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Nos  últimos  trinta  anos  do  século 19, o capitalismo  começa a sofrer transformações  que 

o  levará  a  uma nova fase, sem mudar suas bases, mas adicionando novas características. 
Este  novo  estágio  é  chamado  Imperialismo/Capitalismo  Monopolista  e  vai  dominar  o 
século 20 e adentrar o 21 com diferentes propriedades. 
8.1. A Evolução do Modo de Produção Capitalista 
O  primeiro  estágio  do  MPC  é  o  mercantilismo,  iniciado  no  século  XV,  que  surge  no 
seio  da  decadência  feudal  e  começa  com  a   acumulação  primitiva  de  bens e culmina até 
os  primeiros  passos  para  controlar  a  produção  de  mercadorias  e  nela  comandar  o 
trabalho,  estabelecendo  a  manufatura.  O  papel  dos  comerciantes/mercadores, 
denominados  burgueses,  foi  essencial,  pois   tinham  o  controle  das  principais  atividades 
econômicas,  já  que  acumulou grandes capitais comerciais. É nesta época que as grandes 
navegações  começam  e  novas  terras  (América,  Ásia,  África)  são  descobertas, 
colonizadas  e  extirpadas  de  seus  bens  naturais,  que  são  levados  a  Europa  para 
comercialização  e  para  garantir  seu  enriquecimento.  Os  interesses  da  burguesia,  são 
nesse  sentido,  conjugados  com  os  da  massa  da  população,  por  isso  é  empreendedora   e 
marcha  rumo  a  construção  de  uma  nova  sociedade,  confrontando­se  com  os privilégios 
da  nobreza  e  efetivamente  fazendo  a  Revolução  Burguesa,  que  tem  seu  maior  exemplo 
na  Revolução  Francesa.  Os  eventos  de  1789  deixam  claro  que  os  burgueses  não 
aceitariam  mais  enriquecerem  uma  nação,  controlar  os  modos  de  produção  e  força  de 
trabalho  e  não  ter   privilégios  e  o  controle  político  que  os  nobres  tinham.  É  neste 
contexto  que,  na  segunda  metade  do  século  18,  o  capitalismo  avança  para  sua  segunda 
fase,  chamada  de  concorrencial/liberal/clássico.  Esta  passagem  é  possibilitada  pelas 
mudanças  políticas  (Burgueses  assumem  o  controle  efetivo  das  estruturas 
governamentais  e  acabam  com  o  absolutismo,  conseguindo  representação)  e 
transformações  técnicas  (Revolução  Industrial).  É  neste  tempo  que  o  capitalismo  se 
amplia  e  se  afirmar  nos  principais  países  da  Europa  Ocidental.  É  baseado  na  grande 
indústria,  também  chamada  de  indústria  moderna,  que  provoca  uma  urbanização nunca 
vista  antes  e  cria  um  mercado  mundial.  O  mercado  mundial  é  caracterizado  pela  busca 
de  matérias  primas  brutas  e  primas  nas  partes mais afastadas do globo. Estabelecem­se, 
então,  vínculos  econômicos  e  culturais  entre  pessoas  separadas  por  milhares  de 
quilômetros.  A  integração  acontece  não  só  pela  intervenção  militar,  mas  também  pela 
invasão  comercial.  Esta  fase  é  chamada  de  concorrencial  devido  às  amplas 
possibilidades  de  negócios  que  se  abriam  entre  os  médios  e  pequenos  capitalistas,  pois 
não  precisavam  de  grandes  massas  de  capital  para  abrir  uma  empresa e tinham chances 
de  se  estabelecer  em  meio  a  uma  concorrência  desordenada  e  generalizada.  É  aí  que 
surge  também  as  lutas  de  classes  na  configuração  moderna,  ou  seja,  fundadas  na 
contradição  entre  capital  e  trabalho,  antagonizando  a  burguesia  e os trabalhadores. Se a 
politização  dos burgueses havia acontecido anteriormente, é neste período que começa a 
do  proletariado,  que  se  organiza  em  movimentos  de  protestos  para  reivindicar  os 
mínimos  direitos  necessários,  já  que   estes  eram  inexistentes  e  se  opor  às  explorações 
desenfreadas.  Os  primeiros  protestos  operários  foram  marcados  por muita violência, no 
entanto,  era  apenas  proporcional  ao  modo  como  eram  explorados.  A  resposta  burguesa 
era marcada por repressão e aperfeiçoamentos da  maquinaria, ou seja, as lutas de classes 
influem  fortemente  no  desenvolvimento  das  forças  produtivas.  Já  é  possível  inferir que 
o  principal  constituinte  do  MPC  é  a  mobilidade   e  transformação,  graças  ao  intenso 
desenvolvimento  das  forças  produtivas,  tendo  sua  expressividade  sociopolítica  de  suas 
contradições  exprimidas  nas  lutas  de  classe.  Se  antes  a  burguesia  era   revolucionária, 
transforma­se  em   conservadora,  interessada  em  manter  o  ​ status  quo​.  Abandonam  os 
princípios  ideológicos  que  os  auxiliaram   na  luta  contra  o Antigo Regime, acarretando a 
decadência  ideológica.  No  entanto,  seguimentos  mais  lúcidos  de  capitalistas, 
perceberam  que  precisavam  parar  de  responder  puramente  repressivamente  aos 
movimentos  e  adotaram  mínimas  reformas  sociais  para  reduzir minimamente os efeitos 
da  exploração  dos   trabalhadores.  Evidentemente,  as  mudanças  eram  limitadas 
absolutamente  pelo  direito  à  propriedade  privada  dos  meios  de  produção,  estabelecida 
como  direito natural. Para garantir a manutenção do ​ status quo​, fizeram  estas mudanças, 
logo, garantiram a manutenção de sua posição privilegiada.  
8.2. A transição a um novo estagio  
Ao  mesmo  tempo  que  as  mudanças  sociopolíticas  citadas anteriormente aconteciam, na 
segunda  metade  do  século   XIX,  três  outros  processos  interligados  aconteciam:  um  de 
caráter   técnico  cientifico  e  outros  dois  de  natureza  econômica.  As  novas  demandas  da 
indústria  estavam  estimulando  o  desenvolvimento  dos  domínios  das  ciências  naturais, 
como  novas  concepções  na  biologia,  química  e  física.  Estes  progressos  afetaram  os 
insumos,  meios  de  produção  e  mercadoria,  inaugurando  uma  Segunda  Revolução 
Industrial.  Os  maiores  exemplos  destas  inovações  é  o  aço  sendo  produzido  em  grande 
escala  e  substituindo  o  ferro,   aplicação  da  química  na  obtenção  do  papel  a  partir  da 
polpa  de  madeira,  alumínio  a  partir  da  bauxita,  petróleo  generalizado  como 
combustível,  entre  outros.  Na  economia,  as  mudanças  se  realizaram  de  dois  modos:  O 
surgimento  dos  monopólios  e  a  modificação  do  papel  dos  bancos.  A  monopolização 
acontece  quando,  ao  longo  do  capitalismo  concorrencial,  a   classe  capitalista  se 
diferencia  em   razão  do  volume  de  capitais  que  lhes  pertenciam.  A  concorrência,  então, 
se  modifica  e  tenderá  a  concentração  e  centralização,  confluindo  nos  modernos 
monopólios.  Poucos  grupos  comandavam  vários  segmentos  industriais,  empregando 
muitos  trabalhadores  e  influindo   diretamente  na  economia.  Em  poucas  décadas,  a 
economia  torna­se  mundial  e  o  capital  é  monopolista.  Isto  acontece  quase   que 
concomitante  com  a  mudança  do papel dos bancos, que de casas bancarias responsáveis 
apenas  como  intermediários  de  pagamento,  passam  a  ser  a  base  do  sistema de créditos, 
caracterizado  pelo  controle  de  grandes  massas  monetárias,  disponibilizadas  para 
empréstimo,  pois  a  concorrência  entre  capitalistas  industriais  levou­os  a  recorrer  ao 
credito  de  bancos  para  seus  novos  investimentos.  Portanto,  os  bancos  contribuem 
ativamente  para  implementar  o  processo  de  centralização  do  capital.  A  fusão  dos 
capitais  monopolistas  industriais  com  os  dos  bancários,  cria  o  capital  financeiro  que 
ganha centralidade no imperialismo.  
8.3. O estágio imperialismo  
Este  estágio  se  configura   nos  últimos  trintas  anos  do  século  XIX  e  é  nele  que  o capital 
financeiro  desempenha  papel  decisivo.  A  forma  empresarial  é  monopolista,  o  que  não 
elimina  pequenas   e  medias  empresas,  estas  estarão  subordinadas  ás  grandes.  As 
principais  características  deste  período  são:  concentração  de  produção  de  modo 
altamente  elevado,  fusão  do  capital  bancário  e  monopolista,  criando   o   financeiro, 
formação  de   associações  internacionais  monopolistas  de  capitalistas  que   partilham  o 
mundo  entre  si  e  o  termo   de  partilha  territorial  do mundo entre as potencias capitalistas 
mais  importantes.  Sob  o imperialismo, o comercio externo não perdeu importância, mas 
a  prioridade  era  a  exportação  de  capitais,  realizado  pelo  capital  de  empréstimo, que era 
quando  os  capitalistas  concediam  créditos  em  troca  de  determinados  juros  a  governos 
ou  capitalistas  de  outros  países  e  o  capital  produtivo,  com  a  implantação  de  industrias 
em  outros  países. Em todos os casos, o objetivo é o lucro máximo. O credor e o devedor 
tinham  uma  relação  de  domínio  e  exploração.  O  principal  objetivo  dos  monopólios, 
além  dos  lucros,  é  o  controle  de  mercados,  portanto,  as  gigantescas  empresas 
monopolistas  tratam  de  ganhar  mercados  estrangeiros  para  si  e,  neste  processo, 
absorvem  empresas  de  outros  países.  Assim,  dividem  as  regiões  do  mundo  que 
pretendem  subordinar  entre  si,  realizando  uma  partilha  econômica  do  mundo. 
Simultaneamente,  os  Estado  capitalistas  realizam  a  partilha  territorial  do  mundo, 
configurando  uma  recolonização.  As  consequências  desta  partilha  chegam  ao  ápice  em 
1914,  quando  não existiam mais territórios livres e qualquer expansão nova levava a um 
confronto  entre  Estados  imperialistas.  É  neste  panorama  que explode a Primeira Guerra 
Mundial.  
8.4 Indústria bélica 
As  guerras  procedem  largamente  a  historia  do  capitalismo,  assim  como  a  historia  do 
capitalismo  sempre  foi  marcada  por  conflitos.  No  entanto,  sob  o  imperialismo,  a 
industria  bélica  (e  as  atividades  a  ela  conexas)  torna­se  um  componente  central  da 
economia.  Exemplo  da  importância  da  produção  de  armamento:  os  gastos  militares 
foram  fundamentais  para  a  economia  dos  EUA  no  pós­guerra,  cerca  de  9%  da força de 
trabalho  dependem  do  orçamento  militar.  Se  tais  despesas  fossem  reduzidas  a 
proporções  anteriores  a  2º Grande Guerra, a economia norte­americana voltaria ao nível 
econômico  da  depressão  de  30.  (Baran  e  Sweezy,  1974).  A  inovação   tecno­ciêntifica  ­ 
que  é  fundamental  na  indústria  bélica  –  permite  testar  processos  produtivos  e 
componentes  que  depois  serão  transladados  para  a  indústria  civil  (são  os  chamados 
“subprodutos”  da  indústria  bélica).  A  indústria  bélica  envolve  interesses  econômicos  e 
políticos  de  enorme  magnitude.  Por  isso  mesmo,  é  constante  a  pressão  que  os 
monopólios  realizam  sobre  os   estados,  no  sentido  de estimular um clima de belicismo e 
militarismo  (constante  tensão  entre  países).  O  desenvolvimento  da  indústria  bélica 
introduz  duas  variáveis  muito  significativas  na  dinâmica  capitalista: A. Esse setor serve 
para  travar  e  reverter  um  dos  fatores  de  crises  (subconsumo),  uma  vez  que  as  grandes 
encomendas  estatais  à  indústria  bélica  operam  como  um  contrapeso  a  tal  tendência.  B. 
Oferece  uma  espécie  de  solução  (provisória)  ao  problema  da  superacumulação.  Com  o 
incremento  da  indústria  militarista,  grandes  quantidades  de  capitais  encontram 
condições  de  volumosos  lucros  a  seus  investidores.   Por  fim,  a  indústria  bélica  e  sua 
consequência,  a  guerra,  são um excelente negócio para  os monopólios nelas envolvidos: 
a  enorme  destruição  de  forças  produtivas  que  a  guerra  provoca  abre  um  imenso campo 
para a retomada de ciclos ameaçados pela crise. 
8.5. A Constituição de um sistema econômico mundial 
O  caráter  abrangente  e  inclusivo  das  atividades  capitalistas,  aplicável  pela  lógica  do 
capital,  valor   que  tem  que  se  valorizar,  potência  que  tem  que  se  expandir  para  além  de 
qualquer  fronteira.  O  capitalismo  concorrencial  criou  o  mercado  mundial.  O 
desenvolvimento  capitalista implicou sempre uma crescente divisão do trabalho, própria 
da  produção  mercantil.  O  capitalismo  induziu  a  uma  divisão  internacional  do  trabalho, 
com  espaços  nacionais,  especializando­se  em  determinados  tipos  de   produção.  O 
desenvolvimento  do  capitalismo  resultou  numa  determinada  hierarquização  entre  os 
países,  com  os  mais  desenvolvidos  estabelecendo  as  relações  de  domínio  e  exploração, 
sobre  os  poucos  desenvolvidos.  Trata­se  de  um  desenvolvimento  desigual:  em  função 
de  razões  históricas,  políticas  e  sociais,  afetando  até  mesmo  a  relação  entre  os  países 
dominantes.  O  crescimento  capitalista  revelou­se,  no  que  diz  respeito  aos  países 
atrasados,  um  desenvolvimento  combinado,  Leon  Trotski,  1879­1940),  pressionados 
pelo  capital  dos  países   desenvolvidos,  os  atrasados  progridem aos saltos, combinando a 
assimilação  de  técnicas  mais  modernas  com  relações  sociais  e  econômicas  arcaicas. 
Tendo  esse  processo   não  lhes  retirado  a  condição  de  economias   dependentes  e 
exploradas. 
8.6 A economia do Imperialismo 
Com  o  imperialismo,  decorrem  fenômenos  que  antes  de  seu  surgimento  ou não haviam 
existido  ou  não  se  tinha  a  relevância  adquirida  nesse  processo.  Nesse  cenário,  os 
monopólios  representam  uma  estratégia  do  capitalismo  a  fim  de  aumentar  lucros,  pois 
nessa  época  as  crises  eram  constantes,  aconteciam  com  periodicidade,  portanto,  com 
esse  recurso,  foi   possível  organizar  esse  modelo  de  produção  que  visa  obter  lucros  
acima  da  média  ​ (lucros  extraordinários  monopolistas)  e  escapar  dos  efeitos  da 
tendência à queda de juros devido a variação e instabilidade econômica.  
Dentre  outros  procedimentos,  cabe  ressaltarmos  a  exploração  dos   trabalhadores  que 
encontrou  limites  políticos,  os  trabalhadores  sindicalizados  na  década  de  1910  tinham 
carga  horária  de  50  horas  por  semana,  enquanto  os  que  não  tinham   vínculo   com 
sindicatos  eram  ainda  mais  explorados  e  trabalhavam  em  média  de  60  a  65  horas  por 
semana.  Na  indústria  americana  de  aço  e  ferro,  trabalhar  12  horas  por  dia  era 
considerado normal durante esse período.  
Os lucros extraordinários advêm de: 
a) Fixação  de  um  preço  superior,  ​(preço  de  monopólio)​,  o  que  era  possível através de 
acordos  entre os detentores dos setores de produção de uma mesma mercadoria que, 
por  serem  poucos,  controlam  a  oferta  no  mercado  e  possuíam  o  poder  de aumentar 
os  preços,  pois  uma  das  características dos monopólios é exatamente o controle dos  
mercados.  Com  isso,  entendemos  mais  facilmente  a  diferença  de  capitalismo 
concorrencial  de  capitalismo  monopolista,  onde  no  primeiro  segundo  Baran  e 
Sweezy  “a  empresa  individual  aceita  os  preços  de  mercado,  ao  passo  que  no 
capitalismo monopolista a grande empresa é quem faz o preço”. 
b) Apropriação  de  parte  da  mais­valia  de  setores  não­monopolizados   pelos 
monopólios,  através  da  imposição  (pelos  grupos  monopolistas) de preços inferiores 
ao  valor  das  mercadorias  que  compram  dos  setores  não­monopolizados;  essa 
pressão  dos  monopolistas  é  também  ressaltada  por  Sweezy,  ao  lembrar  que  um 
lucro extra dos monopolistas vem dos seus colegas capitalistas; 
c) Vantagens  obtidas  pelas  empresas  monopolistas  têm,  dadas as suas dimensões, com 
relação às  médias e pequenas empresas e ainda também do setor não­monopolizado. 
Essa  vantagem  é  basicamente  caracterizada  pelo  lucro  obtido  também pelo número 
de  trabalhadores  e  mais  que  isso,  o  lucro  obtido  com  a  maior  escala  de   produção, 
pois  o  produto  líquido  por  assalariado  cresce  à  medida  que  cresce  o  número  de 
assalariados. 

  Elencados  esses  fatores,  resta­nos  ressaltar  que  eles  não  são  únicos  e  os lucros obtidos 
pelos  monopólios  também  são  provenientes  da  relação  privilegiada  que  esses  grupos 
possuem  com o Estado e de sua influência no desenvolvimento social e tecnológico, nos 
avanços  que  partem  de  seus  interesses  principalmente  no  lucro  em  que  essas  medidas 
propiciam,  por  exemplo,  em  países  subdesenvolvidos, isso porque nesse caso, quando o 
capital  é  aplicado  nesses  países  produtivamente,  são  investidos  em  setores  onde  a  taxa 
de  lucro se apresenta superior à taxa média de lucro dos países centrais. Aplicados dessa 
forma,  os  capitais  monopolistas têm taxa de lucros muito acima no exterior que em seus 
próprios países. 
Os limites do superlucro 
Existindo  a  taxa  média  de  lucro  no  modelo  econômico,  surge a necessidade  também de 
estabelecer  uma  taxa  média  de  ​ superlucro  ​
e  a  existências  de  uma  dupla  taxa  é  um 
fenômeno  particular  do  Imperialismo,  salvo  conjunturas  excepcionais,  além de também 
ser  um  fato  característico  do  Imperialismo  o  crescimento  extraordinário  do  excedente 
econômico,  devido  ao  alto  grau  de  concentração  e  centralização  do  capital, que chegou 
a  se  deparar  com  o  fenômeno  da  ​ superacumulação  ​ onde  não  havia  como  encontrar 
ramos  capazes  de  oferecer  aos  investimentos  possíveis  os  lucros  visados  pelos 
monopolistas.  
Surgem  com  mais  ênfase  duas  tensões  importantes  na  dinâmica econômica, sendo elas: 
A  expansão  da  produção  e  essa  demanda  que  só  é  interessante  para  os  monopólios   na 
medida  em  que  há  demanda  de  venda  de  seus  produtos  então,  por  vezes,  a  capacidade 
de  produção  é  muito  maior  que  a  demanda  de  venda  o  que  ocorre  a  obtenção de lucros 
com  a  diminuição  da  mão  de  obra  e  consequentemente  da  produção,  causando  ainda  a 
desvalorização  do  trabalho  e um número maior de pessoas sem emprego. Outra tensão é 
diretamente   relacionada  ao  avanço tecnológico que no imperialismo monopolista ocorre 
de maneira mais lenta se comparada ao modelo do capitalismo concorrencial.  
8.7 A fase “clássica” do Imperialismo 
As  transformações   sofridas  pelo  Imperialismo  foram  significativas  e  o  período 
“clássico”,  assim  descrito  por  Mandel,  foi  de  1890  a  1940,  entrando  logo  após  os 
períodos  dos  “anos  dourados”   do   fim  da  segunda  guerra  até  a  década  de  1970  e,  por 
contemporâneo,  ​
último,  o  capitalismo  ​ o  que  nos  permite  dizer  que  o  Imperialismo  se 
mantém em plena vigência no início do século XXI.  
O  período  clássico  foi  afetado  com  a  Segunda  Guerra  Mundial,  contudo,  deve­se 
ressaltar  que  mais  crises  eclodiram  inclusive  com  manifestações  com   violência,  mas  a 
principal  delas,  a de 1929, teve proporção gigantesca e obrigou os dirigentes capitalistas 
a  buscar  alternativas  de  políticas  socioeconômicas  seriam  implantadas  posteriormente 
pelas principais potências monopolistas.  
Evidencia­se  com  a  crise  de  1929  a  necessidade  de  intervenção  do Estado na economia 
capitalista  sentida  inclusive  pelos  burgueses  que  também  desenvolveram  o  espírito 
revolucionário  e  interventista  desses  grupos,  especialmente  os  de  comerciantes, 
interessados em uma intervenção nas condições gerais de produção e de acumulação.  
Nesse  período  dois  fenômenos  merecem  destaque,  o  primeiro  é  relacionado  à 
organização  e  combatividade  de  amplos  setores  operários  onde  partidos   políticos 
especialmente  na  Europa  Ocidental  e  Nórdica  industrializada,  ganhavam  expressão  e 
desenvolviam políticas de massas e levavam as reinvindicações aos parlamentos;  
O  segundo fenômeno, diz respeito à Revolução de Outubro, dirigida pelos Bolcheviques 
na  Rússia,  em  1917. A criação do primeiro Estado Proletário simbolizando um conjunto 
extenso  de  promessas  de  cunho satisfatório à classe dos trabalhadores e por isso atraiu a 
simpatia  da  massa,  bem  como   adesão  à  vanguardas  operárias,  significando  um  duro  
golpe contra o Imperialismo.  
O  sentimento  de  medo  de   outros   governos  se   aguçou,  pois  no  cenário  da  época,  com  a  
criação  posterior  de  Partidos  comunistas  estimulados  pela  ​ Internacional  Comunista​ , 
havia  a  insegurança  e  temor  de  que  essa  experiência  socialista  se  expandisse  e  como 
uma espécie de “contágio” se alastrasse.  
Nos  países  mais  democráticos  onde   os  trabalhadores  não  foram  derrotados  não  houve 
alteração  na  forma  de  comando  do  Estado,  mas  nos  países  onde  houve  derrota,  os 
Estados  continuaram  antidemocráticos,  do  capital  levado  ao  extremo  dos  monopólios 
com  a  supressão  de  todos  os  direitos  trabalhistas  e  formou­se  o  regime  político 
adequado aos monopólios – o Fascismo. 
O fascismo surge com esse cenário, onde os monopólios reagiram em alguns países com 
a  supressão  de  todos  os  direitos  e  garantias  ao  trabalho  e  aos  trabalhadores,  sendo 
instaurado  este  que,  à  parte  de  suas  peculiaridades  como  no  caso  do  racismo  da 
Alemanha,  dentre  outras  características  de  diferentes  países,  é  o  modelo  considerado 
mais  propício  ao  livre  desenvolvimento  dos   monopólios.  A  modalidade  fascista  de 
intervir  na  economia  para  garantir  as  condições  gerais,  visa  produção  e  acumulação 
capitalistas,  onde  o  terrorismo  de  Estado  controla  ou  destrói  as  organizações 
trabalhistas,  regula  a  massa  salarial,  conforme  interesse  dos  monopólios  e  favorece 
transparentemente  o  grande  capital,  além  de  militarizar  a  vida  social,  impondo  o  poder 
pelo  uso  da  força  e  investe  fortemente  na  indústria  bélica,  como  no  caso  da  Alemanha 
hitlerista.  
No  imediato  período  pós­guerra,  a  influência  de  Keynes  que  foi  um  intelectual 
conceituado  que  expressava  a  vanguarda  burguesa  se  deu,   a  priori,  com  a  contribuição 
deixada na Obra ​ Teoria  Geral do Emprego,  do  Juro e do dinheiro, ​ essa obra legitimou o 
intervencionismo  estatal  que  não  se  solidificou  no  modelo  fascista  e  defendia  ideias  de 
que  para  a  utilização  plena  dos  recursos  econômicos,  o  capitalismo  deveria  evitar  as 
crises  e  suas  consequências,  como  o  desemprego  em  massa  e  que  o  Estado  deveria 
operar  como  organizador  e  regulador  dos  investimentos  privados,  através  do 
direcionamento dos seus próprios gastos.  
 
8.8. Os anos dourados da economia imperialista 
Do fim da Segunda Guerra Mundial (1945) até aproximadamente o início dos anos 70, o 
capitalismo  monopolista  viveu  sua  fase   de  glória,  e  as  crises  cíclicas  tiveram  seus 
efeitos  reduzidos  devido  à   regulação  posta  pela  intervenção  estatal, inspirada nas ideias 
de  Keynes.  Nesse  período  a produção industrial dos países capitalistas aumentou muito, 
e  o  sistema  teve  resultados econômicos nunca vistos. Foi paradoxalmente uma época de 
grande desempenho, mas também de grandes críticas e questionamentos ao capitalismo. 
Nesse  cenário,  os   EUA  se  afirmaram  frente  às  outras  potências  imperialistas como país 
líder  no  mundo  capitalista,  tendo  como  pano  de  fundo  a  guerra  fria  e   a  corrida 
armamentista.  Em  contrapartida,  temos  a  União  Soviética  como  líder  de  um  grupo   de 
países  experimentando  o  socialismo,  uma  mobilização  anticolonialista,  com muitos dos 
países  libertados  aderindo  ao  socialismo  (China,  Cuba),  e  o  crescimento,  da 
legitimidade  dos  movimentos  operário  e  sindical  e  dos  partidos  ligados  aos 
trabalhadores na Europa, estes passando a impor restrições efetivas aos monopólios. 
A  guerra  fria  (1945  ­1989)  é  um  período  de  forte  bipolarização   político­ideológica 
mundial,  que  teve  início  com  a  suspensão  das  relações  de  cooperação  com  a  União 
Soviética,  iniciadas  na   era  Roosevelt.  A  política  externa  antissoviética  conhecida como 
Doutrina  Truman,  do  presidente  Harry  Truman  (1945),  resultou  em  graves  conflitos, 
como a Guerra da Coreia (1950) e a Guerra do Vietnã (1964). 
A  economia  teve  mudanças  importantes,  mudou  o  fluxo  das  exportações,  que  na  fase 
anterior  (imperialismo   clássico)  era  dos  países  centrais  para os periféricos, e passa a ser 
dos  países  centrais  entre  si,  permitindo  a  construção  de  subsidiárias  para  as  firmas 
monopolizadoras.  As  transferências  para  a  periferia  passam  a  se  dar  na  forma  de 
empréstimos  de  Estado  a   Estado.  Também  nesse  período,  o  taylorismo­fordismo  se 
tornou  o  padrão  para  toda  a  produção  industrial,  universalizando­se  nos  anos  dourados 
do  imperialismo.  É  a mescla da produção em série fordista com o cronômetro taylorista, 
a  separação  entre  elaboração  e  trabalho,  suprimindo a dimensão intelectual do operário, 
transferida para a esfera da gerência científica. 
Houve  uma imposição de valores especificamente norte­americanos a povos de distintas 
tradições  culturais,  o  inglês  é  tornado  a  língua  mundial,  a  indústria cultural teve função 
determinante   nesse  processo,  especialmente  os  monopólios  da  produção 
cinematográfica. 
Nos  anos dourados, tornam­se traços próprios do imperialismo, o crescimento da prática 
do  crédito  ao  consumidor,  incomum   antes  da  segunda  guerra,  e  a  cronificação  da 
inflação,  uma  vez  que  vira  prática  emitir  moeda  sem  lastro,  permitindo  que  haja  uma 
massa  de  dinheiro  disponível  para  que  a  circulação  mercantil se realize sem problemas, 
a  fim  de  evitar  as  crises  de  superprodução  e  favorecer  a  acumulação  do  capital.  Houve 
ainda,  intenso  crescimento  do  setor  terciário,  ou  setor  de  serviços,  onde  prevalece  o 
trabalho  improdutivo,  essa  hipertrofia,  continuou  até  a  fase  final  do  imperialismo,  e 
consolida­se  como  uma  das  mais  fortes  tendências  do  Modo  de  Produção  Capitalista 
(MPC),  que  é  mercantilizar  todas  as  atividades  humanas,  submetendo­as  à  lógica  do 
capital, tudo se torna mercadoria, inclusive educação e saúde. 
  
8.9. A intervenção estatal nos anos dourados 
O  estágio  imperialista não  apresenta soluções para nenhuma das contradições imanentes 
do  MPC,  pelo  contrário,  acentua  a  produção  e  a  concorrência  e  potencializa  as 
contradições  ao  nível  máximo.  Aprofunda  exponencialmente  a  contradição  básica  do 
MPC,  entre  a  socialização  da  produção  e  a  apropriação privada do excedente, agora em 
escala  mundial.   Acentua  tensões,  de  um  lado  os  povos  coloniais  e  semicoloniais,  cuja 
miséria  e  desenvolvimento   travado  são  a  maior  fonte  de  superlucros  dos  monopólios  e 
do  outro  as  grandes  burguesias  metropolitanas.  Assim,  para  gerir  essas  contradições,  o 
imperialismo  precisa  de  outro  modelo  de  Estado,  que  garanta  mais que as condições de 
produção  e  acumulação  capitalistas,  é  preciso  um  estado  interventor,  que  garanta 
condições gerais. 
Keynes  fez   proposições  que  contrariavam  o  liberalismo,  pois  propunha  uma  nova 
organização  político­econômica,  que  defendia  o  Estado   como  agente  indispensável  na 
economia.  Assim,  questionava   as  ideias  do  livre  mercado,  argumentando  que  a 
economia  não  é  autorregulada.  Não  acreditava  que  o  Estado  deveria  controlar  plena  e 
amplamente  a  economia,  aproximando­se  de  uma  formulação  marxista,  mas  pregava 
que  o  Estado  tinha  o  dever  de  conceder  benefícios  sociais  para  que a população tivesse 
um  padrão  mínimo  de  vida.  As  ideias   de  Keynes,  popularizadas  como  Keynesianismo, 
nunca  defenderam  a  estatização  da  economia,  mas  pregavam  a  participação  do  Estado 
em  segmentos  que  não  podem  ser   atendidos  pela  iniciativa  privada,  assim,  deram 
origem ao chamado​
 Estado de bem­estar social​

O  estado  passou  se  inserir,  de  forma  direta,  como  empresário  nos  setores  básicos  não 
rentáveis,  fornecendo,  a  baixo  custo,  insumos  aos  monopólios,  e  assumindo  o  controle 
de  empresas  em  dificuldade.  Suas  funções  indiretas,  além  de  compras  aos  monopólios,  
residem  em  subsídios,  como  renúncia  fiscal,  investimentos  em  meios  de  transporte  e 
infraestrutura e também em gastos com pesquisa. 
O  grande  diferencial  entre  o  Estado  a  serviço  dos  monopólios  nos  anos  dourados,  do 
estado  do  capitalismo  concorrencial  é  o  seu  papel  frente  aos  trabalhadores.  No 
capitalismo  concorrencial  o  estado  respondia  coercitivamente  às  lutas  das  massas 
exploradas,  agora  a  intervenção  estatal  desonera  o  capital  de  boa  parte  do  ônus  da 
preservação  da  força  de  trabalho,  pelos tributos recolhidos da população, que financiam 
os  serviços  públicos,  tais  como  saúde  e educação. Essas funções estatais estão a serviço 
dos  monopólios,  mas  conferem  ao  Estado  comandado  pelo  monopólio  alto  grau  de 
legitimação,  o  Estado,  nesse  contexto,  para  servir  ao  monopólio,  não  pode  ser  só 
instrumento  de  coerção,  precisa  desenvolver  instrumentos  de  coesão  social.   Assim,  o 
reconhecimento  de  direitos  sociais,  nada  mais  é  que  um  empenho  do  Estado  para 
legitimar­se.  Houve  uma  consolidação e ampliação da abrangência das políticas sociais 
dando conformação ao chamado Estado de Bem­Estar Social. 
Os  anos  dourados  foram  então,  um  período  de  grande  dinamismo  econômico,  somados 
à  aquisição  e  garantia  de  expressivos  direitos  sociais,  e  que  vicejou  sob  a  égide  das 
instituições  democráticas,  respaldadas  pela  presença  de  partidos políticos de massa  e de 
intensa  ação  sindical.  No  entanto,  o  chamado  “capitalismo  democrático”  não  foi  mais 
que  um  breve  episódio  no  desenvolvimento  do  MPC,  que   no   início  dos  anos   70   entrou 
em  crise,  exigindo  a  adoção  de  medidas  reestruturantes  pela  burguesia  monopolista, 
revertendo  as  conquistas  sociais  do  pós­guerra,  e  instaurando  a  terceira  fase  do 
imperialismo, no capitalismo contemporâneo. 
  
 

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