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Didática da Geografia e Geografia Escolar1

Fernando Rodrigues
Kamila Vicente
Natália Almeida
Noely Aparecida de Souza
Uilian Silva Oliveira
Wenderson Silva Oliveira

A cultura e o cotidiano escolar, os componentes curriculares que neles estão


envolvidos, e os processos de ensino e aprendizagem nos contextos formalizados
educacionais têm sido assuntos frequentes nos debates sobre Educação, Políticas
Educacionais e Didática. Nesses campos epistemológicos, se insere a discussão sobre os
elementos constitutivos que envolvem o ensino-aprendizagem de diversas áreas do
conhecimento: Artes/Letras/Linguística, Ciências Naturais, Educação Matemática,
Ciências Exatas e as Ciências Humanas.
Da área de conhecimento em Ciências Humanas, emerge as discussões sobre a
Didática da Geografia e a Geografia Escolar, no qual, nesse texto, a autora problematiza
pontos que julga importantes para a área de conhecimento em Didática da Geografia e
Geografia Escolar, presentes nas discussões e nos currículos dos cursos de formação de
professores para atuação nas séries iniciais do ensino fundamental e na educação
infantil.
Para cumprir tal tarefa, a autora apresenta as dificuldades relacionadas à
denominação e estruturação do campo de conhecimento utilizada no Brasil em relação
aos países Ibéricos.Em seguida, levanta as diferenças entre as origens da Geografia
Escolar e da Ciência Geográfica, explicitando a importância de alicerçar a primeira
como área de pesquisa no Brasil e como um componente curricular que se faz
fundamental para o norteamento do ensino nas escolas de educação básica nacionais. A
autora retoma, do mesmo modo, a trajetória do ensino de Geografia no Brasil e as fases
que esse campo de conhecimento passou a fim de chegar num denominador comum,

1
Resumo: LASTÓRIA, Andréa Coelho. Didática da Geografia e Geografia Escolar. In.: FONSECA,
Selva Guimarães (org.) Ensino Fundamental: conteúdos, metodologias e práticas. Campinas, SP:
Editora Alínea, 2009.

Discentes da Graduação em Pedagogia – Licenciatura Plena, no Quarto Período, da Universidade
Presidente Antônio Carlos – Unidade Uberlândia. Professora: Mestra Liberace Maria Ramos Ferreira.
que é a Didática da Geografia e as relações de ensino-aprendizagem no cotidiano
escolar.
No primeiro tópico do texto – Metodologia do Ensino de Geografia ou
Didática da Geografia? – a autora discute sobre a presença das disciplinas que versem
sobre as Metodologias de Ensino de Geografia nas Licenciaturas em Pedagogia. Os
conhecimentos que são abordados, segundo a autora, estão “voltados para a construção
das noções básicas de cidadania e, ainda, para o papel fundamental atribuído ao espaço
geográfico como importante objeto das práticas educativas” (LASTORIA, 2009, p.296).
A autora levanta algumas problematizações sobre essas metodologias de modo
a questionar quais podem ser as diretrizes norteadoras do conhecimento geográfico e da
própria didática desse conhecimento na formação docente, seja ela inicial ou
continuada. A didática da geografia escolar, na visão apresentada pela autora, é
concebida como um componente curricular, que tem por objetivos apresentar aos
futuros pedagogos e professores (principalmente àqueles, em nosso entendimento, que
atuem na alfabetização) como ensinar geografia, a geografia escolar tem por sua vez a
função de contribuir na construção de conhecimento para a vida das pessoas. Essas,
podemos considerar, como as bases epistemológicas da didática da geografia e do
conhecimento geográfico.
Lastória (2009) cita a organização e metodologia do ensino do conhecimento
geográfico na realidade espanhola, na qual, a Geografia é entendida num outro ângulo,
inserida dentro da área de conhecimento em Ciências Sociais (grande área) e suas
didáticas e metodologias de ensino – incluso a Didática da História, a Didática da
Geografia e Didática da História da Arte, portanto os conhecimentos epistemológicos
em Didática da Geografia fazem parte, nas palavras da autora “do ‘modus operandi’ da
área” (LASTÓRIA, 2009, p.297. Itálico como no original). Portanto, a partir desse
contexto (espanhol e português), segundo a autora, discutir sobre a Didática da
Geografia envolve refletir sobre as bases epistemológicas dos conhecimentos em
Didática e os específicos em Geografia, aliados às discussões sobre as metodologias que
auxiliam nesse processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos geográficos.
Para tal, há uma citação importante do professor de Geografia Xosé Manuel
Souto González (1999, p.12 apud LASTÓRIA, 2009, p. 297), explicando a Didática da
Geografia como:
um conjunto de saberes que não se ocupam de conceitos próprios
dessa matéria. Também temos de considerar o contexto social e a
comunicação com os alunos. Ensinar bem a uma pessoa pressupõe
dominar o conteúdo que vai ser desenvolvido em aula, ter bem
organizado o discurso conceitual e uma proposta adequada de tarefas.
Porém, sendo, por conseguinte necessário, não é suficiente.
Precisamos conhecer, ademais, como aprendem nossos alunos, que
obstáculos impedem sua aprendizagem, que barreias existem entre
nossos desejos de ensinar e seus interesses a respeito das proposta de
aprendizagem (SOUTO GONZÁLEZ, 1999, p.12 apud LASTÓRIA,
2009, p.297).

Essa citação é fundamental para entendermos o ponto principal que trata a


Didática da Geografia, que, com o conhecimento específico da área, pauta, da mesma
maneira, conhecimentos em Didática, que se liga às preocupações do ensinar e
aprender. Esse princípio se pauta, principalmente, nas relações de ensino-aprendizagem
em Geografia e as também nas relações que são estabelecidas desses conhecimentos
com o cotidiano, seja escolar, seja em comunidade extraescolar.
No segundo tópico do texto A Geografia Escolar e a Ciência Geografia a
autora apresenta a dualidade entre os conhecimentos escolares da Geografia e os
conhecimentos científicos do campo epistemológico da Geografia. Os pesquisadores
citados por Lastória (2009) discutem, de um lado, que o conhecimento científico não se
cruza e nem auxilia o conhecimento escolar e vice-versa, delimitando que o
conhecimento escolar não é um campo epistemológico, propriamente dito, do
conhecimento.
Em oposição à essa ideia, faz-se necessário considerar a visão de Rodriguez
Lestegás (2000) a respeito dessa elaboração do conhecimento escolar e das relações
entre ele e o conhecimento científico. Rodriguez Lestegás (2000) opõe-se a essa ideia
que os conhecimentos escolares sejam uma versão resumida e reduzida dos saberes
científicos de referência, ou seja, é necessário considerar, sim, as diferenças entre as
ciências de referência e as disciplinas escolares, porém, são saberes que se entrelaçam,
pois, segundo a autora, o saber escolar transforma o saber acadêmico e vice-versa.
No terceiro tópico, Lastória (2009) mostra-nos a trajetória da Geografia escolar
no Brasil podemos perceber que a história da Geografia Escolar mostra-nos que a
concepção e os objetivos variaram muito desde sua introdução no currículo escolar
brasileiro. É possível compreender que, ao observarmos as finalidades da Educação
Nacional (presente na legislação, principalmente) junto com seus diferentes programas
curriculares, livros didáticos e paradidáticos, periódicos, as reformas do currículo
escolar, os decretos e a legislação que nortearam o campo pedagógico brasileiro, foram
fontes de desenvolvimento da mesma no Brasil.
O caminho trilhado por Lastória (2009) para elucidar esses acontecimentos no
ensino de Geografia no Brasil, evidencia as várias alterações dentro da área de
conhecimento no decorrer das décadas da legislação educacional. Essas mudanças
possibilitam-nos refletir sobre os diferentes objetivos, concepções e propriamente da
epistemologia da Geografia Escolar e abre espaço para que possamos (re)pensar a
prática escolar.
No último tópico, Os conhecimentos para o ensino: em busca de uma Didática
da Geografia Escolar, a autora mostra-nos a fundamental importância da Didática para
que as relações de ensino-aprendizagem entre alunos e professores sejam de maneira
mais tranquila e flexível, de modo que os conhecimentos sejam de fácil compreensão,
para isso devemos entender que cada disciplina tem sua forma de didática diferente e
especifica e é preciso entender cada linguagem de ensino, no caso da Geografia é a
linguagem cartográfica.
Para o professor, o caminho mais seguro para garantir o efetivo aprendizado
dos alunos e alunas nesse componente curricular e transformar o conhecimento presente
num bom plano de aula, é conhecer, em primeiro lugar, a base de cada componente
curricular, suas diretrizes e o processo metodológico e pedagógico que esses
documentos nos trazem. Adquirindo esses conhecimentos básicos, facilita a
transformação do conteúdo em uma linguagem mais dinâmica para cada ano escolar, e
por consequência, mais eficácia em sala de aula ao ensinar. Tendo um bom
conhecimento, o pedagogo consegue conduzir e interagir com a sala trazendo para si a
atenção dos alunos e fazendo com que se envolvam no conteúdo e consiga chegar no
objetivo final que é a aprendizagem.

Referências

LASTÓRIA, Andréa Coelho. Didática da Geografia e Geografia Escolar. In.: FONSECA, Selva
Guimarães (org.) Ensino Fundamental: conteúdos, metodologias e práticas. Campinas, SP:
Editora Alínea, 2009.

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