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DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL X AMBIENTE FACILITADOR
O desenvolvimento emocional está ligado ao princípio de que bebê não é um unidade em si, sendo ele uma
organização entre indivíduo e meio (a mãe ou cuidador), sendo a base de sua saúde mental
- o bebê em seus primórdios vive e precisa de uma dependência absoluta, sem meio termos, ele precisa de
um adulto realmente preocupado com sua sobrevivência, um adulto sensível e adaptado as necessidades da criança
- Um ambiente favorável consiste em uma maternagem na qual exista devoção e capacidade
identificação por parte da mãe
A origem da vida psíquica do bebê começa do ponto em que passa ocorrer um contexto onde ela vai criando um
meio ambiente pessoal, caminhando em um MOVIMENTO de dependência absoluta para uma independência
- essa movimentação ocorre como transformação de uma fantasia do bebê, onde o seu meio ambiente que
ele pensa ter sido criado de maneira subjetiva (um pensamento onipotente) passa a ser percebido em algo
suficientemente semelhante ao ambiente percebido (como ele realmente é – não mais um pensamento
onipotente) – disso depende sua saúde mental
A vida de fantasia (o mundo íntimo do bebê – o seu aparelho psiquico), onde organiza os processos de pensamentos
– onde o bebê mantém relação bem intima com o meio (mãe), em um ambiente de relação e interação onde o
meio(mãe – situação ativa) deve adaptar-se ao bebê(o rei), dessa relação o bebê realiza um movimento expontaneo
e inata de desenvolvimento onde organizara a si mesmo, o SELF
A mãe suficientemente boa sabe ser um ego auxiliar para o bebê conforme ele terá contatos esporádicos com a
realidade, porém o bebê vivendo em um mundo de fantasia, acha que tudo isso é proveniente de seu pensamento
onipotente, que pela sensibilidade da mãe ao saber as necessidades do bebê, por exemplo, atender ao choro de
fome do bebê com o seio, o bebê acha que foi sua vontade que criou o seio e sua satisfação, não lida ainda com a
frustação que o meio (a vida) pode oferecer, por seu ego em formação (ainda não integrado / está em vários
pedaços) não dar conta de lidar com o meio, por isso a mãe serve como ego auxiliar e alimenta o pensamento
onipotente do bebê
- a mãe suficientemente boa protege o bebê das angustias impensáveis (sensação de que vai morrer), são
aquelas que ocorrem nos estágios inicias da vida, momento mais precoce do desenvolvimento, onde qualquer
situação de desagrado atinge-o sem defesas do ego (recalque, sublimação, cisão, negação, intelectualização),
tornando toda angustia insuportável.
- Mãe e criança formam uma díade
- Resumidamente, a criança ao nascer é indefesa, não integrada e desorganizada enquanto a percepção
dos estímulos do meio, desta forma situa-se num estado de total dependência do meio, em sua mente a criança e
meio são uma coisa só, cabendo à mãe oferecer um suporte adequado para que as condições inatas alcancem um
desenvolvimento ótimo.
- O ambiente inicialmente é representado pela continuidade entra mãe e bebê e, inevitavelmente, o
ambiente afeta a criança e é afetado por esta.
Funções maternas
A adaptação da mãe às necessidades do bebê torna-se concreta e objetivada por meio das três funções maternas:
· Holding - Significa “sustentação”, ações em que a mãe protege o bebê dos perigos físicos, pelos cuidados
cotidianos e da rotina (cuidado diário que permite o movimento espontâneo de desenvolvimento do bebê). A mãe
sustenta o bebê física e psicologicamente – a integração do ego depende disto.
=>> Compreendida como sustentação, a mãe assume algumas funções que sustentam o pequeno bebê,
enquanto este depende de um outro ser humano, numa condição de adaptação muito adequada às suas
necessidades
· Handling – Refere-se à manipulação do bebê enquanto ele é cuidado.
· Apresentação do objeto – Refere-se à oferta do seio ou a mamadeira nos momentos certos, dando ao bebê a
ilusão de que é onipotente a ponto de criar o objeto - o bebê sente vontade de algo e de seu ponto de vista,
magicamente sua vontade é atendida pelo seu pensamento onipotente (em sua fantasia).
A relação inicial do bebê com o seio materno propicia uma vivência de tal ordem que ela o experimenta
como sendo parte do próprio corpo; a esta experiência denominamos de ilusão de onipotência
Com o tempo a mãe vai tomando seus outros afazeres, deste tempo maior de espera, a criança passa a
lidar com uma frustação maior de espera entre seu pensamento/desejo e ser atendido, vai diminuindo o seu
pensamento onipotente fantasioso e a percepção que o “não-eu” existe com suas próprias vontades – conforme
houve o bom cuidado da mãe suficientemente boa na fase de dependência absoluta, nessa próxima fase, a de
dependência relativa, a criança já internalizou os cuidados que teve e a atenção, o que permite que ela suporte um
tempo de espera e algumas possíveis falhas e ausências.
=>> é preciso um trabalho especial da memória nos registros de cuidados que recebeu, que permite
instaurar um contato com meio, onde ambos (ele e o meio) tornam-se independentes e alcançar a fase de “rumo
a independência”
- desse encontro, a saúde caracteriza por processos criativos do encontro do bebê e o meio, se mais aquela
ilusão de onipotência, entende as diferenças entre o eu e o não-eu, interno e externo e das situações não favoráveis
citadas é de onde surgem e desenvolvem as defesas do ego
- por isso a adaptação deve ser gradativa, não brusca, pois o bebê deve saber que em angustia
grande, aquela que ainda não possui mecanismos de defesa contra, sempre poderá contar com a mãe, o que
permite ele estar só, sem necessariamente sentir-se só - tem que existir a previsibilidade de socorro da mãe, ou na
vida adulta, saber que não está só - da adaptação gradativa às necessidades que impulsionam à independência e
da possibilidade de aprovisionar e concretizar o impulso criativo da criança
O cuidado materno para Winnicott é o grande coadjuvante para o perfeito desenvolvimento do ser humano rumo
ao amadurecimento e integração do ser humano.
=>> Porém, o cuidado excessivo da mãe presente numa antecipação exagerada e ansiosa desta para com a
criança, pode ocasionar prejuízos ao bebê, pois quando a criança não tem espaço para mostrar-se à mãe, não
movimenta-se, seguindo esta ideia, bebê que não pode se expressar fica impedido de viver seu gesto espontâneo.
TENDÊNCIA ANTISSOCIAL
Winnicott afirma que a tendência antissocial não é um diagnóstico, pode ser encontrada em indivíduos normais,
neuróticos e psicóticos e em todas as idades.
O período de deprivação ocorre entre o final da primeira infância e a época em que a criança começa a andar (entre
1 e 2 anos)
A criança passa pela perda de algum aspecto essencial da sua vida, perde algo bom, esta perda se dá num período
maior do que a criança consegue manter viva a memória da experiência, que é usado para compreender e lembrar
dos cuidados que teve antes e lhe garantem um lugar para o retorno quando a frustração é muita, porém isso
requer um tempo maior para nível de desenvolvimento mais avançado, onde consegue guardar na memória o
cuidado que teve, aqui ele ainda não teve esse tempo, por isso sente muito a falta de algo bom que perdeu sem a
lembrança dos cuidados que teve (que garantem que existe esperança)
=>>isto é torna o bebê deprivado (DEPREVIÇÃO) – Isso gera nela uma tendência antissocial que
pode ser considerada como sendo uma pessoa desajustada, seguindo uma escala de delinquência e na falha
dos meios corretivos chegar a psicopatia.
Pela falta daquilo que teve, o indivíduo cria e busca situações pelos impulsos inconscientes que façam e
obrigue o meio a cuidar dele, um movimento de esperança, e esse comportamento deve ser visto como um pedido
de socorro, então há esperanças
=>> o tratamento da tendência antissocial não é a psicanálise, mas o fornecimento de um ambiente que
cuida, no qual o tratamento necessita do seu manejo, no qual o analista deve ir de encontro ao momento de
esperança da criança deprivada, correspondendo a esta esperança.
Há duas vertentes da tendência antissocial – o roubo e a destrutividade. No roubo, a criança procura algo em algum
lugar e, diante do fracasso, busca em outro lugar, movido pela esperança. Na outra vertente, a criança busca a
estabilidade ambiental que precisa para suportar a demanda do comportamento impulsivo. O que a criança busca
no objeto roubado, não é o objeto em si, mas a mãe sobre a qual a criança sente que tem direitos, isto em
decorrência de que a criança, sob sua perspectiva, entende que a mãe foi criada por ela.
A tendência antissocial se manifesta pelo roubo, mentira, incontinência e desordem generalizada, independente
do sintoma, e denominador comum é o caráter perturbador do sintoma, que nada tem de casual, parte da
motivação é inconsciente, mas não toda ela.
A ocorrência de comportamento antissocial destrutivo se dá nos seguintes elementos:
- Uma falha ambiental, na medida em que ocorreu anteriormente uma frustração maior do que o ego da
criança podia tolerar. A tendência social normalmente está relacionada a uma privação importante do passado do
sujeito, por exemplo o nascimento de um irmão.
- Uma falha ambiental, na medida em que não foi criada a ilusão do bebê de que algo criado por ele é
real.
- Uma separação entre os instintos libidinais e os agressivos.
- Uma esperança de que a pressentida falha ambiental, possa ser corrigida por um ambiente continente.
O comportamento antissocial é um pedido de “moldura” ao ambiente. Ele só acontece porque ainda há
esperança.
O processo maturacional depende da qualidade da transicionalidade =>> Sendo então o espaço transicional
funcionando como amortecedor no choque da conscientização da realidade externa, povoada de coisas e
pessoas.
O primeiro contato com o mundo externo é com o seio materno que no inicio causa a ilusão de pensamento
onipotente, porém, conforme as desilusões acontecer, com a mãe voltando a rotina, surge a ideia do seio pertencer
a outra pessoa, surge a ideia de um “não-eu”, sendo a mãe quem propicia essa passagem – 1º fenômeno de
transição. Essa ilusão então é ocupada pelo objeto transicional, porém diferente do seio, não está disponível
constantemente, porém sendo ele (em casos felizes) conversando pela própria criança, que escolhe o momento de
usar ele (dar presença a ele), esses objetos representam a mãe, é vital que ela tenha sido vivida como um objeto
bom, se foi vivida como um objeto mau, a criança pode desenvolver-se de forma patológica.
=>> o objeto transicional deve sobreviver aos sentimentos da criança, amor, ódio, raiva, agressão
(principalmente) assim ela entende que não destrói os objetos e pode exercer sobre eles toda sua criatividade.
Na vida adulta, a ampliação da experiência da transicionalidade pode ser exemplificada através do fetiche,
da mentira, da adição às drogas e de rituais obsessivos
O objeto transicional permite à criança, por meio da experimentação, cumprir a travessia desde a subjetividade até
a objetividade. Os objetos transicionais funcionam como defesa contra angústias, amortecendo contra o choque
de conscientização de uma realidade externa.
Nele, no fenômeno transicional, a criança vive uma ilusão de onipotência e depois dilui-se quando não
precisa mais
=>> AGORA, se a mãe não deixa a criança fazer o gesto que deseja algo e impõe sua vontade no bebê, ela acaba
por suprimir a possibilidade do bebê criar a ilusão de onipotência – passa a viver como se tivesse que submeter-se
a vontade de outro sempre para sobreviver – esta incapacidade da mãe de acolher e interpretar a necessidade do
bebê irá gerar um falso self (personalidade falsa) - a criança passa a sentir-se que precisa defender-se arduamente
contra o meio que lhe é invasivo, como não existe a ausência para desenvolver-se, ela passa a “fabricar” a ausência,
criando um casca e cobrindo o self para desenvolver, essa casca é o falso self que é submisso para proteger da
invasão o ambiente – não substitui o verdadeiro self, apenas protege-o
O papel da mãe na construção do falso self é essencial, pois tendo se tornado incapaz de desempenhar suas
funções de forma suficientemente boa não consegue complementar a onipotência do bebê. - O falso self está
diretamente ligado ao não acolhimento do gesto espontâneo, por parte da mãe
Como os impulsos vem do verdadeiro self (emana vida), porém como o indivíduo vive pelo falso self, seus
desejos são tidos como irreais, vive uma vida esvaziada de sentido
Porém existe uma certa adaptabilidade nossa em ceder ao meio como forma de adaptação e conduta moral
em algumas ocasiões,
Há pessoas que se queixam de não serem elas mesmas. Queixam-se de não saberem o que querem, de não saberem
quem são, de não saberem se gostam de homens ou mulheres. Mostram uma propensão a se envolverem em
relacionamentos intensos e instáveis. Sentem um grande vazio interior, mesmo quando são relativamente bem
sucedidas. Vivem como se não habitassem o próprio corpo. Estas pessoas, que estão na fronteira da neurose com
a psicose, desenvolveram uma das organizações defensivas mais bem sucedidas: o falso Self.
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** Aula 02 – 26/10
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