Você está na página 1de 7

VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de

Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho - VIème Colloque International de Psychodynamique et Psychopathologie du travail /


1er Congrès de l'Association Internationale de Psychodynamique et Psychopathologie du Travail - PDT 2010 - L. Sznelwar, S.
Lancman and S. Uchida (Editores, 2010)

Organização Patológica do Trabalho: Relatos Clínicos de uma


Tentativa de Suicídio

Vitor Barros Rego (PSTO/UnB)


Marcelo Augusto Finazzi Santos (PPGA/UnB)

Resumo. O foco deste trabalho é descrever o processo que conduziu experiente


administradora de um grande banco privado a desenvolver ideações suicidas, com o
intuito de compreender-se o contexto da organização do trabalho a qual ela se
submetia. O caso foi descoberto após a trabalhadora ter procurado o sindicato da
categoria para socorrê-la das violências que vivenciava no banco. O material foi
analisado por meio de técnica qualitativa livre. Concluiu-se que os meios empregados
em nome da produtividade e da submissão à ordem se sobrepunham à dignidade da
bancária, mediante a legitimação dos assédios como instrumentos corriqueiros nas
práticas administrativas.

Palavras-chave. Sofrimento no Trabalho, Suicídio, Bancários

1. Introdução

Este trabalho objetiva descrever o processo que conduziu experiente administradora


de um banco privado a tentar o suicídio, com o intuito de compreender-se a nova
organização do trabalho. O caso foi descoberto após a trabalhadora ter procurado o
sindicato da categoria para socorrê-la das violências que vivenciava no banco. Em vista
da sua condição emocional deteriorada, recebeu assistência terapêutica do psicólogo
que presta serviço ao sindicato, iniciando tratamento clínico. A partir das sessões
semanais, a bancária passou a relatar a evolução do sofrimento psíquico a que estava
submetida por conta das exigências organizacionais, manifestando quadro depressivo
severo com ideação suicida iminente. Acompanhou-se, assim, o processo de seu
adoecimento psíquico, desde o momento em que a paciente iniciou a idealização de
auto-extermínio, passando pelo relato detalhado da tentativa – visto que ela manteve
contato telefônico com o seu terapeuta durante a execução do plano suicida – e o
acompanhamento privilegiado dos acontecimentos subseqüentes.
Apesar de cada vez mais comuns, Dejours (2008) assevera que são raros os estudos
que correlacionam suicídio e trabalho, no mundo ocidental, de modo que se torna
imperioso o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema. A título de exemplo, entre
1992 e 2001, 2.170 trabalhadores cometeram suicídio no trabalho, nos Estados Unidos
(Pegula, 2008). No Japão, ao contrário, desde a década de 1970 são realizadas
pesquisas que abordam as severas condições de trabalho sobre a saúde mental dos
trabalhadores, conforme demonstram Nishiyama e Johnson (1997), Amagasa,
Nakayama & Takahashi (2005) e Hiyama e Yoshihara (2008). Esses autores são
VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de
Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho - VIème Colloque International de Psychodynamique et Psychopathologie du travail /
1er Congrès de l'Association Internationale de Psychodynamique et Psychopathologie du Travail - PDT 2010 - L. Sznelwar, S.
Lancman and S. Uchida (Editores, 2010)

categóricos ao demonstrar empiricamente que o sistema japonês de gestão – o qual


inspira os programas de reengenharia das empresas ocidentais e se baseiam na redução
drástica de custos e na acumulação flexível (Druck, 1999) –, têm se relacionado com
diversos problemas de saúde, como o karoshi (morte por excesso de trabalho) e o
karojisatsu (suicídio por excesso de trabalho).
As reestruturações produtivas, alicerçadas prioritariamente no toyotismo e no
neotaylorismo, resultaram em novas organizações do trabalho que preconizam o fim
dos compromissos sociais rígidos (Lipietz, 1991; Antunes, 2002). As conseqüências
dessas mudanças sobre a subjetividade dos trabalhadores foram captadas com acuidade
por Dejours (2004), as quais resultaram na defasagem entre a organização do trabalho
prescrita e real, na intensificação do ritmo laboral, na impossibilidade de mobilização
efetiva da inteligência e da capacidade criativa, fatores esses que conduzem o indivíduo
ao sofrimento. Merlo e Lápis (2007) salientam que os atuais métodos de gestão
aumentam a ansiedade e o medo do trabalhador, culminando na banalização dos
desgastes físicos e emocionais. De acordo com Mendes (2007a), as subjetivações
empregadas pela organização do trabalho se tornam instrumentos explorados em nome
da produtividade e do desempenho. Há o risco, porém, de as falhas nos mecanismos de
mediação transformar o sofrimento em patologias sociais, como a perversão, a
violência e a servidão.
Entre os bancários, de forma específica, há evidências significativas de sérios
distúrbios mentais e físicos na categoria e que se relacionam à organização do trabalho,
no contexto das reestruturações produtivas que tiveram curso nos últimos anos
(Laranjeiras, 1997; Segnini, 1999; Araújo, Cartoni & Justo, 2001; Brandão, Horta &
Tomasi, 2005; Maciel, Cavalcante, Matos & Rodrigues, 2007; Jacques & Amazarray,
2006; Perfetto & Beraldo, 2007; Santos Júnior, Mendes & Araújo, 2009). As pesquisas
realizadas Rodrigues (2004) e Pfeilsticker (2008), de forma complementar,
concentram-se nos impactos imediatos das mudanças na vida dos trabalhadores,
abordando a desesperança, angústia e temor frente aos novos tempos que viriam. Na
mesma direção, Maciel e cols. (2007) obtiveram resultados preocupantes quanto à
saúde dos trabalhados da categoria, dentre os quais se destaca os altos índices de
problemas de nervosismo, tensão e preocupação (60,72% dos 2.607 entrevistados),
sendo que 4,37% relataram ideação suicida, o que indicava aproximadamente 18.500
bancários em risco iminente de tentar a própria morte.
A apregoada “guerra econômica” justifica as baixas e as eventuais conseqüências
negativas – como o sofrimento, as demissões arbitrárias, os assédios, o adoecimento –
são resultados normais de um cenário de competição intensa, em que apenas o mais
forte sobreviverá (Dejours, 2003). Serva (1997, p. 19) alerta que “[...] liberado das
premissas ético-valorativas, o ambiente organizacional tornou-se propício aos abusos
de poder, à dominação, ao mascaramento de intenções pela substituição da verdadeira
comunicação humana por padrões informativos [...]”.

2. Percurso metodológico

Este estudo foi realizado a partir do acompanhamento clínico psicoterápico de uma


bancária, de codinome Rosângela, lotada no Banco Gama, importante conglomerado
financeiro privado. O caso foi descoberto após a bancária procurar auxílio no Sindicato
dos Bancários, em decorrência de afastamento das atividades laborais por conta de
VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de
Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho - VIème Colloque International de Psychodynamique et Psychopathologie du travail /
1er Congrès de l'Association Internationale de Psychodynamique et Psychopathologie du Travail - PDT 2010 - L. Sznelwar, S.
Lancman and S. Uchida (Editores, 2010)

grave ideação suicida diagnosticada pelo psicólogo que lhe prestava assistência como
relacionada ao trabalho. As sessões de psicoterapia aconteceram de janeiro a setembro
de 2009 (sendo que a tentativa de suicídio ocorreu em maio) e, após cada sessão, o
psicólogo formalizava o registro clínico das falas representativas da paciente.
Paralelamente, como forma de assegurar o rigor metodológico, convidou-se
pesquisador externo amplamente habituado com estudos relacionados a sofrimento no
trabalho para entrevistá-la sobre vivências laborais, sendo que o entrevistador não sabia
previamente das ideações suicidas. Além disso, o psicólogo detalhou a ligação
telefônica recebida da bancária quando a tentativa era executada, bem como os relatos
decorrentes da internação psiquiátrica pós-tentativa.
As sessões semanais foram conduzidas com base na clínica do trabalho em
psicodinâmica (Mendes, 2007b), cuja premissa é a escuta do sofrimento, de forma a
propiciar espaço reflexivo para que o trabalhador tome consciência de sua condição,
permitindo-o emancipar-se mediante o resgate da capacidade de pensar e agir. A
entrevista, por sua vez, baseou-se no roteiro proposto pela mesma autora, com base na
investigação de quatro temas: a) contexto do trabalho; b) sentimentos no trabalho; c)
estratégias de enfrentamento da organização do trabalho; d) patologias sociais
decorrentes da organização do trabalho. A entrevista foi gravada e transcrita na íntegra,
mediante consentimento formal da participante, com duração de duas horas. O material
obtido foi analisado por meio de técnica qualitativa livre (Strauss & Corbin, 2008), de
forma a evidenciar as circunstâncias representativas da evolução emocional da paciente
ao longo do tempo e, assim, descrever as violências que contribuíram para o
estabelecimento do quadro de morbidez.

3. Resultados

Rosângela ingressa no Banco Gama no final da década de 1970, aos 19 anos. A


vida fez com que desde a tenra idade tivesse que se dedicar aos afazeres externos para
auxiliar no sustento da família. Entregou-se com paixão ao trabalho, dedicando a sua
juventude exclusivamente às necessidades corporativas, abdicando de pretensões
pessoais. A empresa, assim, exigia dela o amor incondicional com a promessa de
recompensa futura. Rosângela, por sua vez, agarrava-se no sonho da carreira brilhante e
de uma vida melhor. Aquele emprego, portanto, representava muito mais do que a fonte
de sobrevivência. Tornava-se a personificação da dignidade e do reconhecimento
social.
A contrapartida pela dedicação irrestrita ao trabalho era alta. Deveria moldar-se aos
padrões da empresa, portar-se conforme as diretrizes organizacionais, nos mínimos
detalhes: o vestuário, o corte de cabelo, o modo de falar. Deveria ser símbolo de
jovialidade, por um lado, e tradição, por outro, demonstrado por meio da vestimenta
elegante e dos trejeitos refinados. Entranha-se naquele universo, assumindo-o como a
razão de sua própria existência. O reconhecimento vem sob a forma de sucessivas
promoções. Era uma das primeiras mulheres da empresa a galgar posto tão elevado –
gerente de agência –, ainda mais antes dos 30 anos de idade. Seria a responsável pela
administração de dezenas de empregados e vultosos negócios. Seus problemas
começam, a partir de então. Se em cargos inferiores as exigências já eram elevadas, ao
assumir tamanha responsabilidade o tempo livre se escasseia a ponto de, literalmente,
sobrar-lhe apenas as poucas horas do sono, na medida em que as exigências do dia-a-
VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de
Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho - VIème Colloque International de Psychodynamique et Psychopathologie du travail /
1er Congrès de l'Association Internationale de Psychodynamique et Psychopathologie du Travail - PDT 2010 - L. Sznelwar, S.
Lancman and S. Uchida (Editores, 2010)

dia eram demasiadamente pesadas, custando-lhe os primeiros danos à saúde física e


emocional. O casamento se deteriora, pois não havia como conciliar as exigências do
cargo com as responsabilidades de mãe e esposa.
A cobrança por resultados era intensa e havia o estímulo desenfreado à competição
entre os colegas. Com os anos, o corpo e a mente começaram a apresentar sinais de
exaustão, materializados em sôfregos 43 quilos e em freqüentes crises de choro.
Precisava de pausa para tratamento de saúde, ocasião em que o médico lhe deu um
ultimato: seu corpo estava frágil demais para continuar naquele ritmo, sob o risco de
grave prejuízo à saúde. Rosângela tinha a convicção íntima de que o jogo estava no
fim, aquele jogo que entorpecia a sua mente como um vício nos primeiros anos de
carreira. O trabalho tornou-se um fardo e os resultados declinaram lenta e
continuamente. Entristeceu-se. Na ausência de algo melhor, a depressão preencheu o
vazio deixado pela falta de significação do trabalho. Rosângela não tinha condições
emocionais de administrar uma agência, viver a mesma rotina de quase três décadas. As
extremidades formigavam, a fala estava desconexa e a concentração perdida na
escuridão de seu mundo interior.
Afasta-se para longo tratamento mental: a depressão se aprofunda na razão direta
em que sente a própria vida vazia de significado, pois se entregara compulsivamente ao
trabalho desde nova. Não sabia mais viver sem o banco, pois aqueles jogos
organizacionais, repletos de disputas, desafios e metas a superar se tornaram a sua
razão de ser. Após o início do tratamento sente melhora substancial, sentindo-se apta
para retornar ao trabalho. Mas logo percebe que aquela mesma empresa que a premiara
sucessivamente pelo cumprimento de metas não mais se interessava por ela, relegando-
a à marginalidade organizacional, pois sucumbira à doença e os colegas fizeram
questão de lembrá-la que, ali, não haveria espaço para os “fracos”.
A depressão volta com força. Maio de 2009. Início da noite. Rosângela liga para o
terapeuta que lhe prestava assistência. A fala é lenta e desconexa. Confidenciaria que
estava se despedindo do mundo, pois não agüentava mais tamanha humilhação e “faria
o que era o melhor a fazer”. Após muita insistência do terapeuta, Rosangela diz que
havia tomado todos os remédios prescritos pelo psiquiatra e que estava longe. Para
certificar-se que não haveria erro, combinaria a intoxicação com um segundo método:
jogar-se-ia de uma ponte, na certeza de que o afogamento lhe levaria a vida, pois não
sabia nadar. O terapeuta, então, estende o diálogo o máximo de tempo possível para
extrair informações sobre o seu paradeiro, de modo que os remédios fizessem efeito e
ela desmaiasse na rua, antes de consumar a segunda parte do plano. Ao silenciar a
chamada telefônica, o serviço médico de emergência foi imediatamente acionado e, em
pouco tempo, encontraram o corpo nas adjacências de barranco próximo à ponte,
iniciando os procedimentos de suporte à vida. Após período de internação em unidade
de terapia intensiva, Rosângela recobra a consciência. A vergonha e a raiva por não
completar o intento a angustiavam, porém.
A bancária espontaneamente solicita internação em clínica psiquiátrica. Nos
primeiros dias, a vontade de morrer continua intensa. Neste momento, sua tentativa de
suicídio é anunciada pelos quatro cantos do banco, tornando mais forte ainda o
sentimento de vergonha. As vivências positivas e negativas relacionadas ao trabalho
são tão intensas que a primeira sessão de terapia ocupacional, durante a internação, foi
uma atividade manual envolvendo uma caixa contendo a logomarca do Banco Gama.
Em algumas semanas receberia alta, permanecendo, porém, afastada do trabalho. A
VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de
Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho - VIème Colloque International de Psychodynamique et Psychopathologie du travail /
1er Congrès de l'Association Internationale de Psychodynamique et Psychopathologie du Travail - PDT 2010 - L. Sznelwar, S.
Lancman and S. Uchida (Editores, 2010)

psicoterapia retornaria à sala onde tudo começou: as reminiscências do trabalho,


entretanto, continuam fortes demais para serem esquecidas, monopolizando as sessões.

4. Para concluir

Conforme os anos se passam, a bancária percebe as dificuldades para empenhar-se


no trabalho. Estava cada vez mais difícil estar à altura das exigências organizacionais,
pois os números exigidos eram sucessivamente maiores. Buscava, assim, novas
estratégias para continuar em níveis de excelência, como em seu passado: trabalhar
sempre mais e cumprir as difíceis metas a qualquer custo. Foi percebendo seu trabalho
ocupando lugar ambíguo em sua constituição psíquica: ora fonte de satisfação interna,
pessoal; ora fonte de extremo ódio, desgosto. A tentativa de suicídio demonstra como o
modo de gestão do banco, baseado em premiações e, conseqüentemente, na excessiva
competitividade, resulta em investimentos psíquicos extremos quanto ao trabalho, pois
exige o irrestrito engajamento do empregado à sua causa.
Os programas de cumprimento de metas suscitam na organização do trabalho a alta
competitividade entre os trabalhadores, pois ao invés de se tornarem companheiros,
tornam-se adversários, cujo discurso se legitima mediante o imaginário de que a disputa
interna é salutar para os resultados da empresa. Em outras palavras, torna-se uma
prática que prega a desestabilização do coletivo, pois estimula performances e sucessos
individuais. Além disso, os prêmios conferidos aos destaques fortalecem os vínculos de
servidão para com a empresa, sendo o elo perverso que justifica o cumprimento das
metas organizacionais a qualquer custo (Siqueira, 2006).
Nas reuniões gerenciais, as metas se tornam moedas de troca: vale mais quem
estiver disposto a oferecer o maior resultado possível. Apesar da inviabilidade quanto à
obtenção de resultados tão expressivos, o que vale é a disputa entre os colegas –
amplamente estimulada pelos superiores – para ver quem se dedica mais à empresa. O
valor simbólico das agências, que são classificadas em níveis de importância, estimula
a concorrência entre os gerentes por aquelas que denotam mais status, ou seja, as que
são reservadas aos melhores administradores. Observa-se, portanto, que se trata de
mecanismo para assegurar o engajamento subjetivo direcionado ao trabalho, pois se
comparam os desempenhos de todos para premiar os melhores e humilhar os que
apresentam resultados insatisfatórios (Dejours, 2008). Curiosamente, entretanto, o
sofrimento de Rosângela serviu para conscientizar alguns colegas sobre a necessidade
de equilibrar as exigências do trabalho: houve quem procurasse o mesmo auxílio
psicológico, pois percebia que sua dinâmica de vida se assemelhava ao de Rosângela,
enquanto outros fizeram acordo para não mais trabalharem além do horário normal.
Os resultados evidenciaram a correlação positiva entre o processo de adoecimento
psíquico com o contexto laboral. O pedido de socorro feito por intermédio do sindicato
– e não por meio de psicoterapeutas particulares – foi interpretado como indicativo de
que os seus maiores conflitos íntimos também se relacionavam com o trabalho. A
análise das falas da paciente demonstrou que os assédios banalizaram-se como
instrumento disciplinar, evidenciando o paradoxo da gestão contemporânea: mesmo
sendo uma funcionária altamente rentável e de desempenho excepcional, sofria
constantes humilhações por parte de colegas e chefes, pois se recusava a submeter-se às
redes de poder instituídas na organização e aos imperativos das lideranças narcisistas.
Concluiu-se que os meios empregados em nome da produtividade e da submissão à
VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de
Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho - VIème Colloque International de Psychodynamique et Psychopathologie du travail /
1er Congrès de l'Association Internationale de Psychodynamique et Psychopathologie du Travail - PDT 2010 - L. Sznelwar, S.
Lancman and S. Uchida (Editores, 2010)

ordem se sobrepunham à dignidade da bancária, mediante a legitimação dos assédios


como instrumentos corriqueiros nas práticas administrativas.

5. Referências Bibliográficas

Amagasa, T., Nakayama, T. & Takahashi, Y. (2005). Karajisatsu in Japan: characteristics of 22 cases of
work-related suicide. Journal of Occupational Health, 47(2), 157-164.
Antunes, R. (2002). As novas formas de acumulação de capital e as formas contemporâneas de
estranhamento (alienação). Caderno CRH, 37, 23-45.
Araújo, A. M. C.; Cartoni, D. M.; & Justo, C. R. D. M. (2001). Reestruturação produtiva e negociação
coletiva nos anos 1990. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 16(45), 85-112.
Brandão, A. G.; Horta, B. L.; & Tomasi, E. (2005). Sintomas de distúrbios oesteomusculares em
bancários de Pelotas e região: prevalência de fatores associados. Revista Brasileira de
Epidemiologia, 8(3), 295-305.
Brant, L. C., & Minayo-Gomez, C. (2004). A transformação do sofrimento em adoecimento: do
nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, 9(1), 213-223.
Dejours, C. (2003). A banalização da injustiça social (5a ed.). Rio de Janeiro: Ed. FGV.
Dejours, C. (2004). Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, 14(3), 27-34.
Dejours, C. (2008). Novas formas de servidão e de suicídio. In MENDES, A. M. Trabalho e Saúde: o
sujeito entre emancipação e servidão (cap. 2). Curitiba: Juruá.
Druck, M. G. (1999). Globalização e reestruturação produtiva: o Fordismo e/ou Japonismo. Revista de
Economia Política, 19(2), 31-48.
Jacques, M. G. C.; & Amazarray, M. R. (2006). Trabalho bancário e saúde mental no paradigma da
excelência. Boletim da Saúde, 20(1), 93-105.
Laranjeira, S. M. G. (1997). Reestruturação produtiva no setor bancário: a realidade dos anos 90.
Educação & Sociedade, 18(61), 110-138.
Lipietz, A. (1991). As relações capital-trabalho no limiar do século XXI. Ensaios FEE, 12(1), 101-130.
Hiyama, T. & Yoshihara, M. (2008). New occupational threats to Japanese physicians: karoshi (death
due to overwork) and karojisatsu (suicide due to overwork). Occupational and Environmental
Medicine, 65(6), 428-429.
Maciel, R. H.; Cavalcante, R.; Matos, T. G. R.; & Rodrigues, S. (2007). Auto relato de situações
constrangedoras no trabalho e assédio moral nos bancários: uma fotografia. Psicologia &
Sociedade, 19(2), 117-127.
Mendes, A. M. (2007). Da psicodinâmica à psicopatologia do trabalho. In Mendes, A. M. (Org.).
Psicodinâmica do Trabalho: teoria, métodos e pesquisas (pp. 29-48). São Paulo: Casa do
Psicólogo.
Mendes, A. M. (2007). Pesquisa em psicodinâmica: a clínica do trabalho. In Mendes, A. M. (Org.).
Psicodinâmica do Trabalho: teoria, métodos e pesquisas (pp. 65-87). São Paulo: Casa do
Psicólogo.
Merlo, A. R. C., & Lapis, N. L. (2007). A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na
interface da psicodinâmica do trabalho e da sociologia do trabalho. Psicologia & Sociedade, 19(1),
61-68.
Nishiyama, H.; & Johnson, J. V. (1997). Karoshi – death from overwork: occupational health
consequences of Japanese Production Management. International Journal of Health Services,
(27)4, 625-641.
Pegula, S. M. (2008). An analysis of workplace suicides, 1992-2001. US Bureau of Labour Statistics.
Retrieved November 13, 2008, from http://www.bls.gov/opub/cwc/print/sh20040126ar01p1.htm
Perfetto, A. F.; Beraldo, K. E. A. (2007). Estresse e estresse ocupacional: algumas considerações a partir
do foco no trabalho de bancários. Revista da Pós-Graduação – Unifieo, 1(2), 19-31.
Rodrigues, L. C. (2004). Metáforas do Brasil: demissões voluntárias, crise e rupturas no Banco do
Brasil. São Paulo: Annablume.
Santos Júnior, A. V.; Mendes, A. M.; & Araújo, L. K. R. (2009). Experiência em clínica do trabalho para
bancários adoecidos por Ler/Dort. Psicologia Ciência e Profissão, 29(3), 614-625.
Segnini, L. R. P. (1999). Reestruturação nos bancos do Brasil: desemprego, subcontratação e
intensificação do trabalho. Educação & Sociedade, 20(67), p. 185-211.
VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de
Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho - VIème Colloque International de Psychodynamique et Psychopathologie du travail /
1er Congrès de l'Association Internationale de Psychodynamique et Psychopathologie du Travail - PDT 2010 - L. Sznelwar, S.
Lancman and S. Uchida (Editores, 2010)

Serva, M. (1997). Racionalidade substantiva demonstrada na prática administrativa. Revista d e


Administração de Empresas, 37(2), 18-30.
Siqueira, M. V. S. (2006). Gestão de pessoas e discurso organizacional. Goiânia: Ed. UCG.
Strauss, A., & Corbin, J. (2008). Pesquisa Qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento
de teoria fundamentada (2a ed.). Porto Alegre: Artmed.

Você também pode gostar