por sua
vez implicam no que chamamos em economia de “trade-offs” ou escolhas mutuamente
excludentes.

Exemplo: O Sr X decidiu comprar o pacote de turismo A em vez do B pelo fato de o


pacote A ser mais barato e proporcionar quase tanto bem estar quanto o pacote B. Note
que ao escolher o pacote A o Sr. X excluiu a possibilidade de compra do pacote B. A
situação descrita é conhecida como trade-off. Ela implica em perder algo (pacote B) em
troca de outro (pacote A).

1.4. Como indivíduos e empresas fazem escolhas?

Em Economia, normalmente admite-se que indivíduos e empresas atuam com agentes


racionais e fazem escolhas tendo em vista a maximização de seus objetivos. Assume-se
que o objetivo dos indivíduos seja o bem-estar e que o da empresa seja o lucro. Dessa

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forma, diz-se que indivíduos buscam a maximização do bem-estar e empresas a


maximização do lucro.

Com relação à empresa, costuma-se utilizar, atualmente, um conceito de objetivo da


empresa um pouco mais amplo do que o lucro. Diz-se que seria o de maximizar a riqueza
dos seus acionistas. Em outras palavras, maximizar o valor da empresa para os seus
proprietários.

Dessa forma, assumiria-se que a empresa busca a maximização do valor presente dos
fluxos de caixa futuros esperados para os acionistas.

Comentário: Quando dizemos que indivíduos e empresas buscam maximizar o seu


objetivo, significa que eles farão o possível, dados os recursos que dispõem, para obter o
máximo de bem-estar (indivíduos) e lucro (empresas).

1.5. O que significa “racionalidade dos agentes”?

Quando dizemos que os agentes são racionais, estamos assumindo que pessoas e
empresas são capazes de estabelecer uma relação de ordem ou hierarquia de suas
preferências. Assim sendo, as escolhas de indivíduos e empresas são feitas com base em
preferências, isto é, são escolhas racionais.

1.6. Indivíduos reagem a incentivos

Outro princípio importante da ciência econômica é que indivíduos reagem a incentivos.


Por exemplo, aumento de salário em geral é um incentivo para funcionários trabalhares
mais. Maior concorrência em geral é um incentivo para a empresa buscar maior
produtividade.

1.7. Conclusão: É próprio da natureza humana tornar os recursos escassos, uma vez
que todos gostariam de ter mais do que os recursos disponíveis pudessem lhes
proporcionar. A escassez de recursos, por sua vez, obriga empresas e indivíduos a
fazerem escolhas baseadas em suas hierarquias de preferências. Cabe à economia
estudar de que forma empresas e indivíduos fizeram, fazem, devem fazer e farão suas
escolhas.

2. Macroeconomia X Microeconomia

2.1. Macroeconomia

A Macroeconomia estuda a economia como um todo, isto é, no seu aspecto agregado.


Dessa forma, a Macroeconomia se concentra no estudo das variáveis agregadas de um
país como: inflação, desemprego, demanda agregada, oferta agregada, produto, renda
etc.
________________________________________________________________________

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2.2. Microeconomia

A Microeconomia estuda os fatores que determinam o preço relativo de bens e insumos.


Em outras palavras, a Microeconomia busca compreender de que forma o comportamento
(escolhas) de indivíduos e empresas determinam o preço relativo de bens e serviços.
Dessa forma, a microeconomia se concentra no estudo de como a demanda e oferta de
determinado bem ou serviço determina seu preço.

Comentário: o foco da Microeconomia recai sobre a escolha individual, isto é, diz respeito
à tomada de decisão de um indivíduo ou uma empresa e suas conseqüências para o
mercado.

3. A Economia para o Administrador de Empresas

3.1. A Importância da Economia para o Administrador

O conhecimento de economia é fundamental para o Administrador de Empresas, na


medida em que a tomada de decisão se dá a partir de análises de macro-cenários e de
variáveis relacionadas à atividade produtiva da empresa e sua interação com o mercado
de que faz parte (aspecto micro). Dessa forma, a empresa tem de ser sempre vista tanto
como um sistema aberto influenciado pela conjuntura econômica nacional e internacional
quanto um ator capaz de influenciar em maior ou menor magnitude o ambiente da qual
faz parte.

3.2. Aspecto Macro

A elaboração de macro-cenários e o conhecimento da economia em seu aspecto macro


permitem ao administrador de empresas dimensionar de que forma as variáveis
agregadas influenciarão sua empresa.

Exemplo: a queda na taxa básica de juros da economia pode ser um incentivo para
investimentos (financiamento para aquisição de máquinas, por exemplo).

3.3. Aspecto Micro

A análise da estrutura de produção da empresa, dos seus custos, da sua produtividade da


sua participação no mercado e sua interação com ele, aliado ao conhecimento da
dinâmica do segmento de mercado do qual ela faz parte e do comportamento do
consumidor são elementos fundamentais na tomada de decisões.

Exemplo: Se uma empresa é informada que uma indústria aumentará


significativamente a demanda pelos insumos produzidos por ela, sua estrutura de
produção necessitará passar por uma reestruturação de modo a atender a esse aumento
de demanda.

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3.4. Economia de Empresas

O ramo da economia que aplica o raciocínio microeconômico a problemas de tomada de


decisão, levando também em consideração as forças que influenciam toda a economia, é
chamado de Economia de Empresas.

A Economia de Empresas, enquanto campo da Economia, vem crescendo


acentuadamente nas últimas três décadas, pelo fato de os administradores (gerentes,
analistas, membros de conselho de administração) perceberem a importância da teoria
econômica para a tomada de decisões coerentes com as metas organizacionais.

4. Análise Marginal e Custo de Oportunidade

A seguir serão apresentados alguns conceitos econômicos básicos importantes para


tomada de decisão do administrador.

4.1. Análise Marginal

A análise marginal é aquela que estuda os efeitos produzidos por uma pequena variação
numa determinada variável, conhecida como variável de controle. Ou seja, dada uma
pequena variação (variação na margem) na variável de controle, o que acontece com as
demais variáveis na margem.

Pode-se também definir a análise marginal como aquela em que se busca conhecer o
quanto se acrescenta a determinada variável quando se adiciona uma unidade na variável
de controle.

O exemplo abaixo ilustra a situação em que a variável de controle é a quantidade do bem


produzido por uma determinada empresa. As demais variáveis que participam na análise
são: receita, custo e lucro. Dessa forma, procura-se analisar os efeitos na receita, custo e
lucro quando se produz uma unidade adicional do bem.

Exemplo:

Por suposição, a empresa conhece a seguinte tabela.

TABELA I
Produção Receita Custo Lucro
1 unidade R$100 R$80 R$20
2 unidades R$200 R$150 R$50
3 unidades R$300 R$220 R$80
4 unidades R$400 R$280 R$120
5 unidades R$500 R$380 R$120
6 unidades R$600 R$490 R$ 110

A partir da tabela acima, a empresa elaborou a seguinte tabela para análise


marginal.

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TABELA II
Produção Receita Marginal Custo Marginal Lucro Marginal
1ª unidade R$100 R$80 R$20
2ª unidade R$100 R$70 R$30
3ª unidade R$100 R$70 R$30
4ª unidade R$100 R$60 R$40
5ª unidade R$100 R$100 R$0
6ª unidade R$100 R$110 -R$10

A partir da análise das tabelas acima podemos obter as seguintes conclusões:

i. A empresa maximizará o lucro produzindo até a 5ª unidade.Observe que


quando a empresa maximiza o lucro a receita marginal se igual ao custo
marginal. Conclusão: a empresa maximiza o lucro produzindo até que a
receita marginal se iguale ao custo marginal.

Maximização de lucro => Receita Marginal = Custo Marginal

ii. A 6ª unidade não deve ser, em princípio, produzida porque acarreta em lucro
marginal negativo (-R$10), o que implica em redução no lucro da empresa
(de R$ 130 para R$ 120).

Comentário: Se dispuséssemos apenas da tabela II, poderíamos também obter a


escala de produção da empresa que permitiria o alcance do lucro máximo, e o seu
valor. Neste caso, bastaria verificar em que momento o lucro marginal passa a ser
negativo. De acordo com a tabela II, isto ocorre ao se produzir a sexta unidade do
bem. Dessa forma, a empresa maximizaria o seu lucro ao produzir cinco unidades
do bem.

Poderíamos representar os dados das tabelas I e II na forma de gráfico.

GRÁFICO I

Produção x Lucro
R$ 140
R$ 120
R$ 100
R$ 80
Lucro

R$ 60
R$ 40
R$ 20
R$ 0
1 2 3 4 5 6
Unidades

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GRÁFICO II

Produção x Lucro Marginal


R$ 50

R$ 40

R$ 30
Lucro Marginal

R$ 20

R$ 10

R$ 0
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª
-R$ 10

-R$ 20
Unidade

4.2. Custo de Oportunidade

Como foi visto no item 1.3, indivíduos e empresas necessitam fazer escolhas, tendo em
vista a escassez de recursos. E estas escolhas por sua vez implicam em trade-offs. O
custo de oportunidade seria uma forma dimensionar o quanto renunciamos quando
optamos por determinado caminho. Em outras palavras, custo de oportunidade é o valor
que deve ser renunciado da melhor alternativa quando se faz determinada escolha.

Exemplo: Uma determinada empresa pode produzir dois bens A e B. No momento


ela produz somente o bem A, mas a partir de uma análise de mercado, verificou que o
bem B estava sendo muito demandado e por isso resolveu estudar a possibilidade de
passar a produzir também o bem B. O estudo verificou a seguinte situação descrita na
tabela abaixo.

Bem A Bem B
Produção hoje 10 unidades 0 unidade
Produção após estudo 9 unidades 2 unidades

Perguntas:

1 – Qual é o custo de se produzir duas unidades do bem B?

Resposta: 1 unidade do bem A, que é exatamente o volume de produção do bem A


que renuncio ao produzir duas unidades do bem B.

2 – Sabendo-se que o lucro líquido por unidade vendida do bem A é de R$ 1.000 e


do bem B é de R$ 500,00, qual seria o lucro líquido da produção hoje e o lucro
líquido da produção após o estudo?

Resposta:

Hoje teríamos Lucro Líquido = 10 x R$ 1.000 = R$ 10.000.


Após estudo teríamos Lucro Líquido = 9 x R$ 1.000 + 2 x R$ 500 = R$ 10.000.

Comentário: do ponto de vista do lucro líquido, as duas situações são equivalentes.

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5. Lei da Demanda

A Lei da Demanda afirma que quando o preço de um bem aumenta a sua quantidade
demandada diminui. Portanto, preço e quantidade demandada guardam entre si uma
relação inversa. Tal relação, entretanto, só é possível em razão basicamente dos dois
efeitos: efeito renda e efeito substituição.

Efeito Renda

Efeito renda é aquele provocado no poder aquisitivo do consumidor quando o preço de


um bem varia. Por exemplo, a diminuição do preço do arroz provoca aumento da renda
real do consumidor, uma vez que ele poderá comprar mais unidades do bem.

Efeito Substituição

A redução de preço de um bem pode provocar mudança no comportamento do


consumidor, que pode consumir menos unidades de um outro bem, chamado substituto,
cujo preço não tenha diminuído. Dessa forma, parte do consumo do bem que não sofreu
redução de preço é substituído por aquele que a tenha sofrido. Esse efeito recebe o nome
de Efeito Substituição.

Exemplo: Uma empresa, após aumentar o preço de um bem em 50%, verificou que
sua quantidade demandada reduziu em 30%. Após um estudo mais aprofundado
verificou-se que 2/3 da redução deveu-se à menor quantidade demandada por aqueles
que já consumiam o bem (efeito renda) e 1/3 deveu-se à redução da quantidade
demandada em razão da substituição daquele bem por outro (efeito substituição).

Efeito Renda

Variação na
Variação de Preços Quantidade
Demandada
Efeito Substituição

Demanda individual

Para a obtenção da curva de demanda será usado o conceito de demanda individual, que
representa o preço que o consumidor está disposto a pagar para consumir uma unidade
adicional de determinado bem.

Demanda de Mercado

A soma de todas as demandas individuais nos dá a demanda de mercado, que representa


a quantidade de um bem que o mercado está disposto a adquirir a um certo preço.

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Curva de Demanda Individual de um Bem

P1 A

P2 B
C
P3

Q
Q3 Q2 Q3
Comentários:

(i) Cada ponto da curva de demanda individual representa o preço máximo que o
consumidor estaria disposto a pagar para adquirir uma unidade adicional do
bem. Nesse sentido, a curva de demanda representa o benefício marginal
obtido pelo consumo de uma unidade adicional do bem.

(ii) Todos os pontos que se encontram sobre a curva de demanda representam,


portanto, pontos ótimos de consumo, isto é, traduzem o máximo de bem-estar
que se pode obter, dados os limites orçamentários.

(iii) Em geral, a curva de demanda individual é decrescente;

(iv) A soma das curvas de demanda individual nos dá a demanda de mercado para
o bem.

Curva de Demanda de Mercado

A curva de demanda de mercado é obtida a partir da soma horizontal de todas as curvas


de demanda individual do bem. Em geral, obtém-se uma curva com as mesmas
características da curva de demanda individual apresentada acima.

Curva de Demanda de Mercado de um Bem

P1 A

P2 B
C
P3

Q3 Q2 Q3 Q

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Função de Demanda

A curva de demanda especifica a relação existente entre o preço de um bem e sua


quantidade demandada. Ou seja, para cada alteração no nível de preço haverá um
deslocamento ao longo da curva, de modo que a quantidade demandada também se
modifique. Entretanto, existem variáveis que provocam o deslocamento da curva da
demanda. A função de demanda permite que se entenda de que forma a quantidade
demandada de um bem se relaciona com determinadas variáveis independentes. O uso
da função de demanda possibilita que sejam feitas estimativas da quantidade de
demanda a partir do conhecimento das variáveis independentes (variáveis explicativas).

Entre os diversos fatores (variáveis de decisão) que podem provocar o deslocamento da


curva de demanda de um determinado bem estão: impostos, gostos e preferências do
consumidor, despesas com propagandas, renda dos consumidores.

Exemplo: a função de demanda por pares de sapato fabricados por uma


determinada empresa foi estimada em

QD = 5.000 + 10 × Y − 5 × P , onde Y é a renda em unidades monetárias ($) e P é o


preço do bem em $.

1. Determinar:

(a) a quantidade demandada de pares de sapato se a renda for de $2.000 e o


preço do par de $100.
(b) a quantidade demandada de pares de sapato se a renda for de $4.000 e o
preço do par de $100.
(c) a quantidade demandada de pares de sapato se a renda for de $4.000 e o
preço do par de $200.

Resolução:

(a) QD = 5.000 + 10 × 2.000 − 5 × 100 = 24.500 unidades


(b) QD = 5.000 + 10 × 4.000 − 5 × 100 = 44.500 unidades
(c) QD = 5.000 + 10 × 4.000 − 5 × 200 = 44.000 unidades

5.1. Tipos de Bem

Em economia, costuma-se classificar os bens de acordo com o seu comportamento frente


à variação de preços e renda.

Classificação frente à variação na renda

Bens normais: são aqueles cuja demanda aumenta quando a renda cresce. Podem ser
subdivididos em:

Normais necessários: a demanda aumenta menos do que proporcionalmente


quando a renda aumenta.
Normais de luxo: a demanda aumenta mais do que proporcionalmente quando a
renda aumenta.

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Exemplo: o crescimento da renda dos trabalhadores provoca aumento da demanda


por perfumes.

Bens inferiores: são aqueles cuja demanda diminui quando a renda cresce.

Exemplo: normalmente quando os bens atingem o fim do seu ciclo de vida passam
a se comportar como bens inferiores. O televisor em preto e branco pode ser dado como
exemplo. Com o surgimento do televisor em cores, mesmo o aumento de renda não foi
capaz de aumentar a demanda por televisores em preto e branco, uma vez que ele
representava uma tecnologia ultrapassada. A carne de segunda poderia ser um outro
exemplo. Em geral, os bens de baixa qualidade possuem esse comportamento.

Classificação frente à variação de preços

Bens complementares: são bens consumidos conjuntamente (exemplo: café é açúcar).

Exemplo: um aumento no preço do café tenderia a reduzir não só a sua quantidade


demandada, mas também a do seu complementar, o açúcar.

Bens substitutos: são bens consumidos concorrentemente (exemplo: carne e frango).

Exemplo: um aumento no preço da carne tenderia a reduzir a sua quantidade


demandada e aumentar a do seu substituto, o frango.

Bens comuns: são aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando os preços
diminuem. É a própria Lei da Demanda, que será

Exemplo: a maioria dos bens obedece a essa regra.

Bens de Giffen: são bens inferiores cuja quantidade demandada aumenta quando os
preços aumentam.

Exemplo: são raros os exemplos de bens de Giffen. O pão para os consumidores


de baixa renda pode ser considerado um bem de Giffen.

Comentário: Para os bens de Giffen, o efeito renda é muito superior ao efeito substituição.

5.2. Elasticidade

A elasticidade é uma forma de medir a sensibilidade de uma variável à variação de uma


outra. Para a tomada de decisões, o administrador de empresas, o elaborador de políticas
públicas, entre outros profissionais, se deparam com situações em que a análise da
elasticidade se torna uma ferramenta muito útil.

O conhecimento da elasticidade da demanda em relação ao preço (ou elasticidade-preço


da demanda), por exemplo, permite ao administrador de empresas que estiver
interessado em aumentar sua fatia de mercado por meio da redução do preço do seu
produto o conhecimento do impacto da redução sobre a quantidade demanda do produto.

O elaborador de políticas públicas, interessado em estimular determinado setor da


economia, pode ter interesse em saber qual seria a reposta da demanda em relação a

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uma redução nos impostos, o que acarretaria um recuo nos preços, em tese. A
elasticidade-preço da demanda também seria muito útil nesse tipo de análise.

O conceito de elasticidade, contudo, não se resume ao caso da resposta da demanda


frente a uma variação de preços. Podemos, por exemplo, ter interesse em conhecer o
quanto a demanda responderia a uma variação da renda. Neste caso, estaríamos
interessados na elasticidade-renda da demanda.

Além disso, dados dois bens, poderíamos estar interessados em saber de que forma a
variação no preço de um bem afeta o outro. Neste caso, teríamos que investigar a
elasticidade-preço cruzada da demanda ou simplesmente elasticidade cruzada da
demanda.

No lado da oferta, como veremos mais à frente, podemos também calcular a elasticidade-
preço da oferta, que representa a reposta da quantidade ofertada a uma variação de
preços.

Também veremos mais à frente que empresa pode estar interessada em conhecer o
quanto a produção responde a uma variação nos insumos. A elasticidade da produção
nos daria essa reposta.

A seguir, veremos as equações que possibilitam o cálculo de algumas elasticidades.

Elasticidade-preço da demanda

Elasticidade-preço da demanda num determinado ponto:

∂D P
ε P ,D = ⋅
∂P D

A elasticidade-preço da demanda num intervalo:

∆D
∆D % ∆D P
ε P,D = D = = ⋅
∆P ∆P % ∆P D
P

Comentários:

(i) Se ε P, D é negativa, dizemos que o bem é comum


(ii) Se ε P, D é positiva, dizemos que o bem é de Giffen

Elasticidade-renda da demanda

Elasticidade-renda da demanda num determinado ponto:

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∂D Y
ε Y ,D = ⋅
∂Y D
A elasticidade-renda da demanda num intervalo:

∆D
∆D % ∆D Y
ε Y ,D = D = = ⋅
∆Y ∆Y % ∆Y D
Y

Comentários:

(i) Se ε Y , D é negativa, dizemos que o bem é inferior


(ii) Se ε Y , D é positiva, dizemos que o bem é normal, sendo que se 0 < ε Y , D < 1 o
bem é necessário e se ε Y , D > 1 o bem é de luxo.

Elasticidade-preço cruzada da demanda

Elasticidade-preço cruzada da demanda num determinado ponto:

∂D1 P2
ε P2 ,D1 = ⋅
∂P2 D1

A elasticidade-preço da demanda num intervalo:

∆D1
D ∆D1 % ∆D1 P2
ε P2 ,D1 = 1 = = ⋅
∆P2 ∆P2 % ∆P2 D1
P2

Comentários:

(i) Se ε P2 ,D1 é negativa, dizemos que os bens são complementares


(ii) Se ε P2 ,D1 é positiva, dizemos que os bens são substitutos

Interpretação do resultado da elasticidade

O coeficiente de elasticidade calculado por uma das equações apresentadas acima pode
apresentar valores que, em termos absolutos, variam de 0 (zero) a ∞ (infinito). A tabela
abaixo resume a nomenclatura utilizada em cada faixa de valores.

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Intervalo Nomenclatura

ε =0 Perfeitamente inelástica
0 < ε <1 Inelástica
ε =1 Elasticidade unitária
1< ε < ∞ Elástica
ε =∞ Perfeitamente elástica

6. Oferta

Produção

Entende-se por produção a criação de um bem ou serviço que possua valor para o
consumidor. Assim sendo, a empresa deve se ocupar em produzir bens e serviços que
sejam demandados pelos consumidores.

Fatores de Produção

Os fatores de produção de uma empresa são todos os insumos utilizados na sua


atividade produtiva. Dessa forma, terra, trabalho, capital e matérias-primas são fatores de
produção.

Devemos diferenciar, contudo, o capital físico, também conhecido como bem de capital,
do capital financeiro. O primeiro é um insumo para a produção, enquanto o segundo é a
quantia expressa em unidades monetárias necessária para se realizar uma determinada
atividade.

Exemplos de capital físico: máquinas, prédios, computadores etc.

O máximo que uma empresa consegue produzir com os insumos que possui é chamado
de fronteira de produção. E a função que descreve essa fronteira de produção é a função
de produção.

Função de Produção e Tecnologia

A função de produção define o máximo que pode ser produzido a partir de uma certa
quantidade de insumos e de uma dada tecnologia. A tecnologia representa a forma como
são utilizados os insumos, isto é, diz respeito à qualidade da mão de obra, equipamentos
utilizados e processos de produção. É a função de produção que define a tecnologia
empregada pela empresa.

INSUMOS TECNOLOGIA PRODUTO




mão-de-obra
capital – insumos básicos
+ •

qualidade da mão-de-obra
qualidade dos equipamentos
= Bens ou serviços

• capital – bens de capital • processos de produção

PRODUÇÃO

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Função de Produção Cobb-Douglas: Cobb e Douglas dedicaram-se ao estudo das


funções de produção e usaram uma função exponencial para descrever a produção. A
função de produção Cobb-Douglas possui propriedades matemáticas e econômicas
importantes e por isso são úteis na representação da relação insumo – produção.

Q = γLα K β Função de Produção Cobb-Douglas

, onde L é trabalho (quantidade de mão-de-obra empregada), K é capital empregado,


γ , α e β são parâmetros a serem determinados.

Comentário: α e β representam a elasticidade da produção em relação ao trabalho e ao


capital, respectivamente.

Exemplo: a função de produção de uma empresa é dada por Q = L0,5 K 0,5 . Determinar:

(a) a elasticidade da produção em relação à mão-de-obra;


(b) a elasticidade da produção em relação ao capital;
(c) o aumento percentual da produção, caso a mão-de-obra e o capital aumentem
em 25%.

Resolução:

(a) α = 0,5
(b) β = 0,5
(c) um aumento de 25% na mão-de-obra aumenta em aproximadamente 11,80% a
produção, já que a elasticidade é 0,5. O mesmo acontece com o capital. Os dois
efeitos combinados resultam num aumento de 25% na produção.

Produto Marginal

Representa o quanto se acrescenta na produção quando se adiciona uma quantidade de


insumo. Matematicamente, podemos expressar o produto marginal pela relação:

∆Q
PM I = ∆Q é a variação da produção e ∆I é a variação na quantidade de
∆I , onde
insumos.

Comentário: A equação acima é normalmente apresentada em sua forma diferencial, isto


∂Q
é, PM I = . Entretanto, para os propósitos deste curso, iremos utilizar a primeira
∂I
versão.

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Produto Médio

Dada uma escala de produção Q e um nível de insumos I, o produto médio representa o


quanto se acrescenta, em média, na produção quando se adiciona uma quantidade de
insumo. Matematicamente, podemos expressar o produto meio pela relação:

Q
PI = , onde Q é o nível de produção e I é o nível de insumos empregados
I

Elasticidade da Produção

A elasticidade da produção em relação ao insumo indica o quanto a produção varia, em


termos percentuais, quando se varia a quantidade empregada de um insumo em 1%.
Matematicamente, temos:

∆Q
Q ∆Q% ∆Q I PM I
ε I ,Q = = = × =
∆I ∆I % ∆I Q PI
I

Exemplo: Uma empresa fabricante de bicicletas produz de acordo com a tabela


abaixo.

Produto Produto
Insumo Produção Elasticidade
Marginal Médio
0 0 - - -
1 5 5 5,00 1,00
2 15 10 7,50 1,33
3 28 13 9,33 1,39
4 45 17 11,25 1,51
5 59 14 11,80 1,19
6 68 9 11,33 0,79
7 73 5 10,43 0,48
8 73 0 9,13 0,00
9 71 -2 7,89 -0,25
10 67 -4 6,70 -0,60

O insumo a que se refere a tabela acima é número de trabalhadores. O produto


marginal foi calculado tomando-se o quanto foi produzido a mais para cada unidade de
insumo adicionada. Para o cálculo do produto médio, deve-se tomar a razão entre a
produção e a quantidade de insumo empregada. Finalmente, para se calcular a
elasticidade, toma-se a razão entre os produtos marginal e médio.

O gráfico abaixo ilustra a curva de produção da empresa. Note que a empresa


atinge o máximo de produtividade (elasticidade e produto marginal são máximos) quando

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utiliza 4 trabalhadores. A produtividade torna-se nula quando ela emprega 8 trabalhadores


e a partir deste ponto, a produção começa a sofrer redução de escala

Figura 1 – Curva de Produção em Formato de S

Curva da Produção Elasticidade


80
Nula
70

Produção 60

50
Elasticidade
40
Máxima
30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Insumos

Curva de Possibilidades de Produção

Uma Curva de Possibilidades de Produção mostra os trade-offs entre dois bens


produzidos por uma empresa. Os pontos que se encontram sobre a curva representam
possibilidades eficientes de produção. Pontos que se encontram abaixo da curva
representam possibilidades ineficientes produção.

Exemplo: Uma empresa possui as seguintes possibilidades de produção contidas


na tabela abaixo.

Possibilidades BEM 1 (unidades) BEM 2 (unidades)


A 100 0
B 80 5
C 60 10
D 40 15
E 20 20
F 0 25

A tabela acima nos permite elaborar uma Curva de Possibilidade de Produção para
os bens 1 e 2.

Curva de Possiblidades de Produção - Bens 1 e 2


120

A
100
B
80
C
Bem 1

60
D
40
E
20
F
0
0 5 10 15 20 25

Bem 2

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Os pontos A, B, C, D, E e F representam possibilidades eficientes de produção.


Qualquer outro ponto que não esteja sobre a curva representa possibilidade
ineficiente de produção. Ou seja, se a empresa, por hipótese, decidir produzir 40
unidades do bem 1 e 5 unidades do bem 2 ela o estará fazendo de forma
ineficiente.

Cabe destacar que a curva apresentada acima também permite também o cálculo
do custo de oportunidade. Se a empresa se encontra na situação B e deseja ir para
a C, o custo de se produzir 5 unidades a mais do bem 2 é 20 unidades do bem 1.

6. Custo

O custo de algo pode ser entendido como uma medida do sacrifício ocorrido para se fazer
algo. Podemos classificá-lo segundo a finalidade para a qual as informações são usadas
(contábil e econômico) e a possibilidade de alteração do curto prazo (fixo e variável).

Custo Contábil

Entende-se por custo contábil a quantia desembolsada pela empresa para produzir. O
custo contábil é apurado para fins de relatórios financeiros.

Custo Contábil = Custos Explícitos

Exemplo: Uma empresa obteve receitas no valor de R$ 10.000,00, pagou R$ 4.000,00 de


aluguéis e R$ 5.000,00 de salários. Determinar o custo e o lucro contábil.

Resolução:

Custos contábeis de R$ 9.000,00 (R$ 5.000,00 + R$ 4.000,00) e lucro contábil


de R$ 1.000,00 (R$ 10.000,00 – R$ 9.000,00).

Custo Econômico

O custo econômico é avaliado para fins de tomada de decisão. Inclui, além do custo
contábil (custo explícito), os custos implícitos, que compreendem os custos de
oportunidade do tempo e do capital investido na produção.

Custo Econômico = Custos Explícitos + Custos Implícitos

Exemplo: Mister X era funcionário de uma empresa de informática e ganhava R$


36.000,00 por ano. Ele decidiu abrir seu próprio negócio e investiu R$ 50.000,00 de suas
economias, que poderiam ser aplicados à taxa de 10%a.a. No primeiro ano, a empresa
obteve receita de R$ 81.000,00 e custos explícitos de R$ 40.000,00. Determinar o custo e
o lucro econômico e comparar com o custo e o lucro contábil.

Resolução:

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§ Custos contábeis de R$ 40.000,00 (custos explícitos).


§ Custos econômicos de R$ 81.000,00 (custos explícitos + custos
implícito)

− Custos explícitos = R$ 40.000,00


− Custos implícitos = R$ 41.000,00 (R$ 5.000,00, do capital
investido, + R$ 36.000,00, do tempo ou salário abdicado).

§ Lucro contábil = R$ 41.000,00 (R$ 81.000,00 – R$ 40.000,00)


§ Lucro econômico = R$ 0 (R$ 81.000,00 – R$ 81.000,00)

Comentário: o lucro econômico é a diferença entre a receita e o custo econômico.


Matematicamente, LE = R − C E .

Custos Fixos (CF): são aqueles que não se alteram no curto prazo. Ou seja, não variam
quando se aumenta ou reduz a produção.

Custos Variáveis (CV): alteram-se no curto prazo e, portanto, variam à medida que a
produção da empresa aumenta ou diminui.

Comentário: O Custo Total (CT), no curto prazo, é a soma dos custos fixos com os custos
variáveis.

Custo Total = Custos Fixos + Custos Variáveis

Exemplo: A Empresa W Ltda. paga R$ 10.000,00 pelo aluguel de equipamentos (leasing


operacional com contrato de 2 anos) e R$ 20.000,00 pelo aluguel de instalações (contrato
de 2 anos). Além disso, paga R$ 2.000,00 de salário, para cada um de seus 20
funcionários, e R$ 5.000 para cada lote de matéria-prima empregada (atualmente
emprega 10 lotes na produção). Determinar o valor dos custos fixos, dos custos variáveis
e do custo total.

Resolução:

§ Custos Fixos: R$ 30.000,00 (R$ 10.000,00, do leasing + R$


20.000,00, aluguel das instalações).

§ Custos Variáveis: R$ 90.000,00 (20 x R$ 2.000,00 + 10 x R$


5.000,00).

§ Custo Total: R$ 120.000,00 (R$ 30.000,00 + R$ 90.000,00).

Comentário: No longo prazo todos os custos são variáveis. Então, o custo total pode ser
escrito como: Custo Total = Custos Variáveis.

Função de Custo Médio: Define o custo por unidade de produto. Em outras palavras, é a
razão do custo pela quantidade produzida.

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C
C = Custo Médio
Q

No horizonte de curto prazo, o custo médio por ser dividido em Custo Fixo Médio C F e
Custo Variável Médio CV . A soma de C F com CV resulta no Custo Total Médio CT , isto
é,

C T = C F + CV

CF
Custo Fixo Médio: CF =
Q

CV
Custo Variável Médio: CV =
Q

CT CF + CV
Custo Total Médio: CT = ou CT =
Q Q

Exemplo: A função de custo de uma empresa é dada pela equação:


C = 100 + 2Q − Q 2 + 0,5Q 3 . Determinar o custo fixo, o custo variável, o custo total médio, o
custo fixo médio e o custo variável médio.

Resolução:

C F = 100
CV = 2Q − Q 2 + 0,5Q 3
100 + 2Q − Q 2 + 0,5Q 3 100
CT = = + 2 − Q + 0,5Q 2
Q Q
100
CF =
Q
2Q − Q 2 + 0,5Q 3
CV = = 2 − Q + 0,5Q 2
Q

Função de Custo Marginal: Define o quanto se adiciona ao custo quando se produz uma
unidade adicional de um bem ou serviço.

dC ∆C
Cm = Cm =
dQ ou
∆Q Custo Marginal

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Exemplo: Com base na função de custo do exemplo anterior, determinar a função de


custo marginal.

Resolução: basta efetuar a derivada do custo total em função da quantidade.

dC
Cm = = 2 − 2Q + 1,5Q 2
dQ

Curvas de Custo Médio e Custo Marginal no Curto Prazo

A partir das funções de custo, no curto prazo, pode-se elaborar tabelas e gráficos que
descrevem a evolução do custo à medida que se varia a quantidade produzida.

A tabela abaixo ilustra a evolução dos custos médio e marginal à medida que se aumenta
a produção.
R$1.000,00

Produção Custo Custo Custo Custo Total Custo Variável Custo Fixo Custo
(x100) Total Fixo Variável Médio Médio Médio Marginal
0,0 30,0 30,0 0,0 - - - -
1,7 42,0 30,0 12,0 25,1 7,2 18,0 5,2
2,7 46,7 30,0 16,7 17,5 6,3 11,2 4,7
3,7 51,9 30,0 21,9 14,1 6,0 8,2 6,0
4,1 55,0 30,0 25,0 13,3 6,0 7,2 7,2
4,7 59,3 30,0 29,3 12,7 6,3 6,4 9,1
5,4 66,9 30,0 36,9 12,4 6,9 5,6 12,4
6,4 82,5 30,0 52,5 12,9 8,2 4,7 18,7
7,4 105,1 30,0 75,1 14,2 10,1 4,1 26,7
8,4 136,6 30,0 106,6 16,3 12,7 3,6 36,5
9,4 178,8 30,0 148,8 19,0 15,8 3,2 48,2

O gráfico abaixo representa as curvas de Custo Total Médio, Custo Variável Médio, Custo
Fixo Médio e Custo Marginal, no curto prazo.

60

50

40

30
C

20

10

0
1,7 2,7 3,7 4,1 4,7 5,4 6,4 7,4 8,4 9,4
Q
Custo Total Médio Custo Variável Médio
Custo Fixo Médio Custo Marginal

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Os pontos destacados no gráfico indicam os cruzamentos da curva de custo marginal com


a de custo variável médio, custo fixo médio e custo total médio.

Até o Primeiro Ponto

Se a empresa produzir menos que 370 unidades, ela não cobrirá os custos fixos, por isso,
torna-se mais interessante abandonar as atividades, já que, se continuar produzindo,
deverá arcar com os custos fixos e parte dos custos variáveis.

Até o Primeiro Ponto L<0 R < CF Não Produz

Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Fixo e Custo Variável.


Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

O Primeiro Ponto – cruzamento da curva de C m com a CV

Se a empresa produzir 370 unidades, ela ainda não conseguirá cobrir os custos fixos.
Nessa situação, ainda é mais interessante para a empresa abandonar as atividades.

Cruzamento da C m com a CV L<0 R < CF Não produz

Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Fixo e Custo Variável.


Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

Do Primeiro ao Segundo Ponto

Se a empresa produzir entre 370 e 410 unidades, ela continuará não conseguindo os
custos fixos e terá lucro negativo. Nessa situação, é economicamente mais interessante
parar de produzir.

Do Primeiro ao Segundo Ponto L<0 R < CF Não produz

Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Fixo e Custo Variável.


Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

O Segundo Ponto – cruzamento da curva de C m com a C F

Se a empresa produzir 410 unidades, ela conseguirá cobrir todos os custos fixos mas
nenhuma parte dos custos variáveis. Continuará, nesse caso, com lucros negativos.
Nessa situação, a empresa é indiferente a continuar produzindo ou interromper suas
atividades.

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Cruzamento da C m com a C F L<0 R = CF Produz com prejuízo

Valor do Prejuízo se produzir: Custo Variável.


Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

Entre o Segundo e o Terceiro Ponto

Se a empresa produzir entre 410 e 540 unidades, ela cobrirá todo custo fixo e parte dos
custos variáveis e terá lucro negativo. Nessa situação, continua economicamente mais
interessante para a empresa continuar produzindo, já que, se parar, deverá arcar com os
todos os custos fixos.

Entre o Segundo e o Terceiro Ponto L<0 R > CF Produz com prejuízo

Valor do Prejuízo se produzir: parte do Custo Variável.


Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

O Terceiro Ponto (Break Even Point) – Cruzamento da curva de C m com a CT

Se a empresa produzir 540 unidades, ela conseguirá cobrir todos os custos (fixos e
variáveis) e terá lucro igual a zero ( L = 0) . Isto é, R = CT . Essa situação e conhecida como
ponto de break even (ou break even point).

Cruzamento da C m com a CT L=0 R = CT Produz sem prejuízo

Valor do Prejuízo se produzir: Zero.


Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

A partir do Terceiro Ponto

Produzindo mais de 540 unidades, a empresa auferirá lucro positivo, já que a receita será
superior ao custo total da empresa.

A partir do Terceiro Ponto L>0 R > CT Produz com lucro

Valor do Lucro se produzir: Receita – Custos Variáveis – Custos Fixos.


Valor do Prejuízo se parar de produzir: Custo Fixo.

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Curva de Oferta da Empresa Competitiva no Curto Prazo

A Curva de Oferta da empresa, no curto prazo, equivale à curva de custo marginal


tomada a partir do segundo ponto, já que a empresa não teria incentivo econômico para
produzir quantidades inferiores.

Graficamente,

Oferta da Empresa
60

50

40

30
P

20

10

0
4,1 4,7 5,4 6,4 7,4 8,4 9,4

A Oferta no Longo Prazo

Com a premissa de que o mercado é perfeitamente competitivo, no longo prazo, o Custo


Marginal se iguala ao Custo Total Médio (C m = CT ) , ou seja o lucro da empresa é igual a
zero ( L = 0) .

Cabe destacar que a possibilidade de lucro zero (lucro econômico igual a zero) no longo
prazo não significa que as empresas não terão interesse em permanecer no mercado,
uma vez que o custo marginal já incorpora a taxa de retorno esperada do capital (custo de
oportunidade da economia). Dessa forma, o lucro econômico positivo significa estar acima
do custo de oportunidade da economia, o que atrai novos concorrentes no mercado.

No longo prazo, como todos os custos são variáveis, para a empresa, valerá a pena
produzir se R ≥ CT .

A Curva de Oferta no longo prazo será equivalente à Curva de Custo Marginal acima do
ponto onde (C m = CT ) .

7. Equilíbrio de Mercado

Entende-se por equilíbrio de mercado a situação em que a demanda por bens ou serviços
se iguala à oferta. O equilíbrio reflete a situação em que o preço é determinado pelas
forças de mercado e não se altera a menos que haja mudança na curva de demanda ou
oferta.

Equilíbrio de Mercado ► Demanda = Oferta

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Graficamente,

55
Equilíbrio de Mercado Oferta
50
45

Preço em R$
40
35
30
25 Dem anda

20
0 1 2 3 4 5 6
Quantidade (em mil unidades)

Comentário: o gráfico acima ilustra uma situação em que o equilíbrio de mercado se daria
ao preço de R$ 35. A quantidade de equilíbrio seria 3 mil unidades.

Mercado fora do equilíbrio:

Em um mercado suficientemente
55
competitivo, se o preço estiver Equilíbrio de Mercado Oferta
acima do preço de equilíbrio, 50
haverá excesso de mercadorias 45
Preço em R$

(oferta maior que demanda) e as Excesso


40
empresas não terão incentivos
para produzir aquela quantidade. 35
Assim, preço e quantidade 30
produzida reduzem e o mercado 25
Falta
Dem anda
alcança o equilíbrio. Caso o preço
20
esteja abaixo do preço de
0 1 2 3 4 5 6
mercado, a demanda será maior
Quantidade (em mil unidades)
que a oferta e a mercadoria se
tornará mais escassa. Com isso o
preço aumenta e a quantidade demandada reduz, trazendo a economia para o equilíbrio.
Comentários sobre o gráfico acima:

1 – se o preço for R$ 40, haverá um excesso de 2 mil unidades de mercadoria no


mercado, já que a quantidade oferta será 4 mil unidades e a quantidade demandada 2 mil;

2 – ao preço de R$ 35, haverá falta de 2 mil unidades, pois a quantidade demandada será
de 4 mil unidades e a quantidade ofertada 2 mil.

Exemplo: As curvas de oferta e demanda de um determinado mercado são dadas por:


Oferta: P = 100 + 2Q
Demanda: P = 200 – 2Q

Determinar:

(a) a quantidade e o preço de equilíbrio;

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(b) se haverá excesso ou falta de mercadoria ao preço de R$ 160 e R$ 140.

Resolução:

(a) Para se obter a quantidade de equilíbrio, basta igualar as equações de oferta e


demanda (condição de equilíbrio de mercado).

Oferta = Demanda

100 + 2Q = 200 – 2Q
4Q = 100
Q* = 25 (quantidade de equilíbrio)

Substituindo a quantidade de equilíbrio na equação de oferta (poderia também


substituir na equação de demanda), temos:

P = 100 + 2 x 25
P* = 150

(b) se o preço for R$ 160, temos que a quantidade ofertada será:

160 = 100 + 2Q, então


QO = 30

A quantidade demandada, por sua vez, será:

160 = 200 – 2Q
QD = 20

Nesse caso, a oferta será maior que a demanda (30>20) e haverá excesso de
mercadorias.

se o preço for R$ 140, temos que a quantidade ofertada será:

140 = 100 + 2Q, então


QO = 20

A quantidade demandada, por sua vez, será:

140 = 200 – 2Q
QD = 30

Nesse caso, a demanda será maior que a oferta e haverá falta de mercadorias.

Excedente do Consumidor

Pode-se definir excedente do consumidor como a diferença entre o preço que o


consumidor estaria disposto a pagar (preço de reserva) e o preço efetivamente pago
(preço de mercado). O excedente do consumidor representa o benefício que o
consumidor obtém quando paga um preço inferior ao que estaria disposto a pagar. O
excedente também pode ser utilizado como medida do bem-estar. Quanto maior o
excedente, maior o bem-estar.
Como calcular o excedente do consumidor:

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O excedente do consumidor pode ser 55


Excedente do Consumidor Oferta
calculado tomando-se a área abaixo 50
da curva de demanda e acima da linha 45

Preço em R$
que passa pelo preço de equilíbrio. 40
35
Se a função de demanda for linear,
30
pode-se calcular o excedente pela
Dem anda
equação: 25
20
EC = (Pmáx – P*) x Q*/2 0 1 2 3 4 5 6
Quantidade (em mil unidades)

Excedente do Produtor

O excedente do produtor pode ser definido como a diferença entre o preço que o produtor
estaria disposto a vender (preço de reserva) e o preço de venda (preço de mercado). O
excedente do produtor representa o benefício que o produtor obtém por vender seu
produto a um preço superior ao que estaria disposto a vender. Quanto maior o excedente
do produtor, maior o seu bem-estar.

Como calcular o excedente do produtor:

O excedente do produtor pode ser 55


Excedente do Produtor Oferta
calculado tomando-se a área abaixo 50
da linha que passa pelo preço de 45
Preço em R$

equilíbrio e a acima da curva de 40


oferta. 35
30
Se a função de oferta for linear, pode- Demanda
25
se calcular o excedente pela equação:
20
0 1 2 3 4 5 6
EP = (P* – Pmín) x Q*/2
Quantidade (em mil unidades)

Excedente total da economia:

O excedente total da economia é a 55


Excedente Total da Economia Oferta
soma dos excedentes do 50
consumidor e produtor. Quanto 45
Preço em R$

maior o excedente da economia, 40


maior o bem-estar.
35
30
ET = EC + EP Dem anda
25
20
0 1 2 3 4 5 6
Quantidade (em mil unidades)

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Excedente do Governo

Na seção anterior vimos como se calcula os excedentes do consumidor e produtor em


uma economia sem Governo. Quando adicionamos o Governo, temos de incluir sua
receita tributária. Dessa forma, ambos os excedentes do consumidor e do produtor
diminuem. Além isso, a entrada do Governo gera uma queda no excedente total da
economia, uma vez que produz uma perda de peso morto (cunha fiscal). O gráfico abaixo
ilustra a situação.
55
Excedente Total da Economia com Governo
A área do retângulo em azul 50
representa o excedente do 45 Oferta

Preço em R$
Governo. Note que diferente da 40
seção anterior (economia sem
35
Governo), o preço pago pelo
consumidor é superior ao preço de 30
equilíbrio (PC>P*), já que ele 25 Dem anda
deverá pagar tributos.
20
0 1 2 3 4 5 6
O produtor recebe pela mercadoria Quantidade (em mil unidades)
um preço inferior ao preço de
equilíbrio, uma vez que também deverá pagar tributos (PV<P*).

O triângulo em preto representa a perda de peso morto, que é o excedente perdido pela
sociedade com a entrada do Governo.

Exemplo: As curvas de oferta e demanda de um determinado mercado são dadas por:

Oferta: P = 100 + 2Q
Demanda: P = 200 – 2Q

Suponha que os consumidores tenham que pagar tributos cuja alíquota seja de 14,29% e
que as empresas paguem 16,67%, determine:

(a) o preço efetivamente pago pelo consumidor, o preço efetivamente recebido pelo
produtor;
(b) os excedentes do consumidor, do produtor, do Governo e total.

Compare a situação com a sem Governo.

Resolução:

(a) Se o consumidor pagar alíquota de 14,29% sobre o produto comprado, terá


pago efetivamente:

PC = 35 x 1,1429 = 40 (aproximadamente)

O produtor, por sua vez, receberá efetivamente:

PV = 35/(1,1667) = 30 (aproximadamente)

(b) Os excedentes serão:

EC = (50 – 40) x 2/2 = 10

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EP = (30 – 20) x 2/2 = 10


EG = 10 x 2 = 20

ET = EC + EP + EG = 40 (R$ 40.000)

Na situação sem Governo, tínhamos:

EC = (50 – 35) x 3/2 = 22,5


EP = (35 – 20) x 3/2 = 22,5

ET = EC + EP = 45 (R$ 45.000)

A excedente total da economia com a inclusão do Governo é menor do que a


situação anterior (sem Governo).

Comentário: a inclusão do Governo produziu uma perda de peso morto (cunha


fiscal) no valor de R$ 5.000.

8. Estruturas de Mercado

Em economia, Estrutura de Mercado refere-se à descrição de determinado mercado


quanto à interação e competição das firmas que nele atuam.

A descrição de determinado mercado inclui:

i. Informações específicas sobre o número de empresas existentes naquele


mercado, a existência ou não de barreiras à entrada ou saída e as expectativas
acerca das ações futuras das empresas competidoras e do número de
empresas.
ii. As ações disponíveis para cada firma quanto à escolha do preço, da quantidade
a ser produzida e da localização.

Inicialmente, podemos dividir os mercados em dois grandes grupos: Mercados de


Concorrência Perfeita e Mercado de Concorrência Imperfeita.

9. Mercados de Concorrência Perfeita (ou Mercados Perfeitamente Competitivos)

São aqueles nos quais os agentes, compradores e vendedores, comportam-se de forma


competitiva, isto é, acreditam que as suas ações não podem interferir no preço do
mercado, que é dado. Em concorrência perfeita, a firma só pode decidir sobre a
quantidade que produz e não sobre o preço.

Costuma-se assumir que os mercados de concorrência perfeita são caracterizados por


um grande número de empresas que agem como tomadoras de preços (price takers) e
vendem um produto homogêneo para consumidores bem-informados (inexistência de
assimetria de informações). Pressupõe-se, também, a inexistência de barreiras à entrada
ou à saída do mercado.

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A Curva de Demanda

A curva de demanda com a qual cada firma se defronta, em concorrência perfeita, é uma
reta horizontal, já que, para qualquer quantidade demandada, o preço deverá ser sempre
o mesmo. Isto é, ela deverá vender ao mesmo preço, independente, da quantidade
demandada. A curva de demanda do mercado permanece a mesma já estudada:
decrescente.

P Curva de Demanda da Firma P Curva de Demanda do Mercado

Q Q

O Quanto Produzir: A Oferta da Empresa

Como já foi visto, em Mercados de Concorrência Perfeita, no curto prazo, a empresa deve
produzir quando C mCP ≥ CVCP , ou seja, quando o custo marginal for maior ou igual ao custo
variável médio. No longo prazo, a condição de permanência da empresa é C mLP ≥ CTLP , isto
é, o custo marginal deve ser maior ou igual ao custo total. Em outras palavras, a empresa
deverá cobrir todos os seus custos no longo prazo. Entretanto, assume-se que, no longo
prazo, C mLP = CTLP , já que se o lucro fosse positivo, outras empresas entrariam no setor,
fazendo com que aquela igualdade fosse satisfeita. Graficamente.
Produção: Curto Prazo Produção: Longo Prazo
P P C mLP
CP
C CP
m
C T CTLP

CVCP

Q Q

No Curto Prazo No Longo Prazo


(equilíbrio do mercado)
C mCP ≥ CVCP C mLP = CTLP

Maximização do Lucro:

Conforme já foi estudado, a empresa maximiza o lucro quando Rm = C m , isto é, quando a


receita marginal se iguala ao custo marginal. Nessa situação, temos Lm = 0 e
Rm = C m = P . Essas igualdades são válidas tanto para o curto prazo quanto para o longo
prazo. Entretanto, no longo prazo, devemos acrescentar que Rm = C m = P = C T e que o
lucro é igual a zero (L = 0) .

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Curto Prazo
Produzir até Rm = C m = P
Maximização de
que Rm = Cm
Lucro
(Lm = 0)
Longo Prazo
Rm = C m = P = CT e L = 0

10. Mercados de Concorrência Imperfeita

São as Estruturas de Mercado nas quais as condições necessárias para concorrência


perfeita não são satisfeitas. São elas: Monopólio, Duopólio e Oligopólio.

10.1 Monopólio

O Monopólio pode ser definido como a estrutura de mercado caracterizada pela existência
de uma única empresa e barreiras significativas à entrada. Além disso, pressupõe-se a
inexistência de substitutos próximos para os bens que ele produz.
Diferentemente das empresas em um mercado perfeitamente competitivo, o monopolista
se defronta com uma curva de demanda decrescente e pode escolher o preço (price
searchers) ou a quantidade que será ofertada do seu produto. Por isso, se quiser
aumentar a quantidade vendida, deverá abaixar o preço.

As barreiras à entrada podem ser provenientes de patentes, concessão pública, alta


tecnologia (vantagens de custos), diferenciação de produtos e economias de escala.

Curva de Demanda

Como foi colocado, a curva de demanda do monopolista é negativamente inclinada


(decrescente), diferentemente do mercado perfeitamente competitivo, em que cada
empresa se defronta com uma curva de demanda horizontal, já que o preço é dado. A
curva de demanda de mercado é a própria curva de demanda do monopolista.

Curva de Demanda do Monopolista


P

Comentário: Chama-se monopólio natural aquele em que a barreira à entrada se deve à


presença de economias de escala (redução do custo médio ao se aumentar a produção).

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O Quanto Produzir: A Oferta do Monopolista

A curva de oferta indica o quanto as firmas estão dispostas a produzir a um determinado


nível de preço. O Monopolista, por não ser um tomador de preços (price taker), não tem
uma curva de oferta.

No curto prazo, o monopolista produzirá uma quantia tal que Rm = C m se P > CVCP e, no
longo prazo, produzirá uma quantia tal que Rm = C m se P > CTCP .

Produção: Curto Prazo Produção: Longo Prazo


P P
C mCP CP C mLP
CT
CTLP
CVCP
Lucro do
Monopolista Lucro do
Monopolista

Q Q
Rm D Rm D

Maximização do Lucro:

Da mesma forma que foi visto para o caso da empresa em um mercado de concorrência
perfeita, o monopolista maximiza o lucro quando Rm = C m . A diferença é que, como o
monopolista se depara com uma curva de demanda decrescente, P > Rm = C m . No longo
prazo, a mesma condição deve ser satisfeita.

Curto Prazo
Produzir até P > Rm = Cm
Maximização de
que Rm = Cm
Lucro
(Lm = 0)
Longo Prazo
P > Rm = Cm

Como para o monopolista, o preço não é fixo e dado pelo mercado, a receita marginal não
é o preço. Um incremento na quantidade produzida ∆y produz dois efeitos na receita:
primeiro, quando se produz mais, aumenta-se a receita de pi ⋅ ∆y . Entretanto, ocorre
também uma variação da receita devido à redução do preço, y f ⋅ ∆p . Somando os dois
efeitos, temos:

∆R = p i ⋅ ∆y + y f ⋅ ∆p

Com um pouco de álgebra, podemos escrever a equação da receita marginal na forma:

 1 
Rm = p ⋅ 1 + 
 ε P ,D 

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Como para maximizar o lucro o monopolista deve satisfazer à condição Rm = C m , então:

 1 
C m = p ⋅ 1 + 
 ε P , D 

O markup (margem de lucro) do monopolista é dado pela equação:

1
markup =
1 − 1 ε P,D

Comentário: o preço do monopolista é normalmente maior do que o preço do mercado em


concorrência perfeita e a quantidade vendida é menor.

p
Exemplo: A função de demanda de um determinado produto é Q = 40 − . Sabendo que o
2
custo marginal é igual a 10, determinar:

(a) o preço de equilibro no mercado competitivo;


(b) a quantidade de equilíbrio no mercado competitivo;
(c) o preço de equilíbrio do monopolista;
(d) a quantidade vendida pelo monopolista;

Faça uma comparação entre os resultados obtidos nos dois casos.

Resolução:

(a) no mercado competitivo, temos p = C m , logo p = 10 .


10
(b) a quantidade de equilíbrio será Q = 40 − = 35
2
 p
(c) para o monopolista, P > Rm = C m . Então R = p.Q = p.40 −  e
 2
Rm = 40 − p
Como Rm = C m , então 40 − p = 10 e p = 30 .
30
(d) a quantidade vendida pelo monopolista será: Q = 40 − = 25
2

Conclusão: o monopolista vende uma quantidade menor e a um preço mais


alto, quando comparado a um mercado competitivo, gerando uma perda de
bem-estar para o consumidor.

10.2 Oligopólio:

O Oligopólio é uma estrutura de mercado caracterizada pela existência de um pequeno


número de empresas. Como existe um pequeno número de competidores, as ações de
uma empresa, influenciam as decisões das demais.

Existe uma grande variedade de resultados possíveis para um oligopólio. Se houver uma
grande competição entre as empresas, o resultado pode se aproximar daquele que se

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obtém em concorrência perfeita (preços baixos e grande quantidade vendida). Por outro
lado, as empresas podem optar pela cooperação e fixarem preços (cartel). Nesse caso, o
oligopólio se aproximaria de um monopólio.

10.3 Duopólio

O Duopólio é um caso particular de Oligopólio no qual existem apenas duas empresas no


mercado. Existem basicamente dois tipos de Duopólio:

(1) Duopólio de Cournot: empresas competem em quantidade; e


(2) Duopólio de Bertrand: empresas competem em preço.

11. Mercados de Concorrência Monopolística

A Concorrência Monopolística é uma estrutura de mercado caracterizada pela existência


de poucas barreiras à entrada ou saída e um grande número de empresas que buscam
diferenciar seus produtos (com propaganda, serviços, qualidade, facilidades e
localização). Em razão da diferenciação, cada empresa se defronta com uma curva de
demanda decrescente (negativamente inclinada).

No curto prazo, cada empresa atua como um pequeno monopólio, devido à diferenciação
(daí o nome concorrência monopolística) e produz até que Rm = C m , mas com p > C m .

No longo prazo, outras empresas conseguirão replicar a diferenciação existente no curto


prazo e cada empresa auferirá lucro igual a zero ( L = 0 e p = CTLP ).

Produção: Curto Prazo Produção: Longo Prazo


P P
CP
C mCP CT CTLP
LP
C m
Lucro em
Concorrência Lucro igual a
Monopolística zero

Q Q
Rm D Rm D

12. Medindo o Grau de Concentração de um Mercado

Uma forma de saber se um determinado mercado está muito ou pouco concentrado é


utilizar um índice de concentração. Um índice muito usado para esse propósito é o Índice
de Herfindahl-Hirschman (H).

A fórmula para se calcular o índice é:

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n
H = ∑ si2
i =1

Onde s é a fatia de mercado (market share) de cada empresa.

Em geral, utilizam-se os seguintes parâmetros para interpretar o índice:

Valor de H Interpretação
Abaixo de 1.000 Mercado pouco concentrado
Entre 1.000 e 1.800 Mercado moderadamente concentrado
Acima de 1.800 Mercado muito concentrado

O cálculo desse índice pode ser utilizado pelo governo para fins de regulação de
mercado. Se um determinado mercado, com o passar do tempo, torna-se mais
concentrado, pode significar perda de eficiência e competição e aumentam as chances de
colusão e monopólio.

Exemplo: Em 1990 havia dez firmas atuando no mercado. Cada uma participava com
10% do total vendido. Em 2007, verificou-se que uma participava com 82% do mercado e
as outras nove com 2% cada uma. Calcule o índice de Herfindahl-Hirschman e interprete
o resultado.

Resolução:

Em 1990 tínhamos que H = 10 x 100 = 1.000 (mercado na fronteira entre pouco e


moderadamente concentrado).

Em 2007, o índice passou para H = 6.724 + 9 x 4 = 6.760 (mercado muito


concentrado).

13. Falhas de Mercado

Falha de mercado é o termo utilizado para designar situações em que o mercado não é
capaz de alocar recursos de forma eficiente, dando espaço a ações de Governo. Além
dos mercados de concorrência imperfeita, outros exemplos de falhas de mercado são:
assimetria de informações (seleção adversa e risco moral) e externalidades.

Para compreender as falhas do mercado é importante ter em mente o seguinte princípio:


Pessoas reagem a incentivos.

13.1 Assimetria de Informações

Em nossas análises anteriores, assumíamos que vendedores e consumidores estavam


perfeitamente informados sobre a qualidade dos bens e serviços vendidos no mercado.
Entretanto, essa premissa nem sempre é verdadeira, já que a informação acerca da
qualidade de um bem ou serviço pode custar caro.

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Entende-se por assimetria de informação quando uma parte envolvida na transação


(cliente-vendedor) tem mais informação que a outra. Exemplo: os compradores de carros
usados desconhecem a qualidade dos veículos que são colocados à venda. Só os seus
proprietários é que a conhecem.

Os dois casos mais comuns de assimetria de informação são seleção adversa e risco
moral.

Seleção Adversa: é quando uma parte na transação não pode observar a qualidade dos
bens e serviços da outra parte (informação oculta). Um exemplo seria o já mencionado
mercado de carros usados.

Risco Moral: ocorre quando uma parte não pode observar as ações do outro. Exemplo:
quando uma empresa vende um seguro de um automóvel, ela não poderá observar de
que forma o segurado irá conduzi-lo (ação oculta).

13.2 Externalidades

Dizemos que ocorre uma externalidade quando a ação de um agente altera o bem-estar
de outros. Se a ação de um agente aumentar o bem-estar de outros (benefício social >
benefício privado), dizemos que a externalidade é positiva. Por outro lado, se a ação de
um agente diminuir o bem-estar de outros (custo social > custo privado), dizemos que a
externalidade é negativa.

Exemplos:

(a) Uma empresa que despeja seu lixo em um lago gera uma externalidade negativa
aos usuários do lago.

(b) Você fez um lindo jardim em sua casa e gerou uma externalidade positiva a todos
os seus vizinhos do bairro que passam em frente a sua casa frequentemente.

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