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A terapia floral no controle


do estresse do professor enfermeiro
Floral Therapy in Control of Stress Nurse Teacher

Resumo O presente estudo teve como objetivo identificar a contribuição da


terapia floral no controle do estresse do professor enfermeiro. Trata-se de
uma pesquisa de abordagem quantitativa do tipo ensaio clínico randomizado,
cuja amostra final foi composta de 14 professores de enfermagem, os quais
foram divididos em dois grupos de sete participantes: um recebeu a inter-
venção por meio da utilização da fórmula floral e o outro, somente a fórmula
com brandy sem os florais, sendo denominado grupo controle. Aplicou-se
questionário antes e após o uso da terapia floral, para conhecer a opinião
dos trabalhadores de enfermagem sobre a utilização do floral no processo
de cuidado ao cuidador. Utilizou-se o teste de detecção do estresse baseado
em Baccaro1, para averiguar o nível de estresse dos professores antes e após
a utilização da referida terapia. Em relação aos resultados do teste aplicado
ao grupo controle, o nível de estresse intenso que apresentavam 71,43% dos
professores diminuiu para 28,57% após a utilização da terapia floral. No que
condiz aos objetivos propostos, pôde-se observar a contribuição de maneira
positiva dessa terapia para o controle do estresse do professor enfermeiro,
pois faz despertar em cada um a essência do cuidar de si mesmo, ou seja,
cuidar do seu corpo e de sua alma.
Palavras-chave docente; enfermeiro; estresse; florais.

Samira Hartkopf Botelho Abstract The present study aimed to identify the contribution of floral
Enfermeira graduada em Enfermagem pela therapy stress management teacher nurse. This is a quantitative research
Universidade do Extremo Sul de Santa Cata- approach of randomized clinical trial, whose final sample consisted of 14
rina (UNESC).
nursing teachers, which were divided into two groups of seven participants:
E-mail: samibotelho@hotmail.com
one group received the intervention through the use of formula and other
Maria Tereza Soratto* floral only the formula with floral brandy without being called control group.
Professora do curso de Enfermagem e A questionnaire was applied before and after the use of flower essence the-
Fisioterapia da UNESC, mestre em Educação
rapy, to know the opinion of nursing staff on the use of floral in the process
(Universidade do Sul de Santa Catarina - UNI-
SUL – Tubarão – SC), especialista em Terapia of care to the caregiver. We used the test to detect stress-based Baccaro1, to
Floral pela Pontifícia Universidade Católica do determine the stress level of teachers before and after use of this therapy.
Rio Grande do Sul (PUC-RS), especialista em Regarding the results of the test applied to the control group, the level of
Plantas Medicinais pela Faculdade Bagozzi, intense stress that 71.43% of teachers had decreased to 28.57% after the use
Paraná, e graduada em Enfermagem pela Uni-
versidade Federal de Santa Catarina – UFSC
of flower essence therapy. In that match the proposed objectives, we could
– SC. E-mail: guiga@unesc.net observe a positive contribution of this therapy for stress management teacher
nurse because awakens in each of the essence of caring for yourself, or take
* Correspondência care of your body and his soul.
E-mail: guiga@unesc.net
Keywords teacher; nurse; stress; floral.

Sáude em Revista
A terapia floral no controle do estresse 31
Samira Hartkopf Botelho; Maria Tereza Soratto

Introdução (OMS) desde 1956. Os florais, como um


instrumento de trabalho terapêutico,
Para Rossi Perrewé e Sauter2, “As devem ser entendidos também como
organizações começaram a se dar conta de expressão de uma forma de pensar, sentir e
que o stress relacionado ao trabalho é um atuar na vida em geral.5
fator que contribui para o desenvolvimento A terapia floral constitui-se numa
de distúrbios funcionais, problemas psicos­ importante prática de atenção à saúde,
somáticos e doenças degenerativas”. contribuindo para uma maior resolubili­
O estresse está associado a sensações dade e humanização do cuidado.6
de desconforto, desencadeantes de reações A partir dessas reflexões, delineou-se o
físicas e emocionais, sendo relacionado seguinte problema de pesquisa: Qual é a
com a percepção do indivíduo sobre a contribuição da terapia floral no controle
situação vivenciada. do estresse do professor enfermeiro numa
Tratando-se de estresse laboral, ele está universidade do extremo sul de Santa
vinculado aos trabalhadores da área que Catarina?
exercem suas funções na área do cuidado Cabe ressaltar que as terapêuticas
e, por isso, que mantêm contato direto holísticas incitam mudanças em hábitos
com as pessoas3, no caso deste estudo, o de vida e estimulam a participação ativa
professor enfermeiro. do sujeito, objetivando a qualidade de
A Organização Internacional do vida e o viver em equilíbrio através do
Trabalho considerou o estresse como uma autoconhecimento.6
das principais causas de abandono da Este estudo teve como objetivos:
profissão docente, considerando a docência identificar o nível de estresse dos professores
como uma profissão de risco físico e mental.4 de enfermagem, com base em Baccaro1;
A docência universitária comporta averiguar os principais fatores produtores
em sua natureza uma diversidade de de estresse entre o grupo pesquisado;
atribuições, exigências e desafios que iden­tificar as estratégias utilizadas pelos
arti­
culados poderão contribuir para o professores enfermeiros para o enfrenta­
desenvolvimento do estresse ocupacional.4 mento do estresse e a contribuição da
De acordo com o exposto, considera-se terapia floral no controle deste.
de fundamental importância o estudo do
estresse laboral do professor enfermeiro Estresse do professor
e o uso da terapia floral como uma das enfermeiro
propostas de intervenção baseada numa
visão holística e integral do ser humano. No século XIV surgiram os primeiros
Hoje, os Florais de Bach ou Remédios significados para a palavra estresse , que é
Florais de Bach (RFB) consistem em um originária do latim: “aflição” e “diversidade”.
tipo de medicação alternativa que é usado Além desses, outros significados foram
intensamente, seja de forma isolada ou atribuídos ao estresse, como “opressão e
associado à medicação alopática, sendo desconforto”.7
reconhecidos como tratamento natural O estresse pode ser definido como
pela Organização Mundial da Saúde uma resposta do organismo, possuindo

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componentes físicos e/ou psicológicos, Como resposta ao estresse laboral


que pode ir desde a profunda irritação até crônico, manifesta-se o burnout, síndrome
mesmo a imensa felicidade.7 do fim do século que aflige trabalhadores que
Lipp7 salienta que o estresse emocional atuam em contato direto com os usuários
é uma “reação complexa e global do dos serviços que executam, afetando
organis­mo, envolvendo componentes físi­ principalmente aqueles encarregados de
cos, psico­ ló­
gicos, mentais e hormonais, cuidar de pessoas, ou seja, profissionais da
que se desenvolve em etapas ou fases”, e educação e saúde.3
propõe um modelo quadrifásico para o
estresse composto por fases, conforme [...] o educador faz parte do tipo de trabalhador
des­critas na sequência. que vem sendo chamado de care-givers,
doadores de cuidado, como os enfermeiros ou
Fase de alerta: inicia-se quando a pessoa assistentes sociais: desenvolve um trabalho onde
se confronta com um agente estressor cuja a atenção particularizada ao outro atua como um
principal função é afetar a homeostase, diferencial entre fazer e não fazer sua obrigação.3
fazendo com que o equilíbrio interno do
organismo se quebre. Isso ocorre devido a O estudo do estresse especificamente no
uma ação exagerada do sistema simpático caso do professor enfermeiro não poderia
e desaceleração do sistema nervoso deixar de associar duas profissões que
parassimpático em alguns momentos de são consideradas geradoras de alto nível
tensão. É nesse momento que o organismo de estresse e burnout, caracterizadas pelo
se prepara para decidir entre lutar ou fugir. processo relacional e de cuidado da profissão.8
Fase de resistência: pelo fato de o estressor A pesquisa dos fatores estressantes
ser de longa duração, o organismo entra no meio educacional deve relacionar o
na fase de resistência tentando reparar a estresse com as características pessoais do
homeostase. A energia adaptativa de reserva professor (história de vida, personalidade,
é utilizada nesse processo; se essa energia autoconhecimento, vida familiar) e a
for suficiente, o organismo se recuperará e atividade laboral propriamente dita do
ficará livre do estresse. Porém, se o estressor professor (condições de trabalho, processo
tiver forte intensidade e a energia adaptativa ensino-aprendizagem, gestão acadêmica,
dos indivíduos não conseguir suprir essa ambiente organizacional, formação perma­
necessidade, o organismo se enfraquecerá, nente, relacionamento interpessoal com
tornando-se vulnerável a doenças. Se nessa professores e alunos). O conhecimento
fase o estressor for eliminado ou controlado, das causas do estresse do professor e sua
o organismo se restabelecerá e o processo de influência sobre a ação pedagógica pode
estresse terminará. propiciar meios de preveni-lo e melhorar a
Fase de exaustão: caso o organismo qualidade de vida no trabalho.9
do indivíduo não utilizar técnicas para o Para Morillejo e Muñoz10, a enfermagem
controle do estresse ocorrerá um aumento é uma área profissional vulnerável a
da estrutura linfática, a exaustão psicológica agravos causados pelos riscos que trazem
em forma de depressão aparecerá, e aos trabalhadores, pois, além de existirem
a exaustão física irá se manifestar, os do próprio ambiente de trabalho, como
promovendo o aparecimento de doenças.7 iluminação, ruídos, radiações, temperaturas

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altas, riscos de contaminação por material do cansaço físico; Scleranthus, sofrimento


químico e biológico, há também a sobre­ em decorrência do modo de agir; Walnut,
carga de trabalho, que implica em para momentos de mudança; White
quantidades excessivas de horas e muitas Chestnut, para a mente agitada; Rescue
tarefas a serem realizadas simultaneamente Remedy usado para o equilíbrio da mente
em pouco tempo. Existe ainda um elemento e do corpo.13
característico do trabalho na área de – Floral Australiano: Black Eyed Susan,
enfermagem: as relações interpessoais esta­ para pessoas que estão sempre com pressa
be­lecidas com os familiares dos pacientes, e se esquecem de si mesmas.14
as quais são carregadas de emoções, – Florais Californianos: Madia, para
sentimentos, frustrações, tensão e, muitas pessoas que se distraem facilmente; Shasta
vezes, até hostilidade. Dayse, essência útil para pessoas envolvidas
com a escrita, o ensino.13
Terapia floral
Metodologia
Os Florais de Bach são essências
extraídas das flores que valorizam a nossa Este estudo trata-se de uma pesquisa
essência, trazendo o equilíbrio de volta quantitativa, utilizada para identificar as
ao nosso organismo. Dr. Bach encontrou contribuições da terapia floral no controle
agentes em flores, com os quais criou 38 do estresse ocupacional de um grupo de
essências. A trigésima oitava, a essência professores do curso de enfermagem de
floral para o estresse, recebeu o nome de uma universidade do extremo sul de Santa
Rescue Remedy [remédio da salvação], que Catarina.
continha em sua fórmula uma combinação O delineamento do estudo foi feito por
de cinco florais em um único preparo meio de um ensaio clínico randomizado,
(Impatiens, Star of Bethlehem, Cherry uma vez que foram analisados os efeitos
Plum, Rock Rose e Clematis), para situações de uma intervenção sobre um grupo de
emergenciais e sofrimentos.11 trabalhadores.
Segundo Monari12, o “método da cura”, Participaram deste estudo 14 professores
com a terapia floral do Dr. Bach, consiste no enfermeiros, sendo constituídos dois grupos
autoconhecimento do nosso corpo e mente. para análise: um de intervenção e o outro
Destacam-se, dessa forma, alguns florais de controle, sendo que o primeiro recebeu a
que podem ser utilizados na prevenção terapia floral e o segundo apenas o placebo
e no controle do estresse, os quais são (brandy). Em razão de o estudo ter sido
apresentados a seguir. um ensaio clínico randomizado, nenhum
– Florais de Bach: Gentian, para pessoas professor sabia a qual grupo pertencia.
que enfraquecem facilmente diante de A seleção dos professores ocorreu segundo
problemas; Larch, para o indivíduo que os critérios de inclusão e exclusão: os professores
tem o medo e a insegurança presentes em deviam ser graduados enfermeiros e docentes
sua vida; Mimulus, constante ansiedade na do curso de enfermagem e não podiam
vida; Mustard, sentimentos de desânimo e fazer uso de ansiolíticos, antidepressivos e
desespero; Olive, para alívio dos sintomas inibidores de apetite.

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Aplicou-se um questionário antes e após (intervenção e placebo) foi realizado


a utilização da terapia floral, para verificar um sorteio, em que sete professores
os principais fatores produtores de estresse participaram do grupo de controle e sete
entre o grupo pesquisado, identificar as do grupo de intervenção.
estratégias utilizadas pelos professores Entre os componentes da fórmula floral
enfermeiros no enfrentamento do estresse indicada para os professores enfermeiros,
e a opinião deles sobre a utilização da utilizou-se os seguintes:
terapia floral. – Florais de Bach: Gentian (desânimo por
Utilizou-se o teste de estresse de motivo – depressão); Larch (autoconfiança);
Baccaro1, com o qual foi possível averiguar Mimulus (medo conhecido); Mustard
o nível de estresse dos professores antes (tristeza, melancolia); Olive (exaustão física-
e após a utilização da terapia floral. O mental); Scleranthus (indecisão); Walnut
teste de Baccaro1 determina os níveis de (proteção, individualidade); White Chestnut
estresse (sem estresse, moderado e intenso) (preocupação); Rescue Remedy (ansiedade);
a partir destas respostas: não tenho tido  – Floral Australiano: Black Eyed Susan
problemas (o ponto), ocasionalmente (1 (organização mental);
ponto), frequentemente (2 pontos). O teste  – Florais Californianos: Madia e Shasta
relaciona a seguinte sintomatologia ao Dayse (concentração).
nível de estresse: dor de cabeça, insônia, Utilizou-se frasco âmbar de 30 ml,
fadiga, comer em excesso, prisão de ventre, manipulado com 25% de brandy, sendo
dor na parte inferior das costas, ulcera aplicado, via sublingual, sete gotas três
péptica, nervosismo, pesadelos, pressão vezes ao dia durante um mês.
arterial alta, mãos e pés frios, ingestão A participação na pesquisa ocorreu
de álcool ou consumo de remédios sem após a assinatura do Termo de Consen­
receita, palpitações cardíacas, indigestão timento Livre e Esclarecido. O projeto
gástrica, dificuldades sexuais, pensamentos foi encaminhado ao Comitê de Ética
preocupantes, náuseas ou vômitos, irrita­ em Pesquisa com Seres Humanos da
bilidade, enxaqueca, acordar cedo demais, Universidade do Extremo Sul Catarinense
perda do apetite, diarreia, dor nos músculos (UNESC), sendo aprovado pelo processo
do pescoço e ombros, acesso de asma, nº 123/2009 dessa instituição.
período de depressão, artrite, resfriado
ou gripe comum, pequenos acidentes e Apresentação dos resultados
sentimentos de raiva. O diagnóstico é
determinado a partir da somatória dos De acordo com os dados levantados
pontos: menos de quatro pontos significa nesta pesquisa, constatou-se o seguinte:
sem estresse; entre quatro e 20 pontos, • a enfermagem e a docência são pro­
estresse moderado; mais de 20 pontos, fissões predominantemente femi­­
estresse intenso. ni­nas, conforme resultados deste
A escolha da fórmula floral foi realizada estudo, no qual 92,85% dos professores
conforme a sintomatologia do teste enfermeiros eram do sexo feminino;
de Baccaro1 associado ao resultado do • a faixa etária dos professores pes­
questionário. Para a escolha dos grupos quisados era de 25 a 55 anos;

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• em relação ao estado civil: 64,28% entre outros, demonstrando o impacto da


eram casados; 28,57%, solteiros; e atividade laboral ligadas às profissões que
7,14%, viúvos; implicam ajuda.
• o tempo de formação e de atuação A sintomatologia do estresse mais
dos professores era de três a 32 anos; citada foi o desânimo (42,85%), seguido de
• a dupla jornada de trabalho foi alterações no padrão do sono, dificuldades
descrita em 92,85% dos relatos; na memória, irritabilidade (35,71%) e
• no tocante à percepção do estresse, cansaço (28,57%).
78,57% dos professores se sentiam A OMS aponta o estresse como fator
estressados e 21,43% não se conside­ gerador de risco para várias doenças.
ravam estressados. O estresse vem sendo apontado pela
Organização Mundial de Saúde como o fator de
A saúde ocupacional do professor deve risco que mais cresce no mundo para doenças
ser pesquisada como forma de buscar uma cardíacas (taquicardias, anginas, infartos,
derrames), digestivas (azia, esofagite, gastrite,
melhor qualidade de vida no trabalho. úlceras, diarréias, doenças inflamatórias
As sintomatologias associadas ao estresse intestinais), osteo­mus­culares (lombalgias,
relatadas pelos professores foram desânimo, tensão muscular, tenossinovites, dores cervicais
insônia, dificuldade de concentração, e cefaléias) e psiquiátricas. Além dessas, ainda
participa da história natural de doenças
irritabilidade, cansaço, palpitação, enxaqueca auto-imunes, infecciosas, endocrinológicas,
e cefaleia, ansiedade, dor, indecisão, alteração degenerativas, passando por alterações de sono,
na alimentação e insegurança profissional, de sexualidade e de apetite.15

Quadro 1 – Sintomas referentes ao estresse percebidos pelos professores

Nº de
Sintomatologias percebidas pelos professores %
professores
Desânimo, angústia e desconforto interno, sensação de vazio. 6 42,85%
Insônia, alteração do sono. 5 35,71%
Dificuldade de concentração, memória. 5 35,71%
Irritabilidade, impaciência. 5 35,71%
Cansaço. 4 28,57%
Palpitações, taquicardia. 3 21,43%
Enxaqueca, cefaléia. 3 21,43%
Ansiedade. 3 21,43%
Dores nas articulações, dores na região cervical e ombros. 2 14,28%
Indecisão. 2 14,28%
Alteração na alimentação, dificuldade para manter peso ideal. 2 14,28%
Insegurança profissional, sensação de não dar conta das atividades. 2 14,28%
Outros: perda do apetite; apatia; piroze (azia); baixa autoestima; deglutição
prejudicada; sensação de incapacidade para resolver os problemas; tremor
1 7,14%
nas pálpebras; hipertensão arterial; alterações na comunicação – fala pouco
ou fala muito –; isolamento social e vontade de sumir; utilização de cafeína.

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A maioria dos professores considerou sua profissão estressante (85,71%), ou seja,


somente 14,28% não a julgaram assim.
Quando questionados sobre os fatores produtores de estresse, 28,57% dos professores
consideraram a falta de tempo para organização de atividades e responsabilidade pela
formação do aluno, 21,43% referiram a necessidade de atualização profissional constante,
dupla jornada de trabalho, atividades extraclasse e cobrança institucional.

Quadro 2 – Fatores produtores de estresse na profissão considerados pelos professores


Nº de
Fatores produtores de estresse %
professores
Responsabilidade pela formação do aluno, preocupação com o
4 28,57%
aprendizado do aluno.
Falta de tempo para organização e preparação das aulas. 4 28,57%
Atualização profissional constante. 3 21,43%
Dupla jornada de trabalho. 3 21,43%
Atividades extraclasse. 3 21,43%
Cobrança institucional. 3 21,43%
Informatização e globalização do conhecimento. 2 14,28%
Processo de avaliação do aluno. 2 14,28%
Outros: imediatismo; estágios teóricos e práticos; preocupação
com os filhos; carga horária de trabalho excessiva e tripla jornada
de trabalho; excesso de atividades; pouca resolutividade; falta de 1 7,14%
recurso; falta de interesse do aluno; processo de trabalho; falta de
autonomia; atenção ao usuário, responsabilidade ao outro.

Múltiplos fatores contribuem para desencadear o estresse associado ao oficio docente:


excesso de atividades; falta de condições adequadas de trabalho; cobranças institucionais;
necessidade de avaliação permanente; jornada de trabalho; baixa remuneração; incertezas
quanto a carga horária; descompromisso dos alunos ; dificuldades inerentes a avaliação
dos alunos e administração do tempo.4
No Quadro 3, são apresentadas as variadas estratégias que os professores utilizavam
para enfrentar o estresse, sendo as mais utilizadas: atividade física e dedicação à família
(42,85%); lazer (35,71%); rede de interação (28,57%); uso de chás, espiritualidade e nutrição
(21,43%).

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Quadro 3 – Estratégias utilizadas pelos professores no enfrentamento do estresse


Nº de
Estratégias utilizadas no enfrentamento do estresse %
professores
Atividade física, caminhada, andar de bicicleta. 6 42,85%
Dedicação à família. 6 42,85%
Lazer em fins de semana, assistir a filmes, ler algo diferente, viagem. 5 35,71%
Rede de interação social, diálogo com amigos. 4 28,57%
Leite quente com mel, chás. 3 21,43%
Espiritualidade. 3 21,43%
Nutrição, boa alimentação. 3 21,43%
Exercício de relaxamento, respiração abdominal, alongamento. 2 14,28%
Terapia floral. 2 14,28%
Ouvir música. 2 14,28%
Massoterapia, drenagem linfática. 2 14,28%
Descanso no fim de semana. 2 14,28%
Organização do processo de trabalho, do tempo. 2 14,28%
Outros: pescar; atividades opostas ao cotidiano; trabalhar com terra,
plantar flores; contato consigo mesmo; sono e repouso – oito horas
diárias; pensamento positivo, otimismo; conhecimento dos próprios
1 7,41%
limites; fazer compras; trabalhar com o que gosta e ter domínio no
processo de trabalho; banho quente; aula de dança de salão; expressão
dos sentimentos.

De acordo com os resultados obtidos por meio do teste de detecção do estresse dos
professores antes da utilização da terapia floral, observou-se que 50% apresentavam
estresse moderado e 50%, estresse intenso.

Tabela 1 – Índices apresentados pelos docentes no Teste de Estresse de Baccaro1 – Grupo


pré-intervenção
Nível de stresse nº de professores %
Nenhum - -
Moderado 7 50%
Intenso 7 50%
Total 14 100%

Em relação aos resultados do teste aplicado aos professores do grupo de intervenção, o


nível de estresse de 71,43% dos que apresentavam estresse intenso antes da terapia floral
diminuiu para 28,57% após a utilização desta, com uma diferença de 42,86% no nível,
conforme demonstrado na Tabela 2. Percebe-se a partir desses dados a contribuição da
terapia floral no controle do estresse laboral do professor.

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Tabela 2 – Comparativo do nível de estresse dos professores antes e após a utilização da


terapia floral no grupo de intervenção
Antes da utilização Após a utilização
Nível de estresse Diferença
nº % nº %
Nenhum - - -
Moderado 2 28,57% 5 71,43% 42,86%
Intenso 5 71,43% 2 28,57% 42,86%
Total 7 100% 7 100% -

Após a utilização da terapia floral no grupo controle, os professores com nível de estresse
intenso (28,57%) migraram para nível de estresse moderado, aumentando o percentual de
71,43% para 85,72%, sendo que 14,28% não apresentaram nenhum estresse. Observa-se
que, de acordo com a Tabela 3, no grupo controle antes da utilização do placebo, 28,57%
dos professores estavam com estresse intenso, sendo que após a pesquisa não havia mais
nenhum professor nesse nível de estresse.

Tabela 3 – Comparativo do nível de estresse dos professores antes e após a utilização da


terapia floral no grupo controle
Nível de estresse Antes da utilização nº % Após a utilização nº % Diferença
Nenhum - 1 14,28% -
Moderado 5 71,43% 6 85,72% 42,86%
Intenso 2 28,57% - 42,86%
Total 7 100% 7 100%

A diminuição do nível de estresse dos professores do grupo controle pode estar


relacionada ao efeito placebo.
Saad et al.16 refere que esse efeito está relacionado à cura, uma vez que esse processo de
influência dos determinantes no tratamento ao paciente, como atenção, comunicação e
reforço, pode ser tão importante quanto o processo terapêutico estabelecido.
Em relação à opinião sobre a utilização da terapia floral no controle do estresse no
processo de cuidado do cuidador, 50% dos professores referiram que a terapia floral
promoveu calma e tranquilidade, o alívio de tensões, diminuição da ansiedade, sensação
de paz e equilíbrio mente-corpo, sendo considerada ótima terapia.

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Quadro 4 – Opinião dos professores sobre a utilização da terapia floral no controle do


estresse
Resultados obtidos após a utilização da terapia Nº de
%
floral no controle do estresse professores
Calma, tranquilidade. 7 50%
Sem diferenças, nada mudou. 4 28,57%
Sensação de conforto, paz. 3 21,43%
Diminuição da insônia, sono tranquilo. 3 21,43%
Equilíbrio. 2 14,28%
Diminuição da irritação. 2 14,28%
Outros: autoestima; controle da ansiedade; diminuição dos
pensamentos preocupantes; fortalecimento; organização mental; 1 7,14%
paciência para tomar decisões; tolerância diante de situações.

A organização mental foi relatado por 7,14% dos professores; como resultados obtidos
após a utilização da terapia floral no controle do estresse. É importante ressaltar que
um dos componentes da fórmula floral foi o Floral Australiano Black Eyed Susan, que
desenvolve a habilidade em voltar-se para dentro e aquietar-se e a organização mental;
sendo considerada a essência do estresse.14
Para a redução do estresse, os professores sugeriram a utilização de terapias
alternativas, a interação entre os professores, seguido da organização do processo de
trabalho institucional, além de outras sugestões relacionadas a atividades físicas e
recreativas, desenvolvimento de programas voltados à qualidade de vida e humanização
na universidade, suporte ao professor, redução de carga horária para a enfermagem, horas
de pesquisa para os professores e organização das atividades profissionais, conforme são
destacados no Quadro 5.

Quadro 5 – Sugestões para auxiliar na redução do estresse


Sugestões para auxiliar na redução do estresse Nº %
Terapias alternativas, massagens, terapia floral. 4 28,57%
Relaxamento físico/mental. 3 21,43%
Interação com colegas/confraternização. 2 14,28%
Organização institucional prévia, organização do calendário anual. 2 14,28%
Outras sugestões: atividades recreativas na universidade para os professores;
programa de humanização e qualidade de vida na universidade; clínica de
enfermagem com terapia alternativa; atividade física, ginástica laboral e
1 7,14%
natação; lazer; suporte profissional; redução da carga horária; carga horária de
30 horas para enfermagem; horas de pesquisa para professores; organização das
atividades profissionais.

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A maior parte das sugestões dos estresse do professor enfermeiro, percebeu-


professores foi na área de cuidado ao se que o nível de estresse intenso de 71,43%
cuidador, com a utilização de terapias dos professores enfermeiros diminuiu para
alternativas, massoterapia e terapia 28,57% após a utilização da terapia floral.
floral (28,57%), seguidas de técnicas de Verificou-se conjuntamente neste
relaxamento físico-mental (21,43%). estudo o efeito placebo relacionado ao
processo de pesquisa, pois a atenção que
Considerações finais foi dispensada aos professores enfermeiros,
a comunicação que houve entre todos e a
Os resultados da pesquisa indicaram escuta atenta dos problemas que relataram,
que 100% dos professores apresentavam influenciaram nas reflexões que fizeram
nível de estresse, sendo 50% deles com sobre si mesmos, levando-os a se tornarem
nível moderado e 50%, intenso. Em corresponsáveis por sua saúde, o que os
relação à percepção do estresse, 78,57% levou a mudar hábitos e atitudes e desvelar
dos professores enfermeiros sentiam-se o olhar para o próprio cuidado.
estressados e 21,43% não se consideravam Em relação aos objetivos propostos na
estressados, o que ressalta a importância pesquisa, identificou-se a contribuição da
de o profissional conhecer o estresse e a terapia floral para o controle do estresse do
síndrome da desistência para poder se professor enfermeiro.
cuidar melhor. Sugere-se, a partir desta pesquisa, um
É importante destacar que 92,85% dos estudo mais aprofundado acerca do assunto
professores participantes exerciam dupla valendo-se de um período mais prolongado
jornada de trabalho. de utilização da terapia floral, em busca
No tocante à questão norteadora da de diminuir o estresse ocupacional dos
pesquisa relacionada, ou seja, qual é a professores enfermeiros durante o exercício
contribuição da terapia floral no controle do de suas funções.

Referências bibliográficas
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Submetido: 19/01/2010
Aprovado: 26/01/2011

Sáude em Revista
A terapia floral no controle do estresse 42

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