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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

GEOCRONOLOGIA, GEOQUÍMICA ISOTÓPICA E


LITOQUÍMICA DO PLUTONISMO DIORÍTICO-GRANÍTICO
ENTRE LAVRAS E CONSELHEIRO LAFAIETE:
IMPLICAÇÕES PARA A EVOLUÇÃO
PALEOPROTEROZÓICA DA PARTE CENTRAL DO
CINTURÃO MINEIRO

Luciana Cabral Nunes

Orientador: Prof. Dr. Wilson Teixeira

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Programa de Pós-Graduação em Geoquímica e Geotectônica

SÃO PAULO
2007
i

“O rio atinge os objetivos porque aprendeu a contornar os obstáculos”.


(André Luiz)
ii

AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar os meus agradecimentos a todas as pessoas que realmente puderam

contribuir durante as diferentes etapas envolvidas desde o começo até o fim desta Dissertação.

Inicio pela minha família, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos. Obrigado, ao

meu marido Afonso, minha filha Júlia, meus pais Ilo e Marlene.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Wilson Teixeira, o qual me incentivou e apoiou durante as

atividades da USP. Ao Prof. Dr. Ciro Alexandre Ávila que me acompanhou nas atividades de

campo e laboratório bem como a leitura crítica da parte deste documento, assim como seus

estagiários da UFRJ.

Agradeço à FAPESP pela bolsa de Mestrado (03/12204-8) e pelos recursos para o

desenvolvimento do projeto (2004/15295-7), também agradeci a CAPES e ao CNPq pelos pelos

recursos concedidos para participação de eventos.

Quero enfatizar a minha gratidão aos técnicos dos laboratórios CPGeo e ICP-MS do Instituto de

Geociências da USP, que me forneceram o suporte técnico para o andamento das minhas

amostras. Principalmente agradeço a Ivone, Helen, Vasco e oWalter.

Agradeço aos meus colegas de pós graduação pelo companheirismo ao longo desses dois anos de

atividades.

E por fim agradeço ao Instituto de Geocências da USP, por fornecer uma ótima infraestrutura de

apoio aos estudantes de pós-graduação.


iii

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ II
RESUMO ................................................................................................................................. X
ABSTRACT.......................................................................................................................... XII

C A PÍ T U L O 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS................................................................................................................... 3
1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA E ACESSO ................................................................................ 4

C A PÍ T U L O 2 METODOLOGIA ............................................................................... 5
2.1 PESQUISA DE CAMPO ................................................................................................... 5
2.2 PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS ........................................................................................ 5
2.3 GEOQUÍMICA DE ROCHA TOTAL ................................................................................... 6
2.4 GEOCRONOLOGIA U-PB ............................................................................................... 7
2.5 ISÓTOPOS ND-SR ......................................................................................................... 9
2.6 GEOCRONOLOGIA K-AR ............................................................................................. 11

C A PÍ T U L O 3 GEOLOGIA REGIONAL ................................................................ 12


3.1 UNIDADES ARQUEANAS .............................................................................................. 19
3.1.1 Ortognaisses e Migmatitos ................................................................................ 20
3.1.2 Greenstone belt Nazareno.................................................................................. 21
3.2 UNIDADES PROTEROZÓICAS ........................................................................................ 21
3.2.1 Supergrupo Minas ............................................................................................. 22
3.2.2 Greesntone belt Rio das Mortes ......................................................................... 23
3.2.3 Rochas plutônicas Félsicas e Máficas ................................................................ 23
3.2.4 Bacias São João Del Rei, Candaraí e Andrelândia ............................................. 26

C A PÍ T U L O 4 GEOLOGIA DOS CORPOS ESTUDADOS .................................... 28


4.1 DOMÍNIO LITOLÓGICO I.............................................................................................. 30
4.1.1 Gnaisse Granítico Fé ......................................................................................... 31
4.1.2 Granito Mama Rosa........................................................................................... 32
4.1.3 Granito Ritápolis ............................................................................................... 32
4.1.4 Tonalito/Trondhjemito Cassiterita ..................................................................... 32
4.1.5 Suíte Intrusiva Ibitutinga ................................................................................... 33
4.2 DOMÍNIO LITOLÓGICO II ............................................................................................ 33
4.2.1 Granitóide do Lajedo......................................................................................... 34
4.2.2 Granitóide Gentio.............................................................................................. 34
4.2.3 Quartzo Diorito Dores do Campo ...................................................................... 35
4.2.4 Suíte Serrinha.................................................................................................... 35
4.3 SÚMULA DAS CARACTERÍSTICAS DOS CORPOS PLUTÔNICOS DOS DOMÍNIOS I E II .......... 36

C A PÍ T U L O 5 LITOQUÍMICA ................................................................................ 45

C A PÍ T U L O 6 GEOCRONOLOGIA E GEOQUÍMICA ISOTÓPICA................... 63


iv

6.1 GNAISSE GRANÍTICO FÉ ............................................................................................. 63


6.1.1 Geocronologia U-Pb.......................................................................................... 63
6.1.2 Isótopos Nd-Sr .................................................................................................. 65
6.1.3 Geocronologia K-Ar.......................................................................................... 66
6.2 GRANITO MAMA ROSA .............................................................................................. 66
6.2.1 Isótopos Nd-Sr .................................................................................................. 66
6.3 GRANITÓIDE DO LAJEDO ............................................................................................ 66
6.3.1 Geocronologia U-Pb.......................................................................................... 67
6.3.2 Isótopos Nd-Sr .................................................................................................. 68
6.4 GRANITÓIDE GENTIO ................................................................................................. 68
6.4.1 Geocronologia U-Pb.......................................................................................... 69
6.4.2 Isótopos Nd-Sr .................................................................................................. 70
6.5 QUARTZO DIORITO DORES DO CAMPO ........................................................................ 70
6.5.1 Geocronologia U-Pb.......................................................................................... 70
6.5.2 Isótopos Nd-Sr .................................................................................................. 71
6.6 DEMAIS CORPOS PLUTÔNICOS .................................................................................... 71

C A PÍ T U L O 7 SÚMULA INTERPRETATIVA E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 79


7.1 COMPARAÇÕES COM OS PLUTONS PALEOPROTEROZÓICOS DA PORÇÃO NORTE DO CRÁTON
SÃO FRANCISCO .................................................................................................................... 84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 88
ANEXO I ................................................................................................................................ 96
v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Etapas evolutivas do Cinturão Mineiro (Teixeira, 2005; Alkmin, 2004).__________ 18


Tabela 2: Idades U/Pb TIMS e 207Pb/206Pb, por evaporação de zircão, dos corpos
paleoproterozóicos localizados entre Lavras e Conselheiro Lafaiete. ____________________ 26
Tabela 3:Principais características dos três eventos deformacional-metamórficos do Cinturão
Mineiro. ____________________________________________________________________ 29
Tabela 4: Idades isotópicas e sua localização em relação à ZCL: (1) idade U/Pb SHRIMP, (2)
idade 207Pb/206Pb e (4) idade 87Rb/86Sr .___________________________________________ 30
Tabela 5: Principais características de campo dos plutons estudados localizados no Domínios
Litológicos I e II. ZCL: Zona de Cisalhamento do Lenheiro.___________________________ 37
Tabela 6: Principais características petrográficas dos plutons estudados localizados no Domínio
Litológico I e II. ZCL: Zona de Cisalhamento do Lenheiro. ___________________________ 38
Tabela 7:Análises químicas (% em peso) dos elementos maiores e menores do Gnaisse Granítico
Fé. ________________________________________________________________________ 51
Tabela 8: Análises químicas (em ppm) dos elementos traços do Gnaisse Granítico Fé. ______ 52
Tabela 9: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Gnaisse Granítico Fé. ________________ 53
Tabela 10: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm)
do Granito Mama Rosa e do Granitóide do Lajedo (amostras: LC-06 e LC-07).____________ 54
Tabela 11: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Granito Mama Rosa e do
Granitóide do Lajedo (amostras: LC-06 e LC-07). ___________________________________ 55
Tabela 12: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Granito Mama Rosa e do Granitóide do
Lajedo (amostras: LC-06 e LC-07). ______________________________________________ 56
Tabela 13: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm)
do Granitóide Gentio. _________________________________________________________ 57
Tabela 14: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Granitóide Gentio. ______ 58
Tabela 15: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Granitóide Gentio. _________________ 59
Tabela 16: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm)
do Quartzo Diorito Dores do Campo. _____________________________________________ 60
Tabela 17: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Quartzo Diorito Dores do
Campo. ____________________________________________________________________ 61
Tabela 18: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Quartzo Diorito Dores do Campo. _____ 62
Tabela 19: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Gnaisse Granítico Fé (amostra LC-
01A). Legenda: . PDtCl: cristal prismático com biterminação bem desenvolvida, transparente e
com raras inclusões. p.longo = prisma longo, p. curto = prisma curto. ___________________ 75
Tabela 20: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Granitóide do Lajedo (amostra LC-
06). Legenda: PrTCl -cristal prismático com terminação arredondada, transparente e com raras
inclusões. PrOtI - cristal prismático com terminação arredondada, translúcido e com freqüentes
inclusões. ___________________________________________________________________ 75
Tabela 21: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Granitóide Gentio (amostra LC-
24B). Legenda: PrTCl-cristal prismático com terminação arredondada, transparente e com raras
inclusões. PDtCl: cristal prismático com biterminação bem desenvolvida, transparente e com
raras inclusões. ______________________________________________________________ 76
Tabela 22: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Diorito Dores do Campo (amostra
LC-26A). Legenda: PrOCl - cristal prismático com terminação arredondada, translúcido e com
raras inclusões. ______________________________________________________________ 76
Tabela 23:Resultados Sm-Nd dos plutons do Cinturão Mineiro. ________________________ 77
Tabela 24: Resultados Rb-Sr dos plutons do Cinturão Mineiro._________________________ 78
vi

Tabela 25: Resultado K-Ar da ZCL. ______________________________________________ 78


Tabela 26:Idades dos principais plutons paleoproterozóicos dos Blocos Gavião, Jequié e
Serrinha, e do Cinturão Itabuna Salvador-Curaçá. (1) método U-Pb em zircão, (2) Método Pb-Pb
e (3) Método Rb-Sr. __________________________________________________________ 85
Tabela 27: Localização dos pontos amostrados neste trabalho. _________________________ 96
vii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Mapa geológico do Cinturão Mineiro, com os corpos plutônicos, estudados na


Dissertação, em negrito (base geológica de Ávila, 2000). ______________________________ 2
Figura 2: Mapa de Localização da área de estudo e principais vias de acesso. ______________ 4
Figura 3: O Cráton do São Francisco e cinturões Neoproterozóicos adjacentes, da Plataforma
Sul-Americana. ______________________________________________________________ 12
Figura 4: Mapa geológico esquemático da borda meridional do Cráton São Francisco mostrando
os principais corpos plutônicos arqueanos e paleoproterozóicos. Modificado de Ávila et al
(2003). I – Embasamento arqueano parcialmente retrabalhado no paleoproterozóico. II –
greenstone Rio das Velhas. III – greenstone Barbacena (A – greenstone Belt Rio das Mortes, B –
greenstone Belt Nazareno). IV – Granitóides arqueanos. V – Supergrupo Minas
(Paleoproterozóico). VI – Gabros, dioritos e granitóides paleoproterozóicos. VII – Rochas
sedimentares proterozóicas: São João del Rei (Paleoproterozóico), Carandaí (Mesoproterozoico)
e Andrelândia (Neoproterozoico) mega-sequências. VIII – Falhas. IX Limite da Província Sul
Mineira. Lv – Lavras; Sjr – São João del Rei; Rtp – Ritápolis; Bc – Barbacena; Cl – Conselheiro
Lafaiete. Corpos Plutônicos: 1 – Quartzo-monzodiorito Glória; 2 – Diorito Brumado; 3 – Diorito
Rio Grande; 4 – Gabro Rio Grande; 5 – Gabro São Sebastião da Vitória; 6 – Quartzo-Diorito do
Brito; 7 – Gabro Vitoriano Veloso; 8 – Diorito Ibitutinga; 9 – Tonalito/trondhjemito Cassiterita;
10 – Trondhjemito Tabuões; 11 – Granitóide Ritápolis; 12 – Granodiorito Brumado de Baixo; 13
– Corpos Granodioríticos e granofíricos (Brumado de Cima); 14 – Granitóide Tiradentes; 15 –
Granodiorito Lavras; 16 –Granito Nazareno; 17 – Granitóide Itumirim; 18 – Granito Campolide;
19 – Complexo Ressaquinha (Diorito Dores do Campo e Granitóide Gentil estão inseridos neste
Complexo); 20 – Gnaisse Granítico Fé; 21 – Tonalito Alto Maranhão; 22 – Tonalito Congonhas;
23 – Granito Alto Jacarandá; 24 – Granitóide Oliveira; 25 – Granito Bom Sucesso; 26 – Granito
Salto do Paraopeba; 27 – Granodiorito Mamona; 28 Tonalito Samambaia; 29 – Granodiorito
Ibirité ; 30 – Granito Morro da Pedra; 31 – Granito General Carneiro ; 32 –Granodiorito Caeté;
33 – Granitóide do Lajedo; retângulo indica a localização da área de estudo. ______________ 15
Figura 5: Esboço Geológico representativo da distribuição espacial dos Domínios Litológicos I e
II. Adaptado de Ávila, 2000. ____________________________________________________ 28
Figura 6: (A) Afloramento em Lajedo do Gnaisse Granítico Fé; (B) enclave xenolítico de cor
cinza escuro parcialmente digerido; (C) Afloramento em bloco do Granito Mama Rosa e (D)
Visão geral do afloramento em Lajedo do Granitóide do Lajedo; (E) Afloramento em Lajedo do
Granitóide Gentio e (F) Afloramento em corte de estrada do Quartzo Diorito Dores do Campo.
___________________________________________________________________________ 39
Figura 7: Micropetrografia do Gnaisse Granítico Fé, (A) textura poligonal do quartzo
recristalizado, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm; (B) textura lepidoblástica observada pela
orientação das micas segundo a foliação da rocha, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (C)
porções protomilonitizadas do Gnaisse Granítico Fé com matriz quartzo-feldspática
recristalizada, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm; (D) porfiroblasto de feldspato potássico
envolto por matriz micácea, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (E) mirmequito (Mirm)
associado com o microclínio (Mc), nicóis cruzados, base da foto 0,65 mm; (F) plagioclásio (Pl)
fraturado, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm. ____________________________________ 40
Figura 8: Micropetrografia do Gnaisse Granítico Fé, (A) detalhe da allanita (Al) envolta por uma
coroa de epidoto (Ep), nicóis paralelos, base da foto 0,65 mm; (B) minerais opacos (Op)
associados com a titanita (Tt), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (C) associação máfica de
minerais opacos (Op), biotita (Bt), titanita (Tt) e epidoto (Ep), nicóis paralelos, base da foto 1,3
mm; (D) detalhe do cristal de estiplomelano (Es), nicóis paralelos, base da foto 0,65 mm. ___ 41
viii

Figura 9: Micropetrografia, (1A) Lajedo: textura poligonal do quartzo recristalizado, nicóis


cruzados, base da foto 1,3 mm; (1B) Lajedo: textura Plagioclásio alterado (sericitizado) e
fraturado, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (1C) Lajedo: biotita e muscovita orientadas
segundo a foliação da rocha, nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (1D) Lajedo: coroa de
epidoto (Ep) em volta de estiplomelano (Es), biotita (Bt) e muscovita orientadas segundo a
foliação, nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1E) Gentio: Quartzo com textura granoblástica e
mirmequito (Mirmeq), nicóis cruzados, base da foto 0,65 mm (1F) Gentio: mirmequito (Mirmeq)
associado com o microclínio (Micro), nicóis cruzados, base da foto 0,65 mm. _____________ 42
Figura 10: Micropetrografia, (1A) Gentio: profiroblasto de pertita (Pert), biotita ao lado (Bt),
nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm; (1B) Gentio: textura lepidoblástica observada pela
orientação das micas, segundo a foliação da rocha, nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1C)
Mama Rosa: Porfiroblasto de pertita (Pert), biotita (Bt) e microclínio (Micro) ao lado, nicóis
cruzados, base da foto 1,3 mm; (1D) Mama Rosa: agregados de biotita (Bt) e muscovita (Ms),
nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (1E) Mama Rosa: epidoto (Ep) em agregados envolvendo
allanita (Al), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (1F) Mama Rosa: plagioclásio (Pl) alterado
(sericitizado), nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm. _________________________________ 43
Figura 11: Micropetrografia, (1A) Quartzo Diorito Dores do Campo: horblenda (Hb) sendo
substituída parcialmente por biotita (Bt), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (1B) quartzo
diorito Dores do Campo: agregados de horblenda (Hb), nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm;
(1C) quartzo diorito Dores do Campo: coroa de epidoto (Ep) envolvendo os minerais opacos
(Op), horblenda (Hb) ao lado, nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (1D) quartzo diorito Dores
do Campo: coroa de epidoto (Ep) envolvendo os minerais opacos (Op), horblenda (Hb) ao lado,
nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm . ____________________________________________ 44
Figura 12: Elementos maiores e traços em diagramas de variação usando SiO2 como índice de
diferenciação. Símbolos - : Gnaisse Granítico Fé; : Granitóide do Lajedo; : Granito Mama
Rosa; : Granitóide Gentio; : Quartzo Diorito Dores do Campo. ______________________ 47
Figura 13: Diagramas discriminantes para os corpos estudados. (A) Diagrama de Maniar &
Picolli (1989) ANK x ACNK; (B) Diagrama AFM mostrando afinidade cálcio-alcalina; (C) SiO2
x Na2O + K20 (Irvine & Baragar, 1971); (D) diagrama SiO2 x K20. Símbolos - : Gnaisse
Granítico Fé; : Granitóide do Lajedo; : Granito Mama Rosa; : Granitóide Gentio; :
Quartzo Diorito Dores do Campo. _______________________________________________ 49
Figura 14: (a) Distribuição dos elementos terras raras normalizados para o condrito (Boynton,
1984); (b) Spidergrama normalizado para o manto primitivo (Taylor & McLennan, 1985).___ 50
Figura 15: Diferentes tipos de zircão do Gnaisse Granítico Fé. (a) zircão incolor, prismático
alongado, com biterminação bem desenvolvida; (b) zircão incolor prismático curto com
biterminação bem desenvolvida; (c) zircão escuro com biterminação arredondada e de aspecto
sujo (não selecionado para datação).______________________________________________ 64
Figura 16: idade U/Pb em zircão do gnaisse granítico Fé. _____________________________ 65
Figura 17: Tipos de populações de zircão do Granitóide do Lajedo. (a) cristais pequenos
prismáticos com terminação arredondada e incolores; (b) cristais pequenos prismáticos com
terminação arredondada e coloração branca; (c) cristais prismáticos alongados com terminação
arredondada e incolores. _______________________________________________________ 67
Figura 18: Diagrama U-Pb do Granitóide do Lajedo. _________________________________ 68
Figura 19:Tipos de populações de zircão do Granitóide Gentio. (a) cristais pequenos prismáticos
com terminação arredondada e incolores; (b) cristais pequenos prismáticos com biterminação
bem definida e incolores. ______________________________________________________ 69
Figura 20: Diagrama U-Pb do Granitóide Gentio. ___________________________________ 69
Figura 21: População de zircão do Quartzo Diorito Dores do Campo.____________________ 70
Figura 22: Diagrama U-Pb do Quartzo Diorito Dores do Campo. _______________________ 71
Figura 23: Evolução do εNd(2,13Ga) no Tempo, para os plutons estudados neste trabalho. ______ 74
ix

Figura 24: Diagrama εNd(2,13) x 87Sr/86Sr(T) mostrando os resultados de corpos plutônicos na parte central
do Cinturão Mineiro. ___________________________________________________________ 80
Figura 25: Evolução do εNd(2.13Ga) no tempo, para os plutons da porção central do Cinturão. __ 83
Figura 26: Gráfico de εNd(2,13) versus idade, dos corpos da porção central do Cinturão Mineiro. 83
Figura 27: Contexto geotectônico Brasil-África _____________________________________ 86
Figura 28: Gráficos comparativos de: idade (Ma) e idade TDM (Ga), entre os plutons do Cinturão
Mineiro e do norte do Cráton São Francisco. Símbolos- : Cinturão Mineiro; : porção norte do
Cráton São Francisco. _________________________________________________________ 87
x

RESUMO

A área de estudo localiza-se na borda sul do Cráton São Francisco, no Cinturão Mineiro, este é
porção integrante da Província Sul Mineira. Neste contexto ocorre um mosaico de terrenos
arqueanos e paleoproterozóicos de alto a médio grau metamórfico e associações granito-
greenstone. Os corpos plutônicos, estudados neste trabalho, fazem parte do abundante
plutonismo paleoproterozóico intrusivo nos greenstone belts Nazareno (Arqueano) e Rio das
Mortes (Proterozóico). Dentro deste contexto ocorre a zona de Cisalhamento do Lenheiro (ZCL),
que delimita estes greenstones belts: Nazareno (ao sul da falha) e Rio das Mortes (ao norte da
falha); assim como plutons paleoproterozóicos. Os plutons escolhidos para este trabalho foram:
Gnaisse Granítico Fé, Granito Mama Rosa, Tonalito/Trondhjemito Cassiterita, Granito Ritápolis,
Diorito Brumado e Quartzo Monzodiorito Glória, localizados ao norte da ZCL; e: Granitóide do
Lajedo, Granitóide Gentio, Quartzo Diorito Dores do Campo, Quartzo Diorito do Brito,
Granodiorito Brumado de Baixo e Granodiorito Brumado de Cima, localizados ao sul da ZCL.
Os estudos petrográficos indicam as seguintes características para os corpos: Gnaisse Granítico
Fé (monzogranito a sienogranito), Granito Mama Rosa (monzogranito), Tonalito/Trondhjemito
Cassiterita (tonalito a granodiorito), Granito Ritápolis (tonalito, granodiorito, monzogranito e
sienogranito), Diorito Brumado (Diorito, quartzo diorito e tonalito), Quartzo Monzodiorito
Glória (quartzo diorito, quartzo monzodiorito e tonalito), Granitóide do Lajedo (granodiorito),
Granitóide Gentio (k-feldspato granito), Quartzo Diorito Dores do Campo (quartzo-diorito),
Quartzo Diorito do Brito (quartzo-diorito), Granodiorito Brumado de Baixo (granodiorito a
monzogranito) e Granodiorito Brumado de Cima (granodiorito a monzogranito).
Os plutons Fé, Mama Rosa e Lajedo possuem composição peraluminosa/metaluminosa, o
Quartzo Diorito Dores do Campo é metaluminoso e o Granitóide Gentio é peraluminoso. O
Gnaisse Granítico Fé, Granito Mama Rosa e Granitóide Gentio variam desde o campo cálcio-
alcalino até shoshonítico em decorrência dos conteúdos de K2O, já o Granitóide do Lajedo é
cálcio-alcalino e o Quartzo Diorito Dores do Campo varia de toleítico e cálcio-alcalino.
Foram obtidas idades de cristalização U/Pb (TIMS) em zircão do: Gnaisse Granítico Fé (2191 ±
9 Ma), Granitóide do Lajedo (2208 ± 26 Ma), Granitóide Gentio (2066± 10 Ma – idade mínima)
e Quartzo Diorito Dores do Campo (2198 ± 6 Ma).
Os resultados dos isótopos de Nd/Sr dos corpos são: Gnaisse Granítico Fé (εNd(2190Ma) = – 3,1;
TDM = 2,7 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70497); Granito Mama Rosa (εNd(2121Ma) = – 5,3; TDM = 3,0 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,70497), Tonalito/Trondhjemito Cassiterita (εNd(2162Ma) = – 0,1; TDM = 2,5 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,73427), Granito Ritápolis (εNd(2121Ma) = – 2,4; TDM = 2,5 Ga; 87Sr/85Sri = 0,73427),
Diorito Brumado (εNd(2131Ma) = – 2,6; TDM = 2,71 Ga; 87Sr/85Sri = 0,71362), Quartzo
Monzodiorito Glória (εNd(2189Ma) = – 3,4; TDM = 2,7 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70510), Granitóide do
Lajedo (εNd(2208) = – 1,7; TDM = 2,6 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70322), Granitóide Gentio (εNd(2066Ma) = –
10,8; TDM = 3,0 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70021), Quartzo Diorito Dores do Campo (εNd(2198Ma) = – 0,1;
TDM = 2,6 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70445), Quartzo Diorito do Brito (εNd(2221Ma) = – 0,45; TDM = 2,6 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,70500), Granodiorito Brumado de Baixo (εNd(2218Ma) = – 0,68; TDM = 2,6 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,72726) e Granodiorito Brumado de Cima (εNd(2187Ma) = – 0,66; TDM = 2,5 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,73075).
A integração dos dados geoquímicos, geocronológicos e isotópicos permitiu diferenciar a
existência de dois conjuntos distintos, a norte e ao sul da ZCL. Os plutons: Brito, Brumado de
Cima, Nazareno, Itutinga, Brumado de Baixo, Lajedo e Quartzo Diorito Dores do Campo,
situados ao sul da zona de cisalhamento do Lenheiro, possuem uma contribuição de magmas
paleoproterozóicos com baixa contaminação por materiais de curta vivência crustal. Esses
plutons se enquadram na primeira etapa evolutiva do Cinturão, entre 2220 Ma e 2198 Ma. Os
plutons Cassiterita, Brumado, Fé e Glória distribuídos ao norte desta ZCL, considerados da
xi

“Fase Arco” sugerem maior interação de magmas proterozóicos com componentes arqueanos
relativamente ao outro conjunto isotópico; e uma cristalização tardia com relação ao grupo
anterior. Já os plutons Ritápolis (2121 ± 7 Ma) e Mama Rosa situados neste mesmo bloco
tectônico a norte da falha do Lenheiro, indicam uma maior interação de componentes arqueanos
com magmas proterozóicos, com relação aos dois grupos anteriores, e no contexto evolutivo do
Cinturão esses plutons se enquadram na fase sin- a tardi-colisional. E finalmente, o Granitóide
Gentio, situado na porção sul da Zona de Cisalhamento do Lenheiro, possui uma maior interação
dos magmas proterozóicos com componentes de crosta arqueana, e um posicionamento na fase
final da evolução do Cinturão Mineiro, junto com as intrusões graníticas pós-tectônicas. Isto reforça
a hipótese de haver pulsos magmáticos de caráter tectônico distinto, no âmbito da Província Sul
Mineira.
Adicionalmente, dados comparativos de idade U-Pb e TDM, do Cinturão Mineiro com a porção
paleoproterozóica ao norte do Cráton São Francisco, indicam que a Orogênese Transamazônica
foi um pouco mais precoce no Cinturão. Os protólitos das rochas plutônicas de ambas as porções
tiveram uma gênese a partir de uma mistura de magma paleoproterozóico juvenil com
componentes crustais arqueanos em maior ou menor quantidade.
xii

ABSTRACT

The study area is located in the southern border of the São Francisco Craton, Mineiro Belt. This
portion comprises part of the Sul Mineira Province. In this context occurs medium to high
metamorfic grade Archean and Paleoproterozoic terrains mosaic and granite-greenstone
associations. The plutonic bodies, studied in this work, make part of volumous paleoproterozoic
plutonism intrusive in to Nazareno greenstone belt (Archean) and Rio das Mortes greenstone belt
(Proterozoic). The Lenheiro shear zone (LSZ delimits these greenstone belts: Nazareno (in the
south) and Rio das Mortes (in the north); as well as the Paleoproterozoic plutons. The plutons
chose for this work are: Fé Granitic Gneiss, Mama Rosa Granite, Cassiterita
Tonalite/Trondhjemite, Ritápolis Granite, Brumado Diorite e Glória Quartz-Monzodiorite,
located in the north LSZ; and: Lajedo Granitoid, Gentio Granitoid, Dores do Campo Quartz-
Diorite, Brito Quartz-Diorite, Brumado de Baixo Granodiorite and Brumado de Cima
Granodiorite, located in the south LSZ.
Their petrographic characteristics are was follow: Fé Granitic Gneiss (monzogranite to
sienogranite), Mama Rosa Granite (monzogranite), Cassiterita Tonalite/Trondhjemite (tonalite to
granodiorite), Ritápolis Granite (tonalite, granodiorite, monzogranite and syenogranite),
Brumado Diorite (diorite, quartz-diorite and tonalite), Glória Quartz-Monzodiorite (quartz-
diorite, quartz-monzodiorite and tonalite), Lajedo Granitoid (granodiorite), Gentio Granitoid (k-
feldspar granite), Dores do Campo Quartz-Diorite (quartz-diorite), Brito Quartz-Diorite (quartz-
diorite), Brumado de Baixo Granodiorite (granodiorite to monzogranite) and Brumado de Cima
Granodiorite (granodiorite to monzogranite).
The Fé, Mama Rosa and Lajedo plutons have peraluminous/metaluminous composition, the
Dores do Campo Quartz-Diorite is metaluminous and the Gentio Granitoid is peraluminous. The
Fé Granitic Gneiss, Mama Rosa Granite and Gentio Granitoid alternate calc-alcaline trend to
shoshonitic trends, in terms of K2O contents. The Lajedo Granitoid is calcic-alkaline and Dores
do Campo Quartz-Diorite alternate toleiitic and calcic-alkaline caracteristics.
We have obtained U-Pb ages (zircon) for the following rocks: Fé Granitic Gneiss (2191 ± 9 Ma),
Lajedo Granitoid (2208 ± 26 Ma), Gentio Granitoid (2066± 10 Ma – minimum age) and Dores
do Campo Quartz-Diorite (2198 ± 6 Ma).
The geochemistry, geocronology and isotope information consent define the existence of two
groups of plutons, in the north and south of LSZ. The plutons: Brito, Brumado de Cima,
Nazareno, Itutinga, Brumado de Baixo, Lajedo and Quartzo Diorito Dores do Campo, located in
south of LSZ, have Paleoproterozoic magma contribution with reducted contamination of short
crustal life materials. These plutons belong to the first evolutive stage of the Mineiro Belt,
between 2220 Ma and 2198 Ma. The plutons Cassiterita, Brumado, Fé and Glória located in
north of LSZ, considered of the “Arc Stage” have significant Paleoproterozoic magma interation
with Archean components compared to the other isotopic group; and a late cristalization time,
between the north and the south group. The Ritápolis (2121 ± 7 Ma) and Mama Rosa plutons
(north of the Lenheiros fault) display strong intersection with Archean components, and are
tecnically related to the syn- to late- collision stage of the Mineiro belt evolution. The Gentio
pluton shows similar isotopic characteristics, but it belongs to the pos-tectonic stage.
Finaly, the U-Pb and ; TDM ages of the Mineiro belt plutons, compared with the Paleoproterozoic
plutons that occursin the northen São Francisco craton, reveal that significant time differences
took place during the Transamazonian orogeny. In addition, the auxilable isotopic characteristics
of these plutons suggest the important role of mixing of Paleoproterozoic magmas and Archean
protholits during magma genesis.
1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

O estudo geocronológico e isotópico de terrenos paleoproterozóicos tem recebido grande atenção

na literatura especializada, em especial quanto à natureza das províncias crustais e cinturões

envolvidos (juvenil ou de retrabalhamento), e suas implicações para reconstrução de

paleocontinentes. No âmbito desta temática a área escolhida para esta dissertação foi a parte do

Cinturão Mineiro situada na porção meridional do Cráton São Francisco, porção integrante da

Província Sul Mineira (Teixeira, 2005). Foram selecionados corpos ígneos ainda não estudados

quanto a sua idade e geoquímica, assim como foi investigada a natureza isotópica dos protólitos

envolvidos na sua geração, visando implicações tectônicas.

Nesse contexto, a situação tectônica do Continente Sul-americano é de particular interesse face à

expressão do Paleoproterozóico nos Crátons (Amazônico/ Oeste África, Rio de la Plata, São

Francisco/Congo) e no substrato de cinturões neoproterozóicos integrantes do Supercontinente

Gondwana Ocidental (Cordani et al., 1988).

A evolução tectônica do Cráton do São Francisco caracteriza-se por eventos arqueanos

sucessivos e paleoproterozóicos – este último resultado da convergência entre fragmentos

crustais estabelecidos no Neoarqueano (e.g., Teixeira et al., 2000; Marshak & Alkmim, 1989;

Barbosa & Sabaté, 2004).

Projetos sistemáticos de mapeamento geológico, na região entre Lavras e Conselheiro Lafaiete,

porção SE do cráton, elaborados pelo Prof. Ciro Alexandre Ávila e sua equipe têm revelado a

diversidade composicional de plutons paleoproterozóicos intrusivos nos greenstones Nazareno e

Rio das Mortes, assim denominados: gabros de São Sebastião da Vitória, Vitoriano Veloso,

Manuel Inácio e Rio dos Peixes; dioritos Brumado e Rio Grande; Quartzo Diorito do Brito;

Quartzo Monzodiorito Glória; tonalito-trondhjemitos Tabuões e Cassiterita; granodioritos


2

Lavras, Brumado de Baixo e Brumado de Cima; granitos, Itutinga, Campolide e Alto Jacarandá;

granitóides Ritápolis e Tiradentes; além do Batólito Alto Maranhão (Teixeira 1985; Noce 1995;

Noce et al. 1997; Teixeira et al. 1997; Ávila et al. 1998, 1999; Ávila 2000; Toledo 2002), (Fig.

1), fato evidenciado pelos enclaves de rochas anfibolíticas e ultramáficas nos mesmos e pelos

enxames de diques e apófises associados a esses corpos intrusivos nas unidades supracrustais.

Figura 1: Mapa geológico do Cinturão Mineiro, com os corpos plutônicos, estudados na Dissertação, em
negrito (base geológica de Ávila, 2000).

Os corpos investigados na Dissertação são (Fig. 1): Gnaisse Granitíco Fé, Granitóide do Lajedo,

Granitóide Gentio, Quartzo Diorito Dores do Campo e Granito Mama Rosa, estes corpos já

foram objetos de mapeamento em projeto do Prof. Dr. Ciro Ávila (UFRJ) e sua equipe de

trabalho. Em adição, dados isotópicos Sm-Nd e Rb-Sr dos plutons: Tonalito/Trondhjemito


3

Cassiterita, Granito Ritápolis, Diorito Brumado, Quartzo Monzodiorito Glória, Quartzo Diorito

do Brito, Granodiorito Brumado de Baixo e Granodiorito Brumado de Cima, já estão disponíveis

no Centro de pesquisas Geocronológicas da USP (CPGeo-USP), onde foram gerados, para fins

de interpretações tectônicas. Dados publicados também serão adicionados, nessas comparações.

Este trabalho foi estruturado de tal forma que: primeiro são apresentados o contexto geológico e

métodos de estudo. Em seguida são mostrados os resultados obtidos com breves discussões; e

por último são adicionados dados da literatura nas discussões no capítulo de súmula e

considerações finais das amostras e respectivas metodologias de estudo.

1.1 Objetivos

Os objetivos a serem atingidos na Dissertação envolvem:

- Determinação das principais características geoquímicas, isotópicas e geocronológicas de cinco

plutons, a fim de comparar as características similares que ocorrem em plutons contemporâneos

da região;

- Definição da idade de cristalização U/Pb de quatro dos plutons investigados;

- Caracterização geoquímica/isotópica (natureza crustal ou juvenil) dos cinco plutons estudados,

utilizando-se de dados Sm/Nd e Rb/Sr, e adicionalmente de outras amostras do Cinturão já

disponíveis; visando a determinação do caráter isotópico do(s) protólito(s) que geraram o magma

parental dos corpos granitóides, e seu eventual relacionamento com eventos magmáticos já

identificados na região.

- Definição cronológica da zona de Cisalhamento do Lenheiro.

- Compilação de idades das rochas plutônicas da porção central do Cinturão Mineiro, tomando-

se por base mapeamentos recentes efetuados na área em questão; para fins da elaboração de um
4

quadro comparativo tectono-geocronológico, com eventos assemelhados na parte norte do

Cráton do São Francisco.

1.2 Localização da área e acesso

Geograficamente, a área selecionada no projeto de Mestrado situa-se entre as cidades de Lavras,

Nazareno, Cassiterita, São João Del Rei, Ritápolis, São Tiago, Coronel Xavier Chaves e

Conselheiro Lafaiete (Figura 2). Esta área encontra-se inserida na folha Barbacena (IBGE -

escala 1:250.000), onde existe fácil acesso por rodovias e estradas vicinais.

Figura 2: Mapa de Localização da área de estudo e principais vias de acesso.


5

C A PÍ TU LO 2 METODOLOGIA

2.1 Pesquisa de Campo

O intuito deste trabalho não foi o mapeamento geológico, mas com base em cartografia já

consolidada das unidades litoestratigráficas, orientar a coleta de amostras para os estudos

geoquímicos, isotópicos, geocronológicos propostos. Com esta premissa foram realizadas três

etapas de campo; a primeira ocorreu entre 23 e 26 de Maio de 2005; a segunda entre 25 de

Setembro e 4 de Outubro de 2005, e a terceira entre 23 e 26 de Maio de 2005. As etapas foram

realizadas em conjunto com o Prof. Dr. Ciro Ávila e sua equipe de graduandos de geologia da

UFRJ. Essas viagens proporcionaram o reconhecimento da área e amostragem dos corpos

definidos. Além disso foram observadas as relações geológicas destes corpos com as unidades

encaixantes. Amostras adicionais, utilizadas no presente projeto, foram coletadas e cedidas pelo

Prof. Ciro Ávila, no âmbito de projeto de cooperação cientifica com o orientador.

A base geológica utilizada, para se realizar a amostragem, compreende as folhas topográficas

IBGE São João Del Rei (SF-23-X-C-II-1), Tiradentes (SF-23-X-C-II-2), Nazareno (SF-23-X-C-

I-2), na escala 1:50.000. Esse mapa é representado (Anexo 1), que representa a interpretação

geológica realizada pelo Prof. Dr. Ciro Ávila, e teve por base as informações do mapa do projeto

Sul de Minas (Etapa I – COMIG), e os dados recentes de mapeamento das unidades

litoestratigráficas regionais.

2.2 Preparação de Amostras

Foram selecionadas 11 amostras para os experimentos de Nd-Sr (Tab. 27) e 1 amostra para

datação pelo método K-Ar, realizados no Centro de Pesquisas Geocronológicas - CPGeo - da

USP. Quatro corpos plutônicos tiveram datação pelo método U-Pb TIMS (Tab. 27). Após a

seleção e corte das amostras, para confecção de 41 lâminas (Tab. 27), seguiram-se os
6

procedimentos rotineiros do CPGeo para a preparação. Esses procedimentos envolvem desde o

registro das amostras, até cuidadosas etapas de limpeza e descontaminação dos equipamentos

utilizados.

Quarenta amostras foram preparadas mecanicamente (Tab. 27) no Laboratório de Geoquímica

do Instituto de Geociências da USP, para geoquímica de elementos maiores, menores, traços e

elementos terras raras (ETR). O procedimento envolveu britagem em mandíbula de ferro e

seguido do quarteamento da brita, tomando-se o cuidado para eliminar as porções alteradas da

rocha. O procedimento foi seguido de moagem em panela de ágata (pó ~ 200 mesh), seguida de

micronização (fração talco).

Dez destas amostras foram quarteadas e pulverizadas abaixo de 200 mesh, obtendo-se um pó de

rocha total (RT). Este material pulverizado foi usado nos métodos radiométricos Rb/Sr e Sm/Nd.

Em função do grande volume de amostra necessário para o método U-Pb TIMS, o processo de

preparação é bastante demorado. Foram preparadas quatro amostras para esta metodologia,

passando pelas seguintes etapas: britagem, moagem, peneiramento (100 - 250 mesh), separação

em mesa vibratória e magnética a 0,5 Å (no separador isodinâmico magnético Frantz). Na

separação magnética, o material menor ou não magnético é passado em líquidos pesados como o
3 3
Bromofórmio (d=2,85 g/cm ) e o Iodeto de Metileno (d=3,2 g/cm ), para uma melhor purificação
3
do concentrado de zircões, cuja densidade é de 4,2 g/cm . Após esta etapa começa a seleção

manual dos zircões em lupa binocular.

2.3 Geoquímica de Rocha Total

A abertura das amostras, (0,25g) foi feita por fusão alcalina a 1000°C, utilizando mistura de tetra

e metaborato de lítio (0,75g) como fundente. Após esta etapa, ocorre a dissolução do material

fundido por HNO3, com o auxílio de placa agitadora; e filtragem seguida de diluição a 250ml em
7

balão volumétrico. Finalmente determina-se os elementos maiores, menores e traços com

espectrômetro de plasma ARL 3410 do laboratório de geoquímica, seqüencial, com calibração

das amostras feita através de padrões internacionais. Os limites de detecção variam de 0,02 a

0,01% para os elementos maiores e menores, e de 5 a 25 ppm para os traços.

A leitura dos elementos terras raras (ETR) foi obtida por ICP-MS no IGc-USP. O procedimento

para a abertura das amostras utiliza o ataque por ácido do pó da amostra em bomba de teflon, que

é resumidamente descrito a seguir (Janasi et al., 1995):

Pesagem inicial de 40mg de amostra (pó ~ 200 mesh); depois esta é transferida para um

recipiente de teflon, que recebe a adição de 2 ml de HNO3 (14 N) e 6 ml de HF (40%). O

recipiente de teflon é aquecido em uma chapa elétrica até a obtenção de uma massa úmida; e,

logo após, são adicionados 2 ml de HNO3 (14 N) e 6 ml de HF (40%). O recipiente de teflon é

inserido em uma jaqueta de aço-inox, que é levada a estufa sob uma temperatura constante de

200°C e pressão de até 10 atm, onde permanece por 5 dias. Depois de alcançar a temperatura

ambiente, os recipientes são retirados da jaqueta de aço e colocados em uma chapa elétrica e aí

permanecem até a secagem. Após esta etapa são adicionados 5ml de HNO3 destilado e o material

é levado à secagem, sendo acrescentado mais 5ml de HNO3. Novamente o recipiente é aquecido

para a completa dissolução do material. A solução é transferida para um frasco de polipropileno

de 125 ml, adicionando-se água até atingir 80g. Finalmente, a solução está pronta para análise

por ICP-MS.

2.4 Geocronologia U-Pb

Após a concentração final por líquidos densos, o concentrado de zircão é lavado com ácido

nítrico (HNO3) a frio, principalmente para eliminação de sulfetos.

Após esta etapa, os zircões são passados novamente no separador Frantz com diferentes

inclinações para realização do split (obtenção de frações com diferentes susceptibilidades


8

magnéticas conhecidas por M10, M6, M4, M0, M-1, M-2, etc). Esse processo é importante, pois

geralmente existe uma relação inversa entre a susceptibilidade magnética e a concentração de Pb

nos zircões.

A purificação final de cada uma das frações magnéticas (preferencialmente as menos

magnéticas- M-3, M-4, etc) é realizada por catação manual criteriosa sob lupa binocular dando

preferência a uma mesma população e aos cristais mais limpos e sem inclusões. Após esta fase,

a fração é lavada com HNO3 (50%) a quente para retirada de eventuais sulfetos ainda presentes

e, posteriormente, com água (mili-Q), no ultrassom.

A pesagem dos zircões de cada amostra, normalmente realizada através da relação

volume/densidade, não deve ultrapassar 100µg, para fins de rotina analítica no CPGeo. Após a

pesagem, é realizada a lavagem com HNO3 (50%) para limpeza de eventual material orgânico, e

posterior condicionamento em HNO3 (concentrado).

O ataque químico é realizado com HF e HNO3 em micro-bombas de teflon. O conjunto, já com

spike Pb205 (7µl) é colocado em estufa a 200o C, por três dias para total dissolução dos zircões.

Posteriormente evapora-se o HF e adiciona-se HCl (6N) dentro de bombas de teflon, voltando à

estufa por mais 24 horas. Após a verificação visual da dissolução efetiva de todo o material, a

solução é transferida para uma cápsula savillex de 7ml; evaporada a seco e retomada com 2 gotas

(~80 µl) de HCl (3N). A solução resultante é então passada em colunas de troca iônica

previamente lavadas, utilizando resina aniônica Eichrom 1 x 8.200 a 400 mesh. O U e Pb são

coletados com 8 gotas de água mili-Q.

A solução final da etapa das colunas é depositada em filamentos de Re, para posterior leitura por

espectrometria de massa das medidas das razões isotópicas. Para tal o CPGeo utiliza-se o
9

espectrômetro Finnigan MAT 262 com multicoletores, e os resultados obtidos são tratados no

programa ISOPLOT de Ludwig (2000), para confecção dos diagramas, com erro de 2 σ.

2.5 Isótopos Nd-Sr

As amostras em rocha total, encaminhadas para estas metodologias, foram submetidas às

seguintes etapas: Pesagem e adição do spike combinado Sm-Nd. Sua quantidade depende se a

rocha é ácida ou básica: para as rochas ácidas adiciona-se 0,07g de amostra e 0,1g de spike e

para as rochas básicas 0,1 g de amostra e 0,03g de spike. O spike Rb-Sr é adicionado após o

ataque químico, com proporção 1:1 spike/amostra Rb e 10:1 spike/amostra Sr.

As amostras com teores de Rb e/ou Sr menores que 50 ppm e maiores que 650ppm foram

analisadas pelo método de diluição isotópica e as amostras que tiveram teores de Rb e/ou Sr

maiores que 50 ppm e menores que 650 ppm pelo método Sr natural. A preparação para análises

isotópicas Rb-Sr e Sm-Nd foi feita a partir de um mesmo procedimento de abertura química,

sumarizado a seguir:

Adiciona-se à amostra, numa cápsula de savillex, 1ml de HNO3 e 3ml de HF concentrados e

previamente destilados; coloca-se no ultrasom por 45 minutos e após deixa-se em aquecimento

na chapa a 60°C por 5 dias com o savillex fechado.

Depois do aquecimento, coloca-se para evaporar até secar na chapa aquecedora, com o savillex

aberto. Adiciona-se 0,5 ml de HNO3 concentrado ao resíduo formado e coloca-se para evaporar

até a secagem. Dissolvem-se as amostras com 5ml de HNO3 0,6N e deixa-se por uma noite em

aquecimento a 60°C na chapa. Após uma noite, se não houver resíduo, evapora-se até a secar e

dissolve-se com 1ml de HCl 2,62N. Caso haja resíduo, a amostra retorna à etapa de aquecimento

por mais tempo.


10

Para a separação dos elementos na metodologia Sm-Nd se dá em duas etapas: a primeira é a

coluna de troca catiônica (coluna primária) e a segunda em coluna LN (coluna secundária). Na

metodologia Rb-Sr os elementos já são coletados durante o procedimento da coluna primária. Na

coluna primária separa-se o conjunto de ETR dos demais elementos e o Rb e o Sr, e na

secundária separa-se o Sm e o Nd dos ETR.

Para a separação nas colunas catiônicas adiciona-se a resina AG 50W-X8. Coloca-se 1ml de H20

e a amostra (0,5 ml + 0,5ml); depois mais 1 ml de H20 (0,5 ml + 0,5ml), deixando escorrer a

solução. Coloca-se 1ml de HCl 2.62 N e despreze este volume. Para cada coluna é usada uma

calibração diferente, devido a suas pequenas diferenças de tamanho. Despreza-se de 63 a 47 ml

de HCl 2,62N dependendo da calibração da coluna, e depois despreze 12 ml de HCl 6,2N e

coleta-se com 15 ml de HCl 2,6N os ETR.

Após secar este resíduo, ele é dissolvido em 0.2 ml de HCl 0.26 N e levado para a coluna LN. A

utilização da coluna LN é feita mediante a utilização de pó de teflon revestido com ácido

ortofosfórico. Coloca-se 1ml de H20 e a amostra (0,5 ml + 0,5ml); depois mais 1 ml de H20 (0,5

ml + 0,5ml). Coleta-se o Nd usando HCl 0,26 N e coleta-se o Sm usando HCl 0,55N. Os resíduos

da evaporação são analisados por espectrometria de massa.

A amostra de Nd é dissolvida com HNO3, e depositada sobre o filamento simples de Re, na

forma de (NdO)+. Aamostra de Sm é dissolvida com H3PO4 e depositada sobre filamento

simples de Ta, e analisada, por espectrometria de massa, na forma metálica. As razões


143
Nd/144Nd, bem como as demais razões isotópicas de Sm e de Nd para os cálculos das

concentrações de cada elemento, por diluição isotópica, são obtidas através do espectrômetro de

massa multicoletor, tipo VG-354. O branco do laboratório durante o período de análise foi de no
143
máximo 0,4 µg para Nd e 0,7 µg para Sm. A média medida para razão Nd/144Nd, segundo o

padrão internacional La Jolla, foi de 0,511857 (46) com o erro de 2σ.


11

2.6 Geocronologia K-Ar

O sistema K-Ar é caracterizado por um relógio sensível à temperatura (Torquato & Kawashita,

1994). A idade obtida por esse método sempre indica o último evento térmico que afetou a

rocha.

Apenas uma amostra (LC-04C) foi submetida a esta metodologia. Foi utilizada uma fração de

biotita (60-100mesh), coletada da Zona de Cisalhamento do Lenheiro.

O concentrado mineral é separado em duas partes, uma é pesada e analisada quimicamente por

via úmida no Laboratório de K e o K é analisado no fotômetro de chama, a outra parte é pesada e

fundida no laboratório de Ar, e este elemento gasoso é analisado por espectrometria de massa do

CPGeo.

No ataque químico o potássio é separado dos outros elementos constituintes dos minerais. O

ataque consiste em dissolver a amostra com o HSO4, seguido do HF e finaliza com o HCl. Após

seca-se a amostra em chapa aquecedora e finalmente dilui com água destilada. Nesta etapa a

solução encontra-se em meio ácido, no qual são eliminados os elementos que viram gás, como a

sílica por exemplo, que se transforma no gás fluoreto de silício. Na segunda etapa é necessário

mudar o meio para básico, então se adiciona hidróxido e carbonato de amônia, o que provoca a

formação de precipitados de Fe e Al. A amostra é filtrada e o resíduo sólido é eliminado, no final

é obtido um líquido com K, Na e Ca que são facilmente identificados e contados pelo fotômetro

de chama.
12

CAPÍTULO 3 GEOLOGIA REGIONAL

De maneira geral, o substrato cristalino do Cráton (Fig. 3) em suas porções setentrional e

meridional compreende um mosaico de terrenos arqueanos e paleoproterozóicos de alto a médio

grau metamórfico e associações granito-greenstone. Cinturões supracrustais com abundante

plutonismo também compõem o arcabouço tectônico, e se vinculam, em parte, à Orogênese

Transamazônica (2,1 – 1,9 Ga). Em termos geodinâmicos estas entidades refletem um

encurtamento crustal paleoproterozóico, não necessariamente sincrônico entre as porções

cratônicas setentrional e meridional, como resultado da convergência entre fragmentos

estabelecidos no Neoarqueano. (e.g., Marshak & Alkmin, 1989; Teixeira et al., 2000; Barbosa &

Sabaté, 2004).

Figura 3: O Cráton do São Francisco e cinturões Neoproterozóicos adjacentes, da Plataforma Sul-


Americana.
13

Na parte norte do Cráton, os blocos crustais Gavião (3,4 Ga), Jequié (2,7-2,6 Ga), Serrinha (2,9-

3,5 Ga) e outros foram aglutinados na Orogênese Transamazônica (2,1-1,9 Ga), durante a qual

houve uma pronunciada geração de crosta juvenil (e.g., Barbosa & Sabaté, 2004).

Na porção meridional do Cráton - objeto de estudo desta dissertação – registra-se outro mosaico

de terrenos arqueanos policíclicos, com complexos metamórficos compostos essencialmente de

rochas gnáissicas TTG de médio a alto grau, relíquias de associações do tipo greenstone belt e

intrusivas máficas e ultramáficas. Este “embasamento primitivo” apresenta idades radiométricas

Rb/Sr, Pb-Pb e U-Pb entre 3,2 – 2,5 Ga (e.g., Carneiro 1992; Noce, 1995; Teixeira et al. 1998;

Teixeira et al., 1996), revelando o caráter policíclico de evolução crustal. Desse modo, foram

edificados complexos metamórficos (Campo Belo, Belo Horizonte, Caeté, Bonfim e Passa

Tempo), cuja estabilização tectônica ocorreu no Neoarqueano (e.g., Noce et al., 1997; Noce,

1995; Machado & Carneiro, 1992; Teixeira et al., 2000).

Na margem continental neoarqueana ocorreram eventos paleoproterozóicos de natureza

acrescionária e/ou ensiálica. Esta evolução marginal produziu rochas plutônicas e subvulcânicas

de caráter bimodal, intrusões alcalinas, seqüências vulcano-sedimentares e diques máficos, com

idades radiométricas paleoproterozóicas; e que são incluídas generalizadamente no Cinturão

Mineiro, conforme concebido originalmente por Teixeira (1985) para uma faixa de rochas

gnáissicas e intrusivas plutônicas ao sul do Quadrilátero Ferrífero – Figura 4. O cenário

paleoproterozóico é também consistente com o metamorfismo transamazônico das rochas do

Supergrupo Minas no Quadrilátero Ferrífero, cujo pico termal está datado entre 2065 e 2035 Ma

(idades U/Pb em monazita e titanita; Machado et al., 1992); e ainda pelos dobramentos e falhas

com vergência para NW impressos nas rochas dos Supergrupos Rio das Velhas e Minas, bem

como pelo desenvolvimento de estruturas tardias resultantes do colapso orogênico do cinturão

(Alkmin & Marshak, 1998). Idades K/Ar (micas e anfibólios) entre 2,1 e 1,9 Ga no substrato
14

arqueano, apontam um período de soerguimento regional e estabilização transamazônica da

crosta exposta na porção meridional do Cráton do São Francisco (Teixeira et al., 2000).

De outra parte, Alkmin & Marshak (1998) postularam um modelo evolutivo com consumo de

crosta oceânica transamazônica de SE para NW, com a conseqüente formação de um arco

magmático oceânico (Cinturão Mineiro) e, posteriormente, a colisão deste arco com o antepaís.

Recentemente, Alkmin (2004) expandiu a abrangência do Cinturão Mineiro, com base na

distribuição geográfica das idades radiométricas de resfriamento regional e evidências da

deformação e de episódios tectono-termais (Noce et al., 1998; Machado et al., 1992)

transamazônicos no embasamento policíclico. Como tal, o domínio redefinido por Alkmin

(2004) envolveria uma ampla região afetada pelo Transamazônico: substrato metamórfico basal

que se encontra bem exposto no Quadrilátero Ferrífero e áreas vizinhas a este, as supracrustais

do Supergrupo Rio das Velhas, do Supergrupo Minas, e do Grupo Itacolomi, além de um

substancial volume de granitóides arqueanos e paleoproterozóicos. Os granitóides

paleoproterozóicos, que não fazem contato com a supracrustais Minas ou as mais jovens,

alojaram-se nos estágios sin- a pós-tectônicos do Cinturão Mineiro (Noce et al., 2000). Por outro

lado, os traços estruturais regionais vinculados à Orogênese Transamazônica exibem direção

NE-SW e vergência geral da deformação para NW.

Não obstante o notável avanço no conhecimento geológico do Cinturão Mineiro, uma re-

avaliação crítica da literatura sugere que a evolução paleoproterozóica envolveu, aparentemente,

uma sucessão de eventos tectônicos dissociados ou superimpostos espacialmente e em parte

precedentes à Orogênese Transamazônica: por exemplo, um embasamento paleoproterozóico

(2,5-2,0 Ga) do tipo margem passiva com sedimentos de bacia de foreland, tudo isto intrudido

por um volumoso magmatismo granítico paleoproterozóico (Alkmin & Noce, 2006).


15

Figura 4: Mapa geológico esquemático da borda meridional do Cráton São Francisco mostrando os
principais corpos plutônicos arqueanos e paleoproterozóicos. Modificado de Ávila et al (2003). I –
Embasamento arqueano parcialmente retrabalhado no paleoproterozóico. II – greenstone Rio das Velhas.
III – greenstone Barbacena (A – greenstone Belt Rio das Mortes, B – greenstone Belt Nazareno). IV –
Granitóides arqueanos. V – Supergrupo Minas (Paleoproterozóico). VI – Gabros, dioritos e granitóides
paleoproterozóicos. VII – Rochas sedimentares proterozóicas: São João del Rei (Paleoproterozóico),
Carandaí (Mesoproterozoico) e Andrelândia (Neoproterozoico) mega-sequências. VIII – Falhas. IX
Limite da Província Sul Mineira. Lv – Lavras; Sjr – São João del Rei; Rtp – Ritápolis; Bc – Barbacena;
Cl – Conselheiro Lafaiete. Corpos Plutônicos: 1 – Quartzo-monzodiorito Glória; 2 – Diorito Brumado; 3
– Diorito Rio Grande; 4 – Gabro Rio Grande; 5 – Gabro São Sebastião da Vitória; 6 – Quartzo-Diorito do
Brito; 7 – Gabro Vitoriano Veloso; 8 – Diorito Ibitutinga; 9 – Tonalito/trondhjemito Cassiterita; 10 –
Trondhjemito Tabuões; 11 – Granitóide Ritápolis; 12 – Granodiorito Brumado de Baixo; 13 – Corpos
Granodioríticos e granofíricos (Brumado de Cima); 14 – Granitóide Tiradentes; 15 –Granodiorito Lavras;
16 –Granito Nazareno; 17 – Granitóide Itumirim; 18 – Granito Campolide; 19 – Complexo Ressaquinha
(Diorito Dores do Campo e Granitóide Gentil estão inseridos neste Complexo); 20 – Gnaisse Granítico
Fé; 21 – Tonalito Alto Maranhão; 22 – Tonalito Congonhas; 23 – Granito Alto Jacarandá; 24 – Granitóide
Oliveira; 25 – Granito Bom Sucesso; 26 – Granito Salto do Paraopeba; 27 – Granodiorito Mamona; 28
Tonalito Samambaia; 29 – Granodiorito Ibirité ; 30 – Granito Morro da Pedra; 31 – Granito General
Carneiro ; 32 –Granodiorito Caeté; 33 – Granitóide do Lajedo; retângulo indica a localização da área de
estudo.
16

Tal complexidade aponta, portanto, a necessidade de detalhamento geológico e o aporte de dados

isotópicos complementares no domínio crustal, em especial datações radiométricas.

Com efeito, mapeamento geológico sistemático (Ávila, 2000) na porção central do Cinturão tem

revelado a presença de rochas granitóides intrusivas com diversas composições mineralógicas e

idades: plutons máficos (2220 – 2131 Ma) e félsicos (2255 – 2101 Ma) - (Ávila, 2000; Cherman,

2004). Em adição, pelo menos dois pulsos metamórficos foram caracterizados neste setor,

datados entre 2220 – 2170 Ma e 2131 – 2101 Ma (e.g., Ávila et al., 2006). Tais idades, por sua

vez, contrastam com o pico metamórfico em rochas gnáissicas no Quadrilátero Ferrífero, datado

entre 2065 e 2035 (Noce et al., 2000).

Em decorrência destas constatações e complexidades apontadas no tocante a evolução

metamórfica, estrutural e geocronológica, foi proposta a Província Sul-Mineira (Teixeira et al.,

2005) para abranger os eventos tectônicos, magmáticos e metamórficos já delineados na porção

meridional do Cráton do São Francisco, incluindo a Orogênese Transamazônica. Desse modo, a

evolução da Província Sul Mineira envolveria, com base na compilação de dados isotópicos e

geoquímicos, inicialmente a ruptura (fase pré-arco) da litosfera oceânica paleoproterozóica

(distal em relação ao material continental), seguida de desenvolvimento de um arco acrescionário

intraoceânico. A partir desta fase ocorreriam as etapas descritas na Tabela 1. Vale ressaltar que

este modelo é uma variante da proposta de Alkmin (2004) que considera o Cinturão Mineiro

como entidade maior da porção sul do Cráton (ver acima), abrangendo a maior parte do substrato

cristalino policíclico regional.

Em especial, cabe destacar a presença de uma grande diversidade de corpos plutônicos que

constitui um verdadeiro cinturão de intrusões ao longo de uma faixa de 300 km x 100 km desde

Conselheiro Lafaiete até o noroeste de Lavras, vinculados ao Paleoproterozóico (Fig. 4). Estes

corpos, de natureza pré-, sin- e pós-colisional, cortam tanto gnaisses e migmatitos da


17

infraestrutura do Cinturão Mineiro como as seqüências supracrustais arqueanas e

paleoproterozóicas (e.g., greenstone belts Nazareno e Rio das Mortes; e.g., Ávila et al., 2006).

Vale notar que a origem dos plutons paleoproterozóicos é uma questão complexa, uma vez que

ela envolve a participação de componentes juvenis e protólitos crustais, em diferentes eventos

temporais paleoproterozóicos. Segundo Noce et al. (2000), com base principalmente em um

conjunto de datações Rb/Sr isocrônicas (pouco precisas comparativamente aos métodos U/Pb e
207
Pb/206Pb em zircão), esse evento plutônico representaria um arco transamazônico de natureza

cálcio-alcalina com tipos composicionais peraluminosos e metaluminosos gerados,

respectivamente, a partir de fontes predominantemente arqueanas e juvenis paleoproterozóicas.

Aparentemente esta interpretação genética é corroborada por Cherman & Valença (2005), muito

embora os corpos estudados por estes autores na porção central do Cinturão Mineiro sejam mais

antigos (c. 2,2 Ga), em relação aos existentes no Quadrilátero Ferrífero. Resultados geoquímicos

semelhantes aos obtidos neste trabalho, para granitóides desta porção central, são reportados por

Valença et al., 2000.

Por outro lado, na região entre Lavras e Conselheiro Lafaiete mapeamentos geológicos

revelaram que as ocorrências regionais de faixas metavulcanosedimentares anteriormente

englobadas no greenstone belt Barbacena (Pires et al., 1990) referem-se a duas unidades

tectonoestratigráficas distintas (Ávila 2000). Segundo Toledo (2002) e Pereira et al. (2003), estas

unidades correspondem às faixas Nazareno e Rio das Mortes.

Na faixa Nazareno (presumivelmente arqueana) predominam rochas metaultramáficas

(komatiíticas) com escassos níveis pelíticos e quartzíticos intercalados, havendo ainda derrames

e sills máficos (rochas anfibolíticas). Essa característica litológica, da faixa Nazareno, é

semelhante às rochas do Supergrupo Rio das Velhas.


18

Etapas evolutivas Referências


Intrusão de corpos plutônicos entre 2220 Ma e 2198 Ma na parte central do Ávila (2000);
Cinturão Mineiro Valença et al. (2000)

Cristalização de corpos subvulcânicos na região, no período entre 2192 - Ávila (2000)


2187 Ma

Fusão da crosta oceânica em um ambiente de margem continental do tipo Noce et al. (1997 e 2000);
Andino, gerando um novo arco magmático com magmas tonalítico – Quéméneur & Noce (2000); Ávila
trondhjemíticos (2000)

Cristalização de magmas plutônicos tonalíticos, trondhjemíticos e dioríticos Ávila et al. (1999);


entre 2162 – 2128 Ma Ávila (2000); Noce (1997 e 2000)

Colisão continental com deposição e deformação dos sedimentos do Noce (1995); Machado et al. (1996)
Supergrupo Minas entre 2125 – 2060 Ma

Cristalização de corpos plutônicos graníticos a granodiorítico sin- a tardi- Ávila et al. 1998;
colisionais entre 2122 - 2121 Ma Ávila (2000)

Deformação com vergência geral para NW, há 2,1 Ga, acompanhado por Alkmin & Marshak (1998);
intrusões granitóides. Bruecker et al. (2000); Noce et al,
(2000)

Colapso orogênico (2,06 Ga) e desenvolvimento de estruturas (domos e Alkmin & Marshak (1998)
grandes sinformes) que hospedam rochas supracrustais no Quadrilátero
Ferrífero.

Cristalização de intrusões granitóides pós-tectônicas. Bruecker et al. (2000); Noce et al.


(2000)

Intrusão de diques básicos (regime extensional) há 1,9 Ga, marcando o Pinese (1997)
registro final da evolução dos eventos da Província Sul Mineira.
Tabela 1: Etapas evolutivas do Cinturão Mineiro (Teixeira, 2005; Alkmin, 2004).

Já na faixa greenstone Rio das Mortes rochas metamáficas são predominantes, e se associam a

espessos pacotes de rochas metassedimentares e muito subordinadamente a rochas

metaultramáficas. Este greenstone belt é cortado por diversos corpos plutônicos máficos e

félsicos, entre os quais alguns contém xenólitos de anfibolitos (Ávila, 2000). Em adição, dois

anfibolitos do greenstone belt Rio das Mortes admitem associação temporal com

paleoproterozóico do cráton: Caburu (2192±6 Ma e εNd(2,2) = -1,5 ; Teixeira et al. 2005) idade

interpretada como decorrente da abertura do sistema isotópico do zircão no metamorfismo fácies

anfibolito inferior, tido como evento mais antigo do paleoproterozóico desta porção do Cinturão

Mineiro (Teixeira, et al. 2005). Esta idade U-Pb TIMS também corrobora a idéia que basaltos

desta unidade, metamorfizados e transformados em anfibolitos teriam idade de cristalização


19

anterior aos corpos plutônicos intrusivos do mesmo (Quartzo Monzodiorito Glória: 2189 ± 29

Ma; Tonalito/Trondhjemito Cassiterita: 2162 ± 10 Ma; Diorito Brumado: 2131 ± 4 Ma e

Granitóide Ritápolis: 2121 ± 7 Ma). Outro anfibolito (Penedo) é encaixante dos plutons Glória e

Ritápolis. Possui εNd(2,2) = 0. Ambos os valores de εNd(T) revelam que os magmas máficos do

greenstone belt Rio das Mortes derivaram-se predominantemente de fontes paleoproterozóicas

juvenis vinculadas à evolução do Cinturão Mineiro (Teixeira, et al 2005).

3.1 Unidades arqueanas

Na parte sul do Cráton, no estado de Minas Gerais, a evolução geológica mais primitiva é

compatível com a do Bloco Gavião, localizada na porção norte do cráton. Os complexos

metamórficos meridionais (Figura 4) são compostos essencialmente de rochas gnáissicas TTG,

assim como de intrusões máficas e ultramáficas e restos de greenstone belts (Teixeira et al.,

1996), situados no Quadrilátero Ferrífero (Supergrupo Rio das Velhas). Em torno de 2,7-2,8 Ga

deu-se inicio à deposição de sedimentos do Supergrupo Rio das Velhas, e afetado por falhas de

empurrão, em um ambiente de margem convergente (Teixeira et al. 1996). A orogenia Rio das

Velhas registra um evento extrusivo de natureza félsica (rochas vulcanoclásticas) com intervalo

de 2792 ± 11 Ma a 2751 ± 9 Ma (Noce et al., 2000). Este magmatismo que produziu

metamorfismo de médio a alto grau nas rochas supracrustais, levando a muitos corpos intrusivos

TTG e retrabalhando alguns granitóides de embasamento antigo.

Os terrenos granito-gnáissicos reconhecidos em 6 complexos são: Campo Belo, Bonfim, Belo

Horizonte, Caeté, Passatempo e Bação e apresentam idades arqueanas variando entre 3,38 a 2,86

Ga (Machado & Carneiro, 1992; Machado & Schranck, 1989; Teixeira et al., 1996). Tais

terrenos apresentam uma evolução geológica complexa marcada pela atuação de pelo menos três

eventos tectono-metamórfico arqueanos. O primeiro datado por volta de 2,8 Ga promoveu o

metamorfismo e a migmatização dos ortognaisses dos Complexos Belo Horizonte e Campo Belo
20

(Noce, 1995; Teixeira, 1998). O segundo evento ocorreu em torno de 2,78 a 2,77 Ga

representado pela cristalização de vários corpos granitóides, contemporâneos ao vulcanismo

félsico do greenstone belt Rio das Velhas (Machado et al., 1992; Machado & Carneiro, 1992;

Noce et al., 1996). Representa o mais importante evento tectono-metamórfico e magmático

neoarqueano do Quadrilátero Ferrífero (Noce et al., 1996). O terceiro evento, que ocorreu entre

2,72 e 2,7 Ga, propiciou a cristalização de granitóides tardi à pós-tectônicos (Machado et al.,

1992; Machado & Carneiro, 1992; Noce et al., 1996), marcando a idade mínima para a última

deformação neoarqueana do Quadrilátero Ferrífero (Noce et al., 1996).

Manifestações isoladas de magmatismo granitóide de alto poatássio foram registradas em 2,61

Ga (Noce, 1995) e 2,59 Ga (Romano, 1989), sendo interpretadas como estágios finais de

cratonização, anteriores a deposição da seqüência paleoproterozóica regional, o Supergrupo

Minas (Noce, 1996; Teixeira et al. 1996).

3.1.1 Ortognaisses e Migmatitos

Os biotita-hornblenda gnaisses arqueanos são bandados de composição tonalítica, trondhjemítica

e granodiorítica, mostrando graus variados de migmatização, e localmente estão granulitizados

(Pires et al., 1990). Afloram na região de Barbacena (Noce et al., 1987), se estendendo para o sul

até as cidades de Santos Dumont e Piedade (Heilbron 1984, Trouw et al., 1986). Esses gnaisses,

de foliação subhorizontal, contêm ainda intercalações centimétricas a métricas de anfibolitos e

raros corpos de rochas ultramáficas. Ocorrências descontínuas destes gnaisses também foram

reportadas ao norte de São João Del Rei, próximo das cidades de Cassiterita e Caburu,

intercaladas entre as faixas metavulcano-sedimentares e corpos plutônicos paleoproterozóicos

(Valeriano 1985, Ávila, 2000). O metamorfismo transamazônico dos gnaisses tem caráter

superimposto face às elevadas razões iniciais Sr87/Sr86 (0,7049-0,7136) encontradas nas

isócronas Rb-Sr, de alcance regional (Teixeira et al., 1992).


21

Esses gnaisses são cortados por pelo menos duas gerações de granitóides e aplitos associados. O

primeiro período de formação e colocação dos corpos graníticos e granodioríticos ocorreu por

volta de 2,7 Ga (Granito Bom Sucesso), sendo interpretado como um período de acresção crustal

relacionado ao final da evolução do “greenstone belt Barbacena” (Quéméneur & Vidal, 1989). O

segundo período de formação de corpos granitóides, bastante significativo e bem caracterizado

na região, ocorreu durante o Paleoproterozóico idade sendo responsável pela intrusão de vários

corpos máficos e granitóides (Quéméneur & Vidal, 1989; Pires et al., 1990; Ávila, 1992; Noce et

al., 2000; Valença et al., 2000; Ávila, 2000). Parte deste últimos plutons máfico-félsicos são

objeto da presente Dissertação.

3.1.2 Greenstone belt Nazareno

Cabe ressaltar a dificuldade de se estabelecer às relações entre os gnaisses regionais e o

greenstone belt Nazareno, devido à escassez de relações de campo. Esta unidade localiza-ze ao

sul da Zona de Cisalhamento do Lenheiro (ZCL) e é cortado por diversos corpos plutônicos

máficos e félsicos. A única informação geocronológica obtida até o momento que aponta a idade

mínima para o greenstone belt Nazareno, é a datação do Gabro São Sebastião da Vitória,

intrusivo no greenstone, com idade U-Pb de 2220 ± 3 Ma (Valença et al. 2000).

No greenstone belt Nazareno predominam rochas metaultramáficas com escassos níveis pelíticos

e quartzíticos intercalados, ocorrendo ainda derrames e sills máficos (rochas anfibolíticas), e

abundantes rochas ultramáficas como: komatiitos, serpentinitos e talco-clorita xistos, conforme

já mencionado, exibindo portanto semelhanças litológicas com similares arqueanos.

3.2 Unidades proterozóicas

Na porção SE da parte meridional do Cráton São Francisco, a Orogênese Transamazônica

produziu uma série de rochas plutônicas peraluminosas e cálcio-alcalinas, e induziu um


22

metamorfismo regional nas rochas supracrustais do Supergrupo Minas, assim como em parte do

embasamento cristalino arqueano. Um modelo de dois-estágios (Alkmin & Marshak, 1998) é

agora considerado para a evolução deste cinturão, iniciando com um sistema de dobramento-

cavalgamento, e a formação de arcos de ilha, que teriam colapsado na fase colisional no final da

Orogênese Transamazônica.

3.2.1 Supergrupo Minas

As rochas sedimentares pertencentes ao Supergrupo Minas afloram em uma faixa descontínua,

com direção NE-SW, que se estende desde a extremidade sul da Serra da Moeda, no

Quadrilátero Ferrífero, até a cidade de Ibituruna, onde se destacam geomorfologicamente pela

Serra do Bom Sucesso. Essa unidade é composta por xistos, quartzitos e itabiritos deformados e

metamorfizados durante a Orogênese Transamazônico (Quéméneur, 1987).

Entre 2,6-2,7 Ga um plutonismo de natureza intermediária intrudiu essas rochas supracrustais

formando um clássico granito-greenstone belt arqueano (Alkmin & Marshak, 1998). Depois de

2,6 e 2,4 Ga, a região leste e sudeste do Quadrilátero Ferrífero, constituía-se de uma bacia de

margem passiva, e na plataforma continental sedimentos se depositaram na bacia Minas. A bacia

Minas iniciou-se com um evento extensional, indicado por um ambiente deposicional e fácies do

grupo Caraça e Tamanduá (Renger et. al., 1994). Após 2,1 Ga ocorreu um evento de empurrão e

dobramento de vergência nordeste (Alkmin & Marshak, 1998), resultando no desenvolvimento

de zonas de cisalhamento e dobras de escala regional. O desenvolvimento deste cinturão de

dobramento e empurrão ocorreu após a formação Sabará. Este evento é sugerido como uma

colisão de arco de ilha devido à obtenção de idade similares de vários granitóides na região,

marcando a Orogênese Transamazônica, sendo também consistente com o modelo de Teixeira &

Figueiredo (1991) para o lobo nordeste do Cráton São Francisco. Em 2,10 Ga ocorreu um evento

extensional - o colapso orogenético - formando uma estrutura em domos e quilhas. Este evento
23

extensional fez as unidades supracrustais (Supergrupo Rio das Velhas e Minas) colapsar entre os

domos (granitóides, gnaisses e migmatitos), onde zonas de cisalhamento e auréolas metamórficas

(alta T e baixa P) ocorrem nos contatos entre as rochas supracrustais e os domos. Ainda antes do

colapso, mas durante o evento extensional ocorreu a deposição do grupo Itacolomi em região

restrita da bacia, segundo o modelo tectônico de Alkmin & Marshak (1998).

3.2.2 Greesntone belt Rio das Mortes

Este greenstone belt, de idade possivelmente paleoproterozóica (Ávila, 2000), é cortado por

diversos corpos plutônicos máficos e félsicos, entre as quais o Quartzo Monzodiorito Glória

(Ávila, et al. 2006), que integra o magmatismo do Cinturão Mineiro, e que está localizado ao

norte da ZCL.

O greenstone belt Rio das Mortes é composto por: anfibolitos; anfibolitos intercalados com

xistos; rochas inter-acamadadas com pacotes de gonditos, queluzitos, metapelitos e rochas

metaultramáficas; pacotes de rochas metassedimentares e muito subordinamente por rochas

metaultramáficas.

3.2.3 Rochas plutônicas Félsicas e Máficas

No extremo sul do Cráton São Francisco, em uma faixa que se estende cerca de 300km desde

Conselheiro Lafaiete até o noroeste de Lavras, ocorre uma grande variedade de corpos

plutônicos paleoproterozóicos (Fig. 3), intrusivos nos gnaisses e migmatitos regionais e nas

relíquias de greenstone belts (Ávila, 2000).

Na última década, o estudo detalhado de vários destes corpos plutônicos, incluindo

caracterização petrográfica e geoquímica (Ávila, 1992; Silva, 1996; Ávila et al. 1998, 1999 e

Ávila 2000) trouxe contribuições significativas para o entendimento da gênese e evolução do


24

Cinturão Mineiro. O acervo de idades radiométricas U/Pb e 207Pb/206Pb, na Tabela 2, estabelece

um intervalo de idades variando entre 2220 ± 3 Ma e 2121 ± 7 Ma para o desenvolvimento deste

evento tectonomagmático (Ávila 2000).

Teixeira & Figueiredo (1991) postularam que a Orogênese Transamazônica, no lobo nordeste do

Quadrilátero Ferrífero, seria predominantemente ensiálica, envolvendo o retrabalhamento de

material crustal arqueano. Já Ávila (2000) sugere que o processo de formação dos corpos

tonalíticos-throndjemíticos presentes na borda centro-meridional do Cráton São Francisco

envolveria fusão parcial de uma crosta oceânica paleoproterozóica.

Segundo Noce et al. 2000, esses corpos paleoproterozóicos são representantes de um arco de

natureza cálcio-alcalina que inclui dois tipos de plutons: i) granitóides peraluminosos, e ii)

granitóides metaluminosos. O primeiro grupo exibe idades TDM arqueanas (3,07-2,62 Ga),
87
valores de εNd(t) entre –11,0 a –3,8 e altas razões iniciais de Sr/86Sr (0,7096-0,7584), seriam

formados a partir de uma fonte crustal arqueana. O segundo grupo apresenta idades TDM

comparáveis paleoproterozóicas (2,43-2,27 Ga), valores de εNd(t) de –2,8 e +1,3 e baixas razões

iniciais de 87Sr/86Sr (0,702-0,704), Esse grupo de rochas seria o produto da mistura entre material

juvenil paleoproterozóico (derivação mantélica) e diferentes proporções de material crustal

arqueano. Portanto, os conjuntos podem ser relacionados a fontes distintas, devido ao seu

contraste isotópico, de derivação mantélica e crustal. Esta interpretação genética é corroborada

por Cherman & Valença (2005), muito embora os corpos estudados por estes autores sejam mais

antigos (c. 2,2 Ga) na porção central do Cinturão Mineiro em relação aos existentes no

Quadrilátero Ferrífero.

A propósito, Ávila et al., (2006) sugerem que a formação dos plutons tonalíticos-

throndjemíticos, na porção central do Cinturão Mineiro, envolveria preferencialmente a fusão

parcial de material paleoproterozóico com características mantélicas, a partir de inferências


25

isotópicas de Nd, compatível com a existência de crosta oceânica distal em relação à margem

continental.

A integração dos dados disponíveis na literatura (Tabela 2) sugere que a evolução da Província

Sul Mineira (Teixeira et al., 2005), ocorre a partir de uma margem passiva paleoproterozóica

(durante a Orogênese Transamazônica), nas seguintes etapas: i) formação de uma crosta oceânica

basáltica paleoproterozóica (Ávila 2000); ii) intrusão de corpos plutônicos entre 2220 Ma e 2198

Ma (Ávila, 2000; Valença et al. 2000); iii) cristalização de corpos subvulcânicos do Tipo-A Suíte

Serrinha entre 2192-2187 Ma (Ávila, 2000); iv) fusão da crosta oceânica em um ambiente de

margem continental do Tipo Andino, com geração de magma tonalítico – trondhjemítico (Noce

et al. 1997 e 2000; Quéméneur & Noce, 2000; Ávila, 2000); v) cristalização de magmas

plutônicos tonalíticos, trondhjemíticos e dioríticos entre 2162 – 2128 Ma (Ávila, 2000; Noce,

1997 e 2000); vi) colisão continental com deposição e deformação dos sedimentos superiores do

Supergrupo Minas entre 2125 – 2206 Ma (Noce, 1995; Machado et al. 1996); vii) cristalização

de corpos plutônicos graníticos a granodioríticos sin a tardi colisionais (com contribuição crustal

ou juvenil) entre 2122 - 2121 Ma (Ávila et al. 1998; Ávila, 2000); viii) colapso do orógeno e

desenvolvimento de estruturas de domos e quilhas, em cerca de 2,1 Ga (Bruecker et al. 2000).


26

Plutons Idade (Ma) Método TDM (Ga) Referências

Gabro São Sebastião da


2220 ± 3 U/Pb (zircão) _ Valença et al. (2000)
Vitória
Granodiorito Brumado de 207
2218 ± 4 Pb/206Pb _ Ávila et al. (2000)
Baixo
207
Quartzo Diorito Brito 2198 ± 6 Pb/2067Pb _ Ávila et al. (2000)
Granitóide Tiradentes 2197 ± 4 U/Pb (zircão) _ Valença et al. (2000)
207 2067
Granófiro São João Del Rei 2192 ± 4 Pb/ Pb _ Ávila et al. (2000)
Granodiorito Brumado de 207
2187 ± 4 Pb/2067Pb 2,4 Ávila et al. (2000)
Cima
2130 ± 02 U/Pb (zircão)
Trondhjemito Alto Maranhão 2,2 Noce (1995)
2124 ± 02 U/Pb (titanita)
207
Trondhjemito Cassiterita 2160 ± 10 Pb/2067Pb 2,2 Ávila et al. (1998)
207 206
Diorito Brumado 2128 ± 4 Pb/ Pb 2,5 Ávila et al. (1998)
207
Tonalito Ritápolis 2122 ± 06 Pb/206Pb _ Ávila et al. (1998)
207 206
2121 ± 07 Pb/ Pb 2,4 Ávila et al. (1998)
Granito Ritápolis
2,6 Noce et al. (2000)
Granitóide Itutinga 2,8 Noce et al. (2000)
2202 ± 5 207 206
Pb/ Pb 2,3 Cherman & Valença (2005)
207 206
2170 ± 4 Pb/ Pb 2,2 Cherman & Valença (2005)
Ortognaisse Itumirim 207 206
2101 ± 8 Pb/ Pb 2,4
207
Ortognaisse 2200 ± 4 Pb/206Pb 2,9 Cherman & Valença (2005)
207 206
Macuco de Minas 2116 ± 9 Pb/ Pb 2,6
207 206
Ortognaisse Nazareno 2255 ± 6 Pb/ Pb 2,5 Cherman & Valença (2005)
Quartzo Monzodiorito Glória 2188 ± 29 SHRIMP U/Pb 2,7 Ávila et al., inédito (2006)

Tabela 2: Idades U/Pb TIMS e 207Pb/206Pb, por evaporação de zircão, dos corpos paleoproterozóicos
localizados entre Lavras e Conselheiro Lafaiete.

3.2.4 Bacias São João Del Rei, Candaraí e Andrelândia

Na borda meridional do Cráton São Francisco ocorrem três bacias de idade proterozóica com

gêneses distintas e discordantes do embasamento arqueano e paleoproterozóico (Andreis et al.

1989; Ribeiro et al., 1990).

A Bacia São João Del Rei, de caráter intracontinental, foi gerada por extensão e adelgaçamento

crustal no período compreendido entre 1,8 e 1,3 Ga, balizado pela idade mais nova do
27

embasamento e pela idade de diques máficos que cortam as rochas metassedimentares desta

seqüência (Ribeiro et al., 1995; Ribeiro et al., 1997). Os registros sedimentares são

predominantemente de quartzíticos, sendo observados na Serra do Lenheiro, próximo a São João

Del Rei e Tiradentes.

A Bacia Candaraí formou-se entre 1,3 e 1,0 Ga em uma depressão ou meio graben, paralela a

borda da antiga bacia. Ela se caracteriza por depósitos pelágicos e detritos de bordas de bacia no

setor do graben, que foram gradativamente substituídos por pelitos carbonáticos, margas e

caláreos, na antiga depressão e por sobre o embasamento (Ribeiro et al., 1995).

A Bacia Andrelândia que foi gerada entre 1,0 e 0,6 Ga. Consiste de uma bacia de margem

passiva produzida por um soerguimento, que modificou o embasamento de N para SW. É

composta por seis associações de litofácies representadas da base para o topo por: paragnaisses;

paragnaisses, quartzitos e xistos; quartzito; filitos e xistos cinzas; biotita xistos/gnaisses;

paragnaisses, metachert e rochas calcossilicáticas.

As seqüências metassedimentares que compõem essas três bacias foram afetadas por dois

episódios de deformação e metamorfismo, ambos relacionados ao Evento Brasiliano (Ribeiro et

al., 1995; Trouw & Pankhust, 1993; Söllner & Trouw, 1997)
28

C A PÍ TU LO 4 GEOLOGIA DOS CORPOS ESTUDADOS

Ávila (2000) individualizou dois grandes domínios estruturais (Fig. 5) durante o trabalho de

mapeamento, na porção central do Cinturão Mineiro. Cada um destes domínios contém diversas

unidades que agora estão expostas lado a lado em resposta a múltiplos processos magmáticos,

tectônicos e erosionais do proterozóico. Estas unidades foram definidas a partir da integração de

dados, principalmente aqueles associados aos corpos plutônicos e a correlação destes corpos com

as rochas encaixantes (gnaisses, migmatitos, anfibolitos e xistos). O limite destes domínios dá-se

por um lineamento tectônico, denominado Lineamento Rio das Mortes Pequena, e ao sul deste

lineamento encontraram-se rochas intensamente deformadas (milonitos), associadas à ZCL.

Limite entre os Domínios Litológicos I e II

Figura 5: Esboço Geológico representativo da distribuição espacial dos Domínios Litológicos I e II.
Adaptado de Ávila, 2000.
29

Destaca-se, no domínio litológico II, (Ávila, 2000), um segundo lineamento conhecido como São

João Del Rei – Nazareno, que separa as rochas ultramáficas do greenstone belt Nazareno.

A região foi afetada por três eventos deformacional-metamórficos distintos, sumarizados na

Tabela 3.

Evento
Fácies
Metamórfico Mineralogia Rochas afetadas Referência
Metamórfica
(Ma)
Paleoproterozóico Fácies anfibolito Mg-horblenda/Fe- Anfibolitos, metakomatiitos, Toledo (2002);
2250 – 2270 de grau médio horblenda + xistos, filitos, gonditos e Cherman
oligoclásio ou quartzitos dos greenstone (2004)
andesina ± clorita ± belts
epidoto ± biotita ±
esfeno ± ilmenita
Paleoproterozóico Fácies xisto verde actinolita ± albita ± Anfibolitos do greenstone Silva (1996);
2131 – 2100 e anfibolito epidoto ± biotita ± belt Nazareno e greenstone Ávila (2000)
inferior esfeno belt Rio das Mortes; dunitos,
piroxenitos – gabros;
granitóides
paleoproterozóicos
Neoproterozóico Fácies xisto verde ------------------- Rochas associadas e/ou Ribeiro et al.
desenvolvidas em falhas e (1995
zonas de cisalhamento NE-
SW
Tabela 3:Principais características dos três eventos deformacional-metamórficos do Cinturão Mineiro.

Boa parte dos plutons paleoproterozóicos, associados com os estágios evolutivos do Cinturão

Mineiro nesta região central, exibe assinatura Sm-Nd juvenil (εNd(T) pouco negativos) e afinidade

cálcio-alcalina, o que é compatível com produtos de ambiente de arco acrescionário (e.g., Noce

et al. 2000, Quéméneur & Noce 2000; Teixeira et al. 2005; Ávila et al.,2006).

Vários desses plutons situados nas regiões de: Nazareno, Cassiterita e Ritápolis (Fig.1), já foram
207
objeto de datações radiométricas (idades U-Pb e Pb-206Pb) que dão maior confiabilidade em

relação às datações Rb/Sr isocrônicas anteriores, relatadas em outros corpos próximos, a saber:

Quartzo Diorito do Brito (2221 ± 2 Ma); Granodiorito Brumado de Cima (2219 ± 2);

Granodiorito Brumado de Baixo (2218 ± 3 Ma); Ortognaisse Nazareno (2255 ± 6 Ma);

Ortognaisse Itutinga (2202 ± 5 Ma); Quartzo Monzodiorito Glória (2188 ± 29 Ma);

Tonalito/Trondhjemito Cassiterita (2162 ± 10 Ma); Diorito Rio Grande (2155 ± 3 Ma); Diorito
30

Brumado (2131 ± 4 Ma); e Granito Ritápolis (2121 ± 7 Ma) – (Ávila 2000, Valença et al. 2000,

Cherman 2004, Ávila et al. 2006). Esses plutons possuem composições químicas

predominantemente peraluminosa e tendência cálcio-alcalina.

De outra parte, é interessante notar que a ZCL (Fig. 4), separa os plutons com características

isotópicas contrastantes e que são intrusivos no greenstone belt Rio das Mortes daqueles

intrusivos no greenstone belt Nazareno, respectivamente - Tabela 4.

Localização em Referência
Plutons Idade (Ma)
relação a ZCL
Ortognaisse Nazareno 2255 ± 6(2) sul Cherman & Valença (2005)
Ortognaisse Itutinga 2202 ± 5(2) sul Cherman & Valença (2005)
Tonalito/Trondhjemito Cassiterita 2162 ± 10(2) norte Ávila et al. (2003)
Diorito Rio Grande 2155 ± 3(2) sul Cherman (2002)
Quartzo-Monzodiorito Glória 2188 ± 29(1) norte Ávila et al. (2006)
Diorito Brumado 2131 ± 4(2) norte Ávila et al. (2006)
Granito Ritápolis 2121 ± 7(2) norte Ávila et al. (2006)
Quartzo-Diorito Brito 2221 ± 2(2) sul Ávila et al. (2000)
Granodiorito Brumado de Cima 2219 ± 2(2) sul Ávila et al. (2000)
Granodiorito Brumado de Baixo 2218 ± 3(2) sul Ávila et al. (2000)
Tabela 4: Idades isotópicas e sua localização em relação à ZCL: (1) idade U/Pb SHRIMP, (2) idade
207
Pb/206Pb e (4) idade 87Rb/86Sr .
4.1 Domínio Litológico I

Segundo Ávila (2000), no Domínio Litológico I foram identificadas treze unidades de

mapeamento que compreendem: gnaisses e migmatitos, rochas metamáficas, metasedimentares,

metaultramáficas, corpos piroxeníticos-gabróicos, Gnaisse Granítico Fé, Granito Ritápolis (2122

± 6 e 2121 ± 7 Ma) incluindo migmatitos de injeção; suíte intrusiva Ibitutinga (Diorito Brumado

– 2131 ± 4 Ma; Quartzo Monzodiorito Glória – 2189 ± 29 Ma , Tonalito do Barreiro, Tonalito

Espraiado); Granito Mama Rosa; diques de diabásio, e unidades do Terciário e Quaternário.

Abaixo são apresentadas as características de campo e petrográficas dos corpos selecionados

para a Dissertação.
31

4.1.1 Gnaisse Granítico Fé

Este corpo distribui-se na porção central da folha topográfica São João Del Rei e noroeste da

folha topográfica Tiradentes, e constitui um corpo alongado com cerca 12 km2 (Anexo 1),

segundo a direção NEE-SWW. A área de afloramento alarga-se de leste para oeste, sendo

delimitado a sul pela ZCL, que se desenvolve ao longo de seu contato com as rochas da faixa

greenstone belt Nazareno (segundo Ávila, 2000). No seu bordo norte, encontra-se em contato

predominantemente com gnaisses e migmatitos regionais. Destaca-se diversas gerações de

corpos pegmatíticos que cortam o Gnaisse Granítico Fé.

Essa rocha aflora em grandes Lajedos (Fig. 6A), e destaca-se por mostrar a intercalação de

bandas claras e escuras, associadas à presença de biotita e epidoto. Sua granulometria varia de

fina a média. Sua mineralogia principal é composta por: quartzo, k-feldspato, plagioclásio,

biotita e epidoto. Possui uma foliação proeminente variando de 120°/40° a 170°/55° marcada

pelos minerais máficos, principalmente pela biotita, segundo Ávila (2000).

Foram observados enclaves xenolíticos (Fig. 6B) preservados ou parcialmente digeridos no

Gnaisse Granítico Fé que consistem de: rochas metabásicas de coloração verde de 3 cm até cerca

de 50 cm; rochas gnáissicas, de formato alongado e coloração cinza, granulometria fina,

tamanhos variando desde 30 cm até cerca de 1,5 m, sendo compostas de níveis félsicos e máficos

(Ávila 2000); rochas gnáissicas com formato alongado, coloração branca acinzentada,

granulometria média e tamanho aproximado de 50 cm.

Foram amostrados 6 pontos neste corpo, essas amostras foram usadas para confecção de lâminas,

datação U-Pb do pluton e isótopos Nd-Sr e geoquímica de rocha total. As suas principais

características petrográficas encontram-se sumarizadas na Tabela 5.


32

4.1.2 Granito Mama Rosa

O granito Mama Rosa (Fig. 6C) foi separado do Granitóide Ritápolis, sendo seu limite ao sul do

Rio das Mortes. O principal critério de diferenciação destas duas unidades é a homogeneidade do

Granito Mama Rosa, diferentemente do Ritápolis que possui uma foliação tectônica incipiente,

além de zonas de cisalhamento milimétricas. O pluton Mama Rosa possui cor cinza e

granulometria variando de fina a média. As suas principais características petrográficas

encontram-se sumarizadas na Tabela 5. Possui xenólito de rocha anfibolítica.

4.1.3 Granito Ritápolis

O Granito Ritápolis ocorre predominantemente na porção centro-norte da folha topográfica de

São João Del Rei, ao norte da cidade de Ritápolis e abrange uma área de 85 km2. Este pluton

encontra-se encaixado ou cortando quase todas as demais unidades de mapeamento do Domínio

Litológico I. A rocha tem coloração branca e granulometria variando de fina a grossa, suas

texturas dominantes são equigranular xenoblástica e porfiroblástica. Possui xenólitos de rochas:

piroxeníticos-gabróicas, gnaisses metassedimentares e anfibolitos (greenstone belt Rio das

Mortes). Também possui xenólitos do Tonalito/Trondhjemito Cassiterita, Diorito Brumado e

Quartzo Monzodiorito Glória, indicando contato intrusivo. E por fim, esse corpo é cortado por

diversos diques de pegmatito.

4.1.4 Tonalito/Trondhjemito Cassiterita

Este corpo distribui-se na porção central da Folha de São João Del Rei. Possui coloração branca,

granulometria grossa e textura inequigranular xenoblástica. É cortado por várias gerações de

diques e pegmatitos associados com o Granito Ritápolis. Além disso, essa rocha é cortada por

diversas falhas e veios de quartzo mineralizados. Também pode ser observada a presença de três
33

tipos de xenólitos: rochas gnáissicas, rochas metabásicas associadas ao greenstone belt Rio das

Mortes e aglomerados de biotitas.

4.1.5 Suíte Intrusiva Ibitutinga

As rochas da suíte intrusiva Ibitutinga distribuem-se a norte da área estudada, próxima a cidade

de Ritápolis, é representada por quatro corpos ígneos, onde dois serão detalhados a seguir:

Diorito Brumado e Quartzo Monzodiorito Glória.

As rochas do Diorito Brumado ocupam cerca de 25 km2, e seus principais afloramentos são de

corte de ferrovia. O Quartzo Monzodiorito Glória (Ávila et al., 2006) ocorre à nordeste do

Diorito Brumado, estendendo-se até a proximidade da cidade de Coronel Xavier Chaves, possui

9 km2 de área e ocorre sob a forma de Lajedos na direção NNE-SSW. Esses plutons possuem cor

verde amarronada e granulometria fina a grossa. Suas texturas predominantes são do tipo

equigranular. Também possuem xenólitos de rocha metaultramáfica e de rocha anfibolítica do

greenstone belt Rio das Mortes. O Diorito Brumado encontra-se cortado por diversas gerações

de diques e pegmatitos associados com o Granito Ritápolis, o que revela a conotação temporal

mais velha que este último.

4.2 Domínio Litológico II

Segundo Ávila (2000), no Domínio Litológico II foram identificadas dezessete unidades de

mapeamento que compreendem: gnaisse leucocrático milonítico; rochas metaultramáficas da

sucessão Greenstone Belt Nazareno; Andesitos/Basaltos; rochas ultramáficas; Gabro São

Sebastião da Vitória (2220 ± 3 Ma); Granitóide do Lajedo, Granitóide Gentio, Quartzo Diorito

Dores do Campo, Granitóide do Cambuá; rochas da Suíte Serrinha (Granodiorito Brumado de

cima – 2187 ± 4 Ma, Granodiorito Brumado de Baixo – 2218 ± 4 Ma, Quartzo Diorito do Brito –

2198 ± 6 Ma, corpos granofíricos – 2192 ± 4 Ma, riolitos); rochas das seqüências deposicionais
34

Tiradentes, Lenheiro, Candaraí e Andrelândia (referentes às Bacias de São João Del Rei,

Candaraí e Andrelândia); diques metabásicos; diques de diabásio; Terciário e Quaternário.

A ocorrência de pegmatitos neste domínio foi observada somente no Gabro São Sebastião da

Vitória (de cerca de 30cm de largura).

Os seguintes plutons foram amostrados neste domínio e estudados no presente estudo:

4.2.1 Granitóide do Lajedo

O granitóide do Lajedo (Fig. 6D) encontra-se na porção oeste da folha topográfica São João Del

Rei e leste da folha topográfica Nazareno. No campo é fortemente alongado na direção NEE-

SWW e pode ser encontrado, principalmente sob a forma de blocos e mais raramente aflorar em

grandes Lajedos em drenagens (Foto 1D). Possui cor branca acinzentada, granulometria variando

de média a fina e as rochas encontram-se fortemente foliadas, destacando-se a presença zonas de

cisalhamento em escala de afloramento. As suas principais características petrográficas

encontram-se sumarizadas na Tabela 5.

4.2.2 Granitóide Gentio

O granitóide Gentio (Fig. 6E) localiza-se na porção sudeste da folha topográfica de Tiradentes e

a sudoeste da folha topográfica de Barbacena, próximo a cidade de Dores do Campo. Este corpo

possui cor branca e textura gnáissica pouco desenvolvida, e aflora em grandes Lajedos (Foto

1B). Em sua porção sudoeste ocorrem granitos rosados, de granulação grossa, com preservação

de estruturas de fluxo magmático em fenocristais de feldspato. As suas principais características

petrográficas encontram-se sumarizadas na Tabela 5.


35

4.2.3 Quartzo Diorito Dores do Campo

O Quartzo Diorito Dores do Campo (Fig. 6F) ocorre à nordeste da folha topográfica de

Tiradentes. Aflora próximo da antiga estação de Prados e suas rochas encontram-se fortemente

foliadas. As relações de campo apontam que este corpo é mais novo que: i) rochas

metaultramáficas plutônicas, pois estas são cortadas por uma pequena apófise diorítica; ii) rochas

anfibolíticas, pois estas ocorrem como xenólitos com coloração verde escura, formas angulosas

e, mais raramente, subarredondadas. Estes variam desde centimétricos até métricos e são

compostos por hornblenda e plagioclásio orientados conforme a foliação. Caracterizou-se, ainda,

que as rochas do Quartzo Diorito Dores do Campo são cortadas por uma geração de diques

graníticos, tabulares, hololeucocráticos, finos, foliados, que são compostos de quartzo, feldspato

e rara mica. Xenólitos do Quartzo Diorito Dores do Campo são observados nesses diques.

As suas principais características petrográficas encontram-se sumarizadas na Tabela 5.

4.2.4 Suíte Serrinha

A suíte Serrinha localiza-se entre as cidades de Nazareno e Tiradentes, sendo representada pelo

Quartzo Diorito do Brito, Granodiorito Brumado de Cima e Granodiorito Brumado de Baixo. As

relações de campo apontam que as rochas desta suíte são intrusivas em rochas metamáficas,

metaultramáficas e metassedimentares do greenstone belt Nazareno, contendo xenólitos de

rochas anfibolíticas e quartzíticas deste. As rochas da Suíte Serrinha foram modificadas por um

evento metamórfico-deformacional, que devido à baixa intensidade de deformação possibilitou a

preservação de grande parte das texturas primárias, com ligeiras modificações apenas nas

relações de alguns dos seus minerais magmáticos. Essas transformações se encontram associadas

a um intervalo termal de 350°C e 500°C, característico do metamorfismo do fácies xisto verde

(Ávila, em preparação).
36

O Quartzo Diorito do Brito aflora como dois corpos descontínuos orientados segundo a direção

regional (NEE-SWW), e ocorre localmente associado com rochas anfibolíticas. Sua cor é

esverdeada e possui textura equigranular. Além de possuir xenólitos de metavulcânicas máficas,

é cortado por diversos diques de composição granodiorítica.

O Granodiorito Brumado de Baixo aflora de forma alongada, orientado segundo a direção NEE-

SWW. Possui cor branca acinzentada com textura equigranular. Varia composicionalmente de

granodiorítica a monzogranítica. Esta rocha possui diferentes tipos de enclaves, dentre os quais:

litótipo metamáfico micáceo, quartzito micáceo e rocha félsica de composição quartzo-diorítica.

O Granodiorito Brumado de Cima abrange uma área de 2,5 Km2, e possui contatos claramente

intrusivos com as rochas do greenstone belt Nazareno. Apresenta composição variando de

granodiorítica a monzogranítica, possui cor branco acinzentado, com textura equigranular. Este

corpo é cortado por delgadas zonas de cisalhamento. Este pluton também possui três tipos de

xenólitos: rocha metavulcânica máfica, rocha quartzo-diorítica/tonalítica fina e quartzito

micáceo. Mostra veios de calcita, epidoto e quartzo, por vezes mineralizado com molibdenita e

calcopirita.

4.3 Súmula das características dos corpos plutônicos dos Domínios I e II

A seguir serão mostradas as principais características de campo (Tabela 5) e petrográficas

(Tabela 6) do plutons estudados. Estas tabelas serão comentadas nas interpretações geoquímicas

e geocronológicas. As figuras 7 a 11 apresentam as feições petrográficas de parte dos corpos

amostrados.
37

Localização
Estruturas e
Pluton em relação a Características Principais
Metamorfismo
ZCL

Gnaisse Granítico Norte Localmente ocorrem intercalações de bandas cinza (feldspato + quartzo + biotita) e Foliação marcante,
brancas (quartzo, feldspato). Possui enclaves xenolíticos de anfibolitos e gnaisse do metamorfismo de
Fé (Fig. 6A e 6B) greenstone Belt Rio das Mortes e de e actinolititos de corpos ultramáficos fácies xisto verde
acamadados. Cortado por diversas gerações de pegmatitos.
Granito Mama Rosa Norte Homogêneo. Localmente porfirítico com fenocristais de feldspato. Xenólito de Sem feições de
rocha anfibolítica. Cortado por escassos corpos pegmatíticos. deformação, não há
(Fig. 6C) indícios de
metamorfismo
Tonalito/Trondhjemito Norte Cortado por várias gerações de diques e pegmatitos associados com o Granito Foliação
Cassiterita Ritápolis. anastomosada,
metamorfismo de
Cortado por diversas falhas e veios de quartzo mineralizados. fácies xisto verde
Possui três tipos de xenólitos: rochas gnáissicas, rochas metabásicas associadas ao
greenstone belt Rio das Mortes e aglomerados de biotitas.

Granito Ritápolis Norte Xenólitos de rochas: piroxeníticos-gabróicas, gnaisses metassedimentares e Foliação,


anfibolitos (greenstone belt Rio das Mortes). Também possui xenólitos do metamorfismo de
Tonalito/Trondhjemito Cassiterita, Diorito Brumado e Quartzo Monzodiorito Glória. fácies xisto verde
E por fim, esse corpo é cortado por diversos diques de pegmatito.
Diorito Brumado Norte Xenólitos de rochas: metaultramáficas e anfibolíticas do greenstone belt Rio das Foliação,
Mortes. metamorfismo de
fácies xisto verde
Cortado por diversas gerações de diques e pegmatitos associados com o Granito
Ritápolis.
Quartzo Monzodiorito Norte Xenólitos de rochas: metaultramáficas e anfibolíticas do greenstone belt Rio das Foliação,
Glória Mortes. metamorfismo de
fácies xisto verde
Granitóide do Lajedo Sul Enclaves xenolíticos de rochas metamáficas, possivelmente do Greenstone belt Foliação,
Nazareno. metamorfismo de
(Fig. 6D) fácies xisto verde
Granitóide Gentio Sul Presença de textura de fluxo magmático. Subdividido em fácies porfirítica e Foliação incipiente,
equigranular média a grossa. Possui enclaves xenolíticos de anfibolitos e rochas metamorfismo de
(Fig. 6E) metaultramáficas do Greenstone Belt Dores de Campos. Cortado por corpos fácies xisto verde
pegmatíticos.
Diorito Dores do Sul Possui níveis bem marcados de hornblenda. Foliação,
Campo metamorfismo de
Cortado por uma geração de diques graníticos. fácies xisto verde
(Fig. 6F)
Enclaves xenolíticos de anfibolitos de cor verde escura.
Quartzo Diorito do Sul Possui xenólitos de metavulcânicas máficas. Foliação,
Brito metamorfismo de
Cortado por diversos diques de composição granodiorítica fácies xisto verde
Granodiorito Brumado Sul Xenólitos de: rocha metavulcânica máfica, rocha quartzo-diorítica/tonalítica fina e Foliação,
de Cima quartzito micáceo. metamorfismo de
fácies xisto verde
Veios de calcita, epidoto e quartzo.
Granodiorito Brumado Sul Xenólitos de: litótipo metamáfico micáceo, quartzito micáceo e rocha félsica de Foliação,
de Baixo composição quartzo-diorítica metamorfismo de
fácies xisto verde

Tabela 5: Principais características de campo dos plutons estudados localizados no Domínios Litológicos
I e II. ZCL: Zona de Cisalhamento do Lenheiro.
38

Classificação QAP
Pluton Minerais Principais Minerais Secundários Texturas
(Streckeisen, 1976)

esfeno, muscovita, allanita, clorita, zircão, inequigranular


quartzo, plagioclásio, carbonato, fluorita, apatita, minerais xenoblástica e
Gnaisse Granítico monzogranito a K-feldspato subordinadamente
opacos (ilmenita, molibdenita, ouro, pirita
Fé (Fig. 7 e 8) sienogranito (microclínio e pertita), e calcopirita), estiplomelano e granada. porfiroblástica com
biotita e epidoto megacristais de k-
feldspato, plagioclásio

Granito Mama Rosa quartzo, plagioclásio, k-


feldspato (microclínio e muscovita, carbonato, allanita, zircão e porfirítica com
(Fig. 10C, 10D e monzogranito
pertita), biotita e opacos fenocristais de pertita
10F) epidoto
Tonalito/ k-feldspato, hornblenda, zircão, aatita,
tonalito e plagioclásio, quartzo e
Trondhjemito allanita, minerais opacos, rutilo, epidoto, equigranular xenoblástica
granodiorito biotita
Cassiterita titanita, mica branca, carbonato e clorita.
tonalito, granodiorito, plagioclásio, quartzo, k-
zircão, allanita, apatita, minerais opacos, equigranular xenoblástica
Granito Ritápolis monzogranito e feldspato, biotita e
epidoto, muscovita, clorita e carbonato e porfiroblástica
sienogranito titanita
biotita, quartzo, epidoto, zircão, allanita,
Diorito, quartzo hornblenda, actinolita e equigranular
Diorito Brumado titanita, minerais opacos, mica branca,
diorito e tonalito plagioclásio hipidiomórfica
clorita e carbonato.
hornblenda, actinolita,
Quartzo quartzo diorito,
plagioclásio, biotita, titanita, apatita, zircão, allanita, minerais equigranular
Monzodiorito quartzo monzodiorito
epidoto, k-feldspato e opacos, clorita, carbonato e mica branca. hipidiomórfica
Glória e tonalito
quartzo
Granitóide do
Lajedo quartzo, plagioclásio, k-
inequigranular
granodiorito feldspato (microclínio), clorita, epidoto, opacos, allanita e zircão
(Fig. 9A, 9B, 9C e hipidiomórfica
biotita
9D)
Granitóide Gentio quartzo, plagioclásio, k- porfiroblástica com
(Fig. 9E, 9F, 10A e k-feldspato granito feldspato (microclínio e Biotita, muscovita, epidoto e zircão fenocristais de k-
10B) pertita) feldspato

Diorito Dores do
Campo plagioclásio, quartzo e biotita, mica branca, allanita, titanita, equigranular
quartzo-diorito
(Fig. 11A, 11B, anfibólio (horblenda) epidoto, opacos e zircão hipidiomórfica
11C e 11D)
zircão, apatita, allanita, minerais opacos,
Quartzo Diorito do quartzo, plagioclásio e anfibólio, k-feldspato, epidoto, zoisita, equigranular
quartzo-diorito
Brito biotita clinozoisita, titanita, mica branca, hipidiomórfica
carbonato e clorita
zircão, apatita, minerais opacos, allanita,
Granodiorito granodiorito a quartzo, plagioclásio, k- equigranular
epidoto, clinozoisita, zoisita, titanita, mica
Brumado de Cima monzogranito feldspato e biotita
branca, carbonato e clorita hipidiomórfica
biotita, zircão, apatita, minerais opacos,
Granodiorito granodiorito a quartzo, plagioclásio e allanita, titanita, clorita, epidoto, equigranular
Brumado de Baixo monzogranito k-feldspato clinozoisita, zoisita, carbonato e mica
hipidiomórfica
branca

Tabela 6: Principais características petrográficas dos plutons estudados localizados no Domínio


Litológico I e II. ZCL: Zona de Cisalhamento do Lenheiro.
39

(A) (B)

(C) (D)

(E) (F)

Figura 6: (A) Afloramento em Lajedo do Gnaisse Granítico Fé; (B) enclave xenolítico de cor cinza
escuro parcialmente digerido; (C) Afloramento em bloco do Granito Mama Rosa e (D) Visão geral do
afloramento em Lajedo do Granitóide do Lajedo; (E) Afloramento em Lajedo do Granitóide Gentio e (F)
Afloramento em corte de estrada do Quartzo Diorito Dores do Campo.
40

(A) (B)

(C) (D)

Mirm Pl

Mc
(E) (F)

Figura 7: Micropetrografia do Gnaisse Granítico Fé, (A) textura poligonal do quartzo recristalizado,
nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm; (B) textura lepidoblástica observada pela orientação das micas
segundo a foliação da rocha, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (C) porções protomilonitizadas do
Gnaisse Granítico Fé com matriz quartzo-feldspática recristalizada, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm;
(D) porfiroblasto de feldspato potássico envolto por matriz micácea, nicóis cruzados, base da foto 3,2
mm; (E) mirmequito (Mirm) associado com o microclínio (Mc), nicóis cruzados, base da foto 0,65 mm;
(F) plagioclásio (Pl) fraturado, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm.
41

Ep Op Tt

Al

(A) (B)

Ep Bt

Tt Es

Op

(C) (D)
Figura 8: Micropetrografia do Gnaisse Granítico Fé, (A) detalhe da allanita (Al) envolta por uma coroa de
epidoto (Ep), nicóis paralelos, base da foto 0,65 mm; (B) minerais opacos (Op) associados com a titanita
(Tt), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (C) associação máfica de minerais opacos (Op), biotita (Bt),
titanita (Tt) e epidoto (Ep), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (D) detalhe do cristal de estiplomelano
(Es), nicóis paralelos, base da foto 0,65 mm.
42

(1A) (1B)

Es

Ep
Bt

(1C) (1D)

Qzo
Micro
Mirmeq
Mirmeq
(1E) (1F)

Figura 9: Micropetrografia, (1A) Lajedo: textura poligonal do quartzo recristalizado, nicóis cruzados,
base da foto 1,3 mm; (1B) Lajedo: textura Plagioclásio alterado (sericitizado) e fraturado, nicóis cruzados,
base da foto 3,2 mm; (1C) Lajedo: biotita e muscovita orientadas segundo a foliação da rocha, nicóis
paralelos, base da foto 1,3 mm; (1D) Lajedo: coroa de epidoto (Ep) em volta de estiplomelano (Es),
biotita (Bt) e muscovita orientadas segundo a foliação, nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1E) Gentio:
Quartzo com textura granoblástica e mirmequito (Mirmeq), nicóis cruzados, base da foto 0,65 mm (1F)
Gentio: mirmequito (Mirmeq) associado com o microclínio (Micro), nicóis cruzados, base da foto 0,65
mm.
43

Pert
Bt

(1A) (1B)

Pert
Bt
Bt Ms

Micro

(1C) (1D)

Ep Pl
Al

(1E) (1F)

Figura 10: Micropetrografia, (1A) Gentio: profiroblasto de pertita (Pert), biotita ao lado (Bt), nicóis
cruzados, base da foto 1,3 mm; (1B) Gentio: textura lepidoblástica observada pela orientação das micas,
segundo a foliação da rocha, nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1C) Mama Rosa: Porfiroblasto de
pertita (Pert), biotita (Bt) e microclínio (Micro) ao lado, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm; (1D)
Mama Rosa: agregados de biotita (Bt) e muscovita (Ms), nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (1E)
Mama Rosa: epidoto (Ep) em agregados envolvendo allanita (Al), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm;
(1F) Mama Rosa: plagioclásio (Pl) alterado (sericitizado), nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm.
44

Hb
Hb
Bt

(A) (B)

Ep
Hb
Op
Ep
Hb
Op

(C) (D)

Figura 11: Micropetrografia, (1A) Quartzo Diorito Dores do Campo: horblenda (Hb) sendo substituída
parcialmente por biotita (Bt), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (1B) quartzo diorito Dores do
Campo: agregados de horblenda (Hb), nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1C) quartzo diorito Dores
do Campo: coroa de epidoto (Ep) envolvendo os minerais opacos (Op), horblenda (Hb) ao lado, nicóis
paralelos, base da foto 1,3 mm; (1D) quartzo diorito Dores do Campo: coroa de epidoto (Ep) envolvendo
os minerais opacos (Op), horblenda (Hb) ao lado, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm .
45

CAPÍTULO 5 LITOQUÍMICA

O conjunto de amostras analisadas para elementos maiores, menores e traços refere-se a: Gnaisse

Granítico Fé (6 amostras), Granito Mama Rosa (8 amostras), Granitóide do Lajedo (2 amostras),

Granitóide Gentio (13 amostras), Quartzo Diorito Dores do Campo (10 amostras). Para os ETR

foram analisadas: 4 amostras do Gnaisse Granítico Fé, 4 do Granito Mama Rosa, 2 do Granitóide

do Lajedo, 2 do Granitóide Gentio e 2 do Quartzo Diorito Dores do Campo. As tabelas 7 a 18

apresentam os dados geoquímicos obtidos.

As amostras do Granito Mama Rosa apresentam a maior variação no conteúdo de SiO2 (69,90 a

75,95 % peso), enquanto os demais corpos mostram intervalos mais restritos: Gnaisse Granítico

Fé (72,47 a 78,21 % peso), Granitóide Gentio (76,2 a 76,6 % peso); Granitóide do Lajedo (71,8 a

75,8 % peso); Quartzo Diorito Dores do Campo (52,0 a 52,08 % peso), este último pluton é o

que apresenta a maior diferença dentre os estudados.

As amostras do Granito Mama Rosa (2,66 a 5,76 % peso), Gnaisse Granítico Fé (3 a 5,17 %

peso) e do Granitóide Gentio (4,26 a 4,85 % peso), possuem valores mais elevados de K2O,

distinguindo-se dos teores mais baixos das amostras do Granitóide do Lajedo (1,56-1,81 % peso)

e Quartzo Diorito Dores do Campo (0,74 % peso).

Nos diagramas de Harker (Figura 12) destacam-se os baixos conteúdos de CaO, MgO, Fe2O3, Ni

e Cr de grande parte dos plutons. Isto é reflexo da escassez de plagioclásio cálcico e de fases

máficas (biotita e hornblenda) no magma destes corpos (Tabelas 7, 10 e 13). A única exceção é o

Quartzo Diorito Dores do Campo (Tabela 16) que possui abundante plagioclásio cálcico,

hornblenda, epidoto e rara biotita e desta maneira seu conteúdo nesses elementos é mais elevado.
46

O conteúdo de Na2O do Granitóide do Lajedo (5,92 a 6,02 % peso) é mais elevado que o do

Gnaisse Granítico Fé (3,09 a 4,46 % peso), do Granito Mama Rosa (2,95 a 4,85 % peso) e do

Granitóide Gentio (3,32 a 3,39 % peso). Essa variação é diretamente associada à abundância de

albita e escassez de microclínio no Granitóide do Lajedo e a presença de albita e microclínio nos

demais plutons.

O FeO varia de baixo a médio nos plutons Fé (0,6 a 2,08 % peso), Mama Rosa (0,84 a 2,21 %

peso), Lajedo (1,10 a 1,14 % peso) e Gentio (0,52 a 2,38 % peso), assim como, essa variação é

acompanhada por baixas concentrações de MgO dos mesmos: Fé (0,01 a 0,13 % peso), Mama

Rosa (0,06 a 0,23 % peso), Lajedo (0,23 a 0,33 % peso) e Gentio (0 a 1,43 % peso) - Tabelas 7,

10 e 13. Estes valores estão associados à ausência de hornblenda, ao baixo conteúdo em biotita e

fases opacas (Tabela 6). A única exceção é o Diorito Dores do Campo que apresenta valores

altos de FeO (5,32 a 7,56 % peso) e MgO (4,49 a 7,27 % peso) - Tabela 16, pois possui

hornblenda + biotita + minerais opacos (Tabela 6).

Em relação ao índice de aluminosidade, os plutons estudados podem ser separados em:

metaluminosos - Quartzo Diorito Dores de Campos devido à abundante presença de hornblenda;

metaluminosos/peraluminosos - Gnaisse Granítico Fé, Granitóide do Lajedo e Granito Mama

Rosa; e peraluminosos para o caso do Granitóide Gentio (Fig. 13a).

Quanto às características químicas, todos os corpos são subalcalinos (Fig. 13b) e possuem

tendência cálcio-alcalina, com exceção do Quartzo Diorito Dores de Campos, que plota no

campo dos toleítos (Fig. 13c) diferenciando-se dos demais corpos estudados. No diagrama SiO2

x K2O as amostras do quartzo diorito Dores de Campos situam-se entre os campos das séries

toleítica e cálcio-alcalina, pois possui baixo conteúdo de K2O, enquanto que a amostra do

Granitóide do Lajedo plota no campo da série cálcio-alcalina. As amostras do Granitóide Gentio,


47

do Granitóide Mama Rosa e do Gnaisse Granítico Fé variam amplamente, desde o campo cálcio-

alcalino até shoshonítico em decorrência dos conteúdos distintos de K2O.

Figura 12: Elementos maiores e traços em diagramas de variação usando SiO2 como índice de
diferenciação. Símbolos - : Gnaisse Granítico Fé; : Granitóide do Lajedo; : Granito Mama Rosa; :
Granitóide Gentio; : Quartzo Diorito Dores do Campo.
48

Os plutons Fé (93-469ppm), Gentio (43-162ppm) e Mama Rosa (107 a 291ppm) são mais

enriquecidos em Rb, ao contrário dos plutons Lajedo (41 a 43ppm) e quartzo diorito Dores do

Campo (13 a 41ppm). Esse conteúdo mais elevado em Rb é coerente com os valores mais altos

de K2O, que está relacionado à presença de microclina nos mesmos, enquanto nos plutons

Lajedo e Dores de Campos predominam o plagioclásio cálcico-sódico. O conteúdo de Ba nos

plutons Fé (202 a 1016ppm), Lajedo (773 a 874ppm), Gentio (636 a 861ppm) e Mama Rosa (291

a 1154ppm) é mais elevado que no Quartzo Diorito Dores do Campo (807 a 313ppm). Em

relação ao conteúdo de Sr, caracteriza-se que o Granito Mama Rosa (60-88ppm) e o pluton Fé

(30-97ppm) possuem baixos valores de Sr quando comparados com os demais plutons estudados,

possuem baixos valores quando comparados com os demais plutons estudados, estando este fato

relacionado ao menor conteúdo de plagioclásio cálcico.

Os corpos Fé e Mama Rosa apresentam no diagrama de ETR (Fig. 14a) uma forte anomalia

negativa de Eu, relacionada ao fracionamento de feldspato, enquanto que no Granitóide Gentio

essa anomalia é mais sutil, sugerindo que o fracionamento de feldspato não foi uma fase tão

marcante. Os padrões de enriquecimento para os LREE do Quartzo Diorito Dores do Campo e

do Granitóide do Lajedo são semelhantes, havendo um enriquecimento de todos os ETR no

primeiro. Essas altas concentrações de LREE podem ser atribuídas ao fracionamento de allanita,

enquanto os ETRP estariam relacionados ao fracionamento de zircão. Todos os pluton

apresentam altas razões ETRL/ETRP (Tabelas 9, 12, 15 e 18).


49

Figura 13: Diagramas discriminantes para os corpos estudados. (A) Diagrama de Maniar & Picolli
(1989) ANK x ACNK; (B) Diagrama AFM mostrando afinidade cálcio-alcalina; (C) SiO2 x Na2O + K20
(Irvine & Baragar, 1971); (D) diagrama SiO2 x K20. Símbolos - : Gnaisse Granítico Fé; : Granitóide
do Lajedo; : Granito Mama Rosa; : Granitóide Gentio; : Quartzo Diorito Dores do Campo.

O diagrama spider (Fig. 14b) mostra que as assinaturas de Sr, HFSE (Zr, P, Nb e Ti) e LILE (Ba

e K) de todos plutons são consistentes com feições geoquímicas de rochas derivadas de arco

magmático, assim como as anomalias negativas de Ti, e constituintes moderados de Y e Nb. As

amostras investigadas mostram anomalias positivas de Zr e fortes anomalias negativas de P2O5, o

que também é característico deste ambiente tectônico (Tabelas 8, 9, 11, 12, 14, 15, 17 e 18).
50

Figura 14: (a) Distribuição dos elementos terras raras normalizados para o condrito (Boynton, 1984); (b)
Spidergrama normalizado para o manto primitivo (Taylor & McLennan, 1985).
51

LC-01A LC-01B LC-02A LC-03 LC-04A LC-013A


El. Maiores

SiO2 74,16 72,47 74,93 75,71 78,21 73,51


Al2O3 13,39 13,69 13,43 11,6 11,4 13,89
MnO 0,026 0,04 0,026 0,055 0,041 0,029
MgO 0,13 0,3 0,04 0,01 0,01 0,09
CaO 1,07 1,15 0,81 0,98 0,5 0,9
Na2O 3,24 3,09 3,63 4,34 4,46 3,31
K2 0 5,1 5,06 4,83 3,11 3 5,17
TiO2 0,193 0,321 0,064 0,018 0,123 0,137
P2O5 0,045 0,061 0,025 0,005 0,003 0,050
Fe2O3 1,48 2,48 1,2 2,47 1,84 1,5
FeO 1,37 2,08 0,69 1,76 0,6 1,27
Total 99,35 99,24 99,37 98,67 99,74 99,15

Tabela 7:Análises químicas (% em peso) dos elementos maiores e menores do Gnaisse Granítico Fé.
52

El. Traços LC-01A LC-01B LC-02A LC-03 LC-04A LC-013A


Ba 765 786 202 1016 804 562
Ce 100 130 72 116 113 99
Cl <39 <39 <39 <39 <39 <39
Co <2 3 <2 2 <2 <2
Cr <5 16 <5 28 7 20
Cu 4 4 4 23 4 3
F <355 658 <355 1082 <355 <355
Ga 18 22 22 19 20 20
La 51 81 20 56 58 32
Nb 12 20 21 20 17 17
Nd 31 67 13 39 53 23
Ni <3 <3 <3 <3 4 <3
Pb 39 48 58 16 16 61
Rb 290 328 339 93 101 310
S <150 <150 <150 <150 <150 <150
Sc <4 4 <4 <4 <4 <4
Sr 94 97 53 67 39 71
Th 42 68 38 7 6 48
U 14 22 21 <3 3 <3
V 6 14 0 <3 <3 4
Y 31 37 40 71 73 38
Zn 33 60 38 90 128 43
Zr 150 208 92 341 312 141
Tabela 8: Análises químicas (em ppm) dos elementos traços do Gnaisse Granítico Fé.
53

ETR LC-01B LC-02A LC-03 LC-013A


Rb 312 348 98,7 293
Sr 92,2 53,6 63,6 64,6
Y 34,5 38,9 73,7 38,1
Zr 256 77,7 424 144
Nb 19,7 18 15,7 14,7
Cs 6,23 7,52 7,13 3,52
Ba 764 200 1090 567
La 97 24,7 58 70,7
Ce 185 59,9 120 144
Pr 18,3 5,96 13,7 13,6
Nd 60,5 20,5 51,5 44,1
Sm 10,6 5,2 10,2 8
Eu 0,77 0,3 1,62 0,44
Gd 8,36 5,01 9,27 6,39
Tb 1,16 0,91 1,56 1,03
Dy 5,93 5,74 9,97 5,84
Ho 1,17 1,21 2,34 1,23
Er 3,79 3,41 7,23 3,6
Tm 0,45 0,52 1,22 0,51
Yb 2,59 3,04 7,8 2,94
Lu 0,4 0,44 1,23 0,44
Hf 6,2 3,05 9,09 4,3
Ta 0,35 0,35 0,22 0,24
Pb 36,3 49,9 8,72 50,5
Th 63,2 28,6 7,12 59,2
U 22,3 18,4 1,68 5,38
Tabela 9: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Gnaisse Granítico Fé.
54

Elementos AL-07 AL-10 AL-14a AL-14b AL-15a AL-25 AL-36b AL-59a LC-06 LC-07
Maiores
SiO2 75,21 73,36 74,38 74,39 73,32 75,18 75,95 69,90 71,79 75,86
Al2O3 12,75 13,13 13,02 12,89 12,93 12,98 12,94 15,11 15,29 15,34
MnO 0,032 0,041 0,027 0,028 0,028 0,023 0,022 0,033 0,02 0,023
MgO 0,13 0,17 0,15 0,15 0,15 0,08 0,06 0,63 0,36 0,23
CaO 0,85 0,95 0,94 1,03 1,03 0,93 0,71 2,31 2,03 1,82
Na2O 3,23 3,15 2,95 3,32 3,32 3,57 3,82 4,85 5,92 5,99
K2 0 5,55 5,48 5,76 5,37 5,37 5,24 4,91 2,66 1,56 1,81
TiO2 0,129 0,185 0,184 0,201 0,201 0,108 0,083 0,456 0,231 0,156
P2O5 0,032 0,045 0,054 0,05 0,05 0,026 0,024 0,134 0,065 0,035
Fe2O3 1,55 1,84 1,85 1.88 1,91 1,41 1,13 2,79 1,73 1,54
FeO 1,04 1,06 1,27 1,5 1,36 1,25 0,84 2,21 1,14 1,10
Total 99,98 99,03 99,86 98,84 99,64 100,19 100,9 99,55 99,68 100,48

Tabela 10: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm) do Granito Mama Rosa e do Granitóide do Lajedo (amostras:
LC-06 e LC-07).
55

El. Traços AL-07 AL-10 AL-14a AL-14b AL-15a AL-25 AL-36b AL-59a LC-06 LC-07

Ba 388 810 749 771 833 419 291 1154 773 874
Ce 75 109 134 103 134 76 35 88 35 35
Cl 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50
Co 6 6 6 6 7 6 7 6 6 6
Cr 13 13 58 17 66 13 13 13 27 13
Cu 5 5 6 5 5 5 5 9 5 5
F 550 550 550 550 633 550 550 734 550 550
Ga 17 18 17 18 17 18 20 23 22 22
La 48 77 74 71 81 39 345 56 28 28
Nb 22 23 16 22 15 17 19 10 9 9
Nd 23 36 40 31 41 30 172 31 14 14
Ni 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Pb 58 51 46 49 46 62 53 19 10 12
Rb 249 263 263 246 251 236 291 107 41 43
S 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300
Sc 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14
Sr 60 79 84 77 88 69 60 481 971 835
Th 46 46 46 44 52 65 31 15 7 7
U 33 17 13 21 16 27 26 7 15 14
V 9 9 18 13 9 9 11 28 16 9
Y 57 29 31 273 39 41 34 13 4 5
Zn 39 44 43 43 41 34 35 63 50 48
Zr 149 163 177 160 182 135 99 241 94 82

Tabela 11: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Granito Mama Rosa e do Granitóide do Lajedo (amostras: LC-06 e LC-07).
56

ETR AL-07 AL-10 AL-15a AL-25 LC-06 LC-07


Rb 236 248 237 215 773 874
Sr 53,6 71,9 79,2 61,2 35 35
Y 50,1 25,4 33,8 69,3 50 50
Zr 141 173 172 130 6 6
Nb 19,2 20,7 12,8 14,6 27 13
Cs 1 0,94 1,49 1,02 5 5
Ba 407 798 825 404 550 550
La 42,9 70,4 78,4 58 22 22
Ce 88,9 132 174 109 28 28
Pr 9,31 14,5 16 12,2 9 9
Nd 30,8 46,1 50,8 40,6 14 14
Sm 7,05 8,24 8,65 9,5 5 5
Eu 0,43 0,6 0,7 0,43 10 12
Gd 7,19 7,77 8,67 10,3 41 43
Tb 1,23 0,9 1,05 1,74 300 300
Dy 7,49 4,55 5,71 10,5 14 14
Ho 1,73 0,89 1,22 2,38 971 835
Er 4,71 2,26 3,23 6,44 7 7
Tm 0,68 0,31 0,44 0,93 15 14
Yb 4,16 1,81 2,57 5,81 16 9
Lu 0,58 0,26 0,37 0,83 4 5
Hf 5,3 5,33 5,5 5,13 50 48
Ta 0,46 0,36 0,53 0,35 94 82
Pb 58 47,3 4,44 60,2 773 874
Th 36,9 38 42,6 59,4 35 35
U 31,4 14,2 12,5 22,2 50 50

Tabela 12: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Granito Mama Rosa e do Granitóide do Lajedo (amostras: LC-06 e LC-07).
57

Elementos
Maiores LC-24a LC-24b AN-48A AN-48D AN-49 AN-57A AN-58A AN-74 AN-85 AN-83A AN-94A AN-94B AN-98A
SiO2 76,25 76,68 76,15 75,31 68,66 73,46 73,11 74,46 72,85 65,43 72,35 74,99 75,01
Al2O3 12,34 12,77 14,36 13,81 15,79 14,08 14,99 14,35 14,84 16,62 14,23 13,74 13,91
MnO 0,027 0,018 0,012 0,025 0,038 0,015 0,022 0,013 0,032 0,048 0,031 0,021 0,021
MgO 0,38 0,05 0,05 0,33 0,95 0,23 0,21 0,08 0,19 1,43 0,56 0,08 0,00
CaO 1,20 0,73 1,21 1,98 3,57 1,34 1,02 0,29 0,91 3,61 1,47 0,86 0,72
Na2O 3,32 3,69 5,11 4,33 4,14 3,52 3,74 3,20 2,90 3,92 3,47 3,89 3,68
K2 0 4,26 4,85 1,24 1,92 1,73 4,55 4,13 5,58 4,51 2,50 4,15 4,65 5,24
TiO2 0,215 0,082 0,050 0,176 0,464 0,135 0,142 0,016 0,198 0,675 0,259 0,82 0,031
P2O5 0,059 0,021 0,006 0,057 0,157 0,041 0,037 0,91 0,042 0,211 0,08 0,021 0,019
Fe2O3 1,69 0,86 0,79 1,42 3,22 1,14 1,41 0,80 1,76 4,09 2,03 1,03 0,46
FeO 1,51 0,59 0,18 0,61 2,17 0,43 0,53 0,76 1,21 2,38 0,92 0,52 0,18
Total 100,26 100,33 99,78 99,82 99,48 99,17 99,87 99,78 99,67 99,63 99,49 99,82 99,63

Tabela 13: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm) do Granitóide Gentio.
58

El. Traços LC-24a LC-24b AN-48A AN-48D AN-49 AN-57A AN-58A AN-74 AN-85 AN-83A AN-94A AN-94B AN-98A
Ba 861 636 534 1690 624 1365 1002 653 937 692 1037 709 367
Ce 35 60 35 35 64 35 35 35 50 71 60 36 35
Cl 50 50 50 104 50 50 50 50 50 50 50 50 50
Co 6 6 6 6 7 6 6 6 6 10 6 6 6
Cr 13 75 13 13 25 13 13 13 13 15 13 13 13
Cu 5 5 7 8 5 5 5 7 5 38 10 16 19
F 550 551 550 550 580 550 550 550 550 819 550 550 550
Ga 22 16 24 19 22 17 23 20 23 22 17 23 23
La 28 46 28 28 61 61 28 28 35 35 48 39 16
Nb 9 10 23 11 15 9 13 14 19 9 11 13 14
Nd 14 25 14 14 21 14 14 14 14 23 17 14 14
Ni 5 5 5 5 8 5 5 5 5 9 5 5 5
Pb 13 30 13 19 14 28 38 75 33 15 26 34 40
Rb 43 162 23 30 59 113 145 195 157 152 161 143 145
S 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300
Sc 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14
Sr 832 141 207 359 413 235 175 69 122 441 195 126 87
Th 7 32 14 7 13 25 27 23 23 12 23 21 16
U 14 3 6 4 4 8 9 3 3 4 3 6 14
V 11 19 18 12 42 9 12 9 12 55 19 11 9
Y 4 14 30 7 8 12 14 13 18 6 17 14 28
Zn 48 31 15 33 71 23 24 38 52 73 34 18 5
Zr 82 152 90 110 201 90 118 89 160 238 199 94 71

Tabela 14: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Granitóide Gentio.
59

ETR LC-24a LC-24b


Rb 153 162
Sr 131 113
Y 8,01 6,66
Zr 174 81,3
Nb 6,77 6,05
Cs 2,33 1,16
Ba 601 768
La 52,1 13
Ce 86,2 32,5
Pr 9,7 2,51
Nd 29,4 8,02
Sm 4,23 1,76
Eu 0,55 0,35
Gd 4,08 1,63
Tb 0,34 0,22
Dy 1,7 1,18
Ho 0,3 0,23
Er 0,82 0,61
Tm 0,1 0,08
Yb 0,65 0,59
Lu 0,1 0,08
Hf 5,26 3,23
Ta 0,54 0,88
Pb 25,1 38,9
Th 28 18,8
U 2,14 7,27

Tabela 15: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Granitóide Gentio.
60

Elementos
Maiores LC-26a LC-26b AN-01A AN-02B AN-05A AN-05B AN-01C AN-02C AN-09C AN-46A
SiO2 52 52,08 54,18 53,68 57,87 57,40 53,65 53,14 49,72 51,16
Al2O3 15,93 15,93 16,63 16,70 15,64 15,68 16,86 15,86 18,33 15,17
MnO 0,151 0,151 0,166 0,138 0,143 0,142 0,169 0,144 0,151 0,191
MgO 7,27 7,27 4,88 6,73 4,49 4,66 4,96 7,23 4,41 6,17
CaO 8,72 8,72 8,17 8,54 7,20 7,44 8,40 8,57 8,82 10,56
Na2O 3,48 3,48 3,61 3,45 3,53 3,67 3,69 3,26 3,84 2,37
K2 0 0,74 0,74 0,74 0,55 0,38 0,44 0,70 0,56 0,65 0,25
TiO2 1,087 1,087 0,853 0,70 0,868 0,851 0,883 0,758 1,461 1,328
P2O5 0,212 0,212 0,146 0,147 0,217 0,220 0,149 0,149 0,292 0,132
Fe2O3 1,63 9,12 8,92 7,75 8,06 7,71 8,94 8,30 2,04 11,40
FeO 7,02 5,89 5,84 5,40 5,32 5,40 5,76 5,54 6,27 7,56
Total 100,42 100,42 99,32 99,75 99,64 99,45 99,56 99,55 99,69 99,63

Tabela 16: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm) do Quartzo Diorito Dores do Campo.
61

El. Traços LC-26a LC-26b AN-01A AN-02B AN-05A AN-05B AN-01C AN-02C AN-09C AN-46A
Ba 807 313 247 286 194 229 229 280 326 99
Ce 35 55 34 35 53 61 50 35 62 52
Cl 50 50 50 50 50 50 50 50 50 77
Co 6 24 27 30 20 23 32 35 23 35
Cr 13 224 72 209 132 136 67 244 16 38
Cu 5 15 7 15 9 13 7 50 62 24
F 550 550 550 550 550 550 589 643 652 550
Ga 18 20 19 17 18 19 19 17 23 18
La 28 28 32 28 28 28 28 28 28 28
Nb 10 9 9 9 9 9 9 9 9 9
Nd 14 31 15 16 30 27 23 14 30 28
Ni 5 88 33 95 59 66 34 106 14 24
Pb 42 8 8 4 5 4 7 4 4 6
Rb 41 13 18 14 7 9 18 15 18 4
S 300 300 300 300 300 300 300 300 541 300
Sc 14 19 27 24 23 21 26 29 30 44
Sr 125 440 350 453 409 435 357 401 502 266
Th 21 7 7 7 7 7 7 7 7 7
U 7 6 4 3 3 5 3 3 3 3
V 18 109 166 167 135 135 168 172 262 251
Y 12 21 30 17 22 17 26 18 27 33
Zn 24 87 98 69 86 85 101 77 86 81
Zr 94 170 85 73 152 132 97 96 149 105

Tabela 17: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Quartzo Diorito Dores do Campo.
62

ETR LC-26 LC-26B


Rb 17,7 16,8
Sr 354 414
Y 18,4 18,6
Zr 142 96
Nb 3,95 3,52
Cs 0,43 0,42
Ba 207 280
La 14,8 23,5
Ce 31,5 46,5
Pr 4,49 6,02
Nd 18,3 22,7
Sm 4,15 4,58
Eu 1,31 1,37
Gd 3,7 4,2
Tb 0,57 0,57
Dy 3,21 3,28
Ho 0,71 0,74
Er 1,8 1,88
Tm 0,28 0,3
Yb 1,7 1,86
Lu 0,25 0,29
Hf 3,79 3,8
Ta 0,19 0,14
Pb 2,14 2,95
Th 0,15 0,57
U 0,07 0,22

Tabela 18: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Quartzo Diorito Dores do Campo.
63

CAPÍTULO 6 GEOCRONOLOGIA E GEOQUÍMICA


ISOTÓPICA

As unidades plutônicas estudadas através dos métodos U-Pb e Nd-Sr são: Gnaisse Granítico Fé,

Granitóide Gentio, Quartzo Diorito Dores do Campo, Granitóide do Lajedo, Granito Mama

Rosa. Adicionalmente, foi realizado estudo Nd-Sr nos corpos: Tonalito/Trondhjemito Cassiterita,

Granito Ritápolis, Diorito Brumado, Quartzo Monzodiorito Glória, Quartzo Diorito do Brito,

Granodiorito Brumado de Cima e Granodiorito Brumado de Baixo. Além disso, foi obtida uma

idade K-Ar, em biotitas, da ZCL. Os parâmetros de Nd-Sr foram calculados com base na idade

U-Pb obtida para cada corpo, para fins de modelagem interpretativa e correlação temporal. Com

exceção do Granito Mama Rosa, que não possui idade U-Pb, seus dados de Nd foram calculados

com base na idade do Granito Ritápolis (2121 ± 7 Ma), pois se supõe que o Granito Mama Rosa

seja posterior ao Ritápolis, conforme sugerido pelas suas relações de campo.

6.1 Gnaisse Granítico Fé

Foi realizado neste pluton (Domínio Litológico I) uma datação U-Pb (LC-01A) acompanhada de

estudos isotópicos Nd-Sr (LC-02), e uma datação K-Ar (LC-04), no sua borda sul, onde ocorre o

contato com a ZCL.

6.1.1 Geocronologia U-Pb

Este gnaisse apresenta duas populações de zircão. Apenas uma das populações foi datada pelo

método U-Pb (TIMS). A primeira população selecionada para datação apresenta dois subtipos: i)

o primeiro subtipo consiste de zircões prismáticos alongados (Fig. 15a), pequenos, com

biterminação bem desenvolvida, incolor e com freqüentes inclusões. Possui relação 3:1

(comprimento:largura). Foram separadas 4 frações (LC-01A A; LC-01A B; LC-01A C; LC-01A


64

G) deste subtipo para diluição isotópica e espectrometria (Tabela 19); ii) o segundo subtipo

apresenta zircões prismáticos curtos (Fig. 15b), pequenos, com biterminação bem desenvolvida,

incolor e com freqüentes inclusões. Possui relação 1:1 (comprimento:largura), deste subtipo

foram separadas 4 frações (LC-01A D; LC-01A E; LC-01A F; LC-01A H) para espectrometria

(Tabela 19).

A segunda população deste pluton apresenta zircões com biterminação arredondada, de

coloração escura e aspecto sujo (Fig. 15c), e possui freqüentes inclusões. Devido ao alto teor de

Pb destes zircões eles não foram selecionados para geocronologia.

(a) (b) (c)

Figura 15: Diferentes tipos de zircão do Gnaisse Granítico Fé. (a) zircão incolor, prismático alongado,
com biterminação bem desenvolvida; (b) zircão incolor prismático curto com biterminação bem
desenvolvida; (c) zircão escuro com biterminação arredondada e de aspecto sujo (não selecionado para
datação).

O programa Isoplot/EX (Ludwig, 2000) foi usado para o cálculo da idade. Do total de nove

análises realizadas, duas foram descartadas por apresentar em baixo teor de Pb radiogênico. Das

análises selecionadas (Tabela 19) cinco situam-se próximo ao intercepto superior com a

Concórdia (Figura 16). A idade Discórdia/Concórdia é de 2191,2 ± 8,6 Ma (2σ), interpretada

como a da cristalização do Gnaisse Granítico Fé.


65

0.44

LC-01A 2200
0.40 Gnaisse Granítico Fé

2000
0.36 LC-01A DLC-01A A
LC-01A G
U

1800 LC-01A H
0.32
238

LC-01A E
Pb/

1600
0.28
206

0.24 1400
Intercepto Inferior: 517 ± 38 Ma
Intercepto Superior: 2191.2 ± 8.6 Ma
0.20 1200
LC-01B B MSWD = 7.1

1000
0.16
1 3 5 7 9
207 235
Pb/ U
Figura 16: idade U/Pb em zircão do gnaisse granítico Fé.

6.1.2 Isótopos Nd-Sr

A análise Sm-Nd (Tab. 23) de rocha total da amostra (LC-02) mostra valores de fSm/Nd=-0,44,

compatível com parâmetros crustais normais de fracionamento de Nd. A idade Sm-Nd TDM

calculada para estágio simples é de 2,67 Ga, e o εNd(2,191Ga) é – 3,08.

A razão inicial 87Sr/86Sr(2,191Ga) (Tab. 24) da amostra (LC-02) é 0,70497. Este valor sugere que o

protólitos têm baixa razão Rb/Sr em coerência com características isotópicas de materiais de

crosta média e/ou profunda. Alternativamente a razão inicial calculada sugere uma assimilação

de litótipos máficos como os presentes no greenstone belt Rio das Mortes (Tabela 5), que se

situa nas proximidades. Isto está de acordo também com a presença de xenólitos assemelhados

dessas unidades neste pluton. Portanto, esses dados apontam para uma mistura de magma

paleoproterozóico juvenil com componentes crustais para a gênese do Gnaisse Granítico Fé (Fig.

23).
66

6.1.3 Geocronologia K-Ar

A análise K-Ar em biotitas, foi coletada no borda sul do Gnaisse Granítico Fé, amostra LC-04,

onde ocorre o ocorre o contato com a zona de cisalhamento do Lenheiro (ZCL), com o objetivo

de datar o último evento termal desta estrutura. A idade obtida (Tab. 25) na ZCL foi de 550 ± 11

Ma, indicando que o último evento termal ocorrido foi no ciclo Brasiliano. Esta idade pode estar

relacionada aos episódios de deformação e metamorfismo ocorridos no Brasiliano. Em estudos

futuros seria indicado fazer uma datação Ar-Ar para investigar se a ZCL é contemporânea a

intrusão dos granitóides paleoproterozóicos estudados.

6.2 Granito Mama Rosa

No granito Mama Rosa (Domínio Litológico I) foi feito apenas estudo isotópico Nd-Sr (AL-07).

Não foi possível fazer uma datação U-Pb devido às altas concentrações de Urânio dos zircões

concentrados deste pluton.

6.2.1 Isótopos Nd-Sr

A análise Sm-Nd (Tab. 23) de rocha total da amostra (AL-07) mostra valores de fSm/Nd=-0,32.

A idade Sm-Nd TDM calculada para estágio simples é de 3,07 Ga, e o εNd(2,12Ga) é – 5,32.

A razão inicial 87Sr/86Sr(2,12Ga) (Tab. 24) desta amostra (AL-07) é 0,70497. Esse valor sugere que

os protólitos dessa rocha têm baixa Rb/Sr, sendo consistente com a participação de materiais de

crosta profunda ou assimilação de litótipos do greenstone belt Rio das Mortes (Tabela 5), o qual

o pluton é intrusivo. Portanto, esses dados sugerem uma origem de retrabalhamento de crosta

paleoproterozóica (Fig. 23).

6.3 Granitóide do Lajedo

No granitóide do Lajedo (Domínio Litológico II) foi feita uma datação U-Pb (LC-06), bem

como geoquímica isotópica Nd-Sr da mesma amostra.


67

6.3.1 Geocronologia U-Pb

Foram obtidas três populações de zircão: 1) cristais pequenos prismáticos com terminação

arredondada e incolores (Fig. 17a); 2) cristais pequenos prismáticos com terminação arredondada

e coloração branca, de aspecto sujo e com freqüentes inclusões (Fig. 17b); 3) cristais prismáticos

alongados com terminação arredondada e incolores, que contém poucas inclusões (Fig. 17c).

(a) (b) (c)


Figura 17: Tipos de populações de zircão do Granitóide do Lajedo. (a) cristais pequenos prismáticos com
terminação arredondada e incolores; (b) cristais pequenos prismáticos com terminação arredondada e
coloração branca; (c) cristais prismáticos alongados com terminação arredondada e incolores.

Da população 1 foram separadas 2 frações (LC-06 B, LC-06 C), da população 2 foram separadas

mais 2 frações (LC-06 D, LC-06 E), e da população 3 foi separada uma fração (LC-06 A), para

datação U-Pb. Cinco análises (Tabela 20) forneceram uma discórdia com idade de intercepto

superior (Fig. 18) de 2208 ± 26 Ma (MSDW=57), (2σ). Dessas cinco amostras a população 3 foi

a que mais se aproximou da Concórdia, sugerindo a sua origem magmática, reforçado pelo

hábito dos cristais analisados. A idade obtida é interpretada como a de cristalização do

Granitóide, conforme sugerido pelo hábito prismático dos zircões das 3 populações.
68

Figura 18: Diagrama U-Pb do Granitóide do Lajedo.

6.3.2 Isótopos Nd-Sr

A análise Sm-Nd (Tab. 23) de rocha total da amostra mostra valores de fSm/Nd=-0,42,

compatível com parâmetros crustais normais de fracionamento de Nd. A idade Sm-Nd TDM

calculada para estágio simples é de 2,60 Ga, e o εNd(2,21Ga) é – 1,67. Portanto, esses dados

sugerem novamente uma gênese a partir de uma mistura de magma paleoproterozóico juvenil

com componentes crustais arqueanos (Fig. 23). Da mesma forma a razão inicial 87Sr/86Sr(2,21Ga)

(Tab. 24) da amostra é 0,70322; esse valor baixo sugere que os protólitos têm baixa razão Rb/Sr.

Esta hipótese é coerente com a presença de xenólitos de rochas máficas no pluton (Tabela 5).

6.4 Granitóide Gentio

No granitóide do Gentio (Domínio Litológico II) foi feita uma datação U-Pb (LC-24A),

acompanhado por estudos isotópicos Nd-Sr da mesma amostra.


69

6.4.1 Geocronologia U-Pb

O Granitóide Gentio possui duas populações de zircão: 1) cristais pequenos prismáticos com

terminações arredondadas e incolores (Fig. 19a); 2) cristais pequenos prismáticos com

biterminação bem desenvolvida e incolores (Fig. 19b).

(a) (b)

Figura 19:Tipos de populações de zircão do Granitóide Gentio. (a) cristais pequenos prismáticos com
terminação arredondada e incolores; (b) cristais pequenos prismáticos com biterminação bem definida e
incolores.

Destas duas populações foram separadas três frações da população 1 (LC24- A A; LC24- A B;

LC24- A C); e uma fração da população 2 (LC24-A D) para. Duas frações (LC24-A A, LC24- A

D) forneceram uma discórdia com idade de intercepto superior (Fig. 20) de 2066,3 ± 10 Ma,

(2σ), o cálculo da discórdia foi forçado a zero, pois foi calculado com base em dois pontos

(Tabela 21). As outras duas frações tiveram perdas pronunciadas de Pb, portanto não foram

aproveitadas no cálculo da idade. Esta idade é interpretada como idade mínima de cristalização

do Granitóide Gentio, uma vez que as frações A e B são muito discordantes em relação à

Concórdia.
2300
0.42
Granitóide Gentio
2100
0.38
Pb/238U

1900
0.34
206

1700 LC-24A
0.30
LC-24D

0.26 1500
Intercepto
2066.3 +10/-9 Ma
0.22 1300
2 4 6 8
207 235
Pb/ U
Figura 20: Diagrama U-Pb do Granitóide Gentio.
70

6.4.2 Isótopos Nd-Sr

Os dados Sm-Nd (Tabela 23) forneceram valores de fSm/Nd=-0,53 e idade modelo TDM,

calculada para estágio simples, de 3,01 Ga e εNd(2,066Ga) de – 10,85. Sua assinatura de Nd indica

uma fonte de retrabalhamento de crosta arqueana (Fig. 23).

87
A razão inicial Sr/86Sr(2,066Ga) é de 0,70021, (Tabela 24). Este valor sugere que os protólitos

dessa rocha têm baixa Rb/Sr, sendo consistente com a participação de materiais de crosta

profunda ou litótipos do greenstone belt Nazareno, que ocorre nas proximidades deste corpo.

6.5 Quartzo Diorito Dores do campo

Para este corpo (Domínio Litológico II) foi feita uma datação U-Pb (LC-26A), e o estudo

isotópico Nd-Sr correspondente (LC-26A).

6.5.1 Geocronologia U-Pb

Apenas uma população de zircão está presente no Quartzo Diorito Dores do Campo: cristais

pequenos prismáticos com terminação arredondada e incolores (Fig. 21).

Figura 21: População de zircão do Quartzo Diorito Dores do Campo.

Desta população foram separadas quatro frações (LC-26-A A; LC-26-A B; LC-26-A C e LC-26-

A E) para datação (Tabela 22). Duas frações (LC-26-A A, LC-26-A D) forneceram uma

discórdia com idade de intercepto superior (Fig. 22) de 2198,9 ± 6,5 Ma (MSDW=3,4), (2σ). As

outras duas frações (LC-26-A B e LC-26-A C) tiveram ganhos de Pb, portanto não foram
71

aproveitadas no cálculo da idade. Esta idade é interpretada como idade de cristalização do

quartzo diorito Dores do Campo.

LC-26A C
Diorito Dores do Campo 2280

0.42
2240
LC-26A B

2200
LC-26A A
U

0.40 2160 LC-26A D


238
Pb/

2120
206

2080 2198,9 ±6.5 Ma


0.38 MSWD = 3,4
cálculo com o Fração LC-26A A e
2040
LC-26A D

2000

0.36
6.0 6.4 6.8 7.2 7.6 8.0 8.4 8.8

207 235
Pb/ U

Figura 22: Diagrama U-Pb do Quartzo Diorito Dores do Campo.

6.5.2 Isótopos Nd-Sr

Os dados Sm-Nd (fSm/Nd=-0,45) forneceram (Tabela 23) idade modelo TDM, calculada para

estágio simples de 2,52 Ga e εNd(2,198 Ga) de – 0,06. Sua assinatura de εNd e TDM são compatíveis

com uma diferenciação manto-crosta a partir de protólito com curta vivência crustal (Fig. 23).

A razão inicial 87Sr/86Sr(2,198Ga) (Tabela 24) de 0,70445, sugere que os protólitos dessa rocha têm

baixa Rb/Sr, sendo consistente com a participação de materiais de crosta profunda ou

assimilação de litótipos do greenstone belt Nazareno (Tabela 5).

6.6 Demais Corpos Plutônicos

Em adição aos estudos mencionados, foram realizados os métodos Sm-Nd (Tabela 23) e Rb-Sr

(Tabela 24), com o intuito de ampliar o leque de interpretações no contexto regional, nos
72

seguintes corpos: Tonalito/Trondhjemito Cassiterita, Granito Ritápolis, Diorito Brumado,

Quartzo Monzodiorito Glória, localizados ao norte da Zona de Cisalhamento do Lenheiro

(Domínio Litológico I); e nos plutons: Quartzo Diorito do Brito, Granodiorito Brumado de Cima

e Granodiorito Brumado de Baixo, localizados ao sul da ZCL (Domínio Litológico II).

Os dados Sm-Nd (fSm/Nd=-0,48) para o Tonalito/Trondhjemito Cassiterita forneceram idade

modelo TDM, calculada para estágio simples, de 2,46 Ga e εNd(2,162 Ga) de – 0,96, calculado com

base na idade U-Pb deste corpo. A razão inicial 87Sr/86Sr(2,162Ga) foi de 0,73427.

No Granito Ritápolis, os dados Sm-Nd forneceram idade modelo TDM, calculada para estágio

simples, de 2,51 Ga, fSm/Nd=-0,50 e εNd(2,121 Ga) de – 2,4, calculado com base na idade U-Pb

deste corpo. A razão inicial 87Sr/86Sr(2,121Ga) obtida foi de 0,73427.

O Diorito Brumado obteve idade modelo TDM, calculada para estágio simples, de 2,71 Ga,

fSm/Nd=-0,33 e εNd(2,131 Ga) de – 2,64, calculado com base na idade U-Pb deste corpo. A razão

inicial 87Sr/86Sr(2,131Ga) obtida foi de 0,71362.

O Quartzo Monzodiorito Glória teve uma idade modelo TDM, calculada para estágio simples, de

2,68 Ga, fSm/Nd=-0,45 e εNd(2,189 Ga) de – 3,36, calculado com base na idade U-Pb deste corpo.

A razão inicial 87Sr/86Sr(2,189Ga) obtida foi de 0,70510.

Já no Domínio Litológico II o Quartzo Diorito do Brito obteve idade modelo TDM, calculada para

estágio simples, de 2,63 Ga, fSm/Nd=-0,27 e εNd(2,221 Ga) de – 0,45, calculado com base na idade

U-Pb deste corpo. A razão inicial 87Sr/86Sr(2,221 Ga) obtida foi de 0,70500.

Os dados Sm-Nd (fSm/Nd=-0,38) para o Granodiorito Brumado de Cima forneceram idade

modelo TDM, calculada para estágio simples, de 2,52 Ga e εNd(2.187 Ga) de – 0,66, calculado com

base na idade U-Pb deste corpo. A razão inicial 87Sr/86Sr(2.187Ga) foi de 0,73075.
73

E finalmente, para o Granodiorito Brumado de Baixo, os dados Sm-Nd forneceram idade modelo

TDM, calculada para estágio simples, de 2,56 Ga, fSm/Nd=-0,36 e εNd(2.218 Ga) de – 0,68,
87
calculado com base na idade U-Pb deste corpo. A razão inicial Sr/86Sr(2.218Ga) obtida foi de

0,72726.

Analisando o gráfico de evolução do εNd(2.13Ga) no Tempo (Fig. 23), pode-se verificar algumas

diferenças entre os corpos plutônicos estudados. O cálculo com base na idade de 2,13 Ga foi

adotado como referência à idade do pluton mais jovem, apresentada nesta dissertação. O Quartzo

Diorito do Brito e o Quartzo Diorito Dores do Campo são os plutons que possuem assinatura de

εNd e TDM compatíveis com uma diferenciação manto-crosta, o que é consistente com a

assimilação de litótipos do greenstone belt Nazareno de idade arqueana.

Com uma maior contribuição de material crustal, aparecem os plutons: Granodiorito Brumado de

Cima e Granodiorito Brumado de Baixo, também localizados no Domínio Litológico II. Á

exceção do Granitóide Gentio, os demais plutons possuem uma assinatura de mistura de magma

paleoproterozóico juvenil com componentes crustais arqueanos em maior ou menor grau,

conforme mostrado no gráfico. Isto se deve, provavelmente a assimilação de litótipos dos

greenstones Rio das Mortes e Nazareno (Tabela 5), dependendo da localização de cada pluton.

E finalizando, o Granitóide Gentio e o Granito Mama Rosa são os plutons que mais se destacam

dos demais em termos de natureza isotópica, indicando uma gênese de retrabalhamento crustal

de protólitos de provável idade arqueana, conforme suas idades TDM.


74

De Paolo
Gnaisse Granítico Fé
Quartzo Monzodiorito Glória
εNd(2,13Ga) Granito Mama Rosa
20 Quartzo Diorito do Brito
Granitóide do Lajedo
10 Diorito Brumado
Granito Ritápolis
0 Granitóide Gentio
Quartzo Diorito Dores do Campo
-10 Tonalito/Trondhjemito Cassiterita
Granodiorito Brumado de Cima
-20 Granodiorito Brumado de Baixo

-30

-40

-50 Idade (Ga)


0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

Figura 23: Evolução do εNd(2,13Ga) no Tempo, para os plutons estudados neste trabalho.
75

Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
(%) (%) (%) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC 01A-A P,Dt,Cl(p.longo) 6,38745 0,477 0,346211 0,743 0,991745 2,888412 0,7430 0,133809 0,0612 10323,6 136,1 361,6 0,036 1917 2031
LC 01 A-D P,Dt,Cl(p.longo) 6,35687 0,491 0,345778 0,485 0,987053 2,892029 0,4850 0,133335 0,0788 912,5 115,8 293,0 0,036 1914 2026
LC 01 A-E P,Dt,Cl(p.curto) 6,34851 0,473 0,345678 0,47 0,99308 2,892866 0,470 0,133198 0,0555 8865,4 133,4 355,7 0,022 1914 2025
LC 01 A- G P,Dt,Cl(p.curto) 6,32622 0,712 0,342872 0,684 0,961708 2,91654 0,684 0,133817 0,1950 11850,3 166,3 445,1 0,023 1901 2022
LC 01 A-H P,Dt,Cl(p.curto) 6,27906 0,818 0,341559 0,781 0,956516 2,927752 0,781 0,13333 0,2380 4351,8 146,9 394,4 0,028 1894 2016
LC 01 A-B P,Dt,Cl(p.longo) 3,09631 0,477 0,195357 0,472 0,991212 5,118834 0,472 0,114951 0,0631 5726,6 64,0 308,4 0,331 1150 1432
LC 01 A-C P,Dt,Cl(p.longo) 3,01982 6,98 0,195409 5,17 0,80022 5,117472 5,170 0,112082 4,2100 112,1 69,6 216,6 0,045 1151 1413
LC 01 A-F P,Dt,Cl(p.curto) 6,46318 1,91 0,354607 1,11 0,67622 2,820023 1,110 0,132189 1,4200 261,5 107,5 227,0 0,032 1957 2041

Tabela 19: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Gnaisse Granítico Fé (amostra LC-01A). Legenda: . PDtCl: cristal prismático com biterminação
bem desenvolvida, transparente e com raras inclusões. p.longo = prisma longo, p. curto = prisma curto.

Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
(%) (%) (%) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC-06 A PrTCl 7,485570 0,54 0,392734 0,54 2,546253 0,54 0,138237 0,07 1834,74 102,02 222,8 0,01557 2136 2171 2205
LC-06 B PrOtI 4,370890 0,50 0,245516 0,49 4,073054 0,49 0,129119 0,06 2646,27 50,80 204,1 0,0299 1414 1707 2086
LC-06 C PrOtI 5,449810 0,58 0,298011 0,57 3,355581 0,57 0,132631 0,10 1562,03 38,53 124,5 0,0147 1681 1893 2133
LC-06 D PrTCl 6,197080 0,53 0,333433 0,52 2,999103 0,52 0,134796 0,06 2017,25 49,77 145,2 0,0231 1855 2004 2161
LC-06 E PrTCl 5,792800 0,85 0,317942 0,84 3,145228 0,84 0,132142 0,13 1029,83 22,60 65,6 0,01049 1780 1945 2127

Tabela 20: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Granitóide do Lajedo (amostra LC-06). Legenda: PrTCl -cristal prismático com terminação
arredondada, transparente e com raras inclusões. PrOtI - cristal prismático com terminação arredondada, translúcido e com freqüentes inclusões.
76

Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
(%) (%) ( %) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC-24B A PrTCl 3,789770 3,520 0,231540 3,460 4,318908 0,98 0,118199 0,660 163,07 24,520 83,10 0,00415 1348 1591 1929
LC-24B B PrTCl 4,816240 0,670 0,279626 0,640 3,576205 0,95 0,124919 0,200 1262,75 95,740 314,20 0,00398 1590 1788 2028
LC-24B C PDtCl 5,28479 0,551 0,304696 0,546 3,281960 0,99 0,125794 0,0753 905,0793 81,304 237,51 0,01565 1714,6 1866 2040

Tabela 21: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Granitóide Gentio (amostra LC-24B). Legenda: PrTCl-cristal prismático com terminação
arredondada, transparente e com raras inclusões. PDtCl: cristal prismático com biterminação bem desenvolvida, transparente e com raras inclusões.

Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
( %) ( %) (%) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC-26A A PrOtCl 7,670150 1,43 0,403333 1,42 2,479341 0,99 0,137924 0,19 429,92 38,16 76,0 0,0069 2184 2193 2201
LC-26A C PrOtCl 7,593880 2,22 0,400092 2,11 2,499425 0,94 0,137658 0,73 446,35 16,51 34,4 0,01045 2170 2184 2198
LC-26A B PrOtCl 7,486360 3,23 0,409596 3,18 2,441430 0,98 0,132560 0,57 127,55 18,18 31,9 0,00657 2213 2171 2132
LC-26A E PrOtCl 7,761270 1,94 0,418615 1,25 2,388830 0,73 0,134467 1,34 67,53 57,81 61,6 0,00875 2254 2204 2157

Tabela 22: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Diorito Dores do Campo (amostra LC-26A). Legenda: PrOCl - cristal prismático com terminação
arredondada, translúcido e com raras inclusões.
77

147
Rocha Amostra Sm Nd Sm/144Nd 143
Nd/144Nd E(0) fSm/Nd TDM (Ma) e(TDM) T1 E(T1) Referência
(ppm) (ppm) (Ma)
Granitóide do Lajedo LC-06 1,180 6,279 0,1137 0,511353 -25,06 -0,42 2591,9 -25,06 2190,0 -1,86
Granito Mama Rosa AL-07 13,148 59,072 0,1346 0,511476 -22,67 -0,32 3068 -22,67 2190,0 -5,32
Gnaisse Granítico
LC-02 7,278 39,843 0,1105 0,511245 -27,17 -0,44 2675,0 2,25 2190,0 -3,08

Granitóide Gentio LC-24A 3,590 23,572 0,0921 0,510669 -38,41 -0,53 3008,1 1,72 2190,0 -9,19
Diorito Dores do
LC-26A 4,145 18,576 0,1349 0,511747 -17,39 -0,31 2524,9 2,51 2190,0 -0,13
Campo
Qtzo Monzodiorito CAWT02
8,021 44,941 0,1079 0,511195 -28,15 -0,45 2683,5 2,24 2190,0 -3,35
Glória A22/Glória
Granitóide do Brito C39-C 8,746 36,621 0,1444 0,511855 -15,27 -0,27 2637,0 2,32 2190,0 -0,66
Tonalito/trondjhemito Geocr-10-
2,140 12,600 0,1027 0,511260 -26,88 -0,48 2460,5 2,62 2190,0 -0,62
Cassiterita Cassiterita
Diorito/tonalito Geocr-7-
4,330 19,870 0,1318 0,511598 -20,29 -0,33 2714,1 2,19 2190,0 -2,15
Brumado Brumado
Geocr-5-
3,350 20,480 0,0989 0,511159 -28,85 -0,50 2515,3 2,52 2190,0 -1,53
Granito Ritápolis Ritápolis
Brumado de Cima C39-A 10,291 51,376 0,1562 0,511740 -17,52 -0,21** 3576,8 --- 2190,0 -6,20

Brumado de Baixo C39-B 6,705 32,284 0,1256 0,511572 -20,80 -0,36 2562,4 ---- 2190,0 -0,93
Cherman &
------ ------ ------ 0,0095 0,509770 -55,95 -0,95 2453,3 2,62 2190,0 -5,1
Gnaisse Nazareno Valença (2005)
Noce et al. (2000)
Gnaisse Itutinga ------ ------ ------ 0,1135 0,511373 -24,68 -0,42 2556,4 2,45 2190,0 -2,07 Cherman &
Valença (2005)
Diorito Rio Grande ------ 5,732 30,908 0,1121 0,511394 -24,27 -0,43 2487,3 2,57 2190,0 -0,66 Cherman (2002)

Tabela 23:Resultados Sm-Nd dos plutons do Cinturão Mineiro.


78

Rocha Amostra Rb Sr Sr87/Sr86 Rb87/Sr86 (Sr87/Sr86)0

(ppm) (ppm) (Y) (X) p/T(Ma)


Granitóide do Lajedo LC-06 61,95 784,98 0,70841 0,228 0,70322

Granitóide Mama Rosa AL-07 285,9 74,4 1,026407 11,472 0,70497

Gnaisse Granítico Fé LC-02 305,2 99,3 0,957915 9,116 0,70497

Granitóide Gentio LC-24A 118,80 981,43 0,71292 0,351 0,70510

Quartzo diorito Dores do Campo LC-26A 39,53 283,71 0,71288 0,403 0,70500
CAWT02
Quartzo Monzodiorito Glória 118,80 981,43 0,71292 0,351 0,70510
A22/Glória
Granitóide do Brito C39-C 39,53 283,71 0,71288 0,403 0,70500
Geocr-10-
Tonalito/Trondjhemito Cassiterita 67 149,25 - - 0,73427
Cassiterita
Geocr-7-
Diorito Brumado 49,8 134,7 - - 0,71362
Brumado
Geocr-5-
Granito Ritápolis 64 155,2 - - 0,73256
Ritápolis
Brumado de Cima C39-A 65,9 158,2 - - 0,73075

Gnaisse Nazareno - - - 0,71418 - 0,70189

Gnaisse Itutinga - - - 0,70894 - 0,70164

Brumado de Baixo C39-B 61,7 238,3 - - 0,727726

Tabela 24: Resultados Rb-Sr dos plutons do Cinturão Mineiro.

Litótipo ou Materia Erro de K Ar40Rad ccSTP/g Ar40Atm Idade Erro


Amostra
Estrutura Analisado % de K (%) (*10-6) (%) (Ma) (Ma)
Milonito LC-04 Biotita 6,63 0,50 165,81 2,73 550,4 11,8
Tabela 25: Resultado K-Ar da ZCL.
79

CAPÍTULO 7 SÚMULA INTERPRETATIVA E


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução magmática do Cinturão Mineiro produziu um volumoso plutonismo cálcio-alcalino

(e.g. Ávila, 2000; Noce et al., 2000; Teixeira et al., 2005; Ávila et al., 2006). De acordo com as

idades U-Pb TIMS dos granitóides: Fé (2191 ± 9 Ma), Lajedo (2208 ± 26 Ma) e Dores do

Campo (2198,9 ± 6,5 Ma), estes representariam a fase mais antiga reconhecida do plutonismo, a

qual é contemporânea à colocação dos seguintes plutons: Quartzo-Monzodiorito Glória (2188 ±


207
29 Ma; Ávila et al., 2006), Diorito Rio Grande (2155 ± 3 Ma – idade Pb/206Pb; Cherman,

2002).

Os dados geocronológicos e feições geoquímicas indicam que esses plutons são comparáveis às

intrusões: Diorito Brumado (2131 ± 4 Ma - Ávila 2000); Trondhjemito/Tonalito Cassiterita

(2162 ± 10 Ma - Ávila et al., 2000); Quartzo-Monzodiorito Glória (2188 ± 29 Ma - Ávila et al.,

2006), pois possuem idades similares e uma composição variando de metaluminosa a

peraluminosa (Fig. 13a), uma tendência cálcio-alcalina (Fig. 13b), e um trend sub-alcalino (Fig.

13c).

Os plutons Fé e Lajedo originaram-se de misturas de magma juvenil paleoproterozóico com

protólitos originários de greenstone belts Rio das Mortes e Nazareno, respectivamente, conforme

sugerem nas assinaturas εNd(T) (– 3,1; -1,9), respectivamente. Já os Granitóides Mama Rosa e

Gentio mostram uma assinatura isotópica compatível com retrabalhamento de crosta arqueana,

εNd(T) (– 5,3; -10,8). E finalmente, o Quartzo Diorito Dores do Campo, que também se encaixa

neste contexto tectônico apresenta uma assinatura isotópica juvenil de idade arqueana, εNd(T) (–

0,1).
80

Na ZCL foi obtida a idade de 550,4 ± 11 Ma, indicando que o último evento térmico ocorrido

nesta falha foi no ciclo Brasiliano. Seria recomendável em estudos posteriores o uso da

ferramenta 40Ar/39Ar para detalhar a evolução cronológica desta estrutura.

Os resultados dos corpos estudados aliados com dados da literatura citados neste trabalho,

plotados no diagrama εNd(t) x 87Sr/86Sr(T) (Fig. 24) e recalculados para T=2,13 Ga, mostram uma

distribuição nos campos isotópicos III e IV indicativos da presença de componentes crustais e

componentes mantélicos enriquecidos, ou a idéia da existência de um arco plutônico.

Figura 24: Diagrama εNd(2,13) x 87Sr/86Sr(T) mostrando os resultados de corpos plutônicos na parte central
do Cinturão Mineiro.

Essas maiores feições isotópicas são também consistentes com uma curta residência crustal do

material. Pode-se observar uma amostra com predominância de magmas com residência em

crosta inferior (à esquerda do gráfico), tipo Bulk Earth com influência de reservatório
81

metassomático. E o outro (quadrante IV) com residência em crosta superior paleoproterozóica e

magmas juvenis (à direita do gráfico). Essas características são comuns a boa parte das rochas

plutônicas estudadas na porção central do Cinturão, e apontam para a existência de um ambiente

de arco plutônico.

A integração dos dados geocronológicos e isotópicos (gerados neste trabalho juntamente com

dados da literatura), do plutonismo granitóide máfico e félsico da parte central do Cinturão

Mineiro, com o modelo proposto por Alkmin (2004) define a existência de dois conjuntos

distintos, a norte e ao sul da ZCL (Teixeira et al., 2005; Ávila et al., 2006): i) os plutons Brito,

Brumado de Cima, Nazareno, Itutinga, Brumado de Baixo, Lajedo e Quartzo Diorito Dores do

Campo, situados ao sul do Lenheiro, com idades U-Pb entre 2255 e 2198 Ma, exibem valores de

εNd(2,13) pouco negativos entre -0,1 e -1,8 (Fig. 25). Esses parâmetros isotópicos combinados com

suas idades Sm-Nd TDM comparáveis (entre 2,8 e 2,6 Ga) sugerem contribuição de magmas

paleoproterozóicos com baixa contaminação por materiais de curta vivência crustal. Esses

plutons se enquadram na primeira etapa evolutiva do Cinturão (pré-colisional), intrusão de

corpos plutônicos entre 2220 Ma e 2198 Ma definida por Ávila (2000) e Valença et al. (2000). ii)

quatro outros plutons distribuídos ao norte desta ZCL, considerados da “Fase Arco” descrito por

Ávila (comunicação pessoal) com idades radiométricas entre 2189 ± 29 e 2131 ± 4 Ma, exibem

valores de εNd(2,13) com tendência mais negativa (Fig. 25) entre -0,6 e -3,5 (Cassiterita, Brumado,

Fé e Glória). Esses dados em conjunto com a variação de suas idades TDM (2,5 a 2,7 Ga) sugerem

uma tendência de maior interação de magmas proterozóicos com componentes arqueanos

relativamente ao outro conjunto isotópico, embora existem alguns com assinatura semelhante aos

plutons do bloco sul da ZCL; e uma cristalização tardia com relação ao grupo anterior. Os dados

sugerem uma semelhança com a terceira fase evolutiva do Cinturão, onde ocorre fusão da crosta

oceânica em um ambiente de margem continental do tipo Andino, gerando um novo arco


82

magmático (ver Tabela 1). Este comportamento aponta para um cenário proximal com o

substrato continental primitivo arqueano.

Já os plutons Ritápolis (2121 ± 7 Ma) e Mama Rosa situados neste mesmo bloco tectônico a

norte da falha do Lenheiro, possuem εNd(2.13) (-2.40 e –5.86) e TDM (2,51Ga e 3,07Ga), indicando

uma maior interação de componentes arqueanos com magmas proterozóicos, com relação aos

dois grupos anteriores. No contexto evolutivo do Cinturão esses plutons se enquadram na fase

sin- a tardi-colisional (Ávila, 2000).

Finalmente, o Granitóide Gentio (>2066,3 ± 10 Ma), situado na porção sul da ZCL, possui

εNd(2,13) = -10,8 e TDM = 3,0 Ga, sugerindo, também, uma maior interação dos magmas

proterozóicos com componentes de crosta arqueana, e um posicionamento na fase final da

evolução do Cinturão Mineiro, junto com as intrusões graníticas pós-tectônicas (Bruecker et al., 2000;

Noce et al., 2000).

Adicionalmente a modelagem isotópica de todo o conjunto plutônico estudado para T = 2,13 Ga

permitiu diferenciá-los geneticamente em relação aos plutons de idades mais jovens do Cinturão

no Quadrilátero Ferrífero, anteriormente datados por Noce et al. (2000). Isto reforça a hipótese

de haver pulsos magmáticos de caráter tectônico e natureza distintas, no âmbito da Província Sul

Mineira.

A Figura 26 mostrada com a adição dos dados de Cherman & Valença (2005), revela que a ZCL

baliza plutons de gênese distinta, mas ocorre também um imbricamento dos plutons devido a

subducção e colisão e colapso orogênico do cinturão. Os plutons localizados ao norte da ZCL

sugerem associar-se a fase inicial da evolução magmática, enquanto que os plutons localizados
εNd(2,13Ga)
ao sul da ZCL sugerem vincular-se à terceira fase evolutiva do Cinturão, ligados geneticamente

a subducção de litosfera oceânica. À exceção é o Granitóide Gentio que apresenta uma idade
83

mais jovem com relação aos plutons localizados ao sul da ZCL, indicando o seu caráter pós-

tectônico.
De Paolo
Gnaisse Granítico Fé
Quartzo Monzodiorito Glória
20 Granito Mama Rosa
Quartzo Diorito do Brito
10 Granitóide do Lagedo
Diorito Brumado
0 Granito Ritápolis
Granitóide Gentio
-10 Quartzo Diorito Dores do Campo
Tonalito/Trondhjemito Cassiterita
-20 Granodiorito Brumado de Cima
Granodiorito Brumado de Baixo
-30
Ortognaisse Nazareno
Ortognaisse Itutinga
-40
Diorito Rio Grande

-50

-60 Idade (Ga)


0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Figura 25: Evolução do εNd(2.13Ga) no tempo, para os plutons da porção central do Cinturão.

Figura 26: Gráfico de εNd(2,13) versus idade, dos corpos da porção central do Cinturão Mineiro.
84

7.1 Comparações com os plutons paleoproterozóicos da porção norte do Cráton São


Francisco

Na porção norte do Cráton São Francisco ocorrem algumas semelhanças com relação ao

magmatismo paleoproterozóico aqui investigados. Na Tabela 26 estão sumarizados as principais

idades radiométricas e TDM dos plutons paleoproterozóicos dos blocos: Gavião, Jequié e

Serrinha; e do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá. Segundo Barbosa & Sabaté (2004), foi durante

a Orogênese Transamazônica paleoproterozóica que os blocos Gavião, Jequié e Serrinha (blocos

arqueanos) colidiram, formando como evidência estrutural desta colisão o lineamento

Contendas-Jacobina. Evidências estruturais, petrológicas e geocronológicas sugerem que este

cinturão orogênico foi formado entre 2,1 e 2,0 Ga, sendo o maior evento colisional ocorrido na

região (Barbosa & Sabaté, 2004). Esta colisão foi provavelmente oblíqua com transporte

tectônico na direção NW, e durante este processo fragmentos do Bloco Jequié podem ter sido

incorporados no Cinturão Itabuna-Salvador Curaçá (Alkmin & Noce, 2006). O metamorfismo

ocorrido chegou a temperaturas de pico de 850 ˚C e 7 Kbar (2,0 Ga). As intrusões ocorridas

nesta fase mostram um caráter peraluminoso e valores de εNd(t) negativos (-13 a –5). As

assinaturas geoquímicas indicam que os magmas produzidos foram predominantemente por

fusão crustal (Sabaté, 1990). Com uma maior concentração no setor nordeste do domínio

orogênico, esses granitos exibem, no geral, idades em torno de 2,0 Ga (e.g. Granitos: Caculé,

Serra da Franga, Poço Grande, Ambrósio e Campo Formoso - Tabela 26).

Esta colisão paleoproterozóica é correlacionada ao Cráton Congo-Gabão que se localiza no oeste

do cinturão africano. Conforme modelos acrescionários (Feybesse et al., 1998) de 2,5 – 2,0 Ga, a

Orogênese Transamazônica seria similar em muitos aspectos à porção norte do Cráton São

Francisco (Fig. 27). Associações litológicas com a mesma idade aparecem em ambos os crátons,

indicando condições geodinâmicas similares. Isto sugere uma maior convergência de segmentos

continentais arqueanos e terrenos paleoproterozóicos há cerca de 2,0 Ga.


85

Pluton Idade (Ma) TDM (Ga) Referência


(2)
Granito Caeté 2015 ± 27 2,6 Santos Pinto, 1996
(2)
Granito Serra da Franga 2039 ± 11 - Santos Pinto, 1996
Granito Umburanas 2049 ± 5(2) 3,3 Santos Pinto, 1996
(3)
Granito Gameleira 1947 ± 57 2,9 Marinho, 1991
Granito Campo Formoso 1969 ± 29(3) 2,6 Mougeot, 1996
Granito Ambrósio 2000 (1) 2,1 Rios, 2002
Tonalito Barra do Rocha 2092 ± 13(2) - Ledru et al., 1994
Tonalito Itabuna 2130 (2) 2,6 Barbosa & Sabaté, 2002
Tonalito Pau Brasil 2089 ± 4(2) - Correa Gomes, 2000
Granito Marmotas 2001 ± 2 (2) - Rios, 2002
Granito Fazenda Bananas 2072 ± 1(1) - Rios, 2002

Granito Alto Bonito 2076 ± 6(1) - Rios, 2002

Granito Maravilha 2071 ± 1(1) - Rios, 2002

Granito Barroquinhas 2073 ± 1(1) - Rios, 2002

Granito Pedra Vermelha 2080 ± 7(1) - Rios, 2002

Granito Caculé 2015 ± 27 2,6 Santos Pinto, 1996

Granito Poço Grande 2070 ± 47 - Bastos Leal, 1998

Quartzo Monzonito Mairi 2126 ± 19 - Oliveira & Lafon, 1995

Charnokito Brejões 2026 ± 4 - Barbosa et al, em prep.

Tabela 26:Idades dos principais plutons paleoproterozóicos dos Blocos Gavião, Jequié e Serrinha, e do
Cinturão Itabuna Salvador-Curaçá. (1) método U-Pb em zircão, (2) Método Pb-Pb e (3) Método Rb-Sr.
86

Figura 27: Contexto geotectônico Brasil-África

Comparando a variação de idades U-Pb (2255-2066 Ma) e TDM (2,4 – 3,5 Ga) do Cinturão

Mineiro (Fig. 28), com os intervalos da porção norte do Cráton São Francisco (1947-2092 Ma),

TDM (2,1 – 3,3 Ga); observa-se idades paleoproterozóicas mais antigas no Cinturão sugerindo

que a Orogênese Transamazônica foi um pouco mais precoce nesta porção. Já as idades TDM

mostram uma similaridade de valores, sugerindo que os protólitos de ambos os conjuntos

tiveram uma gênese a partir de uma mistura de magma paleoproterozóico juvenil com

componentes crustais arqueanos em maior ou menor quantidade.


87

Figura 28: Gráficos comparativos de: idade (Ma) e idade TDM (Ga), entre os plutons do Cinturão Mineiro
e do norte do Cráton São Francisco. Símbolos- : Cinturão Mineiro; : porção norte do Cráton São
Francisco.
88

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96

ANEXO I

Pluton Id. de campo Coordenadas Amostragem


Gnaisse Granítico Fé LC-01A 0574014 e 7667008 Petrografia, litoquímica, datação U-Pb
Gnaisse Granítico Fé LC-01B 0574014 e 7667008 Petrografia, litoquímica
Gnaisse Granítico Fé LC-02 0574194 e 7666810 Petrografia, litoquímica e isótopos Nd-Sr
Gnaisse Granítico Fé LC-03 0572695 e 7666321 Petrografia, litoquímica
Gnaisse Granítico Fé LC-04 0572016 e 7666056 Petrografia, litoquímica e datação K-Ar
Gnaisse Granítico Fé LC-13 0580465 e 7670075 Petrografia, litoquímica
Granitóide do Lajedo LC-06 0552310 e 7656951 Petrografia, litoquímica, isótopos Nd-Sr e datação U-Pb
Granitóide do Lajedo LC-07 0552752 e 7659695 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo LC-26A 0595168 e 7663991 Petrografia, litoquímica, isótopos Nd-Sr e datação U-Pb
Diorito Dores do Campo LC-26B 0595168 e 7663991 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 1A 0694598 e 7663795 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 1C 0694598 e 7663795 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 2B 0695215 e 7663989 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 2C 0695215 e 7663989 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 5A 0695815 e 7664255 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 5B 0695815 e 7664255 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 5 C 0695815 e 7664255 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 9C 0697530 e 7664103 Petrografia, litoquímica
Diorito Dores do Campo AN - 46A 0698037 e 7662375 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio LC-24A 0594042 e 7660512 Petrografia, litoquímica, isótopos Nd-Sr e datação U-Pb
Granitóide Gentio LC-24B 0594042 e 7660512 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio LC-25 0594065 e 7661148 Petrografia
Granitóide Gentio AN - 48A 0698512 e 7661775 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 48D 0698512 e 7661775 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 49 0698612 e 7661850 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 57A 0698460 e 7659956 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 58A 0698055 e 7659344 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 74 0699411 e 7661245 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 83A 0694401 e 7660455 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 85 0694305 e 7660412 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 94A 0693987 e 7660525 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 94B 0693987 e 7660525 Petrografia, litoquímica
Granitóide Gentio AN - 98A 0693976 e 7661344 Petrografia, litoquímica
Granito Mama Rosa AL-07 0563440 e 7666154 Petrografia, litoquímica, isótopos Nd-Sr
Granito Mama Rosa AL-10 0562748 e 7666533 Petrografia, litoquímica
Granito Mama Rosa AL-14a 0562591 e 7666648 Petrografia, litoquímica
Granito Mama Rosa AL-14b 0562591 e 7666648 Petrografia, litoquímica
Granito Mama Rosa AL-15a 0562676 e 7666508 Petrografia, litoquímica
Granito Mama Rosa AL-25 0563899 e 7666608 Petrografia, litoquímica
Granito Mama Rosa AL-36b 0573255 e 7667008 Petrografia, litoquímica
Granito Mama Rosa AL-59 0573255 e 7670055 Petrografia, litoquímica
Qzo-Monzodiorito Glória CAWT02 A22/Glória 0577250 e 7675140 Isótopos Nd-Sr
Tonalito Cassiterita Geocr-10-Cassiterita 0563899 e 7664603 Isótopos Nd-Sr
Diorito Brumado Geocr-7-Brumado 0572809 e 7670055 Isótopos Nd-Sr
Granito Ritápolis Geocr-5-Ritápolis 0573255 e 7671104 Isótopos Nd-Sr
Granodiorito Brumado de cima C39 - A 0571149 e 7660870 Isótopos Nd-Sr
Granodiorito Brumado de baixo C39 - B 0569897 e 7662097 Isótopos Nd-Sr
Qzo-Diorito do Brito C39 - C 0568790 e 7659530 Isótopos Nd-Sr

Tabela 27: Localização dos pontos amostrados neste trabalho.

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