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Rei Assuero: A História de

Xerxes

Daniel Conegero
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O rei Assuero foi o governante da Pérsia entre 486 e 465 a.C. Ele é mais
conhecido como Xerxes, seu nome grego, pelo qual aparece em relatos
extrabíblicos, sendo que é apenas no livro de Ester que ele é mencionado como
Assuero.
Alguns estudiosos consideram que “Assuero” poderia ter sido um tipo de título real
que os monarcas persas recebiam, mas não há consenso sobre isso. O rei Assuero
foi filho de Dario I, neto de Ciro e o pai de Artaxerxes I, o mesmo Artaxerxes que
aparece no contexto de Esdras e Neemias (Ed 7:1; Ne 2:1).

O reinado do rei Assuero (Xerxes)


Segundo os relatos bíblicos, o rei Assuero governou um império grande e
imponente que compreendia um território desde a Índia até a Etiópia, com
127 províncias. Ele ascendeu ao trono por designação do pai, já que não era o
filho primogênito. Quando comparado os relatos bíblicos com possíveis fontes
históricas extrabíblicas, o rei Assuero era uma pessoa vaidosa, excêntrica e
volúvel.
Em 482 a.C. ele precisou enfrentar uma rebelião na Babilônia, na qual a cidade foi
parcialmente comprometida. A partir de 480 a.C., Xerxes empreendeu várias
campanhas militares contra a Grécia. Um dos embates mais conhecidos de
Xerxes foi contra Leónidas de Esparta.
O rei Assuero também enfrentou uma derrota difícil quando suas tropas perderam
a batalha em Salamina e em Samos. Alguns estudiosos consideram que o evento
citado no capítulo 1 do livro de Ester teve a finalidade de planejar as campanhas do
Império da Pérsia contra os gregos.
Na sequência de seu reinado houve uma dedicação em relação à construção do
novo palácio de Persépolis, além de também ocorrerem várias intrigas em sua
corte. O rei Assuero foi assassinado em seus próprios aposentos, muito
provavelmente em agosto de 465 a.C.

O rei Assuero (Xerxes) na Bíblia


O rei Assuero aparece em citações diretas e indiretas em livros do Antigo
Testamento. Em Esdras 4:6-23, Xerxes é mencionado quando o autor do livro
descreve um contexto de oposição à reconstrução dos muros da cidade de
Jerusalém.
Alguns estudiosos sugerem que o rei mencionado nessa passagem bíblica fosse
Cambises, sucessor de Ciro, porém essa hipótese é bastante improvável.

Já a referência no livro de Ester é a mais conhecida e detalhada sobre o rei


Assuero em toda a Bíblia. Na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento),
Assuero é chamado de Artaxerxes, porém o personagem em questão é o próprio
Xerxes.
No livro de Daniel o rei Assuero também é mencionado, apesar de não aparecer
seu nome. Ele é o quarto rei da revelação dada ao profeta Daniel registrada no
capítulo 11 de seu livro (Dn 11:2).
Em Daniel 9:1, no capítulo famoso por conter a profecia das setenta semanas, o
nome Assuero também é citado, porém não se trata do mesmo Assuero de Ester.
Nesse caso, o profeta se refere ao pai de Dario. Essa é uma das referências que
apontam para a possibilidade de Assuero ter sido um título e não um nome
pessoal.

O rei Assuero e Ester


Assuero, o rei da Pérsia, certo dia realizou um banquete a todo povo na fortaleza
de Susã, um palácio fortificado que se elevava em cerca de quarenta metros acima
da cidade de Susã. Essa era uma das três capitais persas e servia de residência real
de inverno.

Na ocasião estavam presentes os poderosos da Pérsia e Média e seus servos. Após


sete dias de festividades, Assuero mandou chamar a rainha Vasti, que também dava
um banquete às mulheres na casa real.

A convocação do rei Assuero era para que Vasti entrasse em sua presença
usando a coroa real, para que pudesse mostrar aos povos e aos príncipes a sua
beleza, porque era muito formosa (Et 1:11).
Muito tem sido especulado sobre os motivos que fizeram com que a rainha Vasti se
recusasse a atender ao pedido do rei, porém o texto hebraico não fornece
nenhuma explicação. Alguns estudiosos sugerem que ela poderia ter alguma
deformação, mas isso parece improvável visto que o texto aponta a sua beleza.

Antigos intérpretes judeus acreditam que é possível que a ordem de Assuero fosse
para que ela comparecesse totalmente despida, usando apenas a sua coroa. Apesar
de o texto dizer que o rei Assuero já estava alterado por conta do vinho (Et 1:10) e
tal atitude parecer possível diante das circunstâncias e de seu característico
comportamento, não há nenhum indício no texto bíblico sobre essa possibilidade.

De qualquer forma, somente o fato de ter que comparecer em uma festa de


homens já seria motivo suficiente para a rainha Vasti ter entendido o pedido como
um tipo de humilhação. Tudo o que sabemos é que a rainha Vasti não compareceu
e o rei Assuero a destituiu em aproximadamente 483 a.C. Também é possível que
mais tarde Assuero tenha se arrependido do que fez (Et 2:1).

Foi muito provavelmente em 478 a.C. que o rei Assuero colocou Ester no lugar
de Vasti como sua rainha. Esse relato do texto bíblico parece se encaixar com a
descrição do historiador grego Heródoto de que Xerxes manifestou grande
interesse em seu harém logo após a desastrosa campanha contra os gregos.
O mesmo Heródoto identifica a esposa de Xerxes como sendo Amestris. Alguns
tentam identificar essa Amestris como sendo a Vasti citada no livro de Ester, ou a
própria Ester, porém é muito improvável que Amestris tenha sido qualquer uma
delas. Talvez Amestris tenha sucedido Ester mais tarde.

A importante posição de Ester foi muito significativa para que o plano de Hamã em
aniquilar os judeus não tivesse sucesso. Na ocasião, Mardoqueu reconheceu que o
fato de Ester ter sido aceita como rainha poderia ser uma providencia divina para
que ela pudesse agir em favor dos judeus (Et 4:14). Saiba mais sobre a história de
Ester.

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