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positivismo lógico

I
1') Nenhum dos meus filhos é gordo; Carroll, L. 1976. Complete Works. Nova Iorque:
3) Todo o glutão, que seja uma das minhas crianças, Random House.
é gordo;
6) Logo, nenhum glutão, que seja uma das minhas positivismo lógico Um dos movimentos mais
crianças, é meu filho. importantes do pensamento filosófico analítico,
conhecido também por «neopositivismo» e por
Em segundo lugar, por CONVERSÃO e depois «empirismo lógico». Tendo surgido nos anos
OBVERSÃO, podemos reformular a proposição 2 vinte com o Círculo de Viena, o positivismo
na proposição equivalente 2': Todas as minhas lógico manteve uma vasta influência durante
crianças saudáveis fazem exercício. Por outro cerca de trinta anos. Os elementos deste movi-
lado, tomando (no contexto) o termo geral mento, unidos por uma postura radicalmente
«filha» como equivalente ao termo geral «não empirista e anti-metafísica (apresentada como
filho», e, de novo por CONVERSÃO e depois a «concepção científica do mundo»), procura-
OBVERSÃO, podemos reformular a proposição 4 ram revolucionar a filosofia através do uso dos
na proposição equivalente 4': Todas as minhas recursos da lógica simbólica na análise da lin-
crianças que fazem exercício são meus filhos. guagem científica.
Juntando estas duas proposições como premis- Liderado por Moritz Schlick, o Círculo de
sas, obtemos o seguinte silogismo válido: Viena funcionou inicialmente como um simples
grupo de discussão animado pela presença de
II diversos filósofos e cientistas. Rudolf Carnap e
2') Todas as minhas crianças saudáveis fazem exer- Otto Neurath foram, a par de Schlick, os filóso-
cício; fos do Círculo que mais se destacaram. A partir
4') Todas as minhas crianças que fazem exercício são de 1929, o Círculo estruturou-se com o objecti-
meus filhos; vo de tornar o positivismo lógico um movimen-
7) Logo, todas as minhas crianças saudáveis são to filosófico verdadeiramente internacional.
meus filhos. Desse esforço consciente, conduzido em grande
parte através da realização de congressos inter-
Finalmente, tomamos as conclusões dos nacionais, resultaram contactos e alianças com
silogismos I e II como premissas e obtemos o filósofos escandinavos, polacos, britânicos e
seguinte silogismo válido: norte-americanos. O pequeno grupo de filósofos
da escola de Berlim foi especialmente influente
III no desenvolvimento do positivismo lógico.
7) Todas as minhas crianças saudáveis são meus Além de Carl Hempel e de Richard von Mises,
filhos; destacou-se nesse grupo Hans Reichenbach, que
6) Nenhum glutão, que seja uma das minhas crian- dirigiu com Carnap a revista Erkenntnis, o órgão
ças, é meu filho; principal do movimento.
5') Logo, nenhum glutão, que seja uma das minhas Ao longo dos anos trinta, embora o movi-
crianças, é saudável. mento estivesse em plena ascensão, o Círculo
de Viena conheceu um declínio que culminou
A proposição 5' é, por obversão, reformulá- no seu desaparecimento. A morte de Schlick,
vel na conclusão geral 5. Nesta cadeia de silo- que foi assassinado por um ex-aluno que
gismos, os silogismos I e II são ambos prossi- sofria de perturbações mentais, contribuiu
logismos relativamente ao silogismo III; e este para esse declínio. O clima de hostilidade
último é um epissilogismo relativamente a cada política provocou a dispersão dos elementos
um daqueles silogismos. Ver também SILOGIS- do Círculo, e o grupo de Berlim também não
MO; QUADRADO DE OPOSIÇÃO. JB resistiu à emergência do nazismo. O palco da

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actividade do positivismo lógico deslocou-se científica de filosofar. O mesmo se pode dizer


assim para os Estados Unidos e também para do Tratactus Logico-Philosophicus de Witt-
Inglaterra, onde em 1936 A. J. Ayer publicou genstein, onde os positivistas puderam reco-
Linguagem, Verdade e Lógica, a introdução nhecer-se numa concepção de filosofia enquan-
clássica à posição filosófica avançada pelos to actividade de análise da linguagem, activi-
filósofos do Círculo de Viena. dade essa distinta de qualquer investigação
A filosofia do positivismo lógico, embora se empírica. O Tratactus foi também inspirador
tenha apresentado explicitamente em ruptura na elaboração da teoria central do positivismo
com a maior parte da filosofia tradicional, não lógico: a teoria verificacionista do significado.
deixa de reflectir um vasto leque de influên- Inicialmente, o verificacionismo foi apre-
cias. Em aspectos cruciais, ela consiste no sentado como uma tese sobre aquilo em que
desenvolvimento de teses características do consiste o significado de uma asserção. Essa
empirismo britânico, sobretudo do de David tese foi condensada na seguinte fórmula: «O
Hume, o que se traduziu numa oposição radical significado de uma afirmação é o método da
à epistemologia kantiana. A este respeito, afir- sua verificação». No entanto, o verificacionis-
ma-se no manifesto do Círculo de Viena, mo acabou por ser entendido primariamente
publicado em 1929: como um critério para distinguir as asserções
com significado das asserções sem significado.
«A concepção científica do mundo não reco- Segundo este critério, uma asserção tem signi-
nhece qualquer conhecimento incondicionalmen- ficado se, e só se, 1) é analítica ou contraditória
te válido obtido a partir da pura razão, quaisquer ou 2) é empiricamente verificável. Reconhe-
«juízos sintéticos a priori» […] A tese fundamen- cem-se assim apenas dois tipos de proposições
tal do empirismo moderno consiste precisamente genuínas: as proposições analíticas a priori e
na rejeição da possibilidade do conhecimento sin- as proposições sintéticas a posteriori. As pri-
tético a priori.» meiras, exemplificadas especialmente pela
lógica e pela matemática pura, são também
Para a defesa desta tese, os positivistas necessárias, ao passo que as segundas, próprias
encontraram um apoio significativo no con- das ciências empíricas, são contingentes. As
vencionalismo de Henri Poincaré, segundo o asserções identificadas com a «metafísica» não
qual as proposições da geometria não são sinté- têm por isso qualquer significado, ou, pelo
ticas a priori e necessárias, como Immanuel menos, são destituídas de significado cogniti-
Kant julgara, pois a geometria usada na descri- vo. Podem ter algum significado emocional,
ção do mundo resulta de uma escolha mera- mas nada afirmam que seja verdadeiro ou fal-
mente convencional. O uso da geometria não so, sendo meras «pseudoproposições» que
euclidiana na teoria da relatividade geral de resultam de «pseudoproblemas». Além de
Einstein, que evidenciou o erro de considerar a asserções claramente metafísicas como «a rea-
geometria euclidiana como a única descrição lidade é espiritual», foram incluídas nesta cate-
possível do espaço, foi interpretado por Schlick goria todas as asserções típicas da ética e da
em termos convencionalistas ainda antes de ir estética. Mesmo a epistemologia não ficou
para Viena. imune à devastação imposta pelo critério da
A influência do logicismo de Frege e Rus- verificabilidade. Na medida em não se deixa
sell pesou também no sentido da aceitação do reconduzir à psicologia empírica, também ela
convencionalismo em relação à matemática. A deve dar lugar à actividade de análise lógica da
realização do programa logicista, conduzido linguagem. Não nos devemos impressionar
essencialmente pelo uso da nova lógica simbó- demasiado com toda esta hostilidade perante a
lica, foi ainda influente na formação do positi- filosofia tradicional. A verdade é que muitos
vismo lógico por exemplificar uma maneira dos problemas filosóficos tradicionais foram

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recuperados e amplamente discutidos no con- mesmo admitindo que estas são conclusiva-
texto da «análise lógica» considerada legítima. mente verificáveis, as suas negações não o são,
O problema de saber o que significa ao certo já que a negação de uma asserção existencial é
«empiricamente verificável» deu origem a inú- uma asserção universal. Isto tem a consequên-
meras versões do critério positivista, mas pelo cia estranha de existirem asserções com signi-
menos neste aspecto prevaleceu sempre o con- ficado cuja negação não tem significado, o que
senso: mesmo que, devido a limitações tecnoló- contraria o princípio do terceiro excluído.
gicas, uma asserção não possa ser verificada na Além destas objecções, que se apoiam na for-
prática, ela não deixa de ter significado desde ma lógica das asserções consideradas, os críti-
que possa ser verificada em princípio. Por isso, cos da «verificabilidade forte» defenderam
uma asserção como «existem planetas noutras também que não é possível verificar conclusi-
galáxias», embora nas circunstâncias actuais não vamente asserções sobre o passado ou sobre
possa ser verificada na prática, exprime uma experiências de outras pessoas, embora essas
proposição genuína, porque podemos indicar asserções tenham significado cognitivo.
condições empíricas relevantes para determinar Carnap e Ayer contam-se entre os positivistas
o seu valor de verdade. O mesmo não acontece, que rejeitaram a exigência de verificabilidade
por exemplo, com «a realidade é espiritual», já conclusiva, tendo proposto no seu lugar um cri-
que esta asserção e a sua negação não diferem tério de «verificabilidade fraca» ou «confirmabi-
em consequências empíricas. lidade». Neste tipo de versão do critério positi-
Tal como foi defendido por Schlick, este vista, declara-se que uma asserção não tem de
critério de significado traduziu-se na exigência ser implicada por um conjunto de proposições
de «verificabilidade forte». Nesta versão, o elementares observacionais para ter significado.
critério da verificabilidade diz-nos que uma É antes necessário que exista um conjunto des-
asserção é empiricamente verificável se, e só sas proposições que possa simplesmente con-
se, 1) é uma proposição elementar observacio- firmar num certo grau de probabilidade a asser-
nal ou 2) é equivalente a uma conjunção finita ção em causa. Ayer tentou formular este critério
logicamente consistente dessas proposições. nos seguintes termos:
Uma asserção não analítica só tem assim signi-
ficado quando é conclusivamente verificável, «A característica principal de uma proposição
ou seja, quando, em princípio, podemos verifi- factual genuína não é que esta deva ser equiva-
cá-la definitivamente através do conhecimento lente a uma proposição da experiência, nem a
das proposições elementares que determinam o qualquer número finito de proposições da expe-
seu significado. Esta exigência de verificabili- riência, mas simplesmente o facto de algumas
dade conclusiva foi muito criticada, sobretudo proposições da experiência poderem ser deduzi-
por se mostrar demasiado restritiva. Ela parece das a partir dela em conjunção com determinadas
excluir da classe das asserções com significado outras premissas sem serem dedutíveis apenas a
diversos tipos de asserções vistos como legíti- partir destas» (Ayer 1946: 15)
mos pela maior parte dos positivistas. As asser-
ções estritamente universais, como não se dei- Esta versão do critério positivista admite
xam reduzir a um conjunto finito de proposi- que as asserções universais podem ter signifi-
ções observacionais, não podem ser conclusi- cado (de uma asserção com a forma ∀x (Ax →
vamente verificadas nem em princípio. Entre Bx), por exemplo, podemos deduzir uma pro-
essas asserções contam-se as leis científicas, e posição observacional Ba fazendo uso da pre-
por isso considerá-las como destituídas de sig- missa adicional Aa), mas tem a grande desvan-
nificado seria colocá-las no mesmo plano que a tagem de implicar que qualquer asserção tem
metafísica. As asserções puramente existen- significado. Da asserção «o Absoluto é pregui-
ciais também suscitam dificuldades porque, çoso», ou de qualquer outra escolhida arbitra-

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riamente, podemos deduzir a proposição defendendo que as proposições elementares se


observacional expressa pela frase «Esta rosa é referem a objectos e acontecimentos físicos, mas
vermelha» se usarmos a premissa adicional «Se acabou por ser acusado de abandonar o empi-
o Absoluto é preguiçoso, esta rosa é verme- rismo (ver PROPOSIÇÕES PROTOCOLARES).
lha», que por si não implica a conclusão. Ayer Os filósofos do positivismo lógico, embora
reformulou então o seu critério para corrigir sustentassem que as ciências formais (lógica e
esta abrangência excessiva, mas não conseguiu matemática) e as ciências factuais empíricas são
evitar o mesmo tipo de crítica, e a discussão radicalmente distintas, afirmaram sempre a uni-
sobre a versão exacta do critério da verificabi- dade destas últimas. Entre a física e a psicologia,
lidade encaminhou-se para formulações com ou entre a biologia e a sociologia, todas as dife-
uma complexidade ptolemaica. renças cognitivamente relevantes são de grau e
A plausibilidade inicial do critério, que che- não de natureza. Esta tese da unidade da ciência
gou a ser considerado por Schlick como um desenvolveu-se em grande parte através do fisi-
simples truísmo, foi enfraquecendo e tornando calismo defendido por Neurath, um amplo pro-
manifesta a importância de esclarecer esta ques- grama de investigação que deu origem ao pro-
tão: o que acontece ao critério da verificabilida- jecto, só parcialmente realizado, da Internatio-
de quando o aplicamos a si mesmo? Se é uma nal Encyclopedia of Unified Science. Neurath
asserção com significado, então, pelo que diz, acreditava que o ideal da unificação da ciência
tem de ser analítica ou empiricamente verificá- devia ser promovido pela instauração de uma
vel. No primeiro caso, parece que devemos linguagem fisicalista comum a todas as ciências.
interpretá-la como uma simples estipulação para Importa notar que o objectivo não era reduzir as
o uso do termo «significado cognitivo», mas asserções da psicologia e da sociologia a asser-
assim perde-se todo o fundamento para rejeitar a ções da física, mas apenas reduzir as primeiras a
«metafísica». Será então que o critério da verifi- asserções expressas numa linguagem mais bási-
cabilidade é uma hipótese factual empiricamente ca, especialmente exemplificada pela física. As
verificável? Neste caso, parece que devemos asserções sobre estados mentais, por exemplo,
concebê-lo como uma hipótese sobre como cer- deviam ser redutíveis a asserções sobre o com-
tas pessoas usam de facto termos como «signifi- portamento físico. Mesmo aqueles que, como
cado» ou «significado cognitivo», o que também Ayer, rejeitaram explicitamente o fisicalismo,
não é muito promissor, já que nenhum positivis- aceitaram a existência de uma unidade metodo-
ta conduziu qualquer tipo de investigação empí- lógica fundamental nas ciências empíricas. Esse
rica para saber se tinha razão. O estatuto do cri- tipo de unidade foi pressuposto, por exemplo,
tério da verificabilidade permanece assim peri- nos estudos sobre probabilidade, a que os positi-
gosamente indefinido, recaindo sobre si a sus- vistas dedicaram muita atenção.
peita de ser auto-refutante. Reichenbach e von Mises destacaram-se
Importa ainda notar que o critério da verifi- nesse domínio por terem desenvolvido a teoria
cabilidade pressupõe a existência de certas pro- frequencista da probabilidade, na qual se con-
posições elementares observacionais, capazes de cebe a probabilidade como a frequência relati-
servir de base para o processo de verificação. va de um acontecimento numa longa série de
Mas qual será a natureza dessas proposições? ensaios. Esta concepção parece ir contra a ideia
Esta questão suscitou uma das maiores polémi- de que a probabilidade corresponde a um certo
cas internas no movimento positivista. Se, como grau de confirmação de uma hipótese, mas
Schlick supunha, as proposições elementares se Carnap esclareceu a situação afirmando que
referem a experiências privadas, como poderão não há aqui qualquer incompatibilidade, já que
elas constituir uma base objectiva para o conhe- existem dois conceitos bem distintos de proba-
cimento científico? Neurath opôs uma perspec- bilidade. Carnap investigou então o conceito de
tiva fisicalista ao fenomenismo de Schlick, probabilidade como confirmação (sendo a con-

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firmação uma relação que ocorre entre uma Ayer, A. J., org. 1959. Logical Positivism. Westport:
hipótese e um conjunto de dados que a apoiam Free Press.
num certo grau), procurando desenvolver um Hanfling, O., org. 1981. Essential Readings in Logi-
sistema de lógica indutiva capaz de determinar cal Positivism. Oxford: Blackwell.
quantitativamente a probabilidade de uma Hempel, C. 1956. Aspects of Scientific Explanation.
hipótese ser verdadeira à luz de certos dados. Nova Iorque: Free Press.
Hempel também investigou o conceito de con- Schilpp, P., org. 1963. The Philosophy of Rudolf
firmação, mas fê-lo sobretudo na perspectiva Carnap. La Salle, Ill: Open Court.
de saber quando é que certos dados confirmam Schlick, M. 1979. Philosophical Papers. 2 vols.
uma hipótese. Estas investigações foram subs- Dordrecht: Reidel.
tancialmente conduzidas através do uso de lin-
guagens artificiais, pressupondo-se assim que possibilia (lat., objectos possíveis) Itens que
os resultados obtidos podem ser indiferencia- poderiam existir, isto é, cuja existência é meta-
damente aplicados a todas as hipóteses de fisicamente possível. Meros possibilia são itens
todas as disciplinas científicas. que poderiam existir mas não existem. A ques-
O estudo do conceito de explicação científi- tão fundamental acerca de possibilia é a de
ca, protagonizado por Hempel em diversos saber se há quaisquer meros possibilia. Nos
artigos amplamente discutidos, proporciona sentidos relevantes dos termos, o possibilismo
outro exemplo importante da defesa da unidade diz que há; o ACTUALISMO diz que não. Supo-
da ciência. Nos seus modelos de cobertura por nha-se, por exemplo, que os animais de qual-
leis, Hempel sustentou que explicar cientifica- quer espécie dada não poderiam ter existido
mente um acontecimento é mostrar que ele sem pertencer a essa espécie. Dado que pode-
ocorreu de acordo com certas leis, em virtude riam ter existido animais de uma espécie dife-
da realização de certas condições prévias. rente da de qualquer animal actualmente exis-
Quando se explica um acontecimento na histó- tente, poderiam ter existido animais que
ria ou na física, é sempre isso que se faz, mes- actualmente não existem. Se há esses animais
mo que na história as explicações obtidas este- possíveis, então há meros possibilia, e o possi-
jam geralmente mais afastadas deste ideal de bilismo é correcto. De acordo com o actualis-
subsunção por leis que as explicações da física. mo, a expressão «esses animais possíveis» é,
A radicalidade das teses associadas à unida- neste contexto, vazia de referência; todavia, se
de da ciência e ao conceito de significado torna tivessem existido animais que actualmente não
hoje muito difícil encontrar um filósofo que se existem, a expressão «esses animais» poderia
considere estritamente neopositivista. O positi- ter sido usada para os referir.
vismo lógico não resistiu às críticas que lhe O possibilismo distingue o ser da existên-
foram dirigidas por filósofos com as mais cia, uma vez que implica que há possibilia não
diversas orientações e interesses, como Karl existentes. Uma motivação para o actualismo é
Popper e Willard Quine, mas o interesse pelos o desejo de evitar tal distinção (mas é natural
problemas discutidos no Círculo de Viena con- dizer que, embora haja acontecimentos, eles
tinua a persistir. O positivismo lógico perma- não existem: ocorrem). No entanto, o possibi-
nece assim como um ponto de referência lismo não está comprometido com outras dou-
incontornável na discussão dos problemas cen- trinas associadas àquela distinção na obra de
trais da filosofia da linguagem, da matemática Meinong, em particular a doutrina de que qual-
e da ciência. Ver também PROPOSIÇÕES PROTO- quer descrição definida «o F» denota o F. Por
COLARES, HOLISMO. PG exemplo, os possibilistas podem negar que «o
mamífero com dez asas sedento» denote o
Ayer, A. J. 1946. Linguagem, Verdade e Lógica. mamífero com dez asas sedento, com base no
Trad. A. Mirante. Lisboa: Presença, 1991. facto de a descrição ser vazia. Poderia ter havi-

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