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CONVENCIONAL
Resumo: Objetivou-se, através deste trabalho, estudar a infiltração de água em solo cultivado
sob diferentes sistemas de manejo e rotação de culturas e a análise das equações de Horton e
Kostiakov-Lewis para a estimativa da taxa de infiltração da água, utilizando-se infiltrômetro
de aspersão. As estimativas da infiltração foram realizadas em quatro sistemas de sucessão de
culturas cultivadas em parcelas de plantio direto e convencional. A qualidade do ajuste dos
modelos foi avaliada através de regressões não lineares entre valores estimados e valores
médios observados em cada tratamento estudado. Concluiu-se que o sistema plantio direto
proporcionou valores de taxa de infiltração estável de água no solo superiores aos do preparo
convencional e, entre os tratamentos estudados, a sucessão soja-aveia proporcionou o maior
valor de taxa de infiltração final. A qualidade do ajuste dos modelos foi satisfatória e a
equação de Horton mostrou-se mais adequada para a estimativa da taxa de infiltração.
Abstract(opcional): This work had the objective to study the infiltration of water in
cultivated soil under different tillage systems and crop rotation and the adaptation of
Horton and Kostiakov-Lewis equations for estimate the water infiltration rate using a
portatil sprinkler infiltrometer. Tests at field were accomplished in four systems of crop
rotation, cultivated in plots of no tillage and conventional tillage systems. The quality of
adjustment of models was evaluated through non-linear regressions among estimated
values and medium values observed for each treatment. It can be concluded that the no
tillage system provided values of water infiltration rate in the soil higher than the
conventional tillage system and, among the studied treatments, the succession soy-oat
went to that provided larger value of the infiltration rate. The quality of the adjustment of
models was satisfactory and the statistical indexes evidenced that the Horton equation is
more adapted to estimate the infiltration rate in soil study.
Key words: infiltration rate, sprinkler infiltrometer, soil tillage
INTRODUÇÃO
A infiltração é o processo pelo qual a água penetra no perfil do solo. Inicialmente, seu
valor é elevado, diminuindo com o tempo, até se tornar constante no momento em que o solo
fica saturado. Assim sendo, sob chuva ou irrigação contínuas, a taxa de infiltração se
aproxima, gradualmente, de um valor mínimo e constante, conhecido por taxa de infiltração
básica (TIB). Dados de TIB são imprescindíveis nos modelos utilizados para a descrição da
infiltração de água no solo e dependem, grandemente, do selamento superficial provocado
pelo impacto das gotas de chuva na superfície do solo.
O processo de infiltração é de importância prática pois, muitas vezes, determina o
balanço de água na zona das raízes e o deflúvio superficial, responsável pela erosão hídrica e
pelo balanço de água na zona das raízes. Assim, o conhecimento do processo e de sua relação
com as características do solo é de fundamental significância para o eficiente manejo do solo
e da água nos cultivos agrícolas (Reichardt, 1996).
De acordo com Carduro & Dorfman (1988) condições tais como porosidade, umidade,
atividade biológica, cobertura vegetal, rugosidade superficial e declividade do terreno, dentre
outras, influem grandemente na infiltração da água no solo. Segundo Reichert et al. (1992) a
textura do solo afeta o salpico de partículas provocado pelo impacto das gotas de chuva,
contribuindo para uma redução da porosidade da camada superficial do solo. Além do
impacto da gota, Morin & Van Winkel (1996) citam a dispersão físico-química das argilas do
solo como causa da formação do selamento superficial e, conseqüentemente, da redução da
taxa de infiltração.
Segundo Bertol et al. (2001) em solos intensamente cultivados o surgimento de
camadas compactadas determina a diminuição do volume de poros ocupado pelo ar e o
aumento na retenção de água. Em decorrência disto, observou-se diminuição da taxa de
infiltração de água no solo, com conseqüente aumento das taxas de escoamento superficial e
de erosão.
Sales et al. (1999) avaliando a associação da TIB com atributos físicos das camadas
superficial e subsuperficial de um Latossolo Roxo e um Podzólico Vermelho-Amarelo,
concluíram que seus valores são bastante contrastantes, podendo-se associar esses resultados
às distintas características morfológicas relativas à estrutura dos horizontes desses solos. Por
outro lado, Silva & Kato (1998) trabalhando em Latossolo Vermelho-Amarelo com cobertura
vegetal, encontraram valores de TIB variando de 56 a 96 mm h -1 e, sem cobertura vegetal, o
valor da TIB variou de 51 a 78 mm h -1, caracterizando o efeito positivo da cobertura vegetal
na infiltração de água no solo. Alves & Cabena (1999) trabalhando sob dois sistemas de
cultivo, plantio direto e plantio convencional, sob chuva simulada, concluíram que a
infiltração acumulada e a TIB foram maiores no sistema de plantio direto.
O processo de infiltração da água no solo pode ser descrito por diversas equações ou
modelos, alguns desenvolvidos a partir de considerações físicas, enquanto outros o são de
forma empírica. Um modelo físico, que supõe o solo semelhante a um feixe de microtubos, é
a conhecida equação de Green-Ampt, que fornece a taxa de infiltração instantânea em função
de atributos físicos do solo e do total infiltrado. Mein & Larson (1973) citados por Silva &
Kato (1998) integraram a equação proposta por Green-Ampt, nos limites de integração
próprios, conforme a duração da chuva. A partir de então, o modelo de Green-Ampt passou a
ser conhecido como modelo de Green-Ampt modificado por Mein & Larson, que fornece o
total infiltrado de acordo com a intensidade e duração das chuvas. A obtenção dos parâmetros
desse modelo envolve determinações de campo e rotinas computacionais, dificultando sua
utilização.
Um modelo empírico mas muito empregado em manejo de irrigação, é a equação de
Kostiakov-Lewis, normalmente utilizada para a estimativa da infiltração acumulada, cujos
parâmetros não têm significado físico próprio e são estimados a partir de dados experimentais.
Outro modelo mais consistente que o de Kostiakov-Lewis, é a equação de Horton, escrita na
forma de uma função exponencial. Segundo o modelo de Horton, descrito por Prevedello
(1996) a redução na taxa de infiltração com o tempo é fortemente controlada por fatores que
operam na superfície do solo, tais como selamento superficial, devido ao impacto das gotas de
chuva, fenômenos de expansão e contração do solo. Esses modelos apresentam coeficientes
que podem ser calculados a partir das equações teóricas, ou serem estimados por meio de
regressão, a partir de dados de infiltração medidos no campo.
Assim, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a infiltração e verificar a
adequação das equações de Horton e Kostiakov-Lewis, na estimativa da taxa de infiltração da
água em diferentes sistemas de cultivos e de manejo de solo.
MATERIAL E MÉTODOS
i i f i o - i f exp - t (1)
i α κ t if
α -1
(2)
em que:
io – taxa de infiltração inicial observada, mm h-1
if – taxa de infiltração final, mm h-1
, e – parâmetros estatísticos
t – tempo de infiltração considerado, min.
Os parâmetros , e , foram estimados utilizando-se o método de Gauss-Newton,
minimizando-se a soma dos quadrados dos desvios em relação aos valores de taxa de
infiltração obtidos nos testes de campo.
A qualidade do ajuste dos modelos foi avaliada através de regressões não lineares
entre valores estimados e valores médios observados em cada tratamento estudado,
juntamente com os respectivos coeficientes de determinação. Na avaliação, foram também
utilizados os seguintes índices estatísticos: coeficiente de massa residual (CMR), coeficiente
de ajuste (CA) e eficiência (EF).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O solo da área experimental, apesar de ser muito argiloso, apresenta faixa de umidade
disponível de 8%, entre as tensões de 10 kPa e 1500 kPa, correspondente à diferença entre a
umidade do solo na capacidade de campo (46%) e a do ponto de murcha permanente (38%)
respectivamente. Esta particularidade, estreita faixa de umidade disponível, é devida ao
arranjo de suas partículas de argila em pequenos grânulos, com alta capacidade de retenção de
água, mas que não fica disponível para as plantas. Assim, em não havendo impedimento
físico, esta característica faz com que esse solo apresente comportamento relativo à infiltração
de água, semelhante ao de um solo classificado como arenoso. Esses resultados corroboram
com os dados de Ferreira et. al (1999) e de Resende et. al. (2002) que afirmam parecer
razoável admitir que, quanto mais argiloso for o latossolo, maior será sua permeabilidade.
A calibração do infiltrômetro proporcionou valores de intensidade de aplicação não
exatamente iguais, nos quatro tratamentos, devido às características operacionais e de
montagem do equipamento no campo; no entanto, o percentual relativo de suas respectivas
energias cinéticas foi semelhante aos valores médios próximos de 91% (Tabela 3), bem acima,
portanto, do valor mínimo necessário proposto por Meyer e McCune (1958) que é de 75%.
Considerando-se que a energia cinética da chuva é uma das propriedades que determinam a
maior ou menor desagregação superficial do solo (Agassi & Bradford, 1999) contribuindo
para a formação do selamento superficial, pode-se assumir que as variações observadas na
intensidade de precipitação não influenciaram na magnitude dos valores de energia cinética.
Dado o elevado nível de variabilidade espacial a que os solos estão submetidos, o
coeficiente de variação de 17,5 %, obtido pela análise estatística dos valores de taxa de
infiltração, caracteriza um bom nível de precisão experimental. Pela análise de variância dos
dados experimentais, verificou-se diferença estatística para tratamentos, a nível de 1% de
probabilidade pelo teste de F. Os valores encontrados para taxa de infiltração final foram
maiores nas parcelas de plantio direto, notadamente no tratamento 2, tendo como sucessão as
culturas de soja e aveia (Tabela 2). Os resultados evidenciam a interferência de alguns
atributos ou fatores de solo na magnitude da TIB, especialmente a macroporosidade, o tipo de
manejo e o selamento superficial. A cobertura do solo obtida com o cultivo de aveia no
inverno, associada com o seu desenvolvimento radicular, proporcionou condições mais
favoráveis à infiltração de água no solo, sobretudo pela quantidade de palha existente na
superfície do solo, o que reduz o problema relativo ao selamento superficial. Os valores de
TIB encontrados estão de acordo com os obtidos por Silva & Kato (1998) confirmando que a
cobertura vegetal afeta positivamente a capacidade de infiltração de água no solo.
Considerando-se os resultados obtidos e o trabalho de Sales et al. (1999) é razoável
admitir-se que o teor de argila pouco contribui na magnitude dos valores da TIB, ou seja, a
particularidade do Latossolo distroférrico em formar pequenos grânulos favorece a infiltração
de água; entretanto, o tipo de manejo adotado que promove a compactação e,
conseqüentemente, a redução da macroporosidade do solo, contribui sensivelmente para a
redução da TIB, como pode ser verificado no valor da TIB obtido no tratamento 4, relativo ao
plantio convencional (Tabela 2). Este sistema de plantio vem sendo realizado há pelo menos
cinco anos na área experimental, a exemplo de várias outras áreas de produção na região. O
uso de grades agrava o aspecto relativo ao volume de macroporos, formando o denominado
“pé de grade”, que é uma camada adensada entre 10 e 30 cm de profundidade, conforme
relatado por Alves Sobrinho et al. (2000).
Equações para a estimativa da taxa de infiltração
60
Dados observados
54
Horton (R2 = 99%)
Kostiakov-Lewis (R2 = 83%)
48
Taxa de infiltração (mm h )
-1
42
36
30
24
18
12
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Tempo (min)
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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