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PRODUÇÃO DE GRAFITA COM A UTILIZAÇÃO DE CARVÃO VEGETAL COMO

MATÉRIA-PRIMA

Arthur Maffei Angelotti, (IC, Fundação Araucária), Unespar – Câmpus de Campo Mourão,
arthur_angelotti@hotmail.com
Nabi Assad Filho, (OR), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, nabiassadfilho@hotmail.com

RESUMO: Cada vez mais se tem a necessidade da utilização da grafita, assim fontes de grafita
natural estão sendo esgotada, deste modo a busca por alternativas de substituição da mesma se faz
necessária. Com o intuito de estudar e aplicar métodos alternativos para a produção de grafita, o
projeto elaborado tem como finalidade a fabricação de grafita sintética, utilizando o carvão vegetal
como matéria-prima. Para isso, foi realizada uma revisão de literatura sobre a fabricação da grafita
sintética, e após as pesquisas, foram realizados procedimentos laboratoriais, para a transformação de
carvão vegetal em grafita, onde primeiramente moemos o carvão vegetal, misturamos o carvão a um
ligante, de amido pré-gel, para posteriormente modelarmos e aquecer a mistura para assim fazer o
tratamento térmico do carvão em alta temperatura. Para a elaboração do trabalho foram utilizados os
métodos de abordagem dedutivos, estudos laboratoriais e métodos de procedimentos estatísticos. Os
resultados obtidos até o momento foram satisfatórios, já que o carvão amorfo obtido se assemelha ao
mesmo encontrado no mercado.

Palavras-chave: Grafita. Grafita Sintética. Carvão Vegetal.

1 INTRODUÇÃO

Segundo o dicionário Aurélio (2009), grafita é a forma alotrópica do carbono, cristalina, com
sistema hexagonal, negra, usada como mina de lápis e em diversos equipamentos e peças industriais.
De acordo com Ministério de Minas e Energia (MME) (2009), a grafita tem propriedades
únicas, devido sua distinta estrutura em camadas e sua inércia química. Assim ela é utilizada em
diversas aplicações, devido a suas características:
• Excelente condutividade elétrica e térmica;
• Excelentes propriedades lubrificantes, particularmente a elevada temperatura e
pressão;
• Alta resistência à oxidação e durabilidade contra agressividades químicas;
• Ambientalmente amigável e não apresenta riscos à saúde;
• Não apresenta riscos de explosão;
• A habilidade de moléculas químicas serem intercaladas entre as camadas da grafita
(entre os grafenos).
Em geral a grafita é raramente encontrada em sua forma pura na natureza; sempre há uma
parcela de impurezas em sua composição, tais impurezas cingem em torno de 10 a 20% (SAMPAIO et
al., 2005). Isso acontece, pois sua extração é feita em minas subterrâneas ou a céu aberto (como
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Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014
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mostra a Figura 1), onde pode ser até mesmo necessária à utilização de explosivos para sua remoção
(FEC, 2012).

Figura 1: extração de grafita em Moçambique. Fonte <http://portugueseindependentnews. com/mocambique-


mineira-triton-avalia-depositos-de-grafite/>

Pelo fato de se ter impurezas em sua composição, a grafita natural após a extração tem que ser
refinada para a retirada todas as impurezas que permaneceram do processo de extração (FEC, 2012).
De acordo com Francia (2012), a grafita é considerada um mineral escasso e a produção de
grafita se faz necessária, já que a indústria e o mercado brasileiro, conhecem muito pouco sobre a
tecnologia e produção da grafita sintético, sendo que todo o grafita utilizado na indústria brasileira é
importado (CASTRO, 2009).
Pela grande utilização e altos preços de importação é que se faz necessário a produção de
grafita com preços mais acessíveis. Uma alternativa para se obter valores mais acessíveis é a produção
de grafita sintética, a qual é produzida em laboratório, sem a necessidade de sua extração na natureza.
A grafita sintética pode ser produzida utilizando o carvão mineral como matéria-prima, no
entanto o preço do carvão mineral é elevado em relação ao carvão vegetal. Além de que o carvão
mineral não é uma fonte de energia renovável.
As propriedades da grafita sintética são comparadas àquelas da grafita natural, e é
caracterizada pela sua alta pureza e baixa cristalinidade em relação à grafita natural (SAMPAIO et al.,
2005).
A grafita sintética é muito utilizada em materiais de engenharia em vários setores de indústrias
em geral. São usados amplamente em indústria metalurgia, nuclear e aeroespacial (PARDINI, SD).
Pela necessidade de grafita e pelos motivos apresentado o projeto realizado está utilizando
como matéria prima o carvão vegetal, a fim de reduzir impactos ambientais e custos de produção.
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Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014
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Os objetivos propostos ao início dos trabalhos foram:


• Objetivos gerais:
o Estudar técnicas e métodos de fabricação de grafita utilizando carvão vegetal como
matéria-prima.
• Objetivos específicos:
o Estudar métodos de transformação de carvão vegetal em grafita;
o Definir métodos de transformação;
o Aplicar métodos de transformação de carvão vegetal para obtenção de grafita;
o Realizar estudos de qualidade, fazendo comparação com a grafita natural;
Assim, o presente trabalho apresenta as atividades realizadas no período de Agosto de 2013 à
Julho de 2014.

MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente foi realizada uma revisão de literatura pesquisando métodos de transformação de
carvão vegetal em grafita. Portanto, foram verificados dados sobre as questões relativas à
transformação do carvão em grafita por meio de leitura e análise das possibilidades, gráficos e
relatórios.
Posteriormente iniciaram-se as pesquisas, as quais foram divididas em três etapas:
transformação de carvão vegetal em carvão amorfo (Etapa 1); pesquisas de fornos de alta temperatura
para a transformação de carvão amorfo em grafita (Etapa 2); e utilização de fornos encontrados para a
transformação de carvão amorfo em grafita (Etapa 3).
Todas as atividades dos experimentos foram realizadas no Laboratório de Química Aplicada
(LQA) da Universidade Estadual do Paraná – Campus Campo Mourão (UNESPAR/Fecilcam).
No início das atividades foi proposto um procedimento experimental, o qual está disponível no
Fluxograma 1, no entanto após estudos de bibliografias foram necessárias algumas alterações no
processo, essas alterações podem ser vistas no Fluxograma 2.

Fluxograma 1: processo proposto de produção de grafita sintética


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Fonte: elaborado pelo autor

Fluxograma 2: processo proposto de produção de grafita sintética


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Fonte: elaborado pelo autor


Com esse novo método estabelecido as etapas do processo foram dividas da seguinte maneira:
• Agosto de 2013 à Janeiro de 2014: Etapa 1;
• Janeiro de 2014 à Julho de 2014: Etapa 2 e Etapa 3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com as pesquisas realizadas foi iniciada a Etapa 1 dos experimentos, onde na primeira parte o
carvão foi moído até ficar em granulo que passassem através de uma peneira de 40 mesh.
O ligante utilizado é o amido pré-gel, já que com o qual obtivemos um resultado bom de
mistura com o carvão moído, formando uma mistura homogênea e de consistência ideal para o
manuseio da mesma.
A proporção encontrada entre ligante água e carvão moído (mistura ideal) é conforme o
Gráfico 1, com essa mistura ideal serão realizadas as atividades posteriores.
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Gráfico 1: proporção entre carvão moído, ligante e água

14%

Carvão Moido
Ligante
29% 57% Água

Fonte: elaborado pelo autor


Após essa mistura ser feita foram realizadas as Fase 4, com a utilização de formas cilíndricas,
Fase 5, através de uma estufa, e Fase 6, utilizando uma mufla com a temperatura de 1700ºC.
Com o término da Fase 5 foram obtidos cilindros de carvão, os quais estão expostos na Figura
2.

Figura 2: cilindro de carvão fabricado em laboratório. Elaborado pelo autor


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E ao término da Fase 6 obtivemos o carvão amorfo. Com o término dessa fase também findou-
se a Etapa 1 do procedimento.
Com a Etapa 1 terminada iniciaram-se as atividades relacionadas a Etapa 2, onde através desta
notou-se que utilização de forno que atinjam 3000ºC é fundamental. O forno utilizado para esse
processo é o Forno Acheson.
Com o forno encontrado a Etapa 3 iniciou-se, no entanto essa não pode ser concluída, pois o
Forno Acheson não pode ser obtido e nem fabricado por falta de tecnologias disponíveis.
Foram realizados testes temperaturas inferiores à necessária no entanto não obteve-se
resultados satisfatórios.

CONCLUSÕES
Nota-se ao término do trabalho que o estudo realizado é de grande valia, pois através do
mesmo pode-se obter um produto de características semelhantes à grafita natural.
Pode-se notar que o produto que obtivemos, mesmo sem ter terminado o processo, tem
potencial de venda para a fabricação de diversos produtos.

REFERÊNCIAS
AIRES, Marisa. Moçambique: mineira Triton avalia depósitos de grafite. Disponível em:
<http://portugueseindependentnews.com/mocambique-mineira-triton-avalia-depositos-de-grafite/>
acesso em: 20/07/2014.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia (MME), Balanço energético nacional 2009, relatório final.
Brasília, 2012

CASTRO, L. D. Os riscos da falta de tecnologia de carbono. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro: 16.
Fev. 2009. Entrevista concedida a J. A. Miguel.

FEC – Fundação Educacional de Caeté. Grafita. Minerologia. Módulo I. 2012. Disponível em: <
http://pt.scribd.com/doc/119980859/Trabalho-sobre-o-mineral-Grafita> acesso em: 31 de Março de
2013.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 4.ed.
CURITIBA: Positivo, 2009. 2120p.

FRANCIA, Leonardo. Extração de grafita em Almenara é prioridade. 2012. Disponível em:


<http://www.exportaminas.mg.gov.br/2010/noticias/?area=19&id= 3674>. Acesso em 29 /07/2014.

PARDINI, L. C., et al. Estudo da evolução da porosidade em grafites com oxidação controlada
por tomografia computadorizada. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E
CIÊNCIA DOS MATERIAIS. 20, 2012, Joinvile. Anais... Guaratinguetá: UNESP, 2012. 7p.
Disponível < http://www.cbecimat.com.br/trabalhos-completos-cbecimat.php>. Acesso em:
26/07/2014.
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Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014
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SAMPAIO, J.A.; et al. Grafita. In: LUZ, A.B.; LINS, F.A. Rochas & Minerais Industriais: Usos e
Especificações. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2008. p. 471-488.

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