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PREFEITURA MUNICIPAL DE

CONCEIÇÃO DO COITÉ
PROCURADORIA DO MUNICÍPIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DOS


FEITOS DE RELAÇÕES DE CONSUMO CÍVEIS E COMERCIAIS DA COMARCA
DE CONCEIÇÃO DO COITÉ-BAHIA

Processo n°. 8001484-11.2017.5.0063

MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO COITÉ, Pessoa Jurídica de Direito Público Interno,


inscrito no CNPJ sob o nº. 13.843.842/0001-57, com sede na Praça Theognes Antônio
Calixto, s/n°, Bahia, vem, nos autos da Ação Ordinária de Cobrança em epígrafe, que lhe
move MARIA DAS GRAÇAS ALMEIDA DA SILVA, também qualificada, por seus
procuradores in fine firmados, constituídos mediante o instrumento de mandato anexo,
apresentar CONTESTAÇÃO a partir das razões que se seguem:

I – DA TEMPESTIVIDADE

Salienta-se que a presente contestação é devidamente tempestiva, haja vista que o


prazo para a apresentação, pelo ente público, inicia-se a partir daí a contagem do prazo para
apresentação de contestação, em dobro, nos termos dos artigos 183 e 335, todos do Código
de Processo Civil – Lei nº. 13.105/2015, o que implica na sua tempestividade, posto que
apresentado na presente data.
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II– DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA EM RAZÃO DA


MATÉRIA – FGTS.

Inicialmente, necessário arguir preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria,


na medida em que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é matéria afeita à Justiça o
Trabalho, consoante dispõe o artigo 114, cumulado com artigo 7º, II, ambos da Constituição
Federal.

Estes são os entendimentos sedimentados em nossos Tribunais, conforme decisões abaixo


transcritas:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. MUDANÇA DE
REGIME JURÍDICO DE TRABALHO. A mudança de regime jurídico de
trabalho, de celetista para estatutário, limita a competência da Justiça do
Trabalho para julgar os pedidos relativos ao período em que o empregado
era regido pela CLT. Inteligência da Orientação Jurisprudencial n.º 138 da
SBDI-I. Agravo de Instrumento não provido . (TST - AIRR
5003820115130020 500-38.2011.5.13.0020, Relatora Maria de Assis
Calsing, Data de Julgamento 23 de Novembro de 2011, 4ª Turma, Data da
Publicação DEJT 25/11/2011).

AÇÃO DE COBRANÇA. DEPÓSITOS DO FGTS. MUDANÇA DE


REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. Cabe à Justiça do Trabalho
apreciar e julgar a pretensão deduzida nesta ação, de recolhimento e o
levantamento dos valores da conta vinculada do FGTS da qual a autora é
titular no período em que manteve vínculo celetista com o Município-réu.
Todavia, a transferência do regime jurídico da autora, de celetista para
estatutário, implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da
prescrição bienal a partir da mudança de regime. Em sendo assim, o
pedido inicial, pertinente ao período contratual celetista, encontra-se
fulminado pela prescrição. Observância das Súmulas 382 e 362, do
Tribunal Superior do Trabalho. Acertada a extinção do processo, com
resolução do mérito, consoante artigo 269, IV do Código de Processo
Civil. Recurso não provido.(TRT-4 - RO: 00010377220125040271 RS
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0001037-72.2012.5.04.0271, Relator: MARIA MADALENA TELESCA,


Data de Julgamento: 16/10/2013, Vara do Trabalho de Osório)

Desta forma, requer a declaração da incompetência material deste Juízo para conhecer da
presente ação, remetendo os presentes autos à Vara do Trabalho de Conceição do Coité,
Bahia, conforme §3º, do artigo 64 do CPC.

III – DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Requer o Município Contestante a declaração da prescrição da verba pleiteada, no que


concerne ao período de 05 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento da demanda,
compreendendo os meses antecedentes a dezembro de 2012, haja vista que o referido
ajuizamento se deu em dezembro de 2017.

É cediço que a ações ajuizadas contra a Fazenda Pública prescrevem em cinco anos,
conforme estabelece o Decreto nº 20.910/32, nos artigos 1º, 2º e 3º, in verbis:

Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios,


bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda
federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual
se originarem.
Art. 2º Prescrevem igualmente no mesmo prazo todo o direito e
as prestações correspondentes a pensões vencidas ou por vencerem,
ao meio soldo e ao montepio civil e militar ou a quaisquer
restituições ou diferenças.
Art. 3º Quando o pagamento se dividir por dias, meses ou anos,
a prescrição atingirá progressivamente as prestações à medida que
completarem os prazos estabelecidos pelo presente decreto.(g.n.)
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A Súmula nº 85/STJ, quanto às prestações de trato sucessivo, objeto de ação de cobrança de


verbas contra a Fazenda pública, oriundas da relação de labor, determina que:

Súmula 85. Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda


Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio
direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas
antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação. (g.n.)

Em virtude da mencionada prescrição quinquenal nas ações de cobrança contra a Fazenda


Pública é que o Decreto nº 3048/99, em seu artigo 347, §1º, assim prevê:

Art. 347. (...)


§1º Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter
sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou
quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência
Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma
do código civil. (g.n.)

No caso sub examine, qualquer pleito atinente aos meses anteriores a dezembro de 2012, se
encontram mortificados pela prescrição quinquenal.

Tendo em vista que a ação fora intentada no dia 06 de dezembro de 2017, restam prescritos
os direitos pleiteados do período entre a data de admissão ate 06 de dezembro de 2012.

Vejamos a ementa abaixo colacionada do Tribunal de Justiça do Pará no que tange a mesma
matéria supramencionada.

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇĂO ORDINÁRIA DE


COBRANÇA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA.
CONTRATAÇĂO DE SERVIDORA PELA ADMINISTRAÇĂO
PÚBLICA SEM CONCURSO. TÍTULO PRECÁRIO. PAGAMENTO.
FGTS E MULTA. APLICAÇĂO DO PRAZO PRESCRICIONAL -
ARTIGO 1º. DO DECRETO-LEI 20.910/32 - CINCO ANOS. 1-O prazo
prescricional para a cobrança de débito relativo ao FGTS em face da
Fazenda Pública é de cinco anos, nos termos do Decreto n.º 20.910/32. 2-
Em sede de tutela antecipada foi deferido o pagamento de depósito do
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FGTS e Multa de 40% de todo o período que a agravada exerceu sua


atividade a título precário. 3- Inobservância do prazo prescricional previsto
no Decreto-lei 20.910/32, devendo a decisăo atacada ser cassada.Recurso
conhecido e provido. (TJ-PA - AGRAVO DE INSTRUMENTO : AI
201330290119 PA, Relatora DESA. CÉLIA REGINA DE LIMA
PINHEIRO, Data de Julgamento 24 de novembro de 2014, 2ª CÂMARA
CÍVEL ISOLADA, Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Data da
Publicação 28/11/2014).

Assim, por cautela requer que toda a verba eventualmente deferida, o que se admite apenas
por amor ao debate, obedeça ao limite prescricional quinquenal previsto na Carta Magna em
seu art. 7°, inciso XXIX, restando, de pleno direito, indeferido o pedido referente ao período
anterior aos últimos cinco anos do ingresso da presente ação, conforme acima explanado.

IV– DA PRESCRIÇÃO BIENAL DO FGTS/ MUDANÇA DE REGIME JURIDICO/


LEI MUNICPAL Nº 106/1995.

Argui-se a prescrição bienal do pedido da Autora uma vez que a ação foi proposta no dia
06/12/2017, ou seja, vinte e dois anos após a mudança do regime celetista para o estatutário,
conforme Lei Municipal nº 106 de 30 de junho de 1995 e anotação em sua CTPS de ID nº
9435316, in verbis:

PREFEITURA MUNIICPAL DE CONCEIÇÃO DO COITÉ


Integrado ao Regime Estatutário a partir de 30/06/1995 de acordo com
o artigo 2º da Lei Municipal nº 106 de 30 de junho de 1995, publicada.
Tendo o tempo de serviço (25/04/80 à 30/06/95) valorizado para todos os
fins previstos na Legislação.

Há de ser observado que a transferência do regime jurídico de celetista para estatutário


implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da
referida mudança. Assim, após o decurso de 02 (dois) anos do momento em que a Autora
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passou à condição de estatuária, houve a perda da pretensão, decorrente da inércia


prolongada deste, tendo como consequência a perda da exigibilidade.

A Constituição Federal estabeleceu em seu artigo 7º, inciso XXIX que o prazo prescricional
para a cobrança de créditos decorrentes da relação de trabalho é de “cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho”.

Importante salientar que, não se aplica a prescrição de 30 (trinta) anos, para pagamento do
FGTS, tendo em vista a decisão do Supremo Tribunal Federal em novembro de 2014, ao
julgar o Agravo de Instrumento de Recurso Extraordinário n° 709212, com repercussão
geral reconhecida, declarando a inconstitucionalidade dos artigos 23, § 5° da Lei nº.
8.036/1990 e artigo 55 do Decreto nº. 99.684/1990 que regulamenta o referido fundo

Tal medida corresponde à correta aplicação da Constituição Federal de 1988, uma vez que
esta definiu o FGTS como um direito de natureza trabalhista, posto que previsto no artigo
7°, inciso III da CF/88 e, assim sendo, ao mesmo deve ser aplicada as mesmas regras
referentes aos direitos da mesma natureza.

Assim, com o rompimento do contrato de trabalho, o empregado que ingressasse com uma
reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho, pleiteando diferenças que entendesse devidas
deveria fazê-lo no prazo de 02 (dois) anos após a ruptura contratual, sendo-lhe devidos
apenas os últimos 05 (cinco) anos, contados da data do ajuizamento da ação, pois os
créditos devidos após o quinquênio estabelecido na Constituição Federal seriam atingidos
pela prescrição.

Neste sentido, tem decidido os Tribunais:


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RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO . TRANSFERÊNCIA DO


REGIME JURÍDICO DE CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO . O
entendimento desta Corte Superior, consubstanciado na Súmula nº 382, é
no sentido de que a transferência do regime jurídico de celetista para
estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo
da prescrição bienal a partir da mudança de regime- . Desse modo, na
hipótese dos autos, conforme consignado no acórdão regional, a publicação
da Lei Municipal, instituidora do Regime estatutário, ocorreu em
12.9.2001. Por sua vez, a reclamação trabalhista foi ajuizada em
28.10.2010 (fl. 3 - seq. 1), fora, portanto, do prazo de 2 anos, contados da
mudança de regime. Logo, tem-se que a pretensão do reclamante encontra-
se prescrita. Divergência jurisprudencial demonstrada. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS . A condenação ao pagamento de honorários
advocatícios deve ser excluída, tendo em vista a extinção do feito com
resolução de mérito, nos termos do inciso IV do artigo 269 do Código de
Processo Civil. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
provimento. (TST - RECURSO DE REVISTA : RR 9550220105070021
955-02.2010.5.07.0021, Relator Pedro Paulo Manus, Data de Julgamento 6
de Fevereiro de 2013, 7ª Turma, Data da Publicação DEJT 15/02/2013).
grifo nosso.

RECURSO DE REVISTA. MUDANÇA DE REGIME JURÍDICO


CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO. FGTS. PRESCRIÇÃO BIENAL . A matéria diz respeito a
transposição do regime jurídico de entidade estatal, o que impõe a
aplicação do Precedente Jurisprudencial de nº 128 da SBDI-1, ora
convertido na Súmula nº 382 do TST, segundo a qual:-MUDANÇA DE
REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO
CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL. (conversão da Orientação
Jurisprudencial n.º 128 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005. A
transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica
extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a
partir da mudança de regime.-(ex-OJ n.º 128 - Inserida em 20.04.1998) .
Recurso de revista que se conhece e a que se dá provimento.(TST - RR:
2717720105070021 271-77.2010.5.07.0021, Relator: Pedro Paulo Manus,
Data de Julgamento: 07/12/2011, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
16/12/2011).

Considerando que o rompimento do contrato de trabalho da Autora se deu em 30/06/1995, o


direito de ajuizar ação objetivando o pagamento de valores de FGTS, prescreveu em
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30/06/1997, não podendo exercer sua pretensão, depois de transcorrido mais de 22 (vinte e
dois) anos, como no caso em tela.

Diante do exposto, requer seja declarada a extinção do processo, com resolução do mérito,
com base no artigo 487, II, do CPC.

V – DA PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DA


AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

Cumpre ressaltar que, em virtude dos direitos indisponíveis representados pelo Município
Acionado, cujo interesse da Administração Pública não comporta autocomposição, bem
como da necessidade de formação de precatório, não se vislumbra a possibilidade de
realização da audiência de conciliação ou mediação, conforme previsto no art. 334, §4º, II
do novo CPC, in literis:

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos


essenciais e não for o caso de improcedência liminar do
pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de
mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de
antecedência.
§ 4o A audiência não será realizada:
II - quando não se admitir a autocomposição.

Ademais, não é possível a realização de audiência de conciliação nas causas em que esta
Fazenda Pública figure como parte, em razão da inexistência de autorização legal expressa
em ato normativo do Chefe do Poder Executivo Municipal, regulamentando e autorizando o
exercício da autocomposição.
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Tal exigência visa garantir que os atos da Administração Pública obedeçam aos princípios
da legalidade, publicidade e impessoalidade, estabelecidos no art. 37 da Constituição
Federal.

Assim, em razão da impossibilidade de autocomposição dos interesses públicos,


salvaguardados pela Administração Pública Municipal, assim como, diante da inexistência
de regulamentação normativa expressa pelo Poder Executivo, para legitimar a possibilidade
da referida mediação e estabelecer seus critérios, se torna inadmissível, in casu, a realização
da audiência prevista no art. 334 do novo CPC, pelo que, pleiteia pela sua não realização

VI – DO MÉRITO

Caso sejam ultrapassadas as preliminares acima suscitadas, em atenção ao Princípio da


Eventualidade e por cautela processual, passa o Município Acionado a contestar o mérito da
demanda.

A pretensão da Autora ao recebimento de valores de FGTS não merece prosperar, haja vista
que, no período correspondente a sua admissão até 30/06/1995 está prescrito e no período
posterior até sua aposentadoria por tempo de serviço, o mesmo desempenhou suas atividades
no regime estatutário, não sendo a referida verba compatível com o regime jurídico único.
Senão vejamos:

- DO REGIME CELETISTA/ PERÍODO ENTRE 25/04/1980 À 30/06/1995/


MUDANÇA DE REGIME JURÍDICO/ EXTINÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO/ LEI MUNICIPAL Nº 106 DE 30 DE JUNHO DE 1995.
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A Autora foi contratada sob o regime celetista em 25/04/80, tendo seu regime jurídico
modificado para o estatutário em 30/06/1995, o que implica na extinção do contrato de
trabalho anteriormente firmado, conforme comprova anotação em sua CTPS.

A Lei Municipal nº 106 de 30 de junho de 1995 dispõe em seu artigo 10, que com a
transformação dos empregos em cargos, os contratos individuais de trabalham ficam
extintos. Portanto, a Lei Municipal versa sobre a instituição do regime jurídico único para os
servidores públicos de Conceição do Coité, tendo como consequência a extinção do contrato
de trabalho.

Nesse sentido, confira-se o ED 3868511, Rel. Min. José Ivo de Paula Guimarães, 2ª Câmara
de Direito Público, DJ 23.7.2015 e o AI-AgR 321.223, Rel. Min. Moreira Alves, Primeira
Turma, DJ 14.12.2001, a seguir ementados:

DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL


CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM APELAÇÃO CÍVEL EM
SEDE DE AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDOR CELETISTA.
CONVERSÃO DO EMPREGO EM FUNÇÃO PÚBLICA.
SUPERVENIÊNCIA DE REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS
SERVIDORES DO MUNICÍPIO DO PAULISTA. ATO PRECÁRIO.
INEXISTÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. DECLARAÇÃO DE ATO
NULO. REQUERIMENTO DE COBRANÇA DO FGTS.
INSUBSISTENTE. PRESCRIÇÃO. VERBA TRABALHISTA DE
CUNHO CELETISTA. FUNÇÃO PÚBLICA. ADESÃO AO REGIME
ESTATUTARIO. LEI MUNICIPAL INSTITUIDOR DO REGIME
JURÍDICO ÚNICO DO PAULISTA Nº 3.100/92. AUSÊNCIA DAS
HIPÓTESES DISPOSTAS NO ART. 535 DO CPC. EMBARGOS
REJEITADOS. DECISÃO UNÂNIME. 1. Os Embargos de Declaração
constituem recurso de rígidos contornos processuais, consoante
disciplinamento imerso no artigo 535 do Código de Processo Civil,
exigindo-se, para seu acolhimento, que estejam presentes os pressupostos
legais de cabimento. 2. Inocorrentes as hipóteses previstas em lei, não há
como prosperar o inconformismo, cujo intento é a reforma da decisão
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embargada. 3. Alega a embargante que a decisão incorreu em omissão e


contradição, argumentando para tanto que a decisão baseou-se em
prescrição, quando se sabe que o instituto da prescrição não atinge ato nulo
administrativo, o qual pode ser declarado a qualquer tempo, argumentos
estes considerados insubsistentes. 4. Noticiam os autos que a recorrente foi
contratada pela administração da municipalidade embargada em
01/07/1987 na condição de empregada pública celetista para exercer a
função de servente, e que a mesma foi enquadrada como servidora pública
sem submeter-se a concurso, quando foi instituída o Regime Jurídico Único
do Município do Paulista com a edição da Lei Municipal nº 3.077/1991,
vindo a recorrente a optar pelo novo regime, fato inclusive anotado na sua
CTPS, não tendo havido qualquer impugnação a tal fato por mais de 20
(vinte) anos.5. Verifica-se, pois, que a autora vem se beneficiando dos
direitos assegurados aos servidores públicos estatutários, que ela mesma
aderiu por livre e espontânea vontade, fazendo gozo de quinquênios,
licença prêmio, etc, desde a edição da Lei nº 3.100/92, e, com a presente
ação, busca também os benefícios do Regime Celetista, in casu o FGTS.6.
Nesse contexto, tendo a apelante um vínculo empregatício com a Prefeitura
de Paulista instituído por meio de contrato de trabalho, com o advento da
Lei Municipal nº 3.100/92 mudou o regime jurídico da recorrente de
celetista para estatutário, de tal modo que acarretou a extinção do
supracitado contrato de trabalho. Assim, o prazo para que a recorrente
questionasse a suposta ilegalidade do ato de transmutação do regime
celetista para o estatutário é de 02 (dois) anos, conforme o entendimento já
pacificado pela jurisprudência do Pretório Excelso, encontrando-se,
portanto, prescrita tal pretensão, senão vejamos: EMENTA: AGRAVO
REGIMENTAL. SERVIDOR PÚBLICO. MUDANÇA DE REGIME
JURÍDICO. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.
PRESCRIÇÃO. INICÍO DO PRAZO. A mudança do regime jurídico
celetista para o estatutário acarreta a extinção do contrato de trabalho.
Prazo prescricional de dois anos contado a partir dessa alteração.
Inexistência de violação ao art. 7º, XXIX, a, da Constituição. Agravo
regimental a que se nega provimento AI 566275 AgR / PI - PIAUÍ
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator (a): Min.
JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 27/03/2007 Órgão Julgador: Segunda
Turma. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE
INSTRUMENTO. RECURSO TRABALHISTA. MUDANÇA DE
REGIME JURÍDICO. PRESCRIÇÃO BIENAL. I. A mudança do regime
jurídico celetista para o estatutário acarreta a extinção do contrato de
trabalho, incidindo a prescrição bienal. II - Agravo regimental improvido.
AI 649133 AgR / RS-RIO GRANDE DO SUL AG.REG.NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 02/10/2007 Órgão Julgador: Primeira Turma.7. Infere-se ainda
que, até o presente momento não houve nenhuma ação de
inconstitucionalidade em face da Lei nº 3.100/92 de modo que a recorrente
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vem se beneficiando de todas garantias inerentes aos servidores submetidos


ao regime estatutário desde então, só vindo se insurgir agora unicamente
para obter o benefício relativo ao FGTS que ficou restrito ao período
anterior a mudança do regime jurídico, conforme bem acertado pelo juízo
sentenciante.8. De outra banda, cabe ainda salientar que o caso em apreço
também é passível da incidência da prescrição quinquenal prevista pelo art.
1º do Decreto Federal nº 20.910/32, haja vista que o ato de transmutação
do regime celetista para o estatutário da apelante ocorreu em 1992 com a
edição da Lei nº 3.100/92. Todavia, apenas em 01/05/2013, a autora, ora
apelante, propôs ação para anular o supracitado ato administrativo, e voltar
ao regime celetista no qual era inserida anteriormente, havendo um lapso
temporal de quase 20 anos entre a propositura da ação e o ato inquinado de
nulidade, restando evidentemente consumada a prescrição de que trata o
Decreto Federal nº 20.910/32, cujo art. 1º estipula: "As dívidas passivas da
União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou
ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for sua
natureza, prescreve em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual
se originarem".9. Não havendo qualquer ponto sobre o qual deva
pronunciar-se este Egrégio Sodalício, os aclaratórios foram conhecidos
apenas para fins de prequestionamento da matéria discutida, porém,
improvidos. Decisão Unânime.g.n.

“AGRAVO REGIMENTAL. PRESCRIÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO


CELETISTA QUE PELA LEI DO REGIME ÚNICO PASSOU A
ESTATUTÁRIO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 7º, XXIX, A, DA CARTA
MAGNA PELA JUSTIÇA DO TRABALHO A RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA. - Inexistência de ofensa ao artigo 7º, XXIX, a, da
Constituição por estar correto o entendimento de que a mudança de
regime jurídico celetista para o estatutário acarreta a extinção do
contrato de trabalho dando margem à aplicação da parte final do referido
dispositivo constitucional. - O § 2º (atualmente § 3º) do artigo 39 da
Constituição não restringe os direitos sociais do servidor público celetista. -
Improcedência da alegação de infringência ao princípio do respeito ao
direito adquirido (artigo 5º, XXXVI, da Carta Magna). Agravo a que se
nega provimento”. g.n.

Sendo assim, conforme dispõem às jurisprudências, a mudança do regime celetista para o


estatutário acarreta extinção do contrato de trabalho, sendo, inclusive, do conhecimento do
Autor tal ato, uma vez que foi solicitado junto à Caixa Econômica Federal o saque do FGTS,
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referente ao período de vínculo celetista, conforme Declaração e Solicitação de Saque em


Contas Inativas anexas.

DO REGIME JURÍDICO ÚNICO/SERVIDOR ESTÁTUTARIO/ PERÍODO ENTRE


1995 À 2016/ / DIREITOS PREVISTOS NA LEI MUNICIPAL Nº 133/1996. ARTIGO
39, §3º, DA CONSTITUIÃO FEDERAL/ FGTS INDEVIDO.

Como cediço, a regra constitucional de regime jurídico único para os servidores da


Administração Direta, das autarquias e das fundações públicas prevista no artigo 39 da Carta
Magna continua em vigor, tendo em vista a suspensão, pela ADIn 2.135/DF, da alteração
efetuada pela EC 19/98 que autorizava cada ente federado a instituir o regime jurídico de
seus servidores.

Neste sentido, os servidores públicos devem ser regidos por estatuto próprio, editado por
cada ente da federação, ao qual permanecem vinculados. Assim é que, no âmbito federal, por
exemplo, os servidores são regidos pela Lei 8.112/90.

Quanto à natureza da relação jurídica estatutária, José Carvalho Filho dispõe que “essa
relação não tem natureza contratual, ou seja, inexiste contrato entre o Poder Público e o
servidor estatutário”1. O Estatuto do Servidor é, portanto, a base legal dos direitos e
obrigações previstos para os servidores.

In casu, o Município Contestante regula a contratação de seu pessoal no próprio Estatuto dos
Servidores, Lei Municipal 133/1996, especialmente aqueles de caráter efetivo como a
Requerente.

1
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 30 e, 2016, p.
629.
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Pois bem, estabelecidas estas premissas, resta evidente, no caso em tela, que o pedido da
parte Autora encontra-se desprovido de fundamentação jurídica apta a ensejar o seu
provimento, uma vez que, através da presente ação pleiteia o pagamento do FGTS de todo o
seu vínculo contratual, ignorando a existência de integração ao Regime Estatutário, a partir
de 1995, conforme anotação da CTPS, juntada pela Autora no ID nº 9435316:

PREFEITURA MUNIICPAL DE CONCEIÇÃO DO COITÉ


Integrado ao Regime Estatutário a partir de 30/06/1995 de acordo com
o artigo 2º da Lei Municipal nº 106 de 30 de junho de 1995, publicada.
Tendo o tempo de serviço (25/04/80 à 30/06/95) valorizado para todos os
fins previstos na Legislação.

Dessa forma, mesmo sem a investidura por meio de concurso, a Autora aderiu por livre e
espontânea vontade ao regime jurídico único, sem quaisquer impugnação, se beneficiando dos
direitos assegurados aos servidores públicos estatutários, fazendo gozo de quinquênios, licença
prêmio, etc, desde a edição da Lei nº 133/1996, o que demonstra a natureza estatutária do seu
vínculo, não lhe sendo devida qualquer parcela referente ao Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço - FGTS.

A própria Constituição Federal prevê no §3º do art. 39 quais direitos trabalhistas são devidos
aos servidores ocupantes de cargos públicos, excluindo-se do rol desses direitos,
expressamente, o FGTS que se encontra previsto no art. 7º, inciso III, da CF, vejamos:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão,


no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas.
(...)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art.
7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e
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XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão


quando a natureza do cargo o exigir.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...)
III - fundo de garantia do tempo de serviço;

Com efeito, assim entende jurisprudência quanto à impossibilidade de pagamento de FGTS


a servidor público efetivo, já beneficiado pela estabilidade do vínculo:

APELAÇÃO CÍVEL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. PEDIDO DE


DEPÓSITO DO FGTS. INCOMPATIBILIDADE COM O REGIME
JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS. NÃO INCIDÊNCIA DAS
REGRAS PREVISTAS NA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO. ATO NORMATIVO. PUBLICAÇÃO. IMPRENSA
OFICIAL. AUSÊNCIA. SERVIDORES PÚBLICOS EFETIVOS. PEDIDO
IMPROCEDENTE.
1. O pedido de depósito do FGTS não se entremostra pertinente, pois,
uma vez eleito pelo ente municipal o regime estatutário para regular a
relação jurídica com seus servidores, já firmou o Superior Tribunal de
Justiça, em hipóteses como a ora em tablado, que: "O FGTS é sistema
garantido e exclusivo do regime celetista. É incompatível a aplicação
das suas regras a quem compõe o regime estatutário." (STJ; REsp
934.770/RJ; Relator(a): Ministro JOSÉ DELGADO; PRIMEIRA TURMA;
julgado em 20/11/2007, Dje 30/06/2008).
2. Para que entrem em vigor as leis municipais somente precisam ser
publicadas em Diários Oficiais quando estes existem no município. É de
todo admissível, naqueles municípios desprovidos de imprensa oficial, que
a lei seja publicada no átrio da Prefeitura ou da Câmara, com o que está
assegurada a publicação necessária.
3. Na espécie, bem se vê, portanto, que a lei municipal instituidora do
regime jurídico único do Município de Redenção, Lei Municipal nº 682/92,
não precisa se ver publicada no Diário Oficial para entrar em vigor e
possuir eficácia, haja vista não possuir o referido município Boletim
Oficial à época.
4. Apelação conhecida e improvida. Sentença mantida.
(Relator(a): FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE; Comarca:
Redenção; Órgão julgador: 7ª Câmara Cível; Data do julgamento:
08/12/2015; Data de registro: 08/12/2015) (grifou-se)
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APELAÇÃO CÍVEL - RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - SERVIDOR


PÚBLICO EFETIVO - REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO -
IMPOSSIBILIDADE DE RECEBIMENTO DE FGTS - RECURSO
PROVIDO. 1 - Comprovado que a apelada foi contratada pelo regime
jurídico estatutário, é certo que a mesma não faz jus às verbas tipicamente
celetistas, devidas somente aos empregados regidos pela Consolidação das
Leis Trabalhistas - CLT. 2 - Não há como reconhecer os direitos
previstos no art. 19 da Lei nº 8.036⁄90, que disciplina o FGTS, pois o
vínculo entre a servidora e Administração, se estabeleceu através de
concurso público, portanto, a contratação se deu pelas normas de
natureza pública, o que não garante o recolhimento de FGTS, mas
somente os direitos previstos no art. 39, §3º da CF. 3 - Recurso provido.
(TJES, Classe: Apelação, 55090001060, Relator : ROBERTO DA
FONSECA ARAÚJO, Órgão julgador: TERCEIRA CÂMARA CÍVEL ,
Data de Julgamento: 28/02/2012, Data da Publicação no Diário:
22/03/2012) (grifou-se)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDOR PÚBLICO


CONCURSADO. LEI MUNICIPAL INSTITUIDORA DO VÍNCULO
REGIDO PELO DIREITO ADMINISTRATIVO - VERBA
RESCISÓRIA DECORRENTE DA CLT. IMPOSSIBILIDADE.
DANOS MORAIS FIXADOS EM OBSERVÂNCIA AOS CRITÉRIOS
LEGAIS. APELO IMPROVIDO.
Não há dúvidas a respeito da natureza do vínculo jurídico mantido
entre as partes, eis que se tratando de servidor público concursado,
sujeito a Lei Municipal 113/1971, instituidora do Estatuto dos
Funcionários Públicos do Município de Itajú do Colonial.
Mostra-se indevido o pagamento de verbas rescisórias decorrentes da CLT,
eis que o art. 39, §3º da Constituição Federal, que estende aos servidores
públicos estáveis, direitos de empregados, não inclui o do inciso III do art.
7º (FGTS).
A indenização por danos morais, que deve atender à equação de não
importar o valor arbitrado em enriquecimento ilícito do requerente e, ao
mesmo tempo, desestimular, de forma contundente, qualquer atividade
nociva, similar à dos autos, por parte do requerido, valor mantido. Apelo
improvido.

(TJBA, Apelação nº 0001089-81.2013.8.05.0133, Relator(a): Telma Laura


Silva Britto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 04/08/2015) (grifou-
se).
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Assim, pelas razões expostas, comprovadas pela documentação anexa, tendo em vista a
integração da Autora ao regime estatutário, não há que se falar em direito ao recebimento de
qualquer verba referente ao FGTS, razão pela qual deve a presente ação ser julgada
improcedente.

DA IMPOSSIBILIDADE DE SAQUE DO FGTS COM A MUDANÇA DE REGIME


JURÍDICO/ AUSÊNCIA DE MOTIVO

Cumpre salientar que a Lei 8.162/1991 veda o saque dos valores depositados na conta do
FGTS nos casos de conversão de regime, asseverando-se, ainda, que a Lei 8.036/90 dispõe,
taxativamente, as hipóteses autorizativas de movimentação da conta vinculada do FGTS,
não prevê a conversão de regime como ensejadora do levantamento dos valores referidos.

A propósito disto, avaliemos a ementa do julgado apontado:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - FGTS -


CONVERSÃO DO REGIME CELETISTA EM REGIME ESTATUTÁRIO
- SAQUE DO SALDO DA CONTA VINCULADA - VEDAÇÃO - LEI Nº
8.162/91 (ART. 6º, § 1º) - ALEGADA OFENSA AO DIREITO
ADQUIRIDO - IMPOSSIBILIDADE DE COTEJO, EM SEDE DE
CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO , DA NOVA SITUAÇÃO
JURÍDICA COM PRECEITOS LEGAIS ANTERIORES - HIPÓTESE DE
INCOGNOSCIBILIDADE, NESSE PONTO , DA AÇÃO DIRETA - TESE
DE QUE A VEDAÇÃO LEGAL EQUIVALERIA À INSTITUIÇÃO DE
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO - REJEIÇÃO - AÇÃO DIRETA
CONHECIDA EM PARTE E, NESSA PARTE, JULGADA
IMPROCEDENTE .
CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO - ALEGAÇÃO DE OFENSA
AO DIREITO ADQUIRIDO - JUÍZO DE CONSTITUCIONALIDADE
QUE DEPENDE DE CONFRONTO ENTRE DIPLOMAS
LEGISLATIVOS - INVIABILIDADE DA AÇÃO DIRETA.
- Não se legitima a instauração do controle normativo abstrato, quando o
juízo de constitucionalidade depende , para efeito de sua prolação, do
prévio cotejo entre o ato estatal impugnado e o conteúdo de outras normas
jurídicas infraconstitucionais editadas pelo Poder Público.
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A ação direta não pode ser degradada em sua condição jurídica de


instrumento básico de defesa objetiva da ordem normativa inscrita na
Constituição. A válida e adequada utilização desse meio processual exige
que o exame in abstracto do ato estatal impugnado seja realizado,
exclusivamente , à luz do texto constitucional.
A inconstitucionalidade deve transparecer, diretamente , do próprio texto
do ato estatal impugnado. A prolação desse juízo de desvalor não pode e
nem deve depender , para efeito de controle normativo abstrato, da prévia
análise de outras espécies jurídicas infraconstitucionais, para, somente a
partir desse exame e num desdobramento exegético ulterior, efetivar-se o
reconhecimento da ilegitimidade constitucional do ato questionado.
Precedente : ADI 842-DF , Rel. Min. CELSO DE MELLO. FGTS -
VEDAÇÃO DO SAQUE NA HIPÓTESE DE CONVERSÃO DO
REGIME - INOCORRÊNCIA DE OFENSA AO DIREITO DE
PROPRIEDADE - NÃO-CARACTERIZAÇÃO DA HIPÓTESE DE
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO - PLENA LEGITIMIDADE
CONSTITUCIONAL DO § 1º DO ART. 6º DA LEI Nº 8.162/91.
- A norma legal que vedou o saque do FGTS, no caso de conversão de
regime, não instituiu modalidade de empréstimo compulsório, pois - além
de haver mantido as hipóteses legais de disponibilidade dos depósitos
existentes - não importou em transferência coativa, para o Poder Público,
do saldo das contas titularizadas por aqueles cujo emprego foi
transformado em cargo público”. (grifos no original)

Por fim, não há previsão constitucional acerca da aplicabilidade do inciso III do art. 7º aos
servidores públicos, para os quais a Carta Magna elencou, expressamente, as hipóteses em
que os direitos fundamentais dos trabalhadores em geral são extensíveis aos servidores
ocupantes de cargos públicos, pelo que requer que a ação seja julgada improcedente em
todos os seus pedidos.

DA LITIGÂNCIA DE MÁ–FÉ/ DÉPOSITO DE FGTS INDEVIDO A SERVIDOR


ESTATUTÁRIO.

Ainda em sede de preliminar, requer o Município a condenação da parte Autora ao


pagamento de multa em razão da litigância de má-fé, nos termos do artigo 80, incisos I e III,
do Código de Processo Civil:
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Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Com efeito, tem-se que a parte Autora não apenas deduz pretensão contra texto expresso de
Lei, como também pretende conseguir objetivo ilegal com a lide em questão. É que,
conforme se observa da própria legislação, bem como dos documentos que seguem em
anexo, a Autora, por se tratar de servidora pública ESTATUTARIA, não fazia jus ao
recolhimento de qualquer verba referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Salienta-se que, os servidores públicos são regidos por estatuto próprio, possuindo regime
diverso dos trabalhadores celetistas. Assim é que, dentro das regras previstas para os
servidores da Administração, a própria Constituição Federal prevê no §3º do art. 39 quais
direitos trabalhistas são devidos aos servidores ocupantes de cargos públicos, excluindo,
expressamente, o FGTS, que se encontra previsto no art. 7º, inciso III, da CF, vejamos:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão,


no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas.
(...)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art.
7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e
XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...)
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
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Dessa forma, a Demandante, além de deduzir pretensão contra texto expresso de lei, ainda
pretende, com isso, conseguir objetivo ilegal, uma vez que requer a condenação do ente
público ao pagamento de vantagem indevida, a qual não pode ser paga pela Administração
sem a devida lei autorizadora.

Sendo assim, pela má-fé da Autora aqui discriminada, requer seja a Demandante, nos termos
do artigo 81 do CPC, condenada ao pagamento de multa não inferior a 5% (cinco por cento)
do valor da causa, pela litigância de má-fé perpetrada contra o Município Contestante.

VI - DOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELA AUTORA NA EXORDIAL

Restam impugnados os cálculos juntados pela Autora na exordial, conforme ID 9435455,


pois não condizem com a realidade dos fatos, além do que, os demais documentos juntados
pela mesma, só corroboram com a tese da defesa, quanto ao período do vínculo de trabalho e
seu regime jurídico, motivo pelo qual não deve pleitear os depósitos, bem como o efetivo
pagamento das verbas referentes ao FGTS.

VII- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o Município/Contestante:

1. A declaração da incompetência material deste Juízo para conhecer da presente


ação, remetendo os presentes autos à Vara do Trabalho de Conceição do Coité, Bahia,
conforme §3º, do artigo 64 do CPC.

2. A declaração da prescrição quinquenal, nos termos acima requeridos;


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3. A declaração da prescrição bienal, quanto ao FGTS do período compreendido


entre 1980 a 1995 (vínculo celetista).

4. A não realização de audiência de conciliação.

5. Seja oficiado a Caixa Econômica Federal, a fim de informar se houve saque


por parte da Autora, dos valores de FGTS, tendo em vista a Solicitação anexa.

6. Seja totalmente indeferida a pretensão da parte Autora, sendo reconhecida,


por sentença de mérito a IMPROCEDÊNCIA de todos os pedidos da petição inicial.

7. Seja a parte Autora condenada por litigância de má-fé, em virtude do


requerimento de deposito de FGTS no período compreendido entre 1995 a 2016, o
qual era servidora estatutária.

8. Seja a parte Autora condenada a pagar as custas processuais e os honorários


de sucumbência.

Por fim, requer o indeferimento do requerimento do item 3 da Exordial, no sentido de oficiar


o Ministério Público Federal, uma vez que, conforme demonstrado na Defesa, não há
quaisquer atos ímprobos praticados pela Municipalidade ou pelo Gestor, havendo sim,
litigância de má-fé por parte da Autora, ao tentar a condenação do ente público ao
pagamento de verba de FGTS para servidora pública estatutária.

Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a


juntada de novos documentos.

Nestes Termos.
Pede deferimento.
Conceição do Coité - Bahia, 06 de julho de 2017.

Édina Cláudia Carneiro Monteiro


OAB/BA 12.080
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Eliziane Mascarenhas
OAB/BA 36.316

Talita de Oliveira Ramos


OAB/BA 45.541

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