Este fenómeno é designado por Simon Kuznetz como crescimento económico moderno.
Este autor definiu o crescimento económico de um país como «o cresci-mento a longo prazo
da capacidade de prover a sua população de bens económicos cada vez mais diversos, a qual
se baseia no avanço da tecnologia e nas adaptações institucionais e ideológicas que ela
requer»(1).
Deste modo, uma fase de crescimento económico elevado significa que cada geração pode
desfrutar de rendimentos mais elevados do que os dos seus pais, consumindo maiores
quantidades de bens e de serviços, o que significa uma melhoria do seu padrão de vida.
O crescimento económico foi alcançado pelos países de várias formas, ou seja, os países
seguiram trajetórias diferentes para o alcançar, o que reforça a ideia de que não existem
receitas para atingir o crescimento económico. Aliás, a crise que o mundo ocidental atravessa
atualmente tem vindo a questionar a eficácia no longo prazo de algumas das estratégias
adotadas.
No entanto, podem identificar-se alguns fatores idênticos que se podem considerar como
fontes de crescimento económico
•o progresso técnico.
A Procura Externaestá relacionada com a procura efetuada pelo Resto do Mundo, o que
significa que o grau de abertura de uma economia ao Exter-ior poderá influenciar o nível da
Procura gerada no Exterior. Geralmente, uma maior abertura ao Exterior pode dar origem a
um aumento da Procura Externa.
Um maior grau de abertura ao Exterior também poderá dar origem a um maior afluxo de
investimento externo, o que permitirá o aumento da capacidade produtiva da economia e,
consequentemente, o aumento das exportações de bens e serviços, satisfazendo, desta forma,
o aumento da Procura Externa.
Contudo, uma maior abertura ao Exterior pode também significar um au-mento das compras
ao Resto do Mundo, ou seja, um crescimento das im-portações. Assim, muitas vezes associa-se
a Procura Externa às Exportações líquidas, ou seja, à diferença entre o valor das Exportações e
o valor das Importações de bens e serviços.
Deste modo, se o aumento das exportações for acompanhado ou supe-rado por um aumento
das importações, esse aumento da Procura Externa poderá não se refletir de uma forma tão
positiva no crescimento económico.
Quando se investe capital numa empresa, físico ou humano, o objetivo é que esta possa vir a
aumentar a sua produção, ou seja, aumentar os bens ou os serviços que coloca à disposição
dos consumidores.
Progresso técnico
O progresso técnico está associado às inovações técnicas que se verificaram ao longo dos
tempos. Essas inovações, como, por exemplo, a roda, a máquina a vapor, a eletricidade, o
avião ou o computador, permitiram uma melhoria constante do nível de vida das populações,
em parte devido ao aumento da quantidade e da qualidade dos bens e dos serviços postos à
disposição da sociedade.
O grande progresso técnico que se tem verificado em alguns países resul-tou do facto de estes
terem criado e incentivado condições que possibilitaram o seu desenvolvimento. Entre essas
condições destacam-se as seguintes:
O Estado, para apoiar os processos de investigação, poderá, por exemplo, criar institutos de
investigação e/ou subsidiar os já existentes, conceder bolsas de investigação e proteger as
descobertas através da criação de patentes.
A partir dessa altura e, em especial, no século XIX, verificou-se uma acele-ração do processo de
crescimento económico e uma melhoria das condições de vida das populações dos países
europeus onde ocorreu a Revolução In-dustrial. T15
•a inovação tecnológica;
•a diversificação da produção;
A partir do século XIX, o crescimento da indústria fez com que o setor secundáriopassasse a
liderar quer ao nível da produção, quer do emprego.
À medida que a economia vai crescendo, vão surgindo serviços associados ao desenvolvimento
industrial, como os transportes, os bancos e os seguros. Deste modo, verifica-se um aumento
do emprego nos serviços, ou seja, no setor terciário.
Também a especialização das empresas (empresas industriais que contra-tam outras empresas
para comercializar os seus produtos), o surgimento de serviços associados à comercialização
de um bem material e o desenvolvi-mento dos meios de comunicação impulsionaram o
crescimento dos serviços e a expansão de novas profissões associadas às vendas, aos
processos de I&D, à informática e à assistência técnica.
Assim, a partir de meados do século XX, o setor terciário passou a liderar, quer em termos de
população empregada, quer ao nível da sua contribuição para o PIB. São aspetos que
caraterizam a terciarização da economia.
•por incorporação, quando se transfere o património total de uma ou mais sociedades para
outra;
•por concentração, quando se constitui uma nova sociedade para a qual se transferem os
patrimónios das empresas fundidas.
O aumento da dimensão das empresas possibilitou que estas passassem a produzir maiores
quantidades, a custos de produção mais baixos e, conse-quentemente, a preços mais
competitivos. Este novo contexto permitiu que as empresas ultrapassassem as fronteiras dos
seus mercados nacionais e atuas-sem em mercados cada vez mais globais.
Apesar da dimensão média das empresas ter aumentado, o número de pequenas e médias
empresas (PME) também aumentou. O aparecimento de muitas PME resulta da
subcontratação de outras empresas para realizar, por exemplo, serviços de limpeza e de
fornecimento de refeições nas cantinas ou mesmo de empresas transnacionais, para realizar
partes do seu processo produtivo.
Num mundo cada vez mais global e onde dominam as novas tecnologias da informação e
comunicação, as PME apresentam uma grande vantagem, que é a sua capacidade de mudar
rapidamente, pois a sua estrutura é menos pesada e mais flexível do que a das grandes
empresas.
Concorrência
O facto de um número cada vez maior de empresas atuar nos mercados in-ternacionais
significa que a concorrênciatambém é cada vez maior, o que tem levado a que as empresas,
para serem competitivas, prossigam políticas de redu-ção de custos para conseguirem colocar
os seus produtos a preços mais baixos.
Como vimos, muitas delas optaram por aumentar a sua dimensão e be-neficiar, por exemplo,
de economias de escala, de facilidades de acesso ao crédito e de descontos dos fornecedores.
Outras são competitivas porque a sua pequena dimensão lhes permite uma fácil adaptação
aos gostos e prefe-rências dos seus clientes.
Também o rápido crescimento económico de alguns países, as economias emergentes,
contribuiu para o aumento da concorrência.
•à abertura dos mercados nacionais, devido aos acordos alcançados pela Organização Mundial
do Comércio (OMC);
•ao aparecimento de economias emergentes, pois estes países colo-cam nos mercados
internacionais produtos a preços mais baixos e, por-tanto, mais competitivos. Esses países
produzem a custos mais baixos, o que torna inviável a produção de alguns bens pelos países
mais de-senvolvidos e põe em causa a sobrevivência dessas indústrias;
Papel do Estado
Este aumento da intervenção do Estado teve como grande objetivo ten-tar prevenir e/ou
minimizar os efeitos das crises e das recessões, como a de 1929, criando um Estado social que
protegesse o indivíduo desde o seu nas-cimento, no desemprego e na velhice.
Contudo, sendo o PIB per capitaum valor médio, ao utilizar apenas uma média para conhecer
uma realidade não se identificam as desigualdades exis-tentes no interior desse país, ou seja, a
utilização deste indicador não permite comparar o nível de vida entre os habitantes desse país.
Por outro lado, quando se fazem comparações internacionais, utilizando ex-clusivamente o PIB
per capita, parte-se do princípio de que os níveis de preços são idênticos em todos os países.
Mas, o que acontece é que esses preços são diferentes e que muitos desses países têm
diferentes moedas. Para evitar estas possíveis distorções, utiliza-se o PIB per capitaexpresso
em paridades de poder de compra (PPC).
Assim, quando comparamos o nível de vida de vários países, temos de conhecer a realidade
sociocultural de cada um desses países, pois só assim será possível fazer comparações
internacionais.
Esse indicador é o Índice de Bem-Estar, um indicador composto que inte-gra uma grande
variedade de indicadores simples, nomeadamente:
O crescimento económico moderno processou-se de uma forma contínua, mas não uniforme.
De facto, a evolução da atividade econó-mica ao longo do tempo não decorre sempre com o
mesmo grau de intensidade.
Os ciclos económicos englobam várias fases, das quais se destacam a ex-pansão e a recessão.
O ponto alto (prosperidade ou pico) e o ponto baixo (depressão ou fundo) correspondem aos
pontos de viragem dos ciclos.
Como vimos anteriormente, o IDH é um índice composto que utiliza vários tipos de indicadores
simples – económicos, socioculturais e demográficos. O IDH procura efetuar uma análise
detalhada, permitindo estabelecer compa-rações entre os países. Este índice varia entre zero
(nenhum desenvolvimento humano) e 1 (desenvolvimento humano total).
Deste modo, o IDH é um indicador mais adequado do que os indicadores simples para medir as
realidades multidimensionais e complexas associadas ao problema do desenvolvimento.
Se analisarmos a evolução do IDH por regiões, constatamos que desde finais do século passado
se começou a verificar uma melhoria dos valores do IDH nas regiões do mundo onde
predominam os países em desenvolvimento. Contudo, apesar dessa melhoria, entre 2008 e
2013, começou a registar-se algum abrandamento do crescimento do IDH. F17
A melhoria do IDH não significa que todos os países tenham o mesmo nível de
desenvolvimento, pois continuam a existir grandes disparidades de desenvolvimento.
Se compararmos os valores do IDH por regiões, constatamos que existe uma grande
desigualdade entre o hemisfério Norte e o Sul. Os países com níveis de desenvolvimento
humano mais baixos concentram-se na África Sub-sariana, no Sul e Sudoeste da Ásia e em
algumas áreas da Ásia Central. F18
Da observação de F18, podemos verificar que, em 2013, a maior parte dos países com IDH
baixo eram países africanos. Nesse ano, os países do mundo que registaram um valor mais
baixo de IDH foram a República Centro-Africana (0,341), a República Democrática do Congo
(0,338) e o Níger (0,337).
Em 2013, o país que ocupou o primeiro lugar do rankingdo IDH foi a No-ruega (0,944). Todos
os países da União Europeia integravam as categorias dos países com um IDH muito elevado
(com mais de 0,800 pontos). Nesse ano, Portugal ocupava a 41.ª posição no rankingdos 49
países com IDH muito elevado, mantendo o mesmo valor registado em 2012 (0,822).
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Se compararmos os valores do IDH por regiões, constatamos que existe uma grande
desigualdade entre o hemisfério Norte e o Sul. Os países com níveis de desenvolvimento
humano mais baixos concentram-se na África Sub-sariana, no Sul e Sudoeste da Ásia e em
algumas áreas da Ásia Central. F18
Da observação de F18, podemos verificar que, em 2013, a maior parte dos países com IDH
baixo eram países africanos. Nesse ano, os países do mundo que registaram um valor mais
baixo de IDH foram a República Centro-Africana (0,341), a República Democrática do Congo
(0,338) e o Níger (0,337).
Em 2013, o país que ocupou o primeiro lugar do rankingdo IDH foi a No-ruega (0,944). Todos
os países da União Europeia integravam as categorias dos países com um IDH muito elevado
(com mais de 0,800 pontos). Nesse ano, Portugal ocupava a 41.ª posição no rankingdos 49
países com IDH muito elevado, mantendo o mesmo valor registado em 2012 (0,822).
•países de rendimento baixo: valor do Rendimento médio menor ou igual a 1045 dólares;
•países derendimento médio: valor do Rendimento médio entre 1046 dólares e 12476 dólares.
Este grupo pode subdividir-se em duas classes: a inferior, que vai até ao limite de 4125 dólares,
e a superior, cujo Rendi-mento per capitaé superior a 4125 dólares, mas inferior a 12476
dólares;
Quando observamos a evolução do PIB per capitaem países com níveis de rendimento
diferentes, verficamos um crescimento deste agregado em todos esses grupos de países, no
período compreeendido entre 1990 e 2011. Contudo, continua a ser muito elevado o
diferencial entre os países de ren-dimento elevado e os outros grupos de países (rendimento
médio e baixo), pois, em 2011, o PIB per capitamédio dos países de elevado rendimento era
cerca de 32000 dólares, enquanto o dos países de baixo e médio rendimento era pouco mais
de 6000 dólares. F19
As elevadas taxas de crescimento registadas nos últimos anos por países como a China, a Índia
e o Brasil constituem um dos fatores explicativos do crescimento do PIB per capitado conjunto
dos países em desenvolvimento. Prevê-se que até 2050 estes três países sejam responsáveis
por cerca de 40% do Produto mundial, contra 10% registados em 1950.
Também, ao nível das condições de vida se verificou uma melhoria, pois diminuiu
drasticamente a percentagem de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares americanos
por dia, face aos valores de 1990. Esta melhoria ficou a dever-se igualmente ao êxito das
políticas prosseguidas em países como o Brasil, onde a percentagem da população com menos
de 1,25 dólares por dia passou de 17,2% para 6,1%, a China, que passou de 60,2% para 13,1%,
e a Índia, que passou de 49,4% para 32,7%.
As desigualdades económicas e sociais não se verificam apenas entre paí-ses, existem também
desigualdades no interior dos países, incluindo os países de rendimento elevado. Nos países de
rendimento elevado, existem grupos de indivíduos estruturalmente vulneráveis, ou seja, que
são mais vulneráveis do que outros.
Na verdade, a pobreza não é uma caraterística exclusiva dos países menos desenvolvidos.
Também nos países desenvolvidos existem bolsas significati-vas de pessoas em situação de
pobreza.
•relativa.
Deste modo, são pobres as pessoas cujos recursos (materiais, sociais e culturais) são tão
escassos que não garantem a satisfação das suas necessida-des básicas. Por exemplo, vivem
em situação de pobreza os indivíduos que não possuem nem alojamento nem dinheiro para se
alimentarem e vestirem.
É muito difícil definir um padrão universal, pois bens considerados es-senciais numa sociedade
podem ser bens de luxo noutras sociedades. Por exemplo, nos países desenvolvidos, a
existência de água e de energia elé-trica em todos os lares é considerada praticamente uma
necessidade básica; contudo, nos países menos desenvolvidos, onde grande parte da
população não tem acesso a esses bens, não faz sentido medir a pobreza a partir da sa-tisfação
dessas necessidades.
Aplicando este conceito nos países de elevado rendimento, os indivíduos são considerados
pobres quando não conseguem satisfazer as necessidades consideradas básicas nestas
sociedades, nomeadamente porque não têm acesso a bens culturais e de entretenimento, a
cuidados de saúde de qualidade ou à educação.
No caso dos países em desenvolvimento, ser pobre significa não ter acesso a bens alimentares,
ter fome, não ter acesso a cuidados de saúde, a água po-tável e a saneamento, não poder
pagar educação dos filhos, não possuir uma habitação digna e não poder comprar artigos de
vestuário e calçado.
O Banco Mundial designa este tipo de pobreza por pobreza extrema, o que significa que as
famílias não conseguem satisfazer as suas necessidades básicas de sobrevivência.
Neste sentido, alguns economistas, como Jeffrey Sachs, consideram que o conceito de pobreza
relativa apenas tem sentido nos países de elevado rendimento, enquanto o de pobreza
extrema apenas ocorre nos países em desenvolvimento.
A pobreza extrema continua elevada. Contudo, tem vindo a decrescer nos países em
desenvolvimento.
A maior parte dos indivíduos em pobreza extrema concentra-se nos países do Sul da Ásia ou na
África Subsariana. Apesar da China e da Índia serem dos países que têm tido mais sucesso no
combate à pobreza, o facto de serem países muito populosos coloca-os como os países onde
se concentram o maior número de pessoas em pobreza extrema. Seguem-se a Nigéria (7%), o
Bangladesh (5%) e a República Democrática do Congo (5%).
Entre 1981 e 2010, a taxa de risco de pobreza no conjunto dos países em desenvolvimento
diminuiu, acompanhando a redução do número de indivíduos em pobreza extrema.
Nos países desenvolvidos, um dos critérios mais utilizados para medir a pobreza consiste na
definição de um limiar de rendimento abaixo do qual se considera que os indivíduos estão em
situação de pobreza. Por exemplo, em Portugal, e na maior parte dos países da UE, tem vindo
a ser utilizado umlimiar oficial de pobreza, que «define como pobres as pessoas, as Famílias e
os grupos cujos rendimentos são inferiores a 60% da mediana do rendimento disponível no
país, por adulto equivalente»(1).
O INE, com base no EUROSTAT, considera que no grupo dos indivíduos que se encontram no
limiar da pobreza existe um subgrupo, os que se encon-tram em situação de privação material
e de privação material severa.
Nos últimos anos, tem-se verificado um aumento da pobreza nos países mais desenvolvidos. A
crise económica que estes países atravessam tem le-vado à tomada de medidas de
austeridade por parte dos governos, o que se tem refletido no aumento da pobreza. Em
especial na Europa, essas medidas têm-se traduzido numa diminuição do investimento
público, por exemplo, o investimento público na área do euro passou de 251 mil milhões de
euros, em 2009, para 201 mil milhões de euros, em 2012, e na redução da prestação dos
serviços públicos. Entre 2009 e 2011, os gastos com a saúde diminuíram um terço em países
como a Grécia, a Irlanda, Portugal e o Reino Unido.
Estes cortes, além de contribuírem para o aumento das desigualdades, re-presentam também
um retrocesso ao nível do desenvolvimento humano. Esta situação verificou-se em Portugal.
De facto, entre 2010 e 2012, inverteu-se a tendência de diminuição da amplitude da
desigualdade na distribuição do rendimento entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres.
F24
Pobreza e exclusão social não são sinónimos, pois muitas pessoas ou fa-mílias excluídas
socialmente podem não se encontrar numa situação de po-breza. Estando a pobreza associada
à privação por falta de recursos (materiais, sociais e culturais), uma situação de privação que
não tem origem na falta de recursos não significa pobreza, mas pode constituir uma situação
de exclusão social. Por outro lado, a pobreza repre-senta sempre uma situação de exclusão,
porque os indivíduos pobres estão sem-pre excluídos de «participarem plena-mente na vida
económica, social e civil».
Uma das formas extremas de exclu-são social são os sem-abrigo, os quais, sem residência
permanente, estão ex-cluídos de muitos dos sistemas sociais básicos, não têm casa, não
trabalham, não compram bens e serviços e não usu-fruem dos sistemas de educação e de
saúde.
2.1A mundialização económica
Desde sempre os países estabeleceram relações entre si, constituindo a troca das mercadorias
que produziam em excesso um exemplo dessas re-lações. Esse processo de trocas foi-se
intensificando ao longo dos tempos, podendo constatar-se, atualmente, que tudo circula, pois
os países trocam entre si matérias-primas, produtos acabados e semiacabados, serviços, tra-
balho e capitais.
Este fenómeno, que corresponde à aceleração e intensificação das trocas a nível mundial,
costuma designar-se por mundialização económica.
Na segunda metade do século XIXe início do século XXe até à Primeira Guerra Mundial,
registou-se uma nova intensificação da mundialização, o que se traduziu no aumento das
trocas comerciais realizadas sobretudo entre as metrópoles e as colónias.
A supremacia tecnológica do Reino Unido, país onde teve início a Primeira Revolução
Industrial, permitiu-lhe liderar todo este processo. Esse aumento das trocas deveu-se, em
especial, à redução e eliminação das barreiras às trocas entre países e ao desenvolvimento dos
transportes (aparecimento do caminho de ferro e melhoria do transporte marítimo), o que
permitiu uma diminuição acentuada dos custos de transporte.
Depois da Segunda Guerra Mundial, verificou-se uma nova aceleração das trocas mundiais,
que haviam registado uma grande retração durante o pe-ríodo da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918).
Neste período, este processo é liderado pelos Estados Unidos, que se tornam a primeira
potência mundial.
Poderá, assim, concluir-se que a mundialização é um processo que se iniciou nos primórdios da
humanidade, com avanços e recuos, ou seja, com variações de intensidade ao longo do tempo,
mas sempre tendencialmente crescente e que se tem manifestado de forma desigual nas
diversas regiões do mundo.
Deste modo, o processo de mundialização foi decisivo para configurar o mundo
contemporâneo: um mundo com fronteiras mais abertas e cada vez mais interdependente.
Os Descobrimentos (séculos XVe XVI) permitiram uma progressiva ocupa-ção, por vezes
violenta, pelos europeus, dos continentes africano, asiático e americano. A colonização desses
territórios provocou alterações na sua forma de organização política e económica, pois foram-
lhes impostos os modelos culturais vigentes na Europa.
O reforço do colonialismo económico deu origem a muitas disputas pela posse dos territórios
coloniais, por exemplo, de África e da Ásia.
Nos finais do século XIX, a partir de 1887, ocorre a Segunda Revolução Industrial, que se
caraterizou pela utilização da energia proveniente da eletricidade e do petróleo e pelos
inventos resultantes da ligação da ciência e da técnica com o laboratório e a fábrica.
Constituem exemplos dessa ligação a invenção do motor de explosão, do telefone e dos
corantes sin-téticos.
A competição entre empresas deixou, assim, de ser concorrencial (entre empresas de pequena
ou média dimensão) para passar a processar-se entre empresas de grande dimensão, os
monopólios e os oligopólios. Estas grandes empresas investiam em inovação para manter a sua
competitividade e capa-cidade de controlo dos mercados e, por outro lado, estreitavam as
suas relações com o Estado.
Contudo, a Segunda Revolução Industrial não foi apenas europeia, foi também americana. Os
Estados Unidos, independentes a partir do século XVIII, registavam um forte crescimento
económico e haviam-se transformado numa grande potência económica, agrícola e industrial,
concorrendo nos mercados internacionais com os países europeus.
É de registar que a liderança da Europa a nível mundial foi fortemente aba-lada com a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918). Os Estados Unidos foram os grandes beneficiários da guerra, pois
esta permitiu-lhes expandir a sua ca-pacidade produtiva, como fornecedores dos países
beligerantes durante a guerra e como fornecedores de equipamento para a recuperação
económica no período pós-guerra.
Após a Segunda Guerra Mundial, verificou-se uma aceleração das trocas a nível mundial, ou
seja, da mun-dialização. Este facto ficou a dever-se:
•à reconstrução europeia e japonesa no pós-guerra;
No final da Segunda Guerra Mundial, não foram só os países vencidos, Alemanha, Itália e
Japão, que saíram enfraquecidos com a destruição do seu aparelho produtivo e militar,
também as economias europeias dos países vencedores (aliados) foram destruídas, pois o
facto de terem sido o «palco» da guerra e ainda o esforço realizado, como no caso do Reino
Unido, leva-ram-nos a uma situação de endividamento e destruição das infraestruturas
económicas e sociais.
Os Estados Unidos, país vencedor e com uma economia sólida, viram con-solidada a sua
posição a nível internacional. Não tendo sofrido no seu território os efeitos da guerra, esta até
lhes possibilitou acelerar o crescimento econó-mico, pois transformaram-se no principal
fornecedor de bens e de capitais aos países em guerra. No final da guerra, a recuperação dos
países europeus e do Japão iria realizar-se com a ajuda económica e financeira dos Estados
Unidos.
A ajuda económica e financeira dos EUA aos países da Europa Ocidental foi concretizada
através do Plano Marshall. Os países da Europa de Leste re-cusaram esta ajuda por influência
da URSS, dado que os soviéticos a conside-ravam uma forma de os EUA aumentarem a sua
influência no mundo. Por outro lado, após o triunfo dos comunistas na China (1949), os
Estados Unidos fizeram do Japão um dos seus aliados, tendo este passado a beneficiar de
ajudas específicas dos EUA.
Esse auxílio permitiu a recuperação económica e financeira dos países europeus e do Japão e
contribuiu para acelerar o crescimento da econo-mia americana. Com efeito, a partir de 1945,
a Europa Ocidental perdeu a liderança no comércio de mercadorias e capitais, tendo passado
os Estados Unidos a liderar a economia mundial.
Entre 1949 e 1989, os EUA partilharam essa liderança com a URSS, mas, a partir de 1989, com
a queda do Muro de Berlim e a desagregação da URSS, os EUA tornaram-se a primeira
potência económica e militar a nível mundial.
O crescimento económico dos EUA e a rápida recuperação económica dos países europeus e
do Japão contribuíram para a intensificação das trocas internacionais.