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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SÃO PAULO
2007
i
AGRADECIMENTOS
contribuir durante as diferentes etapas envolvidas desde o começo até o fim desta Dissertação.
Inicio pela minha família, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos. Obrigado, ao
meu marido Afonso, minha filha Júlia, meus pais Ilo e Marlene.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Wilson Teixeira, o qual me incentivou e apoiou durante as
atividades da USP. Ao Prof. Dr. Ciro Alexandre Ávila que me acompanhou nas atividades de
campo e laboratório bem como a leitura crítica da parte deste documento, assim como seus
estagiários da UFRJ.
Quero enfatizar a minha gratidão aos técnicos dos laboratórios CPGeo e ICP-MS do Instituto de
Geociências da USP, que me forneceram o suporte técnico para o andamento das minhas
Agradeço aos meus colegas de pós graduação pelo companheirismo ao longo desses dois anos de
atividades.
E por fim agradeço ao Instituto de Geocências da USP, por fornecer uma ótima infraestrutura de
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ II
RESUMO ................................................................................................................................. X
ABSTRACT.......................................................................................................................... XII
C A PÍ T U L O 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS................................................................................................................... 3
1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA E ACESSO ................................................................................ 4
C A PÍ T U L O 2 METODOLOGIA ............................................................................... 5
2.1 PESQUISA DE CAMPO ................................................................................................... 5
2.2 PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS ........................................................................................ 5
2.3 GEOQUÍMICA DE ROCHA TOTAL ................................................................................... 6
2.4 GEOCRONOLOGIA U-PB ............................................................................................... 7
2.5 ISÓTOPOS ND-SR ......................................................................................................... 9
2.6 GEOCRONOLOGIA K-AR ............................................................................................. 11
C A PÍ T U L O 5 LITOQUÍMICA ................................................................................ 45
LISTA DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 24: Diagrama εNd(2,13) x 87Sr/86Sr(T) mostrando os resultados de corpos plutônicos na parte central
do Cinturão Mineiro. ___________________________________________________________ 80
Figura 25: Evolução do εNd(2.13Ga) no tempo, para os plutons da porção central do Cinturão. __ 83
Figura 26: Gráfico de εNd(2,13) versus idade, dos corpos da porção central do Cinturão Mineiro. 83
Figura 27: Contexto geotectônico Brasil-África _____________________________________ 86
Figura 28: Gráficos comparativos de: idade (Ma) e idade TDM (Ga), entre os plutons do Cinturão
Mineiro e do norte do Cráton São Francisco. Símbolos- : Cinturão Mineiro; : porção norte do
Cráton São Francisco. _________________________________________________________ 87
x
RESUMO
A área de estudo localiza-se na borda sul do Cráton São Francisco, no Cinturão Mineiro, este é
porção integrante da Província Sul Mineira. Neste contexto ocorre um mosaico de terrenos
arqueanos e paleoproterozóicos de alto a médio grau metamórfico e associações granito-
greenstone. Os corpos plutônicos, estudados neste trabalho, fazem parte do abundante
plutonismo paleoproterozóico intrusivo nos greenstone belts Nazareno (Arqueano) e Rio das
Mortes (Proterozóico). Dentro deste contexto ocorre a zona de Cisalhamento do Lenheiro (ZCL),
que delimita estes greenstones belts: Nazareno (ao sul da falha) e Rio das Mortes (ao norte da
falha); assim como plutons paleoproterozóicos. Os plutons escolhidos para este trabalho foram:
Gnaisse Granítico Fé, Granito Mama Rosa, Tonalito/Trondhjemito Cassiterita, Granito Ritápolis,
Diorito Brumado e Quartzo Monzodiorito Glória, localizados ao norte da ZCL; e: Granitóide do
Lajedo, Granitóide Gentio, Quartzo Diorito Dores do Campo, Quartzo Diorito do Brito,
Granodiorito Brumado de Baixo e Granodiorito Brumado de Cima, localizados ao sul da ZCL.
Os estudos petrográficos indicam as seguintes características para os corpos: Gnaisse Granítico
Fé (monzogranito a sienogranito), Granito Mama Rosa (monzogranito), Tonalito/Trondhjemito
Cassiterita (tonalito a granodiorito), Granito Ritápolis (tonalito, granodiorito, monzogranito e
sienogranito), Diorito Brumado (Diorito, quartzo diorito e tonalito), Quartzo Monzodiorito
Glória (quartzo diorito, quartzo monzodiorito e tonalito), Granitóide do Lajedo (granodiorito),
Granitóide Gentio (k-feldspato granito), Quartzo Diorito Dores do Campo (quartzo-diorito),
Quartzo Diorito do Brito (quartzo-diorito), Granodiorito Brumado de Baixo (granodiorito a
monzogranito) e Granodiorito Brumado de Cima (granodiorito a monzogranito).
Os plutons Fé, Mama Rosa e Lajedo possuem composição peraluminosa/metaluminosa, o
Quartzo Diorito Dores do Campo é metaluminoso e o Granitóide Gentio é peraluminoso. O
Gnaisse Granítico Fé, Granito Mama Rosa e Granitóide Gentio variam desde o campo cálcio-
alcalino até shoshonítico em decorrência dos conteúdos de K2O, já o Granitóide do Lajedo é
cálcio-alcalino e o Quartzo Diorito Dores do Campo varia de toleítico e cálcio-alcalino.
Foram obtidas idades de cristalização U/Pb (TIMS) em zircão do: Gnaisse Granítico Fé (2191 ±
9 Ma), Granitóide do Lajedo (2208 ± 26 Ma), Granitóide Gentio (2066± 10 Ma – idade mínima)
e Quartzo Diorito Dores do Campo (2198 ± 6 Ma).
Os resultados dos isótopos de Nd/Sr dos corpos são: Gnaisse Granítico Fé (εNd(2190Ma) = – 3,1;
TDM = 2,7 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70497); Granito Mama Rosa (εNd(2121Ma) = – 5,3; TDM = 3,0 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,70497), Tonalito/Trondhjemito Cassiterita (εNd(2162Ma) = – 0,1; TDM = 2,5 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,73427), Granito Ritápolis (εNd(2121Ma) = – 2,4; TDM = 2,5 Ga; 87Sr/85Sri = 0,73427),
Diorito Brumado (εNd(2131Ma) = – 2,6; TDM = 2,71 Ga; 87Sr/85Sri = 0,71362), Quartzo
Monzodiorito Glória (εNd(2189Ma) = – 3,4; TDM = 2,7 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70510), Granitóide do
Lajedo (εNd(2208) = – 1,7; TDM = 2,6 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70322), Granitóide Gentio (εNd(2066Ma) = –
10,8; TDM = 3,0 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70021), Quartzo Diorito Dores do Campo (εNd(2198Ma) = – 0,1;
TDM = 2,6 Ga; 87Sr/85Sri = 0,70445), Quartzo Diorito do Brito (εNd(2221Ma) = – 0,45; TDM = 2,6 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,70500), Granodiorito Brumado de Baixo (εNd(2218Ma) = – 0,68; TDM = 2,6 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,72726) e Granodiorito Brumado de Cima (εNd(2187Ma) = – 0,66; TDM = 2,5 Ga;
87
Sr/85Sri = 0,73075).
A integração dos dados geoquímicos, geocronológicos e isotópicos permitiu diferenciar a
existência de dois conjuntos distintos, a norte e ao sul da ZCL. Os plutons: Brito, Brumado de
Cima, Nazareno, Itutinga, Brumado de Baixo, Lajedo e Quartzo Diorito Dores do Campo,
situados ao sul da zona de cisalhamento do Lenheiro, possuem uma contribuição de magmas
paleoproterozóicos com baixa contaminação por materiais de curta vivência crustal. Esses
plutons se enquadram na primeira etapa evolutiva do Cinturão, entre 2220 Ma e 2198 Ma. Os
plutons Cassiterita, Brumado, Fé e Glória distribuídos ao norte desta ZCL, considerados da
xi
“Fase Arco” sugerem maior interação de magmas proterozóicos com componentes arqueanos
relativamente ao outro conjunto isotópico; e uma cristalização tardia com relação ao grupo
anterior. Já os plutons Ritápolis (2121 ± 7 Ma) e Mama Rosa situados neste mesmo bloco
tectônico a norte da falha do Lenheiro, indicam uma maior interação de componentes arqueanos
com magmas proterozóicos, com relação aos dois grupos anteriores, e no contexto evolutivo do
Cinturão esses plutons se enquadram na fase sin- a tardi-colisional. E finalmente, o Granitóide
Gentio, situado na porção sul da Zona de Cisalhamento do Lenheiro, possui uma maior interação
dos magmas proterozóicos com componentes de crosta arqueana, e um posicionamento na fase
final da evolução do Cinturão Mineiro, junto com as intrusões graníticas pós-tectônicas. Isto reforça
a hipótese de haver pulsos magmáticos de caráter tectônico distinto, no âmbito da Província Sul
Mineira.
Adicionalmente, dados comparativos de idade U-Pb e TDM, do Cinturão Mineiro com a porção
paleoproterozóica ao norte do Cráton São Francisco, indicam que a Orogênese Transamazônica
foi um pouco mais precoce no Cinturão. Os protólitos das rochas plutônicas de ambas as porções
tiveram uma gênese a partir de uma mistura de magma paleoproterozóico juvenil com
componentes crustais arqueanos em maior ou menor quantidade.
xii
ABSTRACT
The study area is located in the southern border of the São Francisco Craton, Mineiro Belt. This
portion comprises part of the Sul Mineira Province. In this context occurs medium to high
metamorfic grade Archean and Paleoproterozoic terrains mosaic and granite-greenstone
associations. The plutonic bodies, studied in this work, make part of volumous paleoproterozoic
plutonism intrusive in to Nazareno greenstone belt (Archean) and Rio das Mortes greenstone belt
(Proterozoic). The Lenheiro shear zone (LSZ delimits these greenstone belts: Nazareno (in the
south) and Rio das Mortes (in the north); as well as the Paleoproterozoic plutons. The plutons
chose for this work are: Fé Granitic Gneiss, Mama Rosa Granite, Cassiterita
Tonalite/Trondhjemite, Ritápolis Granite, Brumado Diorite e Glória Quartz-Monzodiorite,
located in the north LSZ; and: Lajedo Granitoid, Gentio Granitoid, Dores do Campo Quartz-
Diorite, Brito Quartz-Diorite, Brumado de Baixo Granodiorite and Brumado de Cima
Granodiorite, located in the south LSZ.
Their petrographic characteristics are was follow: Fé Granitic Gneiss (monzogranite to
sienogranite), Mama Rosa Granite (monzogranite), Cassiterita Tonalite/Trondhjemite (tonalite to
granodiorite), Ritápolis Granite (tonalite, granodiorite, monzogranite and syenogranite),
Brumado Diorite (diorite, quartz-diorite and tonalite), Glória Quartz-Monzodiorite (quartz-
diorite, quartz-monzodiorite and tonalite), Lajedo Granitoid (granodiorite), Gentio Granitoid (k-
feldspar granite), Dores do Campo Quartz-Diorite (quartz-diorite), Brito Quartz-Diorite (quartz-
diorite), Brumado de Baixo Granodiorite (granodiorite to monzogranite) and Brumado de Cima
Granodiorite (granodiorite to monzogranite).
The Fé, Mama Rosa and Lajedo plutons have peraluminous/metaluminous composition, the
Dores do Campo Quartz-Diorite is metaluminous and the Gentio Granitoid is peraluminous. The
Fé Granitic Gneiss, Mama Rosa Granite and Gentio Granitoid alternate calc-alcaline trend to
shoshonitic trends, in terms of K2O contents. The Lajedo Granitoid is calcic-alkaline and Dores
do Campo Quartz-Diorite alternate toleiitic and calcic-alkaline caracteristics.
We have obtained U-Pb ages (zircon) for the following rocks: Fé Granitic Gneiss (2191 ± 9 Ma),
Lajedo Granitoid (2208 ± 26 Ma), Gentio Granitoid (2066± 10 Ma – minimum age) and Dores
do Campo Quartz-Diorite (2198 ± 6 Ma).
The geochemistry, geocronology and isotope information consent define the existence of two
groups of plutons, in the north and south of LSZ. The plutons: Brito, Brumado de Cima,
Nazareno, Itutinga, Brumado de Baixo, Lajedo and Quartzo Diorito Dores do Campo, located in
south of LSZ, have Paleoproterozoic magma contribution with reducted contamination of short
crustal life materials. These plutons belong to the first evolutive stage of the Mineiro Belt,
between 2220 Ma and 2198 Ma. The plutons Cassiterita, Brumado, Fé and Glória located in
north of LSZ, considered of the “Arc Stage” have significant Paleoproterozoic magma interation
with Archean components compared to the other isotopic group; and a late cristalization time,
between the north and the south group. The Ritápolis (2121 ± 7 Ma) and Mama Rosa plutons
(north of the Lenheiros fault) display strong intersection with Archean components, and are
tecnically related to the syn- to late- collision stage of the Mineiro belt evolution. The Gentio
pluton shows similar isotopic characteristics, but it belongs to the pos-tectonic stage.
Finaly, the U-Pb and ; TDM ages of the Mineiro belt plutons, compared with the Paleoproterozoic
plutons that occursin the northen São Francisco craton, reveal that significant time differences
took place during the Transamazonian orogeny. In addition, the auxilable isotopic characteristics
of these plutons suggest the important role of mixing of Paleoproterozoic magmas and Archean
protholits during magma genesis.
1
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
paleocontinentes. No âmbito desta temática a área escolhida para esta dissertação foi a parte do
Cinturão Mineiro situada na porção meridional do Cráton São Francisco, porção integrante da
Província Sul Mineira (Teixeira, 2005). Foram selecionados corpos ígneos ainda não estudados
quanto a sua idade e geoquímica, assim como foi investigada a natureza isotópica dos protólitos
expressão do Paleoproterozóico nos Crátons (Amazônico/ Oeste África, Rio de la Plata, São
crustais estabelecidos no Neoarqueano (e.g., Teixeira et al., 2000; Marshak & Alkmim, 1989;
porção SE do cráton, elaborados pelo Prof. Ciro Alexandre Ávila e sua equipe têm revelado a
Rio das Mortes, assim denominados: gabros de São Sebastião da Vitória, Vitoriano Veloso,
Manuel Inácio e Rio dos Peixes; dioritos Brumado e Rio Grande; Quartzo Diorito do Brito;
Lavras, Brumado de Baixo e Brumado de Cima; granitos, Itutinga, Campolide e Alto Jacarandá;
granitóides Ritápolis e Tiradentes; além do Batólito Alto Maranhão (Teixeira 1985; Noce 1995;
Noce et al. 1997; Teixeira et al. 1997; Ávila et al. 1998, 1999; Ávila 2000; Toledo 2002), (Fig.
1), fato evidenciado pelos enclaves de rochas anfibolíticas e ultramáficas nos mesmos e pelos
enxames de diques e apófises associados a esses corpos intrusivos nas unidades supracrustais.
Figura 1: Mapa geológico do Cinturão Mineiro, com os corpos plutônicos, estudados na Dissertação, em
negrito (base geológica de Ávila, 2000).
Os corpos investigados na Dissertação são (Fig. 1): Gnaisse Granitíco Fé, Granitóide do Lajedo,
Granitóide Gentio, Quartzo Diorito Dores do Campo e Granito Mama Rosa, estes corpos já
foram objetos de mapeamento em projeto do Prof. Dr. Ciro Ávila (UFRJ) e sua equipe de
Cassiterita, Granito Ritápolis, Diorito Brumado, Quartzo Monzodiorito Glória, Quartzo Diorito
no Centro de pesquisas Geocronológicas da USP (CPGeo-USP), onde foram gerados, para fins
Este trabalho foi estruturado de tal forma que: primeiro são apresentados o contexto geológico e
métodos de estudo. Em seguida são mostrados os resultados obtidos com breves discussões; e
por último são adicionados dados da literatura nas discussões no capítulo de súmula e
1.1 Objetivos
da região;
disponíveis; visando a determinação do caráter isotópico do(s) protólito(s) que geraram o magma
parental dos corpos granitóides, e seu eventual relacionamento com eventos magmáticos já
identificados na região.
- Compilação de idades das rochas plutônicas da porção central do Cinturão Mineiro, tomando-
se por base mapeamentos recentes efetuados na área em questão; para fins da elaboração de um
4
Nazareno, Cassiterita, São João Del Rei, Ritápolis, São Tiago, Coronel Xavier Chaves e
Conselheiro Lafaiete (Figura 2). Esta área encontra-se inserida na folha Barbacena (IBGE -
escala 1:250.000), onde existe fácil acesso por rodovias e estradas vicinais.
C A PÍ TU LO 2 METODOLOGIA
O intuito deste trabalho não foi o mapeamento geológico, mas com base em cartografia já
geoquímicos, isotópicos, geocronológicos propostos. Com esta premissa foram realizadas três
realizadas em conjunto com o Prof. Dr. Ciro Ávila e sua equipe de graduandos de geologia da
definidos. Além disso foram observadas as relações geológicas destes corpos com as unidades
encaixantes. Amostras adicionais, utilizadas no presente projeto, foram coletadas e cedidas pelo
IBGE São João Del Rei (SF-23-X-C-II-1), Tiradentes (SF-23-X-C-II-2), Nazareno (SF-23-X-C-
I-2), na escala 1:50.000. Esse mapa é representado (Anexo 1), que representa a interpretação
geológica realizada pelo Prof. Dr. Ciro Ávila, e teve por base as informações do mapa do projeto
litoestratigráficas regionais.
Foram selecionadas 11 amostras para os experimentos de Nd-Sr (Tab. 27) e 1 amostra para
USP. Quatro corpos plutônicos tiveram datação pelo método U-Pb TIMS (Tab. 27). Após a
seleção e corte das amostras, para confecção de 41 lâminas (Tab. 27), seguiram-se os
6
registro das amostras, até cuidadosas etapas de limpeza e descontaminação dos equipamentos
utilizados.
rocha. O procedimento foi seguido de moagem em panela de ágata (pó ~ 200 mesh), seguida de
Dez destas amostras foram quarteadas e pulverizadas abaixo de 200 mesh, obtendo-se um pó de
rocha total (RT). Este material pulverizado foi usado nos métodos radiométricos Rb/Sr e Sm/Nd.
Em função do grande volume de amostra necessário para o método U-Pb TIMS, o processo de
preparação é bastante demorado. Foram preparadas quatro amostras para esta metodologia,
passando pelas seguintes etapas: britagem, moagem, peneiramento (100 - 250 mesh), separação
separação magnética, o material menor ou não magnético é passado em líquidos pesados como o
3 3
Bromofórmio (d=2,85 g/cm ) e o Iodeto de Metileno (d=3,2 g/cm ), para uma melhor purificação
3
do concentrado de zircões, cuja densidade é de 4,2 g/cm . Após esta etapa começa a seleção
A abertura das amostras, (0,25g) foi feita por fusão alcalina a 1000°C, utilizando mistura de tetra
e metaborato de lítio (0,75g) como fundente. Após esta etapa, ocorre a dissolução do material
fundido por HNO3, com o auxílio de placa agitadora; e filtragem seguida de diluição a 250ml em
7
das amostras feita através de padrões internacionais. Os limites de detecção variam de 0,02 a
A leitura dos elementos terras raras (ETR) foi obtida por ICP-MS no IGc-USP. O procedimento
para a abertura das amostras utiliza o ataque por ácido do pó da amostra em bomba de teflon, que
Pesagem inicial de 40mg de amostra (pó ~ 200 mesh); depois esta é transferida para um
recipiente de teflon é aquecido em uma chapa elétrica até a obtenção de uma massa úmida; e,
inserido em uma jaqueta de aço-inox, que é levada a estufa sob uma temperatura constante de
200°C e pressão de até 10 atm, onde permanece por 5 dias. Depois de alcançar a temperatura
ambiente, os recipientes são retirados da jaqueta de aço e colocados em uma chapa elétrica e aí
permanecem até a secagem. Após esta etapa são adicionados 5ml de HNO3 destilado e o material
é levado à secagem, sendo acrescentado mais 5ml de HNO3. Novamente o recipiente é aquecido
de 125 ml, adicionando-se água até atingir 80g. Finalmente, a solução está pronta para análise
por ICP-MS.
Após a concentração final por líquidos densos, o concentrado de zircão é lavado com ácido
Após esta etapa, os zircões são passados novamente no separador Frantz com diferentes
magnéticas conhecidas por M10, M6, M4, M0, M-1, M-2, etc). Esse processo é importante, pois
nos zircões.
magnéticas- M-3, M-4, etc) é realizada por catação manual criteriosa sob lupa binocular dando
preferência a uma mesma população e aos cristais mais limpos e sem inclusões. Após esta fase,
a fração é lavada com HNO3 (50%) a quente para retirada de eventuais sulfetos ainda presentes
volume/densidade, não deve ultrapassar 100µg, para fins de rotina analítica no CPGeo. Após a
pesagem, é realizada a lavagem com HNO3 (50%) para limpeza de eventual material orgânico, e
spike Pb205 (7µl) é colocado em estufa a 200o C, por três dias para total dissolução dos zircões.
estufa por mais 24 horas. Após a verificação visual da dissolução efetiva de todo o material, a
solução é transferida para uma cápsula savillex de 7ml; evaporada a seco e retomada com 2 gotas
(~80 µl) de HCl (3N). A solução resultante é então passada em colunas de troca iônica
previamente lavadas, utilizando resina aniônica Eichrom 1 x 8.200 a 400 mesh. O U e Pb são
A solução final da etapa das colunas é depositada em filamentos de Re, para posterior leitura por
espectrometria de massa das medidas das razões isotópicas. Para tal o CPGeo utiliza-se o
9
espectrômetro Finnigan MAT 262 com multicoletores, e os resultados obtidos são tratados no
programa ISOPLOT de Ludwig (2000), para confecção dos diagramas, com erro de 2 σ.
seguintes etapas: Pesagem e adição do spike combinado Sm-Nd. Sua quantidade depende se a
rocha é ácida ou básica: para as rochas ácidas adiciona-se 0,07g de amostra e 0,1g de spike e
para as rochas básicas 0,1 g de amostra e 0,03g de spike. O spike Rb-Sr é adicionado após o
As amostras com teores de Rb e/ou Sr menores que 50 ppm e maiores que 650ppm foram
analisadas pelo método de diluição isotópica e as amostras que tiveram teores de Rb e/ou Sr
maiores que 50 ppm e menores que 650 ppm pelo método Sr natural. A preparação para análises
isotópicas Rb-Sr e Sm-Nd foi feita a partir de um mesmo procedimento de abertura química,
sumarizado a seguir:
Depois do aquecimento, coloca-se para evaporar até secar na chapa aquecedora, com o savillex
aberto. Adiciona-se 0,5 ml de HNO3 concentrado ao resíduo formado e coloca-se para evaporar
até a secagem. Dissolvem-se as amostras com 5ml de HNO3 0,6N e deixa-se por uma noite em
aquecimento a 60°C na chapa. Após uma noite, se não houver resíduo, evapora-se até a secar e
dissolve-se com 1ml de HCl 2,62N. Caso haja resíduo, a amostra retorna à etapa de aquecimento
Para a separação nas colunas catiônicas adiciona-se a resina AG 50W-X8. Coloca-se 1ml de H20
e a amostra (0,5 ml + 0,5ml); depois mais 1 ml de H20 (0,5 ml + 0,5ml), deixando escorrer a
solução. Coloca-se 1ml de HCl 2.62 N e despreze este volume. Para cada coluna é usada uma
Após secar este resíduo, ele é dissolvido em 0.2 ml de HCl 0.26 N e levado para a coluna LN. A
ortofosfórico. Coloca-se 1ml de H20 e a amostra (0,5 ml + 0,5ml); depois mais 1 ml de H20 (0,5
ml + 0,5ml). Coleta-se o Nd usando HCl 0,26 N e coleta-se o Sm usando HCl 0,55N. Os resíduos
concentrações de cada elemento, por diluição isotópica, são obtidas através do espectrômetro de
massa multicoletor, tipo VG-354. O branco do laboratório durante o período de análise foi de no
143
máximo 0,4 µg para Nd e 0,7 µg para Sm. A média medida para razão Nd/144Nd, segundo o
O sistema K-Ar é caracterizado por um relógio sensível à temperatura (Torquato & Kawashita,
1994). A idade obtida por esse método sempre indica o último evento térmico que afetou a
rocha.
Apenas uma amostra (LC-04C) foi submetida a esta metodologia. Foi utilizada uma fração de
O concentrado mineral é separado em duas partes, uma é pesada e analisada quimicamente por
fundida no laboratório de Ar, e este elemento gasoso é analisado por espectrometria de massa do
CPGeo.
No ataque químico o potássio é separado dos outros elementos constituintes dos minerais. O
ataque consiste em dissolver a amostra com o HSO4, seguido do HF e finaliza com o HCl. Após
seca-se a amostra em chapa aquecedora e finalmente dilui com água destilada. Nesta etapa a
solução encontra-se em meio ácido, no qual são eliminados os elementos que viram gás, como a
sílica por exemplo, que se transforma no gás fluoreto de silício. Na segunda etapa é necessário
mudar o meio para básico, então se adiciona hidróxido e carbonato de amônia, o que provoca a
é obtido um líquido com K, Na e Ca que são facilmente identificados e contados pelo fotômetro
de chama.
12
estabelecidos no Neoarqueano. (e.g., Marshak & Alkmin, 1989; Teixeira et al., 2000; Barbosa &
Sabaté, 2004).
Na parte norte do Cráton, os blocos crustais Gavião (3,4 Ga), Jequié (2,7-2,6 Ga), Serrinha (2,9-
3,5 Ga) e outros foram aglutinados na Orogênese Transamazônica (2,1-1,9 Ga), durante a qual
houve uma pronunciada geração de crosta juvenil (e.g., Barbosa & Sabaté, 2004).
Na porção meridional do Cráton - objeto de estudo desta dissertação – registra-se outro mosaico
rochas gnáissicas TTG de médio a alto grau, relíquias de associações do tipo greenstone belt e
Rb/Sr, Pb-Pb e U-Pb entre 3,2 – 2,5 Ga (e.g., Carneiro 1992; Noce, 1995; Teixeira et al. 1998;
Teixeira et al., 1996), revelando o caráter policíclico de evolução crustal. Desse modo, foram
edificados complexos metamórficos (Campo Belo, Belo Horizonte, Caeté, Bonfim e Passa
Tempo), cuja estabilização tectônica ocorreu no Neoarqueano (e.g., Noce et al., 1997; Noce,
acrescionária e/ou ensiálica. Esta evolução marginal produziu rochas plutônicas e subvulcânicas
Mineiro, conforme concebido originalmente por Teixeira (1985) para uma faixa de rochas
Supergrupo Minas no Quadrilátero Ferrífero, cujo pico termal está datado entre 2065 e 2035 Ma
(idades U/Pb em monazita e titanita; Machado et al., 1992); e ainda pelos dobramentos e falhas
com vergência para NW impressos nas rochas dos Supergrupos Rio das Velhas e Minas, bem
(Alkmin & Marshak, 1998). Idades K/Ar (micas e anfibólios) entre 2,1 e 1,9 Ga no substrato
14
crosta exposta na porção meridional do Cráton do São Francisco (Teixeira et al., 2000).
De outra parte, Alkmin & Marshak (1998) postularam um modelo evolutivo com consumo de
magmático oceânico (Cinturão Mineiro) e, posteriormente, a colisão deste arco com o antepaís.
(2004) envolveria uma ampla região afetada pelo Transamazônico: substrato metamórfico basal
que se encontra bem exposto no Quadrilátero Ferrífero e áreas vizinhas a este, as supracrustais
paleoproterozóicos, que não fazem contato com a supracrustais Minas ou as mais jovens,
alojaram-se nos estágios sin- a pós-tectônicos do Cinturão Mineiro (Noce et al., 2000). Por outro
Não obstante o notável avanço no conhecimento geológico do Cinturão Mineiro, uma re-
(2,5-2,0 Ga) do tipo margem passiva com sedimentos de bacia de foreland, tudo isto intrudido
Figura 4: Mapa geológico esquemático da borda meridional do Cráton São Francisco mostrando os
principais corpos plutônicos arqueanos e paleoproterozóicos. Modificado de Ávila et al (2003). I –
Embasamento arqueano parcialmente retrabalhado no paleoproterozóico. II – greenstone Rio das Velhas.
III – greenstone Barbacena (A – greenstone Belt Rio das Mortes, B – greenstone Belt Nazareno). IV –
Granitóides arqueanos. V – Supergrupo Minas (Paleoproterozóico). VI – Gabros, dioritos e granitóides
paleoproterozóicos. VII – Rochas sedimentares proterozóicas: São João del Rei (Paleoproterozóico),
Carandaí (Mesoproterozoico) e Andrelândia (Neoproterozoico) mega-sequências. VIII – Falhas. IX
Limite da Província Sul Mineira. Lv – Lavras; Sjr – São João del Rei; Rtp – Ritápolis; Bc – Barbacena;
Cl – Conselheiro Lafaiete. Corpos Plutônicos: 1 – Quartzo-monzodiorito Glória; 2 – Diorito Brumado; 3
– Diorito Rio Grande; 4 – Gabro Rio Grande; 5 – Gabro São Sebastião da Vitória; 6 – Quartzo-Diorito do
Brito; 7 – Gabro Vitoriano Veloso; 8 – Diorito Ibitutinga; 9 – Tonalito/trondhjemito Cassiterita; 10 –
Trondhjemito Tabuões; 11 – Granitóide Ritápolis; 12 – Granodiorito Brumado de Baixo; 13 – Corpos
Granodioríticos e granofíricos (Brumado de Cima); 14 – Granitóide Tiradentes; 15 –Granodiorito Lavras;
16 –Granito Nazareno; 17 – Granitóide Itumirim; 18 – Granito Campolide; 19 – Complexo Ressaquinha
(Diorito Dores do Campo e Granitóide Gentil estão inseridos neste Complexo); 20 – Gnaisse Granítico
Fé; 21 – Tonalito Alto Maranhão; 22 – Tonalito Congonhas; 23 – Granito Alto Jacarandá; 24 – Granitóide
Oliveira; 25 – Granito Bom Sucesso; 26 – Granito Salto do Paraopeba; 27 – Granodiorito Mamona; 28
Tonalito Samambaia; 29 – Granodiorito Ibirité ; 30 – Granito Morro da Pedra; 31 – Granito General
Carneiro ; 32 –Granodiorito Caeté; 33 – Granitóide do Lajedo; retângulo indica a localização da área de
estudo.
16
Com efeito, mapeamento geológico sistemático (Ávila, 2000) na porção central do Cinturão tem
idades: plutons máficos (2220 – 2131 Ma) e félsicos (2255 – 2101 Ma) - (Ávila, 2000; Cherman,
2004). Em adição, pelo menos dois pulsos metamórficos foram caracterizados neste setor,
datados entre 2220 – 2170 Ma e 2131 – 2101 Ma (e.g., Ávila et al., 2006). Tais idades, por sua
vez, contrastam com o pico metamórfico em rochas gnáissicas no Quadrilátero Ferrífero, datado
evolução da Província Sul Mineira envolveria, com base na compilação de dados isotópicos e
intraoceânico. A partir desta fase ocorreriam as etapas descritas na Tabela 1. Vale ressaltar que
este modelo é uma variante da proposta de Alkmin (2004) que considera o Cinturão Mineiro
como entidade maior da porção sul do Cráton (ver acima), abrangendo a maior parte do substrato
Em especial, cabe destacar a presença de uma grande diversidade de corpos plutônicos que
constitui um verdadeiro cinturão de intrusões ao longo de uma faixa de 300 km x 100 km desde
Conselheiro Lafaiete até o noroeste de Lavras, vinculados ao Paleoproterozóico (Fig. 4). Estes
paleoproterozóicas (e.g., greenstone belts Nazareno e Rio das Mortes; e.g., Ávila et al., 2006).
Vale notar que a origem dos plutons paleoproterozóicos é uma questão complexa, uma vez que
conjunto de datações Rb/Sr isocrônicas (pouco precisas comparativamente aos métodos U/Pb e
207
Pb/206Pb em zircão), esse evento plutônico representaria um arco transamazônico de natureza
Aparentemente esta interpretação genética é corroborada por Cherman & Valença (2005), muito
embora os corpos estudados por estes autores na porção central do Cinturão Mineiro sejam mais
antigos (c. 2,2 Ga), em relação aos existentes no Quadrilátero Ferrífero. Resultados geoquímicos
semelhantes aos obtidos neste trabalho, para granitóides desta porção central, são reportados por
Por outro lado, na região entre Lavras e Conselheiro Lafaiete mapeamentos geológicos
englobadas no greenstone belt Barbacena (Pires et al., 1990) referem-se a duas unidades
tectonoestratigráficas distintas (Ávila 2000). Segundo Toledo (2002) e Pereira et al. (2003), estas
(komatiíticas) com escassos níveis pelíticos e quartzíticos intercalados, havendo ainda derrames
Fusão da crosta oceânica em um ambiente de margem continental do tipo Noce et al. (1997 e 2000);
Andino, gerando um novo arco magmático com magmas tonalítico – Quéméneur & Noce (2000); Ávila
trondhjemíticos (2000)
Colisão continental com deposição e deformação dos sedimentos do Noce (1995); Machado et al. (1996)
Supergrupo Minas entre 2125 – 2060 Ma
Cristalização de corpos plutônicos graníticos a granodiorítico sin- a tardi- Ávila et al. 1998;
colisionais entre 2122 - 2121 Ma Ávila (2000)
Deformação com vergência geral para NW, há 2,1 Ga, acompanhado por Alkmin & Marshak (1998);
intrusões granitóides. Bruecker et al. (2000); Noce et al,
(2000)
Colapso orogênico (2,06 Ga) e desenvolvimento de estruturas (domos e Alkmin & Marshak (1998)
grandes sinformes) que hospedam rochas supracrustais no Quadrilátero
Ferrífero.
Intrusão de diques básicos (regime extensional) há 1,9 Ga, marcando o Pinese (1997)
registro final da evolução dos eventos da Província Sul Mineira.
Tabela 1: Etapas evolutivas do Cinturão Mineiro (Teixeira, 2005; Alkmin, 2004).
Já na faixa greenstone Rio das Mortes rochas metamáficas são predominantes, e se associam a
metaultramáficas. Este greenstone belt é cortado por diversos corpos plutônicos máficos e
félsicos, entre os quais alguns contém xenólitos de anfibolitos (Ávila, 2000). Em adição, dois
anfibolitos do greenstone belt Rio das Mortes admitem associação temporal com
paleoproterozóico do cráton: Caburu (2192±6 Ma e εNd(2,2) = -1,5 ; Teixeira et al. 2005) idade
anfibolito inferior, tido como evento mais antigo do paleoproterozóico desta porção do Cinturão
Mineiro (Teixeira, et al. 2005). Esta idade U-Pb TIMS também corrobora a idéia que basaltos
anterior aos corpos plutônicos intrusivos do mesmo (Quartzo Monzodiorito Glória: 2189 ± 29
Granitóide Ritápolis: 2121 ± 7 Ma). Outro anfibolito (Penedo) é encaixante dos plutons Glória e
Ritápolis. Possui εNd(2,2) = 0. Ambos os valores de εNd(T) revelam que os magmas máficos do
Na parte sul do Cráton, no estado de Minas Gerais, a evolução geológica mais primitiva é
assim como de intrusões máficas e ultramáficas e restos de greenstone belts (Teixeira et al.,
1996), situados no Quadrilátero Ferrífero (Supergrupo Rio das Velhas). Em torno de 2,7-2,8 Ga
deu-se inicio à deposição de sedimentos do Supergrupo Rio das Velhas, e afetado por falhas de
empurrão, em um ambiente de margem convergente (Teixeira et al. 1996). A orogenia Rio das
Velhas registra um evento extrusivo de natureza félsica (rochas vulcanoclásticas) com intervalo
metamorfismo de médio a alto grau nas rochas supracrustais, levando a muitos corpos intrusivos
Horizonte, Caeté, Passatempo e Bação e apresentam idades arqueanas variando entre 3,38 a 2,86
Ga (Machado & Carneiro, 1992; Machado & Schranck, 1989; Teixeira et al., 1996). Tais
terrenos apresentam uma evolução geológica complexa marcada pela atuação de pelo menos três
metamorfismo e a migmatização dos ortognaisses dos Complexos Belo Horizonte e Campo Belo
20
(Noce, 1995; Teixeira, 1998). O segundo evento ocorreu em torno de 2,78 a 2,77 Ga
félsico do greenstone belt Rio das Velhas (Machado et al., 1992; Machado & Carneiro, 1992;
neoarqueano do Quadrilátero Ferrífero (Noce et al., 1996). O terceiro evento, que ocorreu entre
2,72 e 2,7 Ga, propiciou a cristalização de granitóides tardi à pós-tectônicos (Machado et al.,
1992; Machado & Carneiro, 1992; Noce et al., 1996), marcando a idade mínima para a última
Ga (Noce, 1995) e 2,59 Ga (Romano, 1989), sendo interpretadas como estágios finais de
(Pires et al., 1990). Afloram na região de Barbacena (Noce et al., 1987), se estendendo para o sul
até as cidades de Santos Dumont e Piedade (Heilbron 1984, Trouw et al., 1986). Esses gnaisses,
raros corpos de rochas ultramáficas. Ocorrências descontínuas destes gnaisses também foram
reportadas ao norte de São João Del Rei, próximo das cidades de Cassiterita e Caburu,
(Valeriano 1985, Ávila, 2000). O metamorfismo transamazônico dos gnaisses tem caráter
Esses gnaisses são cortados por pelo menos duas gerações de granitóides e aplitos associados. O
primeiro período de formação e colocação dos corpos graníticos e granodioríticos ocorreu por
volta de 2,7 Ga (Granito Bom Sucesso), sendo interpretado como um período de acresção crustal
relacionado ao final da evolução do “greenstone belt Barbacena” (Quéméneur & Vidal, 1989). O
na região, ocorreu durante o Paleoproterozóico idade sendo responsável pela intrusão de vários
corpos máficos e granitóides (Quéméneur & Vidal, 1989; Pires et al., 1990; Ávila, 1992; Noce et
al., 2000; Valença et al., 2000; Ávila, 2000). Parte deste últimos plutons máfico-félsicos são
greenstone belt Nazareno, devido à escassez de relações de campo. Esta unidade localiza-ze ao
sul da Zona de Cisalhamento do Lenheiro (ZCL) e é cortado por diversos corpos plutônicos
máficos e félsicos. A única informação geocronológica obtida até o momento que aponta a idade
mínima para o greenstone belt Nazareno, é a datação do Gabro São Sebastião da Vitória,
No greenstone belt Nazareno predominam rochas metaultramáficas com escassos níveis pelíticos
metamorfismo regional nas rochas supracrustais do Supergrupo Minas, assim como em parte do
agora considerado para a evolução deste cinturão, iniciando com um sistema de dobramento-
cavalgamento, e a formação de arcos de ilha, que teriam colapsado na fase colisional no final da
Orogênese Transamazônica.
com direção NE-SW, que se estende desde a extremidade sul da Serra da Moeda, no
Serra do Bom Sucesso. Essa unidade é composta por xistos, quartzitos e itabiritos deformados e
formando um clássico granito-greenstone belt arqueano (Alkmin & Marshak, 1998). Depois de
2,6 e 2,4 Ga, a região leste e sudeste do Quadrilátero Ferrífero, constituía-se de uma bacia de
Minas iniciou-se com um evento extensional, indicado por um ambiente deposicional e fácies do
grupo Caraça e Tamanduá (Renger et. al., 1994). Após 2,1 Ga ocorreu um evento de empurrão e
dobramento e empurrão ocorreu após a formação Sabará. Este evento é sugerido como uma
colisão de arco de ilha devido à obtenção de idade similares de vários granitóides na região,
marcando a Orogênese Transamazônica, sendo também consistente com o modelo de Teixeira &
Figueiredo (1991) para o lobo nordeste do Cráton São Francisco. Em 2,10 Ga ocorreu um evento
extensional - o colapso orogenético - formando uma estrutura em domos e quilhas. Este evento
23
extensional fez as unidades supracrustais (Supergrupo Rio das Velhas e Minas) colapsar entre os
(alta T e baixa P) ocorrem nos contatos entre as rochas supracrustais e os domos. Ainda antes do
colapso, mas durante o evento extensional ocorreu a deposição do grupo Itacolomi em região
Este greenstone belt, de idade possivelmente paleoproterozóica (Ávila, 2000), é cortado por
diversos corpos plutônicos máficos e félsicos, entre as quais o Quartzo Monzodiorito Glória
(Ávila, et al. 2006), que integra o magmatismo do Cinturão Mineiro, e que está localizado ao
norte da ZCL.
O greenstone belt Rio das Mortes é composto por: anfibolitos; anfibolitos intercalados com
metaultramáficas.
No extremo sul do Cráton São Francisco, em uma faixa que se estende cerca de 300km desde
Conselheiro Lafaiete até o noroeste de Lavras, ocorre uma grande variedade de corpos
plutônicos paleoproterozóicos (Fig. 3), intrusivos nos gnaisses e migmatitos regionais e nas
caracterização petrográfica e geoquímica (Ávila, 1992; Silva, 1996; Ávila et al. 1998, 1999 e
Teixeira & Figueiredo (1991) postularam que a Orogênese Transamazônica, no lobo nordeste do
material crustal arqueano. Já Ávila (2000) sugere que o processo de formação dos corpos
Segundo Noce et al. 2000, esses corpos paleoproterozóicos são representantes de um arco de
natureza cálcio-alcalina que inclui dois tipos de plutons: i) granitóides peraluminosos, e ii)
granitóides metaluminosos. O primeiro grupo exibe idades TDM arqueanas (3,07-2,62 Ga),
87
valores de εNd(t) entre –11,0 a –3,8 e altas razões iniciais de Sr/86Sr (0,7096-0,7584), seriam
formados a partir de uma fonte crustal arqueana. O segundo grupo apresenta idades TDM
comparáveis paleoproterozóicas (2,43-2,27 Ga), valores de εNd(t) de –2,8 e +1,3 e baixas razões
iniciais de 87Sr/86Sr (0,702-0,704), Esse grupo de rochas seria o produto da mistura entre material
arqueano. Portanto, os conjuntos podem ser relacionados a fontes distintas, devido ao seu
por Cherman & Valença (2005), muito embora os corpos estudados por estes autores sejam mais
antigos (c. 2,2 Ga) na porção central do Cinturão Mineiro em relação aos existentes no
Quadrilátero Ferrífero.
A propósito, Ávila et al., (2006) sugerem que a formação dos plutons tonalíticos-
isotópicas de Nd, compatível com a existência de crosta oceânica distal em relação à margem
continental.
A integração dos dados disponíveis na literatura (Tabela 2) sugere que a evolução da Província
Sul Mineira (Teixeira et al., 2005), ocorre a partir de uma margem passiva paleoproterozóica
(durante a Orogênese Transamazônica), nas seguintes etapas: i) formação de uma crosta oceânica
basáltica paleoproterozóica (Ávila 2000); ii) intrusão de corpos plutônicos entre 2220 Ma e 2198
Ma (Ávila, 2000; Valença et al. 2000); iii) cristalização de corpos subvulcânicos do Tipo-A Suíte
Serrinha entre 2192-2187 Ma (Ávila, 2000); iv) fusão da crosta oceânica em um ambiente de
margem continental do Tipo Andino, com geração de magma tonalítico – trondhjemítico (Noce
et al. 1997 e 2000; Quéméneur & Noce, 2000; Ávila, 2000); v) cristalização de magmas
plutônicos tonalíticos, trondhjemíticos e dioríticos entre 2162 – 2128 Ma (Ávila, 2000; Noce,
1997 e 2000); vi) colisão continental com deposição e deformação dos sedimentos superiores do
Supergrupo Minas entre 2125 – 2206 Ma (Noce, 1995; Machado et al. 1996); vii) cristalização
de corpos plutônicos graníticos a granodioríticos sin a tardi colisionais (com contribuição crustal
ou juvenil) entre 2122 - 2121 Ma (Ávila et al. 1998; Ávila, 2000); viii) colapso do orógeno e
Tabela 2: Idades U/Pb TIMS e 207Pb/206Pb, por evaporação de zircão, dos corpos paleoproterozóicos
localizados entre Lavras e Conselheiro Lafaiete.
Na borda meridional do Cráton São Francisco ocorrem três bacias de idade proterozóica com
A Bacia São João Del Rei, de caráter intracontinental, foi gerada por extensão e adelgaçamento
crustal no período compreendido entre 1,8 e 1,3 Ga, balizado pela idade mais nova do
27
embasamento e pela idade de diques máficos que cortam as rochas metassedimentares desta
seqüência (Ribeiro et al., 1995; Ribeiro et al., 1997). Os registros sedimentares são
A Bacia Candaraí formou-se entre 1,3 e 1,0 Ga em uma depressão ou meio graben, paralela a
borda da antiga bacia. Ela se caracteriza por depósitos pelágicos e detritos de bordas de bacia no
setor do graben, que foram gradativamente substituídos por pelitos carbonáticos, margas e
A Bacia Andrelândia que foi gerada entre 1,0 e 0,6 Ga. Consiste de uma bacia de margem
composta por seis associações de litofácies representadas da base para o topo por: paragnaisses;
As seqüências metassedimentares que compõem essas três bacias foram afetadas por dois
al., 1995; Trouw & Pankhust, 1993; Söllner & Trouw, 1997)
28
Ávila (2000) individualizou dois grandes domínios estruturais (Fig. 5) durante o trabalho de
mapeamento, na porção central do Cinturão Mineiro. Cada um destes domínios contém diversas
unidades que agora estão expostas lado a lado em resposta a múltiplos processos magmáticos,
dados, principalmente aqueles associados aos corpos plutônicos e a correlação destes corpos com
as rochas encaixantes (gnaisses, migmatitos, anfibolitos e xistos). O limite destes domínios dá-se
por um lineamento tectônico, denominado Lineamento Rio das Mortes Pequena, e ao sul deste
Figura 5: Esboço Geológico representativo da distribuição espacial dos Domínios Litológicos I e II.
Adaptado de Ávila, 2000.
29
Destaca-se, no domínio litológico II, (Ávila, 2000), um segundo lineamento conhecido como São
João Del Rei – Nazareno, que separa as rochas ultramáficas do greenstone belt Nazareno.
Tabela 3.
Evento
Fácies
Metamórfico Mineralogia Rochas afetadas Referência
Metamórfica
(Ma)
Paleoproterozóico Fácies anfibolito Mg-horblenda/Fe- Anfibolitos, metakomatiitos, Toledo (2002);
2250 – 2270 de grau médio horblenda + xistos, filitos, gonditos e Cherman
oligoclásio ou quartzitos dos greenstone (2004)
andesina ± clorita ± belts
epidoto ± biotita ±
esfeno ± ilmenita
Paleoproterozóico Fácies xisto verde actinolita ± albita ± Anfibolitos do greenstone Silva (1996);
2131 – 2100 e anfibolito epidoto ± biotita ± belt Nazareno e greenstone Ávila (2000)
inferior esfeno belt Rio das Mortes; dunitos,
piroxenitos – gabros;
granitóides
paleoproterozóicos
Neoproterozóico Fácies xisto verde ------------------- Rochas associadas e/ou Ribeiro et al.
desenvolvidas em falhas e (1995
zonas de cisalhamento NE-
SW
Tabela 3:Principais características dos três eventos deformacional-metamórficos do Cinturão Mineiro.
Boa parte dos plutons paleoproterozóicos, associados com os estágios evolutivos do Cinturão
Mineiro nesta região central, exibe assinatura Sm-Nd juvenil (εNd(T) pouco negativos) e afinidade
cálcio-alcalina, o que é compatível com produtos de ambiente de arco acrescionário (e.g., Noce
et al. 2000, Quéméneur & Noce 2000; Teixeira et al. 2005; Ávila et al.,2006).
Vários desses plutons situados nas regiões de: Nazareno, Cassiterita e Ritápolis (Fig.1), já foram
207
objeto de datações radiométricas (idades U-Pb e Pb-206Pb) que dão maior confiabilidade em
relação às datações Rb/Sr isocrônicas anteriores, relatadas em outros corpos próximos, a saber:
Quartzo Diorito do Brito (2221 ± 2 Ma); Granodiorito Brumado de Cima (2219 ± 2);
Tonalito/Trondhjemito Cassiterita (2162 ± 10 Ma); Diorito Rio Grande (2155 ± 3 Ma); Diorito
30
Brumado (2131 ± 4 Ma); e Granito Ritápolis (2121 ± 7 Ma) – (Ávila 2000, Valença et al. 2000,
Cherman 2004, Ávila et al. 2006). Esses plutons possuem composições químicas
De outra parte, é interessante notar que a ZCL (Fig. 4), separa os plutons com características
isotópicas contrastantes e que são intrusivos no greenstone belt Rio das Mortes daqueles
Localização em Referência
Plutons Idade (Ma)
relação a ZCL
Ortognaisse Nazareno 2255 ± 6(2) sul Cherman & Valença (2005)
Ortognaisse Itutinga 2202 ± 5(2) sul Cherman & Valença (2005)
Tonalito/Trondhjemito Cassiterita 2162 ± 10(2) norte Ávila et al. (2003)
Diorito Rio Grande 2155 ± 3(2) sul Cherman (2002)
Quartzo-Monzodiorito Glória 2188 ± 29(1) norte Ávila et al. (2006)
Diorito Brumado 2131 ± 4(2) norte Ávila et al. (2006)
Granito Ritápolis 2121 ± 7(2) norte Ávila et al. (2006)
Quartzo-Diorito Brito 2221 ± 2(2) sul Ávila et al. (2000)
Granodiorito Brumado de Cima 2219 ± 2(2) sul Ávila et al. (2000)
Granodiorito Brumado de Baixo 2218 ± 3(2) sul Ávila et al. (2000)
Tabela 4: Idades isotópicas e sua localização em relação à ZCL: (1) idade U/Pb SHRIMP, (2) idade
207
Pb/206Pb e (4) idade 87Rb/86Sr .
4.1 Domínio Litológico I
± 6 e 2121 ± 7 Ma) incluindo migmatitos de injeção; suíte intrusiva Ibitutinga (Diorito Brumado
para a Dissertação.
31
Este corpo distribui-se na porção central da folha topográfica São João Del Rei e noroeste da
folha topográfica Tiradentes, e constitui um corpo alongado com cerca 12 km2 (Anexo 1),
segundo a direção NEE-SWW. A área de afloramento alarga-se de leste para oeste, sendo
delimitado a sul pela ZCL, que se desenvolve ao longo de seu contato com as rochas da faixa
greenstone belt Nazareno (segundo Ávila, 2000). No seu bordo norte, encontra-se em contato
Essa rocha aflora em grandes Lajedos (Fig. 6A), e destaca-se por mostrar a intercalação de
bandas claras e escuras, associadas à presença de biotita e epidoto. Sua granulometria varia de
fina a média. Sua mineralogia principal é composta por: quartzo, k-feldspato, plagioclásio,
biotita e epidoto. Possui uma foliação proeminente variando de 120°/40° a 170°/55° marcada
Gnaisse Granítico Fé que consistem de: rochas metabásicas de coloração verde de 3 cm até cerca
tamanhos variando desde 30 cm até cerca de 1,5 m, sendo compostas de níveis félsicos e máficos
(Ávila 2000); rochas gnáissicas com formato alongado, coloração branca acinzentada,
Foram amostrados 6 pontos neste corpo, essas amostras foram usadas para confecção de lâminas,
datação U-Pb do pluton e isótopos Nd-Sr e geoquímica de rocha total. As suas principais
O granito Mama Rosa (Fig. 6C) foi separado do Granitóide Ritápolis, sendo seu limite ao sul do
Rio das Mortes. O principal critério de diferenciação destas duas unidades é a homogeneidade do
Granito Mama Rosa, diferentemente do Ritápolis que possui uma foliação tectônica incipiente,
além de zonas de cisalhamento milimétricas. O pluton Mama Rosa possui cor cinza e
São João Del Rei, ao norte da cidade de Ritápolis e abrange uma área de 85 km2. Este pluton
Litológico I. A rocha tem coloração branca e granulometria variando de fina a grossa, suas
Quartzo Monzodiorito Glória, indicando contato intrusivo. E por fim, esse corpo é cortado por
Este corpo distribui-se na porção central da Folha de São João Del Rei. Possui coloração branca,
diques e pegmatitos associados com o Granito Ritápolis. Além disso, essa rocha é cortada por
diversas falhas e veios de quartzo mineralizados. Também pode ser observada a presença de três
33
tipos de xenólitos: rochas gnáissicas, rochas metabásicas associadas ao greenstone belt Rio das
As rochas da suíte intrusiva Ibitutinga distribuem-se a norte da área estudada, próxima a cidade
de Ritápolis, é representada por quatro corpos ígneos, onde dois serão detalhados a seguir:
As rochas do Diorito Brumado ocupam cerca de 25 km2, e seus principais afloramentos são de
corte de ferrovia. O Quartzo Monzodiorito Glória (Ávila et al., 2006) ocorre à nordeste do
Diorito Brumado, estendendo-se até a proximidade da cidade de Coronel Xavier Chaves, possui
9 km2 de área e ocorre sob a forma de Lajedos na direção NNE-SSW. Esses plutons possuem cor
verde amarronada e granulometria fina a grossa. Suas texturas predominantes são do tipo
greenstone belt Rio das Mortes. O Diorito Brumado encontra-se cortado por diversas gerações
de diques e pegmatitos associados com o Granito Ritápolis, o que revela a conotação temporal
Sebastião da Vitória (2220 ± 3 Ma); Granitóide do Lajedo, Granitóide Gentio, Quartzo Diorito
cima – 2187 ± 4 Ma, Granodiorito Brumado de Baixo – 2218 ± 4 Ma, Quartzo Diorito do Brito –
2198 ± 6 Ma, corpos granofíricos – 2192 ± 4 Ma, riolitos); rochas das seqüências deposicionais
34
Tiradentes, Lenheiro, Candaraí e Andrelândia (referentes às Bacias de São João Del Rei,
A ocorrência de pegmatitos neste domínio foi observada somente no Gabro São Sebastião da
O granitóide do Lajedo (Fig. 6D) encontra-se na porção oeste da folha topográfica São João Del
Rei e leste da folha topográfica Nazareno. No campo é fortemente alongado na direção NEE-
SWW e pode ser encontrado, principalmente sob a forma de blocos e mais raramente aflorar em
grandes Lajedos em drenagens (Foto 1D). Possui cor branca acinzentada, granulometria variando
O granitóide Gentio (Fig. 6E) localiza-se na porção sudeste da folha topográfica de Tiradentes e
a sudoeste da folha topográfica de Barbacena, próximo a cidade de Dores do Campo. Este corpo
possui cor branca e textura gnáissica pouco desenvolvida, e aflora em grandes Lajedos (Foto
1B). Em sua porção sudoeste ocorrem granitos rosados, de granulação grossa, com preservação
O Quartzo Diorito Dores do Campo (Fig. 6F) ocorre à nordeste da folha topográfica de
Tiradentes. Aflora próximo da antiga estação de Prados e suas rochas encontram-se fortemente
foliadas. As relações de campo apontam que este corpo é mais novo que: i) rochas
metaultramáficas plutônicas, pois estas são cortadas por uma pequena apófise diorítica; ii) rochas
anfibolíticas, pois estas ocorrem como xenólitos com coloração verde escura, formas angulosas
e, mais raramente, subarredondadas. Estes variam desde centimétricos até métricos e são
que as rochas do Quartzo Diorito Dores do Campo são cortadas por uma geração de diques
graníticos, tabulares, hololeucocráticos, finos, foliados, que são compostos de quartzo, feldspato
e rara mica. Xenólitos do Quartzo Diorito Dores do Campo são observados nesses diques.
A suíte Serrinha localiza-se entre as cidades de Nazareno e Tiradentes, sendo representada pelo
relações de campo apontam que as rochas desta suíte são intrusivas em rochas metamáficas,
rochas anfibolíticas e quartzíticas deste. As rochas da Suíte Serrinha foram modificadas por um
preservação de grande parte das texturas primárias, com ligeiras modificações apenas nas
relações de alguns dos seus minerais magmáticos. Essas transformações se encontram associadas
(Ávila, em preparação).
36
O Quartzo Diorito do Brito aflora como dois corpos descontínuos orientados segundo a direção
regional (NEE-SWW), e ocorre localmente associado com rochas anfibolíticas. Sua cor é
O Granodiorito Brumado de Baixo aflora de forma alongada, orientado segundo a direção NEE-
SWW. Possui cor branca acinzentada com textura equigranular. Varia composicionalmente de
granodiorítica a monzogranítica. Esta rocha possui diferentes tipos de enclaves, dentre os quais:
O Granodiorito Brumado de Cima abrange uma área de 2,5 Km2, e possui contatos claramente
granodiorítica a monzogranítica, possui cor branco acinzentado, com textura equigranular. Este
corpo é cortado por delgadas zonas de cisalhamento. Este pluton também possui três tipos de
micáceo. Mostra veios de calcita, epidoto e quartzo, por vezes mineralizado com molibdenita e
calcopirita.
(Tabela 6) do plutons estudados. Estas tabelas serão comentadas nas interpretações geoquímicas
amostrados.
37
Localização
Estruturas e
Pluton em relação a Características Principais
Metamorfismo
ZCL
Gnaisse Granítico Norte Localmente ocorrem intercalações de bandas cinza (feldspato + quartzo + biotita) e Foliação marcante,
brancas (quartzo, feldspato). Possui enclaves xenolíticos de anfibolitos e gnaisse do metamorfismo de
Fé (Fig. 6A e 6B) greenstone Belt Rio das Mortes e de e actinolititos de corpos ultramáficos fácies xisto verde
acamadados. Cortado por diversas gerações de pegmatitos.
Granito Mama Rosa Norte Homogêneo. Localmente porfirítico com fenocristais de feldspato. Xenólito de Sem feições de
rocha anfibolítica. Cortado por escassos corpos pegmatíticos. deformação, não há
(Fig. 6C) indícios de
metamorfismo
Tonalito/Trondhjemito Norte Cortado por várias gerações de diques e pegmatitos associados com o Granito Foliação
Cassiterita Ritápolis. anastomosada,
metamorfismo de
Cortado por diversas falhas e veios de quartzo mineralizados. fácies xisto verde
Possui três tipos de xenólitos: rochas gnáissicas, rochas metabásicas associadas ao
greenstone belt Rio das Mortes e aglomerados de biotitas.
Tabela 5: Principais características de campo dos plutons estudados localizados no Domínios Litológicos
I e II. ZCL: Zona de Cisalhamento do Lenheiro.
38
Classificação QAP
Pluton Minerais Principais Minerais Secundários Texturas
(Streckeisen, 1976)
Diorito Dores do
Campo plagioclásio, quartzo e biotita, mica branca, allanita, titanita, equigranular
quartzo-diorito
(Fig. 11A, 11B, anfibólio (horblenda) epidoto, opacos e zircão hipidiomórfica
11C e 11D)
zircão, apatita, allanita, minerais opacos,
Quartzo Diorito do quartzo, plagioclásio e anfibólio, k-feldspato, epidoto, zoisita, equigranular
quartzo-diorito
Brito biotita clinozoisita, titanita, mica branca, hipidiomórfica
carbonato e clorita
zircão, apatita, minerais opacos, allanita,
Granodiorito granodiorito a quartzo, plagioclásio, k- equigranular
epidoto, clinozoisita, zoisita, titanita, mica
Brumado de Cima monzogranito feldspato e biotita
branca, carbonato e clorita hipidiomórfica
biotita, zircão, apatita, minerais opacos,
Granodiorito granodiorito a quartzo, plagioclásio e allanita, titanita, clorita, epidoto, equigranular
Brumado de Baixo monzogranito k-feldspato clinozoisita, zoisita, carbonato e mica
hipidiomórfica
branca
(A) (B)
(C) (D)
(E) (F)
Figura 6: (A) Afloramento em Lajedo do Gnaisse Granítico Fé; (B) enclave xenolítico de cor cinza
escuro parcialmente digerido; (C) Afloramento em bloco do Granito Mama Rosa e (D) Visão geral do
afloramento em Lajedo do Granitóide do Lajedo; (E) Afloramento em Lajedo do Granitóide Gentio e (F)
Afloramento em corte de estrada do Quartzo Diorito Dores do Campo.
40
(A) (B)
(C) (D)
Mirm Pl
Mc
(E) (F)
Figura 7: Micropetrografia do Gnaisse Granítico Fé, (A) textura poligonal do quartzo recristalizado,
nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm; (B) textura lepidoblástica observada pela orientação das micas
segundo a foliação da rocha, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (C) porções protomilonitizadas do
Gnaisse Granítico Fé com matriz quartzo-feldspática recristalizada, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm;
(D) porfiroblasto de feldspato potássico envolto por matriz micácea, nicóis cruzados, base da foto 3,2
mm; (E) mirmequito (Mirm) associado com o microclínio (Mc), nicóis cruzados, base da foto 0,65 mm;
(F) plagioclásio (Pl) fraturado, nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm.
41
Ep Op Tt
Al
(A) (B)
Ep Bt
Tt Es
Op
(C) (D)
Figura 8: Micropetrografia do Gnaisse Granítico Fé, (A) detalhe da allanita (Al) envolta por uma coroa de
epidoto (Ep), nicóis paralelos, base da foto 0,65 mm; (B) minerais opacos (Op) associados com a titanita
(Tt), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (C) associação máfica de minerais opacos (Op), biotita (Bt),
titanita (Tt) e epidoto (Ep), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (D) detalhe do cristal de estiplomelano
(Es), nicóis paralelos, base da foto 0,65 mm.
42
(1A) (1B)
Es
Ep
Bt
(1C) (1D)
Qzo
Micro
Mirmeq
Mirmeq
(1E) (1F)
Figura 9: Micropetrografia, (1A) Lajedo: textura poligonal do quartzo recristalizado, nicóis cruzados,
base da foto 1,3 mm; (1B) Lajedo: textura Plagioclásio alterado (sericitizado) e fraturado, nicóis cruzados,
base da foto 3,2 mm; (1C) Lajedo: biotita e muscovita orientadas segundo a foliação da rocha, nicóis
paralelos, base da foto 1,3 mm; (1D) Lajedo: coroa de epidoto (Ep) em volta de estiplomelano (Es),
biotita (Bt) e muscovita orientadas segundo a foliação, nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1E) Gentio:
Quartzo com textura granoblástica e mirmequito (Mirmeq), nicóis cruzados, base da foto 0,65 mm (1F)
Gentio: mirmequito (Mirmeq) associado com o microclínio (Micro), nicóis cruzados, base da foto 0,65
mm.
43
Pert
Bt
(1A) (1B)
Pert
Bt
Bt Ms
Micro
(1C) (1D)
Ep Pl
Al
(1E) (1F)
Figura 10: Micropetrografia, (1A) Gentio: profiroblasto de pertita (Pert), biotita ao lado (Bt), nicóis
cruzados, base da foto 1,3 mm; (1B) Gentio: textura lepidoblástica observada pela orientação das micas,
segundo a foliação da rocha, nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1C) Mama Rosa: Porfiroblasto de
pertita (Pert), biotita (Bt) e microclínio (Micro) ao lado, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm; (1D)
Mama Rosa: agregados de biotita (Bt) e muscovita (Ms), nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm; (1E)
Mama Rosa: epidoto (Ep) em agregados envolvendo allanita (Al), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm;
(1F) Mama Rosa: plagioclásio (Pl) alterado (sericitizado), nicóis cruzados, base da foto 3,2 mm.
44
Hb
Hb
Bt
(A) (B)
Ep
Hb
Op
Ep
Hb
Op
(C) (D)
Figura 11: Micropetrografia, (1A) Quartzo Diorito Dores do Campo: horblenda (Hb) sendo substituída
parcialmente por biotita (Bt), nicóis paralelos, base da foto 1,3 mm; (1B) quartzo diorito Dores do
Campo: agregados de horblenda (Hb), nicóis paralelos, base da foto 3,2 mm; (1C) quartzo diorito Dores
do Campo: coroa de epidoto (Ep) envolvendo os minerais opacos (Op), horblenda (Hb) ao lado, nicóis
paralelos, base da foto 1,3 mm; (1D) quartzo diorito Dores do Campo: coroa de epidoto (Ep) envolvendo
os minerais opacos (Op), horblenda (Hb) ao lado, nicóis cruzados, base da foto 1,3 mm .
45
CAPÍTULO 5 LITOQUÍMICA
O conjunto de amostras analisadas para elementos maiores, menores e traços refere-se a: Gnaisse
Granitóide Gentio (13 amostras), Quartzo Diorito Dores do Campo (10 amostras). Para os ETR
foram analisadas: 4 amostras do Gnaisse Granítico Fé, 4 do Granito Mama Rosa, 2 do Granitóide
As amostras do Granito Mama Rosa apresentam a maior variação no conteúdo de SiO2 (69,90 a
75,95 % peso), enquanto os demais corpos mostram intervalos mais restritos: Gnaisse Granítico
Fé (72,47 a 78,21 % peso), Granitóide Gentio (76,2 a 76,6 % peso); Granitóide do Lajedo (71,8 a
75,8 % peso); Quartzo Diorito Dores do Campo (52,0 a 52,08 % peso), este último pluton é o
As amostras do Granito Mama Rosa (2,66 a 5,76 % peso), Gnaisse Granítico Fé (3 a 5,17 %
peso) e do Granitóide Gentio (4,26 a 4,85 % peso), possuem valores mais elevados de K2O,
distinguindo-se dos teores mais baixos das amostras do Granitóide do Lajedo (1,56-1,81 % peso)
Nos diagramas de Harker (Figura 12) destacam-se os baixos conteúdos de CaO, MgO, Fe2O3, Ni
e Cr de grande parte dos plutons. Isto é reflexo da escassez de plagioclásio cálcico e de fases
máficas (biotita e hornblenda) no magma destes corpos (Tabelas 7, 10 e 13). A única exceção é o
Quartzo Diorito Dores do Campo (Tabela 16) que possui abundante plagioclásio cálcico,
hornblenda, epidoto e rara biotita e desta maneira seu conteúdo nesses elementos é mais elevado.
46
O conteúdo de Na2O do Granitóide do Lajedo (5,92 a 6,02 % peso) é mais elevado que o do
Gnaisse Granítico Fé (3,09 a 4,46 % peso), do Granito Mama Rosa (2,95 a 4,85 % peso) e do
Granitóide Gentio (3,32 a 3,39 % peso). Essa variação é diretamente associada à abundância de
demais plutons.
O FeO varia de baixo a médio nos plutons Fé (0,6 a 2,08 % peso), Mama Rosa (0,84 a 2,21 %
peso), Lajedo (1,10 a 1,14 % peso) e Gentio (0,52 a 2,38 % peso), assim como, essa variação é
acompanhada por baixas concentrações de MgO dos mesmos: Fé (0,01 a 0,13 % peso), Mama
Rosa (0,06 a 0,23 % peso), Lajedo (0,23 a 0,33 % peso) e Gentio (0 a 1,43 % peso) - Tabelas 7,
10 e 13. Estes valores estão associados à ausência de hornblenda, ao baixo conteúdo em biotita e
fases opacas (Tabela 6). A única exceção é o Diorito Dores do Campo que apresenta valores
altos de FeO (5,32 a 7,56 % peso) e MgO (4,49 a 7,27 % peso) - Tabela 16, pois possui
Quanto às características químicas, todos os corpos são subalcalinos (Fig. 13b) e possuem
tendência cálcio-alcalina, com exceção do Quartzo Diorito Dores de Campos, que plota no
campo dos toleítos (Fig. 13c) diferenciando-se dos demais corpos estudados. No diagrama SiO2
x K2O as amostras do quartzo diorito Dores de Campos situam-se entre os campos das séries
toleítica e cálcio-alcalina, pois possui baixo conteúdo de K2O, enquanto que a amostra do
do Granitóide Mama Rosa e do Gnaisse Granítico Fé variam amplamente, desde o campo cálcio-
Figura 12: Elementos maiores e traços em diagramas de variação usando SiO2 como índice de
diferenciação. Símbolos - : Gnaisse Granítico Fé; : Granitóide do Lajedo; : Granito Mama Rosa; :
Granitóide Gentio; : Quartzo Diorito Dores do Campo.
48
Os plutons Fé (93-469ppm), Gentio (43-162ppm) e Mama Rosa (107 a 291ppm) são mais
enriquecidos em Rb, ao contrário dos plutons Lajedo (41 a 43ppm) e quartzo diorito Dores do
Campo (13 a 41ppm). Esse conteúdo mais elevado em Rb é coerente com os valores mais altos
de K2O, que está relacionado à presença de microclina nos mesmos, enquanto nos plutons
plutons Fé (202 a 1016ppm), Lajedo (773 a 874ppm), Gentio (636 a 861ppm) e Mama Rosa (291
a 1154ppm) é mais elevado que no Quartzo Diorito Dores do Campo (807 a 313ppm). Em
relação ao conteúdo de Sr, caracteriza-se que o Granito Mama Rosa (60-88ppm) e o pluton Fé
(30-97ppm) possuem baixos valores de Sr quando comparados com os demais plutons estudados,
possuem baixos valores quando comparados com os demais plutons estudados, estando este fato
Os corpos Fé e Mama Rosa apresentam no diagrama de ETR (Fig. 14a) uma forte anomalia
essa anomalia é mais sutil, sugerindo que o fracionamento de feldspato não foi uma fase tão
primeiro. Essas altas concentrações de LREE podem ser atribuídas ao fracionamento de allanita,
Figura 13: Diagramas discriminantes para os corpos estudados. (A) Diagrama de Maniar & Picolli
(1989) ANK x ACNK; (B) Diagrama AFM mostrando afinidade cálcio-alcalina; (C) SiO2 x Na2O + K20
(Irvine & Baragar, 1971); (D) diagrama SiO2 x K20. Símbolos - : Gnaisse Granítico Fé; : Granitóide
do Lajedo; : Granito Mama Rosa; : Granitóide Gentio; : Quartzo Diorito Dores do Campo.
O diagrama spider (Fig. 14b) mostra que as assinaturas de Sr, HFSE (Zr, P, Nb e Ti) e LILE (Ba
e K) de todos plutons são consistentes com feições geoquímicas de rochas derivadas de arco
que também é característico deste ambiente tectônico (Tabelas 8, 9, 11, 12, 14, 15, 17 e 18).
50
Figura 14: (a) Distribuição dos elementos terras raras normalizados para o condrito (Boynton, 1984); (b)
Spidergrama normalizado para o manto primitivo (Taylor & McLennan, 1985).
51
Tabela 7:Análises químicas (% em peso) dos elementos maiores e menores do Gnaisse Granítico Fé.
52
Elementos AL-07 AL-10 AL-14a AL-14b AL-15a AL-25 AL-36b AL-59a LC-06 LC-07
Maiores
SiO2 75,21 73,36 74,38 74,39 73,32 75,18 75,95 69,90 71,79 75,86
Al2O3 12,75 13,13 13,02 12,89 12,93 12,98 12,94 15,11 15,29 15,34
MnO 0,032 0,041 0,027 0,028 0,028 0,023 0,022 0,033 0,02 0,023
MgO 0,13 0,17 0,15 0,15 0,15 0,08 0,06 0,63 0,36 0,23
CaO 0,85 0,95 0,94 1,03 1,03 0,93 0,71 2,31 2,03 1,82
Na2O 3,23 3,15 2,95 3,32 3,32 3,57 3,82 4,85 5,92 5,99
K2 0 5,55 5,48 5,76 5,37 5,37 5,24 4,91 2,66 1,56 1,81
TiO2 0,129 0,185 0,184 0,201 0,201 0,108 0,083 0,456 0,231 0,156
P2O5 0,032 0,045 0,054 0,05 0,05 0,026 0,024 0,134 0,065 0,035
Fe2O3 1,55 1,84 1,85 1.88 1,91 1,41 1,13 2,79 1,73 1,54
FeO 1,04 1,06 1,27 1,5 1,36 1,25 0,84 2,21 1,14 1,10
Total 99,98 99,03 99,86 98,84 99,64 100,19 100,9 99,55 99,68 100,48
Tabela 10: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm) do Granito Mama Rosa e do Granitóide do Lajedo (amostras:
LC-06 e LC-07).
55
El. Traços AL-07 AL-10 AL-14a AL-14b AL-15a AL-25 AL-36b AL-59a LC-06 LC-07
Ba 388 810 749 771 833 419 291 1154 773 874
Ce 75 109 134 103 134 76 35 88 35 35
Cl 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50
Co 6 6 6 6 7 6 7 6 6 6
Cr 13 13 58 17 66 13 13 13 27 13
Cu 5 5 6 5 5 5 5 9 5 5
F 550 550 550 550 633 550 550 734 550 550
Ga 17 18 17 18 17 18 20 23 22 22
La 48 77 74 71 81 39 345 56 28 28
Nb 22 23 16 22 15 17 19 10 9 9
Nd 23 36 40 31 41 30 172 31 14 14
Ni 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Pb 58 51 46 49 46 62 53 19 10 12
Rb 249 263 263 246 251 236 291 107 41 43
S 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300
Sc 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14
Sr 60 79 84 77 88 69 60 481 971 835
Th 46 46 46 44 52 65 31 15 7 7
U 33 17 13 21 16 27 26 7 15 14
V 9 9 18 13 9 9 11 28 16 9
Y 57 29 31 273 39 41 34 13 4 5
Zn 39 44 43 43 41 34 35 63 50 48
Zr 149 163 177 160 182 135 99 241 94 82
Tabela 11: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Granito Mama Rosa e do Granitóide do Lajedo (amostras: LC-06 e LC-07).
56
Tabela 12: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Granito Mama Rosa e do Granitóide do Lajedo (amostras: LC-06 e LC-07).
57
Elementos
Maiores LC-24a LC-24b AN-48A AN-48D AN-49 AN-57A AN-58A AN-74 AN-85 AN-83A AN-94A AN-94B AN-98A
SiO2 76,25 76,68 76,15 75,31 68,66 73,46 73,11 74,46 72,85 65,43 72,35 74,99 75,01
Al2O3 12,34 12,77 14,36 13,81 15,79 14,08 14,99 14,35 14,84 16,62 14,23 13,74 13,91
MnO 0,027 0,018 0,012 0,025 0,038 0,015 0,022 0,013 0,032 0,048 0,031 0,021 0,021
MgO 0,38 0,05 0,05 0,33 0,95 0,23 0,21 0,08 0,19 1,43 0,56 0,08 0,00
CaO 1,20 0,73 1,21 1,98 3,57 1,34 1,02 0,29 0,91 3,61 1,47 0,86 0,72
Na2O 3,32 3,69 5,11 4,33 4,14 3,52 3,74 3,20 2,90 3,92 3,47 3,89 3,68
K2 0 4,26 4,85 1,24 1,92 1,73 4,55 4,13 5,58 4,51 2,50 4,15 4,65 5,24
TiO2 0,215 0,082 0,050 0,176 0,464 0,135 0,142 0,016 0,198 0,675 0,259 0,82 0,031
P2O5 0,059 0,021 0,006 0,057 0,157 0,041 0,037 0,91 0,042 0,211 0,08 0,021 0,019
Fe2O3 1,69 0,86 0,79 1,42 3,22 1,14 1,41 0,80 1,76 4,09 2,03 1,03 0,46
FeO 1,51 0,59 0,18 0,61 2,17 0,43 0,53 0,76 1,21 2,38 0,92 0,52 0,18
Total 100,26 100,33 99,78 99,82 99,48 99,17 99,87 99,78 99,67 99,63 99,49 99,82 99,63
Tabela 13: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm) do Granitóide Gentio.
58
El. Traços LC-24a LC-24b AN-48A AN-48D AN-49 AN-57A AN-58A AN-74 AN-85 AN-83A AN-94A AN-94B AN-98A
Ba 861 636 534 1690 624 1365 1002 653 937 692 1037 709 367
Ce 35 60 35 35 64 35 35 35 50 71 60 36 35
Cl 50 50 50 104 50 50 50 50 50 50 50 50 50
Co 6 6 6 6 7 6 6 6 6 10 6 6 6
Cr 13 75 13 13 25 13 13 13 13 15 13 13 13
Cu 5 5 7 8 5 5 5 7 5 38 10 16 19
F 550 551 550 550 580 550 550 550 550 819 550 550 550
Ga 22 16 24 19 22 17 23 20 23 22 17 23 23
La 28 46 28 28 61 61 28 28 35 35 48 39 16
Nb 9 10 23 11 15 9 13 14 19 9 11 13 14
Nd 14 25 14 14 21 14 14 14 14 23 17 14 14
Ni 5 5 5 5 8 5 5 5 5 9 5 5 5
Pb 13 30 13 19 14 28 38 75 33 15 26 34 40
Rb 43 162 23 30 59 113 145 195 157 152 161 143 145
S 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300
Sc 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14
Sr 832 141 207 359 413 235 175 69 122 441 195 126 87
Th 7 32 14 7 13 25 27 23 23 12 23 21 16
U 14 3 6 4 4 8 9 3 3 4 3 6 14
V 11 19 18 12 42 9 12 9 12 55 19 11 9
Y 4 14 30 7 8 12 14 13 18 6 17 14 28
Zn 48 31 15 33 71 23 24 38 52 73 34 18 5
Zr 82 152 90 110 201 90 118 89 160 238 199 94 71
Tabela 14: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Granitóide Gentio.
59
Tabela 15: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Granitóide Gentio.
60
Elementos
Maiores LC-26a LC-26b AN-01A AN-02B AN-05A AN-05B AN-01C AN-02C AN-09C AN-46A
SiO2 52 52,08 54,18 53,68 57,87 57,40 53,65 53,14 49,72 51,16
Al2O3 15,93 15,93 16,63 16,70 15,64 15,68 16,86 15,86 18,33 15,17
MnO 0,151 0,151 0,166 0,138 0,143 0,142 0,169 0,144 0,151 0,191
MgO 7,27 7,27 4,88 6,73 4,49 4,66 4,96 7,23 4,41 6,17
CaO 8,72 8,72 8,17 8,54 7,20 7,44 8,40 8,57 8,82 10,56
Na2O 3,48 3,48 3,61 3,45 3,53 3,67 3,69 3,26 3,84 2,37
K2 0 0,74 0,74 0,74 0,55 0,38 0,44 0,70 0,56 0,65 0,25
TiO2 1,087 1,087 0,853 0,70 0,868 0,851 0,883 0,758 1,461 1,328
P2O5 0,212 0,212 0,146 0,147 0,217 0,220 0,149 0,149 0,292 0,132
Fe2O3 1,63 9,12 8,92 7,75 8,06 7,71 8,94 8,30 2,04 11,40
FeO 7,02 5,89 5,84 5,40 5,32 5,40 5,76 5,54 6,27 7,56
Total 100,42 100,42 99,32 99,75 99,64 99,45 99,56 99,55 99,69 99,63
Tabela 16: Análises químicas dos elementos maiores e menores (% em peso) e traços (em ppm) do Quartzo Diorito Dores do Campo.
61
El. Traços LC-26a LC-26b AN-01A AN-02B AN-05A AN-05B AN-01C AN-02C AN-09C AN-46A
Ba 807 313 247 286 194 229 229 280 326 99
Ce 35 55 34 35 53 61 50 35 62 52
Cl 50 50 50 50 50 50 50 50 50 77
Co 6 24 27 30 20 23 32 35 23 35
Cr 13 224 72 209 132 136 67 244 16 38
Cu 5 15 7 15 9 13 7 50 62 24
F 550 550 550 550 550 550 589 643 652 550
Ga 18 20 19 17 18 19 19 17 23 18
La 28 28 32 28 28 28 28 28 28 28
Nb 10 9 9 9 9 9 9 9 9 9
Nd 14 31 15 16 30 27 23 14 30 28
Ni 5 88 33 95 59 66 34 106 14 24
Pb 42 8 8 4 5 4 7 4 4 6
Rb 41 13 18 14 7 9 18 15 18 4
S 300 300 300 300 300 300 300 300 541 300
Sc 14 19 27 24 23 21 26 29 30 44
Sr 125 440 350 453 409 435 357 401 502 266
Th 21 7 7 7 7 7 7 7 7 7
U 7 6 4 3 3 5 3 3 3 3
V 18 109 166 167 135 135 168 172 262 251
Y 12 21 30 17 22 17 26 18 27 33
Zn 24 87 98 69 86 85 101 77 86 81
Zr 94 170 85 73 152 132 97 96 149 105
Tabela 17: Análises químicas dos elementos e traços (em ppm) do Quartzo Diorito Dores do Campo.
62
Tabela 18: Análises químicas (em ppm) dos ETR do Quartzo Diorito Dores do Campo.
63
As unidades plutônicas estudadas através dos métodos U-Pb e Nd-Sr são: Gnaisse Granítico Fé,
Granitóide Gentio, Quartzo Diorito Dores do Campo, Granitóide do Lajedo, Granito Mama
Rosa. Adicionalmente, foi realizado estudo Nd-Sr nos corpos: Tonalito/Trondhjemito Cassiterita,
Granito Ritápolis, Diorito Brumado, Quartzo Monzodiorito Glória, Quartzo Diorito do Brito,
Granodiorito Brumado de Cima e Granodiorito Brumado de Baixo. Além disso, foi obtida uma
idade K-Ar, em biotitas, da ZCL. Os parâmetros de Nd-Sr foram calculados com base na idade
U-Pb obtida para cada corpo, para fins de modelagem interpretativa e correlação temporal. Com
exceção do Granito Mama Rosa, que não possui idade U-Pb, seus dados de Nd foram calculados
com base na idade do Granito Ritápolis (2121 ± 7 Ma), pois se supõe que o Granito Mama Rosa
Foi realizado neste pluton (Domínio Litológico I) uma datação U-Pb (LC-01A) acompanhada de
estudos isotópicos Nd-Sr (LC-02), e uma datação K-Ar (LC-04), no sua borda sul, onde ocorre o
Este gnaisse apresenta duas populações de zircão. Apenas uma das populações foi datada pelo
método U-Pb (TIMS). A primeira população selecionada para datação apresenta dois subtipos: i)
o primeiro subtipo consiste de zircões prismáticos alongados (Fig. 15a), pequenos, com
biterminação bem desenvolvida, incolor e com freqüentes inclusões. Possui relação 3:1
G) deste subtipo para diluição isotópica e espectrometria (Tabela 19); ii) o segundo subtipo
apresenta zircões prismáticos curtos (Fig. 15b), pequenos, com biterminação bem desenvolvida,
incolor e com freqüentes inclusões. Possui relação 1:1 (comprimento:largura), deste subtipo
(Tabela 19).
coloração escura e aspecto sujo (Fig. 15c), e possui freqüentes inclusões. Devido ao alto teor de
Figura 15: Diferentes tipos de zircão do Gnaisse Granítico Fé. (a) zircão incolor, prismático alongado,
com biterminação bem desenvolvida; (b) zircão incolor prismático curto com biterminação bem
desenvolvida; (c) zircão escuro com biterminação arredondada e de aspecto sujo (não selecionado para
datação).
O programa Isoplot/EX (Ludwig, 2000) foi usado para o cálculo da idade. Do total de nove
análises realizadas, duas foram descartadas por apresentar em baixo teor de Pb radiogênico. Das
análises selecionadas (Tabela 19) cinco situam-se próximo ao intercepto superior com a
0.44
LC-01A 2200
0.40 Gnaisse Granítico Fé
2000
0.36 LC-01A DLC-01A A
LC-01A G
U
1800 LC-01A H
0.32
238
LC-01A E
Pb/
1600
0.28
206
0.24 1400
Intercepto Inferior: 517 ± 38 Ma
Intercepto Superior: 2191.2 ± 8.6 Ma
0.20 1200
LC-01B B MSWD = 7.1
1000
0.16
1 3 5 7 9
207 235
Pb/ U
Figura 16: idade U/Pb em zircão do gnaisse granítico Fé.
A análise Sm-Nd (Tab. 23) de rocha total da amostra (LC-02) mostra valores de fSm/Nd=-0,44,
compatível com parâmetros crustais normais de fracionamento de Nd. A idade Sm-Nd TDM
A razão inicial 87Sr/86Sr(2,191Ga) (Tab. 24) da amostra (LC-02) é 0,70497. Este valor sugere que o
protólitos têm baixa razão Rb/Sr em coerência com características isotópicas de materiais de
crosta média e/ou profunda. Alternativamente a razão inicial calculada sugere uma assimilação
de litótipos máficos como os presentes no greenstone belt Rio das Mortes (Tabela 5), que se
situa nas proximidades. Isto está de acordo também com a presença de xenólitos assemelhados
dessas unidades neste pluton. Portanto, esses dados apontam para uma mistura de magma
paleoproterozóico juvenil com componentes crustais para a gênese do Gnaisse Granítico Fé (Fig.
23).
66
A análise K-Ar em biotitas, foi coletada no borda sul do Gnaisse Granítico Fé, amostra LC-04,
onde ocorre o ocorre o contato com a zona de cisalhamento do Lenheiro (ZCL), com o objetivo
de datar o último evento termal desta estrutura. A idade obtida (Tab. 25) na ZCL foi de 550 ± 11
Ma, indicando que o último evento termal ocorrido foi no ciclo Brasiliano. Esta idade pode estar
futuros seria indicado fazer uma datação Ar-Ar para investigar se a ZCL é contemporânea a
No granito Mama Rosa (Domínio Litológico I) foi feito apenas estudo isotópico Nd-Sr (AL-07).
Não foi possível fazer uma datação U-Pb devido às altas concentrações de Urânio dos zircões
A análise Sm-Nd (Tab. 23) de rocha total da amostra (AL-07) mostra valores de fSm/Nd=-0,32.
A idade Sm-Nd TDM calculada para estágio simples é de 3,07 Ga, e o εNd(2,12Ga) é – 5,32.
A razão inicial 87Sr/86Sr(2,12Ga) (Tab. 24) desta amostra (AL-07) é 0,70497. Esse valor sugere que
os protólitos dessa rocha têm baixa Rb/Sr, sendo consistente com a participação de materiais de
crosta profunda ou assimilação de litótipos do greenstone belt Rio das Mortes (Tabela 5), o qual
o pluton é intrusivo. Portanto, esses dados sugerem uma origem de retrabalhamento de crosta
No granitóide do Lajedo (Domínio Litológico II) foi feita uma datação U-Pb (LC-06), bem
Foram obtidas três populações de zircão: 1) cristais pequenos prismáticos com terminação
arredondada e incolores (Fig. 17a); 2) cristais pequenos prismáticos com terminação arredondada
e coloração branca, de aspecto sujo e com freqüentes inclusões (Fig. 17b); 3) cristais prismáticos
alongados com terminação arredondada e incolores, que contém poucas inclusões (Fig. 17c).
Da população 1 foram separadas 2 frações (LC-06 B, LC-06 C), da população 2 foram separadas
mais 2 frações (LC-06 D, LC-06 E), e da população 3 foi separada uma fração (LC-06 A), para
datação U-Pb. Cinco análises (Tabela 20) forneceram uma discórdia com idade de intercepto
superior (Fig. 18) de 2208 ± 26 Ma (MSDW=57), (2σ). Dessas cinco amostras a população 3 foi
a que mais se aproximou da Concórdia, sugerindo a sua origem magmática, reforçado pelo
Granitóide, conforme sugerido pelo hábito prismático dos zircões das 3 populações.
68
A análise Sm-Nd (Tab. 23) de rocha total da amostra mostra valores de fSm/Nd=-0,42,
compatível com parâmetros crustais normais de fracionamento de Nd. A idade Sm-Nd TDM
calculada para estágio simples é de 2,60 Ga, e o εNd(2,21Ga) é – 1,67. Portanto, esses dados
sugerem novamente uma gênese a partir de uma mistura de magma paleoproterozóico juvenil
com componentes crustais arqueanos (Fig. 23). Da mesma forma a razão inicial 87Sr/86Sr(2,21Ga)
(Tab. 24) da amostra é 0,70322; esse valor baixo sugere que os protólitos têm baixa razão Rb/Sr.
Esta hipótese é coerente com a presença de xenólitos de rochas máficas no pluton (Tabela 5).
No granitóide do Gentio (Domínio Litológico II) foi feita uma datação U-Pb (LC-24A),
O Granitóide Gentio possui duas populações de zircão: 1) cristais pequenos prismáticos com
(a) (b)
Figura 19:Tipos de populações de zircão do Granitóide Gentio. (a) cristais pequenos prismáticos com
terminação arredondada e incolores; (b) cristais pequenos prismáticos com biterminação bem definida e
incolores.
Destas duas populações foram separadas três frações da população 1 (LC24- A A; LC24- A B;
LC24- A C); e uma fração da população 2 (LC24-A D) para. Duas frações (LC24-A A, LC24- A
D) forneceram uma discórdia com idade de intercepto superior (Fig. 20) de 2066,3 ± 10 Ma,
(2σ), o cálculo da discórdia foi forçado a zero, pois foi calculado com base em dois pontos
(Tabela 21). As outras duas frações tiveram perdas pronunciadas de Pb, portanto não foram
aproveitadas no cálculo da idade. Esta idade é interpretada como idade mínima de cristalização
do Granitóide Gentio, uma vez que as frações A e B são muito discordantes em relação à
Concórdia.
2300
0.42
Granitóide Gentio
2100
0.38
Pb/238U
1900
0.34
206
1700 LC-24A
0.30
LC-24D
0.26 1500
Intercepto
2066.3 +10/-9 Ma
0.22 1300
2 4 6 8
207 235
Pb/ U
Figura 20: Diagrama U-Pb do Granitóide Gentio.
70
Os dados Sm-Nd (Tabela 23) forneceram valores de fSm/Nd=-0,53 e idade modelo TDM,
calculada para estágio simples, de 3,01 Ga e εNd(2,066Ga) de – 10,85. Sua assinatura de Nd indica
87
A razão inicial Sr/86Sr(2,066Ga) é de 0,70021, (Tabela 24). Este valor sugere que os protólitos
dessa rocha têm baixa Rb/Sr, sendo consistente com a participação de materiais de crosta
profunda ou litótipos do greenstone belt Nazareno, que ocorre nas proximidades deste corpo.
Para este corpo (Domínio Litológico II) foi feita uma datação U-Pb (LC-26A), e o estudo
Apenas uma população de zircão está presente no Quartzo Diorito Dores do Campo: cristais
Desta população foram separadas quatro frações (LC-26-A A; LC-26-A B; LC-26-A C e LC-26-
A E) para datação (Tabela 22). Duas frações (LC-26-A A, LC-26-A D) forneceram uma
discórdia com idade de intercepto superior (Fig. 22) de 2198,9 ± 6,5 Ma (MSDW=3,4), (2σ). As
outras duas frações (LC-26-A B e LC-26-A C) tiveram ganhos de Pb, portanto não foram
71
LC-26A C
Diorito Dores do Campo 2280
0.42
2240
LC-26A B
2200
LC-26A A
U
2120
206
2000
0.36
6.0 6.4 6.8 7.2 7.6 8.0 8.4 8.8
207 235
Pb/ U
Os dados Sm-Nd (fSm/Nd=-0,45) forneceram (Tabela 23) idade modelo TDM, calculada para
estágio simples de 2,52 Ga e εNd(2,198 Ga) de – 0,06. Sua assinatura de εNd e TDM são compatíveis
com uma diferenciação manto-crosta a partir de protólito com curta vivência crustal (Fig. 23).
A razão inicial 87Sr/86Sr(2,198Ga) (Tabela 24) de 0,70445, sugere que os protólitos dessa rocha têm
Em adição aos estudos mencionados, foram realizados os métodos Sm-Nd (Tabela 23) e Rb-Sr
(Tabela 24), com o intuito de ampliar o leque de interpretações no contexto regional, nos
72
(Domínio Litológico I); e nos plutons: Quartzo Diorito do Brito, Granodiorito Brumado de Cima
modelo TDM, calculada para estágio simples, de 2,46 Ga e εNd(2,162 Ga) de – 0,96, calculado com
base na idade U-Pb deste corpo. A razão inicial 87Sr/86Sr(2,162Ga) foi de 0,73427.
No Granito Ritápolis, os dados Sm-Nd forneceram idade modelo TDM, calculada para estágio
simples, de 2,51 Ga, fSm/Nd=-0,50 e εNd(2,121 Ga) de – 2,4, calculado com base na idade U-Pb
O Diorito Brumado obteve idade modelo TDM, calculada para estágio simples, de 2,71 Ga,
fSm/Nd=-0,33 e εNd(2,131 Ga) de – 2,64, calculado com base na idade U-Pb deste corpo. A razão
O Quartzo Monzodiorito Glória teve uma idade modelo TDM, calculada para estágio simples, de
2,68 Ga, fSm/Nd=-0,45 e εNd(2,189 Ga) de – 3,36, calculado com base na idade U-Pb deste corpo.
Já no Domínio Litológico II o Quartzo Diorito do Brito obteve idade modelo TDM, calculada para
estágio simples, de 2,63 Ga, fSm/Nd=-0,27 e εNd(2,221 Ga) de – 0,45, calculado com base na idade
U-Pb deste corpo. A razão inicial 87Sr/86Sr(2,221 Ga) obtida foi de 0,70500.
modelo TDM, calculada para estágio simples, de 2,52 Ga e εNd(2.187 Ga) de – 0,66, calculado com
base na idade U-Pb deste corpo. A razão inicial 87Sr/86Sr(2.187Ga) foi de 0,73075.
73
E finalmente, para o Granodiorito Brumado de Baixo, os dados Sm-Nd forneceram idade modelo
TDM, calculada para estágio simples, de 2,56 Ga, fSm/Nd=-0,36 e εNd(2.218 Ga) de – 0,68,
87
calculado com base na idade U-Pb deste corpo. A razão inicial Sr/86Sr(2.218Ga) obtida foi de
0,72726.
Analisando o gráfico de evolução do εNd(2.13Ga) no Tempo (Fig. 23), pode-se verificar algumas
diferenças entre os corpos plutônicos estudados. O cálculo com base na idade de 2,13 Ga foi
adotado como referência à idade do pluton mais jovem, apresentada nesta dissertação. O Quartzo
Diorito do Brito e o Quartzo Diorito Dores do Campo são os plutons que possuem assinatura de
εNd e TDM compatíveis com uma diferenciação manto-crosta, o que é consistente com a
Com uma maior contribuição de material crustal, aparecem os plutons: Granodiorito Brumado de
exceção do Granitóide Gentio, os demais plutons possuem uma assinatura de mistura de magma
greenstones Rio das Mortes e Nazareno (Tabela 5), dependendo da localização de cada pluton.
E finalizando, o Granitóide Gentio e o Granito Mama Rosa são os plutons que mais se destacam
dos demais em termos de natureza isotópica, indicando uma gênese de retrabalhamento crustal
De Paolo
Gnaisse Granítico Fé
Quartzo Monzodiorito Glória
εNd(2,13Ga) Granito Mama Rosa
20 Quartzo Diorito do Brito
Granitóide do Lajedo
10 Diorito Brumado
Granito Ritápolis
0 Granitóide Gentio
Quartzo Diorito Dores do Campo
-10 Tonalito/Trondhjemito Cassiterita
Granodiorito Brumado de Cima
-20 Granodiorito Brumado de Baixo
-30
-40
Figura 23: Evolução do εNd(2,13Ga) no Tempo, para os plutons estudados neste trabalho.
75
Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
(%) (%) (%) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC 01A-A P,Dt,Cl(p.longo) 6,38745 0,477 0,346211 0,743 0,991745 2,888412 0,7430 0,133809 0,0612 10323,6 136,1 361,6 0,036 1917 2031
LC 01 A-D P,Dt,Cl(p.longo) 6,35687 0,491 0,345778 0,485 0,987053 2,892029 0,4850 0,133335 0,0788 912,5 115,8 293,0 0,036 1914 2026
LC 01 A-E P,Dt,Cl(p.curto) 6,34851 0,473 0,345678 0,47 0,99308 2,892866 0,470 0,133198 0,0555 8865,4 133,4 355,7 0,022 1914 2025
LC 01 A- G P,Dt,Cl(p.curto) 6,32622 0,712 0,342872 0,684 0,961708 2,91654 0,684 0,133817 0,1950 11850,3 166,3 445,1 0,023 1901 2022
LC 01 A-H P,Dt,Cl(p.curto) 6,27906 0,818 0,341559 0,781 0,956516 2,927752 0,781 0,13333 0,2380 4351,8 146,9 394,4 0,028 1894 2016
LC 01 A-B P,Dt,Cl(p.longo) 3,09631 0,477 0,195357 0,472 0,991212 5,118834 0,472 0,114951 0,0631 5726,6 64,0 308,4 0,331 1150 1432
LC 01 A-C P,Dt,Cl(p.longo) 3,01982 6,98 0,195409 5,17 0,80022 5,117472 5,170 0,112082 4,2100 112,1 69,6 216,6 0,045 1151 1413
LC 01 A-F P,Dt,Cl(p.curto) 6,46318 1,91 0,354607 1,11 0,67622 2,820023 1,110 0,132189 1,4200 261,5 107,5 227,0 0,032 1957 2041
Tabela 19: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Gnaisse Granítico Fé (amostra LC-01A). Legenda: . PDtCl: cristal prismático com biterminação
bem desenvolvida, transparente e com raras inclusões. p.longo = prisma longo, p. curto = prisma curto.
Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
(%) (%) (%) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC-06 A PrTCl 7,485570 0,54 0,392734 0,54 2,546253 0,54 0,138237 0,07 1834,74 102,02 222,8 0,01557 2136 2171 2205
LC-06 B PrOtI 4,370890 0,50 0,245516 0,49 4,073054 0,49 0,129119 0,06 2646,27 50,80 204,1 0,0299 1414 1707 2086
LC-06 C PrOtI 5,449810 0,58 0,298011 0,57 3,355581 0,57 0,132631 0,10 1562,03 38,53 124,5 0,0147 1681 1893 2133
LC-06 D PrTCl 6,197080 0,53 0,333433 0,52 2,999103 0,52 0,134796 0,06 2017,25 49,77 145,2 0,0231 1855 2004 2161
LC-06 E PrTCl 5,792800 0,85 0,317942 0,84 3,145228 0,84 0,132142 0,13 1029,83 22,60 65,6 0,01049 1780 1945 2127
Tabela 20: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Granitóide do Lajedo (amostra LC-06). Legenda: PrTCl -cristal prismático com terminação
arredondada, transparente e com raras inclusões. PrOtI - cristal prismático com terminação arredondada, translúcido e com freqüentes inclusões.
76
Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
(%) (%) ( %) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC-24B A PrTCl 3,789770 3,520 0,231540 3,460 4,318908 0,98 0,118199 0,660 163,07 24,520 83,10 0,00415 1348 1591 1929
LC-24B B PrTCl 4,816240 0,670 0,279626 0,640 3,576205 0,95 0,124919 0,200 1262,75 95,740 314,20 0,00398 1590 1788 2028
LC-24B C PDtCl 5,28479 0,551 0,304696 0,546 3,281960 0,99 0,125794 0,0753 905,0793 81,304 237,51 0,01565 1714,6 1866 2040
Tabela 21: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Granitóide Gentio (amostra LC-24B). Legenda: PrTCl-cristal prismático com terminação
arredondada, transparente e com raras inclusões. PDtCl: cristal prismático com biterminação bem desenvolvida, transparente e com raras inclusões.
Fração Hábito U207/Pb235 Erro U206/Pb238 Erro U238/Pb206 Erro U207/Pb206 Erro U206/Pb204 Pb U Peso U206/Pb238 U207/Pb235 U207/Pb206
Idade Idade Idade
( %) ( %) (%) (%) (ppm) (ppm) (mg) (Ma) (Ma) (Ma)
LC-26A A PrOtCl 7,670150 1,43 0,403333 1,42 2,479341 0,99 0,137924 0,19 429,92 38,16 76,0 0,0069 2184 2193 2201
LC-26A C PrOtCl 7,593880 2,22 0,400092 2,11 2,499425 0,94 0,137658 0,73 446,35 16,51 34,4 0,01045 2170 2184 2198
LC-26A B PrOtCl 7,486360 3,23 0,409596 3,18 2,441430 0,98 0,132560 0,57 127,55 18,18 31,9 0,00657 2213 2171 2132
LC-26A E PrOtCl 7,761270 1,94 0,418615 1,25 2,388830 0,73 0,134467 1,34 67,53 57,81 61,6 0,00875 2254 2204 2157
Tabela 22: Resultados analíticos da idade U-Pb em zircão do Diorito Dores do Campo (amostra LC-26A). Legenda: PrOCl - cristal prismático com terminação
arredondada, translúcido e com raras inclusões.
77
147
Rocha Amostra Sm Nd Sm/144Nd 143
Nd/144Nd E(0) fSm/Nd TDM (Ma) e(TDM) T1 E(T1) Referência
(ppm) (ppm) (Ma)
Granitóide do Lajedo LC-06 1,180 6,279 0,1137 0,511353 -25,06 -0,42 2591,9 -25,06 2190,0 -1,86
Granito Mama Rosa AL-07 13,148 59,072 0,1346 0,511476 -22,67 -0,32 3068 -22,67 2190,0 -5,32
Gnaisse Granítico
LC-02 7,278 39,843 0,1105 0,511245 -27,17 -0,44 2675,0 2,25 2190,0 -3,08
Fé
Granitóide Gentio LC-24A 3,590 23,572 0,0921 0,510669 -38,41 -0,53 3008,1 1,72 2190,0 -9,19
Diorito Dores do
LC-26A 4,145 18,576 0,1349 0,511747 -17,39 -0,31 2524,9 2,51 2190,0 -0,13
Campo
Qtzo Monzodiorito CAWT02
8,021 44,941 0,1079 0,511195 -28,15 -0,45 2683,5 2,24 2190,0 -3,35
Glória A22/Glória
Granitóide do Brito C39-C 8,746 36,621 0,1444 0,511855 -15,27 -0,27 2637,0 2,32 2190,0 -0,66
Tonalito/trondjhemito Geocr-10-
2,140 12,600 0,1027 0,511260 -26,88 -0,48 2460,5 2,62 2190,0 -0,62
Cassiterita Cassiterita
Diorito/tonalito Geocr-7-
4,330 19,870 0,1318 0,511598 -20,29 -0,33 2714,1 2,19 2190,0 -2,15
Brumado Brumado
Geocr-5-
3,350 20,480 0,0989 0,511159 -28,85 -0,50 2515,3 2,52 2190,0 -1,53
Granito Ritápolis Ritápolis
Brumado de Cima C39-A 10,291 51,376 0,1562 0,511740 -17,52 -0,21** 3576,8 --- 2190,0 -6,20
Brumado de Baixo C39-B 6,705 32,284 0,1256 0,511572 -20,80 -0,36 2562,4 ---- 2190,0 -0,93
Cherman &
------ ------ ------ 0,0095 0,509770 -55,95 -0,95 2453,3 2,62 2190,0 -5,1
Gnaisse Nazareno Valença (2005)
Noce et al. (2000)
Gnaisse Itutinga ------ ------ ------ 0,1135 0,511373 -24,68 -0,42 2556,4 2,45 2190,0 -2,07 Cherman &
Valença (2005)
Diorito Rio Grande ------ 5,732 30,908 0,1121 0,511394 -24,27 -0,43 2487,3 2,57 2190,0 -0,66 Cherman (2002)
Quartzo diorito Dores do Campo LC-26A 39,53 283,71 0,71288 0,403 0,70500
CAWT02
Quartzo Monzodiorito Glória 118,80 981,43 0,71292 0,351 0,70510
A22/Glória
Granitóide do Brito C39-C 39,53 283,71 0,71288 0,403 0,70500
Geocr-10-
Tonalito/Trondjhemito Cassiterita 67 149,25 - - 0,73427
Cassiterita
Geocr-7-
Diorito Brumado 49,8 134,7 - - 0,71362
Brumado
Geocr-5-
Granito Ritápolis 64 155,2 - - 0,73256
Ritápolis
Brumado de Cima C39-A 65,9 158,2 - - 0,73075
(e.g. Ávila, 2000; Noce et al., 2000; Teixeira et al., 2005; Ávila et al., 2006). De acordo com as
idades U-Pb TIMS dos granitóides: Fé (2191 ± 9 Ma), Lajedo (2208 ± 26 Ma) e Dores do
Campo (2198,9 ± 6,5 Ma), estes representariam a fase mais antiga reconhecida do plutonismo, a
2002).
Os dados geocronológicos e feições geoquímicas indicam que esses plutons são comparáveis às
peraluminosa (Fig. 13a), uma tendência cálcio-alcalina (Fig. 13b), e um trend sub-alcalino (Fig.
13c).
protólitos originários de greenstone belts Rio das Mortes e Nazareno, respectivamente, conforme
sugerem nas assinaturas εNd(T) (– 3,1; -1,9), respectivamente. Já os Granitóides Mama Rosa e
Gentio mostram uma assinatura isotópica compatível com retrabalhamento de crosta arqueana,
εNd(T) (– 5,3; -10,8). E finalmente, o Quartzo Diorito Dores do Campo, que também se encaixa
neste contexto tectônico apresenta uma assinatura isotópica juvenil de idade arqueana, εNd(T) (–
0,1).
80
Na ZCL foi obtida a idade de 550,4 ± 11 Ma, indicando que o último evento térmico ocorrido
nesta falha foi no ciclo Brasiliano. Seria recomendável em estudos posteriores o uso da
Os resultados dos corpos estudados aliados com dados da literatura citados neste trabalho,
plotados no diagrama εNd(t) x 87Sr/86Sr(T) (Fig. 24) e recalculados para T=2,13 Ga, mostram uma
Figura 24: Diagrama εNd(2,13) x 87Sr/86Sr(T) mostrando os resultados de corpos plutônicos na parte central
do Cinturão Mineiro.
Essas maiores feições isotópicas são também consistentes com uma curta residência crustal do
material. Pode-se observar uma amostra com predominância de magmas com residência em
crosta inferior (à esquerda do gráfico), tipo Bulk Earth com influência de reservatório
81
magmas juvenis (à direita do gráfico). Essas características são comuns a boa parte das rochas
de arco plutônico.
A integração dos dados geocronológicos e isotópicos (gerados neste trabalho juntamente com
Mineiro, com o modelo proposto por Alkmin (2004) define a existência de dois conjuntos
distintos, a norte e ao sul da ZCL (Teixeira et al., 2005; Ávila et al., 2006): i) os plutons Brito,
Brumado de Cima, Nazareno, Itutinga, Brumado de Baixo, Lajedo e Quartzo Diorito Dores do
Campo, situados ao sul do Lenheiro, com idades U-Pb entre 2255 e 2198 Ma, exibem valores de
εNd(2,13) pouco negativos entre -0,1 e -1,8 (Fig. 25). Esses parâmetros isotópicos combinados com
suas idades Sm-Nd TDM comparáveis (entre 2,8 e 2,6 Ga) sugerem contribuição de magmas
paleoproterozóicos com baixa contaminação por materiais de curta vivência crustal. Esses
corpos plutônicos entre 2220 Ma e 2198 Ma definida por Ávila (2000) e Valença et al. (2000). ii)
quatro outros plutons distribuídos ao norte desta ZCL, considerados da “Fase Arco” descrito por
Ávila (comunicação pessoal) com idades radiométricas entre 2189 ± 29 e 2131 ± 4 Ma, exibem
valores de εNd(2,13) com tendência mais negativa (Fig. 25) entre -0,6 e -3,5 (Cassiterita, Brumado,
Fé e Glória). Esses dados em conjunto com a variação de suas idades TDM (2,5 a 2,7 Ga) sugerem
relativamente ao outro conjunto isotópico, embora existem alguns com assinatura semelhante aos
plutons do bloco sul da ZCL; e uma cristalização tardia com relação ao grupo anterior. Os dados
sugerem uma semelhança com a terceira fase evolutiva do Cinturão, onde ocorre fusão da crosta
magmático (ver Tabela 1). Este comportamento aponta para um cenário proximal com o
Já os plutons Ritápolis (2121 ± 7 Ma) e Mama Rosa situados neste mesmo bloco tectônico a
norte da falha do Lenheiro, possuem εNd(2.13) (-2.40 e –5.86) e TDM (2,51Ga e 3,07Ga), indicando
uma maior interação de componentes arqueanos com magmas proterozóicos, com relação aos
dois grupos anteriores. No contexto evolutivo do Cinturão esses plutons se enquadram na fase
Finalmente, o Granitóide Gentio (>2066,3 ± 10 Ma), situado na porção sul da ZCL, possui
εNd(2,13) = -10,8 e TDM = 3,0 Ga, sugerindo, também, uma maior interação dos magmas
evolução do Cinturão Mineiro, junto com as intrusões graníticas pós-tectônicas (Bruecker et al., 2000;
permitiu diferenciá-los geneticamente em relação aos plutons de idades mais jovens do Cinturão
no Quadrilátero Ferrífero, anteriormente datados por Noce et al. (2000). Isto reforça a hipótese
de haver pulsos magmáticos de caráter tectônico e natureza distintas, no âmbito da Província Sul
Mineira.
A Figura 26 mostrada com a adição dos dados de Cherman & Valença (2005), revela que a ZCL
baliza plutons de gênese distinta, mas ocorre também um imbricamento dos plutons devido a
sugerem associar-se a fase inicial da evolução magmática, enquanto que os plutons localizados
εNd(2,13Ga)
ao sul da ZCL sugerem vincular-se à terceira fase evolutiva do Cinturão, ligados geneticamente
a subducção de litosfera oceânica. À exceção é o Granitóide Gentio que apresenta uma idade
83
mais jovem com relação aos plutons localizados ao sul da ZCL, indicando o seu caráter pós-
tectônico.
De Paolo
Gnaisse Granítico Fé
Quartzo Monzodiorito Glória
20 Granito Mama Rosa
Quartzo Diorito do Brito
10 Granitóide do Lagedo
Diorito Brumado
0 Granito Ritápolis
Granitóide Gentio
-10 Quartzo Diorito Dores do Campo
Tonalito/Trondhjemito Cassiterita
-20 Granodiorito Brumado de Cima
Granodiorito Brumado de Baixo
-30
Ortognaisse Nazareno
Ortognaisse Itutinga
-40
Diorito Rio Grande
-50
Figura 25: Evolução do εNd(2.13Ga) no tempo, para os plutons da porção central do Cinturão.
Figura 26: Gráfico de εNd(2,13) versus idade, dos corpos da porção central do Cinturão Mineiro.
84
Na porção norte do Cráton São Francisco ocorrem algumas semelhanças com relação ao
idades radiométricas e TDM dos plutons paleoproterozóicos dos blocos: Gavião, Jequié e
Serrinha; e do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá. Segundo Barbosa & Sabaté (2004), foi durante
cinturão orogênico foi formado entre 2,1 e 2,0 Ga, sendo o maior evento colisional ocorrido na
região (Barbosa & Sabaté, 2004). Esta colisão foi provavelmente oblíqua com transporte
tectônico na direção NW, e durante este processo fragmentos do Bloco Jequié podem ter sido
ocorrido chegou a temperaturas de pico de 850 ˚C e 7 Kbar (2,0 Ga). As intrusões ocorridas
nesta fase mostram um caráter peraluminoso e valores de εNd(t) negativos (-13 a –5). As
fusão crustal (Sabaté, 1990). Com uma maior concentração no setor nordeste do domínio
orogênico, esses granitos exibem, no geral, idades em torno de 2,0 Ga (e.g. Granitos: Caculé,
do cinturão africano. Conforme modelos acrescionários (Feybesse et al., 1998) de 2,5 – 2,0 Ga, a
Orogênese Transamazônica seria similar em muitos aspectos à porção norte do Cráton São
Francisco (Fig. 27). Associações litológicas com a mesma idade aparecem em ambos os crátons,
indicando condições geodinâmicas similares. Isto sugere uma maior convergência de segmentos
Tabela 26:Idades dos principais plutons paleoproterozóicos dos Blocos Gavião, Jequié e Serrinha, e do
Cinturão Itabuna Salvador-Curaçá. (1) método U-Pb em zircão, (2) Método Pb-Pb e (3) Método Rb-Sr.
86
Comparando a variação de idades U-Pb (2255-2066 Ma) e TDM (2,4 – 3,5 Ga) do Cinturão
Mineiro (Fig. 28), com os intervalos da porção norte do Cráton São Francisco (1947-2092 Ma),
TDM (2,1 – 3,3 Ga); observa-se idades paleoproterozóicas mais antigas no Cinturão sugerindo
que a Orogênese Transamazônica foi um pouco mais precoce nesta porção. Já as idades TDM
tiveram uma gênese a partir de uma mistura de magma paleoproterozóico juvenil com
Figura 28: Gráficos comparativos de: idade (Ma) e idade TDM (Ga), entre os plutons do Cinturão Mineiro
e do norte do Cráton São Francisco. Símbolos- : Cinturão Mineiro; : porção norte do Cráton São
Francisco.
88
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ANEXO I