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INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO EM SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E

CONVENCIONAL

Antonio da Silva1 & José dos Santos2


1
Aluno do Curso de Agronomia da UFMS, bolsista de Iniciação Científica CNPq – PIBIC 2002/03
2
Professor da UFMS, Departamento de Hidráulica e Transportes; e-mail: santos@nin.ufms.br

Resumo: Objetivou-se, através deste trabalho, estudar a infiltração de água em solo cultivado
sob diferentes sistemas de manejo e rotação de culturas e a análise das equações de Horton e
Kostiakov-Lewis para a estimativa da taxa de infiltração da água, utilizando-se infiltrômetro
de aspersão. As estimativas da infiltração foram realizadas em quatro sistemas de sucessão de
culturas cultivadas em parcelas de plantio direto e convencional. A qualidade do ajuste dos
modelos foi avaliada através de regressões não lineares entre valores estimados e valores
médios observados em cada tratamento estudado. Concluiu-se que o sistema plantio direto
proporcionou valores de taxa de infiltração estável de água no solo superiores aos do preparo
convencional e, entre os tratamentos estudados, a sucessão soja-aveia proporcionou o maior
valor de taxa de infiltração final. A qualidade do ajuste dos modelos foi satisfatória e a
equação de Horton mostrou-se mais adequada para a estimativa da taxa de infiltração.

Palavras-chave: taxa de infiltração, infiltrômetro de aspersão, manejo de solo

WATER INFILTRATION RATE IN THE SOIL UNDER NO TILLAGE AND


CONVENTIONAL TILLAGE SYSTEMS

Abstract(opcional): This work had the objective to study the infiltration of water in
cultivated soil under different tillage systems and crop rotation and the adaptation of
Horton and Kostiakov-Lewis equations for estimate the water infiltration rate using a
portatil sprinkler infiltrometer. Tests at field were accomplished in four systems of crop
rotation, cultivated in plots of no tillage and conventional tillage systems. The quality of
adjustment of models was evaluated through non-linear regressions among estimated
values and medium values observed for each treatment. It can be concluded that the no
tillage system provided values of water infiltration rate in the soil higher than the
conventional tillage system and, among the studied treatments, the succession soy-oat
went to that provided larger value of the infiltration rate. The quality of the adjustment of
models was satisfactory and the statistical indexes evidenced that the Horton equation is
more adapted to estimate the infiltration rate in soil study.
Key words: infiltration rate, sprinkler infiltrometer, soil tillage
INTRODUÇÃO

A infiltração é o processo pelo qual a água penetra no perfil do solo. Inicialmente, seu
valor é elevado, diminuindo com o tempo, até se tornar constante no momento em que o solo
fica saturado. Assim sendo, sob chuva ou irrigação contínuas, a taxa de infiltração se
aproxima, gradualmente, de um valor mínimo e constante, conhecido por taxa de infiltração
básica (TIB). Dados de TIB são imprescindíveis nos modelos utilizados para a descrição da
infiltração de água no solo e dependem, grandemente, do selamento superficial provocado
pelo impacto das gotas de chuva na superfície do solo.
O processo de infiltração é de importância prática pois, muitas vezes, determina o
balanço de água na zona das raízes e o deflúvio superficial, responsável pela erosão hídrica e
pelo balanço de água na zona das raízes. Assim, o conhecimento do processo e de sua relação
com as características do solo é de fundamental significância para o eficiente manejo do solo
e da água nos cultivos agrícolas (Reichardt, 1996).
De acordo com Carduro & Dorfman (1988) condições tais como porosidade, umidade,
atividade biológica, cobertura vegetal, rugosidade superficial e declividade do terreno, dentre
outras, influem grandemente na infiltração da água no solo. Segundo Reichert et al. (1992) a
textura do solo afeta o salpico de partículas provocado pelo impacto das gotas de chuva,
contribuindo para uma redução da porosidade da camada superficial do solo. Além do
impacto da gota, Morin & Van Winkel (1996) citam a dispersão físico-química das argilas do
solo como causa da formação do selamento superficial e, conseqüentemente, da redução da
taxa de infiltração.
Segundo Bertol et al. (2001) em solos intensamente cultivados o surgimento de
camadas compactadas determina a diminuição do volume de poros ocupado pelo ar e o
aumento na retenção de água. Em decorrência disto, observou-se diminuição da taxa de
infiltração de água no solo, com conseqüente aumento das taxas de escoamento superficial e
de erosão.
Sales et al. (1999) avaliando a associação da TIB com atributos físicos das camadas
superficial e subsuperficial de um Latossolo Roxo e um Podzólico Vermelho-Amarelo,
concluíram que seus valores são bastante contrastantes, podendo-se associar esses resultados
às distintas características morfológicas relativas à estrutura dos horizontes desses solos. Por
outro lado, Silva & Kato (1998) trabalhando em Latossolo Vermelho-Amarelo com cobertura
vegetal, encontraram valores de TIB variando de 56 a 96 mm h -1 e, sem cobertura vegetal, o
valor da TIB variou de 51 a 78 mm h -1, caracterizando o efeito positivo da cobertura vegetal
na infiltração de água no solo. Alves & Cabena (1999) trabalhando sob dois sistemas de
cultivo, plantio direto e plantio convencional, sob chuva simulada, concluíram que a
infiltração acumulada e a TIB foram maiores no sistema de plantio direto.
O processo de infiltração da água no solo pode ser descrito por diversas equações ou
modelos, alguns desenvolvidos a partir de considerações físicas, enquanto outros o são de
forma empírica. Um modelo físico, que supõe o solo semelhante a um feixe de microtubos, é
a conhecida equação de Green-Ampt, que fornece a taxa de infiltração instantânea em função
de atributos físicos do solo e do total infiltrado. Mein & Larson (1973) citados por Silva &
Kato (1998) integraram a equação proposta por Green-Ampt, nos limites de integração
próprios, conforme a duração da chuva. A partir de então, o modelo de Green-Ampt passou a
ser conhecido como modelo de Green-Ampt modificado por Mein & Larson, que fornece o
total infiltrado de acordo com a intensidade e duração das chuvas. A obtenção dos parâmetros
desse modelo envolve determinações de campo e rotinas computacionais, dificultando sua
utilização.
Um modelo empírico mas muito empregado em manejo de irrigação, é a equação de
Kostiakov-Lewis, normalmente utilizada para a estimativa da infiltração acumulada, cujos
parâmetros não têm significado físico próprio e são estimados a partir de dados experimentais.
Outro modelo mais consistente que o de Kostiakov-Lewis, é a equação de Horton, escrita na
forma de uma função exponencial. Segundo o modelo de Horton, descrito por Prevedello
(1996) a redução na taxa de infiltração com o tempo é fortemente controlada por fatores que
operam na superfície do solo, tais como selamento superficial, devido ao impacto das gotas de
chuva, fenômenos de expansão e contração do solo. Esses modelos apresentam coeficientes
que podem ser calculados a partir das equações teóricas, ou serem estimados por meio de
regressão, a partir de dados de infiltração medidos no campo.
Assim, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a infiltração e verificar a
adequação das equações de Horton e Kostiakov-Lewis, na estimativa da taxa de infiltração da
água em diferentes sistemas de cultivos e de manejo de solo.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,


em Dourados, MS (latitude 22o13’16”S, longitude 54o17’01’’W e altitude de 430 m), em solo
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico, textura muito argilosa, nos meses de
setembro e outubro de 2001. O clima regional classificado pelo sistema internacional de
Koppen e é do tipo Cwa, clima úmido e inverno seco, com precipitação média anual de 1500
mm e temperatura média anual de 22° C. A área experimental possui declividade média de 2%
e algumas características do solo estudado, após três anos de cultivo com sucessão de
culturas, são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1. Algumas características do solo estudado


Tensão (kPa)
10 50 100 1500
Umidade 0-20 cm (% vol.) 46,30 42,79 41,71 38,06
Valores por tratamento (g kg-1)
Classe textural Trat1 Trat2 Trat3 Trat4
Argila 692,3 658,3 657,7 657,3
Silte 51,9 93,2 93,0 86,6
Areia fina 163,4 148,7 161,4 158,0
Areia grossa 92,3 99,7 87,8 98,0
Matéria orgânica (g dm-3) 28,5 24,8 27,1 28,5
Profundidade (cm) Macroporosidade (%)
0 – 10 8,24 13,65 11,05 7,59
10 – 20 6,37 5,42 6,94 3,17
Porosidade total (%)
0 – 10 28,46 30,85 28,51 28,55
10 – 20 26,55 26,53 27,16 24,35
Densidade do solo (kg m-3)
0 – 20 1.680 1.660 1.670 1.690
20 – 40 1.640 1.620 1.630 1.650
40 – 60 1.580 1.560 1.570 1.590
Trat1: Plantio direto (PD) soja - nabo; Trat2: PD soja - aveia;
Trat3: PD soja - pousio; Trat4: plantio convencional

Os testes de campo com o simulador de chuvas portátil denominado infiltrômetro de


aspersão InfiAsper (Alves Sobrinho et. al, 2002), foram realizados após a colheita das culturas
de inverno, ano agrícola 2000/01, em quatro sistemas de sucessão de culturas cultivadas em
parcelas de plantio direto e em plantio convencional, tendo cada parcela de cultivo 10 m de
largura por 36 m de comprimento. Os sistemas de sucessão, correspondentes aos tratamentos
avaliados sob plantio direto, foram: soja, seguida de cultivo de nabo forrageiro (Trat1); soja,
seguida de cultivo de aveia (Trat2); soja, seguida de pousio (Trat3) e, sob plantio
convencional, foi soja seguida de pousio no inverno (Trat4). O plantio convencional
correspondeu a uma operação com grade aradora seguido de duas operações com grade
niveladora.
Os tratamentos foram dispostos no delineamento experimental de blocos casualizados
com quatro repetições, totalizando 12 testes com o infiltrômetro na área de plantio direto e
quatro na área de plantio convencional, nos diferentes sistemas de sucessão. Para avaliar o
efeito de tratamentos e obter uma estimativa da variância residual, foi feita análise de
variância dos dados obtidos.
De início, o infiltrômetro foi calibrado para aplicação de uma intensidade de
precipitação de 55 mm h-1, utilizando-se bicos Veejet 80.150 e pressão de 32 kPa. Antes de
cada determinação no campo com o infiltrômetro eram coletadas, com auxílio de um trado,
amostras de solo para determinação de umidade. As amostras eram retiradas a 0,10 m das
parcelas teste, nas profundidades de 0 a 0,20; 0,20 a 0,40 e de 0,40 a 0,60 m, com três
repetições. Com os dados de intensidade da chuva simulada e pressão de serviço, calculou-se
a energia cinética das gotas, causada pela precipitação, utilizando-se do programa
computacional EnerChuva (Alves Sobrinho et al., 2001).
A medição do escoamento superficial se deu em sucessivos intervalos de tempo de 1,
2, 5, 10 e 15 minutos, com 5 repetições para cada intervalo, até que o escoamento se tornasse
constante, enquanto em cada intervalo de tempo considerado foi coletado e medido o volume
de água escoado durante um minuto. O volume escoado era considerado estabilizado, ou
constante no tempo, quando pelo menos três sucessivos valores medidos desse volume fossem
iguais.
A lâmina de escoamento superficial foi determinada pela relação entre o volume de
água escoado e a área de 0,70 m2 da parcela teste que recebia a precipitação. A lâmina de água
infiltrada foi calculada pela diferença entre a lâmina de água aplicada e a lâmina de
escoamento superficial, em cada intervalo de tempo. Os valores de taxa de infiltração foram
obtidos pela relação entre lâmina infiltrada e tempo de infiltração considerado.
Com os dados de taxa de infiltração obtidos no campo, verificou-se a adequação dos
modelos de Horton (Equação 1) e Kostiakov-Lewis (Equação 2) para a estimativa da taxa de
infiltração da água, nos diferentes sistemas de cultivo e de manejo de solo.

i  i f   i o - i f  exp -  t  (1)

i  α κ t   if
α -1
(2)

em que:
io – taxa de infiltração inicial observada, mm h-1
if – taxa de infiltração final, mm h-1
,  e  – parâmetros estatísticos
t – tempo de infiltração considerado, min.
Os parâmetros ,  e , foram estimados utilizando-se o método de Gauss-Newton,
minimizando-se a soma dos quadrados dos desvios em relação aos valores de taxa de
infiltração obtidos nos testes de campo.
A qualidade do ajuste dos modelos foi avaliada através de regressões não lineares
entre valores estimados e valores médios observados em cada tratamento estudado,
juntamente com os respectivos coeficientes de determinação. Na avaliação, foram também
utilizados os seguintes índices estatísticos: coeficiente de massa residual (CMR), coeficiente
de ajuste (CA) e eficiência (EF).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios observados para umidade do solo, intensidade de aplicação de água,


energia cinética da chuva simulada na parcela e taxa de infiltração, estão apresentados no
Quadro 2.

Quadro 2. Valores médios de umidade, intensidade


de aplicação, energia cinética simulada e
taxa de infiltração inicial e final
Profundidade Trat1 Trat2 Trat3 Trat4
(cm) Umidade inicial do solo (% volume)
0 – 20 40,27 41,88 39,28 41,24
20 – 40 44,66 44,15 41,57 42,24
40 – 60 44,52 44,80 41,68 39,86
Intensidade de aplicação (mm h-1)
– 54,26 55,50 53,72 56,37
Energia cinética da chuva simulada (Jm-2)
– 258,67 264,64 256,15 268,78
(91,2%) (90,8%) (91,1%) (90,7%)
Taxa de infiltração (mm h-1)
Inicial 47,26 49,71 44,51 52,60
Final (TIB)** 31,51 45,10 22,63 14,50

Avaliação da taxa de infiltração da água

O solo da área experimental, apesar de ser muito argiloso, apresenta faixa de umidade
disponível de 8%, entre as tensões de 10 kPa e 1500 kPa, correspondente à diferença entre a
umidade do solo na capacidade de campo (46%) e a do ponto de murcha permanente (38%)
respectivamente. Esta particularidade, estreita faixa de umidade disponível, é devida ao
arranjo de suas partículas de argila em pequenos grânulos, com alta capacidade de retenção de
água, mas que não fica disponível para as plantas. Assim, em não havendo impedimento
físico, esta característica faz com que esse solo apresente comportamento relativo à infiltração
de água, semelhante ao de um solo classificado como arenoso. Esses resultados corroboram
com os dados de Ferreira et. al (1999) e de Resende et. al. (2002) que afirmam parecer
razoável admitir que, quanto mais argiloso for o latossolo, maior será sua permeabilidade.
A calibração do infiltrômetro proporcionou valores de intensidade de aplicação não
exatamente iguais, nos quatro tratamentos, devido às características operacionais e de
montagem do equipamento no campo; no entanto, o percentual relativo de suas respectivas
energias cinéticas foi semelhante aos valores médios próximos de 91% (Tabela 3), bem acima,
portanto, do valor mínimo necessário proposto por Meyer e McCune (1958) que é de 75%.
Considerando-se que a energia cinética da chuva é uma das propriedades que determinam a
maior ou menor desagregação superficial do solo (Agassi & Bradford, 1999) contribuindo
para a formação do selamento superficial, pode-se assumir que as variações observadas na
intensidade de precipitação não influenciaram na magnitude dos valores de energia cinética.
Dado o elevado nível de variabilidade espacial a que os solos estão submetidos, o
coeficiente de variação de 17,5 %, obtido pela análise estatística dos valores de taxa de
infiltração, caracteriza um bom nível de precisão experimental. Pela análise de variância dos
dados experimentais, verificou-se diferença estatística para tratamentos, a nível de 1% de
probabilidade pelo teste de F. Os valores encontrados para taxa de infiltração final foram
maiores nas parcelas de plantio direto, notadamente no tratamento 2, tendo como sucessão as
culturas de soja e aveia (Tabela 2). Os resultados evidenciam a interferência de alguns
atributos ou fatores de solo na magnitude da TIB, especialmente a macroporosidade, o tipo de
manejo e o selamento superficial. A cobertura do solo obtida com o cultivo de aveia no
inverno, associada com o seu desenvolvimento radicular, proporcionou condições mais
favoráveis à infiltração de água no solo, sobretudo pela quantidade de palha existente na
superfície do solo, o que reduz o problema relativo ao selamento superficial. Os valores de
TIB encontrados estão de acordo com os obtidos por Silva & Kato (1998) confirmando que a
cobertura vegetal afeta positivamente a capacidade de infiltração de água no solo.
Considerando-se os resultados obtidos e o trabalho de Sales et al. (1999) é razoável
admitir-se que o teor de argila pouco contribui na magnitude dos valores da TIB, ou seja, a
particularidade do Latossolo distroférrico em formar pequenos grânulos favorece a infiltração
de água; entretanto, o tipo de manejo adotado que promove a compactação e,
conseqüentemente, a redução da macroporosidade do solo, contribui sensivelmente para a
redução da TIB, como pode ser verificado no valor da TIB obtido no tratamento 4, relativo ao
plantio convencional (Tabela 2). Este sistema de plantio vem sendo realizado há pelo menos
cinco anos na área experimental, a exemplo de várias outras áreas de produção na região. O
uso de grades agrava o aspecto relativo ao volume de macroporos, formando o denominado
“pé de grade”, que é uma camada adensada entre 10 e 30 cm de profundidade, conforme
relatado por Alves Sobrinho et al. (2000).
Equações para a estimativa da taxa de infiltração

Os parâmetros ,  e  ajustados para os modelos, e os índices estatísticos, estão


apresentados no Quadro 3. As curvas de taxa de infiltração estimadas pelos modelos e os
dados observados nas determinações de campo estão apresentadas nas Figuras 1 a 4; pode-se
afirmar, então, que, de modo geral, a qualidade do ajuste dos modelos foi satisfatória. Tal
afirmação se baseia na análise dos coeficientes de determinação (R 2) das regressões não
lineares ajustadas em cada tratamento estudado, com destaque para a equação de Horton, que
apresentou valores de R2 sempre acima de 0,91.

Quadro 3. Parâmetros e índices estatísticos estimados


Parâmetros Trat1 Trat2 Trat3 Trat4
e índices Modelo de Horton
 - 0,1221 - 0,1487 - 0,1221 - 0,0667
CMR 0,0043 0,0000 0,0130 0,0033
CA 1,0530 1,5468 0,9735 1,0811
EF 0,0031 0,0425 0,0015 0,0005
Modelo de Kostiakov-Lewis
 0,3471 0,3080 0,3641 0,5028
 49,4347 16,2934 64,6132 89,7465
CMR -0,0090 -0,0024 -0,0146 -0,0333
CA 1,2370 1,4082 1,2125 1,4786
EF 0,0030 0,0423 0,0015 0,0004
Trat1: Plantio direto (PD) sucessão soja-nabo; Trat2: PD soja-aveia;
Trat3: PD soja-pousio; Trat4: plantio convencional

Analisando-se as curvas apresentadas nas Figuras 1 a 4, verifica-se que o modelo de


Kostiakov-Lewis tende a superestimar os valores ajustados a partir do tempo de 10 minutos,
para os tratamentos sob plantio direto e, a partir de 20 minutos, no tratamento relativo ao
plantio convencional.
Analisando-se o coeficiente de massa residual, verifica-se que a equação de Horton
subestima a taxa de infiltração, enquanto a de Kostiakov-Lewis a superestima,
comportamento indicado pelos valores positivos do índice CMR das equações de Horton e
negativos da de Kostiakov-Lewis. Este índice estatístico também confirma o melhor ajuste da
equação de Horton, com desvios mais próximos de zero. O coeficiente de ajuste e a eficiência
foram também melhores na equação de Horton, para os quatro tratamentos. Os valores desses
índices, mais próximos da unidade, ratificam esta equação como a mais adequada para estimar
a taxa de infiltração no tipo de solo estudado. O único dado discordante foi o coeficiente de
ajuste, concernente ao segundo tratamento explicado, conforme Libardi (1995) pelos curtos
intervalos de tempo que ocorreram na estabilização da infiltração.

60

Dados observados
54
Horton (R2 = 99%)
Kostiakov-Lewis (R2 = 83%)
48
Taxa de infiltração (mm h )
-1

42

36

30

24

18

12
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Tempo (min)

Figura 4. Taxas de infiltração em plantio convencional: sucessão soja–pousio.

CONCLUSÕES

O sistema de plantio direto apresentou valores de taxa de infiltração final de água no


solo superiores ao preparo convencional e, entre os tratamentos estudados, a sucessão soja –
aveia foi a que proporcionou maior valor de TIB. A cobertura do solo obtida com o cultivo de
aveia no inverno, associada com o seu desenvolvimento radicular, proporcionou condições
mais favoráveis à infiltração de água no solo, sobretudo pela quantidade de palha existente na
superfície do solo, o que reduz o problema relativo ao selamento superficial Os índices
estatísticos usados permitiram evidenciar que a equação de Horton é a mais adequada para a
estimativa da taxa de infiltração de água no solo estudado.

REFERÊNCIAS

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