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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E
CONSTRUÇÃO CIVIL
ANÁLISE DE ESTRUTURAS I
Notas de Aula: Introdução à Teoria da Elasticidade
Fortaleza, Ceará
Março, 2015
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
2. TEORIA DA ELASTICIDADE....................................................................................... 4
2.1. Tensões e Equilíbrio ...................................................................................................... 6
2.1.1. Simetria do tensor das tensões ................................................................................ 10
2.1.2. Tensões em um plano qualquer .............................................................................. 11
2.1.3. Equações diferenciais de equilíbrio........................................................................ 13
2.2. Cinemática ................................................................................................................... 15
2.2.1. Relações entre deslocamentos e deformações ....................................................... 17
2.2.2. Compatibilidade....................................................................................................... 20
2.3. Relações constitutivas ................................................................................................. 21
2.3.1. Exercícios .................................................................................................................. 26
2.4. Solução de problemas de elasticidade........................................................................ 26
2.4.1. Estado Plano de Tensão e Estado Plano de Deformação ..................................... 28
2.4.2. Exercícios .................................................................................................................. 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 32
2
1. INTRODUÇÃO
3
2. TEORIA DA ELASTICIDADE
4
pasta + ag. miúdo + ag. concreto
graúdo
Figura 1 – Homogeneização.
5
microestrutura do material fica clara na diferença do tamanho dos corpos de prova utilizados
nos ensaios com argamassas e concretos.
É importante notar que a hipótese do contínuo permite realizar a análise de estruturas
sem se preocupar com a composição química e microestrutura dos materiais. O efeito destes
fatores são considerados de maneira indireta nas propriedades mecânicas utilizadas na análise,
como o módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson, tensão de escoamento, etc.
As forças externas atuantes sobre um sólido podem ser classificadas em dois tipos
básicos:
Forças de corpo (ou de volume): correspondem àquelas que atuam forma distribuída
no interior do sólido, como as forças gravitacionais (peso próprio) e eletromagnéticas.
As forças de corpo tem unidades de força/volume (F/L-3).
Forças de superfície (ou forças de contato): atuam apenas na superfície externa do
sólido onde este entra em contato com outros corpos. Estas forças têm unidades de
força/área (F/L-2).
Além das forças externas, os corpos também são submetidos a forças internas
correspondentes a interação entre suas partículas. Se o corpo está em equilíbrio, então todas as
suas partes também estão. Considere um corpo submetido a forças externas, como mostrado
na Figura 2. Se este corpo for dividido de forma imaginária em 2 partes distintas (I e II -
Figura 3) por uma seção plana surgirão nesta seção forças distribuídas correspondentes às
forças de interação entre as partículas das partes E e D. Estas forças correspondem às forças
internas que mantém as duas partes do sólido unidas.
6
Figura 3 - Forças internas.
F
tn (1)
A
onde F é a resultante da forças internas e A é a área da seção S. O subscrito n foi utilizado
para enfatizar que o vetor tensão depende da seção S, caracterizada pelo seu vetor normal n. É
importante notar que, a tensão média não é uma boa medida para caracterizar o
comportamento do sólido, uma vez que as forças internas normalmente variam ponto a ponto.
Como ilustrado na Figura 4, o vetor tensão (tn) em um ponto é definido pelo limite:
F dF
t n lim (2)
A0 A dA
É interessante notar que a partir de sua definição, o vetor tensão é uma força de superfície.
Assim, a força atuante no elemento diferencial de área pode ser calculada simplesmente
multiplicando a tensão pela área do elemento:
dF t n dA (3)
7
Figura 4 – Vetor tensão.
n n (4)
onde corresponde ao valor da tensão normal, sendo considerada positiva quando em tração
(mesmo sentido de n) e negativa em compressão (sentido oposto a n). A componente
tangencial do vetor tensão pode ser obtida então por diferença de vetores:
n tn σn τn τn (5)
Como indicado pela presença do vetor n na Equação (2), o vetor tensão t varia não
apenas com o ponto considerado (x, y, z), mas também com o plano escolhido. Assim, existem
8
infinitos vetores t em um ponto do sólido. Contudo, pode ser demonstrado que o estado de
tensões em um ponto é definido de maneira única pelos valores do vetor das tensões em 3
planos perpendiculares, cujas componentes são agrupadas no tensor das tensões.
sy
t yx
t yz t xy
t zy sx x
dy t zx
t xz
dz
sz
dx
z
O tensor das tensões é formado pelos vetores tensão atuantes nos planos cartesianos:
xx xy xz x xy xz
yx yy yz ou yz y yz (6)
zx zy zz zx zy z
onde a componente ij do tensor das tensões é calculado como a razão entre a força na direção
j e a área cuja normal é paralela ao eixo i, como ilustrado na Figura 6. Na notação de
engenharia as componentes correspondem às tensões normais e as componentes às tensões
de cisalhamento (ou tangenciais). De acordo com esta equação o estado de tensão em um
ponto é caracterizado por 9 componentes.
Em muitas situações de interesse prático, o carregamento, a geometria e os apoios são
tais que as tensões na direção z podem se anular. Neste caso, tem-se um Estado Plano de
Tensão e o tensor das tensões pode ser escrito de forma compacta como:
xx xy x xy
ou (7)
yx yy yx y
Neste caso, apenas 4 componentes são necessárias para caracterizar o tensor das tensões.
9
2.1.1. Simetria do tensor das tensões
sy
txy
txy
dy .O
sx sx
txy
dx
txy
sy
Como as tensões de cisalhamento em planos ortogonais são iguais, o tensor das tensões
pode ser escrito como
x xy xz
σ xy y yz (9)
xz yz z
Portanto, em consequência direta do equilíbrio de momentos verifica-se que o tensor das
tensões é simétrico:
t (10)
Devido à simetria, o tensor das tensões possui apenas 6 componentes independentes no
caso tridimensional. Em consequência, as tensões podem ser escritas de forma mais
conveniente utilizando a notação vetorial (ou notação Voigt):
10
x
y
z
σ (11)
xy
xz
yz
Pois neste caso, evita-se a repetição de elementos iguais. No caso bidimensional, a simetria do
tensor das tensões implica que:
x xy
(12)
xy y
Utilizando-se a notação vetorial, tem-se simplesmente:
x
y (13)
xy
dAi
dAi ni dA ni , onde i x, y, z (15)
dA
Portanto, ni são as componentes (i.e. os cossenos diretores) do vetor normal n.
11
y
tn n
t xz
sx sz
t xy t zx
t zy dAz x
dAx t yz
t yx
sy
dAy
z
t x x yx zx nx
t
y xy y zy n y t n
t
(16)
t z xz yz z nz
De acordo com esta expressão o vetor de tensões (t) em um plano qualquer pode ser calculado
a partir do tensor das tensões () e da normal a este plano (n). Isto demonstra que o estado de
tensões em um ponto pode ser totalmente descrito pelo tensor das tensões. Esta expressão foi
obtida inicialmente por Cauchy no século XIX e o tensor utilizado é conhecido como tensor
das tensões de Cauchy. Em consequência da simetria do tensor das tensões, tem-se que
t x xx xy xz nx
t
yy yz n y t n
y xy (17)
t z xz yz zz nz
No caso de pontos localizados na superfície do sólido o vetor tensão (t) é igual a força
externa de superfície (fs) aplicada nestes pontos. Desta forma, de acordo com a Equação (17)
para que um dado campo de tensões seja a solução de um problema de elasticidade é
necessário que a condição
(18)
12
seja satisfeita em toda a superfície do sólido onde forças de superfície são prescritas,
incluindo o caso de superfícies livres de forças externas.
O campo de tensões no interior do sólido pode variar de um ponto para outro. Portanto,
no caso de um estado plano de tensão tem-se que
x x ( x, y )
y y ( x, y ) (19)
xy xy ( x, y )
Contudo, as condições de equilíbrio impõem restrições sobre a variação do campo de tensões,
levando a um conjunto de equações diferenciais de equilíbrio.
sy+dsy
txy+dtxy
by txy+dtxy
bx
dy
sx O sx+dsx
txy
dx
txy
sy
s x + ds x - s x t xy + dt xy - t xy
+ + bx = 0 (21)
dx dy
Reconhecendo que primeiros termos na equação acima correspondem às derivadas parciais
das tensões, chega-se a equação diferencial de equilíbrio na direção x:
13
x xy
bx 0 (22)
x y
Analogamente, o equilíbrio do elemento diferencial da Figura 9 na direção y leva à
equação
t xy + dt xy - t xy (x, y) s y + ds y - s y (x, y)
+ + by = 0 (24)
dx dy
Portanto, a equação diferencial de equilíbrio na direção y é dada por
xy y
by 0 (25)
x y
Desta forma, o campo de tensões no interior de um sólido em equilíbrio em um estado
plano de tensão deve satisfazer às equações diferenciais de equilíbrio
x xy
x y bx 0
(26)
xy y b 0
x y
y
x xy xz
x y z bx 0
xy y yz
by 0 (27)
x y z
yz z
xz bz 0
x y z
14
2.2. Cinemática
Considere um corpo deformável que sai da sua configuração (i.e. geometria) inicial (I) e
assume uma configuração final (II) devido uma certa ação externa. Durante este movimento
um ponto qualquer P(x) no interior do corpo se move para a posição P ( x ). Os
deslocamentos deste ponto correspondem a diferença entre a posição inicial e final:
u x x (28)
Portanto, o deslocamento u é um vetor cujas componentes nas direções dos eixos cartesianos
são dadas por:
u x x
v y y (29)
w z z
É importante notar que em um corpo deformável cada ponto pode apresentar deslocamentos
diferentes fazendo com que o campo de deslocamentos possa variar ponto a ponto. Portanto:
15
u u ( x, y , z )
v v ( x, y , z ) (30)
w w( x, y, z )
Em geral, os deslocamentos sofridos pelos corpos podem ser decompostos em duas
parcelas: os deslocamentos de corpo rígido e as deformações. No caso de estruturas,
deslocamentos globais de corpo rígido não são aceitáveis e apoios apropriados devem ser
utilizados para impedir a sua ocorrência. Portanto, quando submetida a forças externas as
estruturas sofrem deformações cuja avaliação é um dos objetivos da Teoria da Elasticidade.
B B’
B ds' B’ ’
A A’
ds A’ O
O
A ’
ds ds
(31)
ds
Portanto, as deformações normais são positivas no caso de alongamento (tração) e negativas
no caso de encurtamento (compressão). As deformações cisalhantes medem a variação
angular (distorção) sofridas pelo corpo, como ilustrado na Figura 11(b). Como os ângulos já
são grandezas adimensionais, a deformação angular é definida como:
(32)
Onde os ângulos devem ser medidos em radianos.
16
A partir das definições acima, percebe-se que variando a inclinação das retas AB e AC
diferentes deformações seriam medidas no ponto A. Na verdade, assim como no caso das
tensões, a caracterização das deformações em um ponto é feita por um tensor:
xx xy xz
ε yx yy yz (33)
zx zy zz
O tensor das deformações também é simétrico:
xy yx
xz zx (34)
yz zy
x x
y y
z z
ε (35)
2 xy xy
2 xz xz
2 yz yz
No caso do bidimensional, as deformações se simplificam para
x x
ε y y (36)
2 xy xy
1 (1 ) 1 (37)
17
Figura 12 – Relações deslocamento-deformação (Fonte:
http://en.wikipedia.org/wiki/Infinitesimal_strain_theory).
( AB) x AB dx dx
x (38)
AB dx
Onde o comprimento deformado pode ser determinado a partir das coordenadas finais dos
pontos A e B:
u
dx ( x dx u ( x dx, y )) ( x u ( x, y )) dx u ( x dx, y ) u ( x, y ) dx dx (39)
x
Substituindo esta expressão na Equação (38) chega-se a:
u
x (40)
x
As deformações y são definidas a partir da variação do comprimento horizontal da
linha AC:
( AC ) x AC dy dy
y (41)
AC dy
Onde o comprimento deformado pode ser determinado a partir das coordenadas finais dos
pontos A e C:
18
v
dy ( y dy v( x, y dy)) ( y v( x, y)) dy v( x, y dy) v( x, y ) dy dy (42)
y
Substituindo esta expressão na Equação (41) chega-se a:
v
y (43)
y
Finalmente, de acordo com a Figura 12 a deformação angular é dada por
xy (44)
Considerando que e são os ângulos pequenos e utilizando as Equações (38) e (41), pode-
se escrever:
v v
dx dx
v
tg ( ) x x
dx (1 x )dx x
(45)
u u
dy dy
y y u
tg ( )
dy (1 y )dy y
Portanto, a deformação angular pode ser calculada a partir da expressão:
v u
xy (46)
x y
Utilizando um procedimento análogo, obtêm-se as relações deslocamento-deformação
para problemas tridimensionais:
u
x
x
v
y
y
w
z
z
(47)
v u
xy
x y
w u
xz
x z
w v
yz
y z
É importante notar que na obtenção das deformações foi considerado que os
deslocamentos são pequenos. Neste caso, as diferenças entre a geometria inicial
(indeformada) e a geometria final (deformada) são muito pequenas e o equilíbrio pode ser
19
escrito na geometria inicial (conhecida), simplificando a análise estrutural. Este tipo de
análise é chamada de linear ou de 1a ordem, em oposição a análise não-linear geométrica ou
de 2a ordem, que deve ser utilizada quando os deslocamentos são grandes.
Quando o sólido sofre grandes deslocamentos, as equações de equilíbrio devem ser
escritas na configuração deformada (desconhecida), uma vez que é nesta configuração que o
corpo atinge o equilíbrio, tornando a análise bem mais complexa. Além disso, as equações
deduzidas nesta seção não são adequadas para problemas com grandes deslocamentos, onde
equações mais complexas devem ser utilizadas para o cálculo das deformações.
2.2.2. Compatibilidade
u 2 x 3u
x
x y 2 y 2x
v 2 y 3v
y (48)
y x 2 x 2 y
v u 2 xy 3u 3v
xy 2 2
x y xy y x x y
Portanto, para que as deformações sejam compatíveis é necessário que
20
2 x y xy
2 2
(49)
y 2 x 2 xy
Uma interpretação para a necessidade da equação de compatibilidade é que existem 3
deformações no caso plano, mas apenas 2 deslocamentos independentes (u e v). Portanto, se
as deformações forem definidas de forma arbitrária existe a possibilidade que o campo de
deslocamentos obtido a partir da integração das deformações apresente valores diferentes em
um mesmo ponto, tornando este campo de deslocamentos incompatível (i.e. inválido).
No caso de problemas tridimensionais existem 6 componentes de deformações e 3
componentes de deslocamentos (u, v e w). Utilizando um procedimento similar ao anterior
chega-se a 6 equações de compatibilidade:
2 x y xy
2 2
y 2 x 2 xy
2 x 2 z 2 xz
2
z 2 x xz
y z 2 yz
2 2
2
z 2 y yz
(50)
2 x xy 2 xz yz
2 2
2
yz xz xy x 2
2 y 2 xy 2 yz 2 xz
2
xz yz xy y 2
2 z 2 xz yz xy
2 2
2
xy yz xz z 2
As equações anteriores mostram que é muito mais simples obter as deformações a partir
dos deslocamentos (derivação) do que o inverso (integração + equações de compatibilidade).
Assim, métodos aproximados como o Método de Rayleigh-Ritz e o Método dos Elementos
Finitos iniciam a solução de problemas de elasticidade a partir de um campo de
deslocamentos escolhido, obtendo as deformações a partir da derivação dos deslocamentos.
21
Ao contrário das relações entre forças e tensões e das relações entre deslocamentos e
deformações, as relações entre tensões e deformações não podem ser deduzidas
matematicamente, sendo sua caracterização realizada de forma experimental. Estas relações
são chamadas na literatura de modelos ou relações constitutivas.
Os estudos experimentais têm mostrado que as deformações dependem não só das
tensões aplicadas como também de outros parâmetros como a velocidade de aplicação do
carregamento, a temperatura, a umidade, etc. Assim, as relações constitutivas podem ser
expressas matematicamente como:
x
x E x x (52)
E
onde E é o módulo de elasticidade do material. O módulo de elasticidade é a constante de
proporcionalidade entre tensões e deformações.
Em problemas planos e tridimensionais, é necessário considerar também o efeito de
Poisson. Como o problema é linear, vale a superposição dos efeitos. Assim, para se
22
determinar as deformações devido a um estado de tensões pode-se considerar o efeito de cada
componente de tensão separadamente e depois somar os resultados.
Outro aspecto importa a ser considerado é se as propriedades do material dependem da
direção em que esta propriedade é medida. O material é considerado isotrópico se as suas
propriedades são as mesmas para todas as direções e anisotrópico quando as propriedades
variam em todas as direções. Alguns materiais, como os compósitos reforçados por fibras,
apresentam propriedades diferentes segundo três eixos perpendiculares, sendo denominados
de ortotrópicos. Aqui serão considerados apenas materiais isotrópicos, que correspondem a
maior parte dos materiais utilizados em engenharia.
x
x
x
E
x (53)
y x
E
xy 0
onde é o coeficiente de Poisson. Por outro lado, a tensão y agindo isoladamente provoca as
deformações:
y
y
E
y (54)
x y
E
xy 0
23
xy
xy xy
xy
Figura 14 – Efeito das tensões de cisalhamento.
xy
xy
G (55)
x y 0
onde
E
G (56)
2(1 )
As deformações totais são obtidas somando as Equações (53), (54) e (55):
1
x ( x y )
E
1
y ( y x ) (57)
E
2(1 )
xy xy
E
Esta equação pode ser escrita na forma matricial como:
x 1 0 x
1
y E 1 0 y (58)
xy 0 0 2(1 ) xy
24
Invertendo-se esta relação, pode-se obter a expressão que permite calcular as tensões a partir
das deformações:
x 1 0 x
E
y 1 2 1 0 y (59)
xy 1
0 0 xy
2
Adotando-se o mesmo procedimento para problemas tridimensionais, chega-se:
1
x ( x y z )
E
1
y ( y x z )
E
1
z ( z x y )
E
(60)
2(1 )
xy xy
E
2(1 )
xz xz
E
2(1 )
yz yz
E
Estas relações podem ser escritas na forma matricial como
x 1 0 0 0 x
y 1 0 0 0 y
z 1 1 0 0 0 z
(61)
xy E 0 0 0 2(1 ) 0 0 xy
xz 0 0 0 0 2(1 ) 0 xz
yz 0 0 0 0 0 2(1 ) yz
Finalmente, invertendo-se esta equação obtém a relação entre tensões e deformações:
(1 ) 0 0 0
x (1 ) 0 0 0 x
y (1 ) 0 0 0 y
z E (1 2 )
0 0 0 0 0 z (62)
xy (1 )(1 2 ) 2
(1 2 )
xy
xz 0 0 0 0 0 xz
2
yz (1 2 ) yz
0 0 0 0 0
2
25
Examinando as equações anteriores verifica-se que tanto para estados planos quanto
tridimensionais a relação entre tensões e deformações pode ser escrita de forma simbólica
como:
2.3.1. Exercícios
1. Use a lei de Hooke para relacionar a deformação volumétrica (v) com a pressão
hidrostática (p):
s x +s y +s z
ev = e x + e y + e z e p=
3
u u , em Su
(64)
n f s , em S f
onde
26
S f Su S
(65)
S f Su
fS S
Sf
b
V
Su
Su
Sf
27
Em conseqüência das hipóteses 2 e 3, as equações diferenciais da Teoria da Elasticidade
são todas lineares. Sabe-se que equações diferenciais lineares possuem sempre solução e esta
solução é única (teorema da existência e unicidade). Contudo, apesar da solução existir, a sua
obtenção de maneira analítica geralmente é muito complexa e muitas vezes até impossível,
exceto quando a geometria, carregamento e condições de contorno são bastante simples.
x x ( x, y )
y y ( x, y ) (66)
( x, y )
xy xy
Pode-se mostrar, ver Item 2.4.2 - Exercício 1, que a deformação z pode ser escrita em função
das deformações x e y. Assim, as deformações de interesse no EPT são apenas:
x x ( x, y )
y y ( x, y ) (67)
( x, y )
xy xy
u u ( x, y )
(68)
v v( x, y )
28
As equações de equilíbrio e compatibilidade referentes ao EPT já foram apresentadas nas
equações anteriores. Exemplos de estruturas que podem ser analisadas como EPT incluem
vigas de seção retangular, paredes, chapas e vigas-parede. A hipótese de EPT também é
utilizada no desenvolvimento da Teoria das Placas.
u u ( x, y )
v v( x, y ) (69)
w 0
Consequentemente, as deformações não variam ao longo do comprimento da estrutura e o
problema se resume a analisar uma seção transversal típica. A condição de EPD é muito
utilizada na análise de estruturas geotécnicas como barragens, cortes e aterros. Em
conseqüência do campo de deslocamentos descrito pela Equação (69) as deformações e
tensões de interesse são as mesmas do EPT. Contudo, pode-se mostrar (Item 2.4.2 - Exercício
3) que neste caso as tensão z não é nula, mas pode ser calculada em função de x e y.
29
Figura 17 – Estado Plano de Deformação (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Plane_strain).
2.4.2. Exercícios
a) Mostre que as equações de equilíbrio para problemas de Estado Plano de Tensão sem
forças de massa são automaticamente satisfeitas;
b) Obtenha a equação de compatibilidade em termos da função ;
c) Comente sobre a utilização desta função na solução de problemas de elasticidade.
30
6. A viga em balanço de comprimento L e seção transversal retangular (b x h)
xada em x = 0 e carregada por uma carga uniformemente distribuída q. De
acordo com a teoria elementar de vigas, os deslocamentos nas direções transversal e
axial valem respectivamente:
dv
u = -y
dx
q 2 2
v=- x (x - 4Lx + 6L2 )
24EI
a) Use estes deslocamentos para avaliar os campos de deformações e tensões;
b) Verifique se as equações de compatibilidade são satisfeitas;
c) As tensões em x = 0 produzem a força e o momento correto? Comente.
q
y
x h
7. Para a viga do exemplo anterior, mostre inicialmente que a solução da Resistência dos
Materiais, dado por
M (x) y
sx =-
I
e demais tensões nulas, não satisfaz as equações de equilíbrio. Em seguida:
a) Determine as expressões das tensões y e xy de forma que as equações de equilíbrio
da elasticidade linear sejam satisfeitas.
b) Avalie os valores máximos das tensões em x = 0 e compare estes valores com os
valores da Resistência dos Materiais em função da relação h/L. Comente.
c) Determine as deformações e verifique as equações de compatibilidade.
d) Finalmente, determine o campo de deslocamentos utilizando condições de contorno
apropriadas. Obtenha a flecha máxima da viga e compare com os resultados da
Resistência dos Materiais. Comente.
31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Soriano, H. L., Lima, S. S., Análise de Estruturas - Método das Forças e Método dos
Deslocamentos, 2ª Ed., Editora Ciência Moderna, 2006.
Souza, V. C. M.; Cunha, A. J. P., Lajes em Concreto Armado e Protendido, 2ª Ed, EDUFF,
1998.
Timoshenko, S. P.; Goodier, J. N., Teoria da Elasticidade, 3ª Ed, Guanabara Dois, 1980.
32