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VOX CONCORDIANA - SUPLEMENTO TEOLÓGICO

Revista teológica semestral publicada pela Congregação de


Professores da Escola Superior de Teologia do Instituto Concórdia de
São Paulo.

Conselho Editorial: Paulo W. Buss, Editor


Paulo K. Jung
Luisivan Strelow

Diagramação: Jaider Sodré de Oliveira

Expedição: Leonardo NeÍtzeJ

Congregação de Professores: Ari Lange


Deomar Roos
Erní W. Seibert
Leonardo Neitzel
Paulo W. Buss
Raul Blum

Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores, não


refletindo necessariamente a posição dos editores ou da Congregação
de Professores como um todo. Devem ser considerados mais como
ensaios para reflexão do que posícionamentos definitivos sobre os
temas abordados.

Endereço para correspondência:


INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO
Caixa Postal 60754 Fone: (011) 5511-5077
05786-990 São Paulo, SP Fax: (011) 5511-2379

ACEITA-SE PERMUTA COM REVISTAS CONGÊNERES


PALAVRA AO LEITOR. 03
TRIBUNA 05

AS LÍNGUAS BÍBLICAS E TEOLÓGICAS NA FORMAÇÃO


DO PASTOR LUTERANO
Luisivan Strelow

AVALIAÇÃO DO MÉTODO KENNEDY .


EV ANGELISMO EXPLOSIVO
Faculdade da EST

MINISTÉRIO FEMININO .
Gerson Luis Linden

SANTA CEIA - A PRÁTICA DA COMUNH.~O FECHADA ..


Horst Kuchenbecker

E O SENHOR ENVIOU UM VERME. .


Eldon Weisheit

TEOLOGIA E TEOLOGIAS 81
Karl L. Barth

CPTM \,)1

Leonardo Neitzel

DEVOÇÃO 96
Erni Seíbert

RECENSÃO 99
Leandro D. HÜbner
Entre as últimas palavras escritas por Lutero encontram-se estas:
"somos mendigos. esta é a verdade." Lutero refeda-se à extrema
dificuldade, aliás, impossibilidade de interpretarmos a Sagrada
Escritura. Compreender o que Deus revelou através dos profetas,
cvangelistas e apóstolos exige mais do que capacidade humana, exige
um milagre. A compreensão da verdade divina não é aJcançada, ela é
dada pelo Espírito Santo e recebida por nós.
Somos mendigos. Não o somos apenas no que diz respeito à
interpretação das Escrituras. "Que tens tu que não tenhas recebido'?"
Em todo o relacionamento gracioso de Deus para conosco, ele
permanece sempre o doador e nós somos sempre os receptores das
suas dádivas.
As dádivas de Deus evocam gratidão e louvor. Ou, pelo menos
deveria ser assim. Na realidade o que presenciamos ao longo da
história do povo de Deus são contínuas e sempre renovadas tentativas
de modificar, amoldar, transformar as dádivas de Deus. De uma
perspectiva teocêntrica passamos, então, para uma teologia
antropocêntrica. Nesta o homem esquece sua condição de mendigo.
De receptor da dádiva passa a querer representar o papel de ator
teológico. Assim, do domínio do Evangelho passa-se ao domínio da
Lei.
A passagem do domínio do Evangelho-que oferece e dá o
presente de Deus - ao domínio da Lei - que exige a ação humana -
processa-se nas mais diversas áreas do ensino e da vida da igreja
cristã. E isso acontece com muita facilidade e, às vezes, de maneira
imperceptível.
Vox Concordiana-Suplemento Teológico é uma voz que se
coloca a serviço do Evangelho. Sua missão é apresentar e realçar o
Evangelho. É dirigir todos os holofotes para o único que pode nos
salvar: o Cristo crucificado por nós. Essa missão acarreta também o
dever de alertar para desvios desse Evangelho.
Os artigos que seguem enfocam aspectos relacionados à palavra
e ao sacramento. Acima da diversidade dos autores e temas, pode-se
perceber a sintonia da perspectiva. É ênfase comum que os meios da
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graça nos são dados pelo doador de toda boa dádiva e que precisamos
permanecer atentos para não desfigurar a dádiva. O sério risco a que
nos expomos quando não recebemos a dádiva como ela é oferecida,
mas a desprezamos e deformamos através de nossa indiferença e
presunção, é de perdermos a dádiva e de incorrermos no juízo e
condenação de Deus.
Deus permita que a leitura e reflexão conduzam o leitor a uma
renovada consciência da verdade de que o Senhor é bondoso, e sirvam
de incentivo a uma contínua dedicação à tarefa tanto de "exortar pelo
reto ensino como para convencer os que contradizem." Que ele
também mantenha viva em nós a consciência de que em todo o nosso
ensinar e agir somos apenas mendigos indicando a outros mendigos
onde encontrar pão.

PWB

4
j que
-: ::cida,
.::nça e
AS LÍNGUAS BÍBLICAS E TEOLÓGICAS NA
,;ízo e FORMAÇÃO DO PASTOR LUTERANO

a uma A Reforma (da igreja) iniciou como reforma da universidade.


~ 'lrvam Simplificando, essa era uma reforma do currículo, da metodologia e dos
ur pelo extos estudados. Perdiam autoridade e lugar os mestres medievais, os
t~!Je ele escolásticos, substituídos por escritos clássicos de autores greco-Iatinos.
nosso Como nas artes em geral, era o redescobrimento da cultura da
-rjçndigos Antigüidade. Eram os ventos da Renascença e do Humanismo, a
revitalização da literatura, da poesia e da retórica.
Na Universidade de Wittenberg, Lutero liderava essa reforma, que
incluía reforma do currículo e contratação de professores como
PWB Melanchthon, um jovem e promissor humanista. Lutero falava de uma
nova teologia, que não consistia no estudo das Sentenças dos mestres
escolásticos mas no estudo de Paulo e Agostinho, os clássicos do
Cristianismo. Daí a adoção das línguas bíblicas, o Grego e o Hebraico,
pelos quais Lutero se interessou e chegou a dominar. A Bíblia passou a
ser estudada de uma forma nova e como instrumento de crítica da
teologia vigente.
O melhor exemplo dos efeitos dessa nova abordagem é a famosa
descoberta, por Lutero, do significado da Justiça de Deus em Rm 1.17 e
3.21. Lutero abandonou a interpretação filosoficamente orientada, que
entendia a expressão como justiça retributiva de Deus (Deus exercendo
justiça ou a justiça que Deus exerce), para compreender o sentido bíblico
de justiça atributiva (Deus concedendo justiça ou a justiça que Deus
concede).
Lutero, portanto, não apresentou de início, um novo sistema
teológico, mas um novo método teológico, uma nova maneira de fazer
teologia. O evangelho que marcou a reorientação teológica de Lutero e
fez dele o Reformador da igreja foi redescoberto no decorrer da "nova
teologia" e não como seu ponto de partida original. Na Escritura, Lutero
encontrou o evangelho--a doutrina do perdão dos pecados ou da
justicação por graça, por causa de Cristo, mediante a fé. Por isso, Lutero
defendeu a preservação das línguas bíblicas no estudo
5
da teologia, e as definiu como bainha do evangelho. INSTITt~TO C(
As faculdades luteranas de teologia preservam ainda hoje essa ESCOLA Sl
herança da Reforma e orientação humanista (no sentido do século
dezesseis, que sobrepunha o conhecimento dos clássicos ao dos mestres
escolásticos). Não por acaso, a filosofia não ocupa na formação de um A V ALIAC.-\O
pastor luterano o mesmo lugar que o estudo das línguas bíblicas. -E\'A:'-~GI
Vivemos numa época de best-sellers, tanto na área de administração
de empresas como livros de auto-ajuda. Há reflexos para a teologia:
! íteratura de métodos e programas para igrejas, livros de auto-ajuda
espiritual, etc. Essa literatura chega mais tàcilmente às prateleiras do
que os clássicos cristãos, da AntigÜidade ou da Reforma. Corremos, por A Escola 5J:::':;;~
isso, o risco de que aqueles e não estes ocupem nossas estantes nos Paulo foi SOli":::LL:': - ~
gabinetes pastorais e quartos de estudo nos seminários.
parecer sobre c; :•. :":.
O Único antídoto para a atrofiação teológica é o estudo das
exame da litçr'~ -:
Escrituras e dos clássicos cristãos, além de outros bons autores nos
idiomas em que estão amplamente disponíveis. Pode-se tranqÜilamente Evangelis 111(\ f \C"
imaginar pastores luteranos sem um mínimo de desenvoltura no estudo avaliação no en:~::-~-.
dos originais grego e hebraico das Escrituras? Pode-se imaginar trazer reflexões ;-i .. :: -
tranqÜilamente estudantes de teologia que não conseguem ler livros ou quanto à teo](,gi}:: .,,~~ _"
artigos em outro idioma senão o português ou, quem sabe, o espanhol?
Nosso tempo está sendo comparado ao da Reforma quando, pela
invenção da imprensa, entre outros t:'1tores, franquearam-se os textos da ! i. t
cultura clássica greco-Iatina, os textos dos pais da igreja e das Escrituras,
além das obras dos reformadores. Os meios eletrônicos de difusão de o EE tem s1.1::
textos, de acesso a bibliotecas, pela integração do telefone e do pastor de umélle:~::" -::--:'
computador, estão expandindo-se. Já é possível termos em nossa mesa FI"d
on a. Segunuc' c. I:~," ~
de trabalho, através de um computador com recursos de multimídia e de pessoal. Tinha
uma linha telefônica, recursos que antes requeriam estágio no congreg2\<;2'; r::r~
exterior e/ou grande quantidade de livros, tudo a um custo elevado. O
DecatuL Gé:"i;; i -:
acesso aos textos está franqueado, como aconteceu na época da também em C1J.~ ~
rnas quenl poderá se beneficiar disso senão os que, corno
dom frentes: 1) Ie\a\:: ,:::-: ;:
dirigia cursos de t;:: - :--:::

Durante qUJ.tr: :-".~:::~


visitas. Por três IT:::S;:':' :- ~~
mês os leigos da'.2.L- :~
~I
INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO I

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA I

I
A V ALIAÇÃO DO MÉTODO KENNEDY !

- EVANGELISMO EXPLOSIVO -

I. INTRODUÇÃO

A Escola Superior de Teologia do Instituto Concórdia de São


Paulo foi solicitada pela Diretoria Nacional da IELB, a emitir um
.us parecer sobre o método denominado Evangelismo Explosivo. Após
exame da literatura pertinente e participação na 13<t Clínica de
Evangelisil110 Explosivo, apresenta-o conforme segue. A presente
avaliação no entanto, não pretende ser exaustiva e final; quer apenas
trazer ret1exões que possam contribuir para uma clareza e definição
quanto à teologia e prática envolvidas nesse método.

n. HISTÓRICO DO EE

Je o EE tem sua origem na década de sessenta. James Kelmedy era


pastor de uma igreja presbiteriana de Coral Ridge, Fort Lauderdale,
Flórida. Segundo afirma, possuía pouca experiência em evangelismo
pessoal. Tinha dificuldades de arregimentar membros de sua
congregação para o trabalho evangelístico. Visitou um pastor em
Decatur, Geórgia e acompanhou-o em visitas evangelísticas, pregando
também em cultos missionários. VoItando, começou a atuar em duas
frentes: I) levava consigo membros (escolhidos) em suas visitas; 2)
dirigia cursos de treinamento para leigos no testemunho pessoal.

Durante quatro meses o Rev. Kennedy levava leigos consigo nas


visitas. Por três meses eles o viam apresentar o evangelho e no quarto
mês os leigos davam o testemunho. Após o quarto mês cada leigo

7
escolhia e levava consigo outros. Havia o treinamento em classe e em
situação real. O Rev. Kennedy afirma que frustrou-se ao querer
inICmr
o treinamento com um grande grupo - acabou ficando sem ninguém.
Sugere iniciar pequeno para crescer.
O alistamento para o treinamento é feito, na primeira vez,
individualmente, depois continua por meio de visitas e convite para
um banquete ou 'jantar de alistamento'. Aqui "pede-se que as pessoas
se comprometam a fazer o curso completo de treinamento, de quatro
meses e meio, ou então não comecem. Paulo disse: "Receio de vós
tenha eu trabalhado em vão para convosco." I

III. O MÉTODOIPLANO

o livro-texto
básico no treinamento é o Evangelismo Explosivo.
Foi escrito pelo Rev. James Kennedy, presidente e fundador de EE lU
Internacional. Foi escrito em 1970 e revisado em 1983. A Última
revisão OCOlTeuem 1989.2

EE afirma não ser um método ou simplesmente um programa,


mas um ministério.3 Embora a terminologia aplicada no livro do Rev.
Kennedy não seja clara, podemos ver que EE não é um simples
método. E como atrás de cada método existe uma teologia, filosofia
de ministério, doutrina, princípios, e visão de igreja, da palavra e dos
meios da graça, também o EE enfatiza os pressupostos teológicos e
práticos da igreja de seu fundador e presidente. Alerta-nos quanto a
isto o Dr. Kurt Marquart:
Afirma-se que mudanças radicais precisam ser feitas em nossa igreja qllallto à
maneira de fazer as coisas, no sentido de auxiliar os desafios missionários atuais.
Quando dÚvidas sobrevem quanto a esta febre de mudança, somos assegurados
de que somente 'método' e 'estilo' estão em questão, nunca o conteÚdo Oll a
substância. Está no tempo de se dar lima olhada mais a fundo nesta retÓrica e ver

KENNEDY, James D. Evangelismo Explosivo, Ed. Rev, R J, JUERP, p. 25.


MANUAL DO ALUNO, p. 10
NOTAS DE CLÍNICA, p. 9
8
o que isto realmente significa em detalhes e em verdade. 4
Todo esse alvoroço e confusão é realmente apenas sobre métodos, ou estamos
nós em meio a uma profunda crise de fé e teologia? S

IV. AVALIAÇÃO
_ \"ez,
para Às vezes nos deparamos com afirmações feitas por pessoas que
-;'5soas participam do treinamento em EE, e que podem gerar dúvidas entre os
= J uatro membros da congregação. Eis algumas das afirmações: "Quando
J.;: vós conheci o EE, minha vida na igreja mudou". "Com o pastor anterior
eu não tinha motivação para evangelizar; agora com este que nos
treina no EE, sou pessoa diferente". "Quando saí do seminário, não
sabia nada sobre evangelismo, com o EE as coisas mudaram para
mim." "O EE é muito luterano". "No seminário não se aprende nada
--yp!osivo. sobre EE. Adaptei o EE em minha congregação e está funcionando
:: EE III muito bem". "Não há nada de errado com o EE, pois a sua
Última terminologia teológica é a mesma da Dogmática Cristã de Mueller".

Pastores da LCMS no passado fizeram avaliações e adaptações


-'gran1.a,
para utilização do método Kennedy nos meios luteranos. Havia os que
'<) Rev. advogavam pequenas mudanças no método para luteranizá-Io e outros
<mples que o rejeitavam completamente. Entre esses encontramos:
~~]<Jsoiia
:}e dos 1. Rev. W. Leroy Biesenthal, ex-membro do Departamento de
21C05 e Evangelismo da LCMS, que fez adaptações ao EE, modificando
.:anLo a terminologia que pudesse gerar dúvidas acerca de doutrinas bíblicas
fundamentais. Mudou o nome do Evangelismo Explosivo para Dialog
Evangelism. Pastores da LCMS utilizam seu método modificado,
.UillilO à
Jtuais.
outros o criticam pela utilização de terminologias estranhas ao
. ,';urados luteranismo e por ênfases teológicas do Church Growth (Movimento
.io ou a do Crescimento da Igreja, fundado por Donald A. McGravan) .

MARQUART, Kurt. Church Growth a Mission Paradigm, p. 4


Ibid, p. 5
9

~--------~---_!!!!!!!!!!!!I!!_---------III!!!!!!."'.
2. Rev. Ervin Kolb, ex-secretário executivo do Depar1amento de
Evangelismo da LCMS traça alguns comentários acerca das
implicações teológico-práticas do EE em sua obra A Witness Primer,
Concordia Publishing House, St. Louis, MO, 1986.

3. Joel K. Heck, pastor de uma igreja Luterana em Missouri, autor do


livro Make Disciples - Evangeiism Programs of the Eighties,
que fez uma apreciação do EE e o recomenda nos seguintes termos:

Existem vários pontos teológicos que a maioria dos luteranos iria


discordar, no mínimo como são apresentados no principal livro texto
desse programa de evangelismo. No entanto, Kennedy apresenta nível
elevado nas áreas dos objetivos, efetividade e eficiência. Com algumas
mudanças no conteúdo teológico o pastor luterano poderia fazer
6
excelente uso desse programa.

Acreditamos ser difícil avaliar tal método com base nos


resultados numéricos, ainda mais se estes são frutos de uma teologia
sinergista e legalista. O DI'. Joel Heck, na obra referida acima faz uma
avaliação bastante abrangente do EE, que achamos por bem relacionar
abaixo, nos ítens 1 a 6:

1. A motivação para o evangelismo nesse programa (EE) não é


sempre o amor de Deus em Cristo. Kennedy escreve que 'a igreja é
um corpo sob as ordens de Cristo para compartilhar o evangelho com
o mundo inteiro'. Enquanto isto é verdade, nós preferimos ver a obra
do evangelismo descrita primeiramente como nossa resposta de amor
ao dom de Deus da vida eterna a nós, como está em 2 Co 5.14.

2. É dada grande ênfase ao pecado atual, porém, o pecado original, a


corrupção inata de cada ser humano, não é enfàtizada.

3. Enfatiza-se a obra do Espírito Santo em trazer uma pessoa a


conversão, mas às vezes Kennedy sugere que o Espírito leva-nos ao
ponto de decidirmos por nós mesmos a recebermos a Jesus. Kennedy

(, HECK, Joel D. Make Disciples - Evangelism Programs of the Eighties, p. 33


10
".','::nto de
afirma: 'Deus, o Espírito Santo, convence-nos de nossos pecados e
.::'~CJ. das
convida-nos a recebermos Cristo como nosso Salvador pessoal'.
, Primer,
Deus não apenas nos chama para receber a Cristo; ele dá-nos aquela
fé em Cristo. Mais, a palavra "decisão", que é o título da terceira
parte da apresentação do evangelho, é melhor usada no sentido da
. autor do
resposta do homem ao evangelho depois de ele ter se tornado cristão.
Pois, do contrário, poderá dar a idéia de que o homem está
:' termos:
contribuindo pessoalmente na sua conversão.
"cêranos iria
~~. livro texto 4. O arrependimento é enfatizado na apresentação do EE, mas
- o~senta nível somente
.-'m algumas ligado à decisão da pessoa. (Isto pode ser visto na Unidade 10 - A
~ . deria fazer
Decisão, do Netas de Clínica, pp. 59ss).

base nos 5. Não há ênfase suficiente no uso da palavra de Deus e nos


sacramentos através dos quais o cristão é sustentado na fé.
__
,l1 teologia
:til faz uma
o', relacionar 6. A oração é tão fortemente enfatizada, tornando-se às vezes quase
um meio da graça da qual dependem os resultados do EE.7 (Isto
podemos observar na "oração de Decisão" ao final da apresentação do
plano da salvação, conforme Notas de Clínica pp. 11, 63).
EE) não é
.. ,
:- '3. Igreja e
1. Aspectos Teológicos
':geJho com
s \"er a obra
Além dos aspectos teológicos e suas implicações avaliados pelos
,-ta de amor autores acima, podemos acrescentar outros, conforme segue:
~ l-L
7. Sinergismo: Quando fala do 'treinamento em situação real', o Rev.
Kennedy fortalece o que os novos movimentos religiosos enfatizam
original, a
hoje quanto à manipulação do sentimento das pessoas.

Aqui cada 'aluno' sai com sua equipe e presta atenção enquanto o
pessoa à treinador se esforça por conduzir alguém a Cristo. Esse é o elemento
-,',a-nos ao vital, quase indispensável, do treinamento .... eJe verá o Evangelho ser
Kennedy apresentado um bom número de vezes e verá inúmeras pessoas

" ê' 33
7 Ibid p. 32
11

I
professarem a fé em Cristo. Isso terá nele um efeito transformador e
fará mais do que qualquer outra coisa para acabar com seus
• 8
receIOs.

Esse programa surgiu de experiência, frustrada por um lado e


bem sucedida por outro, segundo o Dr. Kennedy. Sua ênfase ao
método e técnica é tão grande que o levam a questionar sua formação
para o ministério:

Vim diretamente do seminário para esse trabalho, e, embora eu pregasse


mensagens evangelizadoras e tivesse feito todas as matérias oferecidas
no seminário sobre evangelização, e, além disso, tivesse lido muitos
livros sobre o assunto, verifiquei que as pessoas de espírito exigente do
Fort Lauderdale não reagiam à mensagem que eu pregava do púlpito9

Preferimos deixar que a reação nas pessoas seja produzida pelo


Espírito Santo através da pregação da palavra de Deus ao invés de na
capacidade do pregador. O apóstolo Paulo é claro quanto a este
assunto quando afirma: "Quem é ApoIo? Quem é Paulo? ... Eu plantei,
ApoIo regou; mas o crescimento veio de Deus ... De modo que nem o
que planta é alguma cousa, nem o que rega, mas Deus que dá o
crescimento." (I Co 3.5-7). O testemunho, como o próprio ministério
de Jesus e os apóstolos o demonstra, nem sempre produz os resultados
conforme nós esperamos. E ainda, no testemunho temos que contar
com a resistência natural do ser humano ao evangelho. Não estamos
autorizados a julgar o coração das pessoas, nem direcionar seus
pensamentos e vontade. Deus Espírito Santo é quem realiza tudo em
todos, sem a cooperação daquele que prega a palavra.

8. Soberania divina na visão calvinista: O Dr. Kennedy diz que:

o primeiro e mais óbvio principio é, pois, que fi igreja é um corpo


sob as ordens de Cristo para compartilhar o evangelho com o mundo
inteiro1o.

KENNEDY, O.c. p. 25
Idem p 22
10 Idem p. 18
12
::nadar e
m seus Esta afirmação enf~ltiza a motivação por meio da lei muito mais
do que motivação por meio do evangelho. Cremos. pela palavra de
Deus, que o Espírito Santo, através do Evangelho cria a fé e move o
,. lado e
cristão a compartilhá-Ia em palavras e ações.
·=3.se ao

:-mação 9. Persuasão: Principalmente as partes três e quatro do método


Kennedy estão impregnadas de doutrinas e pressupostos teológicos
calvinistas e sinergistas. O preparo à conversão através da oração, a
. pregasse
:ferecidas insistência na repetição do plano da salvação quando a resposta à
~.:1 muitos 'pergunta qualificadora' é negativa, o chamado insistente à decisão
~. isente do como se fora obra do homem. A ênfase demasiada na persuasão por
-;1pito9 parte do articulador do método Kennedy, deixa transparecer que,
quando a pregação não é feita de maneira persuasiva, o Espírito Santo
:,da pelo também não pode agir na pessoa.
és de na
, .' '.J a este
10. Meios da graca: Na introdução à exposição do EE o plano solicita
- u plantei, compartilhar o testemunho pessoalligreja. Na Clínica de EE, quando
,',;e nem o um luterano coloca seu nascimento na fé através do batismo infantil, é
Y..le dá o
solicitado a modificar o testemunho, pois este testemunho 'nada diz'.
'~ljnistérjo Solicita-se compartilhar uma 'experiência' quando da vida adulta, que
, ,·esl.Ütados enfatize a experiência de conversão. Isto comprova que o batismo não
'.le contar é aceito como meio da graça, o que representa erro doutrinário
',:' estamos fundamental.
"nar seus
::.. tudo em
II.Pecado: A compreensão luterana de pecado é bem mais profunda,
pois insiste na corrupção inata, e não apenas em ofensas diárias. O EE
propõe ao interlocutor calcular pecados em segundos, minutos, horas
e dias, e apresenta isto por escrito em números. Preferimos
reconhecer-nos corno "pobres e miseráveis pecadores", que fomos
_ e um corpo concebidos e nascemos em pecado, voltando sempre a Deus em
m o mundo
contrição e arrependimento diários, do que perder-se em números e
cálculos de pecados atuais.

12. Seqüência do Plano: A memorização da sequência rígida e


inflexível do plano da salvação conforme o método Kennedy é
enfatizada. As perguntas de diagnóstico, as perguntas qualificadoras e
de decisão ocupam lugar rígido. Atentam contra a possibilidade de
diferentes situações no testemunho da fé. Incorrern no erro de aplicar-
se Lei e Evarlgel110 fora. do seu iTl0rnellto oportllno. O anúncio
sistematizado e organizado do amor de Deus em Cristo aos pecadores
cada pastor luterano o sabe muito bern, é bíblico. Mas ignorar··se a
±1exibiliade dos pontos desse anúncio, dependendo das diferentes
situações é erro e tentativa de manipulação da pessoa.

13. Conversão. Fé. Justificação, e Santificação; O método não


expressa clareza sobre essas doutrinas fundamentais da fé cristã.
Confunde-as, principalmente quando da inserçi'io ou uso das
ilustrações para esclarecer a seqÜência da mensagem da salvação. A fé
é enfatizada como a chave que abre o céu, mas não esclarece que te
(jides qua ou .lides quae). Fé é enfatÍzada muito mais como esforço
11
humano do que dom de Deus.
Ligado a esse ítem observamos dificuldades de articulação clara
quanto à Lei e Evangelho na pregação da palavra.
Preferimos continuar enfatizando a doutrina bíblica de que
através da palavra e sacramentos o Espírito Santo age em nós,
atribuindo-nos os méritos de Cristo, operando a completa redenção,
sem mérito ou dignidade de nossa parte.

Assim afirma o DI. Kurt Marquart:

... uma teologia do tipo ZwinglianaJCalvinista não pode ser


"concertada" por adição da doutrina da presença real no Sacramento."
Isto significa que sistemas de crenças não são como colares de pérolas,
onde adicionando ou extraindo algumas pérolas ainda deixa o restante
intocável. Teologias, se verdadeiras ou falsas, são mais parecidas com
organismos vivos, nos quais cada parte influencia, e é intluenciada por
outra parte. Os tipos confessionais básicos, Luterano, Reformado
(Zwingliano/Calvinista), e Católico Romano, constituem os maiores
paradigmas do Evangelho no Cristianismo Ocidental. O Livro de
Concórdia define o paradigma que a Igreja da Confissão de Augsburgo

11

Idem p. 83
14
"':<oras e solenemente mantém, como o verdadeiro e correto relato do paradigma
de divinamente revelado ou "hupotúposis' (padrão, modelo, exemplo) das
sãs palavras e doutrina (2 Tm 1.13, compare com Rm 6.17). Paradigmas
~ .Jplicar-
diferentes, portanto, são falsas leituras da Escritura e do Evangelho de
(lnÚJ1cjo
Oeus.12

Desta forma concluímos que a teologia professada pela Igreja das


-.1 if{~rentes Confissões Luteranas forma uma unidade com a sua praxe. Não pode,
portanto adaptar-se ou ser adaptada por teologias que crêem e
praticam de modo diverso do seu modo de compreender e interpretar
=t,)c!o não as Escrituras .
._, fé cristã.
uso das
2. Aspectos Práticos
..:·.8ção. A fé
.. :·ece que fé a) Técnicas de venda: É certo que o cristão e a igreja busquem
.:no esforço maneiras de compartilhar o evangelho cada vez com maior eficiência
para o homem dos dias atuais. Mas isto não nos autoriza a utilizarmos
.',ção clara métodos de manipulação da mente do homem. E as técnicas de venda
utI.\.lza d as por K enne d'y m d uzem a IstO..
. 11

_.ica de que
.;;e em nós, b) Busca imediatista de resultados: Não advogamos um trabalho
.::la redenção, relaxado no reino de Cristo. Sabemos que Deus, através da palavra
anunciada pelos apóstolos, conforme o livro de Atos, fazia sua igreja
crescer numericamente, e isto muito alegrava o coração de todos os
cristãos. Mas observamos que o EE no seu escopo geral está bastante
interessado nos resultados imediatos ou número de convertidos. Isto é
CiO pode ser
·<:cramento." visto principalmente no relatório que os participantes apresentam
.Jres de pérolas,
quando do retorno das visitas durante a Clínica do EE e mesmo
j"ixa o restante depois, (Evangelismo Explosivo, p. 129, Suplemento 6). Em uma das
3 parecidas com visitas com a equipe de treinadores de uma Clínica do EE, foi
',tluenciada por necessário que o plano da salvação fosse apresentado duas vezes, com
.'.:10, Reformado
muitas ênfases e repetições para que "houvesse uma decisão". Isto foi
.~!11 os maiores
O Livro de até tarde da noite com os visitados tendo seu jantar interrompido e
de Augsburgo

12
11
MARQUART, op. cir. p. 8
- Idem, pp. 62ss
15
agora frio sobre a mesa, e os outros treinandos, já de volta da
visitação, aguardando para o relatório.
Preferimos enfatizar a semeadura da palavra de Deus sem
utilização de técnicas que busquem respostas imediatas conforme o
direcionamento de quem anuncia a palavra. Em Jo 3.8 Jesus diz: "O
vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem,
nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito".

c) O EE deixa transparecer que os resultados dependem do esforço


pessoal do ouvinte e da habilidade técnica de quem expõe os pontos
como sugeridos no método.

d) Alguns pontos dentro do EE, que dizem respeito especialmente ao


módulo da apresentação do plano da salvação (graça, o homem, Deus,
Cristo, a fé) são usados por pastores e cristãos luteranos e não
luteranos, pois são bíblicos. Mas não podemos considerá-l os
int1exíveis e Únicos. Deus capacita como bem deseja as suas
testemunhas. O importante não é a ordem estabelecida pelo EE, mas o
correto uso e aplicação de Lei c Evangelho na apresentação da
palavra de Deus. A
ordem inf1exÍvel estabelecida atenta contra o uso de Lei e Evangelho
em diferentes situações.

e) Existem boas idéias práticas no método Kennedy. Não estamos


colocando em dÚvida seu cristianismo e nem seu amor pelos perdidos.
Mas pelo fato de ser o seu método um filho da teologia reformada, de
seu livro conter várias afirmações com sentido não claro e/ou dÚbio,
recomendamos cautela quanto ao seu uso.

V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Tendo examinado o material do EE, as adaptações e avaliações


feitas no decorrer dos anos, participado de uma clínica, ouvido
afirmações como colocadas entre aspas acima, gostaríamos ainda de

16
volta da contribuir com algumas reflexões que certamente auxiliarão à Igreja
quanto ao seu programa de evangelismo e missões e, quanto à
- Deus sem participação de pastores e alunos de teologia em treinamentos fora dos
conforme o meios luteranos:
-~sus diz: "O
.::':'donde vem, - Os nossos pastores, participantes destas clínicas, estão procurando
algo mais prático no seu ministério. E isto estão fazendo com
sinceridade. Querem que a missão da igreja cresça.
'n do esforço
os pontos - Alguns estão preocupados com o comodismo de colegas e
congregações da !ELB quanto à determinação e efetividade na
missão.
-êcialmente ao
~·;omem,Deus, - Com uma exceção, os pastores luteranos participantes de uma certa
:cranos e não clínica eram muito jovens, formados na Última década. Alguns
considerá-Ios demonstraram dÚvidas, não sabendo com clareza discemir as diversas
",seJa as suas tendências teológicas por trás dos métodos.
~'do EE, mas o
;-resentação da Algumas perguntas diretivas:

~ei e Evangelho • O método ou programa da !ELB não está sendo claro para os
pastores e congregações?

Não estamos • Os pastores não estão assimilando os conteúdos das disciplinas da


Teologia Prática dos seminários? Não estão estes sendo claros em
. ~pdos perdidos.
seus objetivos?
;. ~i reformada, de
_.:ira e/ou dúbio, • O acompanhamento e avaliação do estágio dos alunos de teologia
não está sendo eficiente?
• Até que ponto vai o compromisso do pastor com o PEM e outros
programas oficiais da IELB?
• As atividades práticas dos Seminários ( P-200 e Pré Estágio. No
caso de São Paulo, CPTM e outros) estão sendo superficiais?
_-::5 e avaliações
~\ínica, ouvido O que se observa às vezes, em diálogo com pastores e
. .3.1110S ainda de congregações, é a falta de estabelecimento de objetivos missionários

17
claros e exequíveis, de ênfase no treinamento e compromisso pessoal
com a evangelização. É fundamental o estabelecimentos da afirmação
missionária e de seus objetivos a curto, médio e longo prazo.
Os seminários da IELB têm em seus currículos os cursos de
missiologia que estudam a fundamentação da missão bem como os
diferentes métodos de evangelismo e suas tendências. Além desses, os
alunos e professores estão envolvidos também em atividades práticas
(pré-estágio), além do estágio e do envolvimento com inúmeras
oportunidades de testemunho no transcorrer dos estudos. O Centro de
Pesquisa e Treinamento Missionário (CPTM), criado e desenvolvido
pela EST /SP tem preparado e oportunizado para o testemunho da fé
cristã nas mais diferentes situações e contextos sociais. No Distrito
Paulista o CPTM está envolvido no trabalho congregacional, e tem
participado diretamente na fundação de um novo ponto de missão sob
a orientação de uma congregação.
Pastores que elaboraram estudo sobre testemunho e
evangelismo para a 55a Convençào Nacional da IELB e para os
Concíclios em 96 enviaram correspondência para mais de cem
pastores em diferentes regiões do país. As respostas sào
enriquecedoras e mostram que Deus continua agindo na e através da
sua igreja. Louvamos a Deus pelo que ele tem realizado também em
termos de missão através de pastores e leigos.
Diante das preocupações de pastores e congregações quanto à
missão da igreja, preocupações que os levam a buscar e estabelecer
métodos e estratégias que não estejam em afinidade com a doutrina
bíblica e com o que a IELB como um todo tem decidido em concílios
e convenções, julgamos oportuno o diálogo no sentido de se
auxiliarem mutuamente, fortalecendo uns aos outros e buscando uma
unidade na prática da missão - mesmo em meio à diversidade de povo
e cultura de nosso país.
Pastores e congregações, ao estabelecerem novos métodos de
evangelismo, deveriam ser incentivados a trazer, antes, o assunto a
nível de assembléia congregacional, paroquial e distrital, com
objetivo de não agir em dessintonia. Pastores recém-formados, em
seus novos locais de trabalho, não deveriam propor de imediato
18
._----_ .. _------~----~---------------

:essoal mudanças radicais em suas congregações, sem antes conhecer e


c::-mação consultar seus congregados e sua nova realidade de trabalho,
principalmente quando diz respeito à introdução de métodos
heterodoxos de evangelização, não conhecidos pela congregação.
~)]no os Diante do exposto, gostaríamos de incentivar, pelo amor de
Cristo
-'~sses, os
-~: práticas que nos une, ao que segue:
I1Úlneras
;~entro de e Continuar exercitando nossa teologia e praxe da missão conforme
_::ll\'olvido herdadas dos pais, e praticadas pelas congregações da IELB;
..nho da fé • Olhar com corações realmente agradecidos para o que Deus está
-; Distrito realizando em meio a congregações, não só na área da missão, mas
" e tem em tantas outras.
';issão sob • Fortalecer e encorajar-nos mutuamente a abraçarmos os programas
da IELB, criticando, aperfeiçoando, adaptando, sempre dentro da
_~1Unho e liberdade cristã, sem dissensões, visando sempre um fim
e para os proveitoso.
, de cem o Deixar-nos admoestar fraternalmente em caso de comodismo,
:.Y3tas são
enfraquecimento ou perda dos objetivos evangelísticos da
_ ,ltravés da
congregação.
Dmbém em
• Participar dos cursos intensivos oferecidos pelos seminários da
IgreJa.
, c:'Squanto à
~estabelecer • Envolver e desenvolver a Educação Teológica Por Extensão (ETE)
a doutrina nas nossas congregações.
:11 concílios • O PEM é o programa atual da IELB. Se é um programa mais
---ido de se voltado ao crescimento pessoal, o que segue, que é a prática no
._'cando uma testemunho e todas as demais virtudes cristãs, é decorrência. Ele
,:·de de povo nos leva ao estudo da palavra, que por sua vez nos motiva e
capacita ao testemunho da fé cristã.
:~iétodos de • Examinar com critérios e procurar evitar terminologias, marcas ou
'-' assunto a distintivos de programas/métodos, que no decorrer da história têm
.~7rital, com trazido confusão à igreja quanto à doutrina e praxe do testemunho .
'mados, em • Fortalecer os programas de evangelismo existentes na !ELB,
,'e imediato através do Centro Internacional de Treinamento Missionário
19
(CITM) da EST/SP.

Nosso desejo é que as reflexões aqui apresentadas contribuam tão


somente para o engrandecimento do nome de Cristo e para a salvação
dos pecadores.

VI. BIBLIOGRAFIA

KENNEDY, .lames D. EvangelismoExplosivo, Edição Revisada. Rio de


Janeiro, .lUERP, 1989.

NOTAS DE CLÍNICAS E GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO.


EV ANGEUSMO EXPLOSIVO 11l INTERNACIONAL NO
BRASIL.

MANUAL DO ALUNO - NíVEL I, EVANGELiSMO EXPLOSIVO III


INTERNACIONAL NO BRASIL.

MANUAl DE EV ANGELlZAÇÃO - (Juia para o testemunho pessoa! -


segundo o "Plano Kennedy" de cvangelização - Armand Ulbrich.
1971, traduzido por Paulo Gueths 1973.

MARQUART, Kurt, Church Growth as Mission Paradigm - A Lutheran


Assessment. A Luther Academy Monograph Published by Our
Savior Lutheran Church. Huston. Texas, 1994.

BIESENTHAL, Leroy W. Dialog Evangelism. The Board for


Evangelism. The LCMS s.d.

KOLB, Erwin J. A Witness Primer. Saint Louis. ConcorJia Publishing


House, 1986.

HECK, .1oel D. Make Disciples - Evangelísm Programs 01' The Eighties.


Saint Louis, Concordia PubJishing House. 1984.

* Folhetos que acompanham o Evangclismo Explosivo

20
- MINISTÉRIO FEMININO -
·,:1buam tão
ANOTAÇÕES A PARTIR DO Novo TESTAMENTOl4
_J salvação Gerson Luis Linden

INTRODUÇÃO

Uma das mais belas descrições da Igreja cristã e do Ministério é


aquela encontrada no livro do Apocalipse, já no seu início: " ...vi sete
candeeiros de ouro, e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho
de homem ...Tinha na mão direita sete estrelas ... Quando o vi, caí a
seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita,
dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive;
'LOSIVO lI! estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e
tenho as chaves da morte e do inferno .... quanto ao mistério das sete
estrelas que viste na minha mão direita, e os sete candeeiros de ouro,
>,~;pessoa! - as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são
-nd Ulbrich, as sete igrejas." (Ap 1.12,13,16,17,18,20) O Senhor ressurreto, que
dera Sua vida em resgate da humanidade, pela Sua ressurreição abre
as portas do céu para o pecador. Em Sua graça, constitúi um povo
- .\ Lutheran para Si, o povo em meio ao qual Ele próprio anda; povo que Ele
-:ed by Our consagra através de Sua presença na proclamação da Palavra e pelo
Seu corpo e sangue, distribuídos com o pão e o vinho. Ele é o Senhor
da Igreja. Também é o Senhor do santo Ministério. O Ministério está
em Suas mãos, é Sua instituição, Lhe pertence. Nem à Igreja, nem ao
ministro, propriamente, pertence o sagrado oficio do santo Ministério,
mas unicamente a Cristo.
Publishing
O tema que temos diante de nós é reconhecidamente polêmico.
Não há sobre ele unanimidade na cristandade. Duas grandes
:he Eighties.
denominações cristãs, a Igreja Católica Apostólica Romana, e a Igreja
Ortodoxa (Oriental), colocam-se em posição contrária à ordenação de
mulheres para o ofício do ministério pastoral ("sacerdotal"). Por outro

14 Estudo apresentado, de forma levemente modificada, no encontro DAC-


DAMAL, em São Paulo, de 19 a 21 de Setembro de 1996.
21

I!
lado, um número crescente de denominações "Evangélicas" passa a
ter o ministério feminino em seu meio. Neste último grupo estão,
inclusive, representantes do luteranismo, seja na América, seja na
Europa, inclusive no maior Sínodo Luterano no Brasil, a Igreja
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. l\ Igreja Evangélica
Luterana do BrasiL juntamente com sua igreja-mãe-irmã (o Sínodo de
Missouri), mantém-se,
I" neste aspecto, mais próxima do Catolicismo
tradicional. '.
Sendo este um assunto onde a cristandade (também) está
dividida, convénl abordá-Ia em humildade. No entanto, a pergunta do
teólogo sempre busca resposta no "Assim diz o Senhor."
Encontrando-a, deve ser ousado em afirmá-Ia ou, mais propriamente,
confessá-Ia.

L /\NOTAÇÕES SOBRE O OFÍCIO DO SANTO MINISTltRIO

Tem sido observado no debate quanto ao ministério feminino que


um dos btores decisivos para determinar a posição adotada é a
consideração que se dá ao ofício do santo Ministério,16 Se se
considera o ministério como uma emanação do sacerdÓcio universal
de todos os cristãos, ou um adiáforo, sobre o qual a igreja pode optar
ter ou não, fica mais fácil considerar-se uma mudança em relação à
prática histórica da igreja cristã. Os luteranos têm tradicionalmente
considerado o ministério como instituição de Deus, para ensinar o
evangelho e administrar os sacramentos, pelos quais o Espírito Santo
é dado, assim que a fé em Cristo seja operada (Confissão de
Augsburgo V). Ao tratarmos da questão do ministério feminino, é

15 David P. Scaer aponta para o desconforto dos luteranos em obterem apoio


teológico no Catolicismo, ao ponto de se sentirem sozinhos na busca da resposta à
pergunta inevitavelmente feita: "Por que nãoT ("1'he Question of Women Priests,"
COl1cordia Th.:ological Quart.:rly 57/1,2 [Janeiro - Abril 1993), 107.)
16 Jobst Schone, "Pastoral Letter on the Ordination af Women to the Pastoral Orfiee
of the Church," COllcordia Theulogical Quurterly 59/4 (Outubro 1995),308,309;
Erni Walter Seibert, "O Papel da Mulher na Igreja:' Vux COl1cordiol1u 5/1 (1989),
45: David p, Scaer, "The Question af Women Priests," I06, I07,
22

- ~ - --
-
-~--~----------------------
-~- - - , - , - ,
~'assa a
mister que nos poslclonemos quanto ao conceito de Ministério no
~ '0'" estão,
Novo Testamento.
seja na
A fim de se ter clareza quanto ao ofícIO do santo Ministério,
,; Igreja
~dgumas anotações são agora apresentadas, baseadas no parecer da
-' :mgélica
";:lodo de Comissão de Teologia e Relações Eclesiais, da "The Lutheran Church
. Missouri Synod", de Setembro de 1981, sobre o Ministério.l?

"O ofício do ministério público não é simplesmente uma sugestão


. '~m) está
divina, mas um mandato divino. Deus determinou que a igreja deveria
. :':lunta do
executar suas funções não apenas através de ações privadas,
Senhor."
individuais, mas também pelo falar corporativo, selecionando homens
:>riamente,
em conformidade com os critérios divinos e a quem Ele então coloca
no ofício do ministério público."
i '\ !STltrUO
"O ofício e suas funções são chamados de 'públicos' não porque
suas funções sejam sempre desempenhadas em público, mas porque
~:111nlllO que
são realizadas em nome da igreja. __. Além disso, a palavra 'público'
..jotada é a
tem a conotação de responsabilidade perante aqueles que o colocaram
" 1(, '.e
S' se
no of1cio 'público'."
.i~\ universal
_ "' pode optar
"A partir destas referénciasl8, emerge a figura de um ofkio que
~m relação à
foi instituído por Deus, em e com o apostolado, para o qual
. ,L:ionalmente
qualifícações bem específicas são listadas, e cuia essência é definida
-=- .1Ta ensmar o
propriamente na Confissão de Augsburgo, como "ensinar o evangelho
= :,pírito Santo
e administrar os sacramentos" (CA V), em nome e com
'."'ntissão de
responsabiiidade perante a igreja ('publicamente') (CA XIV)."
feminino, é

"Deve-se Ützer uma distinção entre 'ofício' e 'função'. A falha em


fazer tal distinção resultará em confusão. Por exemplo, quando uma
ubterem apoio
~J da resposta à
congregação está temporariamente sem um homem para preencher o
',\ omen Priests," ofício do ministério pÚblico em seu meio. ela pode solicitar que um
)
professor ou um líder leigo, devidamente supervisionados, realizem
. '-ó Pastoral Oftlce
. é)()5), 308,309;
i'IU 5/1 (1989).
17The .Ministry - Offices, Procedures, and Nomenclature,
IXCitndas nntes desta afirmação: I Tm 3,1: 5i7: Hb 137.17: Ef4.1 1.12: At 6.4; 2
eo 3.6,8: 518; Cl 1.23; Tt 1.5,7; At 1423; 20,17,28,
23

·'êiI .•r __ ------------- •••••••••••••••••• _."""jii-


algumas funções do ofício do ministério público. Isto é feito em
situação de emergência e não como simples conveniência. Entretanto,
a execução de tais funções não torna aqueles que as realizam pessoas
que estejam no ofício do ministério público. Mesmo em tais situações
de emergência, a congregação solicita que um homem que ocupe o
ofício do ministério pÚblico e esteja servindo como pastor em uma
congregação vizinha, que ele assuma aquele oficio junto a eles, como
'pastor em vacância' ou 'supervisorl9 interino.' Assim, a supervisão e
responsabilidade continuam com alguém a quem a igreja chamou e
designou como pastor e que supervisiona aqueles que
.
temporanamente d esempen h am a 1gumas l'runçoes
- . ,,20
pastorms.

lI. EXAME DE TEXTOS DO NOVO TESTAMENTO

1. O Exemplo de Jesus

Diz-se que Jesus rompeu com Sua época, no que tange ao papel
da mulher, dando a elas uma dignidade que não encontraram em
nenhuma sociedade da época.21 Isto é fato manifesto, primeiro, na
maneira direta como se referia a elas; segundo, por ter considerado
importante que também as mulheres fossem instruídas na palavra de
Deus; terceiro, a presença delas nos momentos centrais da história da
salvação, como testemunhas da morte e da ressurreição do Senhor (Mt
27.55,56; 28.1-10). Um fato especialmente significativo é que as
mulheres o acompanhavam, servindo-o com seus bens. Pode-se dizer
que tam b'em mu lh. eres o segUlam
. l' , 1as 22 ,que aprem I'Iam
como (lSCIPU

19 O termo é utilizado como tentativa de tradução literal do termo grego ETILOK01TOÇ,


normalmente traduzido por "bispo" (I Tm 3.2).
20 CTCR, The Ministry ...", 13-16.

21 Em sua reação aos estudos, por ocasião do Encontro DAC-DAMAL, o Dr. Paulo
W. Buss lembrou, com propriedade, que no ministério de Jesus e,
conseqüentemente, na Igreja cristã, a mulher recebeu uma dignidade muito acima
de qualquer sociedade da época. Apontou ainda para a diferença da dignidade da
mulher em sociedades não cristãs (no Islamismo, por exemplo).
22 Uso o termo aqui no sentido amplo, como estamos mais acostumados em nossa
linguagem, para se referir a todos os que seguiam a Jesus, e no sentido em que
24
r~ito em dele, eram orientadas, consoladas e dirigidas-com a pregação do reino.
~:ltretanto, Isto está bem de acordo com Gl 3.28, "nem homem, nem mulher."
- "r: pessoas Quanto ao "discipulado" de mulheres em relação a Jesus, é
. ' situações impOliante notarmos algumas distinções que os evangelhos assinalam .
r _.~ ocupe o Tal procedimento se revela particularmente importante, visto que por
r·r em uma vezes argumenta-se que também a mulheres se aplica o verbo
~les, como &KoÀou6Éw que, segundo se diz, caracterizaria o discipulado em
_ .. ,. 23
c.ipervisão e preparaçao ao nlll1lsteno.
.-:.: chamou e Tomamos como base o Evangelho conforme Mateus, que
"~Je les que caracteriza com muita exatidão os diversos personagens e grupos
.. 20
" envolvidos com Jesus?4 Pode-se notar claramente a existência de
pelo menos quatro grupos, distintos pela forma como se relacionam
.\IEXTO com Jesus e Seu ministério. Há os que rejeitam a Jesus. Estes são
especialmente representados pelos sacerdotes e escribas. A
caracterização destes é suficientemente clara, sem haver necessidade
de apontar para uma linguagem específica aplicada somente a eles.
.:;ge ao papel Outro grupo são as multidões (OXÀol). Estes acompanham Jesus, o
::ntraram em seguem - o verbo &KoÀou8Éw é usado algumas vezes aplicado às
pnmeIro, na multidões, simplesmente no sentido físico de ir atrás de alguém?5 Em
~r ,:onsiderado um determinado ponto do Evangelho estas multidões deixam a Jesus,
'lU palavra de ficando demonstrado que seu vínculo com ele é superficial.
1,1 história da Um terceiro grupo é aquele caracterizado como de discípulos de
.,: Senhor (Mt Jesus (fla81lTal). A este grupo pertencem aqueles que seguem Jesus,
"0 é que as mas, diferentemente das multidões, crêem nele e se apegam a Ele e ao
. 26 27
?·xle-se dizer seu enSIno. Exemplos destes encontramos em Mt 13.52; 27.57;
_ .1~ aprendiam

usado o verbo lla8rp:Eúw em Mt 28.19. No seu uso estrito, o termo é usado


coletivamente para designar o grupo dos doze, aqueles que foram preparados para
serem os apóstolos.
13 Veja, por exemplo, Martin N. Dreher, "O Novo Testamento escrito por Homens
- ':" L, o Dr. Paulo
e a Mulher na História da Igreja," Esludos TeolÓgicos 30/3 (1990), 278.
de Jesus e,
24 Para maiores detalhes ver textos de Jack Dean Kingsbury; por exemplo: Malhew
.::::e muito acima
_.ia dignidade da as Slory, 2a Edição, Philadelphia: Fortress Press, 1988.
25 Por exemplo: Mt 4.25; 8.1.
':;ados em nossa 'é aqUi. utl'1'lza d"o - versa do " .
26 O ver b o Ila8T]HUW

'entido em que 27 Trata de josé de Arimatéia, e novamente o verbo I-Ul:8T]HÚW é empregado.


25
28.19.28
Há, ainda, um quarto grupo, muito claramente descrito nos
evangelhos, o grupo dos doze (OL õwõEKa f.1aeT)'rat).29 Estes não
somente seguem a Jesus e ne 1e creem, ~ 30 mas sao - d escntos
. como
pessoas preparadas para um trabalho especial. Estes são
caracterizados como aqueles que serão "pescadores de homens" (Mt
4.18-22). Logo após Jesus pedir que se rogue por "trabalhadores na
seara", ele demonstra o que quer dizer com isto, ao convocar os doze -
que recebem um novo nome, arróoToÃ,Ol - dando-lhes autoridade e
enviando-os a pregar (Mt 9.35-10.7). São também estes os
convocados por Jesus para se encontrarem com Ele após a
ressurreição. Lá eles são constituídos como aqueles que, firmados na
autoridade de Jesus e com a promessa de Sua presença, aplicarão os
meios que Ele concede, para que pessoas sejam feitas discípulos.3l É
especialmente curioso que foram mulheres as primeiras a verem Jesus
ressurreto e falarem com Ele. É um destaque que, por vezes, deixamos
de notar. Que dádiva o Senhor lhes concedeu, de serem testemunhas -
as primeiras - de Sua ressurreição. No entanto, as mulheres devem
dizer aos onze discípulos que Jesus os convoca; e é a eles, e somente a
eles, que Cristo dá o comissionamento (Mt 28.9,10,16-20). Vale
lembrar que também mulheres seguiam a Jesus (Mt 27.55 -
tX.KOÃ,OUeÉw), não como as multidões, mas como aqueles que
caracterizamos como o terceiro grupo. No entanto, nenhuma delas foi
convocada para ser apóstola e, conseqüentemente, nenhuma foi
constituída para batizar e ensinar (õLMoKW), como os doze. Note-se
que no livro de Atos, quando a (assim chamada) "grande comissão"
acontece na prática (At 2), quando a congregação estava reunida (At
2.1), com a presença de mulheres (At 1.12-15), são os doze que se

28 Pelo batismo e pelo ensino da Palavra, as pessoas em geral (náv1:u 1:á E8vr))serão
tomadas discípulas de Jesus.
29 O artigo definido vem mostrar que é um grupo específico que é referido.

30 Apesar de fraquejarem muitas vezes, o que só vem ressaltar a graça e


misericórdia de Jesus - Mt 8.26; 28.17,18.
31 Aqui o termo é usado no seu sentido amplo, de "seguidoras" ou, sendo mais
explícitos, "cristãs", 2. Seguidores, cristãos.
26
levantam para proclamar o evangelho publicamente, a partir do que
_~scrito nos
veio o batismo (At 2.38-41) e
Estes não
o continuado ensino dos apÓstolos (At 2.42).
:-~~ritos como
Com estes dados podemos notar que não é apenas nas epístolas
Estes são
que se evidencia a presença de um grupo na igreja que deve pregar e
~.. .~,~'mens" (Mt
ensinar (1 Co 3.5-9; 4.1,2; 2 Co 5.20-6.3; 1 Tm 3.lss; ete.). Isto já
- ~.:ilhadores na
fica claro nos Evangelhos, quando um grupo é constituído por Jesus,
',~ar os doze -
dentre os que o seguem,32 para ministrarem às multidões, na verdade,
: c autoridade e
para todos os povos. E a este grupo não pertencem mulheres. Estas
- - ~'Tl estes os
não são diminuídas em seu valor por este fato. Na verdade, os
Ele após a
Evangelhos mostram que na história da salvação, elas têm a dádiva de
~. firmados na
estarem presentes nas situações-chave do ministério de Jesus, sua
.2. aplicarão os . - 13 ~1 a 1vez e' Importante
morte e ressurrelçao: . 1.em b rar que, como povo
.' ,
=lSClpU I os. 31 E'
de Deus, sempre temos muito mais a receber do que a dar para o
~, J verem Jesus
nosso Deus. Quando as mulheres recebem a oportunidade de
- . ::zes, deixamos
presenciarem a morte e serem testemunhas do Cristo ressurreto, isto
c", testemunhas -
não deve ser encarado como um status especial, mas como uma
.. _lheres devem
dádiva do Senhor, que é tão rico em abençoar os Seus. Da mesma
:5. e somente a
forma, o ministério para o qual homens são chamados não deve ser
.16-20). Vale encarado como "privilégio" (no sentido usual da palavra em nosso
\1t 27.55 -
contexto social). É um serviço, onde são chamados a servir a Cristo e
aqueles que às pessoas (At 1.25; 6.4; 1 Co 3.21-23).
:-:'.:--,uma
delas foi
Com as observações acima, notamos que o Senhor não chamou
nenhuma foi
nenhuma mulher para o apostolado. A nenhuma enviou.34 Poder-se-ia
. -' doze. Note-se
dizer que este é um argumento do silêncio e, portanto, fraco. Fica, no
_:..',de comissão"
entanto, ainda assim uma questão intrigante. Teria o Senhor, que tão
:-c' T.a reunida (At
corajosamente rompeu com Sua época em vários aspectos em relação
'5 doze que se
à mulher, teria Ele evitado uma explícita referência à mulher como
apóstola ("ministra"), simplesmente para que a igreja chegasse a esta

.. :: :: referido. 32 O que bem mostra que se deve distinguir, mas não se pode separar o ministério
da igreja.
'~'saltar a graça e
33 Curiosamente, quando o décimo segundo apóstolo é escolhido, um dos critérios é

que seja testemunha da ressurreição (At 1.22).


:.5 ou, sendo mais
34 Vale lembrar que nenhuma mulher esteve presente na instituição da Santa Ceia.

A nenhuma foi confiada a administração da Santa Ceia: "Fazei isto."


27
conclusão? Ou deveria Seu exemplo, em não preparar mulheres para o
ministério, ser levado mais à sério pela igreja, de modo que esta não
rompesse o que o Senhor não rompeu - justamente pelo fato de o
assunto não tratar de costume da sociedade, mas de ordenação
divina?!
É a posição deste estudo que, mesmo se tivéssemos apenas os dados
dos Evangelhos sobre o ministério, faríamos bem em ser cautelosos
(humildes) num assunto que envolve quebra de uma prática histórica
da igreja. O fàto, porém, é que há textos específicos a respeito do
assunto e, a menos que assumamos urna posição histÓrico-crítica em
relação à Escritura, teremos de considerá-Ios com a devida seriedade,
.. , .. 35
como imperativos a igreja.

2. 1 CorÍntios 14.33b-35

Algumas observações preliminares se tàzem necessárias para um


bom entendimento do texto?6 Primeiro, Paulo não está tratando aqui
de algum costume ligado à época ou ao local a que se dirige.J? O

" Um exemplo de uma abordagem critica à Escritura C0l110revelaçÜo de Deus encontramos no estudo
de Martin Dreher. "O Novo Testamento Escrito por Homens, e a Mulher na llistória da Igreja:' ESludos
Teológicos 30/3 (1990): 273-287. O autor utiliza-se de fontes gnósticas para criticar o posicionamento
dos evangelistas e apóstolos sobre a mulher, chamando-os de machistas. Em tal assunto não sc deveria
simplesmente facilitar a discussão, apelando para o evangelho (a boa nova da salvaçÜo em Cristo),
dizendo que ele n3da sofre em se admitindo o ministério feminino. A própria aiinnação não está livre
de critica. Além disso, não há necessidade de diminuir o conceito sobre a Escritura para valorizar o
evangelho. Um bom estudo a respeito do relacionamento entre os princfpios material (o evangelho) c o
li.)[I11ai (a Escritura) da teologia luterana é oferecido no parecer da Comissão de Teologia e Relações
Eclesiais da LC-MS, Gospel and Sçripture - lhe Interrelmionship of lhe /I..falerial and Formal
PrincipIes in Lulheran Theology, de Novembro de 1972.
,h NÜo discuto aqui a questão da integridade do texto, considerando que alguns documentos colocam
os versiculos 35 e 36 após o v. 40, o que levaria a questão para o campo da boa ordem no culto,
quebrada por conversas (sussurros) das mulheres. A evidência textual para a variante é fraca: D (sée.
VI), F, G (ambos do sée. IX) e outros testemunhos de pouco valor. Apesar do testemunho quase
unânime apontar para o lugar do texto onde o encontramos em nossas versões, há autores que pensam
poder detender a teoria de que seja uma interpolação posterior. Por exemplo: Gordon D. Fee, lhe Firsl
Epístle 10 lhe Corínlhíans, NICN1', (Grand Rapids: Eerdmans, 1991),699. Argumenta-se que o texto
Ii.)i ai colocado para reconciliar I Co 14 com I 1'm 2. No entanto, esquece-se que o copista teria criado
um problema ainda maior (por sinal, apontado pelos comentaristas), do relacionamento deste texto com
I Co 11.5ss.
n Como, por exemplo, no caso do profetizar e orar com véu (I Co 11.2-16). Ali há um princípio, qual
seja, o da autoridade do homem. O uso ou não do véu é o costume que traz consigo a aplicação do
princípio. Para um tratamento mais amplo daquele assunto, ver: Women inlhe Church, CrCR. 1985, p.
27-32: Pedro Brousveld, "Mulher, Véu e Cabelo." Igreja Ll/lerana 37/4 (1977): 188-190
28

""111I\1I\1i
.::'eS para o
assunto lida especificamente com algo que e obngatório para a igreja
.::: esta não
em toda a parte e em todas as épocas O imperativo presente do v. 34,
t~lto de o
Ol yáTluoav. está ligado ao wç EV rráoalç ralç EKKÀ-T)Otalç rwv àYlWV do
1rJenação
v, 33b.38 Segundo, a questão envolve o culto da igreja. O contexto em
1 Coríntios 14, especialmente desde o v, 26, deixa claro que Paulo
,-'s dados
C'
está falando do contexto do culto pÚblico,39 A proibição de "fala",
-:dutelosos
portanto, deve estar circunscrita ao culto, independente de como se
(ti histórica
interpreta À-aÀ-Éw neste texto.
respeito do
A questão básica neste texto é o sentido de "calar-se", ou seja, o
_»-crítica em
não ser permitido falar para a mulher. Um exame das duas expressões
ia seriedade,
em questão aponta para a solução. É preciso estarmos cientes que uma
expressão "calar-se" é explicada pela outra, "não lhes é permitido
falar",
A respeito de olyáw, diz Walter Maier. levando em conta o uso
do verbo nos outros textos do NT:
~: 'JrldS para um
._ tratando aqui o que este comando significa precisamente? Deve ele ser entendido de
~ ,~ umge
-1" .37 O forma absoluta, assim que signifique que as mulheres não podem unir

... ;mamos no estudo


1X Estou considerando o tlnal do v, 33 como dizendo respeito ao v 34. seguindo o que tàzem a edição
Ja Igreja." Estudos
Nestle-Aland e as traduções Almeida Revista e Atualizada. Bíblia de Jerusalém e Bíblia na Linguagem
~:- pnsicionamcnto
\...1

·jnto não se deveria de Hoje Uma tradução alternativa para o imperativo presente mY<XTl.loav seria "parem de falar".
deixando claro que estava havendo algo em Corinto que perturbava a ordem do culto. envolvendo o
"v,lção em Cristo).
falar das mulheres. Walter A. Maier discorda desta possibilidade, Ele argumenta:
,ação não está livre
Podemos notar que Paulo em nenhum local utiliza a expressão empregada em ] 1,18. dizendo
~'3 para valorizar o
algo como 'estou informado haver mulheres tàlando em seus cultos' (Compare-se também
(o evangelho) e o
com I, I] e ), I. onde Paulo declara o que de làto estava ocorrendo em Corinto. por ter
c;·,)logia e Relações
_:.'rial and Formal recebido uma informação direta a respeito,) O apóstolo nem mesmo indica que os Coríntios
em sua carta o houvessem informado acerca de algo assim, É melhor presumir que ele está
.::umentos colocanl dizendo o que diz nos vv. 34.35 de maneira a prevenir um erro e não corrigir um perigo já
- '] ordem no culto. presente, Como Paulo não atirma explicitamente que as mulheres da congregação de
,te ~ fraca: O (séc. Corinto estivessem falando no culto, deveríamos entender que tal ação não chegou a ocorrer,
mas talvez até tivesse sido discutida,"
testemunho quase
("An Exegetical Study of I Corinthians 14.33b-38," Concordia Theological Quarterly, 55/2,3 [Abril-
:Hltores que pensam
fl 1). Fee. n,e First Julho 199]],93,)
19 O verbo utilizado - OWfPxofLat - "Quando vos reunis" - é empregado por Paulo em I Coríntios neste
·."lHa·se que o texto
,:e>pista teria criado texto e no contexto (v, 23) e ao tratar dos problemas ligados às reuniões para a celebração da Santa
..",lu deste texto com Ceia (11.17,18.20.33,34). Walter A. Maier sugere que a tradução de IXKÀl)ola neste texto deveria ser
"reuniões de culto" ("I Corinthians 14." 82,83) A Bíblia na Unguagem de flo;e traduz como
j um princípio. qual "reuniões de adoração." Apesar de tais traduções serem possíveis. elas não permitem concluir que as
,,'go a aplicação do diretivas de Paulo se aplicam unicamente às reuniões de culto em Corinto. O uso do artigo definido e
_'.h, CrCR. 1985. p, do plural apontam para o tàto de que Paulo dirige as palaVr2~qa todas as igrejas (congregações), (cf
·',!90 Gordon D. fee. The First Epislle [O lhe C'orinthial1s .. 706.) Parecc mais correto. então. traduzir como
"igrejas" vistas. no entanto, particularmente em seu contexto cúltico
29

11,
suas vozes em responsos litúrgicos, na confissão de fé, nas orações e em
cânticos durante o culto? Ou, se não for assim, de que forma tal comando
deve ser entendido? A primeira coisa que pode ser assinalada é que em
diversos outros textos do Novo Testamento nos quais formas do verbo
sigaoo ou do substantivo sigee aparecem, não está envolvido um silêncio
absoluto. Pode ser observado, então, que, quando estas palavras gregas
significam o cessar de falar, em numerosos contextos Jesus, ou um
apóstolo, ou outro cristão está comunicando a palavra de Deus a um
grupo de pessoas, e os ouvintes ficam em silêncio de forma a apreender o
que é dito, ou permanecem em silêncio por causa do que foi dito. Não
está indicado que haverá um silêncio total dos ouvintes em todo o tempo
em que estão em contato com aquele que lhes comunica a palavra divina
naquela ocasião. Assim também, pessoas participando dos cultos no
tempo de Paulo ficavam em silêncio quando a palavra de Deus era lida e
pregada, mas eles (incluindo as mulheres) podiam participar e
efetivamente participavam nos responsos litúrgicos, no cantar de hinos e
nas orações durante o culto congregacional. Esta mesma coisa é verdade
40
para os adoradores em nosso tempo.

É interessante notar que o mesmo verbo, usado mais duas vezes


no contexto, aparece aqui com um uso não qualificado, ou seja, não é
especificado o que as mulheres estão proibidas de falar. No v. 28, o
verbo se referia ao tàlar em línguas - calar-se quando não há
intérprete; no v. 30, ao profetizar - calar-se quando a revelação vem a
alguém outro. No texto em estudo, o referente parece ser algo além do
profetizar ou do falar em línguas. Estes são dons especiais que Deus
concede à Igreja, através de algumas pessoas. O texto de I Co 11.5
indica que também mulheres estão aí incluídas (particularmente no
profetizar). A proibição de Paulo pode ser explicada de duas maneiras
diferentes. Primeira, referindo-se a conversas paralelas das mulheres,
durante o culto da congregação. Tal interpretação combina com o que
é dito no v. 35. Estava ocorrendo o problema na congregação de
Corinto. Paulo, então, para o bem do culto público, ordena que as
mulheres se calem e façam as perguntas em casa, aos esposos. Esta é
a interpretação oferecida pelo Dr. Donaldo Schüler:

40 Maier, "I Corinthians 14," 84,85.


30
~, ,:,rações e em ...0 verbo lalco significa, quando se refere ao falar de adultos,
--::J tal comando comunicar-se com intimidade. Se o apóstolo se refere a esse modo de
- ::ada é que em falar no v. 34, pode-se fazer idéia do que acontecia nas reuniões cristãs
pc"nas do verbo em Corinto. Enquanto alguém profetizava, tàlava em línguas ou expunha
00 um silêncio as Escrituras, ouviam-se cochichos na assembléia. Eram senhoras que
~' ::alavras gregas pediam explicações aos seus maridos, de modo familiar e íntimo. Essa
:' Jesus, ou um prática o apóstolo proíbe com toda justiça. Esposas que desejam maiores
:: je Deus a um ..•. - d'd seus man os, perguntem em casa. 41
1l110n11açOeSe
----:a a apreender o Para o nosso estudo em questão, é importante ressaltar que, se
__:e foi dito. Não
esta for a explicação correta, mesmo não se referindo ao exercício do
,: :''11 todo o tempo
otlcio do ministério, seria estranha a ordem de Paulo, em uma
. - ::: a palavra divina
- ::: dos cultos no situação em que as mulheres pudessem, tanto quanto os homens,
:::' Deus era lida e dirigir os cultos da congregação, como pastoras. Além disso, tal
:: 'T1 participar e interpretação contemplaria uma tratativa do apóstolo para um
: antar de hinos e
problema específico nos cultos em Corinto, isto é, a conversa das
:. coisa é verdade
mulheres. No entanto, como já vimos, o texto todo tem uma
amplitude maior. aplicando-se à igreja como um todo Cem todas as
--_..iisduas vezes igrejas dos santos" - v. 33).
seja, não é
L'U Investigaremos o uso do verbo ÀaÀÉc.u por Paulo para verificar se
__'\0 v. 28, o há outra possibilidade na exposição do texto. O verbo é empregado
:.:ando não há trinta e quatro vezes em 1 Coríntios. Em doze ocasiões, refere-se ao
-~',elação vem a "Üllar em línguas", estando ligado a yÀwaaa (a maior ~arte, no plural,
: ::r algo além do yÀc;)oaaL), todas as ocasiões entre 12.30 e 14.39.4 Neste mesmo
-::::ciais que Deus contexto. o verbo é empregado j unto com "profetizar" ou de forma
: :~, de 1 Co 11.5 mais genérica, mas ainda falando às pessoas (ou a si mesmo) a
".:--'lcularmente no mensagem de Deus (doze ocasiões).43 Em seis ocasiões, Paulo refere-
~~ duas maneiras se ao seu próprio falar, anunciando a palavra de Deus, como apóstolo
_ -:. ::'5 das mulheres, do Senhor, instruindo o povo de Deus.44 O verbo ainda é usado uma
" hina com o que vez referindo-se a alguém que fala pelo Espírito de Deus (12.3 -
_ congregação de contexto dos dons espirituais). E em apenas uma vez, o verbo é
.. ordena que as empregado no seu sentido clássico, de falar como criança (13.11). As
__~ esposos. Esta é duas outras ocasiões são aquelas no texto em estudo. Em 2 Coríntios,

41 "A Função da Mulher na Igreja," 40.


42 12.30; 13.1; 14.2,4,5,5,6,13,18,23,27,39.
43 14.2,2.3,6,9,9.1 1,11,19,21,28,29.
44 2.6,7,13; 3.1; 9.8; 15.34.
31
o verbo é sempre empregado (dez ocasiões) em referência a Paulo
(algumas vezes no plural, incluindo Timóteo - 2 Co 1.1), anunciando
às pessoas a palavra apostólica.45 Nas outras dezesseis ocasiões em
que Paulo utiliza o verbo, em algumas delas o faz para referir-se à sua
proclamação e em outras, sem um uso qualificado.
Se, por um lado, não podemos afirmar que Paulo sempre utiliza o
verbo como um termo técnico para a proclamação da Palavra (e, ainda
mais, por um ministro constituído), por outro Jado, é inegável que o
verbo é, na maioria das vezes, empregado neste sentido. Ainda mais,
o uso do verbo em Paulo não recomenda a interpretação do mesmo no
texto em estudo com referência a "cochichos" (cf. Donaldo SchÜler).
Walter A. Maier dá especial atenção ao contexto imediato e à relação
entre os verbos À.ff.ÀÉw e OL yá.w, concl uindo:

Vemos nestas passagens [vv. 26-32] que o verbo ÀciJeÉw certamente


significa maneiras especiais de falar, em um culto - em línguas ou em
profecia - e que estes tipos de fala são colocados em contraste com o
oposto de cada um deles, isto é, manter-se em silêncio, sendo que então
se utiliza uma forma do verbo myácJ. A importância. pois. da diretiva de
Paulo para que as mulheres permaneçam em silêncio nos cultos é, de
acordo com o contexto imediato e decisivo, que elas nào hão de falar
daquela maneira específica. isto é. em línguas Oll em profecia: que elas
não. uma após a outra, L11em em línguas ou sejam profetizas que
comuniquem a palavra de Deus aos outros presentes no culto, servindo
de mestres da verdade aos homens."!'

Nesta explicação do texto, conclui-se por uma referência ao


exercício do oficio pÚblico do ministério. O problema desta
interpretação é que ela parece excluir a possibilidade de a mulher
profetizar, que Paulo entende ser possível (1 .5). A solução pode estar
J

na distinção entre o profetizar e o falar na igreja corno pastor. Sobre


isto trataremos mais adiante.

452.17;4.13,13; 7.14; 11.17,17.23; 12.4,19; 13.3.


46 Maier. "I Corintilians 14:' 85.86.
32
, .: a Paulo Por hora, é importante notar algumas observações feitas pelo
:::lunciando
parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da LC-MS,
.:'isiões em "Women in the Church", tratando destas questões.47
-,"r-se à sua

primeira vista, a colocação de Paulo, de que a mulher ora e
"Iç utiliza o profetiza (l Co 11.5) parece estar em contradição com o comando ao
'U (e, ainda silêncio em 1 Co 14. Os comentaristas têm oferecido diversas
. ;J.\el que o soluções para as dificuldades que surgem quando 1 Co 11 é
'.inda mais, comparado com 1
nlesmo no Co 14. Uma solução proposta é que deve-se fazer uma distinção entre
SchÜler). dois tipos de encontros da Igreja nestes capítulos. Um deles seria em
c: à relação família, um encontro em que a igreja não está toda presente (Capítulo
11); o outro seria o encontro de toda a congregação (capítulo 14).
Outra solução enfatÍza a distinção entre dois tipos de fala. De acordo
certamente
com esta explicação, 'falar' no capítulo 14 significa 'fazer perguntas,'
"suas ou em
::Iraste com o enquanto que no capítulo 11 refere-se à fala em êxtase. Possivelmente
do que entào não se pode ter clareza completa a respeito. Entretanto, as seguintes
jj diretiva de conclusões podem ser tiradas."
cultos é, de
hào de falar
"Primeiro, que Paulo não está ordenando um silêncio absoluto é
"ceia; que elas
evidente do fato que ele permite o orar e o profetizar em 1 Co 11. O
:';',)fetizas que
.' ito. servindo silêncio ordenado para as mulheres em 1 Co 14 não impede o orar e
profetizar. Assim, o apóstolo não está dizendo que as mulheres não
podem participar no cantar e orar da congregação. Deve-se notar o
ao
-::::ferencia uso de Paulo do verbo laleo para 'falar' em 1 Co 14.34, que significa
'lema desta treqüentemente 'pregar' no NT (por exemplo, Mc 2.2; Lc 9.11 ~ At
c jç a mulher 4.1; 8.25; 1 Co 2.7; 2 Co 12.19; Fp 1.4). Paulo não usa lego, que éum
..~,) pode estar termo mais geral. (O argumento de que Paulo tem um significado
:':\sto1'. Sobre diferente em mente e que ele usa o verbo aqui para proibir cochichos
que perturbavam a ordem, é extremamente improvável.) Quando
laleo tem um significado outro do que discurso religioso ou pregação
no Novo testamento, isto é normalmente feito pelo uso de um objeto
ou advérbio (por exemplo, falar como uma criança - 1 Co 13 .11; falar
como um tolo - 2 Co 11.23). Segundo, deve-se enfatizar que a

47 "WOlllen in the Church - Scriptural Principies and Ecclesial Practice," setembro de 1985, p. 32,33.
33
proibição de Paulo, que as mulheres fiquem em silêncio e não falem,
é feita em referência ao culto público da congregação (1 Co 14.26-
33). Qualquer outra interpretação é artificial e improvável. Assim,
Paulo não está dizendo aqui que a mulher deva ficar em silêncio em
todo o tempo ou que não possa manifestar seus sentimentos e
opiniões em uma assembléia da igreja. A ordem para que a mulher
guarde silêncio é uma ordem para que ela não assuma o culto pÚblico,
especificamente o aspecto de ensino-aprendizado do culto."
Não creio ser necessário considerar as duas explicações acima
como sendo mutuamente excludentes. O v. 34 pode estar colocando o
princípio, sendo que o v. 35 seria tão somente uma aplicação concreta,
para algo que vinha efetivamente acontecendo em Corinto. Como não
havia mulheres pastoras, Paulo não viu necessidade de aplicar o
princípio para uma tal situação. Ainda que não se possa negar a
possibilidade do texto ser interpretado da forma como Donaldo
Schüler o faz, o contexto em Paulo indica que a outra explicação (cr
W a 1ter A,. M')aler tam b em
" e posslve
'I .48 N este caso, e' Importante
. que
a investigação se dirija a outros textos, cuja clareza seja indiscutível.
I
No estudo em questão, este texto é Tm 2.8-15. Qualquer que seja a
I
interpretação correta de Co 14, sabemos que não haverá contradição
entre os dois textos.

49
3. 1 Tm 2.8-15

Assim como em I
Co 14, o contexto desta passagem é
importante. Paulo está falando de uma situação de culto da igreja. Isto

4R Ann L. Bowmâlln, em seu estudo sobre 1 Tm 2. I 1-15, aponta para uma terceira
interpretação do texto de 1 Co 14.34: "o contexto (regras com respeito a
declarações inspiradas no culto) indica que pode se referir a mulheres julgando
profecias naquela situações." ("Women in Ministry: Na Exegetical Study of I
Timothy 2.11-15," BiMiotheca Sacra 149/594 [Abril - Junho 1992].200, n. 20.)
Mais sobre este assunto, na distinção entre "profetizar" e "ensinar'", mais adiante.
49 Sobre este texto, dois excelentes estudos podem ser encontrados em: Donaldo
SchÜler, "A Função da Mulher na Igreja," Igreja Luterana 32 (1971): 32-37; Ann
L. Bowmann, "Women in Ministry: An Exegetical Study of I Tm 2. I 1-15,"
i
Bibliotheca Sacra 49/594 (Abril-Junho 1992): 193-213.
34

-
::;nZiofalem, pode ser notado já a partir da própria carta onde o texto está. I Tm,
Co 14.26- assim como as outras cartas pastorais, é dirigido a um pastor-bispo
.. ','\el. Assim, (alguém responsável pela pregação da palavra em determinado lugar,
'-'. silêncio em mas também em organizar a igreja naquele local, inclusive pela
-:ntimentos e constituição de ministros). No entanto, as três cartas concluem com
.=ue a mulher
uma saudação no plural (l Tm 6.21b; 2 Tm 4.22b; Tt 3.15c). Pode-se
.11ro público, depreender que a carta, apesar de dirigida em princípio ao pastor, será
lida perante a congregação, seguindo o que era feito com outras cartas
,~açÔes acima apostólicas (CI4.16; Ap 1.35°).
- .:" colocando o A linguagem do texto também conduz para o contexto de culto da
.. :,~:?toconcreta, igreja. Trata de oração coletiva, do aprender da palavra e do ensinar
··t,). Como não (ver abaixo, no estudo sobre ÕtõáaKw) .
..'~ J<: aplicar o É um detalhe curioso, mas, julgo, não de pequena importância,
.>;sa negar a quc o texto em estudo é um parênteses entre duas declarações sobre o
.'mo Donaldo
ot1cio do ministério. Antes do texto, Paulo, ao apresentar o evangelho
""cplicação (cf. da salvação, afirma ter sido constituído "pregador (Kf]pUO, apóstolo
"iportante que (ànóaTOÂoç) e mestre (ÕtõáaK(Üoç)" (2.7). Após o texto, Paulo traz as
i
nd iscutí ve 1.
qualificações necessárias para o bispO.51
~ 'çj' que seja a "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão" (v. 11).
-::J contradição Sobre o "silêncio", Donaldo Schüler nota, com muita precisão, que o
sentido da palavra ~auxtlX não necessita ser de silêncio, mas de
tranqÜilidade (21's 3.12 e 1 1'm 2.2 são citados).52 Ele comenta:

Isto está em harmonia com o que o apóstolo disse a respeito dos trajes
passagem é femininos. A intervenção indevida da mulher nos trabalhos religiosos
ja igreja. Isto perturba a ordem tanto quanto trajes e adornos chamativos. Paulo se opõe
à exuberância feminina, mas solicita a participação ativa, ordeira e
d·Iscreta, ,apren da ' . 53
";ira lima terceira
·2om respeito a
.,]heres julgando 51/Note'se que no original lemos: "aquele que lê e aqueles que ouvem".
:=c':ica! Study af ] 51 Note'se, especialmente, que o ÔLÔÚOKHV no v. 12 encontra eco antes e após o texto: na auto-
;i92], 200, n. 20.) caracterização de Paulo como ôLóáoKflÀOÇ e na qualificação exigida do bispo - ÔLÔflKHKÓV (3.2). Ao
'. mais adiante, lermos que a mulher não deve "ensinar" o texto nos leva a ter em mente o ministério ("magistério") de
Paulo e a aptidão para ensinar. requerida de um bispo. Ou seja, o v. 12 poderia ser parafraseado: "Não
. ":dos em: Donaldo
~1ermito que a mulher sej~ mi~istra"! , ... ' .
'17]): 32,37; Ann .. Outros textos em que T)O\Jxtfl ou um cognato seu é utilizado no sentIdo de tranqllllldade, ordem (não
. 1 Tm 2.] I, 15." silêncio total): I Pe 3.4; At 11.l8; 21.141 Ts 4.11. No sentido de fazer silêncio, tem-se, da família da
r_alavra, At 22.2; Lc 14.4; e ainda, em 23.56. no sentido de descanso .
.., "A Função da Mulher na Igreja," 33.
35
Paulo requer da mulher que, neste contexto, do culto, onde ela há
de aprender a palavra ordeiramente, que ela o faça "com toda a
submissão". Ann L. Bowmann aponta três possibilidades de
interpretação:

Primeira, pode significar que a mulher deve ser submissa ao seu esposo.
Apesar disto ser ensinado em outros lugares (Ef 5.22; C! 3.] 8; Tt 2.5), tal
significado é improvável aqui, onde o foco está sobre homens e mulheres
em culto. Segunda, Paulo pode ter pretendido dizer que a
mulher deve estar submissa aos presbíteros da igreja. Visto que falsos
profetas estavam desviando crentes da verdade, a submissão aos
presbíteros da igreja pode ter sido parte da solução de Paulo para o
problema. Uma terceira possibilidade, muito próxima da segunda, é que
as mulheres devem se submeter à doutrina pura. Qualquer uma das duas
últimas interpretações dá uma explicação adequada. É também possível
uma combinação das duas: as mulheres devem se submeter apenas
àqueles presbíteros que ensinavam a doutrina pura.5ol

[)onaldo Schüler dá uma explicação semelhante, mas enfatiza a


questão da ordem que Deus coloca, tanto no mundo em geral, como
no culto de Seu povo: "Submissão é um ato de reconhecimento da
ordem e aceitação do lugar que nesta ordem cabe a cada um .... A
mulher que se enquadra em 1 Tm 2.] 1 aceita livremente o lugar que a
ordem do culto lhe determina.,,55
Chegamos, então, ao ponto central do texto, quando Paulo
declara: "E não permito que a mulher ensine, nem que exerça a
autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio" (v. ]2). O que
Paulo quer dizer ao proibir que a mulher ensine? Há exemplos no NT
de mulheres "ensinando" a palavra de Deus (2 Tm 1.5; ct'. 2 Tm 3.15;
At ] 8.24). Não há, pois, uma proibição de que uma mulher exponha a
palavra de Deus para outrem. O fato é que os textos citados acima não
utilizam o verbo empregado em 1 Tm 2.12: olõáoKW. Um estudo mais
detalhado do uso do verbo mostra que o que nós chamamos de
"ensinar", falando de forma genérica para qualquer tipo de aplicação
da

54 "1 Timothy 2," 198,199.


55 "A Função da Mulher na Igreja," 33,34.
36
. onde ela há
palavra de Deus (pregação, estudo bíblico, escola dominical,
"com toda a
orientação cristã para um amigo, etc.) não é o conteúdo do verbo no
: ·:'i!idades de
Novo Testamento. Faz-se necessário, pois, trazer algumas
observações sobre o verbo e seu uso no Novo Testamento.56
lHõúoKw é um verbo utilizado fora do Novo Testamento
:: .-,ao seu esposo.
especialmente para trazer a idéia de passar informações com o
~ 18; Tt 2.5), tal
",,,n5 e mulheres objetivo de uma "assimilação gradual, sistemática e, portanto,
completa.,,57 Na Septuaginta (LXX) e no Judaísmo Rabínico, a
. isto que falsos palavra não é mais utilizada para denotar a comunicação de
:: submissão aos
habilidades gerais, mas a
.:;êPaulo para o
instrução da vontade de Deus, com o propósito de ensinar como o
-.1segunda, é que
.:_~r uma das duas homem deve viver com Deus e com o próximo.58 Jesus foi
- :.:mbém possível reconhecido como um Mestre, não apenas pelas Suas atitudes externas
olllcter apenas (sentar-se para ensinar - Mt 5.1,2; o lugar: na sinagoga - Mt 4.23;
13.54; no templo - Mt 21.23; 26.55), mas no fato de que Ele ensinava
de acordo com o Antigo Testamento e o fazia com autoridade (Mt
: mas enfatiza a
7.29). Nisto Ele se diferenciava dos rabis da época. Este ponto é
.:1 geral, como importante, ao notarmos que Jesus enviou os Seus apÓstolos a
1hecimento da
ensinarem, e o fez baseado na Sua autoridade (Mt 28.18,20). Este
. ..ida um .... A
texto é chave para que se note o sentido de ôLlSáoKú) no Novo
.:ê o lugar que a Testamento. Jesus está enviando os apóstolos para a missão de
fazerem discípulos de todas as nações, pelo batismo e pelo ensino.
quando Paulo É interessante notar a maneira como o Novo Testamento mostra
. -:, que exerça a pessoas ensinando; em outras palavras, como o verbo oLoáoKW é
_.. 1\'. 12). O que aplicado, seguindo-se o comissionamento de Jesus aos onze.59 O
ê\emplos no NT
verbo é utilizado não para algum tipo de instrução que uma pessoa
~. c1'.2 Tm 3.15; traz a outrem. Na grande maioria dos casos, são os apóstolos
-, lher exponha a
. ::1dos acima não
56 As informações a seguir são tiradas do texto deste autor, em The Role of lhe
L m estudo mais
Minislr.v and of the Church in the Mission of God, according to Matthew 28.] 6-20,
-:: chamamos de Tese de Mestrado não publicada, Concordia Seminary, St. Louis, EUA, 1993, pp ..
:0 de aplicação ]47-150.
57 KarJ H. Rengstort~ "õlõáoKW", Theological Dictionary of the New Teslament, G.
Kittel, ed., 2: 135.
58 Klaus Wegenast, "Ensinar," Dicionário Internacional de Teologia do Novo
Testamento, Colin Brown, ed., 2: 43,44.
59 Aos quais mais tarde Matias é acrescentado - At 1.25,26.
37
(especialmente Paulo) que ensinam. O ensino é um dos dons especiais
de Deus (Rm 12.7). Ele mesmo concede mestres (õuSá.OKíXÂOl) à igreja
(Ef 4.11 ).60 As evidências do Novo Testamento nos levam a concluir
que o verbo é utilizado para designar uma atividade especial, de
alguém que foi colocado por Deus em um ofício especial, seguindo o
apostolado que originalmente foi confiado aos doze. Ann L.
Bowmann assinala que

a palavra se refere quase que exclusivamente à instrução pÚblica ou ao


ensino de grupos. No Novo Testamento, um mestre é alguém que ensina
sistematicamente a palavra de Deus e que dá instrução no Antigo
Testamento e no ensino apostólico (I Co 4.17; 2 Tm 2.2).6i

A conclusão é, pois, de que a mulher não deve ensinar no culto


pÚblico da igreja ou, dito em outras palavras, não deve atuar como
aquela que lidera o ensino da congregação, no ministério da
62
palavra.
Foi mencionado acima que o falar da mulher na igreja - proibido
por Paulo em ] Co 14 - deve ser distinguido do profetizar, que ele
mesmo entende ser possível, em 1 Co 11.5. Convém aqui trazer
algumas observações, distinguindo o profetizar do ensinar, de que
Paulo fala em 1 Tm 2. Citamos do estudo do Df. Donaldo Schüler:

I. A Bíblia entende por ensinar uma atjvidade permanente. O mestre


(didáskalos) exerce sua atividade em quaisquer circunstâncias. O profeta.

hllK. Wegenast mostra que o termo ÕtÕúaKaÀoç é empregado no NT referindo-se a:


Jesus (a grande maioria dos casos), João Batista (Lc 3.12). Nicodemos (lo 3.10), os
escribas (Lc 2.46). e os "mestres" da igreja (At 13.1; 1 Co 12.28; Ef 4.1]; Tg 3.1)
DITNT, 2: 50.
(>1 "! Timothy 2," 200. Note-se que o verbo é utilizado em ] TimÓteo
consistentemente para designar o ensino pÚblico da Palavra de Deus: 1.3,7; 2.7; 3.2;
4.11,13,16; 5.17; 6.2. (CTCR, Women in The Church, 34.)
62 Esta, por sinal, é a conclusão a que defensores do Ministério Feminino chegam, a
respeito da intenção de Paulo com aquele texto. Ver, por exemplo, Martin Dreher,
"O Novo Testamento Escrito por Homens e a Mulher na HistÓria da Igreja,"
Estudos TeolÓgicos 30/3 (1990), 282.
38
:'5 eSpeCiaiS no entanto, atua em momentos especiais, com funções específicas (Jr
.=i~ à igreja
-I
29.27,28),
.. :1 concluir 2. Quem, ensina, transmite um sistema completo de conhecimentos, de
modo contínuo, até atingir os objetivos estabelecidos (Mt 28.20). O
"-'pecial, de
profeta elucida certas áreas, em certos momentos, quando se sente por
,,('guindo o Deus enviado (Jr 11.] ss).
__ Ann L 3. O profeta no A T, com raras exceções, não é sacerdote, e muitas vezes
repreende os sacerdotes; não exerce função ligada ao culto (Jr 26 e 27).
Ao conselho de bispos no NT é atribuída a função de ensinar, mas não u
cublíca ou ao de profetizar (I 1'm 3). A atividade profética, no N1', é exercida nas
reuniões públicas dos cristãos, mas não está circunscrita a uma
O",;~i11 que enSIna
determ inada classe.
no Antigo
4. A igreja no NT não deve coibir a atividade profética, mas deve
discipliná-Ia e examinar seus conteúdos para verificar se estão de acordo
com a palavra de Deus, pois responsável principal da disciplina e do
<nM no culto exame é o ministério docente (I 1's5.20; 1 Co 14.1,5,12,39).
~ltuar como
c: Em face disto, não é permitido à mulher pertencer ao conselho de bispos,
ninistério da encarregado do ensino, em caráter permanente, mas pode profetizar
(transmitir o plano da salvação com a finalidade de edificar, exortar e
consolar) quando a isto é compelida pelo Espírito, de um modo discreto e
:- _ja - proibido ordeiro, sob a vigilância do ministério docente.":1
_:.1. que ele
~';l aqui trazer Ainda sobre a questão do profetizar da mulher, conforme 1 Co
: .sinar, de que 11.5, é importante notar que ao fazê-lo, a mulher o faz respeitando o
~-' SchÜler:
princípio da submissão (vv. 7-10). Sobre este princípio trazemos
agora algumas observações, citando Donaldo Schüler:
-'~JJte, O mestre
'iê ias. O profeta,
I - Adão foi formado primeiro. Com isto Deus manifestou que a
liderança cabe ao varão. Se no lar, a chefia deve ser masculina, pelos
motivos vistos em Efésios, não há razão para que no culto deva ser
diferente. O homem não só é cabeça no lar como também no culto (1 Co
.r referindo-se a:
11.3). Cabe-lhe, pOlianto, em situações normais a função de guia, onde
"mos (Jo 3.10), os
quer que um grupo de pessoas esteja reunido, tanto para orar, como para
Ef4.11; Tg 3.1).
meditar na palavra de Deus ....
2 - A segunda razão se baseia na primeira. Satanás foi o primeiro a
em I Timóteo
subvelter a ordem divina. Atribuiu à mulher uma responsabilidade para a
eU': 1.3,7; 2.7; 3.2;
qual ela não estava emotiva nem psicologicamente preparada. Não ataca

~:ninino chegam, a
::-'o. Martin Dreher,
srória da Igreja,"
63 "A Função da Mulher na Igreja," 39.
39

••
a 'cabeça' porque se o fizesse acataria a ordem divina. E seu objetivo é
subverter a ordem. A transgressão çie Eva sugere que a mulher, como
líder, está mais exposta ao engano. Em virtude disto, Paulo julga
inconveniente colocá-Ia em função de responsabilidade docente em
caráter definitivo ... 64

SchÜler ainda faz um comentário importante, mostrando que não


se pode tomar as palavras de Paulo como se estivessem sendo
dirigidas apenas para uma situação específica na congregação
atendida por Timóteo:

o exemplo de Adão e Eva, invocado, universaliza a determinação de


Paulo. A primeira transgressão do homem foi o acontecimento mais
universal da história, porque envolveu efetivamente a humanidade
inteira.65

4. Gálahls 3.28

Este texto é aplicado por alguns como sendo evidência de que


mulheres não podem ser privadas do exercício do ministério pÚblico
na igreja. Martin N. Dreher afirma

(,4"A Função da Mulher na Igreja," 35,36.


65 Id., 36. Martin Weingaertner, em seu comentário a I e 2 Timóteo (Coleção Em
Diálogo com a Bíblia. Curitiba: Encontrão Editora, Belo Horizonte: Missão Editora,
1993), interpreta I Tm 2.11 e 12, dizendo que "Paulo faz estas restrições por causa
da fraqueza, para não causar motivo de tropeço para quem ainda não tinha este
conhecimento. Se já era difícil não deixar confundir-se pela carne sacrificada
devido à familiaridade dos ídolos, quanto mais a 'familiaridade' com o patriarcado
dificultaria a aceitação da nova posição da mulher'" (p. 40) Assim sendo, o autor
trata o texto como sendo uma acomodação de Paulo ao costume da época. O mesmo
autor tem dificuldade de tratar os versículos 13 a 15, levando a sério o "porque" que
inicia este texto. A comparação é imprecisa, pois no caso das comidas sacrificadas a
ídolos há diferenças marcantes: I) Paulo deixa claro do porquê da diretiva dada
(para não ferir as consciências fracas) - isto não aparece no texto de I Tm; 2) A
conexão que Paulo tàz é com um costume, mas no caso de I Tm é com a ordem da
criação: 3) Paulo deixa claro que comer aquela carne não é em si pecado: mas em
Tm Paulo jamais diz que há um ideal não atingível devido ao costume da época - o
ideal apontado é o que ele está ordenando.
40
.~; E seu objetivo é
J"~(-l c<,nrJunidadeprirnÜiva são t'li!1iinad:-.ls aS diferen<::<ls raciais. religiosas
, .. ~ a mulher, como
{:O ,de nnnéi;.' sociais (dorn inar e obedecer!). ~~r)tssarte não pode haver
= disto, Paulo julga
l1fnl grego: nern escravo neiTI 1ibertQ~ ntrn hon1en1 ~; lTIulher:
~:dade docente em

',":1strando que não


- :,stivessem sendo não tolera discrin1inações., caracredsticas da sociedade na
cOlrlunida.de cristà~ a rnulher e o escri..~VO não estão Ú rnargenL Sàu
na congregação
~~~):~~~;;Jt~~~~eaSSS~l~q~:,~r~;~~~l:r~I(~'i~t~:i;~
I e M':~jl'~l~~(~;;,dé. ~~l;
=3 a determinação de
acontecimento mais que o texto dá evidênc.ias lle'cessárias paTa
c"çnte a humanidade ,'--,.~ r'>{';.~ .•• ·~i11C'n.c;.C'
G,~ ;'/~Il.tCl'-iu~,\",,:'J
rn •.- t ...,i""l'~
<tld.esen.àl;;; (; i-~r)"{ l{tle
..;S, 1__luL1 -"j' -, fi "')l"' n~,Sq,"~~
q \""\,.,..lld:uUnt,,:,-, :q~1~~iq n0r- ':-,-,.~
;",,~.'-H.C •. ;'U:...t\...' ~-'i
t..,}!t-lu
(neto
.!. rrlenOS., não dc've tolerar'J"~ discrirnirulcõcs"
~ 'i'Jen1 o l~"Jovo
Testamento o tolera! O ponto é que diferenças não são
necessariamente "discriminação" (no sentido negativo da palavra).
Parece-nos que o problema não é de exegese (conlO de resto na
ç\idência de que discussão sobre os textos referentes à mUlher e li minislério), mas de
ministério pÚblico hennenêutica!
Dreher ainda observa a diferença no texto. Paulo usa oúó~ entre
"juàett" e "grego", e entre "escravo" e "livre", mas usa Kocl entre
"homem" e "mulher", O fato não transparece na maioria das
traduções. Dreher depreende daí que Pauio não está eliminando
móteo (Coleção Em características oe sexualidade de hon1enl e mulher. Ele está. sim, diz
c\,,'nte: M issào Editora,
Dreher, eliminando os "papéis sexuais (homem = dominar, mulher =
. " restrições por causa
Jinda não tinha este obedecer). Tais papéis eram deduzidos de Gn 1.27 (homem e mulher
- :~'J carne sacrificada -\ c·,:CIIOl.!.
(.0 -1\ r, : t O t,ai'd .e(ll1ç,ao
Lh.~l CTIS r.::;- -L~ ---' ri
l.'"- r "'\.,;.;.--, '.'
pdl,e!:-, C> - r. ~,.,
,,;. :111'/-,U:-"J1/'-",
• .:::>.1,,67 c: r,;; i\ kp
._ l'vrI. "1
'.d~"-1
c.
:'e' com o patriarcado verdade, Paulo mesmo apeia para Gêncsis, na cria<,:àu de homem e
'\ ,sim sendo, o autor
mulher, ao fundamentar sua proibição ao ensino por parte da mulher
~ da época. O mesmo
(] Tm 2.11-14). A diferença das conjun~:ões não precisa significar (;
,ério o "porque" que
:':'111 idas sacrificadas a que Dreher está propondo, Este pode, a bem da verdade, ser tão
-.lu.'! da diretiva dada somente um recurso retórico de Paulo. Há outras situações onde
:exto de I Tm; 2) A
5: I \ 111 é com a ordem da
~'n si pecado: Illas em
ÓÓ "O Novo Testamento Escrito por Homens, e " Mulher na História da Igreja,"
cc,stume da época - o
Estudos Teolágícos 30/3 (1990), 284,
67 "O Novo Têstamento Escrito por Homens," 287, n. 33.
41


ocorre uma modificação na cláusula final de uma trase com vários
68
elementos que se seguem.
Além disso, haveria motivo para Paulo modificar a cláusula que
envolve homem e mulher, em relação àquelas, entre escravo e livre, e
entre judeu e grego. A distinção entre homem e mulher pertence à
criação de Deus. Deus os fez assim. E outros textos do NT mostram
que não somente a sexualidade continua, mas também papéis
diferentes, como veremos abaixo.
Sobre o texto de Gálatas em si, algumas observações se fazem,
necessárias. Em seu estudo, "feminismo Evangélico: Por que os
Tradicionalistas o Rejeitam," A. Duane Littin, assinala o seguinte:

Gálatas 3.28 não diz nada explicitamente sobre como a relação entre
homem e mulher deve ser conduzida na vida diária. Mesmo os feministas
reconhecem que o contexto de Gálatas é teológico. não prático. Paulo
está aqui fazendo uma declaração teológica sobre a igualdade
fundamental de homens e mulheres na sua relação com Deus .
... a verdade de Gálatas 3.28 [no entanto,) não fica sem ramificações no
campo social. '" há profundas implicações sobre como os cristãos se
relacionam uns com os outros .... Os feministas insistem que a
implicação precisa ser a eliminação de todos os papéis baseados no
gênero. Os tradicionalistas perguntam, por quê? Esta conclusão não é
requerida logicamente. Igualdade ontológica e hierarquia social não são
mutuamente exclusivos .
... os escritores do Novo Testamento estão regulando, e não eliminando,
os papéis hierárquicos, para prevenir que sejam abusados .... Aqueles que
estão em posição de autoridade - esposos (Ef 5.25-33; Cl 3.19; 1 Pe 3.7),
anciãos (1 Pe 5.1-4; At 20.28-31), pais (Ef 6.4; Cl 3.2!), empregados (Ef
6.9; Cl 4.1) - são instruídos sobre como usar sua autoridade dada por
Deus de forma cristã. Da mesma forma, aqueles que estão sob uma
autoridade constituída - esposas (Ef 5.22-24; Cl 3.18), empregados (Ef
6.4-8; Cl 3.22-25), filhos (Ef 6.1-3; Cl 3.20), membros da congregação

(,8Por exemplo, em Mt 5.3-11, o tratamento da terceira pessoa do plural nos vv. 3 a


10 dá lugar à segunda pessoa do plural no v. I!; em Rm 2.21-23, uma série de
verbos no Presente Particípio no caso nominativo é seguida, na cláusula final, no v.
23, por um Presente Indicativo; o mesmo poderia ser o caso no disputado texto de
Ef 4.11, com as expressões 1;OUÇ ôÉ dando lugar a um Kaí. na cláusula final. Devo
esta argumentação ao DI'. James W. Voelz, professor de Novo Testamento no
Seminário Concórdia de Se Louis, MO, EUA.
42
, com vários (I Ts 5.12,13; Hb 13.17), cidadãos (Rm 13.1-7; Tt 3.1) - são também
instruídos sobre como cumprir com seu pape! de forma cristã. O
resultado não é uma sociedade sem papéis de autoridade e submissão,
.:. ~láusula que
mas uma hierarquia social, ordenada por Deus e realizada de uma
:1\'0 e livre, e maneira que está em acordo com o ensino de Cristo (Mt 20.25-28).69
'::r pertence à
:\'T mostram
. , ,. o ponto é que Paulo está mostrando é que em Cristo foram
. -~ljem papels quebradas as paredes de separação entre gregos e judeus, entre
escravos e senhores, entre homens e mulheres. Em Cristo é criada
."('s se fazem, uma comunhão em que não há pessoas com valores diferentes. Mas o
Por que os apóstolo não diz nada sobre as funções exercidas no corpo no qual o
sêguinte: batismo insere as pessoas. O fato dos cristãos formarem uma unidade
não significa que todos tenham as mesmas funções, Unidade não é o
:: relação entre
'.:"'J os feministas mesmo que um'f'orml 'd a de. 70
prático. Paulo O texto de Gálatas é importante, por mostrar o valor objetivo do
'.~ a igualdade santo Batismo, que nos torna filhos de Deus, pessoas revestídas por
_\:LlS.
Cristo, de modo que resgatados, somos herdeiros (GI 4.5-7). Valem
"amíficações no
aqui as palavras do Dr. Donaldo SchÜJer, mostrando o aspecto
.:> os cristãos se
nsislem que a
positivo do texto, no que se refere ao relacionamento daqueles que,
is baseados no em Cristo, formam um corpo:
~onclusão não é A graça divina irmana. Os que contritos a reconhecem são incorporados
social não sào na grande família dos redimidos de Deus, onde não há privilégios, onde
uns estão ao serviço dos outros com o quinhão que Deus Ihes concedeu.
-:: :1JO eliminando, A diversidade demonstra a unidade na mútua cooperação. Como o
.. Aqueles que senhor renascido se sente irmanado a seu escravo assim também o
3.19; J Pe37), marido se sente irmanado a sua mulher. Os que foram incorporados em
êmpregados (Ef Cristo não se hostilizam, os senhores não oprimem seus escravos, os
,'idade dada por povos não consideram inimigos os que nasceram além de suas fronteiras
. _~ estào sob uma culturais ou políticas, os maridos não aviltam suas esposas. O evangelho
êmpregados (Ef de Cristo substitui o ódio pelo amor, articula a diversidade numa unidade
, -ia congregação efetiva.7\

::Jural nos vv. 3 a


-~3, uma série de
_suIa final, no v. C>9 "Evangelical Feminism: Why Traditionalists Reject it," Bibliotheca Sacra
'Dulado texlo de 136/543 (1979), 265,266.
sula final. Devo 70 Bertil Gaertner, "DidaskoJos: The Office, Man and Woman in the New
Testamento no Testamenl," Concordia Journal 8/2 (Março 1982): 57.
7\ "A Função da Mulher na Igreja," 25,26.

43
CONCLUSÃO

Pelos dados apontados em nosso estudo, constatamos que o


Ministério Feminino não encontra apoio no Novo Testamento. A bem
da verdade, encontra uma proibição explícita no texto bíblico. Esta
constatação, porém, não deve obscurecer a verdade de que tanto
homens como mulheres são, em Cristo, sacerdotes reais e têm funções
importantes a desempenhar no reino de Deus.72
É preciso lembrar que o trabalho no reino de Deus não fica
restrito ao que é feito no âmbito da igreja. Cada cristão tem o
privilégio de viver sua fé entre os irmãos, na congregação, mas
também (e especialmente) na família e na sociedade em geral. Pessoas
com
formação teológica poderão, por certo, ser uma bênção em qualquer
lugar que estiverem. Na igreja poderão ser de grande auxílio na
edificação dos irmãos, seja em estudos bíblicos, mensagens,
devoções, visitas missionárias, departamentos e comissões. Isso vale
também para as mulheres. E, no desempenho de funções,
reconhecerão a supervisão do ministro constituído por Deus e
chamado por intermédio da congregação. O desempenho das funções
através de muitas pessoas, mulheres e homens, por isso, não irá
obscurecer o fato de que há um ministério instituído por Deus e que
neste ministério a pessoa não entra em função de uma qualidade
especial que tem, mas através do chamado que Deus dá por meio da
Igreja.

72 Um excelente estudo sobre o papel da mulher na Escritura pode ser encontrado


no parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Lutheran Church-
Missouri Synod, Women in the Church - Scriptural Principies and Ecclesial
Practice, Setembro de 1985, pp. 5-12. Sobre a atuação da mulher na Igreja, ver o
estudo do Dr. Donaldo Schuler, citado neste trabalho.
44
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46
,é'; Forum."
- \bril 1993):
SANTA CEIA:
A PRÁTICA DA COMUNHÃO FECHADA.
·ml;.~nto the
lheological Rev. Horst Kuchembecker.

Luteraná A Ceia do Senhor

Enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o


partiu e o deu aos discípulos, dizendo: tomai, comei: isto é o meu
corpo. A seguir tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos
discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o
_iialogo com a sangue da (nova) aliança, derramado em favor de muitos, para
'·'nte: Missão remissão de pecados. E digo-vos, que, desta hora em diante, não
beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber,
n the SELK," novo, no reino de meu Pai. E, tendo cantado um hino, saíram para
-\'c:rão 1994): o Monte das Oliveiras. Mateus 26.26-30

Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o


Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo
dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por
vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois
de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a
nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o
beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes
este pão e beberdes o cálice, al1lmciais a morte do Senhor, até que
ele venha. Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do
Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba
do Clílice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come e
bebe juizo para si. 1Corintios 11.23-29

A PRÁTICA DA COMUNHÃO FECHADA


Um diálogo entre um leigo e seu pastor

47
lntroduçlio

A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), com suas igrejas


irmãs, mantém a assim chamada Comunhào Fechada. Isto é, ela só
admite à mesa da santa ceia aqueles que são membros da Igreja
Evangélica Luterana. Firmada na palavra de Deus, a Igreja Ev.
Luterana do Brasil ensina que a santa ceia não deve ser dada a pessoas
impenitentes, a pessoas que seguem doutrinas erradas e/ou estão
filiadas a outras confissões religiosas com as quais não temos
comunhão de pÚlpito e altar, a pessoas que não têm condições de se
examinarem ou estão em estado de inconsciência. Ensinamos que a
santa ceia só deve ser dada a pessoas penitentes, que crêem que em,
com e sob o pão e o vinho recebem o verdadeiro corpo e sangue de
Cristo para perdão dos pecados; em segundo lugar, na santa ceia
fazemos confissão pública da unidade de fé, por isso só admitimos à
mesa da santa ceia aqueles que confessam publicamente sua unidade
de fé conosco. Somos hoje a única igreja que procede assim.

Todas as outras igrejas: católicas, evangélicas e reformadas


admitem à sua mesa todos os que desejam participar. Este nosso
procedimento tem chocado a cristãos de outras igrejas e está chocando
também alguns membros de nossa própria igreja, especialmente
quando pastores exercem conscienciosamente a comunhão fechada.
Cumpre dizer que nem todos os nossos pastores estão praticando a
comunhão fechada como deveriam. Alguns são tolerantes e outros até
indiferentes. lsto tem causado certa confusão entre os membros.
Especialmente quando, em dias festivos, nossos membros vêm
acompanhados de seus parentes, alguns deles batizados e confirmados
em nossa igreja, mas que estão agora em outras igrejas luteranas e
dizem: "Nunca abri mão da doutrina, mesmo pertencendo, agora, por
certas circunstâncias, à outra igreja luterana (de Confissão)." Quando
tais pessoas são pessoas impedidas de participarem da santa ceia,
ficam muito chocadas. Elas argumentam: Como o pastor na outra
Comunidade permitiu que eu participasse? Neste sentido vemos que
além da incompreensão de cristãos de outras igrejas, rnuitos de nossos

48
membros têm dÚvidas com respeito a esta prática e dizem: Ninguém
tem o direito de julgar a fé.
suas IgrejaS Foi assim que, num estudo bíblico, surgiu a pergunta sobre a
'.;;t() é, ela s6 comunhão fechada. Vamos tentar reproduzir algumas das perguntas
::-r"s da Igreja levantadas naquela oportunidade. Para manter a forma de diálogo,
Zt igreja Ev. deixaremos um leigo colocar as perguntas e expressar as dÚvidas.
~- i.tda a pessoas
2iS eíou estão
Diálogo sobre II prática da comunhão fechada lia lEIB
.s não ternos
Após um estudo bíblico sobre a santa ceia, o pastor perguntou:
_,:,ndições de se Alguma pergunta especial? Um leigo pediu a palavra:
=.·.smamos que a
= ,:rêem que em, 1) Leigo: Pastor, durante a cerimônia de Conflrmação, no domingo
. cpo e sangue de passado, ficamos constrangidos por causa da praxe da comunhão
__~. na santa ceia
fechada na santa ceia. Sei que o senhor avisou que somente membros
admitimos à
de nossa igreja são convidados a participarem. E como sempre,
.Jire sua unidade
alguns padrinhos e parentes dos confirmandos, julgando-se
- ':" :1SSlm.
convidados, foram à santa ceia e o senhor não deu a santa ceia a dois
deles. Isto causou constrangimento não só a eles e seus parentes, mas
.. ' e reformadas
também a membros de nossa Comunidade. Alguns deles estão
_.par. Este nosso dizendo que vão mandar riscar seus nomes. Não está na hora de
..~ ç está chocando
revisarmos esta nossa praxe? Vivemos em dias diferentes. A época
. 1. especialmente do radicalismo e daquele extremado fanatismo passou. Hoje se busca
:mnhão fechada.
a união e para isso precisamos ser tolerantes e mostrar mais amor e
-:' tJO praticando a compreensão. Não me leve a mal por eu dizer isto, mas é um assunto
. .:intes e outros até
que me preocupa. O que o senhor me diz?
..tre os membros.
- Pastor: Parece-me que esta prática está perturbando a você e a
membros vêm outros membros da Comunidade. Então está na hora de
e confirmados
examinarmos o assunto. Vamos começar com a pergunta: o que é a
;rejas luteranas e santa ceia?
:~cendo, agora,por 2) Leigo: A santa ceia é o verdadeiro corpo e sangue de Cristo, dado
:·tlssão)." Quando
e derramado por nós, para remissão dos pecados. Não é isso, pastor?
::':':1 da santa ceia,
Vou à santa ceia para receber o perdão dos pecados. E nós luteranos
:' pastor na outra somos bons em proclamar o perdão, mas quando se trata de praticá-Io,
- 'entido vemos que o negamos aos outros. Isto me parece ser a grande contradição em
..'. muitos de nossos
nossa prática da comunhão fechada.

49

!il!IIIR.. =
- Pastor: Bem, me parece que estou vendo aonde você quer chegar.
Precisamos ir a fundo. O que recebemos na santa ceia?

3) Leigo: Recebemos o corpo e o sangue de Cristo sob o pão e o


vinho. Comemos o corpo e bebemos o sangue de Cristo, o preço de
nossa salvação.
- Pastor: Ótimo!

4) Leigo: E então? Não devemos dar o corpo e o sangue de Cristo a


quem o deseja?
- Pastor: Sim. Mas antes disto precisamos ter certeza de que a
pessoa que vem ao altar realmente sabe e crê isto, a fim de que receba
o corpo e o sangue de Cristo para a bênção. O apóstolo Paulo
admoesta: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do
pão e beba do cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo,
come e bebe juízo para si" (1 Co 11.28).

5) Leigo: Nós sabemos que o corpo e o sangue de Cristo estão


presentes na santa ceia, mas não devemos fazer disto uma nova lei.
Pois isto é dado para remissão dos pecados. Está sendo oferecido
perdão dos pecados e deveríamos alegrar-nos quando alguém vem
receber o perdão. Se ele está plenamente consciente de toda a
doutrina ou não deve scr coisa secundária.
- Pastor: Não fazemos da santa ceia uma nova lei. A santa ceia é
para perdão dos pecados. Nlas, na santa ceia recebemos o perdão
pelo comer o pão e pelo beber o vinho, com o qual recebemos o corpo
e o sangue de Cristo. Infelizmente, muitos não crêem isto. E se
forem à santa ceia sem crer isto, ofendem a Cristo.

6) Leigo: O senhor quer dizer que se alguém não crê que o corpo e o
sangue de Cristo estão presentes na santa ceia, que esta pessoa não
têm perdão dos pecados, mesmo que creia que Cristo é seu Salvador?
- Pastor: Sim!

50
,c:T chegar. 7) Leigo: Não entendo! Eu tenho parentes na outra igreja luterana e
alguns de outras denominações evangélicas. Eles são cristãos
sinceros e dedicados. Lêem a Bíblia, oram, lutam por vida santificada
~ o pão e o muito mais do que nós. Mas foram instruídos erradamente sobre a
preço de santa ceia.
E não crêem que o corpo de Cristo esteja presente na santa ceia. Eles
crêem que Cristo está presente como está em todos os lugares. Eu
acho que eles têm perdão. Além disto, a santa ceia não tem só a
..:_e de Cristo a
finalidade do perdão, mas é uma demonstração de irmandade, de
comunhão. E fico muito triste em não poder expressar isso no dia da
___
::za de que a santa ceia. Em casa oramos e cantamos juntos e não podemos ir
.:lê que receba juntos à santa ceia. A ceia, que deveria unir, está separando.
_-,,:;tolo Paulo
- Pastor: Permita-me interromper. Precisamos clarificar melhor o
,_,sim coma do
que envolve a santa ceia. Em primeiro lugar, quando nosso Senhor
'_ ::rmr o corpo, Jesus Cristo instituiu o sacramento, ele disse: "Isto é o meu corpo ...
isto é o meu sangue" (Mt 26.26-68). O corpo e o sangue que ele nos
dá é aquele que foi dado e derramado por nós na cruz para perdão dos
~ Cristo estão
pecados. Agora, se alguém vem ao sacramento e não crê que o corpo
_l111anova lei.
e o sangue de Cristo estão ali, não é isto uma afronta a Cristo?
::,do oferecido
cliguém vem 8) Leigo: De um lado me parece que sim, Por outro, penso nos meus
.~ de toda a
parentes. eles crêem que Jesus morreu por eles. Só não aceitam que o
corpo e o sangue de Cristo estão na santa ceia.
\, santa ceia é
- Pastor: Acho que chegamos ao ponto. Veja, o apóstolo Paulo diz
- .11OS o perdão em sua carta aos coríntios: "Porventura, o cálice da bênção que
__ -:-'ê1110S o corpo abençoamos. não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que
_=11 isto. E se
partimos, nào é a comunhão do corpo de Cristo? "1 Co 10.16). E dá
uma advertência: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim
coma do pão e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir
:_; ue o corpo e o corpo, come e bebe juízo para si"(l Co 11.28).
::sm pessoa não 9) Leigo: Sim, e daí? O que significa isso? Ele deve examinar-se
:::seu Salvador? como?
- Pastor: O que significa? Deus está dizendo que se alguém vem à
santa ceia ele deve examinar-se antes. Ele deve examinar-se quanto à
sua fé. Sê crê que na santa ceia ele recebe em, com e sob o pão e o

51

11
vinho o verdadeiro corpo e sangue de Cristo para perdão dos seus
pecados. Pois se ele não crê isto, ele recebe na mesa da santa ceia o
corpo e o sangue de Cristo para juízo e condenação.

10) Leigo: Um momento, pastor. O senhor está dizendo que se


alguém participa da santa ceia em nossa igreja e não crê na presença
do
corpo e do sangue de Cristo, tal pessoa é condenada por Jesus?
- Pastor: Exatamente! E não sou eu que estou dizendo isto, mas o
próprio Jesus, por intermédio do apóstolo Paulo,

11) Leigo: Isto é duro de aceitar. O senhor tem certeza de que esta é
a correta interpretação destas palavras? Estranho que Jesus, que
sempre foi tão amoroso, possa ser tão duro aqui.
- Pastor: Sim, tenho plena certeza. Melhor, leja você mesmo as
palavras. Não tem como duvidar ou interpretar diferente. As palavras
"sem discernir o corpo, come e bebe juízo," são claras. A nova
Versão Internacional (NVI) traduz assim: "Portanto, todo aqueie que
comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado
de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. Examine-se o homem
a si mesmo, e então come do pão e beha do cálice. Pois quem come
e bebe sem discernir o corpo do Senhor coma e bebe para slla
própria condenação "(1Co 11.27,28), Para uma compreensão melhor
do texto vamos olhar para a comunidade de Corinto. Esta
congregação tinha problemas: divisões e agrupamentos, discussões
carnais, partidos espirituais, valorização da filosofia humana sobre a
palavra de Deus, desprezo a Paulo como apóstolo, imoralidades, ida
aos tribunais civis, excesso carismático nos cultos, negação da
ressurreição dos mortos, menosprezo à santa ceia, considerando-a
uma ceia comum; mas ainda era uma congregação cristã. Uma
congregação cristã doente que precisava de cura, Jesus lhes aplica a
palavra de Deus por intermédio do apóstolo Paulo. Interessante, por
onde começaríamos a cura? Com um sermão sobre a vida santificada
e a unidade cristã? Paulo começa focalizando os problemas da fé..
Pois os problemas surgiram quando a fé na doutrina da presença reàl

52
-~rdão dos seus
santa ceia o degenerou. Paulo reprova os coríntios não simplesmente por sua
conduta ímpia, mas por olharem para a santa ceia como uma simples
refeição (1 Co 11.20,33-34). Eles deveriam corrigir primeiro o que
estava errado em relação à doutrina da santa ceia. Por isso lhes
,iizendo que se
lembra a presença real na santa ceia. A santa ceia é um meio da graça
:re na presença
para ser recebido por corações arrependi dos e confiantes no que é
- r Jesus? oferecido, dado e selado, a saber o verdadeiro corpo e sangue de
Cristo em, com e sob o pão e o vinho. E, em segundo lugar, a santa
-::':ido isto, mas o
ceia é a proclamação da morte e ressurreição de
Cristo, até que ele venha, a saber, da unidade de fé compartilhada por
aqueles que participam. Uma vez que se arrependam e creiam no
c: ,::J de que esta é
perdão, a correção da vida, a verdadeira santificada, a vida guiada
'lue Jesus, que
pelo Espírito Santo, brotará da fé.
\ocê mesmo as
12) Leigo: Bem, de fato não posso interpretar diferente, mas é difícil
--c:-':le. As palavras
aceitar isso.
,Jaras. A nova
- Pastor: Vejamos um exemplo. Você chama o seu empregado e lhe
aquele que
'(Ido
dá uma ordem, para o prÓprio bem dele. Ele ouve a ordem mas não
,"íe será culpado
file-se o homem
quer compreender. Ele começa a murmurar contra você. Depois vai
embora e diz aos outros empregados: o patrão me deu uma ordem.
['ois quem come
Eu acho isso um absurdo. Não vou fazer isso assim. Vou fazer como
, hebe para sua
eu acho que deve ser feito. O que você fará com tal empregado?
,"l'reensão melhor
c: C orinto. Esta Outro exemplo: você vai a uma farmácia comprar um remédio que
um amigo lhe recomendou. O farmacêutico lhe diz: A receita, por
u:-;1tOS, discussões
fàvor? Você responde: Não tenho receita. O farmacêutico lhe diz:
humana sobre a
Lamento, não posso dar-lhe o remédio. E você responde: o que é isso!
,:noralidades, ida
Eu sei o que me faz bem ou maL Estou pagando. Me dê o remédio.
negação da
Esses médicos orgulhosos acham que sÓ eles entendem. Eles só
considerando-a
- . ~·o cristã. Uma querem nosso dinheiro. Lamento, responde o farmacêutico, mas não
posso vender-lhe o remédio. A responsabilidade é minha. Se
c:,us lhes aplica a
acontecer algo, eu posso ir até para a cadeia. Veja, essa é a seriedade
Illteressante, por da santa ceia.
c:: vida santificada
;;roblemas da t~.
13) Leigo: Pastor, eu nunca pensei na santa ceia nestes termos. Eu
"c da presença reàl
sei que você o diz muitas vezes antes da santa ceia e a advertência

53
está escrita no boletim da comunidade, mas nunca encarei isso assim.
Eu sempre vi isso como um aviso aos visitantes. Fique longe! Isso aí é
só para nós. Somos um grupo fechado. Sei que muitos congregados
interpretam também assim. Talvez devêssemos instruí-Ios com outras
palavras e escrever isso com palavras diferentes, para que
compreendam o que estamos ensinando de que a santa ceia é algo
bem especial. Um santo remédio, mas também perigoso para aqueles
que não crêem verdadeiramente.
- Pastor: Concordo. Nós temos dois deveres, um para com Deus, a
quem devemos ser fiéis e o outro dever para com o nosso próximo,
especialmente nossos amigos não luteranos, cristãos de outras igrejas
cristãs que assistem nossos cultos. A eles devemos avisar, com muito
amor para que não participem indignamente.

14) Leigo: Pastor, você falou em outras igrejas cristãs. Qual é


realmente a diferença entre nosso ensino e o da igreja católica ou dos
outros grupos protestantes. Posso comungar na igreja católica? Eles
dizem que têm o verdadeiro corpo de Cristo?
- Pastor: Vejamos. No ano 1215, a igreja católica começou a
ensinar a transubstanciação. Isto é, ao o padre consagrar o pão e o
vinho, estes elementos se transformam em corpo e sangue de Cristo.
Dali para frente seguiram-se outros erros, como: adoração da hóstia,
em 1226, cálice negado ao povo, em 1415; e o erro mais grave do
sacrifício incruento. Eles dizem que Cristo só morreu pelo pecado
originaL Os outros pecados, após o nosso batismo, nós precisamos
pagar por nossas boas obras ou então pela missa. A missa compreende
sempre o sacrificio incruento de Cristo. Isto é, o padre toma a hóstia
(o pão) e o abençoa. Então, conforme o ensino deles, a hóstia se
transforma em corpo de Cristo. O padre levanta esta hóstia e quebra-a
ao meio. Isto é ele faz a Cristo sofrer mais uma vez de forma
incruenta, sem derramar sangue. E ele o faz sofrer em favor daqueles
pelos quais a missa é celebrada e dos participantes da ceia. Que
tristeza. Veja, isto é uma afronta à obra redentora de Cristo. Não
podemos comungar em tal mesa. As igrejas reformadas que seguem o
ensino de Zwínglio e Calvino, tais como os presbiterianos, batistas,
54
- :-.-.:a.rel ISSO aSSIm. reformadas, arminianos, metodistas, o exército da salvação e outros
::'longe! Isso aí é negam os sacramentos como meios da graça,.p.<l.~ª_elesossacrarnentos
_ '(15 congregados <são url1simples memorial. Eles ensinam que o pão e o vinho só
.~..:-los com outras simbolizam o corpo e sangue de Cristo. Os presbiterianos ensinam
c-:::::tes, para que que recebenlOs a Cristo só espiritualmente, não em com e sob o pão e
_ : 2.nta ceia é algo o vinho.
~ ;,~'so para aqueles
15) Leigo: Então não podemos participar ali?
~..1ra com Deus, a - Pastor Não!
. nosso próximo,
_e outras igrejas 16) Leigo: As coisas estão ainda confusas na minha cabeça. Veja,
'isar. com muito tenho muitos amigos não IUleranos e amigos luteranos da outra igreja.
Eles crêem na Bíblia, mesmo que ainda não compreendam tudo
corretamente. Então uma pessoa pode ser cristão e mesmo assim não
. cristãs. Qual é aceitar tudo o que está na Bíblia? Especialmente, no que se refere aos
católica ou dos sacramentos?
__ :i católica? Eles - Pastor: Sim. E é o nosso dever ajudar a estes cristãos a crescerem
no conhecimentos da palavra de Deus, para que cheguem "ao pleno
lica começou a conhecimento da verdade"( 1 Tm 2.4).
'<lgrar o pão e o
- '.'ngue de Cristo. 17) Leigo; Assim uma pessoa que é um cristão poderia participar da
ração da hóstia, santa ceia, mas por não ter a correta compreensão quanto à santa ceia,
mais grave do ele não pode comungar conosco, pois se colocaria sob o juízo de
r-o::'u pelo pecado Deus? É isso?
nós precisamos - I'astor: Correto. Veja, o assunto da comunhão fechada não é uma
":ssa compreende tradição luterana, mas um ensino da Bíblia. E precisamos distinguir
toma a hóstia
To::'

bem entre ensino e tradição.


_ ~leso a hóstia se

;;,stia e quebra-a 18) Leigo: Sabe pastor, quando isso ocorre, como no último domingo
" vez de forma
da confirmação, eu ouvi muitas reclamações. Fora da igreja alguém
C ""i favor daqueles me disse: "Então, vocês acham que só vocês vão ao céu? Que direito
::--:da ceia. Que vocês têm de julgar a fé dos outros." Eu não soube responder. E acho
:. ie Cristo. Não
que com esta doutrina estamos afastando muitas pessoas. Não seria
que seguem o
r's
melhor se fôssemos mais tolerantes? Então teríamos a porta aberta
--c-rianos, batistas, para o diálogo. Assim, tenho a impressão de que fechamos a porta.
55
Escandalizamos as pessoas, que não voltam mais.
- Pastor: Posso compreender. Veja, num momento desses muita coisa
que está escondido no coração, vem à tona. E o que vem à tona é a
inimizade natural do coração contra Deus. Nossa razão se choca com
as afirmações da Bíblia. A nós cabe permanecermos fiéis à palavra de
Deus. Conheço também outras situações de pessoas que depois
vieram perguntar e outras às quais procurei para lhes explicar porque
não lhes dei a santa ceia. Estas pessoas deram ouvidos à palavra de
Deus. Agradeceram e nos admiram por lidarmos com tanto respeito
com a palavra de Deus e amor a elas. Vejamos um detalhe. Você
nunca ouviu um de nossos pastores dizer e ensinar que só luteranos
vão para o céu? Não é?

19) Leigo: É verdade, nunca ouvi isso. Pelo contrário. Sempre se


ensinou que cremos e esperamos que entre as outras denominaçÔes
cristãs, apesar dos erros doutrinários, há cristãos também.
Pastor: É compreensível que algumas pessoas re(~iam
emocionalmente quando fazemos uma comparação entre nossas
doutrinas e as doutrinas de outras igrejas, e falamos da importância de
zelar pela pureza doutrinária. Então elas falam em letra morta, n(l_
importância do amor sobre tudo. E nos acusam de sermos uma igreja
fechada, como se não quiséssemos que pessoa estranha visitasse os
nossos cultos.

20) Leigo: Sei que algumas pessoas pensam assim. Muitas vezes
nosso próprio comportamento errado tem contribuído para isso. Mas
sei também que somos uma igreja aberta para todos e gostamos que as
pessoas venham assistir nossos cultos.
- Pastor: Sim, em nossos cultos todos são bem-vindos; mas a
pm1icipação na santa ceia é algo diferente. E importa explicar isso a
parentes, amigos e conhecidos que trazemos aos cultos. No início da
igreja cristã, O culto estava aberto para todos; mas, depois da oração
geral, os catecúmenos, pessoas que estavam na instrução e visitantes
eram convidados a se retirarem. Então se celebrava a santa ceia. Já
naquele tempo esta prática trouxe calúnia sobre à igreja.
56
:.' muita coisa 21) Leigo: E ainda hoje, explicar isso às pessoas que não pertencem à
:n à tona é a nossa igreja, especialmente a cristãos de outras igrejas, é dificil. Eu já
tentei e me dei mal. Uma vez porque eu mesmo não estava bem
'c choca com
convicto do assunto. Agora estou. Mas o senhor não teria uma
, , . '. à palavra de
explicação mais fácil, assim para o primeiro momento, quando
: :~s que depois
tratamos com um amigo que trazemos ao culto?
~\plicar porque
- Pastor: Vou tentar. Não é uma explicação perfeita, mas ela faz
.:::~:;à palavra de
sentido. Você só pode tirar a carteira de motorista aos 18 anos,
'1 tanto respeito
detalhe. Você mesmo que você já saiba dirigir bem aos 14 anos. Então você presta
,'Ué' só Iuteranos
um exame escrito e de direção. Quanto mais importante é a matéria
espiritual, a santa ceia. Você lembra o desastre, há alguns meses atrás,
no qual o filho do irmão Pedro, que tem 10 anos, capotou o carro.
Graças a Deus, não houve danos físicos. Ele dirige bem, mas tàltou
..tno. Sempre se certa maturidade. Assim é com a santa ceia.
".' denominações
·.:m.
22) Leigo: Esta é uma boa comparação. Vou usá-Ia numa próxima
::tssoas re~qam
• ec'; entre nossas vez. Mas tenho ainda outras perguntas, pastor. Veja! Tenho parentes
que são luteranos da Confissão Luterana. Eles dizem que é a mesma
:, importância de
~ ' letra morta, na igreja. E que a nossa igreja está até tratando da união com eles. No
Último domingo, eles ficaram muito magoados. Me disseram que nós
'~rmos uma 19reJ<1
;nha visitasse os queremos ser mais cristãos do que eles, de que somos orgulhosos e
fariseus. A doutrina é a mesma. Confesso que fiquei sem resposta. Por
que eles não podem participar?
... i. Muitas vezes - Pastor: Este é um ponto mais diflcil. Muitos realmente não o
entendem. Vamos por partes. Em primeiro lugar é preciso dizer: Não
para isso. Mas
somos melhores do que eles ou de outros cristãos. E nunca dissemos
. gostamos que as
que nós somos melhores do que eles, como cristãos .
. :,·,·vindos; mas a
23) Leigo: Isto é bom ouvir. Eu deveria ter dito isso a eles. Mas na
- :-:j explicar isso a
:c!s. No início da
hora fiquei muito envergonhado.
- Pastor: De fato gostaríamos ter comunhão com todos os outros
:kpois da oração
luteranos. E nossos Seminários e comissões de doutrina se esforçam
c T.cção e visitantes
a santa ceia. Já através de reuniões com diálogos, buscando alcançar a unidade
confessional.
~.:::a.

57
24) Leigo: Que Deus abençoe essas reuniões! Como eu gostaria que
isso acontecesse. O senhor sabe que tenho minha mãe, uma irmã e um
filho que são da outra igreja luterana. Como eu gostaria de ver todos
aqui reunidos para irmos juntos à santa ceia. Sempre me dói no
coração não podermos comungar juntos.
- Pastor: É verdade. Isso dói a todos nós. Aliás, a divisão da
cristandade dói a todos os verdadeiros cristãos. Mas vejamos alguns
outros aspectos. Será o bastante crer na presença real do corpo e do
sangue de Cristo na santa ceia para que alguém seja admitido à mesa
do Senhor?

25) Leigo: Não entendi. Não sei aonde o senhor quer chegar. Somos
todos pecadores. Cremos em Cristo. Eles, bem como nós, aceitam a
Confissão de Augsburgo. Eles são nossos irmãos na fé. Meus parentes
acreditam na presença real do corpo e do sangue de Cristo na santa
ceia. Por que eles não podem comungar con05co?
- Pastor: Vamos voltar ao texto de 1 Co 10.16-17: "Pon'cntura o
cálice da bênção que abençoamos, l1elO é a comunhão do sanguc de
Cristo. O pão que partimos, nela é a comunhão do corpo de Cristo
Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só
corpo; porque todos participamos do Único pão. "

26) Leigo: Sim, e por quê o senhor enfatiza a palavra comunhão, o


que o senhor quer dizer com isso? Eu já disse no início que a santa
ceia é a mesa da confraternização.
- Pastor: Veja! Não simplesmente de confraternização, mas de
comunhão. Na santa ceia recebemos com o pão e o vinho o corpo e o
sangue de Cristo. Aqueles que recebem o corpo e o sangue de Cristo
com fé são unidos com Cristo e formam um corpo com Cristo. Por
isso chamei atenção à palavra: comunhão. Formamos um corpo com
Cristo. "Somos unicamente um pão," diz o apóstolo. Isto é, no altar,
ao comungarmos, recebemos todos a Cristo e todos os que crêem
tornam-se "um corpo em Cristo." Assim como cada parte de um
pedaço de pão é pão, assim cada membro de nossa congregação tem e

58
~ustaria que
crê o mesmo ensino da Bíblia e por esta fé tem comunhão com os
i,} irmã e um
outros. Formamos um corpo.
ver todos
~ me dói no
27) Leigo: Se entendo bem, não vou à santa ceia simplesmente para
receber o perdão dos pecados, mas também para confessar a Cristo e
:i divisão da
expressar a unidade de fé em Cristo, nossa união em Cristo. É isso?
::;amos alguns
- Pastor: Exatamente isto o apóstolo Paulo diz no versículo que
corpo e do
estamos analisando. Veja ainda o seguinte: Nos membros da
-,_:nitido à mesa
congregação temos diferentes dons, profissões, uns possuem muito,
outros pouco, uns são muito inteligentes outros menos, uns têm
interesse em esportes outros não. Nestas coisas há diversidades. Mas
chegar. Somos
numa coisa devemos estar todos unidos: na doutrina! Ali não pode
nós, aceitam a
haver diversidade. O apóstolo Paulo admoesta: "Rogo-vos, irmãos,
- \feus parentes
pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo que faleis todos a mesma
Cristo na santa
coisa, e que não haja entre vós divisões; antes sejais inteiramente
unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer" (l Co
"Porvenlura o
1./ O). A Timóteo Paulo admoesta: "Tem cuidado de ti e da doutrina"
,jo do sangue de
(1 Tm 4.16). O apóstolo João escreve: "Se alguém vem ter convosco
,urpo de Cristo.
e não traz esta doutrina ( a saber a sã doutrina), não o recebais em
um pão, um sÓ
casa, nem lhe deis as boas vindas" (2 Jo 10), Veja a importância que
Deus dá à unidade da doutrina. E esta unidade é confessada também
na santa ceia.
comunhão, o
-.Ta
"leio que a santa
28) Leigo: Sei que a doutrina é importante, mas onde fica o amor? A
doutrina divide as igrejas. Não deveria o amor unir a todos e, depois
~"lzação, mas de
poderíamos analisar melhor a doutrina? Não é o amor o principal dos
:nho o corpo e o mandamentos?
~~mgue de Cristo
- Pastor: O amor ao próximo pertence à segunda tábua da lei e está
com Cristo. Por
subordinado à primeira tábua. Na instrução de confirmandos
p·_-_~s um corpo com desenhamos as duas tábuas lado a lado. Talvez devêssemos desenhar
'. Isto é, no altar,
a segunda tábua subordinada à primeira. Pois, em primeiro lugar está
os que crêem
. '::·2'S
o amor a Deus, que se revela pelo amor à sua palavra e o a..rnor ao
: ada parte de um
próximo está subordinado à palavra de Deus. Por isso Lutero, na
.'.2ungregação tem e
explicação dos Mandamentos, sempre inicia com as palavras do
primeiro Mandamento: "Devemos temer e amar a Deus."

59
(\Hl1pr~e.ndo, n1a:; não es1nnl0S - Pastor: V amos i~
..
l1ereges e S11T! Otltrus 1uteranos. expressamente qUê ..
Concorda?

33) Leigo: ConcorcL,'


- Pastor: Nem dc.'\crr>:- _::
contra a Bíblia, a pala',,::. :::: ~.~
parle~;, Além disto S0111enle
"'qui a" como nós, 34) Leigo: Concordo'
- Pastor: Entào \ç;j,
30) Leigo: l'vlais devagar. pastor. Agora o senhor falou difíciL apóstolo Paulo, de"ê'T;
- I~astor: Está belTI. "Vejaul.os. !\ Igreja de ('onfissfio L"uterana aceitEi Jesus ordenou ensinar .>_~_. _-

Çj Confissão de Augsburgo. mas não rigorosamente, Seus pastores se Nào deve haver li],,')o::c,
cOl11prornelenl a segui-L~i enquantcj eles_ enda lUTl indivídualnlente~ devemos estar uniJc,-, ç,
julgar que ela é a expressão da verdade. Se a!gliénl dlsc(yrdnr crn
algum ponto. ele tem o direito de discordar e ensinar o que ele julgar 35) Leigo: Mas isto
por bem ensinar. Por isso há entre cl,~s tantas Ülcções. Um ensina -Pastor: Jnfelizmente'~,
uma coisa, outro outra, Eles acrediiarn numa união na diversidade de bem di ferente, Veia;;"
doutrina, enquanto nossos pastores sâo obrigados, por juramento, a Bíblia como palavLl
ensinar fielmente conti..mne as Confissões contidas no Livro de norma para a fé e a \l,,_:.
Concórdia de 1580, porque cremos que elas são a Única e correta Os outros luterano:; ,L::c'
expressão das verdades bíblicas, negam a inerrância e :
de Deus ou não paLi c'.
31) Leigo: Compreendo o que o senhor diz, Mas esta é a briga para Negam alguns míla~rê'.,
vocês pastores. Eu penso nos meus parentes, que são cristãos sinceros. que a Bíblia cont~m c:-:- '
Eles aceitam a Bíblia e crêem na presença real de Cristo na santa ceia. mundo do nada, pela prol.:_'
Mas por circunstánci(1s das mais diversas estão na Confissão os luteranos creem issc' - \1m
Luterana, Por que eles não podem vir comigo à santa, O senhor rne dado somente a homen: c ,--
desculpe pOI insistir nisso. Preciso ter clareza e certeza, ordenam mulheres. - Süti: m
- Pastor: Vamos voltar a 1 ColO. 16.17. Se há discorcWncia na extra conjugais e o f1en- -::, _'
doutrina, não somos UIn pão e um corpo, ou sim? o condenam. - DomrinJ, _
luteranos dizem: ,,' --
32) Leigo: Bem, acredito que não, Mas ainda acho que esta divisão positiva, sem julgar ê, - =c' _
está mais na cabeça de vocés pastores e não na cabeça dos leigos, pontos de diferença \':.r:: _,_
igrejas luteranas mi.:, ::
60
- Pastor: Vamos olhar para a palavra de Deus. Jesus Cristo ordenou
expressamente que não devemos ensinar nada contra a sua palavra.
Concorda?

33) Leigo: Concordo!


- Pastor: Nem devemos identificar-nos com alguém que ensina algo
contra a Bíblia, a palavra de Deus. Concorda?
uaten

34) Leigo: Concordo!


- Pastor: Então veja. Quando falamos em doutrina, afirma o
apóstolo Paulo, devemos tàlar todos a mesma cousa (I Co 1.10). E
~..uterana Jesus ordenou ensinar todas as cousas que ele nos ensinou (Mt 28,20),
Não deve haver divisões quanto à doutrina. Isto significa que
,ndlvidualmenle, devemos estar unidos e convictos com respeito aos ensinos de Jesus,

.. (; oue ele julgar 35) Leigo: Mas isto todos os luteranos ensinam e proclamam.
Um ensina - Pastor: Infelizmente não. Alguns até o dizem, mas praticam cousa
na diversidade de bem diferente. Vejamos alguns pontos: - Bíblia. Nós aceitamos a
ror juramento, a Bíblia como palavra de Deus inspirada, inÜílível e inerrante, única
'bs no Livro de norma para a fé e a vida cristã. Nem todos os luteranos aceitam isso.
! ulllca e correta Os outros luteranos aceitam a Bíblia como palavra inspirada, mas lhe
negam a inerrância e infalibilidade. Dizem quem decide sobre o que é
de Deus OLl não para mim é a razão e o sentimento do momento.
·::~.t.né a briga para Negam alguns milagres, como o de Jonas no peixe, etc. Eles dizem
nstãos sincerus. que a Bíblia contém erros. - Criação. Cremos que Deus criou o
,·~tuna santa. ceia. mundo do nada, pela palavra do seu poder, em seis dias. Nem todos
na C\.nrfl ;";SJO os luteranos crêem isso. - Ministério. Ensinamos que o ministério foi
'" O senhor me dado somente a homens e não a mulheres. Algumas igrejas luteranas
"'7,1.
ordenam mulheres. - Sexto mandamento. Condenamos as relações
; discordância na extra conjugais e o homossexualismo. Algumas igrejas luteranas não
o condenam. - Doutrina. Condenamos erros doutrinários. Alguns
luteranos dizem: não devemos julgar. Basta ensinar de forma
, que esta divisão positiva, sem julgar e condenar erros. Isto, só para mencionar alguns
::,1 dos leigos. pontos de diferença. Você está percebendo as diferenças. Em algumas
igrejas luteranas mais, em outras menos. Poderíamos lembrar

61

••
passagens como Rm 16.17; 2 Co 6.14-18. nas quais somos Ensinam e praticam ::1;.
admoestados a não permanecer em união com pessoas que não amorosos. O que o Sc':-'::'
mantém a verdade. - Pastor: Quando 2." ..~
Sínodo, não deve
36) Leigo: Então, estes outros luteranos não vão ao céu? membros, mas para ,~,
- Pastor: Eu não disse isso. Vamos lembrar com firmeza: toda a ser correto. Entre os m;:":~·.~
..
pessoa que se anepende de seus pecados e confia na graça de Cristo. vezes pecados até pr,;::- ,
cremos, vai para o céu. Por as outras igrejas cristãs terem em seu longanimidade. E se 21;.::"
meio a palavra de Deus, ou suficiente palavra de Deus. pelo qual o pecados grosseiros. pr;:"~'~:. '::.
Espírito Santo pode operar a fé, cremos que há cristãos nas outras devemos estranhar qu<: ~_,:
denominações cristãs. Ao mesmo tempo, Deus quer que sejamos fiéis pastores que questionclT .: ~ ...
à sua palavra na doutrina e na vida, submetendo-nos à palavra e luta sempre foi e se} :-'
admoestando os que dela se desviam. E nossa igreja é fiel à palavra Agora. se há pastores .. ~~
de Deus. Não nos julgamos melhores do que os outros. Temos pratIcam uma pra:\c:
muitas fraquezas. mas lutamos. Isto não é fácil nem popular. E não é admoestados e se l:}" ....
fácil. por amor a Cristo, permanecer separado de tantos amigos afastados da Comuni~'L1j(" :: .
cristãos e parentes. fechada nào é simples .... ,
reforma luterana COh.X(';L
37) Leigo: Então estes cristãos vão para o céu. mesmo não tendo
clareza quanto à santa ceia. ou enando na santa ceia e em outras 39) Leigo: Vamos \c'; "::" ..
tantas comunhão fechada. ls~. :
doutrinas? aqueles que foram in:-;trT'.J
- Pastor: Muitos cristãos, de outras igrejas, estão em erros mesma doutrina. \13:' C.',,'
doutrinários por fraqueza de fé. Foram desde pequenos ensinados que não deixamos C(111"':'=:.· _
erradamente. Enquanto isso for fraqueza, Deus, em sua abundante cristãos de outras igrejas: ...:~
graça, perdoa. Deus é longânimo para com todos. Mas quando nossa mesa receberãu \'
alguém ensina propositadamente doutrina falsa por obstinação, bênção e, sim, para jU1L
orgulho, vaidade ou negligência. ele terá de prestar contas a Deus. inscrição à santa ceia. ç
igreja Luterana para n:i"
38) Leigo: Bem. Fico contente em ouvir isso e receber igrejas, mesmo crende, T: ::-:~:~
esclarecimentos. Mas tenho ainda duas perguntas. Sabe. pastor, deixamos participar. ç',"'" -.
mesmo em nossa Comunidade nem todos aceitam nossas doutrinas e Cristo conforme 1 Co 1'. ,-
crêem o que ensinamos. Mesmo assim vão para a santa ceia. Por - Pastor: Muito bem' ....
outro, nem todos os pastores em nossa igreja aceitam e procedem
assim como você me explicou. Eles discordam da posição da igreja.

62

~---------_ ..I.,'!E
· .." quals somos Ensinam e praticam algo diferente. Eles se dizem mais tolerantes e
-.:"soas que não amorosos. O que o senhor me diz?
- Pastor: Quando alguém procura tiliar-se a uma Comunidade ou
Sínodo, não deve olhar para o exterior ou o comportamento de seus
,-.:u':
membros, mas para o corpo de doutrina daquela igreja. Este precisa
·- Tinneza: toda a
ser correto. Entre os membros sempre haverá muitas traquezas e por
_: ~raça de Cristo. vezes pecados até propositais. Cabe-nos admoestar em amor e
·~-.' terem em seu
longanimidade. E se alguém insiste em negar doutrinas e viver em
: ,""\êUS. pelo qual o pecados grosseiros, precisa ser excomungado. Da mesma forma não
_~•.'tãos nas outras
devemos estranhar que haja lutas doutrinárias. Sempre haverá também
que sejamos fiéis
-:T
pastores que questionam a doutrina e a praxe, ou caem em pecados. A
-nos à palavra e luta sempre foi e será árdua, como vemos pela história da igreja.
:- -: j é fiel à palavra Agora, se há pastores que não concordam com a doutrina da igreja e
.; outros. Temos
praticam uma praxe diferente, isto é covardia. Eles deveriam ser
- ;'opular. E não é admoestados e se não quiserem corrigir seus erros, devem ser
j.: tantos amigos aíàstados da Comunidade e da igreja. Pois a prática da comunhão
fechada não é simples praxe luterana, é o ensino de Jesus, que a
reforma luterana colocou bem às claras.
'-,lesmo não tendo
Leia e em outras
39) Leigo: Vamos ver se entendi corretamente. Nós praticamos a
comunhão fechada. Isto é, só deixamos ir à nossa mesa da santa ceia
aqueles que fÓram instruídos corretamente e confessam conosco a
estão em erros
mesma doutrina. Mas com isso não estamos dizendo que os outros,
uenos ensinados
que não deixamos comungar conosco, não sejam cristãos. E que
ênl sua abundante
cristãos de outras igrejas que não crêem na presença real, se forem à
'- Lts quando nossa mesa receberão o corpo e sangue de Cristo, mas não para
por obstinação, bênção e, sim, para juízo. Para evitar que isto aconteça, temos a
, ('Jntas a Deus.
inscrição à santa ceia, e pedimos às pessoas que não são membros da
igreja Luterana para não participarem. E mesmo luteranos de outras
1SS0 e receber
igrejas. mesmo crendo na presença real de Cristo na santa ceia, não
:--:as. Sabe, pastor, deixamos participar, pois na santa ceia confessamos a comunhão com
nossas doutrinas e
Cristo conforme 1 Co 10.17. É isso pastor?
- T'. a santa ceia. Por - Pastor: Muito bem. Você entendeu corretamente.
_..:eitam e procedem
:T: posição da igreja.

63
40) Leigo: Permita-me ainda uma pergunta. Eu lhe disse no início não conhecia ninguém
que tenho parentes que estão na outra igreja luterana. O pastor deles é avisar o pastor desta ig:-::.-::-. _
muito fiel. Ele ensina o que nós ensinamos. E minha mãe e meu filho agora, porque preSSetL3 .;
crêem o que nós cremos. Quando nos encontramos, lemos a Bíblia, que me diz?
cantamos e oramos juntos. Será que neste caso não poderíamos fazer - Pastor: É verdade "' ~
uma exceção? Eu ouvi um pastor chanlar isto de comunhão seletiva. Quando há grande nece,' :....:_::
Não conseguimos estabelecer a comunhão com o Sínodo deles, mas exceções. Isto acontece e:--_ -
com algumas congregações, pastores e membros? Isto não seria
possivel? 43) Leigo: Pastor. eu es- _.
- Pastor: Vejamos. Em primeiro lugar, nossos parentes, cristãos parentes e orar para que ~ ,
luteranos de outras igrejas, mesmo que creiam e acreditem o que nós difícil.
cremos, estão filiados a uma igreja cujo corpo doutrinário não está - Pastor: Sei disto.
correto, por isso não temos comunhão com eles. Em segundo lugar. devemos envergonh:,r---
se começarmos a fazer exceções onde vamos traçar o limite, a linha? oportunidades par~t k"-e-_
Por exemplo: Hoje aquela comunidade tem um pastor fiel, amanhã Deus. Por vezes k\.i .::-
mudam de pastor e eles recebem um pastor liberal. Então teríamos sempre notamos que '-l:-:', o:

que levantar a comunhão. Os membros entenderiam isso? Por outro, fidelidade à palavra de D;:~,
suponhamos que fizéssemos a exceção com sua mãe e seu filho, eu
incluiria aqui também alguns dos meus parentes. Amanhã vem 44) Leigo: Pastor. ,)
outros. Quem os examinaria? Que critério seria adotado? Você mundo e em meio ao !riU'L
entende como é difícil traçar esta linha? ecumênico, que hoje s,:
mais pela doutrina'? E'-
41) Leigo: Mas não seria melhor pecarmos - se assim podemos dizer doutrina. Doutrina só di'. :..:e
- pelo lado evangélico, do que trazer revolta pela rigidez na aplicação - Pastor: Concordo. ~'.C<-
desta norma?
Deus quer que sejamo:- .iC _
- Pastor: Não queremos pecar nem para um nem para outro lado. testemunho desta palantl >~ o

Precisamos fazer o que Deus nos ordenou. Você lembra nossa direita nem para a esquerL
conversa no início a respeito do servo que queria modificar a ordem Permita-me, ainda, uma r.:;:::-- ~3.
de seu senhor? Se Deus o ordenou assim - ele sabe o que é bom ou preciosa que Deus nos pÔ;;: ,"c. _ - TI

não para sua igreja - devemos seguir sua ordem. "Preparas-me uma mesa n:: :--: ~=
um quadro bem interessJ.n:~ __
42) Leigo: Pastor, me recordo de um caso. Certa vez, fui com o E Deus prepara para os ,= . .; -
senhor para o hospital. O senhor deu a santa ceia para um membro de Deixa os inimigos por :':-n -~-_3.
nossa congregação. Então a pessoa ao lado, que estava muito doente, inimigos são o pecado. ::::- --:- i
lhe pediu a santa ceia e ela era da outra igreja luterana, do interior e tiéis. Sabemos ainda 'J .:;'::: :: :::-::
64
:; disse no início
não conhecia ninguém aqui na cidade. O senhor lhe disse que iria
iJ pastor deles é avisar o pastor desta igreja, mas ela insistiu em receber a santa ceia
.: mãe e meu filho
agora, porque pressentia sua morte. O senhor lhe deu a santa ceia. O
". lemos a Bíblia, que me diz?
:,oderíamos fazer
- Pastor: É verdade. Me recordo. Estes são casos especiais .
. :munhão seletiva.
Quando há grande necessidade e urgência, então podemos fazer
.;; i :-lodo deles, mas
exceções. Isto acontece em hospitais, nos campos de guerra, etc.
Isto não seria
43) Leigo: Pastor, eu estou entendendo. Vou tentar explicar a meus
, Jarentes, cristãos
parentes e orar para que Deus lhes abra a mente. Mas acho muito
__~ditem o que nós difícil.
- .ltrinário não está
- Pastor: Sei disto. Precisamos ter paciência, firmeza e amor. Não
E'11 segundo lugar. devemos envergonhar-nos do ensino bíblico mas aproveitar as
. u" l} limite, a linha?
oportunidades para testemunhar confiantes no poder da palavra de
--:..stor fiel, amanhã
Deus. Por vezes leva anos. Às vezes parece que não adianta. E
_ .'- Então teríamos
sempre notamos que um e outro aceita, compreende e admira nossa
~1 isso? Por outro,
fidelidade à palavra de Deus .
. .ie e seu filho, eu
~, Amanhã vem
44) Leigo: Pastor, o senhor nâo acha que é duro ser luterano neste
_-:, adotado? Você
mundo e em meio ao mundo cristão evangélico imbuídos do espírito
ecumênico, que hoje sÓ olha para a forma exterior e não pergunta
mais pela doutrina? E nos dizem: Vamos deixar de brigar pela
.:,..;,m podemos dizer doutrina. Doutrina só divide. Vamos nos unir em amor?
_=idez na aplicação - Pastor: Concordo. Nunca foi fácil ser cristão em tempo algum.
Deus quer que sejamos achados fiéis. Fiéis à sua palavra e no
::"n para outro lado. testemunho desta palavra. Não nos devemos desviar dela nem para a
- xê lembra nossa
direita nem para a esquerda (Js 1.7). E que Deus nos ajude. Amém.
- .: modificar a ordem
Permita-me, ainda, uma palavra final. A santa ceia é a mesa mais
: ~_:oe o que é bom ou
preciosa que Deus nos põe aqui na terra. O salmista o expressa assim:
"Preparas-me uma mesa na presença de meus inimigos"(Sl23.S). É
um quadro bem interessante. Os inimigos avançam. É hora de lutar.
_:;-ta vez, fui com o
E Deus prepara para os seus uma mesa festiva e diz: sente e coma.
:.ira um membro de
Deixa os inimigos por minha conta. Impressionante. Nossos
:::~,avamuito doente, inimigos são o pecado, a morte e Satanás. Eles querem desgraçar os
:êrana, do interior e fiéis. Sabemos ainda o que é pecado? A transgressão da lei de Deus

65

I..-
em pensamentos, palavras e ações. O pecado, por menor que seja separa E O SE~HOR ['\
de Deus e traz sobre a pessoa a ira de Deus. Mas o pecado não só corta
o relacionamento com Deus, como perturba toda a nossa vida e o
relacionamento com o próximo. A pessoa sente ansiedade, sabe que não
pode mais esperar a proteção e bênção de Deus. Em seu egoísmo, ciÚme
e desconfiança entra em, atritos com o próximo. Um pecado chama
outro pecado. Muitas pessoas já estão tão escravizadas e cegadas pelo
[Título Original: "And lhe ~
pecado que já não percebem mais os pecados que fazem. A outras
permissão da Lutheran Hec.
pessoas o diabo engana e diz: está tudo bem. Não se preocupe. A vida é
assim mesmo. Deus é amor e perdoa tudo. Assim embala as pessoas no
pecado. Mas o Espírito Santo ilumina a pessoa pela palavra de Deus e
DEP ART AlvlE'. ~-
lhe mostra o pecado e toda a desgraça que segue ao pecado e procura
levar as pessoas ao arrependimento e consolá-Ias com a graça de Cristo.
Tais pessoas têm, então. sede e fome da santa ceia. Lá o perdão dos Imagine Deus plane.<:: .:
pecados é selado e a comunhão com o Salvador estreitado. para o um grande e importante cL - ~.

fortalecimento da fé. Lá recebemos forças para a vida santificada. E destinado a ser um feri:"c ..
firmados na comunhão com Deus temos certeza do perdão. paz com como qualquer outro. ImC1~:~:
Deus, esperança da vida eterna. Isto se reflete como uma luz sobre o hoje.
nosso dia-a-dia. Podemos levar nossas preocupações a Deus em oração. Em primeiro lugar. De .. "
ser misericordiosos para com os erros de nosso próximo. lutar com mais quisesse que acontecess~ .
determinação contra as tentações de Satanás, saber também nos planos de longo alcance, ,:.~
momentos dos revezes e das dificuldades, das injustiças que sofremos planificação, e da enorme
que Deus está no comando e guia a nossa vida. Não cai um cabelo de pequenas atIVI'd a-des que e:-_c,':-:-:',
. -
nossa cabeça sem a sua permissão (Lc ] 2.7). Sabemos que Deus nos O segundo passo ("'r,, ::-
acompanha, protege, guia, fortalece e consola em nossa peregrinação executar os planos de DC'LS :=: :.,
pelo "vale da sombra da morte"(SI 23.4). Que bênção é a santa ceia! Através da histÓria Se','::::::
Quem poderia ausentar-se propositadamente? Ao irmos à mesa do
que Deus planejou e os rc'~ .. - .
Senhor proclamamos ousadamente sua vitória sobre o pecado, a morte e
mundo de paz e harnw:~'-
satanás e confessamos pública e abertamente que em breve ele virá para
violência. Ele planejou ,~.::
julgar vivos e mOI1os. A santa ceia é a ceia mais preciosa que temos
outras. Ele obteve pc:,;:",-'''' -
nesta terra.
mutuamente. É claro:: :::
executados, e que e:\l-:::::--
45) Leigo: Pastor, muito obrigado pelo estudo. O que poderíamos fazer
mesmo as coisas bo~i.' .-
para que isso chegue ao conhecimento de tantos outros que têm dúvidas
como eu tinha? perfeitas quanto as que L ,
- Pastor: Vou ver o que posso fazer. O problema nào ç'<,i .
naqueles que de"em e":::-::
66

----------------------,. :--.
. ~ que seja separa E O SENHOR ENVIOU UM VERME
..;': .c.Jo não só corta
nossa vida e o
,.,,:ie. sabe que não Eldon Weisheit
:.J egoísmo, ciÚme
, '-, pecado chama Trad.: Paulo K. Jung
'.; s e cegadas pelo
:: C·2zem. A outras [Título Original: "And the Lord appointed a worm". Publicado com
·:0cupe. A vida é permissão da Lutheran Bour Ministries.)
. ~:.daas pessoas no
:-alavra de Deus e
Decado e procura DEP ART AMENTO DE PLANEJAMENTO DE DEUS
. :i graça de Cristo.
L á o perdão dos Imagine Deus planejando um dia para você no planeta terra. Não
:,,:reitado, para o um grande e importante dia a ser lembrado na história, e nem um dia
,~a santificada. E destinado a ser um feriado marcado nos calendários, mas um dia
,"crdão, paz com como qualquer outro. Imagine que Deus estivesse planejando o dia de
uma luz sobre o hoje .
. Deus em oração. Em primeiro lugar, Deus definiria os detalhes de tudo quanto ele
lutar com mais
quisesse que acontecesse hoje. Sem dÚvida, os planos de Deus são
-er também nos
planos de longo alcance, pois são eternos. No entanto, dessa grande
[ ~3S que sofremos
planificação, e da enorme lista de eventos, ele precisa selecionar as
cai um cabelo de
pequenas atividades que enchem um simples dia .
.. "5 que Deus nos
O segundo passo consiste na escolha das pessoas que deverão
5sa peregrinação
executar os planos de Deus. É aí que está o problema!
. ': é a santa ceia!
'110S à mesa do
Através da histÓria sempre houve uma enorme diferença entre o
:'ceado. a morte e que Deus planejou e os resultados que ele obteve. Deus planejou um
mundo de paz e harmonia. Ele obteve um mundo de guerras e
:-,eve ele virá para
:--eciosa que temos violência. Ele planejou que as pessoas amassem a ele e umas às
outras. Ele obteve pessoas que geralmente o esquecem e se agridem
mutuamente. É claro que alguns dos planos de Deus foram
:: poderíamos fazer executados, e que existem muitas coisas boas neste mundo. Mas
• ,; que têm dúvidas mesmo as coisas boas no mundo atual estão longe de serem tão
perfeitas quanto as que Deus previa nos seus projetos.
O problema não está nos planos do Planejador. O problema está
naqueles que devem executar os planos. Deus fez os planos para

67
serem executados, mas muitas vezes nós os ignoramos e fazemos os Este versículo não terr.: :-- •..
nossos próprios planos. Assim sendo, ao fazer planos para o dia de
O verme, na verdade. :':~-~. ~
hoje, Deus enfrenta o grande desafio que é escolher as pessoas
tempo antes, quando
dispostas a executá-Ios em vez de fazerem os seus próprios. Enquanto
precisou de um trabal}:. ::--
vemos em nossa imaginação Deus elaborando os detalhes de cada
poderia realizar. Por ;,.;.
evento do dia de hoje, nós vemos também que ele procura quem incluiu um verme nos 5::_: . -
queira executar seus planos e seguir o caminho que ele traçou.
desse verme nós pode,,'.:.; .'--c:-
como ele planeja os tr:.lb.-.
QUAL O SEU LUGAR NOS PLANOS DE DEUS?
os trabalhos que os outr:, ~~. :-

É aqui que entra a sua parte. O que Deus planejou para você
hoje? Esta questão oferece duas importantes possibilidades para você.
A primeira: O que Deus planejou para você fazer hoje? Pode ele
A maior parte JdS :'::"
contar com você na execução do plano dele? A segunda; O que Deus
que intervém na \id'l.:::-
planejou acontecer a você hoje? O que ele planejou para os outros
excitante último capIm,
fazerem e que vai afetar a sua vida? Mas a influência desse ;:-::-.
Deus não envia nenhum anjo com um "Plano do Dia". nem lhe
importância da intenen\~i
oferece respostas para todas as questões. Você também não pode abrir
O plano de Deus p,,[3
a Bíblia em determinada página, livro, capítulo e versículo para chamada Nínive com a
encontrar o que Deus quer que você faça neste momento e o que você maldades. Mas .lonas n:l,'
pode esperar que os outros façam. não de acordo com o ljLl:.:' :.:"
c:-

No entanto, Deus tem uma forma de lhe dizer o que está na Assim, .lonas fez o seu ,':
agenda dele para você. Na Palavra de Deus, a Bíblia, você encontra os
próximo navio que IXlr,
planos de Deus, as suas promessas e a maneira como ele operou na
imaginou que outra PêS:"":'- -,.
vida de outras pessoas. E juntando tudo o que você aprende na Bíblia Nínive. Quem sabe, algu~'d
sobre Deus, com a situação em que você vive hoje, você terá uma
assim, até poderia econom Z.c:- '::-'
idéia daquilo que Deus planejou para você e com você .
.lonas para levar adiante:
tormenta para tirar .lonas
O PLANO DE DEUS PARA UM VERME
num peixe que ia na dire-::"
Deus estava certo ,,': -,'
Um versículo bíblico que não responde nenhuma grande questão devia ser um excelente :--:;...:--
das nossas vidas, mas que nos ajuda a entender a forma como Deus mensagem, o povo de "\",:.... c:- . ~

realiza as coisas, é Jonas 4.7: "Deus enviou um verme". Podemos nos A cidade que Deus h(l\ia.,~~::-·,
identificar com essas palavras, e elas têm algo importante a nos dizer. Mas .lonas não gostO'.l
reclamou porque Deus n::. ,. - ~
68

____ !!!!!!!!!!!I!!l .H- ...


~.:TiOS e fazemos os
Este versículo não tem o propósito de nos arrasar a nós e aos vermes.
: :nos para o dia de
O verme, na verdade, merece o status de um herói bíblico. Muito
-:,,>:,lher as pessoas
tempo antes, quando Deus planejou esse dia na vida de lonas, ele
::-rÓprios. Enquanto
, detalhes de cada precisou de um trabalho que ninguém melhor do que um verme
poderia realizar. Por isso, Deus escolheu um verme. Ele realmente
- e]e procura quem
~ e]e traçou. incluiu um verme nos seus planos para os eventos daquele dia. E
desse verme nós podemos aprender como Deus planeja para nós -
'- DE DEUS? como ele planeja os trabalhos que nós devemos fàzer e como planeja
os trabalhos que os outros deverão realizar em nosso favor.
::-ianeJou para você
lONAS E O PEQUENO VERME
:<lidades para você.
zer hoje? Pode ele
A maior parte das pessoas tica tão tàscinada com o grande peixe
~,,:unda; O que Deus
- - .c'u para os outros que intervém na vida de lonas, que se esquece completamente do
excitante Último capítulo do livro, que tàla de um pequeno verme.
do Dia", nem lhe Mas a int1uência desse pequeno verme sobre lonas tem a mesma
importância da intervenção do grande peixe .
.' b~m não pode abrir
O plano de Deus para lonas previa que ele fÓsse para uma cidade
':: e versículo para
chamada Nínive com a função de advertir o seu povo contra as suas
":,lento e o que você
maldades. Mas lonas não agiu de acordo com o plano Deus, ao menos
não de acorelo com o que este plano prescrevia para ele pessoalmente.
:~:zer o que está na
- -; cl. você encontra os Assim, .lonas fez o seu próprio plano. Ele comprou passagem para o
próximo navio que partia para Társis, na direção oposta. lonas
.>-'1110 ele operou na
imaginou que outra pessoa poderia anunciar a mensagem de Deus a
:ê aprende na Bíblia
Nínive. Quem sabe, alguém que vivesse mais perto de Nínive ... e
- :c..:oje, você terá uma
- '('cê . assim, até poderia economizar tempo de viagem. Mas Deus escolheu
.lonas para levar adiante o seu plano. Por isso providenciou uma
tormenta para tirar Jonas do navio que ia em uma direção, e colocá-Io
l ~ VERME
num peixe que ia na direção contrária, para Nínive.
Deus estava certo ao escolher lonas para este trabalho. lonas
- ~-.:.)magrande questão
devia ser um excelente pregador, porque depois de ouvir a sua
-~- j forma como Deus
mensagem, o povo de Nínive se arrependeu e buscou ajuda de Deus.
erme". Podemos nos
A cidade que Deus havia ameaçado de destruição, foi preservada.
-- ,:,·.::>rtantea nos dizer.
Mas lonas não gostou nada do resultado desse plano de Deus. Ele
reclamou porque Deus não cumpriu a ameaça de castigar Nínive. Ele

69
disse que sabia ser Deus "clemente, misericordioso, tardio em irar-se
procurando comida. El~
e grande em benignidade, e que se arrepende do mal"(4.2), e por isso
tornar uma lição para J,=:-:.2.~
não quis vir para Nínive, mas tentou ir para Társis.
esperar que um verme ::::::
Mas lonas ainda nutria esperanças de que Deus mudasse seu plano e
Deus podia contar com
destruísse Nínive. Por isso saiu da cidade e se assentou para descansar
naturalmente, ele escolhe'_
do lado de fora dos muros, um lugar que ele considerava seguro no
plano daquele dia do
caso de cair fogo e enxofre sobre aquela cidade. Era um dia quente e Nínive.
seco, e lonas devia sentir-se um trapo. Mas mesmo assim Deus queria
lonas no seu plano daquele dia. Por isso fez crescer rapidamente ao
lado de .Tonas uma planta, provavelmente de mamona, para que ela
projetasse sombra sobre ele. Com isso lonas ficou numa boa, sentado
Agora pense no plane:':::- :.
à sombra, esperando e observando o que acontecia ao seu redor.
Pode ele esperar que \,~<~
Foi aí que as coisas aconteceram. Deus enviou um verme para
do seu plano? Será que·:;: :~~ j'
perfurar o caule da planta. Sabemos que a ação dos vermes corta o "E Deus enviou .
suprimento de seiva das plantas. Além disso, um vento oriental
houver tal livro, como de'. ::>: (
ressecou as folhas, e Jonas acabou perdendo o seu aprazível abrigo. E
ele ficou bravo com Deus de novo. você para fazer o que?
Enquanto você pw(ur:: ~::~
E Deus lhe disse: Ora, .lonas, você não fez a planta nascer. Fui eu
um verme para fazer urna ;e ~ e
quem a deu a você. Agora, só porque eu a tirei de você, você está
plano de Deus para aq1..lcl::,-
bravo, e ainda quer que eu prive o povo de Nínive das minhas
fazendo-as perfurar por U;:-.
bênçãos? Você não acha que este povo é mais importante para mim
vermes. Nem era plano do:
do que a planta é para você? (cf. 4.10,11).
10 transpirar no calor.
O grande peixe inverteu o caminho de lonas 110 mar para que ele
plano maior.
cumprisse o plano que Deus havia feito para ele. Mas o verme
O plano maior era EiJ·j::.::.r
converteu o coração de Jonas para que ele compreendesse que a maldade e mudar o seu cc'm:- -:
misericórdia e o perdão de Deus são para todo o povo.
a Jonas por Deus. Deus quer::: f
É por isso que Deus usou um verme nas vidas de Jonas e do povo
aceitar o perdão de Deus el:: ; r;:
de Nínive há muito tempo atrás.
E Deus também precis2'. J. :::..
perdão de Deus. Jonas
o PEQUENO VERME E NÓS
realidade, Jonas não que::::: .:::
cidade seria destruída. "Ç'-. --=
A lição desse verme não é que ele seja um herói, nascido naquele
perdoando o povo se ele se ::':-:-i
preciso tempo e lugar, para fazer algo que deveria mudar os destinos
pessoalmente a graça de =>:. :. ,
de Nínive e de .Tonas. Pelo contrário, a sua especialidade foi fazer o não tinha direito de lim::.::: _ r
que vemles fazem: perfurar a planta. O verme apenas estava
aprender a seguir o plarE ::'e
70

___________ I!!I !!!!!!I I!!II!!II!!I_ •• _·i=~


.. ..
~,::trdioem irar-se
" -+,2), e por isso procurando comida. Ele não estava nem um pouco interessado em se
tornar uma lição para lonas ou para nós. Ele apenas fez o que se pode
,,_..:sse seu plano e esperar que um verme faça. Nada mais e nada menos. Mas, porque
~-' :~l para descansar
Deus podia contar com aquele verme para fazer as coisas acontecerem
~:::ravaseguro no naturalmente, ele escolheu o verme para ajudar na execução do seu
.::.,-:' um dia quente e plano daquele dia do lado de fora dos muros da grande cidade de
Nínive.
,~imDeus queria
_::1 rapidamente ao
DEUS ENVIOU VOCÊ
na. para que ela
'1ma boa, sentado
- seu redor. Agora pense no plano diário de Deus para hoje, aí onde você está.
.1 um verme para
Pode ele esperar que você faça o que melhor sabe fazer na execução
'.:;vermes corta o do seu plano? Será que existe um livro de Deus em que está escrito:
m vento oriental "E D'eus enVIOU ?" (escreva o seu nome nes t)e espaço. Se
·Trazível abrigo. E houver tal livro, como deveria continuar a inscrição? Deus escolheu
você para fazer o que?
'";tanascer. Fui eu Enquanto você procura respostas, lembre-se que Deus escolheu
':'c você, você está um verme para fazer uma pequena parte de uma obra muito maior. O
':lnive das minhas plano de Deus para aquele dia não era acabar com todas as plantas,
'·'.l11ante para mim fazendo-as perfurar por um voraz ataque de um exercício faminto de
vermes. Nem era plano de Deus tirar a sombra de lonas só para fazê-
10 transpirar no calor. Todos esses pequenos detalhes faziam parte do
rnar para que ele
:::e, Mas o verme plano maior.
'~-Teendesse que a O plano maior era ajudar o povo de Nínive a reconhecer a sua
maldade e mudar o seu comportamento. Esta era a ordem inicial dada
Je .lonas e do povo a lonas por Deus. Deus queria perdoar aquele povo. Mas para o povo
aceitar o perdão de Deus ele precisaria reconhecer que precisava dele.
E Deus também precisava ajudar lonas a entender mais sobre o
perdão de Deus. lonas sabia que Deus era gracioso e amoroso. Na
realidade, lonas não queria anunciar ao povo de Nínive que a sua
cidade seria destruí da, porque ele sabia que Deus poderia acabar
.i. nascido naquele
: - .: mudar os destinos perdoando o povo se ele se arrependesse. lonas havia experimentado
- :: lalidade foi fazer o pessoalmente a graça de Deus. Mas ainda lhe restava aprender que ele
:,r:ne apenas estava
não tinha direito de limitar ou racionar o amor de Deus. Ele tinha que
aprender a seguir o plano de Deus em vez de fazer o seu próprio. Por
71
isso Deus usou um peixe e um verme para ensiná-Io. chamou você para scr ,-'
time dele. A sua escul:,",
o GRANDE PLANO PARA VOCÊ na lista dos ativos. \', ~ "-
ajudar a levar adiante
O grande plano de Deus para você, esse que inclui tudo, é: Deus juntos completam \) gr:iL =c: -
escolheu (escreva o seu nome neste espaço) para ser Deus estão expressos nc: .. - . _.
dele. O plano de Deus para você é que você pertença a Deus; que você coisas que Deus espera}(. -'~:-'
receba o seu amor e ame a ele; que você se beneficie da obra que ele
realizou e que você o sirva; que você viva com ele agora e sempre. - Ele quer que seja repar:>.:::..:..
Mas você não cumpre o plano de Deus plenamente. Ninguém o alguém que fale contra a. -':, ..:;.
cumpre plenamente. Como lonas, nós fazemos nossos próprios Nínive, não conhecem c:<1..':>.
~::

planos, seguimos os nossos próprios caminhos e fazemos as nossas precisa de alguém para [::.=::':-.:
próprias obras. Mas o fato de nós tentarmos mudar o plano de Deus aqueles que reconhecem e'" -:::-.
não significa que ele o tenha mudado. Ele continua querendo a nós.
Por isso ele procurou quem pudesse mudar o rumo do nosso caminho _ Ele quer que cresçam na Te ::: :
e nos trazer de volta para ele. Ele precisa de professores e -= ~5
E Deus enviou o seu Filho. Seguindo o mesmo método de ajuda, o povo e para ensiná-Io ma.:5 :: -:-'
segundo o qual ele enviou o verme, Deus também enviou um
Aj udador disposto e capaz de executar o eu plano em relação a nós. O _ Ele quer que as famíli.3.~ ..:
Filho de Deus queria ~udar. Ele amou o povo deste planeta terra. Ele maridos e esposas, pais e I~.:-.:~
concordou com o plano e quis reunir todos os povos com o Pai. Ele outros e vivam cientes da r"-::: :::::--
estava pronto - pronto para se tornar parte da raça humana, e assumir
o sofrimento e a vergonha do pecado, a fim de nos resgatar do nosso - Ele quer que os famime: . ~
próprio pecado e nos conduzir de volta pelo caminho oposto ao da solitários, acompanhados.
nossa fuga, na direção de Deus. Ele foi capaz de tomar o nosso lugar e os doentes, curados.
na morte mediante a sua própria morte na cruz. Ele foi capaz de obter
a vitória sobre a morte e ressuscitar dentre os mortos. Ele se dá a si - Ele quer que Vi\émK~ -
mesmo a nós mediante a fé para que ele mesmo faça parte de nossas responsável. Ele nos qUêr ..- "-
vidas. A sua morte foi nossa morte. A sua vitória sobre a morte é sua água e o seu ar, o se .. ~
vitória nossa sobre a morte. Ele quis e foi capaz de se tornar a ponte seu plano, e não de acor·j
pela qual Deus pode vir a nós e nós podemos voltar para Deus. como administradores qUê :::: :-:
como proprietários que ::::--,::
MAIS DETALHES DO PLANO entendem com a criação
Em Cristo, o grande plano de Deus para a sua vida foi
plenamente cumprido. Você foi reafirmado como filho de Deus. Ele A lista poderia ser
72

!I!!!II!!!!!!!!!!!!I!l!!!!!!!!!!!!I!l!!!!!!!!!!!!I!l!!!!!!!! ~~.
chamou você para ser filho dele. Ele escalou você para tàzer parte do
C
time dele. A sua escolha como membro do Reino de Deus coloca você
=---=-..b
na lista dos ativos. Você agora é um trabalhador disponível para
ajudar a levar adiante os detalhes dos pequenos planos diários que
- _.: tudo, é: Deus
juntos completam o grande plano de Deus. Os detalhes da agenda de
~ ~spaço) para ser
Deus estão expressos na sua Palavra. Vamos resumir algumas das
. - .: Deus; que você
coisas que Deus espera acontecer na sua vizinhança hoje:
.' - .-; ia obra que ele
: . ;.·,ra e sempre.
- Ele quer que seja repartida a mensagem da Salvação. Ele precisa de
, .::~-;,nte. Ninguém o
alguém que fale contra a maldade daqueles que, como o povo de
nossos próprios Nínive, não conhecem ou se recusam a admitir os seus erros. Ele
: :zemos as nossas
precisa de alguém para repartir o amor e o perdão de Cristo entre
~-' ':' plano de Deus
aqueles que reconhecem estarem errados e querem ajuda.
querendo a nós .
.::' nosso caminho
- Ele quer que cresçam na te e no amor a ele aqueles que o conhecem.
Ele precisa de professores e de estudantes de sua Palavra para equipar
--:létodo de ajuda,
o povo e para ensiná-lo mais a respeito do seu plano salvador .
.. -:ém enviou um
:" relação a nós. O
- Ele quer que as famílias vivam unidas em paz e harmonia. Que
-: ;:-,laneta terra. Ele
maridos e esposas, pais e filhos, irmãos e irmãs se amem uns aos
- s com o Pai. Ele
outros e vivam cientes da presença de Deus.
- .1mana, e assumIr
. :esgatar do nosso
- Ele quer que os famintos sejam alimentados, os nus, vestidos, os
:~ho oposto ao da
solitários, acompanhados, os tristes, confortados, os presos, visitados
. -:~;ar o nosso lugar
e os doentes, curados.
-. ~ ~"Ji capaz de obter
:-::'s. Ele se dá a si
- Ele quer que vivamos no seu mundo de forma respeitosa e
: '::_3 parte de nossas
responsável. Ele nos quer usando as suas plantas e os seus animais, a
- sobre a morte é
sua água e o seu ar, o seu solo e os seus minerais, de acordo com o
.::~se tornar a ponte
seu plano, e não de acordo com o nosso próprio. Nós devemos agir
-' :::'araDeus.
como administradores que prestam relatórios regulares a ele, e não
como proprietários que pensam fazer impunemente o que bem
entendem com a criação.
a sua vida foi
:llho de Deus. Ele
A lista poderia ser bem maior. Todos os detalhes fazem parte do

73
plano mestre; Deus quer você com ele. Mas o "você" não é apenas sendo seu próprio
você. É todo o povo. Por isso, nós trabalhamos para cumprir os porcentagem de tem;:' ::-- "-
detalhes do plano de Deus em salvar os outros, convencidos de que você usando todo o Sê'..c '.=
eles não formam uma lista de sugestões de coisas que nós faríamos se
tivéssemos tempo. Ele aponta o trabalho para ser feito. Ele vê o - Você tem recursos rln.:::' -= -
trabalho a ser feito e envia os trabalhadores.
poupar. Mais uma \êZ. :'.~: . =,
Ao ler a lista acima, você se sentiu enviado para realizar algumas dedicada a Deus, e ores: - -~-
daquelas tarefas? Releia a lista com esta idéia em mente. doe dinheiro para ajudar .:: = ,:",
pessoas necessitadas. rL'::~ ~.~ ~
vocÊ ESTÁ NO LUGAR CERTO eduque os seus filhos. e ~~ _-.;c:
também está no p lano ~ "--.
O verme foi enviado porque estava no lugar certo: fora dos muros
de Nínive. E porque tinha a habilidade ceria: dentes ou qualquer outro - Você tem talentos ç:)~~~ _.:
instrumento cortante que Deus deu aos vermes. E porque tinha a ou ensinar. Um jeito qu~ :: ..:-;:.
disposição para realizar a tarefa: seu apetite pela planta de mamODa. para curar ou conforu.r
Pense nos lugares que Deus lhe deu para você fazer a vontade Esperança. Todas essas (' _:
dele: sua vida pessoal, sua família, seu lugar de trabalho ou estudo, para ajudar outros.
sua comunidade, sua igreja, seu país, seu clube. Qualquer campo de
atividade em sua vida é preparado para você por Deus. Quando - Você tem outros recur~': ~
alguém é feito nova criatura em Jesus Cristo, é chamado ao trabalho direito ao voto. Você te' - -
como representante de Deus a cumprir a vontade dele. mais, uma cama sobranj: ..
Agora, observe os seus recursos. O que você tem e que pode ser uma revista, uma fior .. .:...
uma parte especial do plano superior de Deus? inventário de seus penc_ -:~
você pode expressar os se:: .. : .'.
- Você tem fé. Fé é a confiança que lhe garante paz com Deus, e lhe
dá a certeza de que você pode trabalhar para ele porque ele assim o
quer. No caso de você estar pensando: "Ei, espera um pouco! Eu não
estou certo de ter tamanha fé!" Por favor, prepare-se ! O plano de Agora você tem de:., ... ~
Deus para você receber a fé, ou crescer na fé, será repetido mais seja feito. A outra mos:r.:: - _.
adiante.
que Deus quer que se':.:::.:.::
descobre o seu comprOIT.:s:'(
- Você tem tempo. Tempo para viver no mundo de Deus com seu hoje é grande demais ;:-.::r _ .::c.:

povo. Tempo não é algo a ser dividido entre você e Deus. O tempo reconhece a sua peque:-:o.:: -c
que você gasta trabalhando ou se divertindo, também é palie do Deus é realizado.
tempo de Deus. O tempo gasto em cultuar e servir a Deus continua A sua fe e o seu "'''''..: - ::.:
74

______________________ -.-1..==-=
-5.0 é apenas
sendo seu próprio tempo. Deus não lhe indica apenas uma
-.' cumpnr os porcentagem de tempo para você usar a serviço dele, mas ele quer
_~ldos de que você usando todo o seu tempo na presença dele.
-' t~1ríamosse
CC~C!, Ele vê o
- Você tem recursos financeiros. Dinheiro para gastar, doar, investir e
poupar. Mais uma vez, não apenas uma porcentagem que deve ser
-,lzar algumas dedicada a Deus, e o resto para você. Deus não quer apenas que você
doe dinheiro para ajudar a espalhar a sua Palavra, e para ajudar as
pessoas necessitadas, mas ele quer que você alimente a sua família,
eduque os seus filhos, e se alegre com os bens que ele lhe deu. Isto
também está no plano do dia de Deus para você.
-',Ta dos muros
:~ualquer outro
- Você tem talentos especiais. Uma voz que pode cantar, testemunhar
_' ~irque tinha a
ou ensinar. Um jeito que pode fazer as pessoas sorrir. Uma habilidade
::ê mamona_
para curar ou confortar. Uma disposição para ouvir. Paciência.
-'."Zef a vontade
Esperança. Todas essas qualidades podem ser usadas como recursos
'ho ou estudo,
para ajudar outros.
--{uercampo de
Deus. Quando
- Você tem outros recursos: uma jarra com café, envelopes e selos e
:do ao trabalho
direito ao voto. Você tem comida, um casaco de que não precisa
mais, uma cama sobrando, uma bola de futebol, um carro, um livro ou
, e que pode ser uma revista, uma flor. A lista poderia continuar, não apenas como
inventário de seus pertences pessoais, mas como coisas com as quais
você pode expressar os seus sentimentos humanitários.
- ::'111 Deus, e lhe
~'.:jue ele assim o
RECONHEÇA O SEU COMPROMISSO
" pouco! Eu não
cc -se ! O plano de
Agora você tem duas listas. Uma lhe diz o que Deus quer que
. :--z't repetido mais
seja feito. A outra mostra o que você pode fazer. Quando você junta o
que Deus quer que seja feito com aquilo que você pode fazer, você
descobre o seu compromisso com Deus. O plano total de Deus para
~-eDeus com seu
hoje é grande demais para qualquer um de nós. Mas, quando você
_: e Deus. O tempo
reconhece a sua pequena parte nesse plano, e a realiza, o plano de
'::bém é parte do Deus é realizado .
. - - a Deus continua
A sua fé e o seu amor podem se unir com a sua jarra de café e

75
com a sua mesa da cozinha, para satisfazer a necessidade de uma
sentiu que a sua sonc
mulher preocupada com a saúde de seu marido ou com o casamento
certo sentido, o vern;c: ~- =-
de seu filho. O seu carro pode ser usado para atender a necessidade
N'· il1lVe .. Tonas mostre .. :
que alguém tem de ir ao médico, à igreja ou ao supermercado. O seu
direito ao voto como cidadão, como membro de um clube ou de uma arrependeram. O vern'c'
igreja, pode atender as necessidades de outras pessoas, ou a sua que ele também precisT :c =-::
A história bíblica:."., '-, -
própria necessidade.
mamoeiro e do verme .. -",
Você freqüentemente vem sendo parte do plano de Deus na vida
nos dizer se Jonas se ill'lC::':'-. =-=-
de outras pessoas. Se existisse um relatório dos envolvimentos de sua
vida nos planos de Deus, certamente seriam encontrados depoimentos para nos estimular a olh::.r.--'
em vez de terminar estCi.,. -
como estes: "E Deus enviou (escreva o seu
com Jonas, nós vam05 ::: -' -.
nome neste espaço) para visitar Luiza no hospital." "E Deus enviou
acontece conosco .
................................ (escreva o seu nome neste espaço) para
Podemos aprender :':'.,..-
compartilhar o evangelho com Osvaldo e Margarete." "E Deus enviou
.......................... (escreva o seu nome neste espaço) para oferecer uma enviou para executar c ~:,
refeição ao José." "E Deus enviou . também podemos apre::':::~
ajudado por um verme: ~.~
Tenha consciência das suas muitas oportunidades de se tornar i
parte dos planos de Deus nas vidas de outras pessoas. Reconheç~ que
no passado você não seguiu rigorosamente esses planos. Muitas vezes
Deus inclui você n:',s : ~
os seus gestos feriram outras pessoas em vez de ajudá-Ias. Às vezes
mas também como urn ':::u:-=:
você sugeriu os seus próprios planos em vez de seguir o de Deus. Mas
você. Se você não te1'n::- ~.,
o plano mestre de Deus também inclui perdão. Na Palavra de Deus
escolhe outros para LL;r :,
você pode encontrar mais sobre a vontade dele. Preste atenção às
necessidades de quem vive ao seu redor. Não tenha medo de ver o que pregar em Nínive. Elç- ~=
Deus lhe deu de presente como algo que pode ser posto a serviço dos preocupações e necessi::.=- ~
outros. Não vejo o fato de ser enviado para trabalhar no Reino de outras pessoas para ajuj::r
Deus como uma tarefa extra e dura, mas como uma oportunidade de Faça um exame de 5,::
se tornar parceiro de Deus no mundo atual. ajuda assim como Deus, ,- -.
como ele deve lhe resp::.:':
ELE ESCOLHEU OUTROS PARA AJUDAR VOCÊ hora que ele escolheu ; :.r' ..
Cristo, mas continua se .' -::::'.'
Até aqui nós analisamos a vida de Jonas do ponto de vista do para ajudar você?
Conte as vezes c .~.~ -
verme. Agora queremos ver o mesmo evento na perspectiva de Jonas.
Não temos certeza se Jonas sabia da existência do verme. Mas ele Você talvez conhece'.:.
pastor ou de um pr,·J:
76
F'. ::2essidade de uma
lit- com o casamento sentiu que a sua sombra desapareceu e isto o deixou zangado. Num
c::~jer a necessidade certo sentido, o verme fez para lonas o que lonas fez para o povo de
~
Nínive. lonas mostrou aos ninivitas os pecados deles, e eles se
r- ::-ermercado. O seu
~~clube ou de uma arrependeram. O verme foi enviado por Deus para ajudar lonas a ver
fET
t-
E'
- ç ssoas, ou a sua que ele também precisava de arrependimento e perdão.
A história bíblica acaba sem dizer se lonas aprendeu a lição do
ª
de Deus na vida mamoeiro e do verme. A história obviamente não foi escrita só para
1vimentos de sua nos dizer se lonas se arrependeu ou não. Em vez disso, ela foi escrita
.'-.telas depoimentos para nos estimular a olharmos para as nossas próprias vidas. Por isso,
1--. ., (escreva o seu em vez de terminar esta história tentando descobrir o que aconteceu
.. "E Deus enviou com lonas, nós vamos continuar a história para descobrir o que
:<re espaço) para acontece conosco.

r'
.-
.' :: .. '"E Deus enviou
--.1fa oferecer uma
Podemos aprender muito vendo-nos como o verme: Deus nos
enviou para executar o seu plano na vida de outras pessoas. Nós
também podemos aprender muito, vendo-nos como lonas que foi
t'"
f ajudado por um verme: Deus envia outros para ajudar a nós.
jes de se tornar
::~, Reconheça que OUTROS NOS AlUDAM
:::"lOS. Muitas vezes

.~;dá-Ias. Às vezes Deus inclui você nos seus planos não só como um colaborador,
c ~.:r o de Deus. Mas mas também como um beneficiário. Ele tem uma mensagem para
'- Palavra de Deus você. Se você não tem certeza sobre a sua fé em Cristo, então ele
Preste atenção às escolhe outros para falar a você assim como ele enviou lonas para
~':edode ver o que pregar em Nínive. Ele tem bênçãos para você. Se você tiver
'sto a serviço dos preocupações e necessidades especiais, ele quer ajudar. Ele envia
. !lar no Reino de outras pessoas para ajudar você na sua situação .
.. oportunidade de Faça um exame de sua vida para ver se você sempre aceitou a
ajuda assim como Deus a oferece. Você ora a Deus por saÚde e lhe diz
como ele deve lhe responder? Ou você aceita a resposta na forma e na
. ~JAR VOCÊ hora que ele escolheu para lhe ajudar? Você quer crescer na fé em
Cristo, mas continua se negando a ouvir aqueles a quem Deus enviou
:::,nto de vista do para ajudar você?
- 'pectiva de lonas. Conte as vezes que Deus o ajudou através de outras pessoas.
verme. Mas ele Você talvez conheceu o amor de Cristo através de seus pais, de um
pastor ou de um professor, ou ainda, através de um amigo. Você

77
recebeu muitas bênçãos de Deus através do esforço de outras pessoas
que o ajudaram na sua educação, na sua profissão. e nos seus
problemas financeiros. Nenhum dos pe,-~.~:-·
Mas você também notou como o plano de Deus se cumpriu em você enumeradas acima se --
através dos "vermes" que ele enviou para ajudar você em sua vida? Deus para você. Eles_-:
Considere algumas possibilidades: Você seria capaz de aceitar a como, por exemplo, pe~,:~:-
correção e a instrução de Deus através de pessoas que você considera podem ser aceitos aper-...:.:
inferiores? Você admite que Deus pode ter enviado uma criança qualquer relação uns coe: ' _
pequena para ajudá-Io a crescer na fé? Ele já fez isso antes. Você seria No entanto, se voce rec('r-:-c;'. c;'
capaz de aceitar uma lição sobre honestidade de alguém cuja voce reconhecerá que ele ::'
linguagem é pouco refinada e mais vulgar do que a sua? Vacê estaria envolverem na sua ,,'
disposto a aprender algo sobre arrependimento de alguém cuja significa que todos l!'.;::
reputação é muito pior do que a sua, ao menos aos seus próprios ""deixa estar para ver ((ln,·.
olhos? Você seria capaz de aprender sobre o perdão de alguém que foi os seu planos diárius \1::,
injusto com você? acordo com a forma (lI",
Não existe qualquer razão para Deus enviar uma pessoa que você que fazer repetidos ajuskc
considera importante, para executar o plano dele na sua vida. Na manter na rota do seu piar; ::
realidade, quando você aceita a ajuda de alguém que precisa da O reconhecimento de ciLe - :-l

misericórdia de Deus tanto quanto você mesmo precisa, você estará 10. permite-lhe ver as coj,,:~ -::
aprendendo que a graça de Deus sempre é dada de acordo com a ,~juda você a aceitar a c,;;,::.',
vontade dele, e não de acordo com o que você merece. começo, em vez de r('tar : _ c
Outras possibilidades: Você admite que Deus pode escolher um drásticas para receber a S',U .:.:::-- (
pneu furado no meio do trânsito louco da hora do pico, para ensinar longo prazo para voce c_i':'
sobre paciência? Você admite que uma refeição perdida pode lhe Tristezas e pesares não sà'
ensinar sobre a sua normal abundância de comida? Você admite que a Deus. O plano d~le in..:lu
indelicadeza de alguém pode trazer à sua lembrança o perdão que mesmo as da própria m\.'ne
você recebeu pela sua indelicadeza diante de outros? Você admite que para ser seu filho ou sua flll-._
Deus pode indicar uma flor silvestre para você se lembrar da
ressurreição e da esperança? Você admite que o sorriso de um
estranho no meio de uma grande multidão pode lhe dar uma nova
perspectiva num dia melancólico e triste? Experimente o prazer de o método de Deus p"..:. _= ,e
aumentar esta lista. que devemos ajudar OLnr:~.
muito além do verme. ::
extraordinário poder de,- ':
enviou." Deus ainda en'·

78

------------------------El.=-=
pessoas
· ·.t::) SAIBA QUE DEUS PLANEJA
.:: nos seus
Nenhum dos pequenos problemas ou das pequenas alegrias
-"lU em você enumeradas acima se torna automaticamente uma parte do plano de
- ::m sua vida? Deus para você. Eles podem ser considerados meros agravos diários,
- :\e aceitar a como, por exemplo, perder a sua sombra num dia quente. Ou eles
considera podem ser aceitos apenas como pequenos lances de sorte sem
.'ma cnança qualquer relação uns com os outros .
'~". Você seria No entanto, se você reconhece que Deus faz planos diários para você,
~:lguém cuja você reconhecerá que ele envia você assim como envia outros para se
Você estaria envolverem na sua vida_ Ver Deus como o Planejador diário não
alguém cuja significa que todos os detalhes da vida são programados, e então
sc'us próprios "deixa estar para ver como fica". Deus sempre está atento para ajustar
.tguém que foi os seu planos diários de acordo com as nossas necessidades e de
acordo com a forma como nÓs os seguimos. Observe como Deus teve
_ .~:ssoa que você que Ülzer repetidos ajustes nos seus planos para .lonas, a fim de o
sua vida. Na manter na rota do seu plano original.
_ 1.1ê precisa da O reconhecimento de que Deus ama você e se preocupa em ajudá-
- - __:sa. você estará !o, permite-lhe ver as coisas belas de Deus em sua vida. Isto também
:: acordo com a ajuda você a aceitar a correção que Deus exerce em você logo no
começo, em vez de retardá-Ia até que ele tenha de tomar medidas
- je escolher um drásticas para receber a sua atenção. Saber que Deus tem um plano de
_'J. para el1SIJl3r longo prazo para você também o ajuda nos momentos difíceis.
-..-
::"dída pode lhe Tristezas e pesares não são sinais de ausência ou de desinteresse de
cê admite que a Deus. O plano dele inclui saídas para todas as tristezas e dores,
,:t o perdão que mesmo as da própria morte. Tudo isso porque Deus escolheu você
",-)cê admite que para ser seu filho ou sua filha.
,e lembrar da
sorriso de um A LIÇÃO DO VERME
_c dar uma nova
::"ite o prazer de o método de Deus para determinar as situações em nossa vida em
que devemos ajudar outros, e na vida dos outros para ajudar a nós, vai
muito além do verme que foi envolvido na vida de .lonas. O
extraordinário poder da nossa história bíblica está nas palavras: "Deus
enviou." Deus ainda envia você para executar os seus planos. Quando

79

- --------------------------
..
você encara as tarefas diárias em sua vida na certeza de que você está TEOLOGI-\l
sendo enviado por Deus, você se sentirá feliz pelo fato de viver. Ele
enviou outros para ajudar você. Você até aproveita mais a ajuda dos
outros quando você a vê como um plano de Deus sendo executado em o presente trabi
seu favor. L. Barth: "Cardinal p.
Mas ainda existe algo muito especial no fato de Deus ter enviado Theology'''. Publica,:>
um verme. J981. vol7, na 2.
Às vezes nós usamos a palavra "verme" para ofender ou ferir outros.
"Aquele verme!" ou: "Você não passa de um verme!" são insultos Uma das perguntas} :~
muito fortes. Na próxima vez em que você pensar em chamar uma seguinte: Em que a kl,k';'"
outra pessoa de verme, lembre-se que Deus enviou um verme. E esse evangélicas de nosso te::,
verme ajudou o homem de nossa história. Deus ama a pessoa que Uma das fom1as P'~<·;o
você vê como verme. Quem sabe você poderia fazer algo para ajudar do princípio "Sola Scr:r:·:-'
essa pessoa, aceitando o fato de que Deus o está enviando para conquanto estivermos
repartir amor com ele ou com ela. pela graça c sÓ peh ~
A lição do verme ainda lhe ensina algo sobre auto-estima. Às reconciliação com Dé'us:
vezes você se diminui, dizendo: "Eu não passo de um verme!" Mas Temos, porém, que tC';;;.:- ,
lembre-se do verme que foi enviado por Deus para fazer a Única coisa transforme num simples .'.'::--
que um verme realmente sabe fazer. Você é filho de Deus, redimido verdade, há muitas afinL~' " ,
por Jesus. Deus envia você como colaborador dele. evangélico, e que são 30.",:' '
Você pode fazer o que você sabe fazer melhor do que ninguém, e até por pastores, as qm:is '-.'.
porque você foi escolhido e enviado por Deus. comparada com o venLc::::-:
Sola Fide!"
No artigo IV da Confiso'

Ensinam (os IUleran,." :::- -:


diante de Deus PUí :'
justificados gratuitar:',,:<:- -
que são recebidos n:, ;~:.:_
Cristo, o qllal através c:-
fé atribui-a Deus com: .'

Este artigo é o artigo ;--::,


cai, e em torno do qual ::_
"salvação de graça pela t'::" ::-
J\ teologia uterana e:':' '.
J

80
: = _1 de que você está TEOLOGIA E TEOLOGIAS
':lto de viver. Ele Karl L. Barth
- .., mais a ajuda dos Trad. e adapt. Paulo K. Jung
'~',do executado em O prêscnk trabalho é uma tradução/adaptação de um artigo de Karl
L. Barth: "Cardinal Principies of Lutheranism and 'Evangelical
~:: Deus ter enviado Theology'''. Publicado originalmente no Concordia Journal, Março
1981, vol7, n° 2.
: --:::;[ ou ferir outros.
_~ne!" são insultos Uma das perguntas a teologia luterana sempre precisa responder é a
_-~em chamar uma seguinte: Em que a teologia luterana se distingue das demais teologias
Jm verme. E esse evangélicas de nosso tempo?
~:l1a a pessoa que Uma das fom1as pelas quais identificamos o luteranismo, é através
::::';algo para ajudar do princípio "Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide". Isto está correto
::'C:3 enviando para conquanto estivermos querendo dizer com isso que só pela Escritura, sÓ
pela graça e só pela fé em Cristo há conhecimento de Deus,
_O:; auto-estima. Às reconciliação com Deus e conseqÜente perdão e salvação eterna.
- -: '.1m verme!" Mas
Temos, porém, que tomar cuidado para que este princípio não se
::=tzera Única coisa transt()rme num simples slogan destituído de seu sentido original. Na
Deus, redimido verdade, há muitas afirmações que circulam livremente no mundo
evangélico, e que são absorvidas inadvertid,-ill1entepor luteranos leigos
..--1,--,oque mnguem,
. - '
e até por pastores, as quais não resistem a uma análise mais profunda se
comparada com o verdadeiro sentido do "Sola Scriptura, Sola Gratia,
Sola Fide!"
No artigo IV da Confissão de Augsburgo, lemos:

l:nsinam (os luteranos) também que os homens não podem ser justificados
diante de Deus por forças, méritos ou obras próprias, senão que são
justitlcados gratuitamente, por causa de Cristo, mediante a fé, quando crêem
que são recebidos na graça e que seus pecados são remitidos por causa de
Cristo, o qual através de sua morte fez satistàção pelos nossos pecados. Essa
fé atribui-a Deus como justiça aos seus olhos. Rm 3.2] -26 e 4.5,"

Este artigo é o miigo pelo qual a Igreja permanece, e sem o qual ela
cai, e em torno do qual todos os escritos confessionais sobre o tema
"salvação de graça pela fé" giram.
/\. teologia luterana enfatiza sempre a iniciativa e a ação de Deus no
8]
processo de salvação do homem: "Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o seu unigênito Filho"(Jo 3.16). "Àquele que não conheceu Se, no entanto. ~ '-
pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça ser distinguidas, tamber::. ::
de Deus" (2Co 5.21). "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos
"Fsta fé espec léli = ~
tomou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" por Cristo, e que D~
(1Co 1.30). "Ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo Espírito portanto, a rem i 5'" -
Santo" (ICo 12.3). Deus planejou a nossa salvação. Deus efetuou a arrependimento. 'Sé.: ~
nossa salvação. Deus nos capacita a nos apropriarmos dessa salvação e traz o Espírito Se."
saber, amar a Deu'. ,~ .
pela fé que ele dá. Deus faz tudo.
preces, obedecer-il-:~ ~ ..
Partindo deste princípio é importante conhecer a relação entre
IV,45).
justificação e santificação. Por um lado, esses conceitos precisam ser
distinguidos um do outro. Pois: E de maneira espant,
"a consciência aterrorizada não pode opor à ira de Deus nossas obras ou
2Co 5.17: "Se alguém eSL"::-'
nosso amor, sendo apaziguada apenas quando apreende o Cristo mediador e não está dizendo que o ),--."
crê as promessas dadas por causa dele"' (Ap XII. 64). ou que ele vai se tc'._
definitivamente que em c',
Assim Melanchton se pronunciou seguidamente na Apologia e A habilidade de dist::,~ ---:
outros fiéis luteranos também disseram que: uso adequado de Lei e E \:':'::- c
distingui da da sua funç.l
"desde que palavra 'regeneratio' algumas vezes é usada em lugar da palavra separadas. A Lei nos ensin} ----
'justificatio', justificação, é necessário que essa palavra seja devidamente nos recorda que temos bll-,.:: :
explicada, a fim de a renovação, que segue à justificação pela fé, não ser
confundida com a justificação pela fé, porém sejam apropriadamente
acusa e sempre ensma. r :c .. _:
distinguidas uma da outra"' (FC OS IIl, 18).
envolve condenar 03°. us,: :::. :...."
à formulação de "códigos.~::- - --
A esse respeito lemos na Declaração Sólida: do alTependimento diáÚ)s: --
Evangelho.
"Também se diz com acerto que os crentes que tiverem sido justificados pela Em face do expos:-.
fé em Cristo possuem, nesta vida, primeiro a justiça imputada da fé, e depois evangélica" é realmenk'
também a justiça iniciada da nova obediência ou das boas obras. Mas essas
duas não devem ser misturadas uma com a outra ou introduzidas
"Milenisl11o" e negação
simultaneamente no artigo da justificação pela fé perante Deus. Pois, visto
de muitas "teologias -
que essa justiça iniciada ou renovação em nÓs é incompleta e impura na atirmações muito usad3.s. -.---
presente vida por causa da carne, não se pode com ela e por ela subsistir Gratia e Sola Fide" mas --
perante o tribunal de Deus"' (FC OS IIl, 32). demonstram não serem
graça ..
Algumas das afimr::.:' =
82 tendem a separar justific --.,:'

----------------------~f[.'..
...----------...",
de tal maneira
_.le não conheceu Se, no entanto, é verdade que justificação e santificação precisam
':'liWS feitos justiça ser distinguidas, também é verdade que não devem ser separadas:
':,:,us, o qual se nos
"Esta fé especial, pela qual o homem crê que os pecados lhe são remitidos
~~:.'ição, e redenção"
por Cristo, e que Deus é aplacado, e é propício, por amor de Cristo, obtém,
C:'I1àopelo Espírito
portanto, a remissão dos pecados e nos justifica. E porque no
Deus efetuou a
arrependimento, isto é, nos terrores, consola e erige os corações, nos regenera
~-0:, dessa salvação e traz o Espírito Santo, a fim de então podermos cumprir a lei de Deus, a
saber, amar a Deus, temê-Ia veramente, atirmar veramente que Deus atende
__:'1 a relação entre preces, obedecer-lhe em todas as atlições, Mortifica a concupiscência" (Ap
IV,45),
· ::'1tos preCIsam ser

E de maneira espantosamente simples, o apóstolo Paulo o diz em


=\ôus nossas obras ou 2Co 5.] 7: "Se alguém está em Cristo, é nova criatura." O apóstolo aqui
. : - =: o Cristo mediador e n30 está dizendo que o homem é capaz de se tomar uma nova criatura,
ou que ele vai se tomar uma nova criatura, mas estabelece
definitivamente que em Cristo o homem ~ uma nova criatura.
-, na Apologia e A habilidade de distinguir sem separar também é necessária para o
uso adequado de Lei e Evangelho. A função acusatória da Lei deve ser
distingui da da sua função didática. Mas as duas não podem ser
· _:', em lugar da palavra
separadas. A Lei nos ensina qual é a vontade de Deus, e continuamente
ra seja devidamente
.- :~ç3.0 pela fé, não ser
nos recorda que temos falhado no cumprimento dessa Lei. Ela sempre
· .,\:11 apropriadamente acusa e sempre ensina. Falhar na distinção dessas funções da Lei,
envolve condenar o 3°. uso da Lei. E a separação das duas funções, leva
à fom1Ulação de "códigos de conduta" que nos afastam da contrição e
do élnependimento diários e do contínuo retomo ao vivificante poder do
Evangelho.
"ido justificados pela Em face do exposto, perguntamos se a chamada "teologia
"utada da fé, e depois
eV(1l1gélica" é realmente LUTERANA? Sem abordar temas como
',:'as obras. Mas essas
.. :era ou introduzidas "Milenismo" e negação dos sacramentos como meios da graça, próprios
c',:lte Deus. Pois, visto de muitas "teologias evangélicas" queremos analisar algumas
: ;'mpleta e impura na afirmações muito usadas, que pretendem se identificar com o "Sola
c'J e por ela subsistir Gratia e Sola Fide" mas que no fundo as negam na medida em que
demonstram não serem dadas a justificação "por fé" e a salvação "de
graça".
Algumas das afirmações muito encontradas na teologia evangélica,
tendem a separar justificação de santificação. Uma delas diz algo como:
83
"Você chamou Cristo de Salvador; agora, pois, chame-o de Senhor."
Além disso, é verdade ~,--
Tal afirmação pressupõe que possa haver fé sem uma correspondente
mais forte na sua fé
mudança de vida. Pressupõe também que num momento o homem
dessas situações, ek '-
aceita o imerecido favor de Deus, e em outro, talvez depois de dias, ou
diminuído para uma C~::ê'; --
de meses, ou de anos de lutar interiores, ou como resultado de ardentes
Disto nos falani as C""
estudos e piedosas orações, o homem possa acrescentar: "Jesus também
é meu Senhor!"
"É perceptível elw~
Nós precisamos ver evidente o senhorio de Cristo em todas as fraco e outro forte ~,: :,,: ' ,
partes da nossa vida. Nunca alcançamos perfeição, nem faremos de mesmo, que ora ;5:2. ~ ::-
Cristo Senhor das nossas vidas na extensão que desejamos e devemos. ardente no am('r.

No entanto, nós o confessamos como nosso SenllOr não só porque o n, 68),


confessamos Salvador, mas também quando o confessamos Salvador.
Assim sendo, não
Fé salvadora regenera (dá nova vida). Fé e obras não podem ser
separadas. Fazê-Io, eqÜivale a forn1ar "classes de cristãos". mundo. Não podenws
Lutero diz com propriedade no seu Prefácio da carta de Paulo aos "cristãos espirituais"; ou :-::,
Romanos: duas categorias: OS CRl5 .
os que não têm o Espíriw :3 _:'"
"Assim a fé é obra divina em nós, que nos transforma e novamente nos gera na carne, mas no Espírito. '-:: ..::
de Deus, e mata °
velho homem, torna-nos homens completamente E se alguém não tem o E:,p::'::: 2;
diferentes no coração, ânimo, mente e todas as forças, e traz consigo o Nenhum cristão está sem (. Í>:'-:
Espírito Santo. Oh' A fé é coisa viva, diligente, ativa, poderosa. de tal sorte medida plena. Apenas Jesus :-: ::
que lhe é impossível deixar de operar incessantemente o bem. Nem pergunta
A referência do apóstc::? j
ela se boas obras devem ser praticadas, mas antes que se pergunte, as
praticou, e sempre está em ação ... É impossível assim. separar as obras ela fé, se à facção nessa igreja co;:,;:-< :::.::
tão impossível como separar do fogo o queimar e iluminar" (FC OS, 10 e Não é intenção de Paul<::·:-c',l
12). categorias mais e menos e:c' ,,-,~.
não encobrir a clara e m3r2.'- H ,~

Evangélicos gostam de falar em "cristãos carnais" e em "cristãos pela Graça de Deus somt,,:::-, =':
espirituais", ou ainda em cristãos "cheios do Espírito". Outros falam em Senhor crucificado e re55U'- :_.:'
"crentes" e em "discípulos". Essa terminologia entra no tratamento do mensagem poderosa para pc ::'_:,'
cristão como "velho homem" e "novo homem". É certo que a vida do Outra freqÜente expre":::'
cristão envolve uma constante luta para, no poder de Deus e na eiTa na distinção entre jusuf,:' ,
motivação do evangelho, expulsar o velho homem por contrição e que segue: "Se você entrçg~ _ Cl
anependimento diários. Nessa luta, é claro que um cristão é mais forte pecados!" O que é isto. Sç;'~:::'_ :.:::
do que o outro; alcança um nível de santiflcação mais elevado do que o procedimento ou de nesse,' --,
outro; um é mais capaz de testemunhar, mais diligente no orar, mais Na prisão de Filip\.ls. -
liberal no ofertar e mais prestativo para com o vizinho do que o outro. de entregasse a sua \i,L
84
.>l' de Senhor."
correspondente Além disso, é verdade que o mesmo cristão, num momento se sente
.--conto o homem mais forte na sua fé do que em outro momento. Mas, em qualquer
- ~~;'0is de dias, ou dessas situações, ele continua sendo cristão redimido. Ele não é
':Jdo de ardentes diminuído para uma categoria inferior de "cristão carnal".
..'.~."Jesus também Disto nos tàlam as Confissões:

. - ,w em todas as "É perceptível entre os cristãos não só uma grande diferença nisto de ser
fraco e outro forte no Espírito, mas cada cristão descobre, ademais, em si
.~t'm faremos de
mesmo, que ora está alegre no Espírito, ora temeroso e assombrado, agora
- :- C,'110S e devemos. ardente no amor, vigoroso na fé e na esperança, depois frio e débil" (FC OS
- ;;30 só porque o 11. 68).
_;samos Salvador.
, não podem ser Assim sendo, não podemos falar em 3 categorias de pessoas no
mundo. Não podemos falar em "descrentes", "cristãos carnais" e
~}rta de Paulo aos "cristãos espirituais"; ou em "ímpios", "crentes" e "discípulos". Há só
duas categorias: OS CRISTÃOS e os NÃO-CRISTÃOS; os que têm e
os que não têm o Espírito Santo. A Bíblia diz: "Vós, porém, não estais
:: :wvamente nos gera na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vós.
":'ns completamente E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8.9).
' ... s. e traz consigo o
Nenhum cristão está sem o Espírito, e nenhum cristão tem o Espírito na
-oderosa. de tal sorte
bem. Nem pergunta
medida plena. Apenas Jesus teve o Espírito sem medida.
.~ue se pergunte, as A referência do apóstolo Paulo em 1Co 3 .1 (como a carnais) refere-
,::'parar as obras da fé . se à facção nessa igreja composta de pessoas que agiam "carnalmente".
ar" (FC OS, 10 e
. '1 111
Não é intenção de Paulo estabelecer diferenças entre cristãos de
categorias mais e menos elevadas. Como devemos ser cuidadosos para
não encobrir a clara e maravilhosa mensagem de que o homem é salvo
.• )., e em "cristãos
peta Graça de Deus somente, por causa dos méritos de Cristo, nosso
" Outros falam em
Senhor crucificado e ressuscitado, e com isso negar o evangelho como
.-. no tratamento do
mensagem poderosa para promover a vida!
-c:rto que a vida do Outra freqÜente expressão na literatura teológica evangélica que
- :::r de Deus e na
erra na distinção entre justificação e santificação, é esta que soa como a
:' por contrição e que segue: "Se você entregar a sua vida a Cristo, Deus perdoará os seus
. ,tào é mais Ü1rle
pecados!" O que é isto, senão tàzer depender o perdão divino de nosso
clevado do que o procedimento ou de nossas obras?
~:·:te no orar, mais Na prisão de Filipos, Paulo e Silas não disseram ao carcereiro que
'. ",do que o outro. de entregasse a sua vida a Deus se quisesse ser salvo, no entanto a ação
85
do carcereiro que levou os dois à sua própria casa e lhes lavou as 1 .••
ae reqUlslto para mer:: •.~.
feridas, atesta claramente a presença dos frutos da fé salvadora em sua
fé salvadora, ou .
vida. Paulo e Silas apenas lhe haviam dito: "Crê no Senhor Jesus Cristo,
A colocaçao c: .:_-
e serás salvo ..." (At 16.31). - O pai do filho pródigo não atoffilentou o
literatura evangélica. ::::.... =
seu filho com perguntas sobre ele ter ou não ter tomado Deus em seu
capítulo~ por exernplci, '-=
coração e em sua vida, mas simplesmente recebeu o obviamente
livro didático, os
arrependido filho.
fazer à base das pctlçi\L.'
Os nossos confessores rejeitaram com fÍlmeza o que chamam de
da seguinte forma:
"doutrina contrária", nominalmente.
Arrepender-se dos S:.'
"Que a fé tem primazia na justificação, mas que também a renovação e amor 1. Colocar Cristo no tr,y· .. ::
pertencem à nossa justificação diante de Deus, de modo tal, que na verdade são a 2. Aceitar o perdão dc_ ...
causa principal de nossa justificação, mas que nossa justiça diante de Deus, todavia. Notem a ordern: C.
não é inteira ou perfeita sem tal amor e renovação" (FC Ep m, 20).
aceitar o perdão de De'.ls
fé, essa seqÜência nào f ..·.:
Da mesma forma rejeitam que:
regenerado for incapaz
Os nossos confessor;;-s :.
"os crentes são justificados diante de Deus e salvos juntamente pela justiça
imputada de Cristo e pela nova obediência iniciada, ou em parte pela
"Em que se firmava 0:"
atribuição da justiça de Cristo e em parte pela nova obediência que se
da qual ele tinha un' C:'
iniciou" (FC Ep m, 21).
vida eterna)? A isso fç'· .
que justifica ao ímpio. :' : .. ':
Entre os erros que não podem ser tolerados na igreja, os Por conseguinte, ai".::i
confessores mencionam os seguintes: santificação, amor. \ .:-. o:'
"Que nossa justiça diante de Deus não assente apenas no só mérito de Cristo, introduzidas no artig=::i .
mas na renovação, e, assim, na piedade própria em que andamos"(FC Ep a fim de que Cristo 1'0::::'
XII, 5). possam ter seguro c.
obediência" (FC OS !j' :'.'
A teologia evangélica freqüentem ente também se apressa em exigir
que se "ponha Cristo no trono de sua vida". Não há dúvidas de que tal O Dr. Walther, nas sc~ ~-,-
exortação tem lugar na área da santificação. A nossa decisão diária deve
ser a de que Cristo esteja no trono da nossa vida, que ele possa ser "0 pecador deve \ ir
senão aversão a O;:l:~ ,
aquele cujo amor por nós afeta a maneira como gastamos o nosso onde ir em busca de ;:::
dinheiro, a maneira como nos portamos no círculo familiar, a maneira a tal pessoa quão f}~·. :
como escolhemos os amigos, a maneira como conduzimos os nossos condenado, incap2.z .:::' :
negócios, e, enfim, a maneira como vivemos a nossa vida. No entanto, com o seu mau ccrir: :-
receberá como ele e
o quanto devemos ser cuidadosos para não usar tal exortação como tipo
não é exigido quer:-' ...
86
,'çS lavou as
::Jora em sua de requisito para merecer o favor de Deus, ou como algo que precede a
, .TesusCristo, fé salvadora, ou ainda como algo que se constitui em conversão.
ltonnentou o A colocação errada dessa exortação aparece freqüentemente na
Deus em seu jiteratura evangélica, em formas semelhantes à seguinte: No final de um
~ obviamente capítulo, por exemplo, de uma carta do apóstolo Paulo, comentada em
livro didático, os estudantes são solicitados a responder o que devem
chamam de j~1zerà base das palavras desse apóstolo, E então é sugerida a resposta
da seguinte forma:
Arrepender-se dos seus pecados.
·c'~,)vação e amor 1. Colocar Cristo no trono de sua vida.
-} verdade são a
2. Aceitar o perdão de Cristo.
:~ Deus, todavia, Notem a ordem: Colocar Cristo no trono de sua vida antes de
aceitar o perdão de Deus. Quando de fato somos salvos de "graça" pela
fé, essa seqÜência não funciona assim; pelo menos não enquanto um
regenerado for incapaz de produzir boas obras.
Os nossos confessores falam disso com muita clareza:
:.~'i~nte pela justiça
j em parte pela
'~diência que se "Em que se firmava então ajustiça de Abraão diante de Deus (por intem1édio
da qual ele tinha um Deus gracioso e lhe era agradável e aceitável para a
vida eterna)? A isso responde: "Mas ao que não trabalha, porém crê naquele
que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Rm 4.5, 6) ....
Por conseguinte, ainda que os convertidos e crentes têm iniciada renovação,
santificação, amor, virtudes e boas obras, essas não podem nem devem ser
mérito de Cristo, introduzidas no artigo da justificação diante de Deus ou com ele misturadas,
""ldamos"(FC Ep a tim de que Cristo Redentor fique com sua honra e as consciências tentadas
possam ter seguro consolo, visto ser incompleta e impura nossa nova
obediência" (FC DS 11I, 33, 34, 35).
, :ressa em eXIglf
~.' Idas de que tal o Dr. Walther, nas suas teses sobre Lei e Evangelho, diz:
~:,~ào diária deve
~:.: ele possa ser "O pecador deve vir a Cristo assim como ele é, mesmo que não tenha nada
_ 5~}mOS o nosso senão aversão a Deus em seu coração, mas saiba que não tem refúgio para
onde ir em busca de salvação. Um pregador genuíno do Evangelho mostrará
',lar, a maneIra
a tal pessoa quão fácil é a sua salvação: Reconhecer um pecador perdido e
~ '::::1105 os nossos
condenado, incapaz de encontrar a ajuda que procura, ele deve vir a Jesus
:a, No entanto, com o seu mau coração e a sua aversão a Deus e à lei de Deus; e Jesus o
-:2~30 como tipo receberá como ele é. (...) Do homem não é exigido tornar-se um ser diferente,
não é exigido que corrija a sua conduta antes de vir a Cristo. O único capaz

87
de fazer do homem uma criatura melhor. é Jesus; e Jesus o fará. simples graça, nem pode.::", : - ,: ~- ~. :
quando o homem crê nele." dele ajudar, fazer.:~c ':"
inteiramente, nem ~:::' -~-==
diminuta ..." (FC DS. " -
Também é muito freqüente serem feitos apelos no sentido de
"decidir-se por Cristo". Não há dúvidas de que a Bíblia está cheia de A fé não salva porqu~ ~
apelos por decisões: Josué, pouco antes de sua morte, conclamou o
graça de Deus em Cristc -. - -,.
povo de Deus a se decidir quando disse: "Escolhei hoje a quem confessores luteranos:
sirvais ..." (Js 24.15). Jesus conclamou o povo à decisão, ao dizer:
"Arrependei-vos e crede no evangelho!" (Mc 1.15). Paulo e Silas A fé não justifica por S;Õ': . :
conclamaram o carcereiro de Filipos porque apreende e:,:::::.
a decidir-se: "Crê no Senhor Jesus ..." (At 16.31). promessa do santo e\ }r~:: - .
Esses chamados à decisão, porém, não implicam em que o homem
por seu próprio poder pode "escolher" ou "crer". Se quisermos - e Evidentemente, o qUê
queremos sem dúvida - manter o "Sola Gratia" em nossa teologia, então polêmico mesmo. Mas n~L:'
devemos estar convencidos que não há nada no homem que o capacite a E a nota positiva é agradê2;:- -
receber a graciosa oferta de Deus, por seu próprio poder. Lutero explica encontrada entre muitos qu~ :.. ~'::
isso claramente na explicação do Terceiro Artigo do Credo Apostólico. enquanto confundem Lei e E. C:....::,::
Estes chamados à decisão são a maneira de Deus criar no coração do Cristo através de seu mini~~::~ '
homem a resposta que o apelo à decisão deseja. Não há três forças necessidade de Cristo e tê:'.:
cooperando na salvação do pecador: o Espírito, a Palavra e o convertidos de fato, O Espi:> ... -
consentimento do homem. Há apenas duas forças: e essas são o Espírito de méritos próprios ou obrp" 2'
e a Palavra. Antes de concluir. re:.-
Este foi o tema central da controvérsia sinergista surgi da logo após matéria exposta aqui:
a morte de Lutero. Uma das mais fortes e claras afirmações das 1. Expressões que conect2L
Confissões Luteranas, está no Segundo Artigo da Fórmula de mesmo quando partem de C>:.
Concórdia, e ela elimina qualquer idéia de que o não convertido tenha Fide" não nos devem sun::::::::-.':;
vontade própria para decidir-se: contribuir de alguma maneir.: .. : .-
, ou pela renovação de sua . -.::::..
"(Cremos) em coisas espirituais e divinas, (que) o intelecto, coração e nós. Isto é parte do "opinio :c ;.:
vontade do homem irregenerado, com suas forças naturais absolutamente a vida. Se conhecemos a ~:~'" -
nada podem entender, crer, aceitar, pensar, querer, começar, realizar, fazer,
respeito das artimanhas da n ~~.:.-.
operar, e em absolutamente nada podem cooperar, estando, ao contrário,
inteiramente mortos para o bem e corrompidos, de modo tal, que na natureza 2. Qualquer separação ercc .-'=--::
do homem, depois da queda e antes do renascimento, não restou nem existe distinção entre estes dci~ :::: .
uma centelhazinha sequer das forças espirituais e com a qual pudesse, de si desespero. Farisaísmo nos -.- -:
mesmo, preparar-se para a graça de Deus, ou aceitar a graça oferecida. nem é entregamos a nossa vida 2- '~ -

capaz para ela por si e de si mesmo, nem pode aplicar-se ou adaptar-se à

88
" fará. simples graça, nem pode, de suas próprias forças, 'por si mesmo, como se partisse
dele ajudar, fazer, operar ou cooperar quanto à sua conversão, nem
inteiramente, nem pela metade, nem com qualquer parte, mínima ou
: no sentido de diminuta ..." (FC DS, fI, 7).

- -..1 está cheia de


-- -~. conclamou o A fé não salva porque é uma boa obra, mas porque se apossa da
graça de Deus em Cristo. Vejamos mais uma vez o que dizem os
~. hoje a quem
confessores luteranos:
=~.S.lo. ao dizer:
Paulo e Silas
A fé não justifica por ser obra tão boa e tão bela virtude, e sim
porque apreende e aceita o mérito de Cristo na
promessa do santo evangelho" (FC DS 1II, 13) .
.=ueO homem
-= 'Jlsennos - e Evidentemente, o que até aqui foi dito, é polêmico. E era para ser
:~=dogia,então polêmico mesmo. Mas não queremos terminar sem uma nota positiva.
. _:: 0 capacite a E a nota positiva é agradecer a Deus que a despeito da inconsistência
:'.nero explica encontrada entre muitos que querem preservar a "justificação pela fé"
~:... -\postólico. enquanto confundem Lei e Evangelho, muitas almas têm sido levadas a
.,. coração do Cristo através de seu ministério. Muitos, tendo ouvido da sua grande
.::.três forças necessidade de Cristo e tendo lhes sido apontado a Cruz, têm sido
.' J.lavra e o convertidos de fato. O Espírito Santo limpou de suas almas toda a idéia
~=,o Espírito de méritos próprios ou obras como causa de sua salvação.
Antes de concluir, pem1itamo-nos cinco observações sobre a
_ :c logo após matéria exposta aqui:
~-3.ções das 1. Expressões que conectam a renovação da vida à nossa justificação,
. rrnula de mesmo quando partem de quem quer manter o "Sola Gratia" e o "Sola
:--:ido tenha Fide" não nos devem surpreender. A idéia de que o homem pode
contribuir de alguma maneira, ainda que só peja sua vontade em aceitar
, ou pela renovação de sua vida, é extremamente atraente para todos
:oração e nós. Isto é parte do "opinio legis" que fica apegada em nós durante toda
. [utamente
a vida. Se conhecemos a astúcia do diabo, não sejamos ignorantes a
:'2f. fazer,
.. 1fltrário. respeito das artimanhas da nossa carne .
"atureza 2. Qualquer separação entre justificação e santificação, ou falha na
7--; existe distinção entre estes dois elementos, leva ao farisaísmo, ou ao
::'5<:. de si
desespero. Farisaísmo nos diz que de fato "nós o fizemos" porque
::: "em é
='2r-se à
entregamos a nossa vida a Cristo, ou porque nós colocamos Cristo no

89
trono de nossas vidas, ou ainda porque estamos "cheios do Espírito".
Desespero é o resultado do exame do coração que revela a Cristo - CENTRO DE PESOU
porque ontem disse uma palavra torpe - e por isso a prometida graça de I't"! ...,'-' ,;
~"'I~C:!;
Deus não pode ser sua.
3. O perigo desse tipo de erros, está precisamente na sua forma
enganosa e de aparência bíblica. Se alguém nega que Cristo andou
sobre a água ou que transformou água em vinho, isto é um erro
QUE É CPTM?
teológico tão evidente que até mesmo um cristão menos instruído o
detecta. No entanto, quando alguém vem com altos conceitos bíblicos, e o Centro de Pesq_~~:: -
fala muito no nome de Cristo, e até afirma que a justificação é pela fé instituição da Escola SUp::f - ._
somente, no entanto introduz elementos da santificação na área da São Paulo. Foi criado no 2r ~ .=:
justificação, o ouvinte ou leitor inadvertido facilmente cai nos velhos Convenção Nacional da IEL:: .=:c
padrões da justificação por obras. da EST/ICSP na pesq'cLs.o.~ '.
4. É pequeno o passo entre os erros acima descritos e a armadilha do obreiros. O CPTM é um2 ::., .= .

movimento carismático. Quando uma vez a experiência de ser ou de se igreja no cumprimento ,\ . -c.-

tornar cristão é super enfatizada e o caráter objetivo da teologia bíblica todas as nações, batizandc-~' ._u

é minimizado, então é fácil procurar por "sinais" que confirmem a Santo; ensinando-os a ;
nossa "entrega" ou o nosso "colocar Jesus no trono da vida", ou ainda o ordenado. E eis que estou_
nosso "estar cheios do Espírito Santo". Nós cremos que as promessas do século" (Mt. 28.19,20\
de Deus estão aí para nós, independentemente de estarmos em um alto
grau de espiritualidade, ou simplesmente "dependurados entre céu e
terra", como disse Lutero. OBJETIVOS GERAIS DO CP
Desde que o correto tratamento do princípio "Sola Scriptura, Sola Os principais objeti',
Gratia, Sola Fide" implica em polêmica, devemos orar a Deus pedindo seguintes áreas:
que nos capacite a resistir à semeadura do diabo das sementes do
orgulho vão. O diabo tem dardos e lanças para todos. Se não somos 1. NA ÁREA DO CONHEC'· ==

tentados para o liberalismo, o somos para a ortodoxia morta. E se não


perdemos o nosso "primeiro amor", o diabo nos tenta a confundir a) Conhecer melhor a reaL::.
justificação e santificação. Se não for este o nosso caso ele nos tentará, b) Conhecer os diferentes T:::
como aos nossos pais, ao entusiasmo ou aos extremos do movimento c) Conhecer os dons índi-.i:
carismático. Sejamos, pois, diligentes no estudo da Palavra de Deus e d) Conhecer a mensa;;::'
das Confissões Luteranas que a explicam, para podernl0s ser indivíduo;
instrumentos de Deus Espírito Santo capazes na difusão da Palavra da e) Conhecer e analisar
Verdade. t) Completar os conheci:c-.::
sala de aula.

90
. :::.:"S do Espírito".
_': ~::\ela a Cristo -
CENTRO DE PESQUISA E TREINAMENTO
. ~~:I11etidagraça de
MISSIONÁRIO
: -:~ na sua forma
:'Je Cristo andou
1sto é um erro QUE É CPTM?
:'.-:enosinstruído o
: ';,-:eitos bíblicos, e o Centro de Pesquisa e Treinamento Missionário é uma
_:::tlcação é pela fé instituição da Escola Superior de Teologia do Instituto Concórdia de
- .: :3ção na área da São Paulo. Foi criado no ano de 1989 em cumprimento à decisão da
--: -.:e cai nos velhos Convenção Nacional da IELB de fortalecer cada vez mais os objetivos
da EST/ICSP na pesquisa e treinamento missionário dos novos
': e a armadilha do obreiros. O CPTM é uma das diversas atividades da EST em apoio à
:- .3 de ser ou de se igreja no cumprimento à ordem de Cristo: "Ide, fazei discípulos de
teologia bíblica todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
-=ue confirmem a Santo; ensinando-os a guardar todas as causas que vos tenho
=- -:ida", ou ainda o ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação
. :: -1ueas promessas do século" (Mt. 28.19,20) .
: .:.:::-rnosem um alto
= _-;idos entre céu e

OBJETIVOS GERAIS DO CPTM


, ,:êi Scriptura, Sola Os principais objetivos do CPTM estão relacionados nas
- 2.é a Deus pedindo seguintes áreas:
3as sementes do
=. s. Se não somos 1. NA ÁREA DO CONHECIMENTO
.: morta. E se não
. '.:::ntaa confundir a) Conhecer melhor a realidade brasileira (religiosa e sócio-cultural);
:'5:' ele nos tentará, b) Conhecer os diferentes métodos evangelísticos;
-~.. s do movimento c) Conhecer os dons individuais;
: -::'::.lavrade Deus e d) Conhecer a mensagem evangelística da Bíblia, aplicada no
- -', podemlos ser indivíduo;
_ :-' ~;) da Palavra da e) Conhecer e analisar historicamente a missão;
t) Completar os conhecimentos acadêmicos, os quais faltam dentro da
sala de aula.

91
2. NA ÁREA DAS ATITUDES
a) Desenvolver e motivar o hábito de evangelizar nas atividades EST e um profes.'<;
missionárias; atividades no período :: __
b) Desenvolver, no aluno, o espírito de evangelizar; reuniões plenárias dU;J~"::
c) Despertar a compaixão para com os incrédulos; no treinamento missic:c",-
d) Despertar o sentimento de urgência na evangelização; atividades desenvohi=:::~
e) Depositar toda a confiança na Palavra e no Espírito Santo, no que períodos: início do ano ::::
tange aos resultados da missão; ano letivo.
f) Estimular o testemunho pessoal dentro da Igreja; O CPTM está subdi'
g) Ter certeza de que a conversão é um ato de Deus; e atividades especíílcos
h) Não se intimidar diante de líderes de seitas não-cristãs; 1. Centro de Pesquisa ê D: -
i) Desenvolver nos alunos a satisfação em evangelizar, mesmo que os 2. Centro de Evangelisrr>= I:-~ _,
frutos não sejam colhidos. 3. Centro de Evangelism: ?::.':
No início de cada an,= .~,
3. NA ÁREA DAS HABILIDADES irá atuar. Cada aluno _
menores durante o cur~c' c.o
a) Saber articular, em palavras próprias, o testemunho cristão; integram também cada CC"::;
b) Identificar as devidas barreiras que impeçam a propagação da um presidente e secrêLlr::
mensagem; estudos de estratégias mi~~
c) Ser capaz de aplicar a mensagem em situações específicas realizadas no período. Ca"" __
(abordagem); serem desenvolvidas dur:::.:::
d) Aplicar o método adequado em cada situação; cada aluno no treinaL::;.:.
e) Relacionar os conhecimentos acadêmicos com a prática apresentam relatórios d:::.s :.."
missionária; CPTM.
f) Adquirir habilidade de descobrir, desenvolver e direcionar os dons
para evangelização dos membros da congregação;
PROGRAMA r/ \~
h) Habilidade de articular sentimentos que impeçam ou motivem a
ação evangelística pessoal e congregacional;
i) Possuir habilidade de coordenar os grupos em diversas situações, 1. Centro de Pesquisa e D: :.
nas quais os mesmos dificultam o trabalho do pastor.
- Participar da realizaç~: ~::
- Participar da ativi03::: ~-::
ESTRUTURA GERAL DO CPTM segmento determina:::
O CPTM possui uma coordenação geral formada por uma diretoria
(Presidente, Secretário e Vice-Secretário), composta por alunos da 2. Centro de Evangelisn::

92
~" atividades EST e um professor de teologia. A coordenação exercerá suas
atividades no período de um ou dois anos. Realiza no mínimo três
reuniões plenárias durante o ano para apresentação do plano de ação
no treinamento missionário, relatórios, palestras e avaliações das
atividades desenvolvidas. As reuniões ocorrem nos seguintes
:)3.nto, no que períodos: início do ano letivo, final do primeiro semestre e final do
ano letivo.
O CPTM está subdividido em três centros menores com objetivos
e atividades específicos. Os centros menores são os seguintes:
1. Centro de Pesquisa e Documentação Missionária
2. Centro de Evangelismo Institucional
3. Centro de Evangelismo Pessoal e Congregacional
No início de cada ano letivo o aluno escolhe o centro menor onde
irá atuar. Cada aluno deverá ter participado de todos os centros
menores durante o curso de Teologia. Os professores de Teologia
integram também cada centro menor. Os centros menores escolhem
::-2gação da um presidente e secretário e têm suas reuniões quinzenais para
estudos de estratégias missionárias, debates e relatórios de pesquisas
c:specíficas realizadas no período. Cada centro estabelece as atividades mínimas a
serem desenvolvidas durante o ano e oportuniza a participação de
cada aluno no treinamento missionário. Os centros menores
prática apresentam relatórios das suas atividades na reunião plenária do
CPTM.

tivem a PROGRAMA MíNIMO DE ATiVIDADES

,-ê'JaçÕes, !. Centro de Pesquisa e Documentação Missionária

- Participar da realização de um censo religioso.


- Participar da atividade de documentação da religiosidade de um
segmento determinado social, cultural, etc).
~:retona
2. Centro de Evangelismo Institucional

93

1. __
- Visitar 4 tipos de instituições não ligadas à igreja para conhecer seu si, mas buscando "
trabalho e possibilidade de trabalho evangelístico. relacionamento e pdfC:;'-
- Visitar 2 instituições cristãs e conhecer o trabalho das mesmas. constitui ponto alto do .,:: ...::. _
Com o CPTlvl E5- Ct

exercício
3. Centro de Evangelismo Pessoal e Congregacional
excelência
.
e o. aperfeiçocc"'E .
,"

- Pessoal preClsa aperfeiçOar-se na '.-' :-


- Entregar folhetos evangelísticos específicos é treinamento em situai.,:'~::'
desenvolvimento de suss ",.-
- Realizar diálogos sobre temas da fé com cristãos e não cristãos.
Deus com cristãos e nàu C[ .,'
- Congregacional
-Participar de uma atividade de evangelismo contínuo em sua
congregação. o CPTME AS :C\:;
- Participar de uma atividade de evangelismo terminal (campanha)
Pastores fÓrmados p,>:- --
estratégias aprendidas nu (~
I) Este programa do CPTM foi elaborado e aprovado em reunião dos
desenvolvido atividades
alunos e professores da Escola Superior de Teologia do Instituto
Pastores têm reunido grupci
Concórdia de São Paulo, no dia 20/04/89.
ou durante congressos distrit:: ~ .:~
CPTM em sua região. \;
2) Os objetivos poderão ser ampliados na medida em que as
distribuídos, correspondénc ir, '; ,
atividades dos respectivos centros forem se desenvolvendo. preenchidas, portas abertas e ".
interessadas em continuar OU\
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA existe um custo, mas o pre~'... :: ::
pessoa para o reino de Criste.
Como parte do lema .~..
RESULTADOS PARA A IGREJA incentiva-se aos alunos
congregaçÔes as bênçãos '
É incalculável o valor que esse treinamento dos alunos da EST Iicrn na
, 1 "

traz para toda a igreja. O treinamento em situações específicas da rnlSSlonar1C1S enl suas con~r
missão durante o curso de teologia constitui suporte para o pré !e I:
(':
estágio, estágio e atuação ministerial. Pem1Íte melhor avaliação da
atuação do futuro pastor durante o curso, fortalecendo habilidades e
corrigindo eventuais dificuldades na articulação do evangelho. Por
outro lado é enriquecedora a oportunidade de participação conjunta
entre alunos e professores, onde juntos, ambos manejam a palavra de
Deus em situações específicas, visando não apenas o treinamento em

94

- -'_"!!!!!L
si, mas buscando juntos o crescimento do reino de Deus. Esse
relacionamento e parceria na busca do aperfeiçoamento missionário
constitui ponto alto do programa do CPTM.
Com o CPTM a EST visa a formação integral do aluno para o
exercício do seu ministério. Em todas as áreas da vida procura-se a
excelência e li aperfeiçoamento. A EST entende que também a igreja
precisa aperfeiçoar-se na arte de ganhar pessoas para Cristo. O CPTM
é treinamento em situações reais da vida que permitem ao aluno o
desenvolvimento de suas habilidades na articulação da palavra de
Deus com cristãos e não cristãos.
;:'i11 sua

o CPTM E AS CONGREGAÇÕES DA iElB


Pastores formados pela EST têm aplicado de uma ou outra forma
'lião dos estratégias aprendidas no CPTM. Alunos em período de férias têm
! nstituto desenvolvido atividades do CPTM em suas congregações de origem.
Pastores têm reunido grupos de alunos em períodos especiais de krias
ou durante congressos distritais de jovens para desenvolver atividades do
CPTM em sua região. Muitas visitas têm sido feitas, folhetos
distribuídos, correspondência enviada, telefonemas, fichas de prospectos
preenchidas, portas abertas e solicitação de visitas por parte de pessoas
interessadas em continuar ouvindo o evangelho. Atrás de cada atividade
existe um custo, mas o preço é pequeno diante do ganho de uma Única
pessoa para o reino de Cristo.
Como parte do lema da lELB 2000: CRISTO PARA TODOS,
incentiva-se aos alunos da EST compArtilhem com seus pastores e
congregações as bênçãos das atividades do CPTM para o ministério da
:5 da EST igreja. iem na implantação e implcmentação das estratégias
-;:,cíticas da J11iSsionÚrias enl SUJ.S COfH!.reeacões. na senleadura da palavra
;;ara o pré de [)eus. tern a pronlessa de Deus de que a sua palavra não
aliação da o que e naquilo que a
":~ilidades e
.."zelho. Por
c:' conjunta
-' paiavra de
,'mento em

- • II.IIJTITII.. !!!I!l!!!!!!!!!!IIIIl-II!!lIil!III!I!!I!!!iI!I!I!II!lIIIIIR!!!I!!!!!1Ii! •••••• """"'''''''''' ••••••••••••••••• ----- ••••


Devoção ICSP - 29 de abril de 1997 não. Felipe, então.
Atos 8.26-40 Distribuir (\ tC:',L ~
Emí Walter Seibert
sempre foi uma ,-Ls '-_-~ ..
CUl1UCOestava len(L
Todos os cristãos, independentemente de seu trabalho ou função eunuco, "entendes (' ,-'_~
na igreja, são evangelistas. Todos nós, aqui reunidos em devoção, diríamos? "Eu também :'.~
também queremos ser evangelistas. Seja como pastores, educadores aqui no seminário. Que:,:::
cristãos, familiares de pastores, professores de teologia, todos por isso que estudan"
queremos ser evangelistas. dogmática e as discip1Ín,,'
O texto bíblico da epístola desta semana, Atos 8.26-40, nos pessoas o texto bíblico.
mostra um evangelistas em ação. Podemos ver neste texto as
características de um evangelista. 2. Anuncia Jesus a
Tema: Características do evangelista passagem da EscritUfJ..
1. Dispõe-se a ir e servir a Deus. "Dispõe-te e vai" (v. 26) É importante obsên .:::
O texto nos mostra que Felipe se dispôs a ir servir a Deus. Em anunciou Jesus. Este é Lir:- ~.
princípio todos nós estamos dispostos a ir servir a Deus. Mas, quando Bíblia está aí para fab, j~ -~
o desafio está diante de nós, nem sempre é tão fácil decidir como mesmo em textos do /\n1::":: .~:.
Felipe decidiu. Felipe foi desafiado a ir para o deserto, a procura de temos registrado apenas.::'"' .~:
alguém que ele não conhecia. Certamente Felipe tinha sua situação eunuco. Mas temos algu···.
definida onde ele estava. Não era tão simples largar tudo e ir atrás de diálogo que Felipe e o eu;-:..:: _
alguém para anunciar o evangelho. Mas ele se dispôs. Ele sabia que Jesus. Além disso, falar jç -::c
era importante que o evangelho fosse pregado. E ele se dispôs e foi. primeira oportunidade q ::-
Será que nós teríamos a mesma disposição? Os formandos estão batizasse. O Batismo era _'.. .:
dispostos a ir para onde o Espírito os enviar no final do ano? Os evangelística. Nós cremos=..: -
estagiários estão dispostos a ir? Os familiares tem a mesma disposição meios da graça são pala\::: ç : 3
de ir junto? E os professores, também tem a disposição de ir se o Felipe. Por isso ele logo f,:;
Espírito os enviar? Felipe se dispôs e foi.
1. Percebe a grandiosid:_':- __
1. Conhece e expõe a palavra de Deus. "Compreendes o que lês" (v. além, evangelizava
30) A última caracteris~:::.. -
A segunda característica do evangelista Felipe que queremos destacar neste texto é q\.:c ::: :-
destacar é que ele expôs a Palavra de Deus. Quando Felipe alcançou a percepç-ão exata da dinlc:_<-
carruagem do eunuco, possivelmente o ministro da economia da ele não se acomoda. Ele =

Etiópia, ele viu que este estava lendo o livro de IsaÍas. Felipe cidades, até chegar a Cçs:-~
perguntou ao eunuco: "Entendes o que lês?" E o oficial respondeu que Este é urn exc-rnr
96
não. Felipe, então, passou a explicar ao eunuco o texto bíblico.
Distribuir o texto bíblico e explicar o texto aos que o recebem
sempre foi uma das melhores formas de evangelizar as pessoas. O
eunuco estava lendo o livro de lsaías. Se nós perguntássemos ao
.::~alho ou função eunuco, "entendes o que lês'?", e ele nos dissesse que não, o que
::s em devoção, diríamos'? "Eu também não?" Eis a razão pela qual estamos estudando
.. res. educadores
aqui no seminário. Queremos entender o que lemos e saber explicar. É
:ec,logia, todos por isso que estudamos as línguas originais. exegese, história,
dogmática e as disciplinas práticas. Queremos saber explicar para as
s 8.26-40, nos
pessoas o texto bíblico.
'este texto as
2. Anuncia Jesus a partir da Escritura. "Começando por esta
passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus" (v. 35)
É importante observar que a partir do texto de Isaías, Felipe
:r a Deus. Em
anunciou Jesus. Este é um dos princípios de interpretação da Bíblia. A
-: \las, quando Bíblia está aí para falar de Jesus. Foi o que Felipe fez. Sua pregação,
decidir como
mesmo em textos do Antigo Testamento, era Cristocêntrica. No texto
a procura de temos registrado apenas um resumo daquilo que Felipe falou com o
sua situação eunuco. Mas temos alguns detalhes muito importantes. No curto
e ir atrás de
diálogo que Felipe e o eunuco desenvolveram, o centro do diálogo era
:::le sabia que Jesus. Além disso, falar de Jesus era falar do Batismo. Tanto que. na
:;-'ôs e foi. primeira oportunidade que tiveram, o eunuco pediu que Felípe o
- -.,:mdos estão
batizasse. O Batismo era um assunto muito importante na conversa
':0 ano? Os
evangelística. Nós cremos que Deus age conosco através de meios. Os
- -.';' disposição meios da graça são palavra e sacramentos. Esta era a compreensão de
de ir se o
Felipe. Por isso ele logo falou no Batismo.

1. Percebe a grandiosidade da tarefa e se dedica a ela. "Passando


~'Je lês" (v. al~m, evange1izava todas as cidades até chegar a Cesaréia" (v. 40)
A Última característica do evangelista Felipe que queremos
__~ ueremos
destacar neste texto é que ele não se acomoda no trabalho. Ele tinha a
__ .::cançou a percepção exata da dimensão da obra evangelística e por isso mesmo.
-.-, da
ele não se acomoda. Ele foi adiante e continuou a evangelizar todas as
~.:..s Felipe cidades, até chegar a Cesaréia.
~: :-.deuque E~te é um exemplo imp0l1ante para nós. Não devemos no

97
acomodar em nosso trabalho. Devemos estar atentos para ir adiante. A
REei
tarefa evangelística é enorme. Cada nova geração que surge deve ser
evangelizada. E todas as pessoas que ainda não conhecem o
evangelho, devem ser evangelizadas. Há muito trabalho e não há
espaço para acomodação. NIDA, Eugene"-\ Cosrurncs ç
19R5.
Queira Deus Espírito Santo nos inspirar com este exemplo de
Felipe para que nós também tenhamos estas características que ele
teve como evangelista. Amém.

Esta obra tem conL ,'., :.


trabalho missionário (,:"-;;~ =---
trabalhar, conhecer SLU '. __.:.
de sentir e perceber os
é necessário "mergulhar" "..c

empatia.

Para tanto, o autor de';'.'


tudo é "lÓgico", normal e"" ,,' -..
povos. ;'Por isso", diz '(o
título de "selvagem" a un-:, ~__~
inferior, sÓ porque ela nii() te'"

o livro é dividido ;:rr


assuntos relacionados à c:.
agI icultura e economia.
costumes e outros. Em cao:
inÚmeros exemplos concre,
pelo mundo inteiro. Pwcc:-::;
alertar-nos para equÍ\\'c"''; --
abordagens cuidadosas '- c _
transcultural.

No Último capitu! =::.:

problemas na missão tr:::,~ = __ . _~:

98
- ~ldjallte. A
"l2C'deve ser RECENSÃO
'!1hecem o
e não há
NIDA, Eugene A Costumes e Culturas. São Paulo: Vida Nova,
1985.
:::wmplo de
'('-\s que ele
Leandro D. HÜbner

Esta obra tem como objetivo mostrar como é importante para o


trabalho missionário conhecermos a fundo o povo com quem vamos
trabalhar, conhecer sua cultura, seus costumes, sua língua, seu modo
de sentir e perceber os fatos. Não basta, no entanto, apenas conhecer -
é necessário "mergulhar" na vida deste povo, ter para com ele grande
empatia.

Para tanto, o autor demonstra com inÚmeros exemplos que nem


tudo é "lógico", normal e "natural" para nós o é também para outros
povos. "Por isso", diz Nida, "vamos tomar o cuidado de não dar o
título de "selvagem" a uma pessoa que para nós é aparentemente
inferior, só porque ela não tem os mesmos costumes que nós"(p. 05).

o livro é dividido em dez capítulos, onde o autor explora


assuntos relacionados à cultura dos povos, tais como racismo,
agI icultura e economia, relações sociais, religião, lingÜística,
costumes e outros. Em cada capítulo, Nida reforça sua exposição com
inÚmeros exemplos concretos, tirados de experiências de missionários
pelo mundo inteiro. Procura com isso apontar-nos erros cometidos,
alertar-nos para equívocos comuns que ocorrem e sugerir-nos
abordagens cuidadosas e bem planejadas para situações de missão
transcultural.

No Último capítulo, Nida procura apontar soluções para


problemas na missão transcultural e por onde começar este trabalho
99

_jI 11III iIIIiiiII _


mlsslOnano. Sobre o início do trabalho ele diz:
O mais importante de tudo são os pontos de contato que todo ser humano
tem: saúde fisica e mental. esperança e aspirações. a educação dos filhos.
segurança para o futuro, ajuda para resolver problemas familiares,
conflitos pessoais e falhas morais e uma fé num propósito último da vida.
Em todas essas coisas, a humanidade se encontra num "território comum"-
um ponto de contato. (pp. 105-106).

Neste capítulo Nida também fala sobre a grande importância da


Igreja nacional (local), dizendo que "o missionário sábio é o que está
alerta para as possibilidades de, o mais cedo possível, subordinar a
missão à igreja local" (p. 108). "Este é o segredo do missionário", diz
Nida, "não fazer tudo sozinho, mas preparar discípulos para se
multiplicarem e continuarem a obra da Igreja de Jesus Cristo" (p.
108).

Este livro é realmente interessante e muito útil para o trabalho


missionário. Atinge muito bem seu objetivo, dando-nos boas idéias,
sugestões e alertas sobre como proceder no trabalho missionário. Sua
riqueza de exemplos concretos é muito esclarecedora e suas posições
teológicas sobre o assunto parecem ser bem equilibradas. Nida
consegue mostrar que é necessário haver grande discernimento sobre
o que é regra bíblica e o que é costume humano no campo da missão,
e que o missionário, para isso, deve conhecer profundamente a Bíblia.
a sua própria cultura e a nova cultura com a qual vai trabalhar -
conhecê-Ia de dentro - pois deve levar àquele povo a Palavra de Deus
e a salvação de Cristo e não os seus costumes e a sua cultura.

É uma obra muito útil, não só para o trabalho missionário mas


também para o trabalho todo da Igreja, pois apresenta exemplos
concretos, tem o pressuposto da imutabilidade da Palavra de Deus e
tem como objetivo último levar a salvação de Jesus a todos os povos e
culturas. É isso que nós também nos propomos: levar CRISTO
PARA TODOS. Equipemo-nos, pois, e testemunhemos!

100

a - .I~
I!~ •.~
=
••

c "io ser humano


,- _.~3çãll dos filhos,
. ~ ;;,mas familiares,
, ~:!LJltimo da vida.
';;,:-"irório comum"-

- = : m portância da
ê.:'l,J é o que está
::." subordinar a
-:-:sionário", diz
'. :.'u10s para se
C"
= c.:snsto "( p.

"Z1 o trabalho
. boas idéias,
"';,:mário. Sua
- : ,uas posições
. ~Z1jas. Nida
: - -.mel1to sobre
-, da missão,
- lê a Bíblia.
trabalhar -
Li de Deus

.'IlanO mas
- ::::. exemplos
jc Deus e
s povos e
- CRISTO

{::,;;::sS'::".:::;
~ - . -~ ; ':C"~Gk~;;~
,:..:-:.: ';:'"::Tno ~:;~:)c:;~n;;:~6nc,
:C~Y~Ç~0;
- . , 0~
,;, ,. <::'J,01"""";"
~Ç·;'';::;;~2 ~.
;/·c.Q.,:~~,-!_-:',-~ '.-.."" r..~_;
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