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DOI: 10.1590/1413-81232017224.

26392016 1281

Região de saúde e suas redes de atenção:

ARTIGO ARTCILE
modelo organizativo-sistêmico do SUS

Healthcare regions and their care networks:


an organizational-systemic model for SUS

Lenir Santos 1

Abstract This paper describes a comprehensive Resumo O presente trabalho tem por finalidade
effort to develop studies regarding Brazil’s Unified desenvolver estudos a respeito do Sistema Único
Healthcare System (SUS), as a result of the combi- de Saúde (SUS) em seu formato sistêmico que re-
nation of public services in a network that follows sulta da integração das ações e serviços públicos de
a region-based rationale (tripartite organiza- saúde, em rede regionalizada e hierarquizada. É
tion). The SUS emerges from such an integration dessa integração que nasce o SUS e assim ele deve
and should be organized as such. The intention ser organizado. Pretende-se demonstrar que essa
is to demonstrate that this type of organization is forma organizativa é essencial pelo fato de o país
essential, given that Brazil is organized as a Fed- ser uma Federação e a competência para cuidar
eration, and all three governmental levels are, in da saúde ser dos três entes federativos, de forma
a broad sense, equally responsible for healthcare. igual vista a saúde lato senso. Sendo as ações e os
Healthcare services and actions are a complex set serviços de saúde um conjunto complexo de atos
of activities that are interconnected on behalf of sanitários que se interligam em razão de a saúde
citizen health, which is a global concept that can- da pessoa ser um conceito global que não permite
not be split up. Services must follow this rationale fracionamento, os serviços devem seguir essa lógi-
and be organized as such. Thus, healthcare ser- ca e assim serem organizados. Por isso, os serviços
vices must be systematically organized to serve ev- de saúde devem se organizar sistemicamente para
eryone equally, regardless of where a citizen lives. atender a todos de modo igual, independentemen-
This systemic organization requires permanent te de onde reside o cidadão. Essa organização sis-
interaction between federative units to discuss têmica exige permanente interação entre os entes
and operationalize reference services, funding and federativos para discutir a operacionalização das
other technical and administrative aspects. These referências de serviços, seu financiamento e de-
are the essential elements that make the SUS so mais aspectos sanitários e administrativos. São
complex and demand it be organized regionally, esses aspectos essenciais que tornam o SUS com-
as a network of healthcare services. plexo e exige que seja organizado de modo regio-
Key words Healthcare region, Healthcare net- nalizado, em rede de serviços de atenção à saúde.
1
Instituto de Direito
Sanitário Aplicado. R. José work, Systemic organization Palavras-chave Região de saúde, Rede de aten-
Antônio Marinho 450, ção à saúde, Organização sistêmica
Jardim Santa Genebra.
13084-783 Campinas
SP Brasil.
santoslenir@terra.com.br
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Santos L

Introdução rem obrigados a financiar serviços para muníci-


pes que não são seus, em nome do interesse local
O Sistema Único de Saúde (SUS) é definido cons- constitucional; isso obriga os estados e a União
titucionalmente como o resultado da integração a cofinanciarem as ações e os serviços de saúde.
das ações e serviços públicos de saúde, em rede Unir os entes federativos em uma determina-
regionalizada e hierarquizada. É dessa integração da região para delimitar o seu campo de atuação,
que nasce o sistema único, sendo competência organizar as referências de serviços dadas suas
comum de todos os entes federativos o cuidado complexidades sanitárias, tecnológicas e finan-
com a saúde. ceiras, é imperativo ao SUS. Sem esse formato
Além do mais, ante o conceito global, inte- organizacional o SUS não consegue se viabilizar
gral da saúde das pessoas, que exige um con- como sistema integral, universal e igualitário.
junto interligado e complexo de atos sanitários O art. 198 da Constituição impõe a integra-
de promoção, prevenção e recuperação, não há ção dos serviços entre os entes federativos ao de-
como um único ente realizar sozinho da vacina terminar:
ao transplante1. Essa inviabilidade se dá pelas Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde
abissais diferenças demográficas, geográficas e integram uma rede regionalizada e hierarquizada
socioeconômicas dos municípios e pelo fato de e constituem um sistema único de acordo com as
o país ser uma federação, o que requer a um só seguintes diretrizes [...].
tempo a descentralização das ações e serviços Essa integração é obrigatória por ser a que
de saúde em razão da competência tripartida da conforma o sistema. O SUS é o resultado dessa
saúde e a aglutinação das autonomias federativas integração, que não é facultativa, mas sim obri-
em região de saúde em razão da integralidade gatória por ser constitucional.
da assistência. Descentralização político-admi- Essa integração é regional, cabendo ao estado,
nistrativa e integralidade da assistência são dois em acordo com os municípios, e sob sua coorde-
nortes essenciais para se entender a organização nação, conforme analogia do disposto no art. 25,
sistêmica da saúde pública. § 3º, da CF, demarcá-las, observando o disposto
Como a Constituição não dividiu entre os en- no Decreto nº 7.508, de 2011, que dispõe sobre a
tes federativos o que caberia a cada um na saúde, região de saúde, suas características e os serviços
com a Lei nº 8.080, de 1990, repartindo essas atri- mínimos que deve conter. Sendo do estado tudo
buições de modo a não facilitar a definição das aquilo que é regional, que visa agregar municípios
responsabilidades, restou para os entes federati- limítrofes para o desenvolvimento de atividades
vos definir entre si, de modo nacional, estadual e comuns, a região de saúde, mesmo não citada for-
regional as minúcias executivas na saúde, nas ins- malmente no referido parágrafo do art. 25, se in-
tâncias intergestores, cabendo ao contrato orga- sere nessa competência do estado, ainda que esta
nizativo de ação pública da saúde a fixação desses trate de modo restritivo das questões urbanas de
acordos interfederativos, restrito a cada região de caráter metropolitano, conforme Lei 13.089, de
saúde, conforme disposto no Decreto nº 7.508, 2015, restando a discussão até hoje não realizada,
de 2011, para garantir, com segurança jurídica, se a região de saúde, por ser uma decisão do es-
as responsabilidades conjugadas e autônomas ao tado em conjunto com os municípios, deverá ser
mesmo tempo pela organização, execução, finan- feita por decreto ou outra forma de regramento
ciamento, controle e avaliação das ações e servi- infralegal. Esse é um aspecto relevante para a re-
ços de saúde. gião de saúde que não tem sido considerado.
Essa integração de serviços na região é ne- Além do formato territorial que determina
cessária para garantir a integralidade da saúde a região de saúde, outros elementos são essen-
mediante o processo de referência de serviços, ciais, dentre eles as redes de atenção à saúde que
cabendo ao ente federativo de maior porte res- devem ser organizadas de modo hierarquizado
ponder, na região, por serviços de maior com- quanto à complexidade tecnológica exigida pelo
plexidade que exigem escala e outras comple- diagnóstico e tratamento. A atenção primária em
xidades administrativas e tecnológicas, os quais saúde deve ser a ordenadora de todo esse encade-
poderão ser acessados por munícipes de outros amento sanitário-sistêmico, o elo entre a pessoa
municípios. Assim, um cidadão de um municí- e suas necessidades em saúde em todos os níveis
pio pequeno, ao precisar de um serviço de maior de complexidade tecnológica. A atenção básica,
complexidade, recorrerá aos serviços de outro, de porta de entrada do sistema e ordenadora do
maior porte, dentro da região de saúde; outro as- cuidado em todas as suas dimensões, é o alicerce
pecto relevante é o fato de os municípios não se- da atenção à saúde ordenando as redes e demais
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serviços. O presente trabalho visa analisar sob o à gestão compartilhada, definidas em acordos e
ponto de vista jurídico- sanitário a organização consagradas no contrato.
regional das ações e serviços públicos de saúde. O contrato, de caráter interfederativo, não
pode ser uma adesão de quem coordena o pro-
Região de saúde em seus aspectos cesso, mas sim um consenso federativo em torno
organizativos de realidades concretas e metas regionais a serem
alcançadas. O contrato é, como figura metafó-
A região de saúde, ainda que inferida em ra- rica, o fecho do vestido: ele dá contorno final à
zão do disposto no art. 198 da Constituição, não integração das ações e serviços de saúde dos en-
foi de imediato disciplinada. A Lei nº 8.080, de tes federativos, na região, garantindo a segurança
1990, não dispôs sobre região de saúde como um própria dos negócios.
instituto; tratou da regionalização, sem, contu- Esse desenho institucional de região, rede e
do, disciplinar a região de saúde, o que somente responsabilidades sanitárias, coordenadas pelo
ocorreu com o Decreto nº 7.508, de 2011, ainda estado, respeitadas as diretrizes e os objetivos na-
que portarias ministeriais o tivessem feito, sem o cionais, é o cerne da organização e funcionamen-
mesmo peso e segurança jurídica de um decreto to do SUS em seu caráter sistêmico.
disciplinador da Lei nº 8.080. A questão mais re- A região, em acordo ao disposto no Decreto
levante para o sistema foi a descentralização das nº 7.508, de 2011, é definida como:
ações e serviços de um ente federativo para outro. Art. 2º.
Era necessário primeiro descentralizar o que es- II – Região de Saúde: espaço geográfico contí-
tava em nível governamental fora de sua vocação nuo constituído por agrupamentos de Municípios
para depois ordenar as regiões de saúde. limítrofes, delimitado a partir de identidades cul-
O Decreto nº 7.508, de 2011, regulamentou a turais, econômicas e sociais e de redes de comunica-
articulação federativa, a região de saúde, o con- ção e infraestrutura de transportes compartilhados,
trato organizativo de ação pública da saúde, o com a finalidade de integrar a organização e o pla-
planejamento regional, as portas de entrada do nejamento de ações e serviços de saúde.
SUS, dentre outros elementos. Deixou para os Cabendo ao Estado a instituição da região de
entes federativos na região de saúde definirem, de saúde, em comum acordo com os municípios e res-
comum acordo, as responsabilidades sanitárias as peitadas as pactuações nas comissões Intergestores,
quais devem estar fixadas no contrato organizati- será necessária a existência de um mínimo de ações
vo de ação pública da saúde para a sua necessária e serviços de:
garantia jurídica. I – atenção primária;
A repartição de competência realmente só se II – urgência e emergência;
torna possível no SUS caso se realize, de modo III – atenção psicossocial;
flexível, por isso o contrato que possibilita rea- IV – atenção ambulatorial especializada e hos-
lizar acordo entre os entes federativos que livre- pitalar; e
mente definem na região as suas responsabilida- V – vigilância em saúde.
des. Esse modelo contratual é a forma mais adap- Definida a região de saúde formalmente pelo
tável às realidades diversas dos entes federativos estado, em razão de sua competência constitu-
no nosso país. cional de dispor sobre aglomerados de muni-
A região é recorte territorial, administrativo- cípios, conforme mencionado acima, importa
sanitário que permite integrar o que a descentra- regulamentar os limites geográficos da região, a
lização supostamente teria fracionado, definindo população usuária do serviço em quantidade e
para a população um espaço sanitário de servi- localização domiciliar, o rol de ações e serviços
ços, constituído pelas redes de atenção à saúde, que a região irá garantir à população e as res-
dotadas de inteligência sanitária que permita à ponsabilidades dos entes federativos com a sua
pessoa o acesso ao itinerário terapêutico adequa- execução e financiamento, além dos critérios de
do à sua necessidade. A região de saúde é pré-re- acessibilidade e a escala na conformação dos ser-
quisito para a ordenação sanitária, com o fim es- viços.
pecífico de garantir o acesso às ações e serviços de Construída a região de saúde em seus ele-
saúde dentro de um território delimitado e dis- mentos organizacional-constitutivos permanen-
ciplinado podendo ser inter-regional, conforme tes, como número de municípios, comissão In-
forem as necessidades de saúde. É na região que o tergestores regional, governança regional, redes
SUS deve garantir às pessoas suas necessidades de de atenção, deve-se definir os macroprocessos
saúde em acordo às referencias interfederativas e periódicos, como: planejamento regional, orga-
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nização das reuniões Intergestores, confecção dos Foi o Decreto nº 7.508, de 2011, quem primei-
mapas da saúde; relatórios de gestão regional, ro tratou das comissões Intergestores, instituindo
avaliação e controle e o contrato organizativo de a comissão regional, essencial para a governan-
ação pública da saúde (art. 15 e seguintes; 33 e ça operativa da região de saúde. Antes, somente
seguintes do Decreto nº. 7.508, de 2011). portarias ministeriais trataram dessas comissões,
O decreto, em seu art. 6º, dispõe ser a região nunca tendo sido regulada por decreto ou lei con-
de saúde a referência para as transferências de re- forme ocorreu em 2011. Incumbe às comissões
cursos entre os entes federativos, fazendo nascer o definir, em comum acordo, como as políticas de
planejamento regional, até então não disciplina- saúde serão executadas pelos entes federativos em
do no âmbito do SUS, que deve integrar as neces- suas esferas de governo. As políticas de saúde são
sidades de saúde da população da região, os servi- definidas pelos entes federativos, primeiramente,
ços de todos os entes e os recursos financeiros, ca- e seus planos de saúde aprovados pelos conselhos
bendo ao estado e à União promover a equidade de saúde, pautados pelas necessidades de saúde
regional, minorando as diferenças, transferindo de sua população em consonância com as dire-
recursos para a região em acordo às suas neces- trizes e os objetivos definidos em planos estadual
sidades e características, com vistas à diminuir as e nacional de saúde, orientador das políticas do
assimetrias socioeconômicas e demográficas para SUS, em âmbito estadual e nacional para que a
que os bens públicos deixem de ser exclusividade sua unicidade seja uma realidade nacional, caben-
dos mais bens localizados2. A região de saúde está do a cada ente as suas especificidades local, regio-
imbuída desse forte componente, de garantir ao nal e estadual. O planejamento do SUS deve, ao
cidadão o direito igual às ações e serviços de saú- mesmo tempo em que atende as necessidades de
de próximos de onde sua vida acontece, sendo um saúde locais, respeitar e ser consoante ao planeja-
cidadão completo, independentemente do lugar mento nacional que garante a unicidade política e
onde se encontre e não onerando nenhum ente operativa do sistema público de saúde.
federativo além de suas possibilidades socioeco- Com a edição da Lei nº 12.66, de 2011, que
nômicas, demográficas e espaciais. definiu as competências das comissões Interges-
A região de saúde deve ser, em relação ao SUS tores, garantindo institucionalidade e legalidade
nacional, o microcosmo da realização das neces- ao que vinha sendo praticado há mais de 20 anos,
sidades de saúde do cidadão, o que resulta numa as comissões passaram a ser uma instância rele-
gestão compartilhada, cooperativa, ensejando o vante para a gestão compartilhada do SUS e sua
planejamento integrado, o financiamento regio- governança operativa. Sem retirar poderes dos
nal e uma série de medidas que visem garantir entes federativos no tocante às suas competências
governança na região, a política e a operativa, para definir políticas de saúde, garante que a go-
como os colegiados interfederativos regionais, do vernança da saúde, em seus aspectos operacional,
qual o decreto tratou e que deve ser interpreta- financeiro e administrativo, quando implique em
do em consonância com a lei 12.466, publicada cooperação e compartilhamento, seja realizada
meses depois. As comissões intergestores regio- nessas instâncias interfederativas.
nal podem ser tidas como o espaço deliberativo As comissões Intergestores são essenciais para
de uma região de saúde, cabendo a elas nomear a governança regional em saúde, em razão da
uma diretoria executiva para que se possa, assim, inexistência formal de ente regional e da neces-
garantir governança regional na região de saúde. sidade real de se regionalizar a descentralização,
sem o que o SUS não se realiza de forma integra-
Comissão Intergestores de Saúde da e sistêmica como deve ser. A governança re-
e a governança regional gional, uma ficção jurídica inserida no SUS, exige
instrumental adequado para realizar-se, e um de-
Outro aspecto relevante na organização da les, ou, o maior deles, é a comissão Intergestores
região de saúde são as comissões Intergestores regional, instância que permite serem definidos
da Lei nº 12.466, de 2011, e do Decreto nº 7.508, em comum acordo, relevantes aspectos regionais,
de 2011. A começar pela Comissão Intergestores como as referências, as diretrizes para o plane-
Tripartite, incumbida de decisões cooperativas jamento integrado, a organização das redes de
e solidárias das três esferas de gestão do SUS, a atenção, o controle e a avaliação, dentre outros.
federal, a estadual e a municipal, e assim repro- Se essas instâncias não forem presentes na região
duzida no âmbito estadual e regional. de saúde, relevantes aspectos da cooperação e do
compartilhamento regional não acontecerão.
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Planejamento Regional viços de diversos níveis de complexidade técni-
co-sanitária, garantindo robustez tecnológica à
O planejamento regional da saúde é essencial rede mediante o somatório de serviços dos entes
para a organização das ações e serviços na região federativos. Serviços que se espraiam no sentido
de saúde. Sem planejamento, o SUS não logra- de permitir que diversos municípios deles se uti-
rá efeito e suas atuações não terão pautas sóli- lizem e outros que devem se concentrar para ga-
das que possam orientar suas atividades. Aliás, nhar escala. De acordo com Mendes5:
a Constituição em seu art. 176 determina ser o em geral, os serviços de menor densidade tec-
planejamento obrigatório para o Poder Público e nológica, como os de atenção primária à saúde,
indutor para o setor privado. devem ser dispersos; ao contrário, os serviços de
A forma organizativa do SUS em sua comple- maior densidade tecnológica, como hospitais, uni-
xidade traz para os entes federativos municipais a dades de processamento de exames de patologia
necessidade de não apenas planejar as suas ações clínica, equipamentos de imagem etc. tendem a ser
e serviços de saúde, mas também olhar para a sua concentrados.
região de saúde, conhecer os seus serviços, a po- Essa rede deve manter serviços de diversos ní-
pulação usuária, as realidades locais e regionais veis e se formatar de tal forma que o cidadão não
de saúde; dotado desse conhecimento amplo, busque um serviço de maior aparato tecnológi-
que extrapola a sua visão local municipal, deve- co para satisfazer uma necessidade que pode ser
se planejar a saúde local tendo em vista a região resolvida por um serviço de menor porte. Essa
de saúde. Assim, o município de grande porte ha- racionalidade tem a ver com a eficiência, a eco-
verá de considerar as necessidades de saúde dos nomicidade, a facilidade no pronto atendimento
entes de menor porte, as quais serão realizadas e a escala, e a muitos outros elementos adminis-
no sistema de referência de serviços na região, trados pelos agentes públicos. A organização das
resultante da integração constitucional das ações redes de atenção de modo eficiente deve fundar-
e serviços federativos. Um município de menor se em: economia de escala, disponibilidade de
porte haverá de considerar os recursos regionais recursos, qualidade de acesso, integração hori-
para referenciar seus munícipes e assim garantir zontal e vertical, processos de substituição, terri-
o atendimento integral, de forma compartilhada, tórios sanitários e níveis de atenção5.
cooperativa e solidária. É relevante transcrever aqui alguns dos ele-
A Lei nº 8.080, de 1990, a Lei Complementar mentos essenciais definidos para a existência de
nº 141, de 2012 e o Decreto nº 7.508, de 2011, rede integrada (e regionalizada) de saúde trazida
tratam do planejamento integrado, sendo que por Kischnir e Chorny6. Os autores apontam os
estes dois últimos explicitam dados sobre o pla- seguintes atributos população e território; rede de
nejamento regional. estabelecimento de saúde com serviços integrais;
Por fim, importa dizer que a região de saúde primeiro nível de atenção com cobertura para toda
é uma obrigação e não uma faculdade3. O fun- a população; porta de entrada do sistema que coor-
damento será sempre a Constituição, que impõe dena o sistema; sistema de governança única para
uma rede de serviços regionalizada. Por isso, a toda a rede.
preocupação expressada por Machado4, a respei- É dentro desse fundamento que o decreto
to de como introduzir padrão de conduta solidá- define as portas de entrada da rede de atenção à
rio entre os entes governamentais, faz sentido na saúde (regionalizada) como sendo os serviços es-
regionalização da saúde, aliás da essência do SUS. truturados de: a) atenção primária; b) atenção de
Sem solidariedade na condução da rede de urgência e emergência; c) atenção psicossocial; d)
atenção à saúde, com suas referências, não há especiais de acesso aberto, impondo a referência
SUS no formato constitucional, que é o da co- para os serviços de maior complexidade tecno-
operação e solidariedade federativa. O plane- lógica pelos serviços ali enumerados, como os
jamento regional é a origem da solidariedade e especializados e os hospitalares. As portas de en-
cooperação. Planeja-se para ser cooperativo e so- trada decorrem da regulação do acesso. São por-
lidário; sem isso nada se realiza a contento. tas reguladas pelo sistema sob o ponto de vista
técnico, sanitário e administrativo.
Rede de Atenção à Saúde Após 21 anos, ainda que todos tenham pro-
pugnado pela atenção primária como princi-
Trata-se de organizar o sistema regional em pal porta de entrada e ordenadora das redes de
rede de atenção à saúde, que deve manter ser- atenção à saúde, isso nunca foi regulamentado.
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Com a regulamentação feita pelo Decreto, insti- conjuntamente definem entre si os regramentos
tucionaliza-se a atenção primária como principal da gestão compartilhada. Eles se auto-ordenam
acesso à rede de atenção à saúde. quanto a essas responsabilidades, de forma con-
A ordenação do acesso impõe aos profissio- sensual, mediante contrato.
nais de saúde a avaliação da gravidade do risco As responsabilidades sanitárias deviam ser
individual e coletivo, que deve preceder a ordem reguladas, todas elas, a priori? Se assim fosse, se-
cronológica (ordem de chegada do cidadão). Em ria fácil tecer a rede de atenção à saúde, sabendo-
situação igual, prevalece a ordem cronológica; se, de antemão, as obrigações de cada um confor-
em situação de risco, prevalece sua gravidade3. me previstas em lei. Mas no SUS sabemos que é
Outro dado relevante é a imposição de que o impossível regular a priori o que cada ente deverá
cidadão tenha assegurado que suas necessidades fazer, ante a infinitude de variáveis próprias das
de saúde devem ser satisfeitas na rede da região desigualdades demográficas, sociais, geográficas,
ou entre regiões. Aqui surge a figura das referên- econômicas, culturais existentes em nosso país,
cias entre serviços (a hierarquização de que fala a conforme explanado neste trabalho. O modelo
Constituição Federal no tocante à complexidade contratual há de ser o mais adequado meio de se
ou densidade tecnológica dos serviços). regular as relações de interdependência dos entes
Quando as referências saem de uma região na rede de atenção à saúde de uma região, por
e adentram em outra ou outras, isso precisa ser ser possível, no contrato, definir, de acordo com
regulado de modo a haver segurança jurídica en- a realidade de cada um, suas necessidades, reali-
tre os entes federativos implicados no tocante à dade econômica, as atribuições no tocante à or-
garantia do atendimento de seu munícipe. Nas ganização das ações e serviços de saúde em rede
referencias inter-regionais que extrapolam o ter- de atenção.
ritório estadual, adentrando em outro, são rele- É pelo contrato que os entes federativos po-
vantes as interações entre estados para definir as derão definir, de acordo às suas realidades e no
referencias. Esses aspectos são importantes para âmbito de suas competências comuns, o papel de
que as referências aconteçam de modo organiza- cada um na rede de atenção à saúde, se autoim-
do e sistêmico. pondo regramentos resultantes de negociação
solidária e responsável no tocante à competência
Contrato Organizativo de Ação Pública comum de cuidar da saúde da população. Trata-
da Saúde (Coaps) se de uma regulação negocial, ajustada mediante
cláusulas e condições contratuais, as quais pas-
O contrato é a forma de os entes federativos sam a exercer o papel que seria previamente re-
na região de saúde se autorregularem, definindo, servado à lei quanto à definição, em minúcias,
eles mesmos, a repartição de competência exe- das competências dos entes na área da saúde, sua
cutiva, orçamentário-financeira e de controle e obrigatoriedade e sanção quando algo for des-
avaliação. cumprido.
O modelo contratual veste como uma luva Estamos diante de um modelo de inter-re-
o modelo do SUS: um sistema único, que ao lações federativas que devem ser construídas
mesmo tempo é descentralizado, regionalizado, permanentemente, em interregnos de tempo, de
hierarquizado, onde se somam entes federativos acordo com objetivos definidos em lei e que de-
bastante desiguais, mas todos com o compromis- vem ser alcançados em nome de um dever cons-
so igual de cuidar da saúde das pessoas; um que- titucional que é o de garantir o direito à saúde.
bra-cabeça de partes desiguais, mas dotados da O contrato, nesse caso, visa minudenciar as
mesma importância para no final formarem um gerais competências constitucionais e legais na
sistema único, igualitário, capaz de realizar da va- área da saúde. Para tanto, é necessário delimitar
cina ao transplante. Esse quebra-cabeça somente espaços territoriais para a construção da rede de
se realiza e forma uma figura completa se o siste- atenção à saúde, regionalizando-se o que a descen-
ma for organizado de modo sistêmico, cooperati- tralização individualizou. Sendo o contrato a úni-
vo e solidário. Nada mais cooperativo e solidário ca forma de os entes federativos, de determinada
do que o SUS nacional, estadual e regional. região de saúde, impor a si mesmos responsabi-
Releva destacar a grande inovação que é o lidades sanitárias, individuais, compartilhadas e
contrato de ação pública da saúde, de natureza solidárias, sua assinatura há de ser obrigatória.
organizativa, ordenatório de atividades públicas Se a interdependência dos entes federativos
compartilhadas. Será por meio de contrato que as na garantia do direito à saúde é intrínseca ao
múltiplas responsabilidades sanitárias, de âmbito SUS, ou seja, é de sua natureza constitucional
regional, serão definidas. Os entes federativos ser um único sistema decorrente da integração
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de serviços de entes autônomos, o contrato deve dades, financiamento. É uma forma de os entes se
ser o elo obrigatório nessa cadeia de inter-rela- autorregularem quanto às responsabilidades em
ções. É o contrato o elo sistêmico do SUS. Sem o relação a determinados serviços comuns, como é
contrato há uma falha na garantia das obrigações o caso da saúde pública.
de fazer entre os entes federativos agregados em O contrato organizativo permite que seus
região. participantes definam regras que devem vinculá
O contrato consagra o respeito às assimetrias -los ante a sua força jurídica. Esses contratos têm
geográficas, demográficas e socioeconômicas uns regime jurídico diverso dos bilaterais e comuta-
dos outros e contribui para erradicar as desigual- tivos, são plurilaterais, diferentes do regime jurí-
dades regionais e locais, tornando realidade a in- dico clássico, ensejando novos paradigmas para a
tegralidade da assistência à saúde e produzindo sua elaboração e consecução.
equidade federativa sanitária. Na área da saúde, o contrato organizativo é
O desempenho de atividades comuns, idên- essencial à organização dos sistemas regionais;
ticas, como é o caso da saúde, e que não podem pois são os que unem os entes federativos, ao
ser realizadas isoladamente, mas sim conjunta- mesmo tempo em que se definem as responsabi-
mente por uma multiplicidade de entes, conduz lidades e as obrigações de cada um na rede de ser-
à necessidade de atuação harmônica e solidária, viços que deverá prover a saúde da comunidade.
uma vez que o exercício isolado pelos diversos entes É o contrato que vai garantir o não fraciona-
administrativos das respectivas competências não mento dos serviços que foram descentralizados
satisfará o interesse público7. A integração e a em razão de sua feição municipal ou estadual,
cooperação são elementos essências para o cum- acordando compensações financeiras para os en-
primento adequado das competências comuns tes que venham a ser referência, garantindo soli-
exigindo permanente articulação. No SUS a con- dariedade e equidade, respeitando as autonomias
certação é obrigatória. federativas, acordando sanções pelo descumpri-
Os contratos organizativos são uma forma mento dos acordos e garantindo governança re-
de o estado se relacionar no interior da própria gional à rede de atenção à saúde. Sem o contrato,
administração pública com o intuito de torná-la a governança da rede poderá ser falha pela au-
mais eficiente e, no caso do SUS, possível. Fun- sência de segurança jurídica aos compromissos
dados na cooperação e colaboração, o estado sanitários pactuados.
muda a forma de suas relações substituindo a O contrato de ação pública na área da saúde
subordinação e a hierarquia pela ação conjuga- se dota de finalidades e características, tais como3:
da de interesses, que, muitas vezes, somente são a) garantia da integralidade da assistência à
satisfeitos mediante a reunião de esforços. Nessa saúde, que não se realiza de forma isolada,
nova forma de relação, a negociação e a fixação mas somente mediante acordo de colabora-
de responsabilidades mediante contrato são es- ção entre os entes federativos implicados na
senciais para o atendimento do interesse público. saúde de uma região;
No campo da descentralização territorial, que b) segurança jurídica à organização regional
encerra o risco da fragmentação dos serviços, das ações e serviços públicos de saúde;
mas que foi necessária no início do SUS para se c) horizontalidade nas negociações;
realocar os serviços a quem de direito, a inter- d) reconhecimento da interdependência dos
ação entre os entes prestadores de serviços é im- entes contratantes na gestão de ações e servi-
portante para permitir a sua reaglutinação sem ços de saúde, mantendo a direção única em
se perder a independência da gestão. Na saúde, cada esfera de governo;
a descentralização das atividades em 5.570 mu- e) equilíbrio à rede de atenção à saúde em re-
nicípios impõe remédios que permitam integrar lação às diferenças socioeconômicas dos en-
essas ações. Ainda no ensinamento de Oliveira8: tes contratantes (equalização e solidariedade
a conduta administrativa há de ser exercida cotid- sistêmica);
ianamente no âmbito organizatório da Adminis- f) garantia dos referenciamentos do cidadão
tração Pública, com o fito de possibilitar um mel- na rede e compensação financeira ao ente fe-
hor exercício da função administrativa. derativo responsável que pode ser da União
O contrato organizativo persegue um fim ou do estado;
único, e as partes reunidas não pretendem tirar g) função organizativa e não patrimonialista;
nenhum proveito para si. O ganho é a soma de es- h) multilateralidade de contratantes;
forços de todos os implicados para melhorar seu i) possibilidade de garantir governança regio-
desempenho público, organizar serviços comuns nal; e,
ou definir melhor suas obrigações, responsabili- i) igualdade jurídica das partes.
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Santos L

Os contratos devem ter suas diretrizes con- de saúde; b) por sua prestação ou garantia; c) por
vencionadas de forma colegiada na CIR, CIB e seu financiamento (o próprio e os decorrentes
CIT (Comissão Intergestores Regional, Comissão do rateio federativo), além das responsabilidades
Intergestores Bipartite e Comissão Intergestores pelo controle do gasto, da qualidade, da eficiên-
Tripartite, respectivamente) – nas quais estão cia, desempenho etc.
representados todos os entes federativos implica- No SUS, a colaboração é obrigatória. Pode pa-
dos nos contratos de ação pública da saúde. Essas recer uma contradição em termos, mas não é. O
convenções, que tenho denominado de consensos SUS é um sistema que resulta da colaboração dos
interfederativos1, serão o marco referencial para a entes federativos, a qual não é facultativa. Para
celebração dos contratos, uma forma de regula- garantir o cumprimento do art. 30, VII, da CF,
mentar aspectos da gestão, mediante acordo. que determina que o município cuide da saúde
O contrato organizativo, na área da saúde, se com a cooperação técnica e financeira do estado
define mais que um programa, mas sim a própria e da União, foram editadas leis impondo o repasse
rede de atenção à saúde, o próprio sistema de saú- de recursos da União e dos estados. Assim, a co-
de regional que deve ser organizado em rede. Or- laboração prevista no art. 30, VII, da CF, não é
ganiza-se, na realidade, o sistema de saúde regio- mera faculdade, colaboração. Trata-se de uma
nal; é o meio pelo qual se regulam as relações de obrigação. Os repasses interfederativos da saú-
interdependência dos entes federativos no SUS, de são obrigatórios e não voluntários, por força
com o fim de manter as autonomias federativas. constitucional e legal. Esse também é entendi-
Por isso, defendemos ser o contrato, previsto mento expressado por Silveira9 ao dizer que no
no decreto 7.508, de 2011, obrigatório para todos SUS a cooperação já não se revela como sugestão,
os entes federativos; é obrigatório por ser a forma mas como exigência constitucional.
escolhida pelo decreto para articular as interde- O contrato, por ser uma necessidade quase
pendências na organização da rede de atenção à natural da forma organizativa do SUS e por estar
saúde, definir responsabilidades e equalizar as di- previsto no decreto regulamentando da lei 8.080,
ferenças entre os entes federativos (socioeconômi- de 1990, e de forma mais genérica e abrangente no
cas). O ente federativo deverá se dispor a negociar § 3º do art. 17 da lei complementar 141, de 2012,
e, uma vez obtido o consenso, deverá firmar o con- sua celebração também há de ser obrigatória.
trato como salvaguarda de suas responsabilidades A integração dos serviços dos entes federativos
no provimento da saúde da população brasileira. e a consequente alocação de recursos, definição
Além do mais, o art. 17, § 3º, da Lei Comple- de responsabilidades há de ser instrumentalizada
mentar 141, determina que o Poder Executivo in- pelo contrato, sob pena de não haver como vin-
forme aos conselhos de saúde e tribunais de contas cular os entes federativos de uma região de saúde
montantes de recursos destinados às transferências a esses compromissos. A organização do SUS, por
intergovernamentais pela União, com base no Pla- se pautar na inter-relação e interdependência, en-
no Nacional de Saúde, no termo de compromisso contra no contrato o necessário respaldo jurídico,
de gestão firmado entre os entes federativos. O pri- vinculando os entes federativos signatários.
meiro termo de compromisso de gestão surgiu no
âmbito do Pacto pela Saúde, 2006; contudo, tra-
tava-se de um termo de compromisso unilateral, Conclusões
retratado por um documento encaminhado pelo
estado ou o município ao Ministério da Saúde A região de saúde é essencial para a conforma-
afirmando que se comprometia a realizar deter- ção do SUS nacional, sendo recortes territoriais
minada ação (uma declaração de intenções). Não que aglutinam municípios para ganhar escala e
era um termo multilateral, conforme mencionado densidade tecnológica suficientes para garantir a
no texto legal (LC 141). O termo multilateral é o integralidade da atenção à saúde em pelo menos
contrato organizativo de ação pública disposto no 90% das necessidades das pessoas. A região é ter-
decreto 7.508. Referido contrato é um acordo entre ritório dotado de certas características e serviços;
os entes federativos que, dentre outras responsabi- mas sua essência é territorial face ao cumprimen-
lidades, destaca-se a das transferências interfedera- to de necessidades comuns dos entes municipais.
tivas. Esse dispositivo legal confirma a necessidade A rede, por sua vez, deve conter serviços,
de os compromissos assumidos pelos entes federa- conforme disposto no Decreto nº 7.508, de 2011,
tivos no âmbito do SUS ser formalizado. organizados em níveis de complexidade tecnoló-
É mediante o contrato que se definem as res- gica, a qual se organiza por identidade genética
ponsabilidades: a) pelas ações e serviços na região de suas ações e serviços e permite satisfazer às ne-
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Ciência & Saúde Coletiva, 22(4):1281-1289, 2017


cessidades da pessoa no cuidado com a sua saúde, O contrato organizativo de ação pública da
de modo a criar um itinerário sanitário racional saúde é essencial acordo jurídico-sanitário que
e identitário, sem obstáculos burocráticos, com dá garantia aos consensos alcançados na comis-
economia processual e temporal, racionalidade são intergestores regional e define as respon-
nos gastos e nos exames de apoio diagnóstico, sabilidades, na região, dos entes federativos no
dentre outros elementos. A rede é composta por tocante à organização e execução de serviços, fi-
serviços de igual identidade, organizada de modo nanciamento, controle e avaliação dos resultados
a viabilizar e racionalizar o itinerário terapêutico alcançados.
necessário ao cuidado com a saúde. A governança na região poderá contar com
São elementos essenciais na região, as gover- instrumento executivo de gestão, como uma as-
nanças executiva (operativa) e política; o plane- sociação regional de saúde, autarquia territorial,
jamento integrado regional; os consensos inter- consórcios públicos, fundação estatal interfede-
federativos alcançados na comissão Intergestores rativa, devendo os entes federativos definirem
regional e bipartite; os mapas da saúde; o sistema em comum acordo a melhor forma de gerir de
informatizado de dados sanitários, terapêuticos, forma cooperada as ações e os serviços de saúde
diagnósticos, dentre outros. na região.

Referências

1. Santos L, Andrade LOM. O espaço da gestão inovada e


dos consensos interfederativos. Campinas: Saberes Edi-
tora; 2007.
2. Santos M. O Espaço Cidadão. São Paulo: Edusp; 2002.
3. Santos L. Sistema Único de Saúde. Os desafios da gestão
interfederativa. Campinas: Saberes Editora; 2010.
4. Machado RH. Direito Constitucional. 5ª ed. Belo Hori-
zonte: Del Rey; 2010.
5. Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte:
ESP/MG; 2009.
6. Kischnir R, Chorny AH. Redes de Atenção à Saúde:
contextualizando o debate. Cien Saude Colet 2010;
15(5):2307-2316.
7. Justen Filho M. Contratos entre órgãos e entidades pú-
blicas. Revista de Direito Administrativo Aplicado 1996;
3(10):688-699.
8. Oliveira GJ. Contrato de Gestão. São Paulo: Editora Re-
vista dos Tribunais; 2008.
9. Silveira A. Cooperação e Compromisso Constitucional
nos Estados Compostos. Estudo sobre a teoria do federa-
lismo e a organização jurídica dos sistemas federativos.
Coimbra: Almeidina; 2007.

Artigo apresentado em 05/05/2016


Aprovado em 04/08/2016
Versão final apresentada em 23/09/2016

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