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4- AÇOS CARBONO
4.1- INTRODUÇÃO
De todos os materiais o aço carbono é, como veremos, o material de maior uso, sendo
empregado na maioria dos equipamentos de processo, ficando a utilização de qualquer outro
material restrita aos casos que não é possível o emprego do aço carbono. A razão é que o aço
carbono, além de ser um material de fácil usinagem, de boa soldabilidade, de fácil obtenção e
encontrado em todas as formas de apresentação, é o material metálico de menor preço em relação
à sua resistência mecânica. Para mostrar a predominância do aço carbono, basta dizer que a
produção desse material corresponde a 90% da soma da produção de todos os outros materiais
metálicos. Em uma refinaria de petróleo típica, a percentagem em peso do aço carbono, no total
de todos os equipamentos de processo é aproximadamente 95%.
Os aços carbono são ligas metálicas de ferro e carbono, possuindo uma quantidade entre
0,05 e 2,0%, em peso, de carbono, contudo, na prática, a quantidade de carbono nunca supera o
valor de 1,5%, sendo que nos equipamentos de processos a quantidade máxima de carbono é de
0,35%. Alem de ferro e carbono, esses aços podem conter pequenas quantidades de: manganês,
enxofre, fósforo, alumínio e silício. De acordo com a norma NBR 6215 pode possuir elementos
de liga em teores residuais máximos de Cr =0,20%, Ni =0,25%, Al 0,10%, B = 0,0030%, Cu =
0,35%.
As propriedades dos aços carbono são profundamente afetadas pelas variações de sua
composição química. O aumento de carbono causa um aumento do LR (limite de resistência) do
LE (limite de escoamento) e na temperabilidade (possibilidade de formação da estrutura
metaestável martensita), na dureza, e diminui a ductilidade. O aumento da temperabilidade
dificulta a solda devido ao endurecimento do material. Veja a figura 4.1. Observe que o
tratamento térmico de normalização produz um aço com maior LR e LE e menos dúctil do que o
tratamento térmico de recozimento.
Como já havíamos estudado, podemos dizer que para uma mesma composição química, as
chapas grossas do aço carbono possuem menores LR e LE pois as chapas finas sofrem um maior
numero de passe de laminação, o que contribui para melhorar a resistência mecânica. Para uma
mesma especificação de LR e LE as chapas grossas de aço carbono necessitam mais carbono (que
as chapas finas) Veja a tabela 4.1
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TABELA 4.1
% Mn %Cr + % Mo + %V % Ni + %Cu
equivalente de C = %C + + +
6 5 15
Para os aços com pequena quantidade de carbono (até 0,25%, aproximadamente) a
soldabilidade é função principalmente do equivalente de carbono, sendo a soldagem tanto mais
difícil quanto maior for esse índice. Recomenda-se que o equivalente de carbono seja sempre
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menor que 0,45. Para aços com mais que 0,25% de carbono o fator predominante para a
soldabilidade é a própria percentagem de carbono.
b) Alumínio (Al): O alumínio assim como o silício, não estão presentes em todos os aços,
funcionam como desoxidantes, que se combinam com o oxigênio, removendo as bolhas de gás
que se formam na solidificação do metal em fusão. Os aços totalmente desoxidados são
chamados aços acalmados. Um aço semi acalmado tem uma quantidade insuficiente de Al ou Si
para a desoxidação.
c) Silício (Si): é usado como desoxidante do aço. Favorece sensivelmente a resistência mecânica
(limite de escoamento e de resistência) e a resistência à corrosão, reduzindo porém a
soldabilidade.
f) Cobre (Cu): aumenta de forma sensível a resistência à corrosão atmosférica dos aços, em
adições de até 0,35%. Aumenta também a resistência à fadiga, mas reduzem, de forma discreta, a
ductilidade, a tenacidade e soldabilidade.
i) Nióbio (Nb): é um elemento muito interessante, quando se deseja elevada resistência mecânica
e boa soldabilidade; teores baixíssimos deste elemento permitem aumentar o limite de resistência
e, de forma notória, o limite de escoamento. É um componente, quase obrigatório nos aços de alta
resistência e baixa liga; além de não prejudicar a soldabilidade, permite a diminuição dos teores
de carbono e de manganês, melhorando, portanto, a soldabilidade e a tenacidade. Entretanto, o
seu efeito sobre a ductilidade é desfavorável.
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Podemos visualizar as mudanças nas propriedades mecânicas do aço carbono devido aos
teores residuais de elementos de liga na tabela 4.2
TABELA 4.2
Para os aços carbonos exigem-se os seguintes tratamentos térmicos e cuidado com a solda
(1) Espessuras até 50mm: tratamento durante 24min para cada 10mm de espessura
com no mínimo 15min
ii) Tubulações (norma ASME B-31.3): tratamento obrigatório para as espessuras acima
de 19mm na proporção de 1h para cada 25mm de espessura.
Emprego de eletrodos de baixo hidrogênio sempre que se tenha uma ou mais das seguintes
condições:
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Radiografia total das soldas importantes em partes com espessuras superiores a 30mm
De um modo geral pode-se dizer que o aumento da temperatura faz diminuir o limite de
resistência dos materiais metálicos assim com seus limites de escoamento, dureza e o módulo de
elasticidade. A variação do limite de escoamento e de dureza acompanha, aproximadamente o
limite de resistência do material.
A figura 4.2 mostra o gráfico do limite de resistência versus temperatura para alguns
materiais, entre eles o aço carbono (índice 1).
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Figura 4.2
Podemos observar que o máximo do limite de resistência para o aço carbono é alcançada
na temperatura de 250OC. Vale lembrar que a curva do limite de resistência versus temperatura
depende da qualidade do aço, do processo de fabricação e dos tratamentos térmicos.
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formação de carepa para aços carbono expostos ao ar é 540 OC e à água é de 430 OC. Para meios
altamente oxidantes a temperatura de formação de carepa pode ser muito menor. A utilização
prolongada do aço em temperaturas superiores a 420OC pode causar a corrosão seletiva
denominada grafitização, que é a decomposição da cementita (carboneto de ferro Fe3C) e
liberação de carbono livre na forma de grafite. Para temperaturas acima de 400 OC recomenda-se
a utilização de aços totalmente acalmados (desoxidados). A desoxidação deve ser feita com o
silício por este promover o aparecimento de grãos grossos em contrapartida do alumínio que
diminui o tamanho dos grãos e favorece a grafitização.
Por os aços carbonos apresentarem uma estrutura metalúrgica cúbica de corpo centrado,
esses apresentam a transição dúctil-frágil em baixas temperaturas. O aumento da concentração de
carbono influencia a transição dúctil-frágil aumentando a faixa de transição como pode ser
observado na figura 4.3. Para serviços em baixa temperatura recomenda-se a utilização do
manganês até a concentração de 1,6% em peso, pois este desloca a curva de transição dúctil-frágil
para menores temperaturas como pode ser observado na figura 4.4. A desoxidação também
desloca a curva de transição dúctil-frágil para menores temperaturas sendo preferencial realizada
com alumínio por este promover a diminuição dos grãos da estrutura metalúrgica.
Menores que -45 OC: mesmo de curta duração, não utilizar aço carbono
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O contacto com a atmosfera ou qualquer outro meio contendo oxigênio, água ou umidade,
produz no aço carbono uma forma de corrosão uniforme generalizada, conhecida como
FERRUGEM. A ferrugem normalmente não passiva o aço, porque a camada de óxidos é
altamente porosa e não impede o prosseguimento da corrosão. Em atmosferas não poluídas e com
umidade inferior a 60%, pode-se admitir que o progresso da ferrugem é muito lento para a
temperatura ambiente.
A adição de pequenas quantidades de elementos de liga, tais como: Cromo, cobre, nióbio ou
níquel, melhoram sensivelmente a resistência do aço à corrosão atmosférica, criando aços que
dispensam pintura, denominados “aços patináveis”. Esses aços desenvolvem uma camada de
oxido muito aderente e protetora que serve como revestimento.
O contacto (do aço com o solo) pode resultar em um grave processo de corrosão uniforme e
corrosão por pites perfurante. Por esse motivo é obrigatório que haja um revestimento protetor
em qualquer peça de aço carbono enterrada ou em contacto com o solo.
Para água doce, a corrosão é desprezível, desde que não existam minerais ou gases
dissolvidos, e o pH seja superior a 8. Os cloretos e sulfetos são bastante agressivos,
principalmente os cloretos oxidantes (férrico, cúprico etc). Acima do pH 11 geralmente ocorre a
passivação do aço. Para águas salgada ou salobra, o aço carbono é inaceitável em qualquer caso,
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devido a severa corrosão por pites e corrosão generalizada, assim nesses casos exige-se a
utilização de revestimentos anticorrosivos ou pintura, ou ainda proteção catódica.
O aço carbono pode ser empregado com vapor da água, até as temperatura indicadas no item
4.4. sendo a corrosão bastante baixa desde que haja um tratamento adequado da água de
alimentação da caldeira. O condensado proveniente do vapor pode ser muito corrosivo para o aço
carbono, quando há presença de CO2 e formação de ácido carbônico
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com Al que também refina os grãos e melhora a resistência ao impacto. Os aços com adição de
alumínio não devem ser utilizados para temperaturas acima de 380OC, pois resistem menos ao
fenômeno de fluência e o alumínio incentiva a grafitização.
Os aços carbono de alta resistência são aços que após a laminação recebem o tratamento
térmico de tempera e revenido. Este tratamento térmico aumenta sensivelmente o limite de
resistência do material podendo alcançar os valores de 65kg/mm2 (637MPa) e também o limite de
escoamento e de dureza.
A composição química desses aços se aproxima da composição química dos aços de baixo
carbono, com a quantidade de manganês mais alta. Como a percentagem de carbono é baixa, a
solda é muito fácil. Entretanto é bastante difícil manter as propriedades de alta resistência na
regia próxima a solda, o que exige cuidados e tratamentos especiais.
A maioria desses aços não é adequada para temperaturas elevadas (usualmente 200OC) e
são mais suscetíveis a corrosão sob tensão que os demais aços carbonos.
Geralmente estes aços são empregados para vasos de altas pressões ou de grandes
dimensões, e, também, para tanque de volumes muito grandes.
Para o emprego em equipamento de processo, os aços carbono podem ser encontrados sob
várias formas de apresentação.
Chapas grossas: espessura de 4,8mm a 50,8mm dimensões até 2438mm por 9144mm. De
acordo com a norma P-EB-35 são as seguintes espessuras normalizadas usuais para chapa
grossas.(tabela 4.3)
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Tabela 4.3
Chapas finas: espessuras até 4,8mm (3/16”), dimensões de 1524mm(5´) por 6096mm
(20´). As chapas finas são encontradas em formato retangular avulso ou como bobinas
Barras: redondas até 7” de diâmetro; retangulares até 12” x 1”, e quadradas até 6” x 6”.
Perfis: duplo T dimensões até 20” x 7”, peso até 148kg/m; perfil “[“dimensões até 15” x 3
3/8” peso até 82kg/m cantoneiras de abas iguais e cantoneiras de abas diferentes.
Tubos sem costura diâmetro nominal ate 14”, peso ate 120kg/m
Tubos com costura: grande variedade de diâmetro e pesos até 54” de diâmetro e
1848kg/m
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Anexo A
Isso significa dizer que um aço identificado como 1045 contém 0,45 % em peso de
carbono em sua composição química.
Quando a letra B aparece entre os dois primeiros números e os dois últimos indica que o
aço tem um teor de boro no mínimo 0,0005% em peso (o boro, quanto presente no aço em teores
muito baixos, facilita a têmpera do aço, aumentando a sua resistência).
Designação
TIPO DE AÇO
SAE AISI
10XX C10XX Aços carbono comuns
11XX C11XX Aços de usinagem (ou corte) fácil, com alto S
13XX 13XX Aço manganês com 1,75% de Mn
23XX 23XX Aços Níquel com 3,5% de Ni
25XX 25XX Aços Níquel com 5,0% de Ni
31XX 31XX Aços Níquel Cromo com 1,25% de Ni e 0,65% de Cr
33XX E33XX Aços Níquel Cromo com 3,5 % de Ni e 1,55 Cr
40XX 40XX Aços Molibdênio com 0,25% de Mo
41XX 41XX Aços Cromo Molibdênio com 0,50% ou 0,90% de Cr e 0,12% ou 0,20% de Mo
43XX 43XX Aços Níquel cromo com molibdênio com 1,80% de Ni e 0,20% ou 0,25% de Mo
46XX 46XX Aços Níquel Molibdênio com 1,55% ou 1,80% de Ni e 0,20% ou 0,25% de Mo
47XX 47XX Aços Níquel Cromo Molibdênio com 1,05%de Ni, 0,45% de Cr e 0,20 de Mo
48XX 48XX Aços Níquel Molibdênio com 3,5 % de Ni e 0,25% de Mo
50XX 50XX Aços cromo com 0,28% ou 0,65% de Cr
50BXX 50BXX Aços cromo boro com baixo teor de Cr e no mínimo 0,0005% de B
51XX 51XX Aços cromo com 0,80 a 1,05% de Cr
61XX 61XX Aço cromo vanádio com 0,8 ou 0,95% de Cr a 0,1% ou 0,15% de v
86XX 86XX Aços níquel molibdênio com baixos teores de Ni, Cr e Mo
87XX 87XX Idem
92XX 92XX Aço silício manganês com 0,85% de Mn e 2,0% de Si
93XX 93XX Aços silício manganês com 3,25% de Ni, 1,20% de Cr e 0,12% de Mo
94BXX 94BXX Aço níquel cromo molibdênio com baixos teores de Ni, Mo e no mínimo 0,0005% de
B
98XX 98XX Aço níquel cromo molibdênio com 1,0% de Ni,0,80 de Cr e 0,25% de Mo
Sistema de codificação SAE/AISI
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