Um ponto que deve ser ressaltado é que a Parábola da Rede se assemelha muito à Parábola do Joio e
do Trigo, principalmente no que tange a sua interpretação, assunto que veremos no próximo tópico.
Sabemos que entre os discípulos de Jesus havia pescadores por profissão. Mesmo os discípulos que não
eram pescadores, estavam completamente familiarizados com a prática utilizada por Jesus descrita nessa
parábola. Portanto, os discípulos foram capazes de compreender prontamente cada detalhe da narração
de Jesus, pois o Mestre havia se referido ao modo de vida que muitos deles levavam antes de largar
tudo para seguir Jesus.
Naquela época já existia várias maneiras diferentes de se pescar, porém, sem dúvida, uma das mais
eficientes e utilizadas e o uso do arrastão. O tipo de rede utilizada tinha cerca de dois metros de largura
e até cem metros de comprimento.
Também era colocada cortiça na parte superior para mantê-la no nível e pesos eram acrescentados na
parte inferior para que ela alcançasse o fundo. Às vezes os pescadores utilizavam dois barcos paralelos
com a rede entre eles para fazerem a pesca.
Quando havia apenas um barco, os pescadores prendiam uma ponta da rede na praia, enquanto a outra
ponta ficava presa ao barco que fazia um movimento circular retornando a praia. Esse era um trabalho
pesado que exigia pelo menos seis homens para realizar a tarefa que se dividiam entre remar, lançar e
puxar a rede e até mesmo bater na água para influenciar na direção dos cardumes.
Peixes sem barbatanas e sem escamas não podiam ser utilizados (Lc 11:10), devendo então ser lançados
de volta à água. Os peixes comestíveis e comerciáveis eram separados em baldes e barris, enquanto os
demais eram descartados.
Essa ideia de seleção deve ser mantida em mente para entendermos o ensino principal dessa parábola
que claramente focaliza o dia do juízo final. Usando elementos do cotidiano de seus discípulos, Jesus
conseguiu ensinar e comunicar uma verdade espiritual de que devemos nos ocupar com a tarefa que
nos foi confiada, pescando homens com a pregação do Evangelho de salvação, convidando todos ao
arrependimento e apontando a forte realidade que o grande dia do juízo virá, quando, então, o ímpio e
o justo serão separados.
Como dissemos, essa parábola possui muitas semelhanças com a Parábola do Joio e do Trigo. Da mesma
forma como o joio e o trigo cresceram juntos na lavoura, sem que fossem separados até o tempo da
colheita, também os peixes, bons e ruins, são apanhados na rede e permanecem juntos até que a rede
seja arrastada para a praia.