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1 – Caracterize a chamada “dupla validade do Direito moderno”.

Quais são os problemas


de legitimidade com que esse Direito se relaciona?

A dupla validade do direito Moderno consiste no fato de que ele é formado por normas
que ao mesmo tempo são coercitivas e de liberdade, assim, ao mesmo tempo que
garante liberdade, esta, é limitada até onde a liberdade do outro começa.
O problema que pode ser gerado por essa interpretação é o de que o direito é fruto de
decisões, as quais podem sempre ser mudadas, especialmente diante do fato de não
haver apenas uma fonte do direito. Quando se coloca uma norma coercitiva, tendo a
noção de que um dia ela poderá ser modificada por outra decisão, existe um problema
de legitimidade. Somente através da democracia é possível tal legitimação.

2 – Em que sentido Direito e moralidade modernos se diferenciam e se relacionam? Por


que não se pode reduzir a questão da legitimidade do Direito a uma justificação moral
das normas jurídicas?

Direito e Moral se diferenciam quanto ao seu sentido, conteúdo e concepção do que


seria autonomia. Na moral existe uma correspondência entre direitos e deveres,
enquanto que no Direito existe uma preeminência de direitos, servindo os deveres
apenas para os possibilitar.
Direito e Moral se relacionam pois são complementares, o Direito pode suprir
problemas morais e vice-versa. No campo do direito a moral se completa diante de uma
operacionalização, já a moral, traz ao direito questões de justiça.
Não se pode justificar a legitimidade do Direito exclusivamente pela moral tendo em
vista ser esta muito mais ligada a uma questão de justiça, enquanto a legitimidade do
Direito esta realmente na garantia das instituições democráticas.

3 – Disserte sobre os conceitos de “paradigma científico” (Thomas Kuhn) e de


“paradigma jurídico” (Jürgen Habermas). Qual a importância desses conceitos para a
Teoria Geral do Direito Público e para a Teoria da Constituição?

O paradigma cientifico está mais ligado a verdade da ciência, aos fatos científicos que
existem durante determinado período histórico, que orientam o trabalho dos cientistas,
possuindo implicações éticas e práticas.
O paradigma jurídico por sua vez se relaciona a compreensão que a sociedade
desenvolve acerca do direito e dessa forma orienta as práticas jurídicas de determinado
período histórico.
A importância destes conceitos para a Teoria Geral do Direito Público e a Teoria da
Constituição, é de que, para o primeiro, propõe uma reconstrução de seus princípios
jurídicos por meio de uma perspectiva interna e normativa e para o segundo, busca
analisar o direito dentro da realidade na qual é construída.
4 – Caracterize, em linhas gerais, o processo de modernização social do Direito, fazendo
um contraponto entre as visões paradigmáticas do Direito pré-moderno e do Direito
moderno.

A modernização do direito é caracterizada pela quebra do paradigma do direito pré-


moderno, com o reconhecimento de várias tradições e a atribuição de igual liberdade a
todos os membros da comunidade, além de autonomia e autodeterminação das esferas
normativas.
O Direito pré-moderno, destarte, possui direitos e deveres baseados no local da pessoa
na sociedade, seu status social. Dessa forma, cada estamento social possui um direito
individual, uma espécie de pluralismo jurídico.

5 – Em que sentido os direitos fundamentais foram, mais do que alargados, redefinidos,


na passagem do paradigma do Estado Liberal para o paradigma do Estado Social? Em
linhas gerais, reconstrua paradigmaticamente os direitos de liberdade e de igualdade no
Estado Liberal e no Estado Social.

Os direitos sociais foram redefinidos da passagem do Estado Liberal para o Social a


partir do momento em que este está muito mais preocupado com a questão social.
Diferentemente do Estado Liberal, no Social, a liberdade não está em fazer tudo que a
lei não proíbe e a igualdade não é meramente formal, ou seja, todos não são iguais
perante a lei. Assim, a liberdade está em exercitar tudo a que as leis proporcionem fazer,
percebendo-se assim um aumento da questão social no escopo do Estado, sendo
possível notar uma preocupação maior a igualdade não apenas formal, mas material,
tratando desigualmente os desiguais, e compensando tal desigualdade.

6 – Em que sentido se pode compreender a mediação entre soberania popular e direitos


humanos, bem como a relação entre autonomia pública e autonomia privada, da
perspectiva do paradigma procedimentalista do Estado Democrático de Direito, em
contraposição aos paradigmas anteriores, tomando como exemplo as “políticas
feministas de equiparação”?

Nos paradigmas social e liberal existe uma grande importância na proteção da autonomia privada,
perde-se assim a interdependência entre o público e o privado. O paradigma procedimentalista tenta
buscar isso de volta, a soberania popular, expressa através da democracia, entra em jogo para evitar
o surgimento de novas formas de se acabarem, ou não se estabelecerem novos programas sociais, de
última relevância para a garantia dos direitos humanos. Ademais, outra tentativa do paradigma
procedimentalista se relaciona a autonomia pública e privada, onde ambas devem se construir, uma
alimentando a outra.
Nesse enfoque, tendo como exemplo as “políticas feministas de equiparação”, nota-se que uma
igualdade formal não é suficiente uma vez que o acesso ao trabalho ocorreu de forma desigual, com
mulheres exercendo os mesmos cargos que homens, mas recebendo menos e muitas vezes
trabalhando mais. Fazem-se necessários assim, políticas que garantam igualdade material, com
igualdade oportunidades, devendo estas medidas serem estabelecidas de forma democrática, através
do paradigma procedimentalista, sob o risco de ao contrário, serem estabelecidas novas políticas que
gerem desigualdade.

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