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abdominoplastia clássica
Crislene priscilla mota de alencar1
cpriscillamota@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em fisioterapia dermato-funcional - Faculdade Cambury
Resumo
Este trabalho busca apresentar algumas técnicas fisioterapêuticas voltadas ao tratamento
das complicações da abdominoplastia clássica, tendo como conclusão a Pós-graduação em
Dermato-Funcional. Dentre os vários tipos de intervenções cirúrgicas na área da estética, a
abdominoplastia vem sendo a melhor descoberta recente de cirurgia plástica para indivíduos
que apresentam gordura localizada, flacidez decorrente de grande emagrecimento, gravidez
múltipla, flacidez aponeurótica e diástase abdominal. Embora não seja muito comum, a
abdominoplastia como qualquer outro ato operatório, pode apresentar complicações como
seroma, hematoma, deiscência de sutura, infecção, necrose de pele e outros. O objetivo do
presente trabalho é enfatizar a importância da atuação dermato-funcional nas principais
complicações do pós-operatório de abdominoplastia clássica. A investigação é uma revisão
bibliográfica, embasada em livros e publicações em banco de dados de produções cientificas.
De acordo com o referido estudo, foi possível confirmar que a atuação dermato-funcional no
pós-operatório de cirurgia plástica possui um importante papel quanto à aceleração no
processo de reabilitação. O fisioterapeuta atua na prevenção e no tratamento das
complicações pós-cirúrgicas com suas técnicas e recursos eletroterapêuticos, buscando
prover condições adequadas de cicatrização com o intuito de melhorar o quadro álgico, o
edema e com isso proporcionar bem-estar ao paciente acelerando sua recuperação.
Palavras chaves: Abdominoplastia; Complicações; Dermato-funcional.
1. Introdução
O presente estudo sob avaliação da Pós-graduação em Dermato-Funcional, submetidos à
coordenação do referido curso de especialização lato sensu.
Atualmente o culto ao corpo tornou-se uma característica marcante e incessante na busca pela
perfeição. Nos últimos anos, a cirurgia plástica tem apresentado larga divulgação e importante
aprimoramento de suas técnicas. Esteticamente, o abdômen tem sua função de contorno
corporal, e suas alterações causam desconforto e implicações sociopsicológicas importantes.
(BORGES, 2010).
Dentre os vários tipos de intervenções cirúrgicas na área da estética, a abdominoplastia vem
sendo a melhor descoberta recente de cirurgia plástica para indivíduos que apresentam
gordura localizada, flacidez decorrente de grande emagrecimento, ou gravidez múltipla
(abdômen em avental), flacidez aponeurótica, diástase abdominal, abaulamentos e hérnias
(SILVA et al, 2012).
De acordo com Horibe (2000), essa cirurgia tem o objetivo de restabelecer o contorno
corporal, eliminando todo excesso cutâneo, e do tecido celular subcutâneo, corrigindo a
flacidez musculoaponeurótica.
Embora não seja muito comum, a abdominoplastia como qualquer outro ato operatório, pode
apresentar complicações como seroma, hematoma, deiscência de sutura, infecção, necrose de
pele e outros (VOLOSZIN, 2007).
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1
Pós-graduando em fisioterapia Dermato-Funcional.
2
Graduada em fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, mestrado em bioética e direito em
saúde.
2
2. Sistema Tegumentar
Trata-se de um sistema que inclui a pele e seus anexos (pele, unha e mamas), proporcionando
ao corpo um revestimento protetor, que contém terminações nervosas sensitivas e participa da
regulação da temperatura corporal, além de cumprir outras funções (DANGELO & FATTINI,
1998).
Conforme Guirro & Guirro (2004), As funções realizadas pelo sistema tegumentar são:
proteção, regulação da temperatura do organismo, excreção, sensibilidade tátil e produção de
vitamina D.
De acordo com Borges (2010), a pele é um dos maiores órgãos do corpo humano,
correspondendo a 3,5 Kg de seu peso em um adulto e mede entre 1,5 m 2 a 2 m2. Recobre o
corpo protegendo-o da perda excessiva de água, do atrito e dos raios ultravioletas do sol.
Divide-se em três camadas: epiderme (mais superficial), derme (intermediária) e hipoderme
(mais profunda).
2.1 Epiderme
Para Guirro & Guirro (2004), tipicamente em todos os epitélios, não há vasos sanguíneos na
epiderme, embora a derme subjacente seja bem vascularizada. Como resultado, o único meio
pelo qual as células da epiderme podem obter alimento é através da difusão dos leitos
capilares da derme. A espessura da epiderme geralmente é muito delgada, menos de 0,12
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2.2 Derme
A derme é rica em fibras colágenas e elásticas que conferem à pele sua capacidade de
distender-se quando tracionada, voltando ao estado original desde que cesse a tração.
Ricamente irrigada, com extensas redes capilares, esta camada mostra elevações (papilas
dérmicas) que se projetam na epiderme fazendo com que esta, na superfície, apresente uma
série de cristas separadas por sulcos (DANGELO & FATTINI, 1998).
Na derme situam-se algumas fibras elásticas e reticulares, bem como muitas fibras colágenas,
e ela é suprida por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas
especializadas e órgãos do sentido. Observa-se na derme a camada papilar, a mais superficial,
e a camada reticular, a mais profunda. A Camada papilar com função de aumentar a zona de
contato derme-epiderme, trazendo maior resistência a pele e a reticular, assim denominada
devido ao fato de que os feixes de fibras colágenas que as compõem entrelaçam-se em um
arranjo semelhante a uma rede (GUIRRO & GUIRRO, 2004).
2.3 Hipoderme
Todos os estudos sobre o sistema tegumentar consideram a hipoderme parte dele, embora,
para diversos autores, ela não seja uma das camadas da pele. Composta por células do tipo
adipócitos, está situada abaixo da derme e é rica em gorduras e vasos sanguíneos. Apresenta-
se como um tecido conjuntivo frouxo, e a gordura por ela armazenada constitui uma reserva
de energia. Além disso, atua como isolante térmico (BORGES, 2010).
De acordo com Guirro & Guirro (2004), a hipoderme conecta frouxamente a pele e a fáscia
dos músculos subjacentes, o que permite aos músculos contraírem-se sem repuxar a pele.
Além da função de reservatório energético, o tecido adiposo apresenta ainda outras funções,
tais como: 1) isolamento térmico do organismo, por ser um mau condutor de calor; 2) modela
a superfície corporal, e dependendo do sexo localiza-se em diferentes regiões; 3) os coxins
adiposos servem para a absorção de choques; 4) tecido de preenchimento e auxiliar na fixação
de órgãos; os rins podem sofrer ptoses nos indivíduos magros ou naqueles que diminuem de
peso muito rapidamente, pela falta de gordura perirrenal.
Langer demonstrou que até no cadáver a pele é sujeita a tensões direcionadas de acordo com
as linhas. A perfuração da pele provoca a formação não de um orifício circular, mas de uma
fenda, cuja direção corresponde à orientação dos feixes conjuntivos elásticos, que indicam,
portanto, a direção de menor distensibilidade, ou seja, de resistência da pele à tração. O
conhecimento da direção das linhas de fenda, de maneira geral, é de grande interesse
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cirúrgico, pois auxilia o cirurgião a realizar incisões esteticamente aceitas (GUIRRO &
GUIRRO, 2004).
A pele da região abdominal tem cerca de 2-4 mm de espessura, contém os anexos habituais de
outras regiões do corpo (pêlos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas), sendo uma das
áreas em que sua grande elasticidade permite significativas alterações do volume do abdome
(gravidez, obesidade e outros) (JAIMOVICH et al, 1999).
3. Reparação tecidual
O processo de cicatrização é muito complexo e todas as fases estão inter-relacionadas, nunca
teremos uma ferida reagindo de maneira semelhante a outra. Uma mesma ferida pode estar
infectada, com tecido de granulação, e com tecido necrótico. O que é importante é que se
saiba o que esta acontecendo, para que se possa avaliar a indicação da melhor intervenção
(VOLOSZIN, 2004).
Para Nelson et al (1999), uma lesão leve cicatriza rapidamente. Uma lesão grave, que atinge
uma grande área de tecido, penetra profundamente e envolve todas as fases da cicatrização,
requer um tempo maior para cicatrizar e acumula uma quantidade significativa de tecido
cicatricial.
A fisiopatologia da cicatrização em qualquer tipo de trauma é descrita em três fases, são elas:
3.1 Fase inflamatória
O processo inflamatório serve para destruir, diluir ou mobilizar o agente agressor e, em
seguida, deflagrar uma serie de acontecimentos que curam e reorganizam o tecido lesado.
Sabe-se que essa fase começa no momento da lesão, e o sangramento que ocorre traz
plaquetas, hemácias e fibrina, determinando a aderência entre as bordas da ferida condição
importante para a cicatrização (BORGES, 2010).
Muitos fatores químicos influenciam e controlam o processo inflamatório inicial e
desencadeiam futuros envolvimentos na fase proliferativa são liberados pelas células durante
o estagio de inflamação. Os macrófagos que fagocitam organismos patogênicos, liberam
fatores que atraem fibroblastos para a área e favorecem a deposição de colágeno (KITCHEN,
2003).
3.2 Fase proliferativa
É caracterizada pela remoção dos restos celulares e pela reparação temporária do tecido
formado durante o estágio anterior de inflamação e pelo desenvolvimento dos tecidos
substitutos novos e permanentes. O fibroblasto surge por volta do segundo e do terceiro dia
após o trauma, é uma célula fusiforme, com núcleo oval (BORGES, 2010).
O tecido de granulação é formado durante a fase proliferativa. Essa é uma estrutura
temporária que se desenvolve após um período de alguns dias e compreende neomatriz,
neovasculatura, macrófagos e fibroblastos. O tecido de granulação precede o desenvolvimento
do tecido cicatricial maduro (KITCHEN, 2003).
3.3 Fase de remodelagem
Observa-se que a matriz extracelular modifica-se continuamente, ate que se forme a matriz
estável. A resistência do tecido lesionado aumenta com a deposição de colágeno. O processo
de remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a degradação de colágeno e
redução da vascularização e da infiltração de células inflamatórias, até que se atinja a
maturação (BORGES, 2010).
O remodelamento ocorre em um período que oscila de vários meses a anos, com o colágeno
tipo III sendo parcialmente substituído pelo tipo I. As fibras se reorientam ao longo de unhas
das sobrecargas aplicadas a lesão, resultando desse modo em um tecido com maior força
tensil. A força de ruptura da ferida aumenta com a deposição de colágeno, atingindo
aproximadamente 20% da força normal por volta de 21 dias pós-lesão (KITCHEN, 2003).
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A cicatrização de feridas pode ocorrer por: primeira intenção ou união primaria, quando as
bordas da ferida são aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de infecção e
discreto edema. Por segunda intenção ou união secundaria quando ocorre perda excessiva de
tecido e presença de infecção, comprometendo a reparação, que se torna mais lenta e por
terceira intenção ou união terciária, quando a ferida não é suturada no tempo previsto ou
quando a sutura se rompe e a ferida necessita ser suturada novamente, comprometendo o
processo de cicatrização (VIEIRA, 2006).
4. Abdominoplastia Clássica
O termo inicialmente utilizado era lipectomia abdominal, descrita por Demars e Marx em
1890. Posteriormente foi modificado para abdominoplastia e refere-se às cirurgias em que
existe ressecção de pele e tecido subcutâneo em excesso. Sendo uma das cirurgias plásticas
mais realizadas em todo o mundo. Pode estar associada ou não a vários outros procedimentos
em técnicas em que se atua sobre a musculatura (como rotação e plicatura dos músculos
oblíquos externos), aponeurose, e com procedimentos complementares no subcutâneo (como
lipoaspiração ou ressecções segmentares) (PORCHAT et al, 2004).
A abdominoplastia ou dermolipectomia é uma correção estética e funcional da parede
abdominal, devido alterações por flacidez da musculatura, excesso de emagrecimento,
gestações sucessivas, diástase abdominal, extenso depósito de tecido gorduroso na parede
abdominal e hérnias (MIGOTTO et al, 2013).
Para Guirro & Guirro (2004), no Brasil a abdominoplastia clássica foi impulsionada pelo
trabalho de Callia em 1963, que preconizou incisões baixas e posicionadas em zonas mais
discretas. E desde que foi criada, várias alterações surgiram em suas técnicas e fundamentos,
assim como a diminuição da incidência de seqüelas deixadas no pós-operatório.
5. Descrição da técnica
De acordo com Lange (2012), A abdominoplastia clássica consiste em:
- Uma incisão transversa baixa;
- Deslocamento da pele até o processo xifóide e rebordo costais;
- Tratamento de toda parede músculo-aponeurótica;
- Confecção de uma nova cicatriz umbilical, chamada de onfaloplastia e a retirada do excesso
dermo-adiposo;
- Colocação de drenos em cada lado exteriorizados na região dos pêlos pubianos;
- Procede-se, a seguir, a fixação da porção inferior do retalho à aponeurose e a sutura final do
retalho na região suprapúbica, em dois planos com fio absorvível.
A cirurgia plástica abdominal tem por finalidade a correção das alterações da parede
abdominal, desde as que afetam a cobertura tegumentar (pele e tecido celular frouxo
subcutâneo) até as que afetam as estruturas músculo-aponeurótica, procurando atingir os
padrões compatíveis com o que se considera “normal” para o contorno corporal
(JAIMOVICH et al, 1999).
Para Guirro & Guirro (2004), tem indicação indivíduos que apresentam gordura localizada,
flacidez recorrente de grande emagrecimento ou gravidez múltipla (abdome em avental),
flacidez aponeurótica, diástase abdominal, abaulamentos e hérnias. As contra - indicações
estão restritas aos indivíduos muito obesos, mulheres que desejam ter filhos ou problemas de
saúde que sejam empecilhos a uma abordagem cirúrgica.
6. Cuidados pós-operatórios
Os tópicos mais importantes para a realização da avaliação do paciente pós operado é o
reconhecimento dos problemas e cirurgia, identificação do tipo, e a profundidade dos tecidos
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7. Complicações pós-operatórias
De acordo com Porchat et al (2004), são relatados vários tipos de complicações na
abdominoplastia clássica, sendo as principais: hematoma, seroma, infecção de ferida
operatória, deiscência e necrose do retalho abdominal.
No entanto, as complicações mais freqüentes são coleções liquidas, onde não há fator isolado
em relação à causa das mesmas, destacamos o hematoma e o seroma:
- O hematoma trata-se de uma coleção de sangue que, por ser em maior quantidade, em razão
do rompimento de vasos de maior calibre, não consegue espalhar-se pelos tecidos moles,
permanecendo agrupado em algum espaço morto. Em casos de hematomas de grande
dimensão, a drenagem cirúrgica torna-se obrigatória e em outros casos é necessário somente
punções realizadas em regime ambulatorial, sem interferir no resultado final da cirurgia
(BORGES, 2010).
- O seroma pode ser definido como uma coleção liquida de características exsudativas,
formada profundamente ao retalho dermogorduroso. Os mecanismos postulados para sua
formação são: 1.secção de numerosos de numerosos canais linfáticos, 2.espaço morto
decorrente do extenso deslocamento do retalho dermogorduroso, 3.forças de cisalhamento
entre o retalho a aponeuroso, 4.liberação de mediadores inflamatórios. É a complicação
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precoce mais freqüente nas abdominoplastias com incidência que varia de 1 a 57%, sendo
10% a média aceita pela maioria dos autores. Para reduzir o alto índice de seroma algumas
medidas têm sido preconizadas, como manipulação reduzida do retalho cutâneo, menor tempo
operatório, uso de drenos de sucção e uso de malhas de compressão no pós-operatório durante
30 dias (MARTINO et al, 2010).
A Deiscência de sutura cutânea cirúrgica é uma complicação pós-operatória em que ocorre a
reabertura da ferida previamente fechada. Essa complicação pode comprometer o resultado
estético da futura cicatriz, além do risco de infecção (BORGES, 2010).
Podem ocorrer durante as primeiras fases do processo cicatricial (do 1º ao 21º dia pós-
operatório), devido a hematomas, infecções, falhas na produção do tecido colágeno e aumento
da pressão intracavitária, provocando ruptura da linha incisional e determinando uma solução
de continuidade, o que pode levar a instalação de uma hérnia incisional (JAIMOVICH et al,
1999).
A infecção da ferida operatória é uma das complicações mais temidas porque pode colocar em
risco não só o resultado da cirurgia, como a vida dos pacientes. Vários fatores interferem no
aparecimento da infecção, por isso é necessário alguns cuidados no sitio cirúrgico, a fim de
evitar a contaminação (PORCHAT et al, 2004).
A necrose é um processo patológico causado pela ação degradativa progressiva de enzimas,
geralmente associado com trauma celular severo. É caracterizada por inchaço mitocondrial,
floculação nuclear, lise celular descontrolada e por fim, morte celular (VOLOSZIN, 2007).
8. Metodologia
Este artigo foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico, no período de março de
2013 a janeiro de 2014, com pesquisas na base de dados coletados em artigos, revistas
científicas, livros e sites como MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde),
SCIELO (Scientifc Eletronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde), com buscas que datam de 1998 a 2013. Os descritores
utilizados foram: cirurgia plástica, abdominoplastia, tratamentos pós-operatórios, fisioterapia
e combinados entre si.
Os textos foram analisados a fim de obter informações consistentes no que diz respeito à
atuação da fisioterapia dermato-funcional nas principais complicações no pós-operatório de
abdominoplastia clássica.
9. Resultados e Discussão
A Fisioterapia dermato-funcional tem sido amplamente recomendada pelos cirurgiões
plásticos como forma de procedimento de tratamento para as cirurgias plásticas,
especialmente nos casos de abdominoplastias associadas à lipoaspiração (BASEGGIO et al,
2011).
A atuação da fisioterapia no pós-operatório de abdominoplastia vem crescendo com o
surgimento da especialidade de fisioterapia dermato-funcional. Esta especialidade,
fundamentada em conceitos científicos sólidos, muito tem contribuído tanto no pré quanto no
pós-operatório de cirurgia plástica, prevenindo ou tratando as respostas advindas das
intervenções cirúrgicas, possibilitando ainda a diminuição da ansiedade pós-operatória
(SILVA et al, 2012).
O ato cirúrgico constitui uma agressão tecidual que mesmo bem direcionado, pode prejudicar
a função tecidual, cabendo ao fisioterapeuta atuar com todos os recursos disponíveis para
minimizar a alteração tissular (MIGOTTO et al, 2013).
Para Coutinho et al (2006), os autores que realizaram uma pesquisa constataram que o
período de pós-operatório interfere na efetividade das condutas fisioterapêuticas para a
recuperação de pacientes submetidos a cirurgias plásticas, uma vez que estes estão propensos
a complicações. Portanto, o encaminhamento mais tardio pode privar o paciente de obter uma
recuperação mais saudável, mais curta, com menos sofrimento, além de muitas vezes
comprometer o resultado final da cirurgia.
Dentre os recursos disponíveis para o tratamento de lesões, a utilização de terapias
alternativas não invasivas na cicatrização tecidual, tem se mostrado de fundamental
importância para o estimulo da preservação das funções fisiológicas, da estrutura celular e
para a melhora na qualidade do tecido neoformado (OLSSON et al, 2008)
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10.2. Crioterapia
Afirma Salgado (2013), que nosso corpo mostra um controle vasomotor perfeito em
temperaturas ambientais em torno de 19ºC a 32ºC. Se a temperatura for inferior a 19ºC, o
corpo perde muito calor, mas tenta equilibrar-se utilizando como recurso a vasoconstrição
periférica.
Baseado nos estudos de Coutinho et al (2006), foi constatado que a crioterapia, cuja sua
utilização promove o resfriamento do local aplicado, ocasionando vasoconstrição,
minimizando o extravasamento sanguíneo e contribui para reduzir a dor.
De acordo com Macedo et al (2010), que a redução do edema, que acompanha a aplicação da
crioterapia em seguida a uma lesão aguda, pode ser atribuída a vasoconstricao imediata das
arteríolas e vênulas, o que reduz a circulação até a área e, portanto, reduz o extravasamento de
liquido para o espaço intersticial. Este efeito fica reforçado pela redução tanto do
metabolismo celular como das substancias vasoativas, tais como histamina.
Para Santos (2013), a analgesia esta associada a redução do fluxo sanguíneo, decorrente da
vasoconstrição induzida pelo frio, além da redução do metabolismo neural, apesar de que as
vias pelas quais estes eventos ocorrem ainda não estejam bem elucidadas.
10.3. Ultra-som
Afirma Kitchen & Bazin (1998), que ao penetrar no corpo, o ultra-som pode exercer um efeito
sobre as células e tecidos mediante dois mecanismos físicos: térmico e atérmico. Por isso,
alguns desses mecanismos são de natureza estimulante em seus efeitos no processo de
cicatrização/reparo das lesões, enquanto que outros são potencialmente perigosos.
Para Migotto et al (2013), existem evidencias que demonstraram a eficácia do US de 3 MHZ
nas diferentes fases do reparo. Sua utilização no PO de cirurgia plástica auxilia na reabsorção
de hematomas, reduzindo as chances de formação fibrótica, previne a formação de cicatrizes
hipertróficas e quelóides, e ainda melhora a nutrição celular, reduzindo o edema e a dor.
Segundo Salgado (2013), as ações pelo calor podem ser benéficas para o processo de
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10.4. Laser
Para Guirro & Guirro (2004), o laser é uma emissão de luz coerente, monocromática, com
grande concentração de energia, capaz de provocar alterações físicas e biológicas. A ação
biológica do laser ocorre devido aos efeitos diretos da irradiação, e não como do aquecimento.
Sendo atribuída a essa modalidade energética efeitos como: aumento na tensão de ruptura de
cicatrizes, modificação da motricidade do sistema linfático e no edema, bem como resultados
animadores em cicatrizes eritematosas, hipertróficas e pigmentadas.
Segundo os estudos de Vieira (2006), o laser tem demonstrado eficiência na cicatrização das
feridas cutâneas, acelerando o processo fisiológico da cicatrização e diminuindo a dor dos
pacientes, contudo, esse tipo de tratamento ainda é uma realidade pouco conhecida pelos
profissionais, constituindo uma nova e promissora ferramenta de trabalho.
De acordo com Macedo et al (2010), a ação do laser após uma lesão da pele possibilita a
angiogênese, estímulo da mitose celular, regulação dos fibroblastos, normalizando a produção
de fibras elásticas e colágenas, impedindo a ocorrência de quelóides, hipertrofias e
alargamentos. Os protocolos propostos nas intervenções pós-cirúrgicas devem considerar a
fase do processo inflamatório. As densidades de energia para as ações de aumento da
circulação e diminuição da dor restringem-se a faixa de 2,0 a 4,0 J/cm2, sendo aumentada para
6,0 a 8,0 J/cm2 nos casos de regeneração e/ou cicatrização tecidual.
10.5. Microcorrente
Para Voloszin (2007), essa técnica trata-se de um tipo de corrente que tenta se aproximar, o
máximo possível, dos influxos nervosos do corpo humano, simulando, portanto, os impulsos
elétricos que as células recebem naturalmente. Ajudando a favorecer o aumento de vasos em
direção aos tecidos. Dentre os benefícios desta, temos a regeneração do retalho cutâneo na
fase de cicatrização; normalização no numero de fibroblastos e melhor oferta de sangue para o
tecido, evitando a necrose e prevenindo cicatrizes hipertróficas.
Afirma Borges (2010), que essa corrente elétrica é o gatilho que estimula a cura, a
regeneração e o crescimento em todo o organismo vivo. Entre seus efeitos fisiológicos está o
estímulo da síntese protéica, incremento no transporte de aminoácidos, crescimento dos
fibroblastos e alinhamento das fibras colágenas. O reabastecimento de ATP e nutrientes em
células lesionadas permite a recuperação do tecido.
Baseado nos estudos de kitchen (2003), o uso de potenciais elétricos, campos e correntes
exógenos para facilitar a regeneração dos tecidos (em osso, nervo e pele) esta se tornando
uma técnica clinicamente aceita. Os resultados variam do tipo de tecido, de individuo, e de
estímulo aplicado, mas uma alta proporção alega melhora significativa da regeneração dos
tecidos.
Segundo Santos (2013), em danos de tecidos moles, como feridas, traumas, pós-cirurgia e,
particularmente, nos tratamentos de dor residual em longo prazo, a microcorrente é
excepcionalmente útil devido a cicatrização pós-cirúrgicas.
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11. Conclusão
Ao se realizar uma cirurgia plástica, de grande porte como a abdominoplastia clássica, faz-se
necessária toda uma preparação física, mental e emocional, onde o paciente deve ser
informado e orientado dos riscos e dos cuidados que devem ser tomados no pós-operatório
imediato, tais como, cuidados com a incisão, postura adequada, importância de repouso e de
possíveis complicações que podem ocorrer, tudo isso influencia na evolução da recuperação.
Conforme abordado nessa revisão, a fisioterapia dermato-funcional vem ganhando respaldo
no campo de cirurgia plástica, pois se mostrou de extrema importância no pós-operatório da
abdominoplastia clássica, devido à aceleração do processo de reabilitação, em virtude de sua
gama de técnicas e recursos terapêuticos que auxiliam na reparação dos tecidos e cura das
lesões. Vale salientar que para o completo sucesso da cirurgia, o fisioterapeuta deve iniciar
seu papel se possível, no pré-operatório, a fim de auxiliar na prevenção de complicações e
alcançar uma recuperação mais rápida.
A literatura pesquisada tem confirmado ainda, os efeitos alcançados por esses recursos, que
podem e devem ser utilizados no pós-operatório envolvendo complicações ou não, sendo: a
aceleração do processo cicatricial, diminuição da dor e do edema, recuperação dos tecidos,
reabsorção dos hematomas, aumento da perfusão sanguínea, melhora da nutrição celular,
aumento da extensibilidade dos tecidos, ação bactericida e entre outros.
Certamente, ainda é necessário que sejam realizados novos estudos sobre o tema, pois se
observou que na literatura há escassez de material acerca desse assunto, na intenção de
ampliar os conhecimentos na área.
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Referências