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Relatório do Caso – Sr.

Cláudio Portela da Silva e Empresa


‘’Transgoiana’’

CONCESSÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL OU NÃO FRENTE AOS


PROBLEMAS RELATADOS PELO SENHOR CLÁUDIO;

OBSERVÂNCIA QUANTO AOS PROPRIETÁRIOS LEGÍTIMOS;

INFORMAÇÕES SOBRE O INVENTÁRIO E PARTILHA;

IMPOSSIBILIDADE DE CONTRATO DE LOCAÇÃO SEM O


CONSENTIMENTO DOS DEMAIS IRMÃOS;

CONSEQUÊNCIAS LEGAIS PREVISTAS NA LEI CONTRA A EMPRESA QUE


INICIOU CONSTRUÇÃO E ATIVIDADE SEM A DEVIDA LICENÇA.

PONTOS IMPORTANTES A SEREM OBSERVADOS

[SOBRE A PROPRIEDADE RURAL]

1. Quanto ao registro da propriedade:

É possível observar através dos documentos anexados à secretaria, que a propriedade


rural está registrada, ainda, no nome do pai, já falecido. Não houve abertura do
INVENTÁRIO.

A abertura da sucessão ocorre no momento da morte, e é nesse momento que a herança


é transmitida aos herdeiros.

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.

Conforme o princípio da Saisine, com a morte do de cujus a propriedade e a posse da


herança são transmitidas imediatamente aos herdeiros legítimos e testamentários,
independentemente da abertura do inventário. Vale lembrar que a herança é um bem
indivisível até a sentença da partilha, de modo que enquanto esta não sobrevier, os
herdeiros serão coproprietários do todo.
O juiz nomeia o inventariante para representar o espólio judicia e extrajudicial, e este
assumirá todas as responsabilidades pela guarda e conservação dos bens. Deve ser
procedida a divisão judicial ou amigável entre os condôminos.

Duas são as formas de extinguir o estado de comunhão sobre um imóvel: a DIVISÃO


JUDICIAL, cujo rito processual está disciplinado pelos artigos 967 a 981 do Código de
Processo Civil e a DIVISÃO AMIGÁVEL, sendo esta, objeto do presente estudo.

*IMPORTANTE RESSALTAR A QUESTÃO DO PRAZO DE ABERTURA DO


INVENTÁRIO. DE ACORDO COM A CODIGO DE PROCESSO CIVIL DEVERÁ
SER FEITA ATÉ 60 DIAS A CONTAR DA ABERTURA DA SUCESSÃO (OCORRE
COM A MORTE).

Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta)
dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes,
podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte.

Art. 1.791. parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à
propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas
ao condomínio.

2. Quanto ao contrato de locação de parte da propriedade sem o consentimento dos


demais irmãos/herdeiros:

A 3ª turma do STJ decidiu que antes da partilha do patrimônio, não é válido o


contrato de arrendamento firmado, individualmente, por apenas um dos herdeiros de
propriedade rural sem a anuência dos demais herdeiros. A decisão da turma foi
unânime.

A ministra Nancy Andrighi, relatora, ao analisar o recurso especial interposto, em


que se requereu o restabelecimento da sentença, considerou que, antes da realização
da partilha dos bens, os direitos dos coerdeiros referentes à propriedade e posse
do imóvel são regidos pelas normas relativas ao condomínio.

"Verifica-se que, embora o art. 488 do CC/16 permita que cada um dos condôminos
exerça todos os atos possessórios, como se proprietário único fosse, a transferência
da posse sem anuência dos demais condôminos não é permitida, pois implicaria a
exclusão dos direitos dos copossuidores", disse a ministra.

De acordo com esse entendimento, a posse exercida pelo arrendatário não é legítima,
pois o contrato de arrendamento não conta com o consentimento dos outros
herdeiros.
[SOBRE A EMPRESA ‘’TRANSGOIANA’’]

3. Previsão legal para a atividade exercida pela empresa ‘’Transgoiana’’ sem a devida
licença ambiental (Decreto n. 6.686 de 2008)

Esse decreto dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio


ambiente, e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas
infrações.

No caso exposto é evidente que houve a construção e instalação de estabelecimento


de armazenagem de combustível por parte da empresa ‘’Transgoiana’’ sem a licença
ou autorização dos órgãos ambientais competentes. Sobre essa infração a legislação é
clara:

Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar


estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos
órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as
normas legais e regulamentos pertinentes:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de


reais).

4. Previsão legal de acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998)

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão


que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio
ambiente.

§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e


instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de
fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da
Marinha.

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é


obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo
próprio, sob pena de coresponsabilidade.

§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio,


assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições
desta Lei.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções,
observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

VIII - demolição de obra; (ação de demolição pleiteada pelos irmãos)

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da


legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções
previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no


prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do
Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos


Portos, do Ministério da Marinha.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o


produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às
prescrições legais ou regulamentares.

*Obs.: em face do parágrafo 7º do artigo 71 da Lei de Crimes Ambientais, torna-se


claro, a inviabilidade de uma ação demolitória, tendo em vista que, a aplicação dessa
sanção decorre da continuidade da ilicitude, e inobservância dos procedimentos
orientado pelo devido órgão ambiental.

Da aplicação da PENA:

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente


observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas


consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse


ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

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