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HERMENEUTICA CONSTITUCIONAL, MUTACAO CONSTITUCIONAL OU DECISIONISMO: UMA ANALISE SOBRE A DECISAO 00 STF No Haseas Corpus 126.292/SP CONSTITUTIONAL HERMENEUTICS AND CONSTITUTIONAL MUTATION: AN ANALYSIS OF THE Suprene Couri decision in re Hagens Corpus 126,292/SP ALENCAR FREDERICO MaRGRAF Mestre em Ciéncia Juridica pela Universidade Estadual do Norte do Paran ~ UENP. Especialista em Direito Penal, Processa Penal ¢ Criminologia pela Instituto Busata de Ensino, Ps-Graduado foto sensu pela Escola da Magistratura do Estaco do Parana, Nucleo de ta Grosse, Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Panta Grosse - UEPG. Memihro Efetivo da Instituto Pararaense de Direito Proc ssuat. Ex-Bolsista da Coordenagao de Aperteigoamento de Pessual de Nive! Superior, Professor de Ciéncia Politica € Teoria Geral do Estado no Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais, Advagada, Pesquisad alencarmargraf@yzhoo.cam.br NatAua Menoes Pesct Graduanda no curso de Dircito da Faculdade de Telémaco Borba ~ FATEB-PR ‘onstituciaral Resumo: Na decisto do Habeas Corpus 126,292]SP,.0 SIF decidits que € possivel a execugao da pena antes 6 transite em julgedo da eanderag30 criminal, a Ni do artigo 5 da Constituigo expressamente exigir 0 trinsita em julgado, ratar de isa a deci- sio proferida no respective Habeas Corpus, sem pesar Feder wendo com que muitos acreditem se 8 incisa mutagdo constitucional. Esse artigo ar adentrar 0 mérito da discussii, mas abards outro onto furdamenta’, qual sez, se 0 STF utilizou dos furdamentos de uma mutacao constitucional, de ume hermengutica corstitucional ou se trata Ge uma dec'sdo visericiondria e arbitraria Pavavaas~chave: Mutacao constitucional ~ Dec’sio~ risa ~ Hermenéutics Const tucianal Mv, Alencar Freder co, Pc, Netalia Mendes, ale laren nataliapesch@arneil. carn Aasteact: In the decision of Habeas Corpus 126,292/5P, the SIF decided that it is possible ta execute the sentence before the final sentence of the er'minal conviction, although section §° of the Federal Constitution expressly requires a final with which many believe it is @ constitutional mutation. This article analyzes the decision made in the respective Habeas Corpus, without going into the merits of the discussion, but addresses another furdamental point, that is, whether the STF has used the foundations of a constitutional mutation, 2 constitutional hermeneutic or is it a discretionary and arbitrary dec's Kerworas: Constitutional Constirut‘anal Hermeneutics, ange - Decisionism - ‘enéutica constitucional, uteego consitucional ou Uecisionisme: uma antise sobre a devisio da STF ne Mobeos Corpus 126.2 nciong! vo. 14 ane 26.9, 227-280. $30 Padlo. SP. nov-dez. 2017 228 Revista ve Diretto Consritucionat & InreRwacionat 2017 # RDC/ 104 Suusko: 1. Introdugto. 2. Mutacao constitucional, 3. Anélise co Hobeas Corpus 126.292/5P. 4, Conclusao. 5. Referéncias, IntRoDUGAO Sabe-se que os legisladores nao conseguem aprovar seus projetos de lei tao rapi- do quanto as evolucdes da sociedade e3 normas positivadas e a realidade social igem, causando um descompasso entre as Para evitar desuso ¢ inseguran¢a juridica, ha a necessidade de reformas, tanto na Constituigao quanto nas leis infraconstitucionais, de modo que elas possam regular a sociedade de forma eficaz, mantendo a ordem social, Essas reformas podem acon- tecer de forma voluntaria, por meio de mecanismos previstos no proprio ordena- mento juridico, ou de forma informal, que acontece de maneira espontanea, sem a necessria consciéncia dessas mudancas. Quando esse procedimento ¢ utili mas constitucionais, a doutrina vem chamando de mutacdo. Essa alteracao ocorte na interpretacdo da norma, ¢ ndo em sua estrutura literdria, Trata-se, portanto, de um meio necessario para atualizagao das leis quando nao ¢ possivel uma mudanga formal Jo para providenciar a atualizacao de nor © Supremo Tribunal Federal, na decisao do Habeas Corpus 126.292/SP, decidiu que ha a possibilidade de cumprimento da pena antes do transito em julgado da sentenca penal condenatoria, alterando a interpretacdo que daya ao inciso LVI do artigo 5° da Constituicao Federal, o que fez com que alguns chamassem isso de constitucional, Nesse artigo, analisa-se se essa decisao foi um caso de mu- 40 ou de discricionariedade do STE, deixando de lado a discussie do mérito, qual seja, se foi correta ou nao a deciso em relacao a sua matéria. Busca-se, portan- to, discutir detalhadamente o trabalho hermenéutico das normas constitucionais, realizado pelos ministros da Suprema Corte Para a elabor através de artigos cientificos, dissertacoes, teses, doutrinas e revistas juridicas, Por meio do método dialético, buscar-se-a demonstrar como a Constituicao intcrage coma realidade de fato, como € modificada por meios informais — mutacao cor tucional -, ¢ como a decisao do HC 126.292/SP se encaixa nesse contexto. cao deste artigo, utilizou-se o metodo dedutivo, consubstanciado: 2. Mutacéo constitucionat mar Mendes afirma que devido a evolugao do fato no qual a norma recai, ow por causa de uma nova visio juridica que comeca a prevalecer na sociedade, a Marana, Alena Hes lia Mendes. Hermenutica consituelonal, mutaraa constitusional eu bre a deeisto do STF no Hotieas Cerpus 126 252/SP wol, 104, ania 26 p. 227-245, Sto Paulo: Ed. RT, now. der, 2017 Revisto de Dire Heavenéurica CONsnTuciONAL Constituicao se altera, sem que as suas palavras tenham passado por alguma modi- ficacao. O texto permanece igual, mas o sentido que lhe imputam € outro. Ha, en- tao, uma alteragao da norma, conservando o texto. Quando isso acontece no ambito constitucional, denomina-se mutacao constitucional, A nova interpretacao deve ter fundamento no teor das palavras usadas pelo constituinte e nao deve violar os principios estruturantes da Constituicao; ou entao sera somente uma interpretacao inconstitucional.! Mutacao constitucional é usada para todo ¢ qualquer proceso que mude o sen- tido, o significado e o alcance da Constituigao sem se opor a ela, E derivacao logica da Constituicdo, jé que ela é criada para ser aplicada eficazmente, principalmente no que tem de fundamental, dando-ihe perpetuidade e aplicacao, sem enfraquecer a Constituicao escrita,? As mutacées constitucionais sao akeragdes que acontecem dentro da norma constitucional, ja que derivam de mudancas no ambito normati vo, pois ele & suscetivel a mudancas que efeitos da materializacao da norma.’ contecem com o tempo, alterando os Como Ingo W. Sarlet afirma, a mutacao constitucional ¢ resultado de um pro- cesso longo, “de uma pritica interpretativa reiterada € sedimentada ao longo do tempo”. Associa-se ao conceito de Constituigao dinamica, ja que a concretizacao acontece por um processo de influéncia reciproca entre a realidade ea Constitui- cao, que deve se adaptar as demandas da sociedade, devendo estar em sintonia com os avangos socais.” As mudancas acontecem de forma lenta ¢ s6 séo percebidas quando comparadas as interpretacdes dadas em momentos distintos.” De acordo com Barroso, a legitimidade da mutagio constitucional deve ser pro- curada no ponto de equilibrio entre duas concepeoes fundamentais a teoria consti- tucional:a rigidez da Constituigao e a plasticidade de suas normas. A rigidez busca proteger a cstabilidade da Constituigio © a seguranca juridica, enquanto a MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustave Gonet, Curso de direite constitucio- nal, S80 Paulo: Saraiva, 2014, p. 141 PERRAZ, Anna Candida da Cunha. Processus informais de mudanca da constituicao: muta- goes constitucionais ¢ mutagoes inconstitucionais, Sao Paulo: Max Limonad. 1986. p. 10 3, PEDRA, Adriano Santana. Teoria da mutacdo constitucional: limites € possibilidades das mudangas informais da Constituicao a partir da teoria da coneretizagao, Tese (Dottterado em Direito) ~ Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo, Sa Paulo, 2009, p, 145. 4. SARLET, Ingo Wollgang: MARINONI, Luiz Guilherme: Mitidiero, Daniel Curso de diveito constitucional. Sao Paulo: Ed. RT, 2012. p. 148, 5. PEDRA, Adriano Santana, Teoria da mutacdy constitucional: limives e possibilidades das mmudangas informais da Constituicao a partir da teoria da camcreiizaeao. Tese (Doutorado em Direito) ~ Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo. Sao Paulo, 2009. p. 140. Ibidem, p. 142. 1 1, lencar freceria, Pisca, Natalia Mendes Hetrventurica conshitucianal, mutacaa constitucianal 0 eeisinnisma: uma aralise sabre a decisaa do $'F na Habeas Corpus 126 292/SP. Revista de Diteto Consttucional etntcinaeianol val, 104 anc 25, p. 227-248, Sao Paulo: Ea. Rf, nov-dez. 2017, 229 230 Revista pe Direito Constitucionat € Int NACIONAL 2017 # ROCI 104 plasticidade busca adequa-Ta as novas geracdes ¢ novas exigéncias. sem que haja necessidade de se utilizarem os processos formais ¢ dificeis de reforma sempre que I houver uma mudanga na realidade, Assim, além do poder constituinte originario e de reforma constitucional, existe um terceito modelo de poder constituinte que é i exercitado de forma continua ~ através de processos informais, nao expresses na i Constituigao, mas incontestavelmente aceitos por ela, como a interpretacan € os | costumes constitucionais —, chamado poder constituinte difuso, cuja titularidade perience ao povo, mas que ¢ exercido de forma representativa pelos orgaos de poder constituido, em harmonia com as exigencias ¢ sentimentos sociais, ¢ em casos de necessidade de afirmacao de direitos fundamentais.” © novo significado ow aleance da norma constitucional pode derivar de uma al- teracao na realidade dos fatos ou de um novo entendimento do Direito, uma releitu- rado que deve ser visto como moral ou justo. Para que tenha legitimidade, a mutacao precisa de um alicerce democratico, estar em conformidade com uma exigencia so- cial efetiva pela coletividade, tendo apoio na soberania popular® Deve coexistir com 0 texto original ¢ nao atentar contra as palavras ¢ nem o conteudo da Constituticao, pois possuem limites, para que nio estrague a vontade da Constituicao esta defini ! da por Hesse como entendimento da necessidade ¢ do valor, pela sociedade, dle uma ordem normativa indestrutivel que resguarde o Estado contra a arbitrariedade, € no reconhecimento de que essa ordem ¢ legitimada pela realidade, por precisar de um processo continuo de legitimagao; consolida-se também, na consciéncia de que ela nao sera eficaz sem a vontade humana." Assim, vontade de Constitui¢ao seria 0 sentimento constitucional compartilhado, no desejo dos cidadaos em sacrificar inte- resses privados pela protecao de um dispositive constitucional."! A mutacao constitucional deve respeitar dois limites: os significados possiveis do texto que esta sendo interpretado ou afetado; ¢ a preservacao dos principios essenciais que dio unidade a Constituicao. Devido a natureza da mutacio BARROSO, Luis Roberto. Curse de dirvito constitucional comtemperdanco: os canccitos fun damentais ea construcao do nove modelo, Sao Paulo: Saraiva, 2009. p. 1 8. Ibidem, p. 125-126. 9 PEDRA, Adriano Santana. Teoria de mutacae constitucional: limites ¢ possibilidades das mudangas informais da Constituigio a partir da teoria da coneretizacio. Tese (Doutorad em Direito) ~ Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo, So Paulo, 2009, p. 142. 10. HESSE, Konrad. A forca normativa da Constituigae. Trad. Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 199]. p. 19. 11. OLIVEIRA, Larissa Pinha de. Pardmetros hermenéuticos da mutaede constitucional. Disse taco (Mestrado em Dircito) ~ Pontificia Universidade Catotica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, UL, p. 28. 2. BARROSO, Luts Roberto. Curso de divetto constitucional contemporaneo: os conceitos tun damentais. » Paulo: Saraiva, 2009. p. 1 a consirucan do novo modela. Si ‘Mancte, A Natalia Mendes. Hermeneu Frederico: B tueionel, mutapao constitucional ou GeCsionisr™p: ume analise sobre a decisdo do STF no Hoveas Corpus 12629215. feviste de Direito Consttucionale Internacional. vol. 104. ano 28. 9. 227-245, Sao Paulo: Ed. RT, now-dez. 2017. Hermenéutica CONSTITUCIONAL constitucional, sendo processo informal de mudanca da Constituicao, tem-se 0 texto constitucional como limite. Nao suas palayras, mas a flexibilidade permitida Por essa razdo € que Zagrebelsky considera as regras constitucionais meras leis re- forcadas pelo procedimento, enquanto que os principios constitucionais seriam. os ‘eriadores” de uma ordem juridica, Em funcao da sua flexibilidade interpretativa, os principios passariam a desenvolver papel indispensavel para evolucao da Consti- tuigao."” Tem-se em vista o sentido literal do texto normativo, sendo esse o inicio da interpretagio ¢ tambem a demarcagio de seu limite." A hermenéutica juridica ¢ uma ciéncia que formula, estuda e sistematiza as nor- mas de interpretacao do dircito: a interpretacao é uma tarefa pratica de descobrir o conteudo, significado e alcance da norma, tendo como objetivo sua realizagao num caso concreto: a aplicacao é a concretizagao da interpretagao, que se inicia com a coleta de clementos sobre o assunto, passa pela compreensio do pesquisador para somente entao interpretar, ou seja, “interpretar € explicar © compreendido”.”” Sao esas as eta vs «ute Tevam a realizacao do direiio."® A interpretagao constiiucional € a definigao do sentido e do alcance de uma norma da Constituigao para sua aplicagao. Em qualquer processo de concretizacao do Direito sera aplicada a Constituigao de forma direta, quando uma pretensae for fundacla em dispositive constitucional, ou indireta, quando uma pretensao for ba- seada em norma infraconsiitucional, caso em que a Constituigao servira de para metro de validade da norma ¢ determinara seu significado que deve estar em conformidade com ela v Uma boa interpretacao ¢ aquela que consegue concretizar da melhor forma o sentido da norma dentro da realidade. Uma mudanga na realidade pode mudar a interpretacao da Constituicae. Ao mesmo tempo, o sentido da proposicao juridica 13, Para Gustavo Zagrehelsky, em primeiro lugar: “solo los principios desempenan um papel propiamente constitucional, es decit. constitutive del orden juridieo. Las neglas, aunque esten escritas cm lu Constitucion, no son mids que leyes teforcuadas por su forma especial. Las replas emet to sgotan en si mismas, es decir, no tienen ninguna fuerza constitutiva fuera de lo que ellas mnismam significa.” (ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho diac \ justicia, Trad. Marina Ley, dercchos ‘on, Madrid: Fditorial Trotta, 1995. p. 110) (grilos nosso) 14, PEDRA, Adriano Santana. Teoria da mutacdo constitucional: limites © possibilidades das mudancas informais da Constituicdo a partir da teoria cht coneretizacdo. Tese (Dowtorado cm Direito) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo. Sa0 Paulo, 2009. p, 203. 15, STRECK, Lenio Luiz, Lieoes de critica hermeneutic do direito, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. p. 148 16. BARROSO, Lins Roberto. Interpretacao € aplicacaw du Constituicao: fandamentos de wma doginatica constitucional translormadora, Sie Paulo: Saraiva, 1996. p. 97 17. BARROSO, Lats Roberto. Curso de direito constitucional contemporanca: os conceitas fune damentais ¢ a construcao do novo modelo. Sao Paulo; Saraiva, 2009, p, 129. Manone, Alencar Frederica; Prsoy, Natalia Mendes. Heimenéurica constitucigral, mutacaa constitucaral ou ‘cecisian stro’ uma ‘andlse sobre a derisao vo STF nn Habeas Corpus 126 282/SP Revista de Direito Const tu errucional v0l 104, ano 26.p. 227-248, Sdo Paulo Ed RI, naw-dez, 2017, 231 232 Revista o¢ Dinerto Constmucional ¢ Internacional 2017 ® ROCI 104 fixa o limite da interpretacdo e, em consequén a, 0 limite de qualquer mutacio normativa. O fim de uma norma constitucional ¢ sua vontade normativa nao de- vem ser desprezados em favor de uma mudanca na sociedade, Se 0 sentido de uma i norma nao pode mais se concretizar, deve haver uma revisao constitucional. Ou entao se extinguira a tensao entre norma ¢ realidade com a cessacao do dircito | Uma interpretacéo construtiva é necessaria dentro desses Timites.!™ A adequacao da Constitwicao a novas realidades pode acomiecer por acoes do Estado ou por comportamentos sociais, A interpretacao constitucional, geralmente feita por orgaos e agentes ptiblicos, é a forma mais habitual de atualizacao da Cons- tituicao, harmonizando-a com as exigencias de sua época. Em seg 6 costume constitucional, que sao as praticas observa pibblicos, de forma repetida e socialmente acei mento que passa a ser valido e até obrigatorio. indo lugar, esti das por cidadaos ¢ agentes zendo um padrio de comporta- A interpretacao constitucional € requisito pratico para a correta aplicacao do texto. A mutacao via interpretucdo € tanto mudanca no sentido da norma quanto no seu aleance.”’ Ea mudanca do significado da norma, em oposicao a compreen sao preexistente, Como s6 ha norma interpretada, a mutacao constitucional acon- tece quando ha mudanea de uma interpretacao antes feita~ E visivel nas seguintes circunstancias: 1) quando ha uma ampliacao do sentido do texto da Constituicao, dilatando seu alcance para que atinja novas realidades; ii) quando fixa-se sentido determinado ¢ concreto ao texto; iii) quando altera a interpretacao anterior e The da novo sentido, acolhendo as mudancas da realidade constivucional; iv) quando ha adequagao do texto da Constituicad da quando a Constituicao foi feita: v) quando ha adequacao do texto da Constitui- It cao para atender as demandas do momento de aplicacao dat Constituicao; quando i preenche-se lacunas do texto por meio da inter pretacio.” nova realidade da sociedade, nao conjectura- A norma const:tucional possui carater politico, por essa razao, estel em perma- nente desenvolvimento ¢ adaptacao as nov: s demandas ¢ circunstancias, assim, a 18. HESSE, Konrad. A forca normativa da Constituigde... cit.. p. 23 19. BARROSO, Luis Robert. Curso de diveite constitucional coniemparaics: os conceitos fw dameniais ¢ a consirucdo do novo modelo, Sao Paulo: Saraiva, 2009, p, 128. 20. FERRAZ. Anna Candida da Cunha. processes informais de madanca .. eit. p. 24 21. OLIVEIRA, Larissa Pinha de. Parametias hermencuticos da mutacde constituciomal, Disser tacao (Mestrado em Dircito) ~ Poniilicia Universidade Catslica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 20U1. pl 22. BARROSO, Luis Roberto. Curso de diteito constitucional contempor ance: os conceiios lun damentais ¢ a constracao do novo modelo, S40 Paulo: Saraiva, 2009, p. 30. 23. PERRAZ, Anna Candida da Cunha, Processes informuis de miudanca da constituicae muta des constitucionais € mutagdes inconstitucionais, Sae Paulo: Max Limonad, 1980, p. 38-99 Rlencar Frederico; Pests, Natalia Mendes, Hermenéutice eorstitueianal, mutaraa constituc onal dedisionism! uma saalise sabre 5 Gee 830.60 STF no Hatias Corpus 126 232)SP Revista de Dreito Constituciona internacional vol. 104. an9 25.9. 227-248, S30 Paulo: EU RT row 7. Hermencutica CONSTITUCIONA! norma constitucional ¢ interpretada de acordo com o elemento politico nela incor porado em decorrencia das alteracoes sociais’’*. Nessa situacao, esse elemento propicia a particularizacao da interpretacao constitucional como processo de mu- taco constitucional 3. Awause po Haseas Corpus 126.292/SP © Habeas Corpus 126.292/SP foi impetrado contra a decisao do TJSP que negou provimento a apelagao € determinow a imediata execucao da provisoria da conde- nai 6, com a ordem “especa-se mandado de prisdo contra o acusado” , tratando-se, assim, de execucao provisoria da pena, ¢ nao de prisao cautelar. Na decisdo profe- rida em fevereito de 2016, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o réu poderia cumprir antes do transito em julgado da sentenca condenatoria, denegando a or- dem de habeas corpus. visoria da pena privativa de liberdade et do de que a presuncao de inocéncia nao obsta a pris Em seu voto, o relator Ministro Teori Zavascki argumenta que a execucdo pro- a a orientacdo prevalente na jurisprudéncia F inclusive na vigencia da Constituicao Federal de 1988, sob © fundamento 10 decorrente de acordao que con firmou a sentenca penal condenatoria recorrivel, uma vez que os recursos especial extraordinario nao n efeito spensivo. Destacou as Sumulas 716" ¢ 71727 apro- vadas em 2003, cujos enunciados dispoem sobre situacoes de execucao provisorias de sentencas penais condenatorias. Somente no julgamento do HC 84.078/MG, leito em 2009, foi consolidado o entendimento que o principio da presuncao de inocen cia € incompativel com a execugdo da sentenca antes do transito em julgado da condenagae. 24. thidem, p. 28 25, Conforme Conrado Hubner Mender: “O juiz sé poderia optar por proteger exclusiva mente os aspectos procedimentais da competicav politica se fizer uma escolha substan: tuva previa sobre qual a melhor concepeao de democracia, Mas ¢ justamente a recusa de que juizes facam escolhas substantivas que fundamentam aquela posicio”. (MENDES. Conrado Hubner. Direitos fundamentais, separacdo de poderes ¢ deliberacao. Tese apre- sentada no Departamento de cigncia politica da Faculdade de Filosofia, Letras © Ci¢n- cias Humanas da Universidade de Sa0 Paulo. Sto Paulo, 2008. p. 219. Disponivel em: [wavs teses.usp. br/teses/disponiveis/8/8 13 1/tde-03 1 22008-162952/pt-brphpl. Accesso em: 30.06.2014, p. 59.) Sumula 716: "Admite-se a progressio de regime de cumprimento da pena ow a aplicacao imediata de regime menos severo nela determinada, antes do transito em julgado da sen- tenca condenatoria’ Siimula 717: “Nao impede a progressdo de regime de execucaa da pel tenga nao transitada em julgado, o fato de o reu se encontrar em pr a, fixada em se so especial Manoa, Alencar F aecis ied; Pescn, Natalia Mendes HermenButies constiturional, mutagao constitueional srg una analise sobre a deeisao do STF no Habeas Carpus 12629215P nsiftucicnat einternaciona!. ol 104. ano 25. p. 227-248 So Pauio Ed. RI. nov Revista de Dire 233 234 Revista o€ Direiro Constmucional € InTeanacional. 2017 # RDC/ 104 ; Ainda, sustenta que é no Tribunal de hierarquia imediatamente superior ao jue zo de primeira instancia que se exaure o exame sobre os fatos € provas da causa, concretizando-se o duplo grau de jurisdicéo, com o fim de reexaminar a decisio judicial integralmente, com ampla devolutividade da matéria constante da aco i penal, analisada ou nao pela instancia de origem, estando ao réu assegurado 0 di- reito do acesso a esse juizo de segundo grau em liberdade. Dessa forma, como seria nas instancias ordinarias que se esgota a analise de fatos e provas, igualmente exau- rit-se-ia 0 exame da responsabilidade criminal do acusado, nao sendo os recursos i de natureza exiraordinaria desdobramento do duplo grau de jurisdicao, por nao possuirem amplo grau de devolutividade, por néo debaterem materia fatica proba- t toria, havendo uma preclusio da matéria dos fatos. Nesse cenario, segundo 0 en= tendimento do ministro, seria justificavel a relativizacdo e inclusive a inversdo, para © caso concreto, do principio de presungao de inocéncia até o momento observado, fazendo sentido a negacao de eleito suspensivo aos recursos extraordinarios ¢ a producao dos efeitos proprios da responsabilizacao criminal, Argume cenario internacional nao ¢ diferente. ta que no Para ele, a jurisprudéncia, ao garantir o principio da presungao de inocéncia em grau absoluto, permite ¢ incentiva a interposicao de recursos com finalidade prote- latories para a configuracao da prescricao da pretensao punitiva ou executoria Destaca o dever do Poder Judiciario de garantir que 0 processo, como tnico meio de efetivagao do jus puniendi, resgate sua funcao institucional. Dessa forma, a reto- mada da jurisprudencia tradicional de atribuir apenas efeito devolutivo aos recur- sos especiais ¢ extraordinarios seria uma forma legitima de harmonizar o principio de presuncao de inocéncia com o da efetividade da funcao jurisdicional do Estado, justificando-se a possibilidade da determinagao do infcio imediato do cumprimen- to da pena. Tal decisao foi considerada como uma mutacao constitucional por alterar o sen- tido do principio da presungao de inocéncia positivado no artigo 5°, ineiso LVI, da Constituicéo Federal2* ao restringir a interpretagao de tal dispositivo de modo a possibilitar a execucao da pena, mesmo com recursos especial ¢ extraordinario pendentes. i Entre anto, conforme demonstrado no t6pico anterior, a mutagdo constitucional i ndo comporta restricdo de uma norma, muito menos de um principio. Além disso, ndo se observa nenhuma mudanga na sociedade que justifique tal mudanca da interpre- tacao. Ate porque o principio de presungao de inocéncia foi uma grande evolucdo no direito brasileiro, dado que no Estado Novo, o acusado deveria provar sua ino- cencia, ou seja, havia a presuncao de culpabilidade tipica de regimes autoritarios. 28. LVI ~ ninguem sera considerado culpado até © tausito em julgado de sentenca penal condenatoria | ‘Mansi, Alencar Frederica; Pistu, Natalia Mendes, Hermenéuties constitucional mutagaa constitucional cu «sian sme: una analise sobre a dec’ sip do STF no Hatieas Corpus 126 299)5P | Revista de Dieito Constitucicnate Interracional. vol. 104. ano 25, p. 227-245. Sao Paulo: Ed, RT, nov. dez 2017, Hermeneutica CONSTITUCIONAL Importa ressaltar o voto vencido do ministro Celso de Mello, que registra como a presuncao de inocencia € uma grande conquista historica dos cidadaos em sua continua luta contra a opressao do Estado ¢ 0 abuso de poder. A consciéneia do sentido primordial desse direito fundamental projetou-se marcadamente na Decla- ragio dos Direitos do Homem e do Cidadao, de 1789, em sew artigo 9°, com repul- sa explicita as praticas absolutistas do Antigo Regime. A presuncao de inacéncia, legitimada pela democracia, prevalece ao longo da historia como valor firndamen- tal e condigao basica de respeito a dignidade humana, apesar dos golpes desferidos pelos regimes autocraticos que enalteciam a ideia de que todos sao culpados até prova em contrario Dessa forma, a aversio a presuncao de inocéncia, com todos os efeitos ¢ restri- goes juridicas ao poder estatal emanados de tal principio, aproxima-se de uma vi- sio incompativel com 0s padres do regime democratico, estabelecendo a esfera juridica limitagdes nao autorizadas pela Constituigao. Tal julgamento caracteriza-se como discricionariedade e ativismo judicial ao atri- buir um sentido inexistente a uma norma constitucional, uma vez que a Constituicao Federal ¢ clara ao determinar que a presungao de inocencia deve existir até 0 tansito em julgado da condenacao criminal, endo somente nas instancias ordinarias. Em relacao a discricionariedade judicial, € ida como o poder de criar nova nor ma juridica por meio de juizos de legalidade.”’ Hans Kelsen pressupunha que toda norma apresenta certa indeterminacao, intencional ou nao intencional, em sua apli- cacao que dependera de acontecimentos externos que o legislador nao previu, sen- do qual for a interpretacao aplicada apenas uma entre muitas possiveis. Assim, 0 ato de aplicacao de norma € de conhecimento e de vontade, ja que qualquer interpreta- cao escolhida € valida, pois o problema da escolha correta nao seria um problema do Dircito.*! Seguindo a mesma linha, Herbert Hart afirma ser a escolha feita pelo juiz do sentido que prevalecera diante da incompletude do ordenamento juridico, ja que admite uma regra que tenha além do nacleo, uma zona de penumbra.® 20. MELEU, Marcelino da Silva, O papel dos ju‘zes frente aos desafias do estado democratico de direito. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013. p. 20. 3. KELSEN, Hans, Teoria pura do direito, Trad, Jose Baptista Machado. 6, ed. Sa0 Paulo: Mar- tins Fontes. 1998. 31. ALMEIDA FILHO, Jorge Patricio de Medeiros. A decisio judicial na teoria dos direitos de Ronald Dworkin: em busca de uma aproximacao da ideia de justica e legitimidade na apli- cagae do diteito, Dissertagao (Mestrado em Direito) — Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janciro. Rio de Janeiro, 2008. p. 104-108. 32. HART, Herbert Lionel Adolphus. O conceito de direito. Organizado por Penelope A. Bulloch ¢ Joseph Raz. Trad. Sao Paulo: WMF Martins Fonies, 2009. 33, MELEU, Marcelino da Silva, O papel dos juizes frente aos desafios do Estado Democratice de Dirvite, Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013, p. 15 Masorw, Alencar Frederica; Pst, Natalia Mendes. Hermenéutica constitucional, mutagéo constitucional ou derision'smo uma analise sobre a decisio do STE no 1s 126.282)5P Revista de Direito Corstituconale Fteiriacicral vol. 108. ano 25. p So Paula. Fd. RT, nox-des. 2017 235 236 Revista pe Dinero ConsriTucional € INTeRNAactonat 2017 © RDCI 104 Quando o juiz busca conformar a lei as exigencias do presente, tende resolver um trabatho pratico, mas isso nao significa que sua interpretacao seja arbitraria® A vontade ¢ 0 conhecimento do interprete nao podem permitir que ele impute sen- tidos arbitrarios ao texto.” Lenio Streck sustenta que o século XX foi marcado por duas grandes revolucoes relacionadas diretamente ao direito ¢ a filosofia: 0 consti- tucionalismo compromissorio e principiologico, estabelecendo o compromisso do povo para com as mudancas sociais historicamente sonegadas, ou seja, 0 compro- metimento principal de uma constituicao @ a democracia ¢ a concretizacao dos direitos fundamentais; ¢ a superagao do esquema sujeito-objeto, proporcionando a queda das posturas subjetivistas-solipsistas. De acordo com o jurista, essa virada linguistica nao foi adequadamente recepcionada pelo direito brasileiro, sendo mal compreendida pela tese da mutagao constitucional, jd que em certos casos, muta: «ao constitucional erroneamente pode significar a substituicao do poder consti- tuinte pelo Poder Judiciario, afundando a democracia. O direito nao pode ser compreendido como espaco de livre atribuicao de sentido.” Em um Estado Demo- cxatico de Diteito, 0 jui nao pode se delimitar a discursos adjudicadores, arriscan- do se enfraquecer, especialmente no modelo de decisionismos judiciais, uma vez que interpretar nao é mero ato de vontade.”" A hermenéutica juridica praticada hoje ¢ baseada na discussao que fez Gadamer criticar o proceso interpretativo classico, que via a interpretacao como produto de uma operacdo realizada em partes ~ primeiro a compreensao, depois a interpreta cao e entao a aplicacdo. A impossibilidade dessa separacao implica a impossibili- dade de o intérprete retirar do texto algo que este tenha em si mesmo, como se houvesse a possibilidade de reproduzir sentidos, ao contrario, o intérprete atribui sentido, Ainda, essa impossibilidade de separacao, afasta qualquer chance de fazer “ponderacdes em etapas”. A interpretacao acontece a partir de uma combinacao de horizontes, porque entender € sempre © processo de combinacao dos supostos ho- rizontes para si mesmo. A hermenéutica filosofica rompe com a relagao sujeito-ob- jeto, representando uma grande revolucdo e colocando em xeque as formas procedimentais de acesso ao conhecimento. Observa-se que a hermenéutica juridi- ca dominante nos operadores do direito no Brasil continua sendo compreendida como um saber operacionai. Predomina o modelo assentado na ideia de que o 34. STRECK, Luiz Lemio; ROCHA, Leonel Severo. Constituicdo, sistemas sociais ¢ hermenci rica programa de pos-graduuacao em Direito da USINISMOS: mesirado e doutorado, Porto Alegre: Livraria do Advogado, Sao Leopoldo: UNISINOS, 2005. p. 167. 35. Ibidem, p. 168 Idem 37. MELEU, Marcelino da Silva. papet dos juices frente aos desafios do Estada Demucratica de Dureito, Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013, p. 18. [Mssora, Alenear Frederica; Piss, Natélia Mendes, Hermenéutea constitucional, mutaga0 constituciona cu decisionisma: uma andlise sobre 3 decisdo do STF no Habeas Corpus 126 292/SP. Revista te Direito Constitucionate Internacional. val. 104. ano 75, . 227-245, Sdo Paulo: Fa. RT, nov-dez 2017 Hermenéutica ConsTiTUCiONAL procedimento interpretative permite que o sujeito atinja o sentido que mais the € conveniente, a partir da subjetividade instauradora do mundo." Alguns autores da doutrina brasileira colocam na consciencia do sujeito o lugar da atribuicio de sentido, sendo uma concep¢io solipsista. Assim, filosol ciéncia e disericionariedade judicial so a mesma coisa. Mesmo hoje, na era da inva- sao da filosofia pela linguagem, o debate formalismo-realismo continua a ser reproduzido. Na medida em que o direito trata de relagées de poder, tem-se uma mistura entre posturas formalistas ¢ realistas. Ocasionalmente, a vontade da let ea esséncia da lei sdo buscadas, em outras, ha uma procura pela solipsista vontade do legistador: ¢, quando nenhuma ¢ suficiente, prioriza-se a vontade do intérprete, pon- do em segundo plano os limites semanticos do texto. A consequencia disso € uma subjetividade criadora de sentidos e decisionismos ¢ arbitrariedades interpretativas.” a da cons- Dessa forma, resta claro como a interpretacao feita pelo Supremo Tribunal Fede- ral nao passou de um ato de vontade, uma livre atribuicdo de sentido ao considerar que ha respeito ao principio da presuncao de inocéncia ao determinar o cumpri- mento da pena quando ainda ha pendéncia de recursos especiais ¢ extraordinarios, por nestes dificilmente haver a analise fatica probatoria. Se a Constitui¢ao determina que tal principio deve ser respeitado até o transito em julgado da sentenca condena- Loria, nado ha como se relativizar tais conceitos de forma a diminué-lo. O argumento da efetividade da funcao jurisdictonal do Estado nao justifica arbitrariedades por parte deste, como a proposta na decisao referida. O Estado deve sim desenvolver sua funcao jurisdicional de forma efetiva, entretanto, sem desrespeitar ou ignorar os principios ¢ direitos fundamentais consolidados na Constituigio Federal Conforme o Ministro Celso de Mello fundamenta seu voto vencide, a Constitui- cao de 1988 tem a linalidade de regular uma sociedade baseada em fundamentos verdadeiramente democraticos, sendo simbolo representativo da antitese ao absolu- tismo do Estado e a forca opressiva do poder, levando em conta 6 contexto historico que fundamentou a quebra com paradigmas autoritarios do passado e o banimento, nas liberdades publicas, de qualquer ideia despotica de interpretagao de submissao, cuja consequéncia mais notavel, contra os que presumem a culpabilidade do réu, sera a possivel esterilizacao de uma das maiores conquistas da cidadania: 0 direito do individuo de nunca ser tratado coma se fosse culpado pelo Poder Publico. Assim, a presuncao de inocéncia como direito fundamental independe da gravi- dade ou da hediondez da infracdo que Ihe foi imputada, havendo de se viabilizar 38, STRECK, Lenio Luiz. Aplicar a “letra da lei” € uma atitude positivista? Revista NEJ ~ Ele- tronica, Itajat, 15, n. 1, jan/abr, 2010. Disponivel em: [www.univali.br/periodicos) Acesso em: 16.10.2015. p. 162 39. Ibidem, p. 162 9 constgucioral ou ‘acu, Alencar Frederico; scx Natélia Mendes. Hetmentutica constitucianal, mu Gecision smo: uma andlise sobre a deviséo do STF na Herbeas Cer Revista de Direto Canstitacianal Internacional vol. 104. ano 25, p. 227-245 237 238 Revista oe Dirt uma interpretacao emancipatoria dos direitos basicos da pessoa, cuja prerrogativa de sempre ser vista como inocente, para todo ¢ qualquer efeito, deve predominar até 0 transito em julgado da condenagao criminal, como condigao de bloqueio in- superavel a imposicao precoce de qualquer acao que afete ou limite a esfera juridi- ca dos individuos Fm relacdo a tese da mutacio constitucional, Streck assinala que ela possui um serio problema hermenéutico ¢ de legitimidade da jurisdicao constitucional, pois uma sumula do STF elaborada com o minimo de cito votos pode alterar a Consti- tuigdo e para revogar essa sumula sao precisos 3/5 dos votos do Congresso Nacio- nal, em votacao bicameral ¢ em dois turnos. Mutacdo constitucional seriam mudancas informais ¢ alteracdes constitucionais feitas por uma suposta interpreta- ¢ao evolutiva, sendo assim, vista como um fendmeno empirico nao resolvido nor mativamente. Destaca que 0 conceito de mutacéo constitucional apresenta somente a incapacidade do positivismo legalista da Alemanha de 1870 em lidar de forma construtiva com a profundidade de sua crise paradigmatica, nao havendo, para ele, fendmeno semelhante no Brasil. Assim, a tese da mutacao constitucional defende uma ideia decisionista da jurisdicao, contribuindo para o entendimento dos tribu- nais constitucionais como poderes constituintes permanentes, A funcae da jurisdi- cio é de continuar com o trabalho de construir interpretativamente, em conjunto com a sociedade, 0 sentido normativo da constituicao e do projeto democratico implicito nela. Dessa forma, um tribunal nao pode, de forma paradoxa, destruir a Constituicao sob o argumento de estar garantindo-a ou guardando-a.” O emtendimento da mutacéo constinucional como solucio de desacordos entre texto constitucional e a realidade social, exigindo-se uma jurisprudéncia que corri- ja e atualize a Constituicao, deve ser abandonado. Isso porque 0 novo modelo da intersubjetividade nao combina com a ideia de um juiz autocentiade, incumbide de corrigir e completar a Constituicao, Assim, a hermenéutica filosofica, elaborada por Heidegger.’" aperfeicoada por Gadamer"? ¢ defendida por Streck, defende a in- clusao da realidade dos fatos no processo de compreensao.*' Nesse sentido, Streck 40. STRECK, Lenio Luiz; LIMA, Martonio MonrAlverne Barreto; OLIVEIRA, Marcelo Andrade, Cattoni. A nova perspectiva de Supremo Tribunal Federal sobre o controle difuso: muta (a0 constitucional e limites da legitimidade da jurisdigao constitucional. Revista da Facul dade Mineira de Direito, v 10. 2007. p. 59-61 41. HEIDEGGER, Martin, Ser ¢ tempo:parte Il. Trad. Marcia Sa Cavalcante Schuback. 13. ed. Sao Paulo: Vozes, 2005 42. GADAMER, Hans-Georg. Verdad y metodo. 8. ed, Salamanca: Sigueme, 1999. v. L 43. OLIVEIRA, Larissa Pinha de, Pardmetras hermeneuticos da mutacdy constitucional. Disser tacio (Mestrado em Direito) ~ Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. p. 69, Maicioe, Alencar Frederico; Pisey, Natalia Mendes. Hermentutica corstitucioral, mutapao constitueional Ou dec'sionsmo: ua andlise sobre a decisde do STF na Habeas Corpus 126 292/SP. Revista de Oireito Const tucional ¢ Internacional. vo. 104, ao 28. p. 227-245, So Paulo: Ed. RT nov. dez, 2017 HeRMENEUTICA CONSTITUCIONAL afirma que um uibunal nao pode modificar a Constiigio nem criar 0 diteito por esta nao ser sua funcao legitima como poder jurisdicional numa democracia, ja que © trabalho jurisdicional nao ¢ legistar* presente instituto se equipara ao pensamento do Ministro Humberto Gomes de Barros do ST] (AgReg cm ERESP 279.889/AL, Rel. Min. Franeisco Pecanha Mar- tins, I? Sedo, j. 27.08.2003), no qual afirmou que “nao importa o que pensam os doutrinadores (...] Decide, porém, conforme minha consciéncia [...] esse & 0 pen- samento do Superior Tribunal de Justica ¢ a doutrina que se amolde a ele”? Importa ressaliar que “direito nao ¢ aquilo que o Tribunal, no seu conjunto ou na individualidade de seus components, dizem que é”."" Deve-se dar valor para 0 que a doutrina diz,” mas para isso a “doutrina deve voltar a doutrinar” assim, os juristas continuarae questionando e, por fim, todos devem continuar interpretando © Dircito ¢, principalmente, as normas constitucionais, para entao construir uma identidade constitucional brasileira Porem, tal posicionamento nao foi aceito de forma unanime pela doutrina, ate mesmo porque inumeras questoes ficaram pendentes, tais como: sera que ocorreu a reinterpretacdo do institute” ow por outro texto”? almente ocorreu a “substitui¢do de um texto "A presente mutacao constitucional foi “auténtica”® ¢ brotou da vida judiciaria ou foi “construida de maneira forcada"?* 44, STRECK, Lenio Luiz; LIMA, Martonio Mont’Alverne Barreto; OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni. A nova perspectiva do Supremo Tribunal Federal sobre © controle difuso: muta. cao constitucional ¢ limites da legitimidade da jurisdicdo constitucional. Revista da Facul- dade Minciva de Dixeita, v.10. 2007. p. 61 45. STRECK, Lento Luiz. 0 que ¢ isto: decido conforme minha consciencia? 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013. p. 25 46. Idem. 47. STRECK, Lenio Luiz. Crise de paradigma: devemos nos importar, sim, com o que a dou- trina diz, Disponivel en: [wwwleniostreck.com brésite/wp-contenvuploads/201 1/10/10. pal]. Avesso em: 24.04.2013, 48. STRECK, Lenio Luiz, Compreender direito [ci 49. Idem, 50. STRECK, Lenio Luiz. OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. LIMA, Martonio Montalveme Barreto. Op. cit, p. 2 51. MENDES, Gilmar Ferreira, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de diretio constitucio~ nal. Sao Paulo: Saraiva, 2014, P. 160. e Voto do Ministro na Reclamacao 4335-5 Acre. 52, NERY JUNIOR, Nelson. 0 Senado Federal eo controle conereto de constitucionalidade de Ieis ¢ de atos normativos: separacao de poderes, Poder Legislative ¢ interpretacao da CF 52 X. Revista de informacao legislativa, «47, n, 187, p. 193-200, jul set. 2010, Disponivel em: fwww2.senado.govbr/bdstitem/id/ 198654]. Acesso em: 13.02.2012 sp. 169, ‘Mace Alencar Frederica; Pisoy Natalia ca constitucional, mutagao constitucional au decisonisino: uma andlise sobre a devisio da STF no Habeas Corpus 126 292/SP. Revista de Dreito Constitucianat Internacional vol, 104, aro 25, p, 227-248, Sao Paulo. Ed. AT, nov.-dez, 2017, 239 240 Revista ne Dinero Constucional ¢ INTERNACIONAL 2017 ® RDC/ 104 Relacionar o fendmeno da mutagao constitucional ao ativismo judicial atribui um poder criador ao Judiciario a partir de uma subjetividade assujeitadora de seus i membros, desconsiderando-se 0 pacto constituinte. Ja que assume como trabalho i do Poder Judiciario um comportamento proativo diante da lacuna entre a Consti- twicdo e a realidade, de completar e corrigir a Constituicao, desconsiderando 0 texto constitucional ¢ depreciando a aco do Poder Legislative. A postura ativista tomada em varios momentos pelo Poder Judiciario quando age com o proposito de redelinear os limites de sua propria competéncia jurisdicional, desaprecia o impos- to originado pela Constituicio, que deve ser combatido. A tarefa do Poder Judi cidrio como um dos interpretes da Constituigao € por em evidencia o direito feito de forma democratica, principalmente do texto constitucional.* Dessa forma, o papel do STF seria o de destacar o principio da presungao de inacéncia, nao de relativiza-lo, Conforme destacado pelo Ministro Celso de Mello, 0 necessario respeito ao principio da presuncdo de inocéncia representa um fator de protecdo aos direitos de quem e parte de um processo penal e traduz uma condicao de legitimacao da | propria execucao da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Desa | forma, 0 Ministério Publico ¢ as autoridades judicidrias ¢ policiais nao podem tra- tar ningueém arbitrariamente e negar-lhe abusivamente o exercicio de direitos leg i timos que sd consequéncias de protecdo institucionalizadas pelo ordenamento i constitucional e feito em favor de toda e qualquer pessoa submetida a atos da per- | secucdo estatal i A Constituicao Federal brasileira estabelece nitidamente restricoes que nao po- dem ser transpostas pelo Estado no exercicio da atividade de persecucio penal, impondo o transito em julgado da sentenga penal condenatoria para efeito de des- ao da presuncao de inocencia. Por esse motivo que € inadequado em comparacdo com os outros Estados Democraticos, cujas Constituicdes, diferente- mente da nossa, nao impoem a necessaria observancia do transito em julgado da sentenca criminal condenatoria caracterizal 0 imterprete nao pode se separar da historia institucional, ou acabar com a coe- réncia ¢ unidade das decisdes politicas feitas pela sociedade. A imputacao de senti- do pelo julgador nao pode acontecer em uma direcao completamente oposta da tomada pelo texto constitucional.” 53, OLIVEIRA, Larissa Pinha de, Parametros hiermenéuticos da mutacdo constitucional, Disser taco (Mestrado em Diteito) ~ Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janeiro, Rio de Janciro, 2011. p. 70. 54, Ibidem, p. 71 55. tbidem, p. 74 Nscnas, Alencar Frederica, Pesos, Natalia Mendes. Hetmené utca constitucional,mutaea0 constitucional ou | decisinismio, uma ar alse sabre a decisao du STF ro Hobeus Corpus 126292/5P | Revista de Diteito Constiiucionale Iniernecional vol 104 ano 25, p, 227-245, S40 Paulo: Ed. RT, nov.dez, 2017. Ao que importa ressaltar a integridade preconizada por Dworkin, que incumbe os juizes, frente a um caso concreto, de ver 0 Direito como um todo, como uma unidade ¢ nao como um amontoado de decisoes politicas incoerentes e esparsas.”° Com isso, Dworkin pretendia superar o convencionalismo,” em que um direito so brota de decisoes anteriores se estiver manifestado nelas, ¢ 0 pragmatismo judicial, em que os juizes devem decidir de acordo com o que Ihes parecer melhor para o futuro da comunidade, ignorando 0 passado. Assim, as alirmagoes juridicas devem ser interpretativas, que combinem componentes que se voltem tanto para 0 passa- do quanto para 0 futuro, vendo a pritica juridica comemporanea como um proces- so em desenvolvimento, funcionando tais decisoes como feixes de luz que iluminam os passos futures, “assim age o juiz: procura iluminar, tanto quanto possivel, 0 ca minho, que se desenrola em sua frente”. A ideia de integridade nao refuta a concepgio de diversidade; assim, regras pro mulgadas no passado podem nao cumprir mais as exigencias futuras. Entretanto, a verificacao de alguma norma ultrapassada, inadequacao da letra constitucional ¢, consequentemente, producao de novo dispositivo, ¢ tarefa do Poder Legislativo. Portanto, torna-se inaceitavel o enfraquecimento do legislador eleito como autori- dade capaz de construir o significado de Constituicao.™ Ressalta-se que, na refe decisio, nao houve apenas o enfraquecimento do legislador mas tambem de um principio ¢ direito fundamental, afrontando tanto a Constituigao como o Estado Deinocratico de Direito. Sea liberdade de conformacao ao Legislativo foi diminuida por textos constitu cionais cada vez mais anahiticos e de amplo controle de constitucionalidade, 0 que nio pode acontecer € que tal diminuicao de poder do legislador represente um apequenamento da democracia. Assim, se foi diminuido 0 espaco do poder da von lade geral ¢ aumentado 0 espaco da jurisdicao; para preservacao da autonomizacao do direito, € necessirio providenciar mecanismos de controle do que € 0 reposit6- rio do deslocamento do polo de tensao da legislacto para a jurisdigéo — as decisoes judiciais ~, 0 que implica discutir 0 problema da discricionariedade na interpreta- cio das decisdes dos juizes e ibunais. A autonomia do direito nao pode acarretar indeterminabilidade do direito construido democraticamente.“° 56 Idem. 57. DWORKIN, Ronald, Levando os direitos a séria, Sav Paulo: Martins Fontes, 2002. 38. CARNELUTTI, Francisca. A aite do diveito.. cit 59. thidem, p. 7 60. STRECK, Lenio Luiz. Ay ctr da Wei” € uma atitude positivista? Revista NE] ~ E tromica ajai, v.15. n. 1, jandabr. 2010. Disponivel em; [www univali.br/periodicos| Acesso em, 16.10.2015, p. 163-164 76. Wssin, Alencar Federica, Pat, Natalia Mendes, Heirnenéutca consttuearal 7 decisioniso: uma anlise soure a deco do SIF no Habeas Corpus 126 2921S Revista de Oweito Canstitucionol ejaternac‘onal vol. 104. 290 26, 0. 227-248, Sdo Paulo: Ed. RT. rov-dez, 2017, Hermentutica ConstiTucional 241 242 Revista pe Dinetro Constitycionat & INTERNACIONAL 2017 ® ROC! 104 A autonomia do direito exige a determinabilidade dos sentidos como uma das condicdes para assegurar a propria democracia ¢ seu future. A superacao do posi- tivismo implica a incompatibilidade da hermenéutica com o teste das varias respos. tas, pois, havendo mais de uma resposta, a “escolha” € colocada no campo da discricionariedade judicial, que & antiético ao Estado Democratico de Dircito. As- sim, através da hermenautica filossfic possivel atingir uma respost ede ur critica hermenéutica do direito, é adequada a Constituicao a partir do exame do caso Isso porque nao ha respostas que emergem de procedimentos, nado percebemos primeiro o text para depois Ihe dar o sentido, Visto que a acio de interpretar é una, 0 texto nao esia a nossa disposicia."" A tese da resposta hermeneuticamente apropriada, que € sempre dada apenas no caso concreto, € corolaria da superacao do positivisme pelo neoconstitucionalis- mo, amparada em discursos de aplicacao, intersubjetives, em que os principios tem o poder de recuperar a realidade que sobra no positivismo. Dworkin"? e Gadamer, cada um a sua maneira, tentam controlar o subjetivismo por meio da tradicao, do nao relativismo, do cireulo hermencutico, da diferenca ontologica, do respeito a integridade ¢ da cocréncia do direito.”’ Como Hesse alirma, se os pressupostos da forea normativa foram consonantes com a Constituicao, se as forcas que podem feri-la ou muda-la se dispuserem a respeité-la, se em momentos dificeis ela preser- var sua forca normativa, entao cla possui real forca viva com a capacidade de pro- teger a vida do Estado das arbitrariedades. Constatando-se a superioridade da dade." norma sobre at 4. Concusio E necessario que 0 ordenamento juridico acompanhe as mudaneas que ocorrem na sociedade com 0 passa do tempo, de modo que possa aclequar-se a essas evolt- coes, sob pena de se tornar obsoleto, Assim, a mutacao constitucional seria um mecanismo para preservar a eficacia ¢ a forca normativa da Constituicao, atualizan- do-a ¢ conctetizando-a plenamente sem a necessidade de constantes reformas, até porque estas se dao de forma demorada c dificil Entretanto a mudanga da interpretacao de um dispositivo legal sem mudanca de seu texto nao implica, necessariamente, em mutacdo constitucional. Tal como 61, Ibidem, p. 169. 62. DWORKIN, Ronald, Levando os direitos a serio, Sao Paulo: Martins Fontes, 2002. 63. Idem 64. HESSE, Konrad. A forca normativa da Constituicdo, Trad. Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Fditor, 1991. p. 25 TManorar Alencar Frederico, Peck Natdla Mendes, Hevrneneucica corstitue oral, mutagSo constitucional ow Gecisionsmo: uma analise sobre a decisao do STF ia Habeas Corpus 126.292)SP Revista de Dire'ta Canstitueianal Internacicno! vol 108, aro 25, p, 227-245, Sa0 Paulo: £4, RI, nov-dee 20 Hermeneutic ConsTTUCIONAL ocorreu na decisio do Habeas Corpus 126.292/SP, nao houve mutacao, mas ativis- mo e discricionariedade judicial O problema de tal decisao encontra-se no enfraquecimento que tal ativismo causa no Legislativo, pela interferencia de um poder no outro, além da propria or- dem normativa, ja que o Judiciario nao tem a legitimidade para legislar, pelo fato de seus membros nao serem eleitos democraticamente, nao tendo respaldo do pove, tal qual o legislador. Fm outras palavras, nao significa dizer que uma medida diferenciada deva ser tomada em relacao a tal assunto, por essa razio, optou-se por nao adentrar no mé- rito da questo, mas que tal decisao nao caberia ao Judiciario, uma vez que compe- te apenas ao Legislative alterar os textos legais. A relativizacao do principio da presungao de inocéncia é um problema, nao sé por ser um importante direito fundamental para aqueles que figuram como réu em um processo penal, mas também por poder servir como precedente para a relativi- zacio de outros principios ¢ direitos fundamentais. O Supremo ‘Tribunal Federal deveria levar mais a sério sua funcao de garantir a efetiva aplicagao da Constituicao Federal, com a observancia de seus principios e direitos fundamentais, de forma a ressaltar o Estado Democritico de Direito. 5. REFERENCIAS ALMEIDA FILHO, Jorge Patricio de Medeiros. 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