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NORMAS FUNDAMENTAIS
DO PROCESSO CIVIL
1. Na acepção amparada para o estudo dos modelos processuais, que não adota maiores preocupações metodoló-
gicas, entenda-se por princípio dispositivo toda manifestação da liberdade das partes, seja qual for a intensidade.
Em suma síntese todas as tarefas processuais que são atribuídas às partes, seja na condução ou instrução do
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No palco cooperativo, o processo não vai ser a fiel cristalização de uma ideologia, mas
será um modelo de equilíbrio, que observa atentamente a tensão existente entre os paradigmas
liberal e social e propõe uma terceira via integradora que visa a concentrar as concepções mais
acertadas de tais paradigmas somadas às contribuições do fenômeno da constitucionalização
do direito e do caldo cultural do Estado Democrático de Direito.
Alcança-se, então a estabilidade com esse novo modelo, cuja estrutura se coaduna com as
exigências e os anseios tanto da tradição do civil law como da do common law, pois distribuem
os poderes entre os sujeitos processuais de forma mais equilibrada e adequada.
À vista disso, chegou o momento de a cooperação assumir a sua função de locomotiva do
processo civil moderno, sendo o ponto de equilíbrio na aplicação dos princípios dispositivo
e inquisitório. Deve haver então uma coordenação entre tais princípios, na perspectiva do
modelo cooperativo de processo. Evidencia-se que o princípio da cooperação2 não contradiz o
princípio dispositivo ou inquisitivo, nem tão pouco, leva ao seu esvaziamento ou substituição,
de tal modo, que eles devem se articular e integrar a dinâmica do processo.
Questão de Concurso
Ź (FMP/RS. Juiz de Direito do TJ-MT. 2014): Quanto à colaboração no processo civil, é correto afirmar
que3:
a) é uma norma que determina que as partes têm o dever de colaborar entre si para o bom andamento do
processo e não diz respeito à postura do juiz no processo.
b) é uma versão atualizada do princípio dispositivo em sentido material.
c) é uma versão atualizada do princípio dispositivo em sentido processual.
d) é a versão atualizada do modelo inquisitorial em sentido processual.
e) Nenhuma das afirmações é totalmente correta.
Assim, a correta divisão das funções entre as partes e o tribunal4 que atende aos reclames
de um Estado Democrático de Direito é, sem dúvida, aquela que impõe que, ao longo de
todo o iter processual, seja mantido um diálogo entre todos os sujeitos do processo, devendo
este (o processo) ser entendido, essencialmente, como uma comunidade de trabalho ou de
comunicação, que permita uma ampla discussão a respeito de todos os aspectos fáticos e de
direito relevantes para o deslinde da causa.
processo, visualiza-se manifestação do princípio dispositivo. Por outro giro, o princípio inquisitivo, nessa acep-
ção, pode ser entendido como a manifestação dos poderes do juiz no curso do procedimento. Nessa linha, toda
posição ativa, seja no recolhimento da prova, assumindo o impulso oficial do processo, exercendo os poderes
instrutórios de ofício, são manifestações de inquisitividade.
2. O princípio da cooperação surge, então, como uma enzima que irá otimizar a aplicação do princípio dispositivo
e do inquisitório, expurgando os contornos excessivos ou as concepções pálidas. A máxima da cooperação tem,
assim, o condão de criar uma atmosfera dialogal e cooperante em esferas que antes eram de monopólio apenas
das partes ou do juiz.
3. Gabarito: letra E.
4. Dessa maneira, acreditamos, na linha da doutrina mais moderna, que o código atual operou uma verdadeira
síntese, fazendo uma ponderação das degenerações e das virtudes dos ultrapassados modelos processuais, de
onde extraiu o material genético para formação do DNA do modelo processual cooperativo inaugurado pelo
novo código, que demonstra preocupações tanto com a garantia e liberdade das partes (ex. princípio do autor-
regramento, negócios jurídicos processuais), quanto com a atuação judicial ativa no iter processual (ex. poderes
instrutórios do juiz, distribuição dinâmica do ônus da prova).
Cap. I • NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 41
Além do direito processual constitucional, que se lança sobre todo processo civil brasileiro,
o CPC/2015 (primeiro editado após a Constituição de 1988), destaca um capítulo próprio para
evidenciar as normas fundamentais do processo logo no corpo inicial do seu texto (dos arts.
5. A divisão do código em parte geral e especial, a simplificação das tutelas provisórias, a unificação de prazos e a
reunião das normas fundamentais em capítulo próprio, são exemplos que apontam para essa nova arquitetura
plasmada na operabilidade que foi entronizada pelo novo estatuto processual.
6. Enunciado n. 370 do FPPC: norma processual fundamental pode ser regra ou princípio.
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2º a 12), que formam as linhas do processo civil contemporâneo, a servir como parâmetro
interpretativo para os dispositivos do Código, como se observa abaixo:
Art. 2º Dispositivo
Art. 3º Inafastabilidade da Jurisdição e Resolução Consensual dos Conflitos
Art. 4º Razoável Duração do Processo e Primazia das Decisões de mérito
Art. 5º Boa-Fé- Objetiva Processual
Art. 6º Cooperação
Art. 7º Isonomia Material ou Paridade de Armas
Art. 8º Dignidade da Pessoa Humana, Proporcionalidade, Razoabilidade, legalidade, publicidade e eficiência
Art. 9º Contraditório Dinâmico/Cooperação
Art. 10 Vedação às decisões por emboscada (surpresas)
Art. 11 Publicidade e Fundamentação
Art. 12 Ordem Cronológica
7. Enunciado n. 369 do FPPC: O rol de normas fundamentais previsto no Capítulo I do Título Único do Livro I da Parte
Geral do CPC não é exaustivo.
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como um todo, razão pela qual a doutrina critica a nomenclatura utilizada pela
Constituição e defende uma nomenclatura mais adequada (devido processo cons-
titucional).
Sua origem está na Carta Magna do João Sem Terra, da Inglaterra, de 1215, que consa-
grava um instrumento de proteção contra a tirania. De início, tutelava especialmente o
direito processual penal. Mas, logo se expandiu para o direito processual civil, e até mesmo
para o direito administrativo. Em fase posterior, passa a tutelar o direito material, por meio
da teoria da eficácia horizontal direta dos direitos fundamentais, o que levou o Supremo
Tribunal Federal, em questão relacionada à exclusão de associado de cooperativa, a decidir
que “impõe-se a observância ao devido processo legal” no processo de produção de normas
jurídicas privadas, em que a exclusão de sócio foi realizada de forma arbitrária, autolimitando
também os atos abusivos praticados na esfera privada (STF. RE 158215/RS. DJU 07.06.96).
Logo, todo processo de construção normativa deve respeitar um processo devido, que constitui
o guia de referência de qualidade de todo e qualquer processo.
Questão de Concurso
Ź (FUNDEP. Auditor/Conselheiro Substituto do Tribunal de Contas – TCE-MG. 2015)8: Sobre os princí-
pios constitucionais explícitos e implícitos do Direito Processual, são dadas uma proposição 1 e uma
razão 2.
1. O devido processo legal aplica-se, também, às relações jurídicas privadas. Na verdade, qualquer direito
fundamental, e o devido processo legal é um deles, aplica-se ao âmbito das relações jurídicas privadas,
PORQUE
2. A palavra processo, aqui, deve ser compreendida em seu sentido amplo: qualquer modo de produção de
normas jurídicas (jurisdicional, administrativo, legislativo ou negocial). Desse modo, a atual Constituição
Brasileira admite a ampla vinculação dos particulares aos direitos fundamentais nela erigidos, de modo
que não só o Estado como toda a sociedade podem ser sujeitos desses direitos.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) A proposição e a razão são verdadeiras e a razão justifica a proposição.
b) A proposição e a razão são verdadeiras, mas a razão não justifica a proposição.
c) A proposição é verdadeira, mas a razão é falsa.
d) A proposição é falsa, mas a razão é verdadeira.
e) A proposição e a razão são falsas.
8. Gabarito: Letra A.
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O sentido formal evidencia uma preocupação com a tutela processual, no sentido de que
todos os cidadãos devem ter o direito de processar e ser processado de acordo com garantias
processuais pré-determinadas. O conteúdo normativo do procedural due process compreende
todas as normas processuais fundamentais delineadas, até então, no modelo constitucional
de processo.
Questão de Concurso
Ź (CAIP-IMES. Procurador – Consórcio Intermunicipal Grande ABC. 2015): Complete a lacuna inserta
na frase a seguir, referindo-se a um dos princípios constitucionais do processo civil. O _________
apresenta dois sentidos, significando “o conjunto de garantias de ordem constitucional, que de um
lado asseguram às partes o exercício de suas faculdades poderes de natureza processual e, de outro,
legitimam a própria função jurisdicional”.9
a) princípio da paridade de armas
b) princípio do devido processo legal
c) princípio da fundamentação das decisões judiciais
d) princípio da inafastabilidade do Judiciário
9. Gabarito: Letra B.
10. Ressalta-se, ainda, que nesse juízo lógico o juiz deverá justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação
efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as remissões fáticas que
fundamentam a conclusão, conforme a exigência de fundamentação legítima do § 2.º do art. 486 do código.
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d) é o direito de ser informado, de reagir e de influenciar, tendo como titulares as partes e como destinatá-
rio o juiz no processo.
e) nenhuma das afirmações é totalmente correta.
O primeiro vetor do contraditório no CPC é o art. 9º, que prescreve: “não se proferirá
sentença ou decisão contra uma das partes, sem que esta seja previamente ouvida”.
De logo, identifica-se uma atecnia no texto normativo, pois, em tese, é possível que uma
decisão judicial respeite o contraditório mesmo que uma das partes não tenha sido previa-
mente ouvida. Isso porque o elemento reação é um ônus processual da parte, que pode ser
exercido ou não. Assim, por exemplo, é possível que a parte seja citada, tenha oportunidade
de reação, mas não o faça, e, mesmo assim, o juiz decida, o que fará sem prejuízo algum ao
contraditório.
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Auditor Federal de Controle Externo do TCU. 2011)14: “o princípio do contraditório é uma
garantia constitucional ligada ao processo, mas não impõe que as partes se manifestem de maneira
efetiva em relação aos atos do processo, bastando que a elas seja concedida essa oportunidade”
Ź (CESPE. Analista-Advocacia. SEPRO. 2011)15: “conforme observa a melhor doutrina, para a concreti-
zação do princípio do contraditório, o juiz deve estabelecer constante e intenso diálogo com as partes
no processo, a fim de assegurar decisões de melhor qualidade”
Nada obstante, atente-se para as mitigações a essa regra geral que são tuteladas pelo
Código. O contraditório é uma garantia processual que visa a escudar as partes durante todo
iter processual contra eventuais abusos, não havendo sentido útil na sua ativação, nos casos
em que a decisão favoreça a parte que não participou do contraditório. Nessa perspectiva,
apresenta-se a teoria do contraditório inútil ou infrutífero, ao acentuar que a dispensa do
contraditório em desfavor da parte vencedora não pode ensejar a decretação de invalidade
de atos processuais.
Por isso que o legislador admite determinados procedimentos sem ativação inicial do
contraditório para a parte favorecida, como no caso do indeferimento da petição inicial
(art. 330, CPC) e da improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC), situações cujas
decisões judiciais são favoráveis à parte que não é citada.
No entanto, se a parte autora vencida recorrer da decisão, surgirá o dever da imediata
ativação do contraditório, somado ao importante instrumento do juízo de retratação (possi-
bilidade de o juiz modificar sua decisão em razão do empréstimo de efeito regressivo ao
recurso), que viabilizará que a parte contrária exerça o seu contraditório de forma postergada
(contraditório postecipado) na mesma instância em que foi proferida a decisão.
O contraditório postecipado não significa alijamento da referida garantia processual, mas
apenas uma inversão do procedimento, a deslocar o contraditório para momento superve-
niente. As tutelas provisórias são campos férteis para sua aplicação. Elas podem ser conferidas
por intermédio do contraditório padrão16, mas, podem também ser concedidas liminarmente
desde que preenchidos determinados requisitos, caso em que o contraditório será diferido17.
O contraditório postergado pode ocorrer, por exemplo, nas situações dos três incisos do
parágrafo único do art. 9º do CPC, quais sejam: nas tutelas provisórias de urgência; nas
hipóteses de tutela de evidência dos incisos II e III do art. 311; na decisão prevista no art.
701 do CPC (espécie de tutela de evidência liminar).
Feita tais considerações acerca do aspecto formal, concentram-se, agora, as atenções à
faceta dinâmica ou substancial do contraditório.
A partir de tal enfoque, o juiz deve ativar o contraditório a todo momento, dando opor-
tunidades reais e efetivas de influência sobre o âmago de sua decisão e sobre o seguimento
do processo, parificando as chances das partes no curso do processo. Esse viés relaciona-se
ao poder das partes de influenciar, efetivamente, na formação da convicção do julgador,
contribuindo na descrição dos fatos, produção de provas e debate das questões de direito, a
potencializar uma decisão jurídica substancializada.
Daí inferir-se que o contraditório não se resume especificamente a um binômio, mas a um
trinômio formado por: informação + possibilidade de reação + poder de influência. Essa
nova arquitetura de diálogo possibilita o aprimoramento da cognição, ao tornar a decisão judi-
cial mais democrática, mais comparticipativa, menos propensa a compreensões pré-concebidas
e essencialmente apta a neutralizar as pretensões recursais das partes.
Com a previsão contida no art. 10º, o Código inaugura uma nova face ao contraditório,
por intermédio do diálogo afirmado pela cooperação, que impõe ao juiz o dever de consulta.
É desse ponto de interseção que se extrai a vedação às decisões por emboscada (surpresa).
Assim, o juiz passa a ser a inserido como sujeito do contraditório, de modo a se criar uma
verdadeira mesa redonda de diálogo entre o trium personarum (partes e juiz). O contraditório
passa a se revelar como o direito de ser informado, de reagir e de influenciar.
O Código rompe, então, a clássica divisão estanque de tarefas entre o juiz e as partes,
em que estas se preocupavam, exclusivamente, em provar os fatos afirmados, ao passo que
aquele se restringia a fazer a subsunção do material fático ao texto normativo considerado
por ele como sendo o juridicamente adequado ao caso. Tal realidade não se justifica num
terreno em que se afirma o contraditório dinâmico e a cooperação.
Portanto, é nesse passo que o art. 10 preconiza que, “em qualquer grau de jurisdição, o
órgão jurisdicional não pode decidir com base em fundamento a respeito do qual não se tenha
oportunizado manifestação das partes, ainda que se trate de matéria apreciável de ofício”. O
modelo apresentado pela redação do texto legal incentiva a ativação do contraditório prévio,
a impedir (ou pelo menos inibir) que o juiz decida, com base em algum fundamento de fato
ou de direito, que não tenha havido participação das partes.
16. O contraditório padrão segue um procedimento base como regra geral: 1) petição inicial (pedido); 2) contradi-
tório-comunicação (citação da parte contrária); 3) contraditório – possibilidade de influência (defesas do réu); 4)
decisão judicial motivada. É essa arquitetura que é aplicada, indubitavelmente, na maioria dos casos.
17. O contraditório diferido segue o seguinte procedimento: 1) petição inicial; 2) decisão judicial provisória; 3) ativa-
ção do contraditório diferido (informação + poder de reação); 4) decisão judicial definitiva motivada.
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Questão de Concurso
Ź (CESPE. Advogado – Banco da Amazônia. 2007)18: como o julgador não se encontra adstrito a decidir
de acordo com os fundamentos legais apontados nos autos, não há decisão extra petita quando o
juiz examina o pedido e aplica o direito de acordo com normas jurídicas diferentes das apontadas
nos autos. Essa liberdade conferida ao julgador também deve compatibilizar-se com o princípio do
contraditório.
O art. 10 veda que o juiz, sem ativação do contraditório, agregue à sua decisão questão
de direito, que não foi ventilada por nenhuma das partes. Tal dispositivo é mais um coro-
lário do julgamento justo e impõe ao juiz o dever de chamar a atenção das partes para qual-
quer fator que avalie de forma díspar, a proteger as partes contra decisões desconcertantes.
Nesse sentido, orienta o enunciado 282 do FPPC: “para julgar com base em enquadramento
normativo diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe observar o dever de consulta,
previsto no art. 10”.
Atente-se para o fato de o sistema brasileiro estender a proibição de surpresa, inclusive, às
decisões de ofício do juiz19. Portanto, sempre que o magistrado for decidir de ofício (acerca de
questões de fato ou de direito), antes, ele deve garantir a manifestação das partes a influenciar
a decisão jurisdicional.
Veja-se o exemplo em que o juiz, de ofício, decreta prescrição da pretensão, cuja exigibi-
lidade estava a ser tempestivamente exercida, a considerar fator interrupção. A intimação das
partes, aí, para se pronunciarem a respeito de uma terceira via elegida pelo juiz, poderia evitar
todo um iter processual desnecessário, sem contar que traria o diálogo e a comparticipação
como elementos atenuadores da irresignação das partes e da propensão a interpor recursos.
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Auditor Federal de Controle Externo – Auditoria de Obras Públicas – TCU. 2011)20: “o princí-
pio do contraditório consiste em um verdadeiro diálogo entre as partes do processo, ou seja, deve-se
conceder a oportunidade de participar do procedimento a todo aquele cuja esfera jurídica possa ser
atingida pelo resultado do processo”
b) O contraditório no processo jurisdicional é plenamente satisfeito com a garantia de ser ouvido em todos
os momentos do procedimento
c) Se uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz poderá dispensar a oitiva da outra
parte, desde que repute que tal documento não influenciará a futura sentença.
d) O julgamento de embargos declaratórios pode se dar sem contraditório, mesmo nos casos em que há
eficácia infringente do recurso.
e) O exercício pleno do contraditório não se limita à garantia de alegação oportuna e eficaz a respeito de
fatos, mas implica a possibilidade de ser ouvido também em matéria jurídica.
c) ampla defesa: como extensão do contraditório, com o qual possui íntima conexão,
a ampla defesa se trata de garantia por meio da qual os sujeitos parciais do processo
têm assegurado o uso de todos os meios processuais disponíveis para a defesa de
seus interesses. É pelo direito de defesa que se potencializa o contraditório.
A garantia constitucional da ampla defesa tem, por força direta da Constituição, um conteúdo
mínimo, que independe da interpretação da lei ordinária que a discipline (STF. RE 255397/
SC. DJU 07.05.04). Não há afronta à garantia da ampla defesa no indeferimento de prova
desnecessária ou irrelevante. (STF. RE 345580/SP. DJU 10.09.04).
23. Aquele que imotivadamente atrasa o resultado final do processo (em desrespeito à boa-fé) comete assédio pro-
cessual.
Cap. I • NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 51
tação da atividade judiciária. Esses elementos podem impor variantes de tempo em casos
diversos, sem que ambos desrespeitem a duração considerada razoável24.
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Defensor Público Substituto. DPE/RN. 2015. ADAPTADA)25: Conforme o princípio constitucio-
nal da razoável duração do processo, não cabem dilações indevidas no processo, sendo que a demora
na tramitação do feito deve ser proporcional à complexidade do delito nele veiculado, bem como às
diligências e aos meios de prova indispensáveis a seu deslinde.
Ź (CESPE. Assistente em Administração. FUB. 2015. ADAPTADA)26: “o direito à razoável duração do
processo deve observar tanto a segurança jurídica quanto o direito de acesso à jurisdição efetiva,
prevenindo, com isso, que, a pretexto de maior celeridade, seja inviabilizada a tutela jurisdicional do
direito material”.
24. Nesse sentido aponta a jurisprudência do STJ ao deixar explícito que: “a alegação de exceção de prazo não pode
basear-se em simples critério aritmético, devendo a demora ser analisada em cotejo com as particularidades
complexidades de cada caso concreto, pautando-se sempre pelo critério da razoabilidade” (STJ, HC 263.148/SP,
Quinta Turma, Rel. Min. Marilza Maynard, j. 04.06.2013, DJe 07.06.2013).
25. Gabarito: Correto.
26. Gabarito: Correto.
27. Outra máxima que deve ser adotada para promover a duração razoável do processo é a de que no plano pro-
cessual tudo que não é imprescindível para o devido processo legal deve ser proibido. Diferentemente da esfera
material, a máquina judiciária só deve movimentar-se, caso haja uma necessidade justificável, para que todo
aparato jurisdicional não se sobrecarregue inutilmente e trabalhe no vazio, em vão.
52 PROCESSO CIVIL – Rinaldo Mouzalas • João Otávio Terceiro Neto • Eduardo Madruga
Essa garantia possui duplo viés. O primeiro refere-se, inequivocamente, a uma imposição
de que toda atuação do Estado-juiz deve ser pública e transparente, no sentido de ser possível
o alcance instantâneo pelo jurisdicionado de todos os atos praticados no iter processual. Essa
faceta veda julgamentos secretos e protege as partes contra uma atuação arbitrária e obscura
do magistrado. Tem por fito tornar o processo mais próximo e acessível ao cidadão, em
afirmação ao Estado Democrático de Direito.
A outra manifestação funciona como uma espécie de limitação e controle do poder juris-
dicional, para que tanto as partes, como qualquer interessado, possam fiscalizar a retidão e a
idoneidade dos comportamentos. Por isso, como orientam os precedentes advindos do Superior
Tribunal de Justiça, os atos processuais devem ser públicos. As audiências, as intimações,
os julgamentos... os próprios autos devem estar disponíveis a todos mediante amplo acesso
e informação (STJ. REsp 656070/SP. DJU 15.10.07). A publicidade deve, nestes termos,
robustecer a confiança no Poder Judiciário, a garantir o controle dos atos do processo.
IMPORTANTE! A Lei 13.146/2015 (estatuto da pessoa com deficiência), que entrou em vigor dia 03 de janeiro
de 2016, garante à pessoa com deficiência o acesso ao conteúdo de todos os atos processuais de seu interesse,
inclusive no exercício da advocacia, a concretizar de forma clara a isonomia material e a ampla publicidade dos
atos processuais.
Hoje, com a revolução digital e a massificação dos meios eletrônicos, o principal veículo
de intensificação da publicidade dos atos processuais é, sem dúvidas, a internet. O art. 193
do CPC prevê a possibilidade de os atos processuais serem produzidos, comunicados, arma-
zenados e validados por meio eletrônico. E assevera no art. 194 que os sistemas de automação
processual respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e seus
procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento. No mesmo passo, o art. 197
do CPC determina que os tribunais divulguem as informações constantes de seu sistema de
automação em página própria da rede mundial de computadores, a gozar a divulgação de
presunção de veracidade e confiabilidade.
A Constituição da República prevê a possibilidade de a publicidade ceder espaço à reserva
íntima e ao interesse social (art. 5º, LX). O Código tonifica essa publicidade restrita, a identi-
ficar os casos onde se permite o segredo de justiça, conforme dispõe o art. 189, nas seguintes
hipóteses: “em que o exija o interesse público ou social; que versem sobre casamento, sepa-
ração de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças
e adolescentes; em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo”.
A melhor intelecção para o art. 189 do CPC/15 é a que lhe confere a natureza meramente
exemplificativa, não excluindo outras hipóteses de mitigação à publicidade, de acordo com
as circunstâncias e necessidades do caso concreto. Essa mitigação é apenas extrínseca, porque
somente engloba terceiras pessoas, já que as partes e os advogados habilitados na causa não
se submetem a tais restrições. Nesse sentido, o § 1º do art. 189 do CPC/2015 determina que
nos processos que tramitem em segredo de justiça, somente as partes e os seus procuradores
poderão consultar os autos do processo e pedir certidões. E até mesmo a restrição a terceiros
pode ser mitigada, desde que o mesmo demonstre interesse jurídico na causa (§ 2º do art. 189).
Cap. I • NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 53
Questão de Concurso
Ź (FCC. Analista do CNMP. 2015): Segundo as regras da publicidade dos atos processuais, a consulta dos
autos em cartório, de processo que NÃO tramite em segredo de justiça28:
a) é permitida a qualquer pessoa, inclusive da imprensa.
b) pode ser feita apenas por advogados, constituídos ou não por qualquer das partes.
c) não pode ser deferida a terceiro sem interesse jurídico no processo.
d) é restrita a qualquer das partes e seus procuradores.
e) só pode ser deferida, para quem não for parte ou advogado, pelo juiz.
IMPORTANTE! A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que entrou em vigor dia 03 jan. 2016,
visando a garantir o acesso à justiça e a isonomia material, concede de forma expressa o benefício da prioridade
dos procedimentos judiciais aos portadores de deficiência. O art. 9º, VII, prescreve que a pessoa com deficiência
tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de tramitação processual e procedimentos
judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências.
g) motivação das decisões judiciais: o art. 93, IX, da Constituição determina que
toda decisão judicial seja fundamentada sob pena de nulidade. Tal exigência evita o
cometimento de abusos pelo juiz, possibilitando a análise pela instância superior da
decisão combatida29, além do que também permite o exercício da ampla defesa30.
Nas palavras do STJ, “a motivação das decisões judiciais, consubstanciada no art. 93,
IX, da Constituição, determina ao Judiciário a fundamentação de suas decisões, porque é
apenas por meio da exteriorização dos motivos de seu convencimento, que se confere às partes
a possibilidade de emitir valorações sobre os provimentos jurisdicionais e, assim, efetuar o
Questão de Concurso
Ź (VUNESP. Juiz de Direito. TJ/SP. 2008. ADAPTADA): A fundamentação obrigatória das decisões ou
sentenças tem em conta não apenas as partes e o órgão competente para julgar um eventual recurso,
mas também qualquer do povo, com a finalidade de se aferir em concreto a imparcialidade do juiz do
julgamento, a legalidade e a justiça das decisões31.
IMPORTANTE! A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que visa a garantir o acesso à justiça e
a isonomia material, determina que o poder público deve assegurar o acesso da pessoa com deficiência à justiça,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos, adaptações e recursos
de tecnologia assistiva (art. 79 do estatuto).
O art. 80 completa que devem ser oferecidos todos os recursos de tecnologia assistiva1 disponíveis para que a
pessoa com deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre que figure em um dos polos da relação pro-
cessual ou atue como testemunha, partícipe da lide posta em juízo, advogado, defensor público, magistrado ou
membro do Ministério Público.
Outrossim, prevê que, para garantir a atuação da pessoa com deficiência em todo o processo judicial, o poder
público deve capacitar os membros e os servidores que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Público, na
Defensoria Pública, nos órgãos de segurança pública e no sistema penitenciário quanto aos direitos da pessoa
com deficiência (art. 79, § 1º).
Questão de Concurso
Ź (FCC. Juiz de Direito. TJ/AP. 2014): O princípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdi-
cional32:
a) não se aplica ao processo civil, por ser de direito substancial constitucional.
b) não se aplica ao processo civil, por ser próprio do Direito Administrativo e do Direito Tributário.
c) aplica-se ao processo civil e significa a obrigatoriedade de o Juiz decidir as demandas propostas, quais-
quer que sejam.
d) aplica-se ao processo civil e significa que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário qualquer
lesão ou ameaça a direito.
e) aplica-se ao processo civil e significa que ninguém pode alegar o desconhecimento da lei para impedir a
prestação jurisdicional.
tivas, a dita ação constitucional só pode ser impetrada quando verificada a negativa do órgão
em dar acesso ao interessado às informações constantes em bancos de dados.
A Lei nº 12.016/2009, que regulamenta o mandado de segurança, conquanto dite que
o ingresso perante o Poder Judiciário está condicionado ao esgotamento das vias adminis-
trativas, estas podem ser renunciadas. Agora, se interposto recurso administrativo (que tem
a aptidão de reformar ou anular a decisão contra a qual foi interposto), a gozar ele de efeito
suspensivo, mostra-se desnecessária a impetração de mandado de segurança, a carecer o
impetrante de interesse processual.
O art. 7º da Lei nº 11.417/2006 dispõe que “da decisão judicial ou do ato administrativo
que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevida-
mente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros
meios admissíveis de impugnação”. Em seguida, estabelece o § 1º: “contra omissão ou ato
da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias
administrativas”.
A partir de uma primeira leitura do § 1º do art. 7º da Lei nº 11.417/2006, poder-se-ia
entender que sua redação restringiria o acesso ao Poder Judiciário porque, para fazer uso da
reclamação, necessitar-se-ia esgotar as vias administrativas. Não é isso o que estabelece o
texto legal. Apenas o uso da reclamação é que exige esgotamento das vias administrativas. O
controle jurisdicional estará garantido por intermédio de outros remédios processuais capazes
de regular o ato administrativo, mesmo sem o esgotamento das instâncias administrativas.
Duas situações curiosas se apresentam em razão da esteira de precedentes adotada pelos
tribunais superiores. A primeira delas diz respeito ao ajuizamento de ação judicial para
pedir a concessão de benefício previdenciário. A segunda diz respeito ao ajuizamento de
ação judicial para pedir a exibição de documentos. De acordo com o Supremo Tribunal
Federal, a primeira ação somente deve ser intentada se, previamente, formulado e indeferido
requerimento extrajudicial para a concessão do benefício previdenciário (STF. RE 631240/
MG. DJe 03.09.14). Isso também ocorre, de acordo com entendimento majoritário do
Superior Tribunal de Justiça, com a segunda ação, que também só deve ser intentada se,
previamente, formulado e indeferido requerimento extrajudicial para a apresentação dos
documentos (STJ. AgRg no AREsp 400664/RS. DJe 05.05.14). De acordo com os tribunais
superiores, a exigência de formulação de requerimentos extrajudiciais não caracterizaria
cerceamento à garantia do controle da prestação jurisdicional, porque estaria relacionada
ao interesse processual. A parte só preencheria tal condição da ação se indeferido o pedido
extrajudicial, já que, sem aquele, não existiria resistência da parte adversa a justificar o
exercício do direito de ação.
Apesar da garantia de inafastabilidade, o controle jurisdicional não é exclusivo do Poder
Judiciário, nem mesmo do Estado. Em algumas situações (como as exemplificativas que se
seguem), o Poder Legislativo tem competência para ofertar jurisdição (Senado Federal julgar
o Presidente da República pelos crimes de responsabilidade, caso a acusação seja aceita por
dois terços da Câmara dos Deputados), bem como pessoas estranhas ao Estado, como o
árbitro (em torno de questões relacionadas a direitos disponíveis) e os conselhos de classe
(relativamente ao mérito das infrações disciplinares).
Cap. I • NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 57
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Advogado. Telebras. 2015. ADAPTADA35): A decisão que extingue o processo sem resolução
de mérito ofende o princípio da indeclinabilidade da jurisdição, pois nela o Estado não presta a tutela
jurisdicional.
Questão de Concurso
Ź (VUNESP. Delegado de Polícia Civil de 1º Classe. PC/CE. 2015): Sobre o princípio do juiz natural, é
correto afirmar36:
a) faz referência à necessidade dos magistrados serem brasileiros, natos ou naturalizados.
b) tem relação com a prerrogativa de foro para determinadas pessoas, em razão do cargo ou função que
ocupam.
c) garante que o juiz que primeiro conhecer a causa deve necessariamente julgá-la.
d) dispõe sobre a forma de promoção dos juízes, por antiguidade ou por merecimento.
e) está ligado à competência jurisdicional, imparcialidade do órgão julgador e vedação aos tribunais de
exceção.
Ź (FGV. Técnico da Defensoria Pública do Estado da Rondônia. 2015)37: O princípio constitucional do
juiz natural identifica o juiz competente para o julgamento da causa com base em regras estabeleci-
das previamente à ocorrência do fato em questão. Esse princípio garante a imparcialidade da própria
pessoa do juiz.
Nesse sentido, o nosso ordenamento jurídico:
a) proíbe a instituição de juízo ou tribunal de exceção;
b) admite que se escolha o juízo da causa por foro de eleição;
c) proíbe que se ajuíze novamente uma mesma demanda quando a primeira foi extinta por carência de
ação;
d) proíbe a criação de varas especializadas nas comarcas;
e) admite que os juízes sejam substituídos, de ofício, pelo Presidente do Tribunal para julgar as demandas,
em casos de repercussão nacional.
O juiz natural também defende a pessoa física do juiz, ao impor o dever de imparcia-
lidade que deve pautar suas ações, evitando que assédios pessoais orientem os seus passos.
A imparcialidade de seus atos o aproxima da verdade. Para tal, a Constituição lhe oferece
garantias (art. 95) e lhe prescreve proibições (art. 95, parágrafo único).
Questão de Concurso
Ź (FUNIVERSA. Delegado de Polícia do Distrito Federal. 2015. ADAPTADA): O juiz natural é princípio
jurisdicional que visa a resguardar a imparcialidade e que pode ser desmembrado em tripla signifi-
cação: no plano da fonte, cabe à lei instituir o juiz e fixar-lhe a competência; no plano temporal, juiz
e competência devem preexistir ao tempo do caso concreto objeto do processo a ser submetido à
apreciação; e no plano da competência, a lei, anterior, deve prever taxativamente a competência,
excluindo juízos ad hoc ou de exceção38.
A imparcialidade não significa que o juiz deva participar do processo apenas como espec-
tador. É seu dever, para proferir um julgamento efetivo, conduzir o processo de modo a se
aproximar da verdade. Por isso, o juiz pode, de ofício, determinar a produção de determinada
prova (art. 370 CPC), sem que esteja a beneficiar propositalmente qualquer das partes (mesmo
porque não sabe, previamente, a quem vai favorecer o resultado). O objetivo é unicamente
aproximar o juiz da verdade. Assim, ele deve ser imparcial (imune à influência pessoal, polí-
tica, econômica ou outra de qualquer natureza), mas não deve ser neutro. A neutralidade
do juiz em relação às questões postas à solução é que denota risco à atuação jurisdicional.
A regra de distribuição de ação por dependência, quando o processo é extinto sem
resolução do mérito (art. 286, II, do CPC) concretiza nitidamente o juiz natural, pois visa a
evitar que sejam intentadas quantas ações sejam necessárias para a escolha de determinado
magistrado.
Questão de Concurso
Ź (ESAF. Procurador da Fazenda Nacional. 2015. ADAPTADA): A respeito do princípio do juiz natural,
julgue os itens a seguir e indique a opção correta39.
a) Constitui densificação de tal princípio a necessidade de distribuição por dependência quando, tendo
sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido.
b) Segundo esse princípio, o juiz que colheu a prova dos autos deve necessariamente proferir a sentença.
c) A jurisdição só pode ser exercida nos limites territoriais da respectiva comarca ou seção judiciária.
d) Nenhuma lesão ou ameaça a direito pode ser excluída da apreciação do Poder Judiciário.
e) Deverá o magistrado julgar, desde que fundamentada a decisão de acordo com as provas constantes dos
autos.
Questão de Concurso
Ź (VUNESP. Juiz – TJ/SP. 2014)41: Dentre os princípios elencados a seguir, não está previsto expressa-
mente na Constituição Federal de 1988 o princípio
a) do amplo e irrestrito acesso ao Poder Judiciário em caso de lesão ou ameaça a direito.
b) da publicidade das decisões judiciais.
c) do duplo grau de jurisdição.
d) da motivação das decisões judiciais.
mudança de mentalidade, que só é alcançada, muitas vezes, com uma carga imperativa legal
que fixe comportamentos, cuja violação incorra em sanções. Tais disposições imputam situa-
ções jurídicas aos intervenientes processuais, para que eles assumam uma postura colaborante
ao longo do processo.
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Auditor. TCE-RN. 2015. ADAPTADA): O princípio da cooperação processual se relaciona à
prestação efetiva da tutela jurisdicional e representa a obrigatoriedade de participação ampla de todos
os sujeitos do processo, de modo a se ter uma decisão de mérito justa e efetiva em tempo razoável42.
agindo de modo a evitar a ocorrência de vícios que extingam o processo sem resolução do
mérito e cumprindo os deveres mútuos de esclarecimento e transparência. Logo, o juiz tem o
dever de estimular, pelo diálogo, a correção dos defeitos processuais sanáveis para ultrapassar
tais vícios e resolver, de forma definitiva, o objeto litigioso do processo.
A cooperação impõe, assim, a formação de uma comunidade de diálogo/comunicação
entre os sujeitos processuais que devem ter como escopo maior o deslinde meritório. O
processo deve estar despojado de excessivas restrições formais e orientado pela solução defi-
nitiva da crise de direito instalada. Ademais, os deveres da cooperação irão injetar diálogo e,
ao mesmo tempo, prevenir que o processo seja extinto por questões formais injustificadas,
concretizando, assim, a prevalência do mérito.
O enunciado 372 do FPPC orienta que: “o art. 4º tem aplicação em todas as fases em
todos os tipos de procedimento, inclusive em incidentes processuais e na instância recursal,
impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios para examinar o mérito,
sempre que seja possível a sua correção”. Deve, portanto, haver uma busca incessante pela
satisfação do julgado, como máximo aproveitamento de atos processuais, e a consagração
de uma instrumentalidade valorativa e democrática do processo. As questiúnculas formais
não podem prevalecer sobre a substância do litígio. A “forma pela forma” não pode tolher,
distorcer ou condicionar o exame do mérito. Até porque a lógica da primazia na solução do
mérito é despotencializar e inibir comportamentos processuais imbuídos na arcaica práxis,
que buscam, ilogicamente, as invalidades formalísticas como um das principais armas para
extinção do processo43.
n) boa-fé objetiva processual (lealdade processual ou fair trial): a lealdade processual
tem amparo constitucional na cláusula do devido processo legal, estendendo-se a
43. Sem pretensão da exaustão, já que são inúmeras as regras concretizadoras da primazia do mérito, aponta-se,
algumas:
a) o dever geral de prevenção atribuído ao magistrado, que deve oportunizar, antes da prolação de qualquer
decisão extintiva sem resolução de mérito, a possibilidade da parte, se possível, corrigir o vício (art. 317 do CPC);
b) o art. 76 do CPC evidencia o dever geral do juiz de determinar a correção da incapacidade processual;
c) o art. 139, IX, impõe que o juiz tem o dever de determinar o suprimento dos pressupostos processuais e o
saneamento de outros vícios processuais;
d) o § 2º do art. 319 dispõe que “a petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que
se refere o inciso II, for possível a citação do réu”;
e) o art. 321 do CPC destaca o dever de prevenção, ao impor ao juiz o dever de intimar o autor para que emende
a petição inicial, corrigindo os vícios sanáveis especificadamente indicados por ele, medida que evita, ao máximo,
o indeferimento da petição inicial;
f) o art. 338 do CPC permite a correção da ilegitimidade passiva ad causam alegada pelo réu na contestação,
medida que substitui com mais eficácia a extinta intervenção de terceiro típica (nomeação à autoria), e evita a
extinção do processo por ilegitimidade das partes;
g) o art. 352 do CPC dispõe que, caso seja verificada irregularidades ou vícios sanáveis nas alegações do réu, o juiz
poderá determinar sua correção em prazo nunca superior a 30 dias;
h) o art. 485, § 7º do CPC permite que mesmo quando for proferida sentenças terminativas, a apelação interposta
contra tal decisão, confere ao juiz o poder de retratação em até 05 dias, medida que possibilita a retomada do
exame do mérito;
i) o art. 930 do CPC veda que o relator inadmita um recurso antes de oportunizar a correção dos vícios, como
ausência de documentação ou de representação.
j) o § 2º do art. 1.028 dispõe que o STJ e STF, com vistas a facilitar a decisão de mérito, poderão superar vício
formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção desde que não repute grave.
62 PROCESSO CIVIL – Rinaldo Mouzalas • João Otávio Terceiro Neto • Eduardo Madruga
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Procurador do Ministério Público. TCU. 2015. ADAPTADA): “No âmbito do processo civil, a
imputação de penalidades decorrentes da violação ao princípio da boa-fé limita-se ao autor e ao réu”44.
Contudo, há de se notar que existem dois sentidos para a boa-fé: a) boa-fé subjetiva
(estado/fato); b) boa-fé objetiva (princípio/standart). O primeiro é um estado psicológico,
um dado interno em que a pessoa encontra-se desprovida da intenção de prejudicar terceiros
exatamente porque não tem convicção a respeito da realidade dos fatos e da potencialidade
de lesão a direito de outrem. O segundo se consubstancia em elementos externos, de mais
fácil aferição. São arquétipos de conduta jurídica, que indicam como os centros de interesses
devem se comportar no decorrer de uma relação jurídica. Na boa-fé objetiva, não se analisa
a convicção. O magistrado examinará, objetivamente, se a conduta do indivíduo se adequa
a um modelo ideal pautado em padrões sociais médios de eticidade, de correção, de hones-
tidade e de lealdade.
Questão de Concurso
Ź (MS CONCURSOS. Juiz do Trabalho. 2009. ADAPTADA): Segundo a doutrina majoritária, a boa-fé
objetiva se contrapõe à má-fé, na medida em que aquela corresponde a um estado de ignorância a
respeito dos vícios que violam o direito alheio, tal qual se observa na boa-fé possessória, consagrada
no Código Civil brasileiro 45.
Assim, todo agir processual deve ajustar-se a um padrão objetivo de comportamento ético,
com vistas a garantir a estabilidade e a segurança no curso do processo. Trata-se, pois de um
parâmetro genérico em que todo comportamento processual deve ser aferido objetivamente
pelo magistrado que irá identificar se os comportamentos dos sujeitos processuais violam as
justas expectativas alimentadas durante a marcha processual.
Tal dispositivo (art. 5º do CPC) deve ser estendido, de igual modo, ao julgador, pois, a
cooperação no seu sentido jurídico se refere à ideia da formação de uma plataforma de boa-fé
e de confiança recíproca entre todos os sujeitos processuais.
A boa-fé objetiva possui uma tríplice função, que deve ser aplicada ao direito processual.
A primeira é interpretativa (hermenêutica), no sentido de que a interpretação do pedido,
dos atos postulatórios em geral47, como também das decisões judiciais, deve ser guiada por
padrões de lisura e eticidade. Acerca dessa função, o enunciado 378 do FPPC sustenta que a
boa-fé processual orienta a interpretação da postulação e da sentença, permite a reprimenda
do abuso de direito processual e das condutas dolosas de todos os sujeitos processuais e veda
seus comportamentos contraditórios.
A segunda é a função integrativa, por meio da qual se criam deveres anexos à relação
jurídica processual, que devem ser respeitados pela tríade processual (as partes e o juiz). É
dessa função que se extrai a cooperação, que implica numa relação cooperativa e leal entre as
partes e o juiz por intermédio dos deveres extraídos da cooperação (esclarecimento, consulta,
prevenção e auxílio).
E a terceira é a função limitadora, que visa a inibir o exercício abusivo de posições
processuais pelas partes e pelo juiz. A violação à boa-fé ocorre mesmo quando a ação ou
omissão esteja sob o manto de condutas processuais formalmente lícitas. A visão de que a
parte é “dona do processo” e que tem o poder de exercer a sua posição processual da forma
como bem entende, não encontra guarida em um processo estabelecido sob a boa-fé objetiva.
Questão de Concurso
Ź (VUNESP. Juiz de Direito. TJ/SP. 2008): O princípio da lealdade processual, se desatendido por qual-
quer das partes, em nada afetará a fundamentação do ato judicial, porque é assegurada aos procura-
dores plena e incondicionada liberdade de conduta no processo 48.
Nesse campo há grande contribuição das figuras parcelares da boa-fé objetiva, que
invocam padrões éticos e miram a retidão das condutas processuais com intento de estabilizar
as expectativas e sancionar a prática de abusos no exercício de faculdades, direitos ou ônus
processuais. Temos como desdobramentos da boa-fé objetiva o venire contra factum proprium,
a supressio, a surrectio e o tu toque.
O venire contra factum proprium possui plena aplicação no campo processual, ao vedar
de forma genérica comportamentos contraditórios tanto do juiz49, quanto das partes50.
47. Enunciado n. 285 do FPPC: A interpretação do pedido e dos atos postulatórios em geral deve levar em considera-
ção a vontade da parte, aplicando-se o art. 112 do Código Civil.
48. Gabarito: Incorreta.
49. Nessa toada, acertadamente, o enunciado n. 376 do FPPC: A vedação do comportamento contraditório aplica-se
ao órgão jurisdicional.
50. (...) O ato de recolher as custas processuais ao recurso é manifestamente incompatível com o pedido de gratui-
dade de justiça, por demonstrar que a parte tem condições de arcar com os encargos processuais. Preclusão
64 PROCESSO CIVIL – Rinaldo Mouzalas • João Otávio Terceiro Neto • Eduardo Madruga
Questão de Concurso
Ź (PGR. Procurador da República. PGR. 2015. ADAPTADA)51: O princípio da boa-fé objetiva proíbe que
a parte assuma comportamentos contraditórios no desenvolvimento da relação processual, o que
resulta na vedação do venire contra factum proprium, aplicável também ao direito processual.
Ź (PGR. Procurador da República. PGR. 2015. ADAPTADA): A preclusão lógica, segundo a moderna
doutrina, está intimamente ligada ao nemo potest venire contra factum proprium e incide sobre o
comportamento contraditório52.
Ź (FCC. Juiz Substituto. TJ/AL. 2015)53: Hamilton é condenado na sentença de Primeira Instância ao
pagamento de indenização, ao autor José Renato, no valor de R$ 10.000, 00, valor esse que é deposi-
tado com o acréscimo dos ônus sucumbenciais, sem ressalva, apelando em seguida no prazo legal de
quinze dias, com o devido preparo recolhido. Esse recurso
a) não será conhecido, por ter ocorrido preclusão temporal.
b) será conhecido, pois o depósito do valor da indenização é considerado requisito prévio de admissibili-
dade para interposição do apelo.
c) será conhecido, já que interposto no prazo legal e devidamente preparado.
d) não será conhecido, por ter ocorrido preclusão consumativa.
e) não será conhecido, por ter havido preclusão lógica.
Questão de Concurso
Ź (MS CONCURSOS. Juiz do Trabalho. 2009. ADAPTADA)55: consoante o direito comparado – especial-
mente o português e o alemão – e a doutrina brasileira majoritária, o venire contra factum proprium
é espécie de situação jurídica que denota violação à boa-fé objetiva, na medida em que se consubs-
tancia em duas condutas do mesmo agente, que isoladamente parecem lícitas, mas que, na verdade,
são contraditórias entre si – a segunda confronta a primeira –, e por tal razão violam os direitos e as
expectativas criadas na contraparte.
lógica [...]. (TJ-DF – APC: 20130111649990, Relator: GISLENE PINHEIRO, Data de Julgamento: 28/10/2015, 2ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 10/11/2015. Pág.: 225).
51. Gabarito: Correto.
52. Gabarito: Correto.
53. Gabarito: letra E.
54. A jurisprudência é vasta na aplicação desse desdobramento da boa-fé objetiva. Por exemplo, quando o judiciário
homologa um negócio jurídico processual de suspensão do processo (factum proprium), esse fato cria nos juris-
dicionados a legítima expectativa de que o processo só retomará a tramitar findo o prazo convencionado. De tal
maneira que a prática de um ato processual de ofício, logo em seguida à suspensão (publicação de sentença) con-
figura comportamento processual contraditório apto a ensejar dano ou potencialidade de dano à parte (perda do
prazo recursal).
55. Gabarito: Correto.
Cap. I • NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 65
Essa exigência de coerência e confiança foi bem percebida pelo enunciado 377 do FPPC,
o qual orienta que a boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a alteração,
decisões diferentes sobre uma mesma questão de direito aplicável às situações de fato análogas,
ainda que em processos distintos. De igual modo, o enunciado 297 do FPPC: “o juiz que
promove julgamento antecipado do mérito por desnecessidade de outras provas não pode
proferir sentença de improcedência por insuficiência de provas”.
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Auditor. TCE/RN. 2015)56: Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o
reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou violados, que tem cada um dos jurisdi-
cionados, não se harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado Democrático de Direito.
Comissão de Juristas – Senado Federal, PL n.º 166/2010, Exposição de motivos, Brasília, 8/6/2010.
Tendo como referência inicial o fragmento de texto anterior, adaptado da exposição de motivos do
Novo Código de Processo Civil, julgue os itens a seguir de acordo com a teoria geral do processo e as
normas do processo civil contemporâneo:
Admite-se que o juiz julgue antecipadamente o pedido, proferindo sentença de improcedência por insu-
ficiência de provas.
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Juiz Federal. TRF-2ª Região. 2013 – ADAPTADA)59: A supressio configura-se quando há a
supressão, por renúncia tácita, de um direito, em virtude do seu não exercício. A surrectio, por sua
vez, ocorre nos casos em que o decurso do tempo implica o surgimento de uma posição jurídica pela
regra da boa-fé.
E o tu quoque60, que também possui íntima relação com o venire contra factum proprium,
ocorre quando a parte alega a torpeza alheia, mas que lhe é própria. Aplica-se nas situações
em que se opera um comportamento que rompe com a fidúcia e surpreende uma das partes
da relação processual, colocando-a em posição injusta de desvantagem. Por isso, não pode
uma das partes da relação processual exigir um comportamento da parte contrária em circuns-
tâncias tais que ela mesma deixou de atender.
Questão de Concurso
Ź (CESPE. Titular de Serviços de Notas e de Registros. 2013. ADAPTADA): Em uma relação processual, a
ocorrência de comportamento que, rompendo com o valor da confiança, surpreenda uma das partes,
deixando-a em situação de injusta desvantagem, caracteriza o que a doutrina prevalente denomina 61
a) supressio.
b) venire contra factum proprium.
c) tu quoque.
d) exceptio doli.
e) surrectio.
63. Esse critério objetivo é essencial, pois ilógico seria que a formação da lista se desse no momento da distribuição,
pois o iter processual entre o ingresso da demanda e a conclusão para o julgamento, que envolve alegações ini-
ciais, produção de provas (depoimentos, testemunhas, perícias) e fase de audiência, pode ser bastante diverso a
depender da complexidade da causa. Destarte, exempli gratia, uma causa que demande uma perícia altamente
complexa, com a participação de diversos peritos e análise de diversos quesitos, poderia travar o regular anda-
mento dos demais processos, engessando todo poder judiciário.
68 PROCESSO CIVIL – Rinaldo Mouzalas • João Otávio Terceiro Neto • Eduardo Madruga
posta mesmo após a vigência da Lei 13.256/2016, garante uma maior legitimação dos atos
praticados, porque as partes poderão ter um controle do cumprimento da ordem, tornando
a atividade judicial mais previsível, a privilegiar a segurança jurídica e a viabilizar o controle
da atuação arbitrária do magistrado.
Há, porém, hipóteses de exceção à regra geral estipulada. Neles, o legislador ponderou a
disposição do art. 12 e acabou por permitir a exclusão da incidência da ordem cronológica nos
casos específicos do § 2º do art. 12 do CPC. Assim, estão excluídos da ordem cronológica:
as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar
do pedido; o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em
julgamento de casos repetitivos; o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de
resolução de demandas repetitivas; as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; o
julgamento de embargos de declaração; o julgamento de agravo interno; as preferências legais
e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; os processos criminais, nos órgãos
jurisdicionais que tenham competência penal; a causa que exija urgência no julgamento, assim
reconhecida por decisão fundamentada.
Para finalizar as possibilidades de exceção, tem-se mais duas hipóteses (que acabam por
concretizar a razoável duração do processo ao colocar o processo no primeiro lugar da lista
geral ou preferencial, a depender do caso): o processo que tiver sua sentença ou acórdão
anulado, salvo quando houver necessidade da realização de diligência ou de complementação
da instrução; no caso em que o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexamine
o processo de processo de competência originária, a remessa necessária ou recurso anterior-
mente julgado, se o acórdão recorrido, tenha contrariado a orientação do tribunal superior
(art. 1.040, II, CPC).
Com o caráter preferencial da ordem cronológica, deve-se interpretar referenciadas exce-
ções como um rol meramente exemplificativo, de tal maneira que o magistrado poderá,
desde que de forma fundamentada (e a não violar as demais garantias constitucionais, preser-
vando sempre a eficiência na gestão da unidade judiciária), proferir sentença ou acórdão fora
da lista cronológica.
Antevendo atitudes ardilosas, que objetivem procrastinar o julgamento, o legislador no
§ 4º do art. 12º, prevê que, no caso de formulação de algum requerimento pelo advogado,
o processo deve retornar à lista na mesma posição em antes se encontrava, exceto os casos
de reabertura de instrução e de conversão de julgamento em diligências, hipóteses em que o
processo retornará ao final da fila.
O Código é silente no que se refere à sanção a ser aplicada nos casos de descumprimento
da ordem cronológica estabelecida. Com a alteração promovida pela Lei 13.256/2016, esse
debate quase que se exaure, já que o dispositivo deixa de ser obrigatório à ordem, fato que já
afasta a necessidade de se prever uma sanção para caso de seu descumprimento. No entanto, se
verificar casuisticamente a burla à ordem (sem uma justa motivação ou que o critério adotado
pelo magistrado não é razoável), sob o enfoque administrativo será cabível representação
administrativa às corregedorias, que poderão atuar disciplinarmente.
Sob o viés processual, afasta-se a possibilidade de anular os atos processuais praticados
em processo, cuja sentença foi proferida fora da ordem cronológica de julgamento, por não
Cap. I • NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 69
se vislumbrar prejuízo direto das partes e ainda mais reforçado pelo caráter não obrigatório
da ordem cronológica.
E mais.
Por si só, o não atendimento da ordem cronológica não caracteriza imediata parcialidade
do julgador ou do serventuário, nem acarreta a imediata invalidade do ato processual64. Serve
apenas de indício a ser somado a outros elementos na averiguação de eventual parcialidade.
O Código prevê, ainda, como hipótese de sanção, a possibilidade de a parte preterida
reclamar ao juiz de erros na publicação de decisões judiciais que violem a ordem cronológica,
ocasião em que o servidor responsável pela publicação terá o prazo de 02 dias para prestar
informações. Se o magistrado constatar a violação à disposição do art. 12, terá o poder-dever
de determinar o cumprimento imediato do ato pelo servidor, bem como poderá suscitar a
instauração de procedimento administrativo contra ele.
Finalmente, o Código estabelece uma regra de transição entre o CPC/1973 e o CPC/2015.
De acordo com o art. 1.046, § 5º, a lista inaugural será formada entre os processos já conclusos
na data da entrada em vigor do CPC/2015 e deverá respeitar a antiguidade da distribuição dos
processos anteriores. Após o julgamento dos processos distribuídos anteriormente à elaboração
da lista, aplica-se a disposição do art. 12 do CPC/2015.
p) impulso à autocomposição do litígio (estímulo à resolução consensual dos
conflitos): o impulso à autocomposição está concretizado no art. 3º do Código, o
qual determina que o Estado promova, sempre que possível, a solução consensual
dos conflitos e prevê que a conciliação, mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores
público e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
A busca e o estímulo pelos desfechos consensuais deve ser uma constante durante toda
a marcha processual, inclusive nas instâncias recursais65, por ser um modo mais construtivo,
participativo e, muitas vezes, mais célere de se alcançar a solução efetiva.
Esse impulso aos meios consensuais tem a finalidade de potencializar o exercício da
liberdade das partes por meio de um terceiro (agente otimizador: mediador ou conciliador),
para que os centros de interesses em conflito cheguem a uma solução mais adequada ao
caso concreto. A conciliação e a mediação permitem que os litigantes participem ativa-
mente da formação da decisão judicial, sendo, eles próprios, os juízes do caso. Portanto, o
foco principal desse estímulo à autocomposição é primar pelo o apaziguamento das crises
de direitos de forma mais legítima e adequada. Em consequência, como efeitos indiretos
(mediatos) dos usos de tais técnicas é que se terá ganhos no desafogamento do judiciário
(fundamento funcional).
Além desses importantes meios de autocomposição (mediação ou conciliação) com a
intervenção otimizadora de um terceiro auxiliar, destaca-se a importância dada pelo Código à
64. Enunciado n. 486 do FPPC: A inobservância da ordem cronológica dos julgamentos não implica, por si, a invali-
dade do ato decisório.
65. Enunciado n. 371 do FPPC: os métodos de solução consensual de conflitos devem ser estimulados também nas
instâncias recursais.
70 PROCESSO CIVIL – Rinaldo Mouzalas • João Otávio Terceiro Neto • Eduardo Madruga
arbitragem, meio de heterocomposição e que se destaca como instrumento que visa a promover
a solução do caso concreto por meio de um árbitro escolhido pelas partes.
Questão de Concurso
Ź (FGV. Analista Judiciário. TJ/RJ. 2014): Há uma cultura do litígio enraizada na sociedade, cuja tendên-
cia é resolver os conflitos de forma adversarial. Nessas circunstâncias, os denominados meios alterna-
tivos de resolução de conflitos apresentam especial importância, com destaque para a mediação, na
medida em que possuem os seguintes objetivos, EXCETO66:
a) aliviar o congestionamento do judiciário;
b) promover a pacificação social;
c) democratizar o acesso à justiça;
d) promover a autocomposição da solução de controvérsias;
e) garantir a legitimidade dos ritos judiciais.
é a projeção da eficiência para o órgão jurisdicional. Com a previsão do art. 8º, ampliam-se
os horizontes da eficiência para abarcar a necessidade de gestão do processo jurisdicional em
si e não apenas da arquitetura judiciária. Essa nova face da eficiência possui um ponto de
intersecção com a gestão processual, pois a adequação procedimental do processo é um dos
instrumentos de promoção da eficiência.
r) princípio da efetividade: o art. 4º do Código inova ao consagrar, expressamente, a
efetividade quando determina que as partes têm o direito de obter em prazo razoável
a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. As disposições do Código
estão pautadas na busca pela efetividade. Instrumentos como as tutelas provisórias,
o julgamento antecipado do mérito, as tutelas específicas etc., foram pensados com
o intuito de concretizar a efetividade. De fato, de nada adianta uma decisão de
conhecimento se ela não possui efeitos práticos, sendo impassível de solucionar o
litígio (ainda que seja virtual).
s) iniciativa da parte para instauração do processo: o art. 2º do CPC concretiza
uma das facetas do princípio dispositivo69, segundo a qual não há jurisdição sem
inciativa da parte (nemo iudex sine actore). O campo da iniciativa da parte pouco foi
atingido pela cooperação, pois continua sendo da parte, regra geral, o monopólio
para proceder ao start processual.
O Código, no referenciado artigo, dispõe que: “o processo começa por iniciativa da parte
e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”. A primeira parte desse
texto concretiza o princípio da demanda (princípio dispositivo em sentido material), ao
assegurar a autonomia privada do indivíduo para autorreger seus interesses, preservando o
seu direito de optar ou não pelo exercício do direito de ação, privilegiando a capacidade de
cada um de ser protagonista das suas próprias escolhas.
Por mais ilógica que possa parecer a decisão de não acionar o Poder Judiciário, a ordem
jurídica respeita a autodeterminação do indivíduo, só havendo processo, por regra, com
provocação da parte (nemo iudex sine actore). Com efeito, quem é titular de um direito
subjetivo tem, sob sua propriedade, a possibilidade de dispor de tal direito extra ou judi-
cialmente. Entendimento contrário levaria a uma interferência nesse núcleo de decisão, o
que acabaria por alijar a autonomia individual. Portanto, a mitigação da iniciativa fica por
conta de raríssimas exceções impostas pelo próprio Código70. É o caso da arrecadação dos
oficiais de preparação e aperfeiçoamento como etapa obrigatória do processo de vitaliciamento dos juízes; c) a
criação do Conselho Nacional de Justiça, como um importante instrumento de controle da eficiência administra-
tiva, que tem o dever constitucional de zelar por uma atuação ágil, rápida e eficiente do poder judiciário.
68. Os termômetros desse viés da eficiência são, por exemplo, as despesas com recursos humanos, a arrecadação de
recursos, o gasto médio por processo, os percentuais de magistrados e de servidores por jurisdicionados, inves-
timentos em tecnologia da informação, tempo médio dos processos, e demais indicadores.
69. Importa salientar que o estudo do conteúdo jurídico do princípio dispositivo torna-se um tanto nebuloso em
razão da existência de vários conceitos e manifestações descritas pela doutrina que impedem certa unidade no
que toca ao tema. Por isso temos um termo plurissignificativo cujos contornos variam no espaço e no tempo, não
havendo clareza nem muito menos uma unidade interpretativa e doutrinária a seu respeito.
70. O art. 1.129 do CPC/73 permitia uma atuação “ex offício” do juiz na inciativa do processo, na chamada ação autô-
noma de exibição de documento contra terceiro detentor de testamento de testador falecido. O legislador supri-
miu essa possibilidade, obstaculizando o juiz de atuar, oficiosamente, na iniciativa desse processo, concedendo
apenas aos herdeiros, aos legatários, aos testamenteiros e a terceiros detentores de testamento, a legitimidade
para requererem a publicação do testamento, nos termos do art. 737 do CPC/2015.
72 PROCESSO CIVIL – Rinaldo Mouzalas • João Otávio Terceiro Neto • Eduardo Madruga
bens em razão da herança jacente, que o art. 73871 reproduziu o disposto no art. 1.142 do
CPC/1973, ao possibilitar, excepcionalmente, a atuação oficiosa do juiz, dando início ao
processo de arrecadação dos bens integrantes da herança jacente, em nítida preservação aos
interesses do Estado, que poderá eventualmente receber aqueles bens, caso não apareçam
herdeiros legítimos ou testamentários, nos termos da lei.
Questão de Concurso
Ź (FCC. Juiz Substituto. TJ-RR. 2015. ADAPTADO): Como nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional
senão quando a parte ou o interessado a requerer, em consequência nenhum procedimento judicial
pode ser iniciado de ofício pelo juiz, sem exceção72.
Questão de Concurso
Ź (VUNESP. Juiz de Direito. TJ-MT. 2009 – ADAPTADA)73: O princípio dispositivo em sentido material diz
respeito à possibilidade de a parte dispor do direito tutelado e, em sentido formal, refere-se à possi-
bilidade de a parte dispor das faculdades, direitos ou poderes processuais.
Ź (FCC. Juiz Substituto. TJ-RR, 2015. ADAPTADO)74: O princípio da congruência, decorrência própria do
princípio dispositivo, não incide no tocante às questões de ordem pública, que o juiz deve examinar de
ofício, por incidência do princípio inquisitório.
Ź (CESPE. Procurador do Estado. PGE-BA. 2014)75: Em razão do princípio jura novit curia, não há ofensa
ao princípio da congruência caso o juiz decida a causa atribuindo aos fatos invocados na inicial conse-
quência jurídicas não deduzidas na demanda.
A segunda parte do art. 2º do Código notabiliza o impulso oficial, porque, uma vez
dado início ao processo, ele se conduz por impulso oficial. Uma vez instaurado o processo, ele
se rege por impulso oficial, cabendo ao magistrado a realização de atos necessários ao desen-
volvimento do procedimento em geral, para que só assim o processo atinja os seus objetivos.
Afirma o impulso oficial a execução da sentença da prestação de fazer, não fazer ou dar
coisa distinta de dinheiro, expressas nos artigos 536 e 538 do CPC, que se operam sem a
necessidade de pedido da parte.
Todavia, o impulso oficial também comporta exceção, como ocorre na execução de
sentença, que impõe prestação de dar dinheiro, caso que se submete à necessidade de pedido
do exequente para dar continuidade ao cumprimento de sentença (art. 513, § 1º, CPC).
71. Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido
procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.
72. De acordo com o CPC/2015 a assertiva a seguir está INCORRETA.
73. Gabarito: Correto.
74. Gabarito: Correto.
75. Gabarito: Correto.
Cap. I • NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 73
5. SÚMULAS
Súmulas do STF
704. Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por conti-
nência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
Súmulas do STJ
358. O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial,
mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.
434. O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do débito.
6. ENUNCIADOS DO FPPC
82. É dever do relator, e não faculdade, conceder o prazo ao recorrente para sanar o vício ou complementar
a documentação exigível, antes de inadmitir qualquer recurso, inclusive os excepcionais.
83. Fica superado o enunciado 115 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC (“Na instância especial
é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”).
104. O princípio da fungibilidade recursal é compatível com o CPC e alcança todos os recursos, sendo apli-
cável de ofício.
224 A existência de repercussão geral terá de ser demonstrada de forma fundamentada, sendo dispensável
sua alegação em preliminar ou em tópico específico.
273. Ao ser citado, o réu deverá ser advertido de que sua ausência injustificada à audiência de conciliação ou
mediação configura ato atentatório à dignidade da justiça, punível com a multa do art. 334, § 8º, sob pena
de sua inaplicabilidade.
278. O CPC adota como princípio a sanabilidade dos atos processuais defeituosos.
281. A indicação do dispositivo legal não é requisito da petição inicial e, uma vez existente, não vincula o
órgão julgador.
282. Para julgar com base em enquadramento normativo diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe
observar o dever de consulta, previsto no art. 10.
297. O juiz que promove julgamento antecipado do mérito por desnecessidade de outras provas não pode
proferir sentença de improcedência por insuficiência de provas.
303. As hipóteses descritas nos incisos do § 1º do art. 499 são exemplificativas.
369. O rol de normas fundamentais previsto no Capítulo I do Título Único do Livro I da Parte Geral do CPC
não é exaustivo.
370. Norma processual fundamental pode ser regra ou princípio.
371. Os métodos de solução consensual de conflitos devem ser estimulados também nas instâncias
recursais.
372. O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclusive em incidentes
processuais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios para
examinar o mérito, sempre que seja possível a sua correção.
373. As partes devem cooperar entre si; devem atuar com ética e lealdade, agindo de modo a evitar a ocor-
rência de vícios que extingam o processo sem resolução do mérito e cumprindo com deveres mútuos de
esclarecimento e transparência.
374. O art. 5º prevê a boa-fé objetiva.
375. O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com a boa-fé objetiva.
376. A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional.
377. A boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a alteração, decisões diferentes sobre
uma mesma questão de direito aplicável às situações de fato análogas, ainda que em processos distintos.
74 PROCESSO CIVIL – Rinaldo Mouzalas • João Otávio Terceiro Neto • Eduardo Madruga
7. INFORMATIVOS
Informativos do STJ
Contraditório. Juntada. Documento.
[...] se à parte não é conferida oportunidade de se pronunciar a respeito de documento relevante para a
demanda, é evidente que o processo é nulo, por respeito ao indeclinável contraditório, sendo também esse o
entendimento jurisprudencial. [...] REsp 785.360-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 16/10/2008. 3ª T. (Info. nº 372).
Intimação. Baixa. Autos.
A decisão que conheceu do agravo de instrumento e deu provimento ao especial para afastar a prescrição
decretada foi reconsiderada para que o estado membro em questão, sucessor do banco réu e não citado nos
autos, fosse intimado para responder àqueles recursos. Contudo, o estado opôs embargos de declaração,
pretendendo que os autos retornassem às instâncias ordinárias para que lá ele apresentasse as respostas
aos recursos. Ocorre que não há razão para que se proceda ao pretendido retorno dos autos tão somente
para a apresentação de defesa, visto que isso acarretaria injustificado e desnecessário dispêndio de custas e
tempo, além de velada afronta aos princípios constitucionais da razoável duração do processo, da celeridade
e da economia dos atos processuais. Frise-se que a apresentação da defesa no momento processual em
que a causa se encontra não implica prejuízo ao recorrido, que tem acesso amplo aos autos e às suas peças
recursais. [...]. AgRg nos EDcl no Ag 1.108.525, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, j. 14.4.2011. 4ª T. (Info 469)
Boa-fé objetiva. Venire contra factum proprium.
[...] É imperiosa a proteção da boa-fé objetiva das partes da relação jurídico-processual, em atenção aos
princípios da segurança jurídica, do devido processo legal e seus corolários – princípios da confiança e da não
surpresa – valores muito caros ao nosso ordenamento jurídico. 9. Ao homologar a convenção pela suspensão
do processo, o Poder Judiciário criou nos jurisdicionados a legítima expectativa de que o processo só voltaria
a tramitar após o termo final do prazo convencionado. Por óbvio, não se pode admitir que, logo em seguida,
seja praticado ato processual de ofício – publicação de decisão – e, ademais, considerá-lo como termo inicial
do prazo recursal. 10. Está caracterizada a prática de atos contraditórios justamente pelo sujeito da relação
processual responsável por conduzir o procedimento com vistas à concretização do princípio do devido
processo legal. Assim agindo, o Poder Judiciário feriu a máxima nemo potest venire contra factum proprium,
reconhecidamente aplicável no âmbito processual. Precedentes do STJ. 11. Recurso Especial provido.” (REsp
1306463/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 11/09/2012).
8. SINOPSE
a incidência do conteúdo da constituição sobre os ordenamentos jurídicos, fazendo com que o tecido normativo
infraconstitucional seja lido e interpretado sob a ótica das regras e dos princípios constitucionais.
Modelo Cooperativo de Processo
É uma nova forma de organização processual que redistribui de forma mais equilibrada os poderes e as faculdades
processuais entre partes e o juiz, a formar uma comunidade de trabalho entre os sujeitos processuais.
Normas Fundamentais do Processo Civil
Segue o rol meramente exemplificativo de normas fundamentais (princípio e regras) que estruturam os pilares
estruturantes do CPC/2015. São elas: a) princípio do devido processo legal; b) princípio do contraditório dinâmico;
c) princípio da ampla defesa; d) princípio da razoável duração do processo; e) princípio da ampla publicidade; f)
princípio da isonomia; g) princípio da motivação das decisões judiciais; h) princípio da inafastabilidade do controle
jurisdicional; i) princípio do juiz natural; j) princípio duplo grau de jurisdição; l) princípio da cooperação; m) princípio
da primazia das decisões de mérito; n) princípio da boa-fé processual; o) regra da ordem cronológica; p) princípio
do impulso à autocomposição do litígio; q) princípio da eficiência; r) princípio da efetividade; s) princípio dispositivo.