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RESUMO
O presente artigo pretende analisar e refletir a importância da construção do Projeto Político
Pedagógico para a formação continuada do professor. Para fundamentar nossa pesquisa
traremos os autores que consideram à importância da prática pedagógica do professor como
fonte de sua formação, na medida que este construa e reconstrua seus saberes, assumindo-a
como contínua quando esta se dispõe de ações e estratégias que lhes possibilitem a reflexão
crítica-analítica sobre sua práxis vivenciada , ampliando assim os saberes profissionais
adquiridos em sua formação inicial . Neste caminho, buscaremos mostrar, a partir dos estudos
de pesquisadores renomados sobre o tema, que as dificuldades encontradas pelo professor
durante a construção deste documento podem ser superadas com o exercício constante da
reflexão à ação de seu trabalho cotidiano e assim transformada na própria formação da prática
educativa.
ABSTRACT
The present article intends to analyze and to reflect the importance of the construction of the
Project Pedagogical Politician for the continued formation of the professor. To base our
research we will bring the authors who consider to the practical importance of the pedagogical
one of the professor as source of its formation, in the measure that this constructs and
reconstructs its to know, having assumed it as continuous when this if makes use of action
and strategies that make possible them the critical-analytical reflection on its práxis lived
deeply, thus extending to know professionals to them acquired in its initial formation. In this
way, we will search to show, from the studies of famous researchers on the subject, that the
difficulties found for the professor during the construction of this document can be surpassed
with the constant exercise of the reflection to the action of its daily work and thus transformed
into the proper practical formation of the educative one.
1
Mestre em Educação. Professor da Faculdade Peruíbe.
2
Pós-graduada em Direito do Trabalho e Mestre em Educação. Professora da Faculdade Peruíbe.
3
Mestre em Administração. Coordenadora do Curso de Administração da Faculdade Peruíbe.
4
Mestre em Educação. Professora da Faculdade Peruíbe.
5
Mestre em Filosofia da Educação. Professora da Faculdade Peruíbe.
1
1.INTRODUÇÃO
Dentro desta perspectiva, este trabalho visa a analisar a lacuna existente entre a prática
pedagógica do professor e o processo de elaboração do Projeto Político Pedagógico, seja pela
exigência inerente ao ofício que desempenha ou pela importância que esta ação
venhacontribuir para a sua formação continuada.
A palavra projeto traz imiscuída a ideia de futuro, de vir-a-ser, que tem como ponto
de partida o presente (daí a expressão “projetar o futuro”). É extensão, ampliação,
recriação, inovação, do presente já construído e, sendo histórico, pode ser
transformado: “um projeto necessita rever o instituído para, a partir dele, instituir
outra coisa. Tornar-se instituinte”. (GADOTTI, 2000).
2.METODOLOGIA
A pesquisa realizada neste trabalho tem caráter qualitativo que se utilizado método de
abordagem dedutivo de diferentes concepções do documento, ora denominado Projeto
2
Político Pedagógico (PPP), trazidas até o momento por pesquisadores e estudiosos, que ao
longo de suas vidas se dedicaram ao referido tema.
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se atravessar um período
de instabilidade e buscar nova estabilidade em função da promessa que cada projeto
contém de estado melhor que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado
como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os
campos de ação do possível, comprometendo seus atores e autores.
(GADOTTI,1994)
Desta forma, torna-se possível justificar o quanto é importante para escola construir um
documento norteador que auxilie neste objetivo e assim compreender a enorme contribuição
que o Projeto Político Pedagógico traz para o trabalho pedagógico.
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3.1 Algumas concepções sobre o Projeto Político Pedagógico
Nos últimos anos, o sistema educacional brasileiro vem exigindo das esferas federal,
estadual e municipal que suas unidades escolares elaborem seus Projetos Políticos
Pedagógicos a partir dos parâmetros criados pelos próprios órgãos em que são atribuídas as
responsabilidades pelos sistemas de ensino, dentro da respectiva esfera.
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 a construção do Projeto Político
Pedagógico (PPP) faz parte da pauta de atribuições do professor. Tal expressão aparece em
seu Título II, artigo 13 ,parágrafos “I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino” e “II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino”(BRASIL, 1996).
Contudo, percebemos ainda que exista a necessidade de dar a devida importância ao
Projeto Político Pedagógico, ou seja, não apenas o considerando como um mero documento,
mas como uma ferramenta que norteia todo o trabalho pedagógico da instituição escolar.
Neste percurso, esta pesquisa se interessa a princípio, em analisar as concepções e os
diferentes posicionamentos que autores renomados têm sobre o assunto. Para tanto,
selecionamos aqueles que se dedicaram, em especial, à participação do docente na elaboração
deste instrumento que norteia todo o trabalho pedagógico da escola.
Assim, a construção do Projeto Político Pedagógico, bem como sua utilização como
instrumento de estudos e reflexões, ganham destaques a partir da década de 1980, momento
em que ocorrem propostas de tendências atuais de gestão escolar seguidas de diferentes
concepções em relação ao trabalho realizado no interior da escola. O Projeto Político
Pedagógico surge nesse contexto como instrumento responsável pela “organização do
trabalho pedagógico na escola como um todo”(VEIGA, 1995, p. 11), elemento de extrema
importância para que de fato ocorra significativa transformação do espaço escolar Tal
instrumento é tido como elo entre as práticas e as maneiras de como organizar o trabalho
pedagógico no interior da unidade escolar.
O Projeto Político Pedagógico “é um instrumento clarificador da ação educativa da
escola em sua totalidade” (VEIGA, 1998, p. 12). Mesmo assim, já neste momento, muitas
escolas apresentavam inúmeras dificuldades que iam desde a construção das análises que o
documento exigia até nos encaminhamentos das discussões então necessárias sobre o Projeto
Político Pedagógico, as quais existiam por “um certo ecletismo pedagógico, no qual estão
presentes, de maneira contraditória, elementos das diferentes tendências da educação escolar.“
(FUSARI, 1993, p.70). Tal sentimento existia pelas diversas posições, e muitas delas
antagônicas, ocasionadas nos momentos das discussões do Projeto Político Pedagógico.
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Fusari (1993) aponta que havia uma falta de entendimento, por parte dos professores
envolvidos na construção do Projeto Político Pedagógico, em relação á identificação dos
problemática problemas básicos da própria unidade escolar:
Em alguns casos existe uma visão superficial e desarticulada da enfrentada, que não
chega a distinguir o que é problema estrutural da sociedade e penetra na escola do
que é conjuntural, específico do infra-escolar e dos problemas que têm suas causas
na interação do estrutural, do conjuntural e do escolar.(p. 71).
Ainda o mesmo autor, afirma que a falta de clareza das finalidades que se propõe com à
elaboração coletiva do Projeto Político Pedagógico , gerava o discurso entre os professores
que justificavam tais dificuldades neste momento de construção deste instrumento,
relacionando os fatores:
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na equipe de funcionários da escola para acreditarem na importância desta
construção. Além dessa motivação, os próprios professores deverão estar
convencidos da necessidade dessa participação já que “a escola não pode ser
propriedade dos professores, ela deve incluir toda comunidade educativa no
planejamento de suas metas de melhoria”. (HERNÁNDEZ, 2003, p.25).
Percebemos que existe um consenso entre os pesquisadores de que existe uma estreita
relação entre as formas e os papéis dos agentes que constroem o Projeto Político Pedagógico
de modo coletivo, tal relação consiste na possibilidade de se fazer uma escola melhor a partir
da união das idéias de cada ente participante.
Assim, os autores deixam em seus discursos a certeza de que para este documento se
concretizar num instrumento vivo e expressar de fato a realidade da escola envolvida-
instituição em constante transformação- estes agentes têm que levar em consideração o quanto
são importantes e podem contribuir com suas vivências adquiridas, ao mesmo tempo também
adquirem saberes que passarão fazer parte da sua formação profissional.
Sobre à aquisição dos saberes, Damasceno e Silva (1996) desenvolveram uma pesquisa
onde afirmam que:“(...)é no contexto da racionalidade interativa que emerge [sic] os saberes
da prática social enquanto um dos elementos constitutivos dessa prática, fruto da ação
comunicativa dos atores sociais”(p.2). Tal estudo surgiu a partir da coleta de dados realizada
em escolas do ensino fundamental, onde após a análise destes dados levantados, os
pesquisadores verificaram o quanto e ainda o trabalho do professor permanece sob o
embasamento da racionalidade instrumental.
Outra pesquisa deste gênero já havia sido realizada por Caldeira (1995) em que a autora
investigava quais saberes implícitos eram elaborados e adquiridos pelo docente durante sua
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práxis pedagógica, tanto no campo individual, quanto na atuação profissional. Como
conseqüência deste estudo a autora aponta que:
Embora este estudo tenha sido realizado a partir do estudo de caso em que a autora
descreve e analisa prática educativa de uma professora que atua no ensino fundamental, o
trabalho ganhou notoriedade por identificar o quanto o profissional docente constrói e
reconstrói os seus saberes ao longo de sua carreira.
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[...] o diálogo como procedimento, a capacidade de tomar iniciativas e ir em busca
de soluções é desigual quanto os participantes potenciais são separados por uma
forte assimetria quanto ao seu grau de disponibilidade de informações sobre os
problemas, quanto à sua capacidade de saber formulá-los e quanto à s orientações
para sua solução (SACRISTAN, 2001, p.25).
É um instrumento de trabalho que mostra o que vai ser feito, quando, de que
maneira, por quem para chegar a que resultados. Além disso, explicita uma filosofia
e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a realidade da escola,
traduzindo sua autonomia e definindo seu compromisso com a clientela. É a
valorização da identidade da escola e um chamamento à responsabilidade dos
agentes com as racionalidades interna e externa. Esta idéia implica a necessidade de
uma relação contratual, isto é, o projeto deve ser aceito por todos os envolvidos, daí
a importância de que seja elaborado participativa e democraticamente. (VEIGA,
2001,p.110)
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E para enfrentar estas dificuldades o mesmo autor sugere que devem ocorrer:
o desenvolvimento de
uma consciência crítica;
o envolvimento
das pessoas – comunidades interna e externa à escola;
a participação e
cooperação das várias esferas do governo; e
a autonomia,
responsabilidade e criatividade como processo e como produto do
projeto. (Gadotti, 2000).
Mesmo diante do rol de dificuldades apontados, o mesmo autor acredita ainda que o
maior obstáculo que escola encontra para construir o Projeto Político Pedagógico é o tempo.
Sabemos da dinâmica existente na escola e o quanto a escassez de tempo está presente em seu
cotidiano, bem como presenciamos o esforço que as equipes gestora e pedagógica
desempenham para dar conta da demanda de trabalho nela existente.
É preciso proporcionar mais tempo para elaborar este documento, em especial para o
segmento dos professores, pois muitos deles devido a jornada de trabalho dupla e às vezes
tripla acabam tendo que sair das reuniões antes do término das discussões, prejudicando assim
suas valiosas contribuições. Assim com a ampliação deste tempo, torna-se possível garantir o
êxito da construção do instrumento e impedir que sejam cometidos equívocos tanto de ordem
organizacional, quanto de pedagógica, principalmente quando se perde tempo com ações que
poderiam ser previstas.
Dentre os objetivos traçados para a realização deste trabalho está aquele que permite
realizar a identificação dos saberes existentes no Projeto Político Pedagógico que são capazes
de exercer mudanças na prática cotidiana laboral docente.
Sabemos que estes saberes nascem do processo onde a mola propulsora está na ação
participativa que envolve os vários atores que assumem o compromisso da construção deste
valioso instrumento, ou seja, na reunião de pessoas que buscam objetivos, interesses e
necessidades presentes na instituição escolar.
Para Vasconcellos (1995), o projeto pedagógico
“é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do
cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada,
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orgânica e, o que é essencial, participativa. E uma metodologia de trabalho que
possibilita resignificar a ação de todos os agentes da instituição” (p. 143).
É neste contexto que também ocorre a construção dos saberes docentes, pois tais
profissionais expressam suas opiniões e deixam suas contribuições baseando-se na reflexão
de ações vivenciadas em suas práticas cotidianas em sala de aula e nas inter-relações que
deverão ser levadas em consideração para definição do conteúdo curricular a ser proposto
para o trabalho pedagógico.
Sabemos o quanto as práticas diárias vividas pelo professor em sala de aula durante o seu
trabalho pedagógico, constituem-se em momentos adversos que oscilam desde angústias pela
busca de melhores caminhos para atingir os objetivos inerentes a sua profissão, ou seja, de
formar o discente um indivíduo crítico e capaz de exercer a plena cidadania, até nas escolhas,
que por vezes são consideradas conflituosas para o docente, dos conteúdos que deverão ser
realmente ensinados e poderão fazer significado para o aprendiz.
Dentre outros aspectos do professor que esta abordagem analisa destaca o autor:
(...) “o modo de vida” (...) "num universo pedagógico, num amálgama de vontades
de produzir um outro tipo de conhecimento, mais próximo das realidades educativas
e do quotidiano dos professores"(Nóvoa, 1995, p. 19)."é preciso investir
positivamente os saberes de que o professor é portador, trabalhando-os de um ponto
de vista teórico e conceptual" (Nóvoa, 1992, p. 27)
Assim percebemos que nestas investigações o docente passou ser o centro das reflexões
e debates, ou seja, inúmeros aspectos acerca do trabalho docente passam a fazer pauta destes
estudos, tais como a formação continuada, a importância da valorização deste trabalho, a
busca contínua para identificar os saberes existentes na práxis docente, dentre outros.
2. Através de autores como Nóvoa, Ferrarotti, Dominicé, Huberman, Goodson, entre outros.
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saber-agir tais como habilidades e técnicas que orientam a postura do sujeito, como
a dimensão da razão interativa que permite supor, julgar, decidir, modificar e adaptar
de acordo com os condicionamentos de situações complexas. (p. 3)
a análise dos valores e princípios de ação que norteiam o trabalho dos professores
pode trazer novas luzes sobre nossa compreensão acerca dos fundamentos do
trabalho docente, seja no sentido de desvendar atitudes e práticas presentes no dia-a-
dia das escolas que historicamente foram ignoradas pela literatura educacional (e
talvez possam trazer contribuições para o trabalho e a formação de professores)". (p.
3)
Tal pressuposto se sustenta nos anseios da sociedade atual, onde se aclama por uma
educação de qualidade, ou seja, em que se esperados protagonistas do ensino aprendizagem
que estes estejam constantemente preparados para a prática educativa. Deste modo, tais
profissionais devem estar constantemente se atualizando, envolvendo-se com pesquisas e
estudos que os ajudem a exercer suas funções. Sobre essa questão Freire comenta que:
O professor que não leve a sério sua formação, que não estude que não se esforce
para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de
sua classe. [...] O que quero dizer é que a incompetência profissional desqualifica a
autoridade do professor. (1996, p. 103)
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Ainda de acordo com Freire, “[...] por isso é preciso que, na formação permanente dos
professores o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática, de maneira que se
pense na prática de hoje ou de ontem para melhorar a próxima.” (1996, p. 44).O que nos leva
a compreensão de que os conhecimentos ou saberes adquiridos pelo docente possibilitam ao
mesmo a análise e reflexão de como se encontra a sua formação.
Neste sentido, os autores nos sinalizam de que a formação do professor é como a própria
educação, ou seja, ocorre de maneira processual e ininterrupta. Por conseqüência, existe a
compreensão de que ambas acontecem em grande parte no interior da instituição escolar, em
especial, nas relações estabelecidas no cotidiano vivenciado em sala de aula.
Esta etapa de nossa pesquisa se refere à “reflexão na ação” exercida pelo profissional
docente em suas atividades rotineiras e que são elementos fundamentais que constituem a
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formação continuada do professor e também utilizada como aporte teórico para elaboração do
Projeto Político Pedagógico.
Quando falamos sobre a “reflexão na ação” estamos nos referindo aos vários momentos
de reflexões em que o profissional docente realiza acerca de sua práxis; os relatos descritos
destes momentos servem como subsídios para mudanças que visam às mais variadas
resoluções de problemas ocorridos na aprendizagem. É a partir da análise criteriosa de sua
atuação que surge a oportunidade de se propor novas ações em sua profissão. Como bem
aponta Schön (1995, p.85), “ é impossível aprender sem ficar confuso”, o que traduzindo em
outras palavras que o aluno precisa passar pelo momento da confusão e perceber que este
momento também faz parte da aprendizagem, o docente na condição de reflexivo pode e deve
valorizar “ sua própria confusão”.
Sobre esta temática e se apoiando nos estudos de John Dewey (1979), Schön (2000)
também aponta que um profissional reflexivo se constitui a partir da compreensão da sua
própria práxis profissional onde a experiência é adquirida e ganha relevância no saber-fazer,
característica da própria profissão. Por conseguinte, ao fazermos a reflexão sobre as práticas
desenvolvidas na formação do futuro docente estaremos sugerindo um processo de
investigação entre o saber-fazer e o aprender onde ambas relações se complementam. A este
movimento Schön chama de “reflexão sobre a reflexão na ação”.
Dando sequência a esta análise, Schön(1995) amplia seus estudos e triplica este
movimento, ou seja, começa a trabalhar com as abordagens : reflexão na ação,a reflexão sobre
a ação e sobre a reflexão na ação, colaborando também para difundir e incluir tais temáticas
ao campo de formação dos docentes de modo a estreitar o caminho entre a teoria e a prática.
A importância desta contribuição é descrita por Garcia quando comenta que:
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O pensamento que se forma após o trajeto da reflexão à ação é processual e nos permite
analisar diferentes relações, estabelecendo a todo instante diferenças e semelhanças entre
fatos e objetos, bem como aprendendo que tais relações também acontecem entre os mesmos.
Realizando todo este percurso, o professor não só armazenará informações como terá
condições de verificar as riquezas dos detalhes gerados pela ação.
Acima de tudo, ao experimentar estes momentos e principalmente durante a elaboração
do Projeto Político Pedagógico, o profissional docente terá condições de perceber que estará
mais bem preparado para atender as inúmeras exigências requeridas pela sociedade no
contexto atual, a qual aclama por um profissional reflexivo e suficientemente capaz a dar
conta do ensino aprendizagem os discentes.
A escola tem sido reconhecida por todos como o local onde os alunos aprendem o
que é ensinado pelos professores. Mas isso é uma meia verdade. Nela também nós,
professores, aprendemos especialmente sobre a nossa profissão, sobre como ensinar
aos nossos alunos. É nela que avançamos nos modos de produzirmos nossa ação,
que vamos mudando nossas práticas. E assim a escola também se modifica, se
transforma (p.100).
A mesma autora acrescenta que Schön defende que a formação do futuro docente deverá
levar em consideração a reflexão que este fará sobre as práticas cotidianas e em relação ao
papel de formador, Alarcão afirma que Schön realça mais na facilitação e ajuda da
aprendizagem do que no ensinar.
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desenvolvimento do professor, como uma atividade que deve ser levada a cabo
individualmente, limita muito as possibilidades de crescimento do professor. (1993,
p. 23)
Assim, nos deparamos com os mais variados discursos entre os docentes. Alguns dizem ser
impossível ocorrer a formação dos professores na própria escola, considerando que nesse
ambiente sempre há muito trabalho com os alunos, o que torna o tempo escasso à realização
de outras atividades, além de ser necessária a presença de um profissional de fora da escola,
com idéias novas, que possam tirar o professor de um círculo vicioso, gerado pela profissão;
outros comentam que formação de professores só ocorre com os cursos de capacitação,
estruturados com carga horária e definição de periodicidade, afirmando que tais cursos
diferem, significativamente, das reuniões pedagógicas, cujas rotinas de leituras e análises de
textos pouco contribuem com o avanço da prática pedagógica; há, ainda, os que afirmam ser
a escola o melhor local para o desenvolvimento da formação docente, apontando para os
problemas gerados pelas imposições dos governos quanto as propostas pedagógicas,
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desfavorecendo a melhoria do ensino; e existem aqueles que compartilham a idéia de que o
Governo é o responsável pela realização de cursos formativos, que poderiam ser oferecidos
em universidades renomadas. Como é possível perceber, as afirmações são diversas e se
contrapõem.
3- ANTÔNIO NÓVOA. “Professor se forma na escola”. Nova Escola 142, maio de 2001.Seção Fala Mestre.
o interior da escola seja o melhor contexto para o avanço da docência. Há de se garantir que a
formação continuada seja sempre estruturada para colaborar com o trabalho dos docentes,
ajudando-os na solução dos problemas, ou pelo menos, indique formas inovadoras de como
enfrentar os inúmeros obstáculos da profissão, formas que venham facilitar à práxis.
Assim, nesta etapa, faz-se necessário identificarmos a formação desta prática educativa
em toda a extensão da dimensão política pedagógica pressuposta no Projeto Político
Pedagógico, desvinculando-se então da ideia de que tal construção seja somente um
documento, mas um segmento de expressão da realidade da escola que por ele será
desenvolvido todo o processo de ensino aprendizagem que busca continuamente transformá-
la numa instituição de qualidade.
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O projeto político-pedagógico busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional,
com um sentido explícito, com um compromisso definitivo coletivamente. Por isso,
todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por intimamente
articulado ao compromisso sócio- político e com os interesses reais e coletivos da
população majoritária. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação
da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo,
responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de se definir
as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus
propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA, 1998, p.208)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo investigar e refletir sobre a importância da elaboração
do Projeto Político Pedagógico(PPP) para a formação continuada do professor, o qual se
constituiu a partir dos tópicos: concepções e dificuldades encontradas para a elaboração deste
documento; os saberes e a formação continuada adquiridos pela construção deste
instrumento; e a reflexão sobre a formação permanente baseada na perspectiva do documento
construído.
Por meio da reflexão realizada, foi possível compreender que construir um instrumento
desta magnitude requer vários encontros onde ocorrem inúmeras posições antagônicas e por
vezes enfrentamentos de naturezas individuais e coletas, as quais se traduzem em momentos
valiosos e de exercício da cidadania. Daí nasce a maior de todas as importâncias, ou seja, da
troca de experiências a aquisição de novos saberes, de conquistas e êxitos obtidos tanto no
interior quanto no exterior da sala de aula.
7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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