Você está na página 1de 11
025.1 Planejamento e formulagdo de objetivos em bibliotecas The formulation of goals and objectives in library planning ODILIA CLARK PERES RABELO* Discute formulagso de objetivos em bibllo- tecas © seus reflexos no planejamento @ na acto bibliotecdria. Mostra as conseqlléncias de xe trabs- Thar com objetives «dadoss, discute PARA QUEM © COMO slo formulados os objetivos, © colota a questio da necessidade de um questionamento constante para uma avaliagko dos servicos pres: tados pela biblioteca. © que se entende por planejamento? Diferentes nogdes e conceitos existem para defini-to ou caracte- rizé-lo, «...eu comegaria pela nogdo de planejamento que veio ser a mais simples e comum: o contrario de impro: visagdo> (1, p. 15). Para Ferreira, as situactes que justificam sua adogao seriam: interesse em alcangar um objetivo, existéncia de um objetive comum, necessidade de compatibilizar agbes, insuficiéncia de recursos. A implantagdo de uma biblioteca ilustra bem essas situagBes. Nao é um esforco isolado, pois envolve dife- + Profensora de Facole DBibtoteconomie de UFMG, R, Ese, Bibliotecon, UFMG, B. Horizonte, 17(1):93-103, mer. 1988 93 rentes pessoas e instituigdes. Nao € um serviga barato e sua instalacdo sempre sofre com a falta de recursos, principalmente porque & uma instituigao de servico que n3o obtém lucro @ cujo desempenho é dificil de ser avaliado. Como medir sua importancia para uma comu: nidade ou grupo? Isto dificulta ainda mais a obtencde de recursos. Além disso, geralmente, uma biblioteca prope desenvolver uma série de atividades bastante diversifi- cadas € complexas que exigem uma cuidadosa organi: zago @ previséo de recursos. Para que essas atividades venham a ser bem sucedidas, faz-se necessério um plane: jamento cientifico @ racional da situaco. Mas se, na teoria, aceita-se a idéia de planejamento como algo importante, na pratica, continua-se, muitas vezes, 2 im- provisaco, Quais as causas desse fato? Muitas raz6es podem explicar essa situacao. A prética do planejamento, 2 nivel do Governo, mostra o insucesso desta experién- cia. Logo, seu descrédito. Isto parece ser devido, entre outros fatores, & sua supervalorizagdo. Por exemplo, para @ aprovagdo de uma idéia, para 2 obtengdo de recursos de qualquer tipo, ha a necessidade de um projeto. A institucionalizagao do planejamento faz com que © importante seja produzir projetos e planos. Para isso desenvolveu-se toda uma metodotogia a ser seguida, um modelo, um figurino. 0 diagnéstico — fase basica do proceso — perde a sua importancia como indicador das necessidades e determinante dos objetivos. Passa a ser mera etapa do planejamento, pois exige muito tempo e andlise. A urgéncia de se produzirem planos reduz planejamento a uma adaptacZo 20 modelo ado- tado, Planejar passa, simplesmente, a ser sinénimo de preencher formulétios. Logo, 0 plano passa, também, a ser um instrumento meramente formal, utilizado quando da aprovagao de uma iniciativa e/ou obteng’o de re- R. Esc. Bibliotecon, UFMG, B. Horizonte, 17(1):93-103, mar. 1988 cursos, Enquanto documento formal, cumpre a sua misao. ‘A sua execucao & autro negécio. Na pratica prevalece a improvisagao ou um «certo» planejamento, diferente ‘ou n8o do anteriormente feito, nfo se sabe ao certo, pols, muitas vezes, desconhece-se 0 seu contetdo, guar- dado que esté em alguma gaveta que sé 0 chefe sabe. Ora, essa situacdo contraria a conceito que s2 tem do método, «...Assim, se vocé esta realmente interes: sado em chegar a0s objetivos previstos, vacé nao pode, depois de comecar a agao, passar a improvisar na solugdo dos problemas que comecam a se mostrar ertados, na consideragéo de situacdes inesperadas que sua capacidade de previsdo n&o péde identificar previa mertem. (1, p. 18) Essa institucionalizacéo do planejamento, levardo & sua adogao as vezes indiscriminada, a0 culto do modelo, contribui para valorizar 0 formal — simbolizado pelo documento — e ndo 0 seu conteddo. Desvinculase, o planejamento da sua execucao. «Como contrério de improvisar, planejar fica sendo entéc 0 mesmo que preparar bem cada ago, ou orga nizar adequadamente um conjunto de agées interdepen- dentes». (1, p. 17) Descomprometido de sua execucéo, 0 «preparar bem cada acdo» passou a ser entendido como preparar bem segundo «modelo» dado. Ferreira critica os plane- jadores que agem assim: «Eles se transformam em taze- dores de pianos». «0 que se torna necessario € produzir idéias cada vez mais sedutoras». (1, p. 23) © dascomprometimento com a ago, esta relacio- nado, também, € talvez basicamente, com a maneira pela qual os bibliotecérios lidam com os objetivos. E é sob esse aspecto que gostarlamos de fazer algumas reflexes. R. Esc. Bibliotecon, UFMG, 8. Horizonte, 17(1):93-103, mar 1968 95 96 «A decisdo essencial é sempre a deciso sobre os objetivos». (1, p. 21) Como jé se viu anteriormente, Fer- reira define o planejamento como uma agéo nao impro- visada, E levanta uma série de situages que levam & sua adogao «...quando se tem um objetivo em vista se tem interesse em alcangé-lo... quando se tem um objetivo comum... quando itd necessidade de compatibilizar um conjunto diversiticado de agées... quando os objetivos s80 meio dificeis de alcangarm. (1, p. 16) Um exemplo desse ultimo caso s&o os objetivos propostos para a biblioteca publica, a qua pretende desenvolver hébitos de leitura, fornecer suporte para a educacéo formal, trabalhar com a educagao € a cultura popular, prestar informagbes utilitérias & comunidade, reunir a histéria local, auxiliar pesquisadores, etc, Objetivos como esses, amplos, complexos, diversifi- cados, nao exigiriam um planejamento cuidadeso, o esta- belecimento de prioridades? Principalmente quando se sabe da escassez de recursos com que lutam as biblio- tecas publicas. Planeja-se «...quando no se dispde de muitos meios para realizé-los» (0s objetivos)... «# 0 caso tipico dos chamados recursos escassosn... «quando se tem mais objetivos do que meios para atingi-los. E preciso, ent&o, definir quais deles s20 prioritérios». (1, p. 17) ‘A abrangéncia dos objetivos pode ser exemplificada com a proposta de desenvolver habito de leitura. Este é um assunto complexo, que envolve, entre outros aspectos, formacéo de habitos em geral; determinantes como escola, familia; interferencias como TV; motivagdes como, atitudes, cognigées, valores. Até que ponto uma biblioteca pode desenvolver habitos de leitura? Como fazé-to? Quais os limites de sua atuacdo? R. Esc. Bibliotecon, UFMG, B. Horizonte, 17(1):93-103, mar. 1988 Inumeros outros exemplos poderiam ser destacados © serviriam mais uma vez, para reforgar 0 que foi dito anteriormente — a necessidade de se planejar cuidado- samente os servicas da biblioteca. Mas a pr: mostra que prevalece a improvisac3o na solugao dos problemas e nas tomadas de decisao, em diferentes niveis, Vérias raztes podem ser levantadas para se explicar essa situacdo. Uma delas deve-se ao fato de os bibliote- cérios lidarem, geralmente, com objetivos «dados». Por exemplo, a biblioteca publica no Brasil aceita como seus 95 objetivos propostos pelo Manifesto da Unesco para a Biblioteca Publica. Estes objetivos foram formulades ha muitos anos atrés, so resultantes de uma determinada ideologia (0 liberalismo), dominante na época, @ estZo desvinculados de uma realidade especifica (como a bra- ra atual). Nao so objetivos resultantes de uma analise da situac%o para a qual se vai planejar. Essa situagfo se repete nos outros tipos do bibli teca (escolar, universitaria, especializada), que possuem um elenco préprio de objetivos, previamente determi- nadas, geralmente por associacdes ou organismos inter- nacionais que, incluidos nas suas normas e padrées, agem como guias para a aco. Isto ocorre, também, em relagao aos diferentes servicos oferecidos. Se se perguntar a um biblictecdrio quais os obje- tivos de sua biblioteca, ele provavelmente responderd sem vacifar, partindo destes objetives aprendidos, for- mulados a priori. Objetivos que s&o aceitos sem maiores contestagées, como ja se viu, ¢ que direcionam a ago da biblioteca, Que conseqiiéncias isto traz para o planejamento de uma biblioteca? Em primeiro lugar, esse se reduz, muitas vezes, a um trabalho de acomodacao dos resultados do diagnés- Ri. Esc, Bibliotecon. UFMG, B. Horizonte, 17(1):93-103, mar, 1988 97 98 tico a esse elenco de objetivos ja estabelecidos. Algumas vezes 0 diagnéstico nem 6 realizado na crenca de que se conhece bem a situacao @ que ja se pode formular, com seguranga, abjetivos a serem alcangados (t&o arrai- gados que estao na mente dos proj jissionais). A conseqiiéncia principal dessa situacdo pode ser ‘encontrada na maioria dos planos ou projetos de biblio- teca: uma proposta de servigos inadequada ou desvin- culada da realidade; uma falta de compatibilizacdo entre ‘objetivos @ condigées de viabiliza-los através de politicas: ou estratégias de acéo. ‘Além disso, quando se lida com objetivos «dados», ‘estes sao aceitos ou rejeitados, sem haver. com eles, um comprometimento maior do profissional. Situagfo diferente poderé ocorrer quando se chega a eles através de um longo proceso de anélise e de aproximagoes, o$ abjetivos passando a serem sentidos como realmente importantes de serem atingidos. Ferreira mostra como se dé esse proceso: «Tudo comeca evidentemente com a definigao de um objetivo, que 6, afinal de contas, a motivagao da acdo, Nao sabe- mos nem mesmo se podemos alcancé-lo, ou pelo menos, em que medida poderemos realizé-lo. Teremos que ver se dispomos de meios para isso. Estudamos diferentes caminhos a partir dos meios que nos parecem dispo- niveis. Voltamos ao objetivo e vemos até que ponto ele & realizdvel. Definimos um pouco mais precisamente © objetivo, agora considerando mais 0 possivel do que © desejado, Tentamas uma primeira organizagao da acdo nessa base. Ela nos levard a precisar melhor a politica e, naturalmente, os objetivos. E assim vamos nos aproxi mando de decisées mais ou menos definitivas> (1, p. 96) «...Com uma definiggo, vaga ou nao, do que se quer, © pracesso comeca pelos abjetivos». (1, p. 97) R. Ese, Bibliotecon, UFMG, 8, Horizonte, 17(4):93-103, mar, 1988 Quando 0s objetivos sao resultantes, entéo, de um estudo da realidade, podem fazer com que haja um maior comprometimento do profissional — 0 que © impulsio- nara a transformar suas decisdes em aces. Qs objetivos «dados» impedem também que a bi- blioteca seja pensada de uma maneira nova, que se busque alternativas para sua ago, que seja modificada substancialmente. Por exemplo, como concitiar objetivos «dados> e biblioteca estruturada a partir das neces- fades do usuério? Esta Ultima passa a ser uma simples frase de efeito ou uma mistificagso, Ainda em relacdo 8s necessidade do usuario, pode-se perguntar como elas encontram-se relletidas nos obje- tivos. O planejamento de uma biblioteca envolve dife- rentes pessoas, com graus diversos de responsabilidade € participagao, togo, com objetivos no apenas diferentes mas, muitas vezes, conflitantes, De quem s&o os obje- tivos propostos pelas bibliotecas? Quase nunca eles sao objetivos dos usuérios. Um exemple disso pode ser encontrado no conflito, latente ou real, mas sempre presente, entre o desejo dos usuarios de terem o material de que necessitam junto aa seu local de trabalho e 2 vontade dos biblio- tecdrios de centralizé-o numa biblioteca. O objetivo «facilitar 0 uso/acesso da informagao» é visto sob pers- poctivas diferentes. E prevalece, geralmente, a visto do profissional. Basta ver o alto grau de centralizagao dos acervos existentes. Isso, € claro, é feito de uma maneira inconsciente. Ferreira mostra que, as vezes, o planejador «forca a realidade para que ela aparega aos nossos olhos de uma forma que nos permita ver 0s objetivos realmente reali zaveis. $6 que essa ndo sera a realidade. Ser somente a imagem que terei da mesma». (1, p. 118) R, Ese. Bibliotecon, UFMG, B. Horizonte, 17(2): 103, mar. 1968 100 Agindo assim, o bibliotecdrio néo estaré contri- buinde para realizar 0 que tanto apregoa: uma biblioteca pensada a partir do usudrio. Além disso, mesmo entre 25 usuarios, no predomina a igualdade no atendimento. A biblioteca _universitaria, por exemplo, deveria atender, preferenciaimente, & comunidade universitaria, ou seja, professores, alunos © funcionarios, Na prética, estes ultimos sao descanhecidos e os professores privi- legiados. © mesmo ocorre na biblioteca especializada, que funciona para atender as necessidades de informacao de uma determinada classe — os técnicos ¢ pesquise- dores da instituigao. Como se explica 0 néo atendimenta 2 outros grupos? ‘A manutengao de uma biblioteca exige grandes investi- mentos, e nao seria o caso de se pensar em aproveitar @ infra-estrutura montada, para estender o servigo a ‘outros grupos, num pais 180 carente de bibliotecas? Esses sdo aponas alguns exemplos que itustram o que dissemos acima — na determinacao de objetivos deveriamos perguntar: objetivos de quem? Como conciliat essa situagdo com o que afirma Ferreira: «fixar bem claro os objetivs, e pedir a todos que inventem; mas que os objetivas sejam realmente comuns». (1, p. 126) ‘A busca de cbjetivos comuns exige que haja uma par- ticipagio de todos os envolvidos na ago. «As decisoes sobre a agac tém que ser tomadas pelos que agem efetivamente, (1, p. 43) Nesse caso, exige-se uma pos: tura nova dos bibliotecérios, tradicionalmente autoritérios Na organizagio/administracao da biblioteca, Nao se deve esquecer, também, que a preocupacao com 0s objetivos mio se restringe apenas & tomada de decisao inicial. Deve-se analisé-los sempre. Fer propée que so faga um questionamento dos objetivos, de baixo pare cima, por ser 0 métode mais «indicado R. Ese. Bibliotecon. UFMG, B. Horizonte, 17(1):93-103, mar. 1988 para se situar as coisas, e redescobrir caminhos. Espe- cialmente quando se esté muito seguro do que se esta fazendo, batancar as certezas com uns tantos «para qué pode ser muito salutan>. Diante de tantos objetivos «dados» e aceitos pas- sivamente na area da biblioteconomia, essa pratica de analise pode se tornar saluter na busca de uma maneira diversificada de.agao. © bibliotectirio parece néo pensar em alternativas de ago, Segue, simplesmente, determinadas rotinas, que se tornam um «modelo» de como agir, um guia para seu trabalho. Se se tem uma unica maneira de se fazer um determinado trabalho ou oferecer um servi¢o, nao se precisa de planejamento. «A gente volta e meia se surpreende fazendo coisas sem saber muito porqué. N&o digo coisas em geral, digo ages que se pretendem planejadas. Isso se passa Principalmente quando a acdo que se planeja faz parte de uma tradigdo ou de uma programacao habitual, O objetivo fica sendo realizar a tal aco. Para que, ninguém sebe muito bem». (1, p. 99) A hora do conto é uma atividade desenvolvida por Praticamente todas as biblitecas escolares ou piiblicas infantis, Essa atividade vem sempre acompanhada de uma cutra, constando de desenhos ou representagao teatral. Quais os objetives dessas atividades? Como situé-las em fungéo dos objetivos globais da biblioteca? Qual a justificativa para a sua existéncia? Ou fazem parte, simplesmente, de uma tradi¢ao, de uma rotina de prestagao de servigos? Isso nos mostra a necessidade de um questiona- mento constante dos objetivos, pois estes podem estar superados, outros podem merecer uma atengéio prio- ritéria, RR Ese. Bibliotecon, UFMG, B. Horizonte, 17(1):93-103, mer, 1988 101 102 «.a8 vezes hd tamanhas modificagbes no contexto fem que se esté trabalhando, ¢ sao tantos os efeitos ¢ as reagées inesperadas 5 acdes que vamos realizando, que os préprios objetives inicialmente previstos podem ficar superados, ou se tomar inatingiveis ou mesmo sim plesmente podem se mostrar inoportunos». (1, p. 63/4) Logicamente, ao se redefinir objetivos — esté-se reelaborando o plano ou projeto, que nao deve ser enten- dido como um documento acabado, mas sim como passivel de modificagdes que se fizerem necesséi Se «com uma definigZo, vaga ou nfo, do que se quer, o processo comega pelos objetivos> (1, p. 97). uma vez definidos eles devem ser enunciados «com a maxima clareza e maxima preciséo possiveb>, (1, p. 97) Mas isso no constitu uma tarefa facil. Ferreira fala da importancia de nao se «ter medo de perder tempo no questionamento dos objetivas». (1, p. 109) Isto 6, proocupar-se em «entender bem a que vern nossa acd, onde el2 se insere, o que ela significa, em que tipo de resultado ola quer chegam. (1, p. 110) Sendo a formulagao de objetivos uma etapa 180 importante no planejamento, e considerando-se a impor- tancia «relatives que os biblictecdrios dao a esta etapa, pode-se conciuir que eles so seguidores do planeja mento estratégico. Este n&o prioriza os objetivos, mas as estratégias ou linhas de acdo, como parece ser a acdo dos bibliotecarios em relago ao planejamento. Segundo Ferreira, estratégia sem objetivo ¢ 0 mesmo que agit sem saber porque. (1, p. 94) Tendo em vista essas consideragdes, no seria o caso de se repensar nossos métodos de formular obje- tivos, para que eles passem @ ocupar uma posicdo de destaque e a refletir resultados necessdrios © possiveis de serem alcancados? R. Esc, Bibliotecon. UFMG, B. Horizonte, 37(2):93-103, mar, 1988 Wt discusses the formulation of goals and objectives In libraries and the way these abjectives Influence brary planning and decision-making. It presents the consequences derived from working serially with epre-establisheds goals and objec- tives; it discusses FOR WHOM and HOW goals end objectives sre defined, and the problem is also poted of how a sistematic questioning is needed for the evaluation of library services. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA 1. FERREIRA, Francisco Whitaker. Planejamento sim @ no: um modo de agir num mundo em permanente mudanca. Rio de Janero; Paz e Terra, 1983, 175 9. R, Ese. Bibliotecon. UFMG, B, Horizonte, 17(1):93-103, mar, sea 103

Você também pode gostar