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38º CONGRESSO BRASILEIRO DA ANCLIVEPA, 2017 - RECIFE/PE

O USO DE FLORAIS DE BACH PARA TRATAMENTO DE AGRESSIVIDADE EM


GATO – RELATO DE CASO
THE USE OF BACH FLORAIS FOR TREATMENT OF AGGRESSIVITY IN CAT -
CASE REPORT
Ednéia Paiva de Oliveira NORONHA1; Ana Amélia Domingues GOMES2, Cássia
Regina de Oliveira SANTOS3, Regina Wolf QUEIROZ3

1 Estudante de graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Vale do São


Francisco UNIVASF (edneia1612@hotmail.com)
2 Professora Doutora Adjunta da Universidade Federal do Vale do São Francisco UNIVASF
3 Médica Veterinária Hospital Veterinário Universitário – Universidade Federal do Vale do São
Francisco UNIVASF

Resumo: As terapias complementares são utilizadas em diversas situações clínicas


sendo a terapia floral uma destas possibilidades, contribuindo para o tratamento ou a
prevenção de doenças de natureza física, mental, emocional ou comportamental.
Trata-se de um tratamento benéfico, pois não interfere em um possível tratamento
alopático, podendo ser administrado concomitantemente com outras terapias. Além
do mais, não possui contraindicações. O presente relato descreve um caso de
agressividade progressiva em jovem paciente felino, poli traumatizado, com
sucessivas intervenções clínicas, indicado para tratamento alternativo com os florais
de Bach, as essências foram especialmente escolhidas para o caso. A resposta ao
tratamento foi positiva, rápida e satisfatória. O comportamento do animal foi alterado
positivamente logo após as primeiras doses, evidenciado por menor agressividade
com a tutora e também durante os procedimentos médicos dos quais era submetido
periodicamente para manutenção de sua higidez. Este relato propõe ressaltar a
utilização da terapia floral, como parte do tratamento, promovendo bem estar aos
pacientes acometidos de distúrbios físicos e comportamentais.
Palavras-chave: Felinos, estresse, equilíbrio emocional.
Keywords: Feline, stress, emotional balance

Revisão de literatura:
De acordo com Araújo et al (2008) para a cura das doenças faz-se necessário
a restauração do equilíbrio físico e emocional, consequentemente um estado de
harmonia e bem estar. Dessa forma, as essências florais que são compostos

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energéticos, ao serem absorvidos pelo organismo possuem propriedades capazes


de restabelecer estes desequilíbrios. Sendo os florais de Bach, reconhecidos pela
Organização Mundial de Saúde em 1956, mostrando efeitos benéficos em animais
ansiosos, agressivos e depressivos (SOUZA et al., 2006).
A terapêutica com essências florais, que vem sendo melhor utilizada e
difundida atualmente, baseia-se na busca do equilíbrio entre o corpo, mente,
emoção e o espírito (CAMARGO, 2009).
Atualmente, a terapia com florais é conhecida mundialmente, com mais de 20
diferentes sistemas de essências florais, num total de mais de 1.000 essências
diferentes. O fundador dessa terapia foi o médico inglês Edward Bach em 1930-36
(KÜBLER, 2005), que sugeriu que os métodos materialistas não erradicavam uma
doença, pois sua causa é considerada um desequilíbrio entre sua personalidade e
seu propósito de vida (BELTRÃO et al., 2012).
Conforme Paroni e Paroni (2003), Dr. Bach estudou e desenvolveu 38
essências que seriam as percursoras de todos os possíveis tratamentos que afligiam
a humanidade e os animais. Na sequência, as dividiu em sete grupos, sendo estes
grupos 1) do medo; 2) da incerteza e da Insegurança; 3) da falta de interesse no
presente; 4) da solidão; 5) da hipersensibilidade a influências e opiniões externas, 6)
do desalento e desespero e 7-) da possessividade. Assim organizou cada essência
ao seu respectivo grupo.
Os tratamentos com as essências florais de Bach podem ser utilizados na
medicina veterinária como terapia alternativa, principalmente para as alterações
comportamentais, tais como ansiedade, agressividade, medo, angústia, tristeza e
depressão. Os florais são produzidos a partir de uma solução que pode ser obtida
pelo método solar, quando as flores são recolhidas, colocadas em um recipiente
com água mineral e expostas à luz do sol por aproximadamente três horas, ou pelo
método de fervura, quando as flores são fervidas em água mineral. Na sequência,
em ambos os métodos a água com a essência das flores é colocada em frascos com
50% de conhaque, formando assim a “tintura-mãe” (PINTO, 2008).
Descrição do caso:
Foi atendido em um Hospital Universitário um gato, macho, SPRD, com
aproximadamente 1 ano de idade, com queixa de agressividade, possivelmente
decorrente ao histórico de repetidos procedimentos hospitalares devido a ter sido
resgatado pela atual tutora com fraturas múltiplas na região lombar e membros

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pélvicos, incontinência urinária e fecal. O animal apresentou vários episódios de


constipação, o qual foi submetido a procedimentos de realização de enema, com
frequência aproximadamente quinzenal. Sendo relatado agressividade progressiva
com a tutora após esses procedimentos.
Esta relatou ainda que após um quadro emergencial de obstrução intestinal
concomitante com obstrução urinária, após os procedimentos ambulatoriais, o
animal apresentou quadro de agressividade maior do que havia sendo observado
anteriormente, com relatos de várias mordidas e arranhões sempre que houvesse a
necessidade de manipulação do animal pela tutora, principalmente para a
administração da medicação prescrita (analgésico e antibiótico).
Desta forma, foi prescrito o tratamento alternativo com florais na tentativa de
regredir o comportamento agressivo e acalmar o animal. As essências prescritas
para a manipulação foram: Rock Rose, Star of Bethlehem, Impatiens, Crab apple e
Sweet Chestnut a posologia recomendada foi de 5 gotas 4 vezes ao dia. Após uma
semana, a tutora foi contactada para a reavaliação do comportamento do animal. E
novamente, após transcorridos 30 dias do início do tratamento.

Discussão:
As essências escolhidas para este caso, levaram em consideração o histórico
do paciente anteriormente traumatizado e às várias intervenções necessárias que
foram executadas ao longo dos meses para a manutenção de sua higidez. Apesar
de necessários, estes procedimentos podem gerar desconforto posterior, o que
contribui para a mudança de comportamento do animal, principalmente em gatos,
assim como o desenvolvimento progressivo de sua agressividade.
De acordo com os propósitos do Dr. Bach as essências dão suporte ao
paciente contra suas doenças, harmonizando a depressão, ansiedade, cada
essência tem como objetivo promover a cura física e mental, diminuindo as
sensações de medo, angustia e irritabilidade (PARONI & PARONI, 2003).
A essência Rock Rose do grupo do medo, foi escolhida por ser utilizada para
pacientes com sensação de terror e pânico, ajudando o indivíduo a encontrar a
calma, é considerado o remédio da salvação, resgata o estado mental de calma e a
coragem.
Enquanto Star of Bethlehem do grupo do desalento e desespero, prescrita
devido ao uso em situações traumáticas, devolvendo a calma e o conforto mental.

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A essência Impatiens do grupo da solidão, foi adicionada devido a auxiliar no


combate a impaciência e irritabilidade, trazendo a calma e a paciência, a fim de
readquirir o equilíbrio emocional (KÜBLER, 2005).
A essência Crab Aple do grupo foi escolhida por ser utilizada quando existe a
sensação de não estar limpo ou mesmo de nojo de si próprio, associada a sujeira.
Considerado o remédio da limpeza promove a catarse, ou seja, a eliminação das
sujeiras do corpo físico, mental ou psíquico.
A essência Sweet Chestnut do grupo foi utilizada, pois sua indicação é feita
para situações de angústia profunda em decorrência de uma dor muito grande, o
objetivo é trazer a tranquilidade, compreensão, desenvolve a paz mental (PINTO,
2008).
Administrado conforme a orientação, os relatos da tutora foram que o animal
apresentou melhora significativa logo após o início do tratamento com os florais,
principalmente nos primeiros dias, quando a agressividade foi em menor
intensidade, permitindo que houvesse a manipulação e a administração da
medicação sem que houvessem os transtornos anteriormente descritos. Foi relatado
ainda, a diminuição da vocalização, redução na hiperatividade e diminuição de
confrontos com os demais gatos da casa. Na percepção da tutora houve também
melhora para a contenção durante os enemas posteriores dos quais foram feitos
sem maiores dificuldades. Passados 30 dias do início do tratamento, a tutora alegou
que o comportamento no geral melhorou, o animal está menos agressivo do que era
antes da administração dos florais.

Conclusão:
O tratamento alternativo de animais com florais é ainda pouco conhecido na
rotina clínica veterinária, haja vista a dificuldade de encontrar relatos de casos
publicados sobre o assunto. Porém, é uma ferramenta alternativa da qual o médico
veterinário pode fazer uso associada ou não a terapêutica convencional, podendo
adaptar e criar inúmeras possibilidades de acordo as particularidades e
necessidades de cada paciente.

Referências:

Anais do 38º CBA, 2017 - p.1806


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ARAÚJO, R. F.; RÊGO, E. W.; COELHO, M. C. O. C.; Terapia Floral: uma


contribuição ao bem estar animal. Revista de Medicina Veterinária, Recife, v.2,
n.4, out-dez, 50-54p, 2008.

BELTRÃO, A.; ZOMER, C.; OLIVEIRA, C.; Avaliação dos Efeitos do Floral
Emergencial de Bach no Comportamento dos Cães do Canil da Universidade
Anhembi Morumbi. 2012. 80f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –
Faculdade de Naturologia, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2012.

CAMARGO, E, E.; Proposta de Tratamento Comportamental em Animais de


Abrigo Coletivo com a Utilização de Terapia Complementar – Floral. 2009. 92f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Faculdade de Medicina Veterinária da
Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, São Paulo, 2009.

KÜBLER, H. Bach flower therapy in small animal practice. In: World small animal
veterinary congress, 2005, México. Proceedings of the 30th World Small Animal
Veterinary Association, México: Federación Iberoamericana de Asociaciones
Veterinarias de Animales de Compañía , 2005. Disponível em www.ivis.org
acessado em 19 jan. 2017.

PARONI, M. e PARONI, C. Aprenda a ser feliz com os florais de Bach – Manual


Prático e com Foto das Flores do Dr. Bach. 2. ed. São Paulo: Câmara Brasileira
do Livro, 2003, 36, 100, 134, 137, 147p.

PINTO, J.; Florais para Cães. 1. ed. São Paulo: Butterfly Editora LTDA, 2008, 41-
43; 45-56p.

SOUZA, M.; GABERLOTO, M.; DENEZ, K.; MANGRICH, I. E. Avaliação dos


efeitos centrais dos florais de Bach em camundongos através de modelos
farmacológicos específicos. Revista Brasileira de Farmacognosia, 2006, v. 13, n.3,
365-371p.

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