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O experiente comiss�rio Harald enfrenta o caso mais desafiador de sua carreira na

pol�cia. Uma jovem � encontrada morta sem os olhos e com a letra "A" talhada no
corpo. Ap�s outros crimes semelhantes, a suspeita � de que h� um assassino em s�rie
na cidade: o "Ca�ador". Mas que o leitor n�o se engane: o que parece ser s� mais
uma hist�ria de crime e mist�rio acaba se transformado numa trama de profundidade
psicol�gica em que v�rios relatos se sobrep�em, e assim nos ajudam a entender as
dores dos personagens como se eles fossem pessoas reais, daquelas que cruzam
conosco no meio da cidade durante o dia.
O recurso de alternar as vozes atrav�s de grava��es, cartas e depoimentos,
cap�tulo a cap�tulo - descrito pelo linguista russo Mikhail Bakhtin como
"polifonia" -, � uma das caracter�sticas mais marcantes do romance moderno, e a
maneira como Torsten Petterson comp�e esse romance polif�nico faz com que n�o
tenhamos seguran�a nenhuma nas informa��es que recebemos. � como se estiv�ssemos
t�o paranoicos quanto o detetive Harald, perdidos em meio a informa��es
controversas. Seu n�cleo policial e seu conv�vio com os colegas de trabalho nas
salas de interrogat�rio nos lembram a aclamada s�rie True Detective, produzida pelo
canal HBO e protagonizada pelo ator Matthew McConaughey, em que uma dupla de
detetives � interrogada sobre um crime serial ocorrido no passado.
Entre as v�rias vozes presentes no romance, o di�rio de Nadja nos transporta
para o submundo da prostitui��o e viol�ncia que todo ambiente cosmopolita possui.
J� o relato de Erik � quase como se fosse um livro � parte, pleno de dor familiar e
recorda��o. Os sentimentos de Erik, um finland�s solit�rio de origem burguesa,
tamb�m s�o os nossos, assim como a paranoia de Harald diante de tantas suspeitas
tamb�m pertencem ao leitor, e � isto que torna o romance finland�s D�-me os teus
olhos um livro marcante e universal.

Lucas de Sena Lima


Editor de texto e preparador de originais.

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