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Introdução
286
Metabolismo normal
287
nutritiva para os tecidos na ocorrência de carência protéica. Além disso,
atuam como tampões para o equilíbrio ácido-básico. Outra de suas
importantes funções é a regulação da distribuição de água no organismo;
essa atividade é realizada inicialmente pela albumina, que é responsável
por cerca de 80% da pressão oncótica do plasma humano. A pressão
oncótica é também conhecida por pressão osmótica coloidal e indica a
pressão exercida pela albumina através da membrana celular. Essa
pressão ajuda a transferência de água e solutos para o interior da célula.
As proteínas desempenham, também, importante atividade no transporte
de lipídeos plasmáticos, vitaminas, esteróides, hormônios tireóideos,
metais (ferro, cobre, etc.) e certas enzimas. Especificamente, as gama-
globulinas contêm todos os anticorpos importantes, enquanto o
fibrinogênio, protrombina e outras proteínas plasmáticas, participam da
coagulação sanguínea. Finalmente, a proteína C reativa que é fracionada
eletroforeticamente na região da gama globulina, é sintetizada no fígado e
se caracteriza como excelente marcador não-específico que se eleva em
resposta da fase aguda em situações provocadas por lesão tecidual
causada por infecção, infarto ou malignidade (câncer).
Armazenamento Diferentemente das gorduras, as proteínas não podem
ser transferidas para qualquer tipo especial de célula. Entretanto, todas as
células do organismo, particularmente aquelas do fígado, rim e intestinos,
possuem proteínas lábeis que podem ser metabolizadas durante a
desnutrição, fato que permite a manutenção energética do organismo por
determinado período de tempo.
Destruição As proteínas plasmáticas podem ser degradadas em
aminoácidos por enzimas no fígado, os quais serão utilizados pelo
organismo na produção de algumas substâncias essenciais, por exemplo:
hormônios, enzimas, purinas ou pirimidinas; e também participam na
formação de novas células. Os aminoácidos são utilizados para formar
determinadas substâncias muito importantes, entre as quais se destacam
o ácido pirúvico (formado a partir da alanina) e o ácido alfa-cetoglutâmico
(sintetizado a partir do ácido glutâmico) que são introduzidos no ciclo de
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Krebs. Os produtos finais do catabolismo protéico são: uréia, dióxido de
carbono, água, ácido úrico, fosfato e creatinina.
Excreção Somente uma mínima quantidade de proteínas e aminoácidos
é excretada normalmente, o restante é filtrado através dos glomérulos e
reabsorvido quase que completamente. Entretanto, aminoácidos e
proteínas aparecem na urina em várias condições patológicas. A
degradação de produtos de proteínas (uréia, dióxido de carbono, água,
etc.) é excretada através da urina e dos pulmões.
Regulação As proteínas, inclusive as plasmáticas, são quebradas
constantemente em aminoácidos e re-sintetizadas a seguir. Todos os
fatores que atuam nesse equilíbrio ainda não são conhecidos, mas entre
eles se sabe que fazem parte os aminoácidos provenientes de alimentos e
de certos hormônios (hormônios de crescimento, corticosteróides,
andrógenos, tireóide e insulina).
Sinopse Metabólica
ARMAZENAMENTO PRODUÇÃO
NO FÍGADO, FUNÇÕES TRANSPORTE DE
RIM E GERAIS PELO ALBUMINA
INTESTINO PLASMA E
GLOBULINAS
DESTRUIÇÃO
NATURAL
EXCREÇÃO
289
Avaliação laboratorial
290
plasmáticas nos oferece o fracionamento básico de cinco frações:
albumina, alfa-1, alfa-2, beta e gama globulinas.
Os valores médios de proteínas totais e frações estão
apresentados na tabela 12.2.
291
Traçado eletroforético das proteínas séricas com os limites mínimos e
máximos da normalidade.
292
Tabela 12.3 Característica das imunoglobulinas humana.
Tipo Concentração Função Principal Método
Ig G 70 a 75% Resposta imune secundária IMT
*
Ig M 5 a 10% Combate às infecções IMT
Ig A 10 a 15% Primeira linha de defesa IMT
Ig D < 1% Receptores para Ag em IEF
Linfócito B
Ig E < 0,5% Imunidade ativa em alergias EQL
IMT: imunoturbidimetria; IEF: imunoeletroforese; EQL: eletroquimioluminescência.
* A IgG tem cinco sub-grupos IgG1 a IgG5.
293
CAPÍTULO 13: PROTEÍNAS PLASMÁTICAS DE INTERESSE CLÍNICO
Introdução
294
Figura 13.1a: Padrão normal com
cinco frações: Albumina, alfa-1, alfa-
2, beta e gama.
Albumina Alfa-2 Gama
Alfa-1 Beta
-2a
-2b
-1
-2
C3
-2a
PCR
-2b
295
Tabela 13.1 Componentes protéicos das cinco zonas fracionadas
em eletroforese de proteínas.
Zonas Componentes Protéicos
Albumina Pré-albumina e Albumina
Alfa-1 Alfa-1 glicoproteína ácida, orosomucóide, alfa-1
antitripsina, alfa-lipoproteína
Alfa-2 Alfa-2 macroglobulina, haptoglobina, ceruloplasmina,
alfa-1 antiquimotripsina, globulina insolúvel e pré-beta
lipoproteína
Beta Transferrina, hemopexina, beta lipoproteína, IgA,
complemento C3
Gama IgM, IgG, proteína C reativa e fibrinogênio (visível
somente no plasma)
Componentes específicos
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eletroforeses de proteínas. Apesar disso, o interesse científico deverá
desvendar no futuro outras relações com a pré-albumina, pois o
fracionamento em gel de poliacrilamida revela que a pré-albumina é
composta por pelo menos cinco sub-frações, conforme mostra um
fracionamento obtido em nosso laboratório (figura 13.3).
Pré-
albumina
1 2 3 4 5 IgA
IgG
Pré-albuminas Albumina
IgM
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durante a eletroforese em que é possível observar uma fração de cor
amarela (bilirrubina + albumina) que se destaca da própria albumina. Ao
corar a eletroforese, a albumina associada ao conjugado de bilirrubina +
albumina se revela como uma fração discretamente alongada (albumina
rápida) em direção ao ânodo ou pólo positivo. A diminuição acentuada da
concentração de albumina tem importantes significados clínicos, quer seja
pela baixa síntese desta proteína no fígado (ex. hepatopatias), ou por
acentuadas perdas: renal (ex. síndrome nefrótica), intestinal (ex.
enteropatias) e cutânea (ex. queimaduras graves). Outras situações de
diminuição discreta a moderada da concentração de albumina ocorrem
nos processos inflamatórios agudos, subnutrição, má absorção e caquexia
neoplásica. O aumento de albumina, por sua vez, se destaca em situações
de hipogamaglobulinemia em que há intenso desequilíbrio da relação
albumina/globulina (figura 13.4).
Agamaglobulinemia
Padrão normal
Alfa-1 globulina Apesar desta fração ser composta por quatro proteínas
específicas (ver tabela 13.1), somente a alfa-1 antitripsina é responsável
pela sua revelação com os corantes usuais de eletroforese (Ponceau,
Negro de Amido e Azul de Bromofenol). Esta proteína é o componente
para um
grupo de proteínas que tem a função de neutralizar as atividades das
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enzimas proteolíticas, seja de natureza bacteriana ou leucocitária. Por
essa razão a alfa-1-globulina aumenta sua concentração nos processos
inflamatórios agudos. O comportamento desta fração é muito peculiar nas
hepatopatias crônicas e agudas; em fases de consolidação da doença
ocorre a elevação da alfa-1-antitripsina, e que tende a diminuir nas fases
terminais da cirrose hepática. Por outro lado a deficiência hereditária de
alfa-1-atitripsina, que se traduz em visível diminuição e até completa
ausência da fração alfa-1 na eletroforese, é devido a uma variante
genética desta proteína capaz de causar graves lesões fibrosantes do
tecido pulmonar (enfisema na fase de adolescência e em adultos jovens),
ou cirrose hepática na infância (figura 13.5).
299
Figura 13.6a
Figura 13.6b
300
Figura 13.7a
Figura 13.7b
301
imunoglobulina IgA em pacientes com mieloma múltiplo. Apesar de ser
classificada como uma gamopatia, a IgA tem mobilidade eletroforética
entre as frações gama e beta, e muitas vezes dependendo da sua
estrutura molecular na própria zona de beta, conforme mostra a figura
13.8.
IgA
monoclonal
302
Gama
Gama
policlonal
-2
Gama
policlonal
303
As gamopatias monoclonais determinadas por IgA, IgM e IgG
ocupam posições distintas na ampla delimitação que caracteriza a zona de
gama globulina. A IgA é a mais anódica, muitas vezes migrando na zona
eletroforética de beta globulina (figura 13.12). A IgM é menos anódica e
se posiciona discretamente além do ponto de aplicação na interzona beta-
gama (figura 13.3). Por fim, a IgG ocupa efetivamente a região média de
delimita a zona de gama globulina, algumas vezes em direção catódica
(figura 13.14). É importante destacar que, apesar dos progressos
verificados no fracionamento eletroforético das proteínas séricas ou
plasmáticas, não é possível determinar com certeza se a fração
monoclonal é IgA, IgM ou IgG. Para esta finalidade é necessário que se
façam dosagens imunológicas específicas das imunoglobulinas ou
imunoeletroforese com anti-soros específicos para estas imunoglobulinas.
IgA
monoclonal
IgM
monoclonal
304
IgG
monoclonal
Fusão beta-gama
305
Alterações eletroforéticas induzidas por patologias ou artefatos
306
Tabela 13.2 Relação entre alterações das proteínas séricas e plasmáticas com
situações padrões e doenças frequentemente associadas.
Situação padrão Alterações eletroforéticas Doenças associadas
Inflamação aguda Albumina normal ou diminuída Infecções agudas
Elevações de alfa-1 e alfa-2 Doenças inflamatórias
globulinas
307
Tabela 13.3 Interferentes que alteram o fracionamento e as concentrações
das proteínas séricas (ou plasmáticas).
Interferentes Alterações
Tipos de eletroforese A eletroforese por focalização isoelétrica influi
na concentração de albumina, tornando-a
menos concentrada quando comparada com
outros tipos de eletroforeses.
Soro hemolisado e Em situações de hemólises a albumina se
Anemias hemolíticas mostra mais concentrada, diminui a
concentração de alfa-2-globulina por
consumo de haptoglobina e induz o
aparecimento de uma fração entre alfa-2 e
beta globulinas (globulina insolúvel).
Soro ictérico e Situações comuns em anemias hemolíticas e
Bilirrubinemias hepatites: a albumina se mostra mais
concentrada.
Tempo de estocagem Quanto maior o tempo a fração beta
do soro globulina diminui a sua concentração devido
à decomposição de complemento C3.
Doenças de cadeia Ocorre a presença de uma fração do tipo
gama pesada monoclonal que pode ocupar qualquer
espaço entre a alfa-2 e gama globulinas.
Inflamações agudas É possível observar a Proteína C Reativa
(PCR) na região anódica da zona de gama
globulina.
Uso de plasma em O fibrinogênio aparece entre a região de
lugar de soro beta-2 e gama nas eletroforeses em agarose,
e atrás da aplicação e distante da zona de
gama nas eletroforeses em acetato de
celulose.
308
CAPÍTULO 14: DOENÇAS RELACIONADAS COM ALTERAÇÕES DAS
PROTEÍNAS SÉRICAS E TRAÇADO ELETROFORÉTICO.
309
Sinopse Fisiopatológica
DIMINUIÇÃO DA
IMPLICAÇÕES POR DIMINUIÇÃO DAS CONCENTRAÇÃO
BAIXO NÍVEL
FUNÇÕES E NO DE PROTEÍNAS
ENERGÉTICO E
ARMAZENAMENTO PLASMÁTICAS
IMUNOLÓGICO
310
2 DOENÇAS RELACIONADAS À PERDA PROTÉICA
311
Sinopse Fisiopatológica
DIMINUIÇÃO
PRODUÇÃO
DIMINUÍDA DE
SIGNIFICATIVA
PROTEÍNAS NA ABSORÇÃO
PLASMÁTICAS DE
AMINOÁCIDOS
312
2.2 Queimaduras graves
Sinopse Fisiopatológica
PROTEÍNAS TOTAIS
DIMINUIDAS
HIPOALBUMINEMIA
313
2.3 Síndrome nefrótica
314
Sinopse Fisiopatológica
ALBUMINÚRIA
(PROTEINÚRIA)
315
3 DOENÇAS RELACIONADAS A HEPATOPATIAS
316
de incorporação de frações protéicas da beta globulina na região de gama
fato que no fracionamento eletroforético se mostra pela fusão das frações
beta-gama. Por outro lado, na cirrose biliar, a albumina permanece
normal nos estágios iniciais embora ocorra acentuada
hipergamaglobulinemia e hiperbetaglobulinemia.
Sinopse Fisiopatológica
DIMINUIÇÃO DE
SUPERATIVIDADE ALBUMINA NO
DO SISTEMA PLASMA
RETÍCULO
ENDOTELIAL
ELEVAÇÃO DE
GAMA
GLOBULINA.
PODE OCORRER
FUSÃO BETA
GAMA NA
ELETROFORESE
317
3.2 Hepatites virais
318
Sinopse Fisiopatológica
DIMINUIÇÃO DIMINUIÇÃO
VÍRUS NECROSE DAS ACENTUADA DE ALBUMINA
ATACAM CÉLULAS DA SÍNTESE NO PLASMA
HEPATÓCITO HEPÁTICAS DE ALBUMINA
S
319
4 ALTERAÇÕES DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS NOS PROCESSOS
INFLAMATÓRIOS
320
gama globulina. As evidências clínicas e laboratoriais que estão associadas
à inflamação aguda são:
- febre, resultante da liberação de substâncias tóxicas que
estimulam o sistema nervoso central.
- hemossedimentação acelerada devido ao aumento das
globulinas alfa-1 e alfa-2 e do fibrinogênio.
- leucocitose, devido à atividade fagocítica
- proteínas da fase aguda aumentadas, pelo acúmulo da
proteína C-reativa, alfa-2 macroglobulina, ceruloplasmina,
alfa-1 antitripsina e haptoglobina.
A elevação da concentração das proteínas da fase aguda é
observada nas seguintes doenças:
a) infecções agudas: causadas por bactérias ou parasitas;
b) traumas: físicos, químicos ou cirúrgicos;
c) insuficiência cardíaca;
d) coma metabólico: uremia, choque, etc.
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Sinopse Fisiopatológica
SÍNTESE DE
INFLAMAÇÃO DESTRUIÇÃO PROTEÍNAS
AGUDA DE TECIDOS DA FASE
AGUDA
ATIVAÇÃO DO AUMENTO DA
SISTEMA PROITEÍNA
IMUNOLÓGICO C-REATIVA
ELEVAÇÃO
DAS
GLOBULINAS
ALFA -1 E
ALFA-2
322
- infecções crônicas (brucelose, tuberculose, etc)
- alergias
- câncer
- doenças auto-imunes
Sinopse Fisiopatológica
ESTÍMULO DO
INFLAMAÇÃO LESÃO CONTÍNUA SISTEMA
CRÔNICA DE TECIDOS IMUNOLÓGICO
ESTÍMULO DE
PROTEÍNAS DA FASE
CRÔNICA ELEVAÇÃO
POLICLONAL
DE GAMA
AUMENTO EXPRESSIVO
DE ALFA-2 GLOBULINA
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5 ALTERAÇÕES GENÉTICAS DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
Sinopse Fisiopatológica
Alfa-1 Alfa-1
Alfa-2 Alfa-2
Beta Beta
Albumina
Gama Gama
Albumina
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Sumário das Dosagens de Proteínas
Proteínas totais: Diminuída
Albumina: Diminuída (VA e VR)
Globulinas: Aumentada (VR)
Alfa-1: Aumentada (VR)
Alfa-2: Aumentada (VR)
Beta: Aumentada (VR)
Gama: Aumentada (VR)
5.2 Hipogamaglobulinemia
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Sinopse Fisiopatológica
Genes normais para albumina Gene gama deficiente Gene gama ausente.
e globulinas Demais genes normais Demais genes normais
Gama Gama
Hipogamaglobulinemia Agamaglobulinemia
Sinopse Fisiopatológica
DIMINUIÇÃO DE
ALFA-1
DEFICIÊNCIA HETEROZIGOTO GLOBULINA
NA SÍNTESE
DE ALFA-1
ANTITRIPSINA
HOMOZIGOTO
AUSÊNCIA DE
ALFA-1
GLOBULINA
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6 GAMOPATIAS MONOCLONAIS
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excretadas na urina. Vários outros exames auxiliares (mielograma,
radiografia, hemossedimentação, cálcio, uréia e creatinina) são
fundamentais para o diagnóstico e acompanhamento dessas doenças.
Sinopse Fisiopatológica
INDUÇÃO DO LINFÓCITOS B
GENE FGFR3
ALTERAÇÕES PARA SINTETIZAM GAMOPATIA
CROMOSSOMICAS PROLIFERAÇÃO APENAS UM TIPO MONOCLONAL
(TRANSLOCAÇÃO) DE DE
LINFÓCITOS B IMUNOGLOBULINA
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Outras alterações eletroforéticas em gamopatias
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