SÃO PAULO
2004
2
ÍNDICE
Introdução..................................................................................................... 04
2.4.6 – Uniformes.......................................................................................... 51
Conclusão..................................................................................................... 98
Bibliografia................................................................................................. 101
4
INTRODUÇÃO
A sua regulação por lei, surge em 1.983, com o publicação da Lei 7.102,
que vige, com diversas modificações, até hoje, e que contempla também
especialmente os serviços de segurança e vigilância do setor financeiro, em face
do risco inerente à atividade, à exigência de grandes companhias seguradoras
para a diminuição desses riscos, e também das necessidades particulares
existentes à época.
pessoas, é que surge e ganha grande força a segurança privada, como conceito
mais amplo, e a vigilância privada, como parte daquele conceito mais ligado a
situações propriamente de ameaça e violência, que tem em seu centro a figura de
um homem, o “vigilante” ou “segurança”, contratado, sempre através de uma
empresa de segurança, com o fim específico de aumentar a defesa na esfera
particular de indivíduos, empresas, e outras entidades.
1
– A Política como Vocação – pág. 11
2
- Constituição da República – 1988 – art. 5o – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes: XXII – é garantido o direito à
propriedade”.
9
“Para alguns, esse fenômeno ultrapassa muito em seus efeitos a tendência geral de
encolhimento do Estado e ampliação dos espaços sob domínio da iniciativa privada,
abalando, no limite, a própria definição moderna de Estado – “comunidade humana
que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um
determinado território” (Weber (1974)), e à qual cumpre garantir ordem e segurança
para as vidas e propriedades dos seus cidadãos. Transformação da segurança em
mercadoria e a transferência crescente para mãos privadas do “uso legítimo da força”
poderiam trazer sérias ameaças à manutenção dos direitos humanos e civis
penosamente conquistados ao longo dos últimos dois séculos.”
(...).
“Na outra ponta do debate, estão os que defendem – com maior ou menor radicalismo
– a transferência de funções de segurança para a iniciativa privada, utilizando como
argumentos básicos: a) a comprovada incapacidade de o Estado deter o avanço da
criminalidade nos grandes centros urbanos; b) a ineficiência da segurança pública (e
dos serviços estatais de um modo geral), em termos de relação custo-benefício; c) a
inoperância concreta dos mecanismos protetores de que o indivíduo dispõe contra os
abusos do Estado, mesmo em países democráticos (segundo esse argumento, seria
mais fácil defender-se de vigilantes particulares, submetidos à lei comum, que de
policiais, promotores e juízes, acobertados pela corporação estatal); d) a “disciplina”
rigorosa que o mercado impõe sobre as empresas privadas de segurança e estas sobre o
comportamento de seus agentes: omissão e Reynolds (1990 e 1994), Hakin e
Shachmurove (1996), Anderson e Cannan (1997)).
“A violência tem amplo campo para progredir no Brasil devido aos seguintes aspectos:
miséria social, drogas, consumismo estimulado pela mídia, facilidade de obtenção de
armas, organização arcaica do Sistema de Segurança Pública, legislação defasada e
complacente, Estatuo da Criança e maioridade penal. Todos estes fatores contribuem
para uma nefasta sensação de impunidade que se solidifica nos seguintes dados: a
1
– Serviços Privados de Vigilância no Brasil – pág. 10
2
- Insegurança Pública e Privada – pág. 157
11
apreender pessoas ou veículos que tenham entrado sem autorização nas áreas de
segurança;
1
– Gestão de Segurança – págs. 101/102
12
proteger de modo geral dados, materiais e equipamentos contra acesso não autorizado,
perda, furto ou dano.
II - pelo próprio estabelecimento financeiro, desde que organizado e preparado para tal
fim, com pessoal próprio, aprovado em curso de formação de vigilante autorizado pelo
Ministério da Justiça e cujo sistema de segurança tenha parecer favorável à sua aprovação
emitido pelo Ministério da Justiça.
Art.5º - O transporte de numerário entre sete mil e vinte mil UFIR poderá ser efetuado
em veículo comum, com a presença de dois vigilantes. (Art.5º com redação dada pela Lei nº
9.017, de 30/03/1995).
14
Art.7º - O estabelecimento financeiro que infringir disposição desta Lei ficará sujeito
às seguintes penalidades, conforme a gravidade da infração e levando-se em conta a
reincidência e a condição econômica do infrator: (Art.7º com redação dada pela Lei nº 9.017,
de 30/03/1995).
I - advertência;
Parágrafo único. As apólices com infringência do disposto neste artigo não terão
cobertura de resseguros pelo Instituto de Resseguros do Brasil.
§ 3º - Serão regidas por esta lei, pelos regulamentos dela decorrentes e pelas
disposições da legislação civil, comercial, trabalhista, previdência e penal, as empresas
definidas no parágrafo anterior.
§ 5º - (Vetado)
§ 6º - (Vetado)
Art.13 - O capital integralizado das empresas especializadas não pode ser inferior a
cem mil UFIR. (Art.13 com redação dada pela Lei nº 9.017, de 30/03/1995).
Art. 14 - São condições essenciais para que as empresas especializadas operem nos
Estados, Territórios e Distrito Federal:
Art. 15 - Vigilante, para os efeitos desta lei, é o empregado contratado para a execução
das atividades definidas nos incisos I e II do caput e parágrafos 2º, 3º e 4º do Art. 10. (Art. 15
com redação dada pela Lei nº 8.863, de 28/03/1994).
16
I - ser brasileiro;
Parágrafo único. O requisito previsto no inciso III deste artigo não se aplica aos
vigilantes admitidos até a publicação da presente lei.
III - aplicar às empresas e aos cursos a que se refere o inciso I deste artigo as
penalidades previstas no Art.23 desta Lei;
IV - aprovar uniforme;
Parágrafo único. As competências previstas nos incisos I e V deste artigo não serão
objeto de convênio. (Parágrafo único com redação dada pela Lei nº 9.017, de 30/03/1995).
I - advertência;
II - multa de quinhentas até cinco mil UFIR; (Inciso II com redação dada pela Lei nº
9.017, de 30/03/1995).
18
“A legislação diz que o vigilante é o empregado. Tal expressão é sábia, pois evita-se a
possibilidade da existência de uma associação de vigilantes para que estes prestem o
serviço de forma autônoma.”
1
- Vigilância Patrimonial Privada – pág. 269
20
Tem sido notado, inclusive, que os requisitos exigidos pelas empresas vão
além dos que estão previstos no artigo da lei. Aquelas costumam exigir maior
escolaridade, porte e habilidades específicas, além de facilidade de comunicação
e grande controle psicológico, todos ditados pelas necessidades cada vez mais
qualificadas dos mercados.
haveria ainda maiores problemas com tal regulamentação, tendo em vista que o
controle dos novos ingressos seria muito difícil.
“A conclusão não pode ser mais evidente: a vigilância armada é um pavio aceso. E por
que isso ocorre? Primeiro, por conta da própria cultura da vigilância. As exigências são
mínimas: bons antecedentes, porte de arma, aulas elementares de legislação e tiro. A lei
estadual que deseja armar os vigias não amplia os requisitos da lei federal 7.102, que dispõe
sobre segurança em estabelecimentos financeiros. Numa sociedade que se arma intensamente,
a rede de segurança privada acaba se tornando mais um sistema capaz de alimentar a violência
em vez de soluciona-la.”
dizem respeito a matéria ora analisada, que, diga-se, muito vem preocupando as
empresas do setor, em especial as que atuam, infelizmente, na ilegalidade.
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de
declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:
(...)
Art. 6 o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para
os casos previstos em legislação própria e para:
(...)
(...)
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser
atualizada semestralmente junto ao Sinarm.
armamentos, pois que sua situação não foi expressamente prevista na nova lei
que regula o registro e porte de armas. Ou ainda, por equiparação contida na
legislação própria, passarão a ter a mesma regulação relativa ás empresas
específicas. De fato, não haveria motivo para a diferenciação, a esta altura, tendo
a ausência da previsão decorrido de falha no rigor da nova lei. De qualquer
forma, o espaço à interpretações está aberto, e a questão corre o risco de acabar
sendo decidida pelo Judiciário.
1
- Serviços Privados de Vigilância no Brasil – pág. 16
27
Outra questão, ainda de máxima relevância, que deve ser destacada, é que
na época do advento da lei, os estabelecimentos financeiros limitavam-se às
agências bancárias. Hoje, fruto do desenvolvimento das relações do setor
terciário, bem como da tecnologia, os serviços financeiros e o manuseio de
valores são realizados também nos chamados “caixas eletrônicos, “postos
bancários”, além das lotéricas e agências dos correios.
São estas as considerações iniciais, que visam situar o nosso tema em seu
contexto, de forma atual. Entendido, brevemente, o funcionamento da vigilância
privada no Brasil, e algumas das principais questões que caracterizam o setor,
passemos, nos próximos tópicos, a uma análise dos aspectos que tocam a figura
humana e profissional do vigilante, bem como à análise das principais questões
hodiernas.
29
“CLT – Artigo 511 – É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos
seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores,
empregados, agentes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais liberais, exerçam
respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares
ou conexas.”
A única diferença, no caso dos vigilantes, como já foi dito, é que eles
sempre estão vinculados necessariamente a uma empresa, já que o estatuto
regulamentador trata da situação apenas daquela, não tendo pois o profissional
vigilante a autonomia presente na condição dos outros profissionais citados.
Pois bem, quanto aos direitos propriamente ditos, temos que como
empregados, os vigilantes fazem jus ao conjunto de normas trabalhistas
protetivas existentes, que constam da CLT – Constituição das Leis do Trabalho,
Constituição Federal, principalmente capítulo dos direitos sociais esmiuçado no
texto de 1988, e de outras leis esparsas que forma o referido conjunto em nosso
país.
MINISTÉRIO DA FAZENDA
CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS
RESOLUÇÃO CNSP Nº 05/84
36
1 - Na contratação do seguro a que se refere o art. 19, inciso IV, da Lei nº 7.102, de
20.06.83, serão obedecidas as normas vigentes para o Seguro Vida em Grupo, devendo
ser concedidas, no mínimo, a cobertura básica de morte por qualquer causa,
obedecidas as exclusões legais, e a cobertura adicional de invalidez permanente,
parcial ou total, por acidente.
1.1 - As importâncias seguradas, por vigilantes e por cobertura, corresponderão em
cada mês no mínimo a:
a) 26 (vinte e seis) vezes a remuneração mensal do vigilante, verificada no mês
anterior, para cobertura de morte por qualquer causa;
b) a 2 (duas) vezes o limite fixado na letra a, para cobertura de invalidez permanente,
parcial ou total, por acidente.
1.1.1 - No caso do vigilante que estiver afastado do trabalho por motivo de acidente ou
tratamento de saúde, será considerada a remuneração mensal que lhe seria atribuída
se estivesse em atividade, excluindo-se apenas as horas extras.
1.1.2 - Os casos de invalidez serão indenizados de acordo com a importância segurada
vigente no mês de pagamento da indenização.
3 - Quando o número de segurados de uma empresa não atender o mínimo exigido, isto
não constituirá motivo de recusa do seguro pela seguradora, podendo a mesma, em tais
casos, agrupar mais de uma empresa em uma mesma apólice.
Há, ainda, um direito que decorre de uma obrigação legal, que atinge em
especial os bancos e instituições financeiras, e cujo intuito primeiro foi o de
garantir maior segurança ao cliente/usuário. Trata-se da “cabina blindada”, para
utilização do vigilante, e que pode salvar sua vida, quando atuando no exercício
de sua função. O artigo 2o da Lei 7.102 diz o seguinte: - Art.2º - O sistema de
segurança referido no artigo anterior inclui pessoas adequadamente preparadas, assim
37
ANEXO I
Muitos dos direitos convencionados não nos interessarão, uma vez que
tratam-se de mera repetição da lei, como ocorre na grande maioria das
categorias. Freqüentemente este comportamento é questionado, sendo apontada
mera repetição que não gera qualquer benefício, e prejudica a objetividade dos
instrumentos. Porém, existem os que defendem essa repetição, alegando ser
mais uma forma de informação sobre os direitos existentes. Outros motivos
prendem-se à característica das negociações coletivas, principalmente ao hábito
de se convencionar direitos, por exemplo, hora extra com adicional de 50%, já
41
Conforme pode ser notado, o vigilante, hoje, em São Paulo, com formação
básica, e exercício da função convencional, sem qualquer particularidade, ganha
um salário base, bruto, de R$681,65. O valor representa, considerando o salário
mínimo de R$260,00, a partir também de maio, 2,62 vezes o seu valor.
sendo que de fato a segurança gera, a cada ano, mais vagas de emprego, em
todos os seus setores.
Pois bem, outra questão a ser analisada, do ponto de vista dos direitos da
categoria profissional, mas que nos revelam, da mesma forma, outros efeitos,
inclusive nocivos, é a jornada praticada na atividade.
Basta dizer, neste aspecto, que a constituição federal fixa jornada máxima
diária de 8 horas, e semanal de 44 horas, sendo os dois limites logicamente
concomitantes. Outras leis e normas, fixam ainda um limite ao exercício diário
habitual de horas extraordinárias, que é de mais 2 horas após a oitava, ou seja,
são permitidas, no limite, 10 horas diárias, 8 normais e 2 extras. As horas extras
merecem remuneração especial. Acima desse limite de 2 horas extras diárias,
somente se houver motivo de força maior ou necessidade premente, e a infração
ao dispositivo é passível de penalidades administrativas pecuniárias.
44
Ocorre que, um pouco por conveniência das empresas, e “um muito” pela
ampla e generalizada dificuldade de fiscalização do Ministério do Trabalho,
temos como realidade que a vigilância privada é uma atividade que se formou
com jornadas ilegais e absurdas de 12 horas diárias. Com isso, de forma prática,
as empresas sempre precisaram de apenas dois funcionários para a cobertura do
período diário, esses inclusive que tem habitualmente sonegados, em geral
parcialmente, os direitos ao recebimento das respectivas horas extras. Há casos
até em que tais profissionais, que laboram 12 horas por dia, nem ao menos folga
semanal possuem.
rebaixado seu salário. Como não se conseguiu um benefício salarial real, pelo
menos no curto prazo, o que ocorreu foi que os vigilantes passaram, em grande
parte, a trabalhar em dois empregos. Ou seja, a jornada permaneceu dupla, ainda
com o agravante da prestação em dois locais distintos, os problemas normais
continuaram, e a remuneração média baixou, em face da retirada dos adicionais
de horas extras. Além disso, tornou-se comum o vigilante passar a trabalhar em
duas empresas do mesmo grupo econômico, sendo que em um dos contratos não
tem alguns direitos, como é o caso do convênio médico, o que gera maior
apropriação para as empresas, e muitos destes grupos, tem se descoberto, estão a
sonegar os recolhimentos previdenciários e de FGTS em um dos contratos.
Por último, diga-se que, conforme prevê o artigo seguinte (17), a hora
extra na categoria é remunerada com adicional de 60%, sendo superior ao que é
previsto na Constituição (50%), e que o divisor para o cálculo é 220, que é o
normal. Note-se, que embora o limite de horas de trabalho mensal seja de 191
horas, inferior ao mínimo previsto em lei, o divisor continua a ser de 220 horas.
48
Poderíamos dizer que se trata mais de uma obrigação que um direito. Mas
não há dúvidas de que também se trata de uma condição especial do vigilante,
que garante que não sofrerá punição por atos de terceiros, ou seja, não é culpa
do empregado o fato de haver ocorrido assalto, furto ou roubo, devendo ele
apenas providenciar o registro formal da ocorrência, de cunho policial.
Mais feliz foi a previsão taxativa, conforme trazido nos incisos I a IV. Em
primeiro lugar, assentos para o uso dos empregados, que tem direito ao mínimo
de 10 minutos sentados, a cada hora trabalhada. Saliente-se aqui que, em
pesquisas nas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, não
pudemos detectar nenhuma situação em que o fato do empregado permanecer
em pé em todo o expediente, traria algum prejuízo à sua saúde, A hipótese não é
considerada insalubridade e o adicional de “penosidade”, com previsão
constitucional, ainda não se efetivou, pois é norma que depende de
regulamentação, até o momento inexistente. A norma coletiva, portanto,
bastante modesta, traz o direito mínimo à categoria, sendo que seria louvável a
realização de estudos para averiguar possíveis danos ao físico e à saúde, ao que
50
2.4.6) Uniformes
Além disso, existe outra cláusula (31), já analisada, que faz menção à proteção
física, e que, segundo a opinião de alguns, faria o reforço, na categoria, da
necessidade, pelo menos em alguns casos, do EPI colete à prova de balas. Mas, a
análise desta cláusula 39, revela que a questão não é tranqüila, e que as empresas
de segurança se recusam a fornecer tal EPI, a menos que o seu custo não seja
arcado por elas, mas pelos tomadores dos seus serviços. Vejamos a norma
citada.
Apenas para que se tenha uma idéia da parca utilização do EPI em análise,
Roberto Antônio de Oliveira Sampaio1, em obra que trata especificamente do
tema, contabiliza que em 2.002 e 2.003 foram adquiridos pelas empresas de
segurança, respectivamente 694 e 553 coletes à prova de balas, isso em um
ambiente em que, para as transportadoras de valores, o uso pelos empregados e a
sua regular renovação são obrigatórios por norma específica do Ministério da
Justiça (Portaria 1264/95). Com raras exceções, portanto, as empresas só
adquirem os coletes para os empregados que atuam no interior dos carro-fortes,
deixando os demais vigilantes desprotegidos, inclusive os que se ativam nas
agências dos bancos, com elevado grau de risco.
Segundo nos parece, o colete à prova de balas, via norma coletiva, seria
devido como EPI aos empregados vigilantes em uma das seguintes situações:
Os Sindicatos também tem tentado que a ordem para o uso do EPI venha
da Justiça, através da propositura de ações de cumprimento em face das
empresas e dos bancos. Algumas delas tem trazido efetivos resultados. Mesmo
naquelas que são ganhas, porém, os réus recusam-se à obediência da ordem, e
por vezes tentam vencer pela “força” que julgam ter. Para ilustrar, é importante
que transcreva algumas destas decisões, com referência à fonte.
Vistos etc.
Antecipam-se os efeitos da tutela pretendida pelo autor.
56
Vistos, etc...
O sindicato autor, na exordial, alega
que as empresas reclamadas, embora obrigadas por Convenção
Coletiva de Trabalho, não estão fornecendo à seus empregados
vigilantes os EPI’s necessários (colete à prova de balas – nível II).
Requer a concessão da tutela antecipada “inaudita altera pars” para o
fornecimento dos equipamentos de proteção.
57
Mas, de qualquer forma, nos casos em que não há acordo para a adoção
do equipamento de proteção em comento, temos como certo que, além e em
sobreposição de tal norma, está a obrigação oriunda da NR6, e os mecanismos
administrativos e judiciais, embora nem sempre tenham se apresentado eficazes,
deverão, cada vez mais, ser invocados.
Por último, existe a hipótese das entidades públicas, que contratam por
edital. Caso conste no edital, a contratada é obrigada a fornecer o colete, que
deve, desde o início, constar de sua planilha de custo. É incrível, mas existem
casos em que a necessidade do colete consta do edital, mas a prestadora, depois
de vencer o certame e assumir o contrato, não o fornece aos seus empregados.
As entidades profissionais vem denunciando constantemente tais casos de
afronta legal, mas encontra empecilhos nas falhas dos sistemas, e na falta de
efetivo dos órgãos fiscalizadores.
de 1,5 (um e meio) piso salarial da categoria vigente no mês do falecimento, inclusive
àqueles que estiverem afastados do trabalho por doença ou acidente e/ou outros
motivos amparados em Lei.
Parágrafo único – O auxílio funeral será pago no prazo máximo de 10 (dez) dias do
falecimento às pessoas herdeiras ou beneficiárias do empregado(a) devidamente
qualificada como tal.
Mais uma vez, embora a principal causa da inclusão de tal direito seja o
risco do evento morte em tal profissão, temos que este deve ser pago por morte
advinda de qualquer causa, mesmo que se trate de falecimento de empregado
afastado do trabalho, cujo afastamento inclusive pode mesmo ter ocorrido por
acidente anterior.
1
– Gestão de Segurança – págs. 105/107
68
19 Subtotal(8+18) total custos diretos 1654,75 total de custos diretos (inclui mão-de-obra)
22 Subtotal(19+20+21) cust total s/ imp 1654,75 total sem impostos e sem lucro
1
– www.sesvesp.com.br
71
20 Taxa de Administração
21
72
25 Tributos (9,03% de 26) 654,00 impostos básicos sobre receita ( ISS 5% - COFINS
3% - PIS 0,65% - CPMF 0,38% )
26 Total Geral Mensal (posto) 7242,51 total geral mensal
“Pior ainda, quando tais proponentes do serviço são policiais da área pois estarão
demonstrando já seu caráter de péssimo profissionalismo e que vão vender proteção
justamente onde tem o dever legal de atuar. Nesse caso além de criminoso como
veremos adiante é extremamente imoral deixando no cidadão um ar de eventual
extorsão. Imaginemos um caso concreto em que 4 edifícios de uma mesma rua se
cotizem e paguem tal “serviço” e 2 não paguem. Qual será a conduta dos agentes ao
pressentirem um crime se passando contra pessoas não pagantes? Se omitirão? E se
forem policiais que tem o dever de intervir? E se imaginarmos que tais agentes ainda
poderão estar servindo de informantes para criminosos atuarem contra os não
pagantes?”
“Para os policiais, o álibi perfeito para fazer “bico” – Trabalhar como segurança em
ônibus tem uma vantagem, conta um policial militar que chefia uma equipe de 25
homens em algumas linhas da zona leste; fica mais fácil dbiblar a vigilância da PM,
que proíbe os bicos. “Se acontecer algum assalto e a gente tiver de atirar no ladrão,
tem o álibi perfeito. É só dizer que estava indo para a casa da mãe ou para o quartel.
Nos ensinam que somos policiais 24 horas por dia. Então, se acontece um assalto na
minha frente, não vou reagir?” Mas a desvantagem não é menor: “Dentro de um
ônibus, há dois riscos: de matar ou o de morrer”. O PM, que recebe R$800,00 por Mês
para passar algumas horas dentro dos ônibus de olho nos ladrões, conta que a maioria
dos policiais de sua equipe trabalha a noite, o período mais crítico. (...)”
de quarteirão”, que como vimos inclusive podem ser policiais, até mesmo da
própria área. Sobre estes afirmam Sérgio Olímpio e Márcio Lemos:
“(...)
Uniformizam seus “vigias” com coletes escritos “disciplina”, “apoio”, o armam com
um cassetete do lado e simplesmente colocam tal trabalhador no posto sem proceder
sequer a uma orientação do que eles devem fazer.
No entanto, esta situação ilegal existe pelo aproveitamento de brecha deixada por
decisões anacrônicas e pelo desconhecimento, em geral da legislação de segurança,
1
– Trabalho de divulgação interna e estudos da Delesp – São Paulo
78
Proeedem anúncios nos órgãos de leitura e comunicação como: “não deixe sua
segurança nas mãos de qualquer um”.
É cômico para quem conhece o assunto e desesperador para quem possui uma
empresa de segurança e tem seus clientes atacados por tais pseudo-empresários de
segurança. Trata-se até mesmo de uma concorrência desleal.
(...)”
Para que possamos fazer uma análise correta do tema, é necessário que
façamos uma abordagem da regulamentação das atividades de fiscalização do
setor, que caso tivessem efetivo funcionamento, sem dúvida serviriam para a
correta coordenação dos serviços, o que evidencia que embora a legislação
pudesse ser atualizada, a sua aplicação efetiva, da forma em que se encontra
hoje, já seria suficiente para um controle pelo menos satisfatório do setor.
(...)
Em conclusão a tudo que foi posto, e como lembrete do que já foi visto
aqui, temos que a vigilância privada é atividade essencial à segurança dos
cidadãos, no combate à intensa marginalidade social e ao banditismo.
O que ocorre, porém, conforme já foi inclusive visto, é que vivemos hoje,
no ramo da vigilância privada, em meio a inúmeras irregularidades, sendo certo
que cresce o número de empresas clandestinas, de forma assustadora, sem
81
qualquer controle, o que põe em risco toda a população; de outro lado, constata-
se que existe fonte para a arrecadação de recursos para tal fiscalização, que no
entanto, ao que parece, não são aplicadas.
“(...)
1
– Trabalho de divulgação interna e estudos da Delesp
85
Numa tese sobre a caracterização do policial militar no Estado de São Paulo, Álvaro
da Silva Gullo encontra indícios claros desta simbiose: segundo dados levantados na
ocasião (1992), 33% dos policiais tinha algum trabalho remunerado fora da PM e a
proporção era tanto maior quanto menor o posto ou graduação.
Dos que tinham algum outro trabalho remunerado, cerca de 1% eram empregadores
(obviamente os estratos superiores), 20% trabalhavam como autônomos e 12% como
empregados assalariados.
Além da proibição legal para que um policial de rua, que trabalha com base numa
escala, exerça atividade de segurança privada, os policiais são treinados durante
meses pelo Estado – defesa pessoal, tiro, legislação, investigação, etc – com o
dinheiro público, e todo este treinamento é aproveitado pelas empresas particulares
ou clandestinas, que utilizam esta mão de obra sem que tenham que pagar nada por
isso, o que representa uma apropriação privada de um “bem” público.
A explicação para esta mortalidade elevada durante a folga é complexa e passa pela
violência dos criminosos brasileiros, elevada disponibilidade de armas na sociedade,
falta de equipamentos de segurança, falta de preparo e treinamento para o
enfrentamento de situações de alto risco, dupla jornada de trabalho a que muitos são
obrigados a enfrentar para complementar sua renda, stress emocional, etc. Durante o
bico o policial está mais vulnerável porque atua sem a cobertura de outros policiais e
sem os mesmos equipamentos de segurança. O criminoso, por outro lado, torna-se
mais ousado pois geralmente não sabe que se trata de um policial ou então sabe e
aproveita para se vingar quando o policial está sozinho.
É preciso, em resumo, voltar um pouco os olhos para o que acontece no setor privado
de prestação de segurança, que tende a se expandir ainda mais velozmente nas
próximas décadas. A sociedade e os clientesdestas empresas tem que saber como eles
são treinados ou fiscalizados em caso de abusos. Os padrões devem ser semelhantes
aos exigidos das forças policiais. A elevação dos padrões de atuação dos seguranças
particulares contribuirá para melhorar o serviço prestado aos clientes e reduzirá o
número de incidentes fatais envolvendo seguranças, tanto como algozes quanto como
vítimas. Um vigilante despreparado e não fiscalizado em sua atuação é um perigo
para os clientes que contratam proteção, para a população como um todo e para si
próprios, além de um mal negócio para as empresas de segurança.
(...)”
Nas médias e grandes cidades brasileiras, o quadro de insegurança, quer objetivo pelas
altas taxas criminais que apresentam, quer subjetivo pela percepção da população para
este fato e seus desdobramentos, conduz a um ambiente propício ao desenvolvimento
da atividade da segurança privada. Isto acaba ocorrendo tanto através de empresas
legalmente constituídas para operar nessa atividade, quanto de grupos ilegais e/ou
despreparados que vendem a ilusão – a baixos preços é verdade – de que a ilegalidade
e a impunidade podem contribuir para a manutenção da Ordem Pública e melhorar a
qualidade de vida da população.
Esses grupos formados, administrados e operados por policiais civis e militares, por
militares, bombeiros militares, guardas municipais e agentes penitenciários, bem como
por integrantes de corpos de vigilância orgânica de órgãos públicos e por leigos, atuam
predatoriamente no mercado da segurança privada, sonegando impostos e taxas,
ocupando postos de trabalho de pessoal qualificado, gerando insegurança e colocando
o contratante desses serviços ilegais em posição perigosa, pois poderá levar empresa
ou pessoa idônea, porém leiga, a processos judiciais de variadas naturezas, com
conseqüências criminais e patrimoniais.
(...)
Outro problema referente ao tema ilegalidade diz respeito não ao mercado clandestino
e ilegal, mas ao mercado ostensivo e regulado, tanto dos prestadores de serviços de
segurança quanto dos seus contratantes. O tema refere-se à chamada terceirização.
Neste campo, as irregularidades e omissões nos contratos para serviços temporários ou
não, tem provocado problemas tanto para contratantes com para contratados.
A terceirização tem sido vista como uma alternativa não só no Brasil mas também em
outros países, e visa uma maior dedicação das empresas ás suas atividades-fim,
ganhando assim flexibilidade para competir num mercado cada vez mais globalizado.
A estratégia de algumas empresas prestadoras de serviços de segurança é oferecer para
as contratantes de mão de obra cada vez mais barata e nem sempre qualificada,
deixando de efetuar o pagamento dos direitos trabalhistas a seus funcionários. Neste
ponto alegam a prestação de serviços temporários, os quais, pela legislação em vigor,
só se caracterizam nos casos específicos de contratação para cobertura de férias ou
licença maternidade de funcionários e, ainda, nas contratações com duração máxima
de três meses, renováveis por igual período. Existe hoje uma tendência para aumentar
a responsabilidade legal das empresas contratantes, face à freqüência com que as
decisões judiciais reconhecem como sendo delas a responsabilidade final sobre o
pagamento daqueles direitos, mormente os decorrentes de riscos presentes em
ambientes de trabalho ou sobre medidas de proteção adequadas aos riscos presentes.
“Exército de 300 mil faz segurança clandestina – Efetivo de cerca de 1500 empresas
de segurança irregulares que atuam em São Paulo é mais que o dobro do número de
policiais e pode estar empregando criminosos travestidos de vigilantes. – Quem
contrata esse serviço corre um grande risco de estar contratando verdadeiros
bandidos – A ineficiência do Estado criou brechas para os clandestinos – Quando o
inimigo está ao lado vigiando sua casa.”
1
– Jornal da Tarde – edição de 13.01.2001
90
“A Polícia Federal, no entanto, no momento pouco pode fazer para coibir a expansão
das empresas de segurança clandestinas. O efetivo da Delegacia de Controle de
Segurança da PF tem 11 agentes. Só que alguns estão em férias, outros fazem
serviços burocráticos e os três encarregados da fiscalização das empresas de
segurança foram deslocados para reforçar a vigilância no aeroporto de Guarulhos
depois dos ataques terroristas nos Estados Unidos, em 11 de setembro do ano
passado.
Hoje, o Delegado Gesival Gomes de Souza conta com apenas cinco homens, sendo
que um deles fica fora das investigações para se encarregar da escolta de presos.
Nessa Delegacia da Polícia Federal, as 320 empresas de segurança e as mais de 800
de segurança orgânica, como são denominados as indústrias, comércio e bancos que
mantém corpos próprios de vigilantes, tem de apresentar documentos para a
expedição de autorização de funcionamento, válida por um ano.
1
– Jornal da Tarde – edição de 13.01.2001
91
“Já pegamos armas duplicadas, com numeração raspada e mesmo armas que
deveriam ainda estar nas lojas porque a documentação ainda não estava regularizada”
conta o delegado Gomes de Souza. “E isso nas empresas autorizadas”. O policial
federal conta que antes de a equipe de repressão às clandestinas ser deslocada para o
aeroporto, a PF desativava cerca de quatro empresas por semana.
Agora, além da falta de efetivo para fazer o trabalho, o delegado tem mais duas
dificuldades; as sedes das empresas clandestinas mudam com freqüência e ele
mantém centenas de denúncias à espera de investigação.”
(...)
Quem contrata os serviços de uma empresa clandestina também pode ajustar contas
com a PF por cumplicidade em uma atividade ilegal. “Além disso, quem contrata
esses serviços, corre o risco de estar contratando bandidos”, alerta o delegado
federal. Criminosos travestidos de vigilantes podem usar o trabalho como “olheiros”
de seqüestradores e ladrões. De um posto privilegiado, conhecem os hábitos de
empresários ou de moradores de um condomínio e repassam as informações para os
criminosos”
“A verdade é que a PF pouco sabe das empresas além da ficha cadastral preenchida
pelas próprias firmas.”
“(...)
A questão da fiscalização das atividades dos seguranças clandestinos não tem sido
esquecida pelo Departamento de Polícia Federal, mas muito pouco se tem feito em
1
- Carta Capital, Ed 19.02.2003 – pág. 28
1
– Trabalho de divulgação interna e estudos da Delesp
93
(...)”
E mais, nos poucos casos em que a fiscalização atua, sua atividade não se
mostra efetiva, em face de ausência de continuidade no procedimento e em vista
também de limitações legais. É o que se depreende do relato de Carlos
Mautitônio Nunes1, com a experiência de anos na fiscalização do Departamento
de Polícia Federal:
“Ora, o agente investiga, colhe as provas, autua, é determinado o encerramento das atividades,
mas, no entanto, o infrator não cumpre, desobedece, e o máximo que vai responder é a um
inquérito, que para ser decidido levará um bom tempo, sendo que a prescrição pode ocorrer e
o infrator nem punido será. O agente fiscalizador, no entanto, observa que a cada dia ele
embolsa o dinheiro que seria ou de impostos ou do trabalho dos funcionários e, o que é mais
ultrajante, ainda pode influenciar para prejudicar o agente fiscalizador.”
1
- Vigilância Patrimonial Privada – Comentários à Legislação – págs. 421/422
94
“Temos experiência vivida para relatar que diante de tal situação, esse infrator, que é
orientado sobre quais as possibilidades de punição que teria (ou seja, quase zero), perde
totalmente o escrúpulo e começa a visar somente o que pode ganhar, enquanto a situação
perdurar. Aí é que ele explora mesmo seus empregados, deixando de pagar o salário em dia,
as horas extras, não recolhe qualquer tipo de imposto e espera o melhor momento para deixar
a firma quebrar, pois nem os direitos que seus ex-funcionários reclamam na justiça terão
condições de ser pagos. Desaparece por um tempo e depois monta outro tipo de negócio ou
até mesmo volta para a área de segurança privada.”
“No entanto, com tal atitude o infrator coloca em risco a credibilidade de empresas que
passaram anos investindo na prestação do serviço de segurança privada e também do órgão
fiscalizador. Está em jogo não só o conceito de terceirização do serviço de segurança privada
como também a efetiva capacidade de existir um órgão fiscalizador que faça cumprir a
legislação.”
“Tem ocorrido, também, que tais infratores recorrem à justiça para questionar a validade do
ato de encerramento. Apesar de haverem vários mandados de segurança cassados, no entanto,
alguns juízes de primeira instância ainda concedem liminares quando infratores recorrem da
decisão tomada pelo órgão fiscalizador.”
“Utilizam um argumento que é pouco convincente. O de que sua empresa gera empregos e, se
for fechada, de certa forma, aumentará a crise social. Pura balela. Na realidade, sua empresa
está gerando empregos ilegalmente. Guardadas as devidas proporções, é o mesmo que um
cidadão não médico montar uma clínica e oferecer trabalhos a enfermeiras e utilizar o mesmo
argumento para com elas. Ora, não se pode permitir que o infrator continue a efetuar a
profissão sem ser qualificado, colocando em risco a vida de terceiros somente para resquardar
o que seria de interesse dos funcionários. Mentira. Ele esta usando os outros em benefício
próprio. Já pensaram então um traficante pedindo para continuar com o tráfico, pois dá
empregado aos seus soldados, ou aos seus entregadores de drogas?”
Dados mais recentes, indicam que somente no Estado de São Paulo (maior
arrecadador), houve arrecadação administrativa (taxas de vistoria de instalações
e veículos, inclusive de entidades financeiras, renovação de certificados, alvarás
de funcionamento, carteiras nacionais dos vigilantes, etc.), entre janeiro e
dezembro de 2.002, de cerca de R$.10.000.000,00 (dez milhões de reais),
recursos estes que poderiam estar sendo aplicados na gestão e consecução de
fiscalização e coordenação efetivas.
CONCLUSÃO
Quem perde com tudo isso, é o cidadão, que tem uma segurança, tanto
pública quanto privada, ineficaz e mesmo perigosa. Em grande parte dos casos,
no que se refere ao setor privado, a busca de segurança acaba por gerar mais
insegurança.
BIBLIOGRAFIA