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A PREPARAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA INCLUSÃO DE

ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCAIONAIS ESPECIAIS NA ESCOLA REGULAR

Luiz Carlos Lisboa Gondim1


Rebecca Gondim Brito2

RESUMO

O atual estudo intitulado, A Preparação do Professor da Educação Básica para


Inclusão de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais na Escola Regular tem como
objetivo geral analisar até que ponto o professor da educação básica está preparado para a
inclusão de alunos especiais na escola regular. Os objetivos específicos se dividiram em:
relacionar as propostas da Lei de diretrizes e bases da educação, seus objetivos e metas
referentes a educação inclusiva; explicitar o conceito de educação inclusiva e a quem se
destina; traçar um paralelo entre o real e o ideal da inclusão no Brasil; enfatizar a preparação
do professor e sua importância para uma educação inclusiva. A pesquisa fundamentou-se em
alguns autores: Mittler (2003), Carneiro (1998), Fonseca (1995), Mazzotta (1993) entre
outros, onde houve uma abordagem mista de estudos. Os instrumentos empregados para a
coleta e análise de dados foram questionários feitos com 14 professores da educação básica de
rede pública e particular de ensino, abordando o nível de preparação dos mesmos e sua visão
sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares de
Cachoeira, Capoeiruçu e Colégio Adventista da Bahia. Devido à natureza da pesquisa, há uma
combinação entre pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com propósito de colher
informações objetivas da representação da realidade da preparação do professor para a
inclusão. Os dados coletados no questionário estão tabulados e apresentados em gráficos e
citações na parte respectiva de resultados da pesquisa, ou seja, na contextualização do
trabalho. O estudo nos levou a perceber que no universo educacional, muitas leis que
garantem os direitos e benefícios no processo de inclusão de alunos especiais nas escolas
regulares só acontecem na teoria, de nada adianta dizer que os alunos portadores de
necessidades educacionais especiais estão sendo incluídos na escola normal se os professores

1
Graduado em Pedagogia pela FACHO e Mestre em Sociedade na família contemporânea.
2
Graduada em Pedagogia pela FADBA e pós – graduada em Pscicopedagogia pela FADBA ( cursando)
não estão realmente preparados para recebê-los, e mais, se essa preparação propagada pelo
governo e pelas escolas, como também pelos professores é superficial ou se realmente atende
as necessidades dos alunos especiais.

ABSTRACT

The study, basic education teacher training for the Inclusion of Students with Special
Educational Needs in mainstream schools. In order to analyze the degree of preparation of an
elementary school teacher for the inclusion of students with special needs in regular schools.
The specific objectives are divided into related proposals of the Law of guidelines and
foundations of education, its objectives and goals of inclusive education; explain the concept
of inclusive education and its intention was to draw a parallel between real and the ideal of
inclusion in Brazil, emphasize teacher preparation and its importance for inclusive education.
The research was based on some authors: Mittler (2003), Carneiro (1998), Fonseca (1995),
Mazzotta (1993), among others, where a mixed approach of study. The instruments used to
collect and analyze data from the questionnaires were conducted with 14 elementary school
teachers to address the level of preparation thereof, and their views on the inclusion of pupils
with special educational needs in mainstream schools Waterfall, and the Capoeiruçu Bay
Adventist College. Due to the nature of research, we have combined literature and field
research to gather information for the purpose of objective representation of reality of teacher
training for inclusion. The data collected in the questionnaire were tabulated and presented in
graphs and quotes the results of their research, ie to contextualize the work. The study has led
us to realize that the educational world, many of the laws guaranteeing the rights and benefits
in the process of inclusion of students with special needs in regular schools only exist in
theory is useless to say that students with special educational needs are being included in
normal school if teachers are not really prepared to receive them, and more, if the preparation
propagated by the government and schools and by teachers is superficial or actually meets the
needs of special students.
Introdução

Este trabalho tem como tema: A Preparação do Professor da Educação Básica para
Inclusão de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais na Escola Regular.
O problema proposto é: até que ponto os professores da educação básica estão preparados
para inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular. O objetivo
geral deste trabalho é analisar até que ponto o professor da educação básica está preparado
para a inclusão de alunos especiais na escola regular. Os objetivos específicos são: relacionar
as propostas da (LDB) Lei de diretrizes e bases da educação, seus objetivos e metas referentes
a educação especial; explicitar o conceito de educação inclusiva e a quem se destina; traçar
um paralelo entre o real e o ideal da inclusão no Brasil; enfatizar a preparação do professor e
sua importância para uma educação inclusiva. Para cumprir com o objetivo principal deste
artigo, qual seja o de analisar até que ponto os professores da educação básica está preparado
para a inclusão de alunos especiais na escola regular, foram selecionados 14 professores da
educação básica de escolas regulares de Cachoeira, Capoeiruçu e Colégio Adventista da
Bahia. Este artigo está centralizado nas idéias dos autores: Mittler (2003); Carneiro (1998);
Fonseca (1955); Mazzotta (1993) e outros. Este artigo descreve de uma forma resumida a
legislação educacional com suas mudanças no decorrer da história legal em relação a pessoas
com necessidades educacionais especiais e o PNE ( Plano Nacional de Educação) mostrando
como e em quanto tempo essas mudanças devem ocorrer segundo consta em seus artigos,
objetivos e metas, Segundo Carneiro ( 1998 ), a nova LDB prevê o recurso a classes, escolas
ou serviços especializados quando for possível a integração nas classes comuns para os casos
especiais de pessoas com necessidades educacionais especiais graves. faz ainda uma
abordagem do conceito de educação inclusiva na visão de vários autores e quem são os alunos
destinados a mesma bem como suas características peculiares “ Incluir significa oferecer uma
educação de qualidade para todos” ( CAVALCANTE, 2005. p.42) Faz-se ainda um paralelo
entre o ideal e a real situação da educação inclusiva na atualidade brasileira. Segundo
Cavalcante ( 2005), a escola precisa atender qualquer aluno que não se encaixa no modelo
ideal; enfatiza a preparação do professor da educação básica da escola regular e sua
importância no contexto da educação inclusiva em relação as PNEE’s (pessoas com
necessidades educacionais especiais). “ [...] Com a lei da inclusão, essas e outras diferenças,
sobre as quais já antes , nós professores, não sabíamos nada, pois sempre foi um saber
específico do campo clínico, agora, de uma hora pra outra, devemos sabê-las? ( BRAUNER,
2005.p10). A inclusão ainda é uma novidade assustadora para muitos professores. A tendência
é que os mesmos se refugiem num paradoxo, baseando-se em propostas idealistas que
dificilmente se efetuam na prática, com isso se angustiam pelo fato de saber que é tão pouco o
que ele pode fazer quando a responsabilidade é de todos. Por isso se faz necessária a sua
preparação. Para enriquecer ainda mais este artigo, gráficos com resultados da pesquisa
realizada encontram-se expostos e devidamente comentados. Nas considerações finais
encontram-se explicitadas as conclusões sobre o tema abordado. O presente artigo busca ainda
apresentar considerações consistentes sobre o tema que é pertinente pelo fato de observar-se
que no universo educacional, muitas leis que garantem os direitos e benefícios no processo
de inclusão de alunos especiais nas escolas regulares só acontecem na teoria. O interesse pelo
tema está relacionado á suposta preparação dos profissionais da educação básica para o
processo de inclusão educacional desses alunos, afinal de nada adianta dizer que os alunos
com necessidades educacionais especiais estão sendo incluídos na escola normal se os
professores não estão realmente preparados para recebê-los, e mais se essa preparação
propagada pelo governo e pelas escolas, como também pelos professores é superficial ou se
realmente atende as necessidades dos alunos especiais.

A LEGISLAÇÃO E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Segundo consta na Constituição Federal de 1988 (art. 205 e 208) e também na LDB de
1996 (art. 58, § 3º), a oferta de educação especial é dever do estado. “A oferta de educação
especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante
a educação infantil”( LDB,.Art. 58,§ 3º. p.142). “Parágrafo Ùnico. O poder Público adotará,
como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades
especiais na própria rede pública regular de ensino independentemente do apoio às
instituições previstas neste artigo”. ( LDB. ART.60, p.148)

Não se pode deixar de notar o progresso das Leis 4.024/61 e 5.692/71 em relação à
Nova LDB 9.394/96. A Lei 4.024/61, dedicou apenas um inciso, a 5.692/71 um artigo sobre
esse tema ( art.9º ) e de forma muito concisa, o que na época provocou muita polêmica e
suscitou muitas críticas dos estudiosos da área. No entanto a partir dele, muitas normas foram
editadas e experiências foram desenvolvidas pelos sistemas de ensino, como resultado disso, a
nova LDB 9.394/96, dedicou um capítulo trazendo muitas novidades como temas que antes
só eram tratados em Decretos, Portarias ou Normas. A seguir ver-se-ão algumas dessas
mudanças que tem contribuído de forma eficaz para o progresso da educação especial no
âmbito nacional e internacional.

A inclusão de crianças com necessidades especiais em escolas regulares é uma

tendência mundial. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 prevê a inclusão, mas os

números do último Censo Escolar, realizado pelo MEC, mostram que a realidade é diferente

na prática, pois 99.178 crianças com necessidades especiais estão hoje em escolas regulares,
enquanto 294.852 estão em escolas especializadas, como as Associações de Pais e Amigos

dos Excepcionais (Apae) e os Institutos Pestalozzi. Tanto a Constituição como a LDB falam

em atender essas crianças ‘preferencialmente’ nas escolas regulares, sem especificar que tipo.

A educação especial para efeitos da lei, é uma das modalidades da educação básica

oferecida na rede regular de ensino, para educandos com necessidades especiais. É um dever

constitucional e deve ser iniciado com crianças na faixa etária de 0 a 6 anos ou seja, desde a

educação infantil ao ensino médio.

Segundo Carneiro (1998) a nova LDB prevê o recurso a classes, escolas ou serviços

especializados quando não for possível a integração nas classes comuns para os casos

especiais de alunos com necessidades educacionais graves.

O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços


especializados, sempre que, em função das condições específicas dos
alunos, não for possível sua integração nas classes comuns do ensino
regular (LDB. ART. 58, § 2º,p.142)

Os sistemas de ensino devem assegurar organização pedagógica adequada para atender

as necessidades específicas, terminalidade específica para os que não alcançarem o nível

normal para o ensino e aceleração aos superdotados para que possam concluir em menos

tempo o programa escolar. Aos educandos com PNEE’s prevê ainda currículos, métodos,

técnicas e recursos educativos que atendam as suas necessidades educativas.

Professores especializados em educação especial com formação adequada em nível

médio, nos cursos de graduação e pós-graduação lato-senso, bem como os professores da rede

regular de ensinos aptos para assegurar a inclusão dos educandos em salas regulares.

A nova LDB também favorece a educação especial para o trabalho e igualdade de

acesso aos programas sociais disponíveis no ensino regular visando a integração dos alunos a
sociedade. Para isso, estabelece normas para que instituições privadas sem fins lucrativos

também recebam apoio do Ministério da Educação e do governo local estabelecendo porém,

que, em qualquer caso, a alternativa preferencial será a ampliação do atendimento na própria

rede regular de ensino. As conquistas da educação especial vão além da nova LDB, se deram

também mediante a estudos na área, movimentos sociais que resultaram em documentos

especiais que se preocuparam em tratar com eficiência, da educação dos PNEE’s. Não resta

dúvida que a Lei hoje garante aos PNEE’s algo de grande valor que é direito de todos, a

educação de forma igualitária.

UMA VISÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL SEGUNDO O PNE ( Plano Nacional de


Educação)

A lei diz que é dever do estado proporcionar uma educação de inclusão para as

crianças com necessidades educacionais especiais. Porém, será que as escolas estão

devidamente preparadas, seja na área física ou pedagógica? Os professores estão conscientes

desta responsabilidade? Segundo o PNE, não.

O PNE enfatiza a importância da descoberta dos problemas que podem determinar

uma criança como PNEE’s pois, muitos dos problemas conhecidos poderiam ser atenuados

com os programas de atendimento sendo isso de responsabilidade do poder público.

É importante ressaltar que a integração dos alunos com NEE’s nas


classes comuns, recomendada pela legislação brasileira, é
perfeitamente possível na grande maioria dos casos, desde que haja
uma adequação, formação de professores para o ensino fundamental
e a sensibilização da comunidade escolar. Quando a integração total
não for possível, há que se proceder a integração parcial efetivada
por meio das classes especiais onde o educando com necessidades
educativas especiais receba atendimento especializado. Neste caso é
preciso contar com professores especializados e material
pedagógico adequado. (PNE,2005,p.56 )
As crianças com necessidades educacionais especiais precisam não só de profissionais

de educação bem preparados mas também, da área de saúde, psicologia e de diferentes opções

do poder público, e para os indivíduos de baixa renda o apoio dos ministérios da saúde e da

previdência, órgãos oficiais e entidades não governamentais. A partir disso o PNE adotou

alguns dos seguintes objetivos e metas relativas a essa modalidade de educação:

Organizar, em todos os municípios e em parceria com as áreas de saúde e assistência,

programas destinados a ampliar a oferta da estimulação precoce (interação educativa

adequada) para as crianças com necessidades educacionais especiais, em instituições

especializadas ou regulares de educação infantil, especialmente creches. Generalizar, em

cinco anos, como parte dos programas de formação em serviço, a oferta de cursos sobre o

atendimento básico a educandos especiais, para os professores em exercício na educação

infantil e no ensino fundamental, utilizando inclusive a TV Escola e outros programas de

educação a distância.

Garantir a generalização, em cinco anos, da aplicação de testes de acuidade visual e

auditiva em todas as instituições de educação infantil e do ensino fundamental, em parceria

com a área de saúde, de forma a detectar problemas e oferecer apoio adequado às crianças

especiais. Nos primeiros cinco anos de vigência deste plano, redimensionar conforme as

necessidades da clientela, incrementando, se necessário, as classes especiais, salas de recursos

e outras alternativas pedagógicas recomendadas, de forma a favorecer e apoiar a integração

dos educandos com necessidades especiais em classes comuns, fornecendo-lhes o apoio

adicional de que precisam.

Generalizar, em dez anos, o atendimento dos alunos com necessidades especiais na

educação infantil e no ensino fundamental, inclusive através de consórcios entre municípios,

quando necessário, provendo, nestes casos, o transporte escolar. Implantar, em até quatro
anos, em cada unidade da Federação, em parceria com as áreas de saúde, assistência social,

trabalho e com as organizações da sociedade civil, pelo menos um centro especializado,

destinado ao atendimento de pessoas com severa dificuldade de desenvolvimento.

Ampliar, até o final da década, o número desses centros, de sorte que as diferentes

regiões de cada Estado contem com seus serviços. Tornar disponíveis, dentro de cinco anos,

livros didáticos falados, em braille e em caracteres ampliados, para todos os alunos cegos e

para os de visão subnormal do ensino fundamental.

Estabelecer, em cinco anos, em parceria com as áreas de assistência social e cultura e

com organizações não-governamentais, redes municipais ou intermunicipais para tornar

disponíveis aos alunos cegos e aos de visão sub-normal livros de literatura falados, em braille

e em caracteres ampliados, programas para equipar, em cinco anos, as escolas de educação

básica e, em dez anos, as de educação superior que atendam educandos surdos e aos de visão

sub-normal, com aparelhos de amplificação sonora e outros equipamentos que facilitem a

aprendizagem, atendendo-se, prioritariamente, as classes especiais e salas de recursos.

Implantar, em cinco anos, e generalizar em dez anos, o ensino da Língua Brasileira de

Sinais para os alunos surdos e, sempre que possível, para seus familiares e para o pessoal da

unidade escolar, mediante um programa de formação de monitores, em parceria com

organizações não-governamentais. Adaptar, em cinco anos, os prédios escolares existentes

para o recebimento de alunos com necessidades especiais estabelecer nos padrões mínimos de

infraestrutura das escolas, exigências neste sentido. Definir, indicadores básicos de qualidade

para o funcionamento de instituições de educação especial, públicas e privadas, e generalizar,

progressivamente, sua observância. Ampliar o fornecimento e uso de equipamentos de

informática como apoio à aprendizagem do educando com necessidades especiais, inclusive


através de parceria com organizações da sociedade civil voltadas para esse tipo de

atendimento.

Assegurar, durante a década, transporte escolar com as adaptações necessárias aos

alunos que apresentem dificuldade de locomoção, inclusão, no projeto pedagógico das

unidades escolares, do atendimento às necessidades educacionais especiais de seus alunos,

definindo os recursos disponíveis e oferecendo formação em serviço aos professores em

exercício. Articular as ações de educação especial e estabelecer mecanismos de cooperação

com a política de educação para o trabalho, em parceria com organizações governamentais e

não-governamentais, para o desenvolvimento de programas de qualificação profissional para

alunos especiais, promovendo sua colocação no mercado de trabalho.

Definir condições para a terminalidade para os educandos que não puderem atingir

níveis ulteriores de ensino. Estabelecer cooperação com as áreas de saúde, previdência e

assistência social para, no prazo de dez anos, tornar disponíveis órteses e próteses para todos

os educandos com deficiências, assim como atendimentos especializados de saúde, quando for

o caso. Incluir nos currículos de formação de professores, nos níveis médio e superior,

conteúdos e disciplinas específicas para a capacitação ao atendimento dos alunos especiais.

Incluir ou ampliar, especialmente nas universidades públicas, habilitação específica,em níveis

de graduação e pós -graduação, para formar pessoal especializado em educação especial,

garantindo, em cinco anos, pelo menos um curso desse tipo em cada unidade da Federação.

Introduzir, dentro de três anos a contar da vigência deste plano, conteúdos

disciplinares referentes aos educandos com necessidades especiais nos cursos que formam

profissionais em áreas relevantes para o atendimento dessas necessidades, como Medicina,

Enfermagem e Arquitetura, entre outras. Incentivar, durante a década, a realização de estudos

e pesquisas, especialmente pelas instituições de ensino superior, sobre as diversas áreas


relacionadas aos alunos que apresentam necessidades especiais para a aprendizagem.

Aumentar os recursos destinados à educação especial, a fim de atingir, em dez anos, o mínimo

equivalente a 5% dos recursos vinculados à manutenção e desenvolvimento do ensino,

contando, para tanto, com as parcerias com as áreas de saúde, assistência social, trabalho e

previdência.

No prazo de três anos a contar da vigência deste plano, organizar e pôr em

funcionamento em todos os sistemas de ensino um setor responsável pela educação especial,

bem como pela administração dos recursos orçamentários específicos para o

atendimento dessa modalidade, que possa atuar em parceria com os setores de saúde,

assistência social, trabalho e previdência e com as organizações da sociedade civil.

Estabelecer um sistema de informações completas e fidedignas sobre a população a ser

atendida pela educação especial, a serem coletadas pelo censo educacional e pelos censos

populacionais.

Implantar gradativamente, a partir do primeiro ano deste plano, programas de

atendimento aos alunos com altas habilidades nas áreas artística, intelectual ou psicomotora.

Assegurar a continuidade do apoio técnico e financeiro às instituições privadas sem fim

lucrativo com atuação exclusiva em educação especial, que realizem atendimento de

qualidade, atestado em avaliação conduzida pelo respectivo sistema de ensino. Observar, no

que diz respeito a essa modalidade de ensino, as metas pertinentes estabelecidas nos capítulos

referentes aos níveis de ensino, à formação de professores e ao financiamento e gestão.

Os objetivos e as metas deste plano somente poderão ser alcançados


se ele for concebido e acolhido como Plano de Estado, mais do que
Plano de Governo e, por isso, assumido como um compromisso da
sociedade para consigo mesma. Sua aprovação pelo Congresso
Nacional, num contexto de expressiva participação social, o
acompanhamento e a avaliação pelas instituições governamentais e da
sociedade civil e a conseqüente cobrança das metas nele propostas,
são fatores decisivos para que a educação produza a grande mudança,
no panorama do desenvolvimento, da inclusão social, da produção
científica e tecnológica e da cidadania do povo brasileiro. (PNE,
p.98)

Nota-se que o PNE serve para confirmação daquilo que a LDB coloca como direito

dos alunos com NEE’s, ele descreve quando e como devem ser colocadas em prática as

propostas da lei sem perder de vista que para isso acontecer é preciso um pouco mais que

discurso; é preciso condições adequadas para uma ação efetiva e não utópica.
Incluir significa oferecer educação de qualidade para todos. (CAVALCANTE, 2005, ,p.42)

5 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O QUE È E A QUEM SE DESTINA?


A educação inclusiva não se refere ao simples fato de que o aluno PNEE's deve ser

trabalhado na escola regular e sim numa integração do mesmo a sociedade através do

desenvolvimento de atividades nas diversas áreas, seja de saúde educação entre outros. Incluir

a criança com NEEs ( necessidades educacionais especiais) na sala de aula não significa

simplesmente colocar mais uma cadeira é preciso que hajam mudanças efetivas em relação a

questões físicas, pedagógicas, sociais e emocionais tanto nas escolas como nos indivíduos

ditos normais. A integração escolar tem sido conceituada como um processo de educar-

ensinar juntas, crianças especiais com crianças ditas normais, seja por uma parte ou totalidade

do tempo de permanência na escola. Este conceito está centrado nas aptidões dos alunos que

devem ser preparados para integração no ambiente regular.

Crianças com habilidade abaixo da média são muito mal servidas por
nosso sistema educacional. Aquele que é menos capaz
academicamente continua a sofrer as conseqüências de quaisquer que
sejam os problemas agudos ou crônicos que afetam o sistema
educacional. (MITTLER, 2003. p.23)

É importante salientar que este processo envolve uma reforma e reestruturação das

escolas como todo, tendo como objetivo maior assegurar que todos alunos tenham aceso a

todas as oportunidades educacionais e sociais que são oferecidas pela escola. A inclusão

refere-se ao acesso, ingresso e permanência desse alunos especiais na escola regular como

educandos de sucesso e não como meros números de matrículas ou como mais um na sala de

aula regular, sua presença deve ser integrada com os demais colegas, participando e vivendo a

experiência de pertencer de verdade como indivíduo participante. [...] a inclusão também é

processo, implicando em dinamismo, mudanças de atitudes e muitas reflexões em torno de

sua operacionalização, na escola[...] ( CARVALHO, 2003.p.160) Segundo, Sassaki (1998)

existem algumas características importantes que a educação inclusiva deve ter são elas: um

senso de pertencer - filosofia e visão de que todas as crianças pertencem à escola e à

comunidade e de que podem aprender juntos; liderança - o diretor envolver-se ativamente


com a escola toda no provimento de estratégias; padrão de excelência - os altos resultados

educacionais refletem as necessidades individuais dos alunos,colaboração e cooperação -

envolvimento de alunos em estratégias de apoio mútuo (ensino de iguais, sistema de

companheiro, aprendizado cooperativo, ensino em equipe, co-ensino, equipe de assistência

aluno-professor etc.); novos papéis o responsabilidades- os professores falam menos e

assessoram mais, psicólogos atuam mais junto aos professores nas saias de aula, todo o

pessoal da escola faz parte do processo de aprendizagem, parceria com os pais - os pais são

parceiros igualmente essenciais na educação de seus filhos; acessibilidade - todos os

ambientes físicos são tornados acessíveis e, quando necessário, é oferecida tecnologia

assistiva; ambientes flexíveis de aprendizagem - espera-se que os alunos se promovam de

acordo com o estilo e ritmo individual de aprendizagem e não de uma única maneira para

todos; estratégias baseadas em pesquisas- aprendizado cooperativo, adaptação curricular,

ensino de iguais, instrução direta, ensino recíproco, treinamento em habilidades sociais,

instrução assistida por computador, treinamento em habilidades de estudar etc.

Para que aconteça a inclusão nas escolas deve-se trabalhar o ideal da inclusão de todos

no contexto onde a integração deve ocorrer para que não se corra o risco de prejudica-la e

contribuir ainda mais com os preconceitos em torno dos PNEE’s.

Uma escola comum só se torna inclusiva depois que se reestruturou


para atender à diversidade do novo alunado em termos de
necessidades especiais (não só as decorrentes de deficiência física,
mental, visual, auditiva ou múltipla, como também aquelas
resultantes de outras condições atípicas), em termos de estilos e
habilidades de aprendizagem dos alunos e em todos os outros
requisitos do princípio da inclusão[...] (Sassaki, 2005.p.2)

Mas, quem são os alunos que devem fazer parte da educação inclusiva e quais são as

suas características? Segundo a Secretaria de Educação Especial são aqueles que precisam da

utilização de recursos pedagógicos e metodologias específicas. São eles:


Deficientes visuais: portadores de cegueira ou visão subnormal. As deficiências

visuais estão classificadas em dois grupos principais: cegos e crianças com visão parcial ou

reduzida. “Em termos educacionais, crianças com visão parcial são as que empregam o braile,

e crianças com visão parcial são aquelas que usam material impresso”. ( KIRK ;

GALLAGUER apud BATERMAN, 2002.p.181)

Deficiência auditiva: Ausência de audição que pode ser proveniente de origem

congênita ou adquirida.Uma pessoa surda é aquela que possui uma audição tão falha que (

geralmente de 70 decibéis ou mais) que não consegue entender, sem ou com a utilização de

um aparelho auditivo. Já uma pessoa com audição reduzida é aquela cuja audição é tão

deficiente ( geralmente entre 35 e 69 decibéis) que dificulta, mas não impede,a compreensão

da fala sem ou com a utilização de um aparelho auditivo, através do ouvido.

Deficiência física: debilidade na habilidade motora. Segundo KIRK; GALLAGUER

(2002) refere-se a uma variedade de condições não sensoriais que afetam o bem-estar da

criança e que podem criar problemas de educação especial em torno da mobilidade,

vitalidade física e auto-imagem.

Deficiência mental: portadores de subnormalidade intelectual e comportamento

adaptador. A deficiência mental refe-se ainda ao “funcionamento intelectual geral

significativamente abaixo da média, que coexiste com falhas de comportamento adaptador e

se manifesta durante o período de desenvolvimento”.(KIRK; GALLAGUER apud

GROSSMAN, 2002.p.120).

Deficiências múltiplas: debilidade mental. Enquadram-se neste caso os autistas,

crianças que tem mais de uma deficiência. “Definem-se ainda da seguinte forma: Todos os

indivíduos que têm uma deficiência mental moderada, grave e profunda; que tem distúrbios
emocionais graves e profundos; e os que possuem uma deficiência mental moderada e

profunda que tem pelo menos mais uma deficiência (isto é, deficiência auditiva, visual,

paralisia, etc.) acrescenta-se ainda a este grupo crianças que tem problemas sensoriais

múltiplos, como as crianças surdas-segas”. (KIRK; GALLAGUER apud SNELL, 2002.p.412)

Superdotados: Crianças que manifestam capacidades excepcionais em diversas áreas,

incluindo capacidade intelectual, aptidão na parte acadêmica, pensamento criativo, capacidade

de liderança e habilidade nas artes, são identificadas por pessoal profissionalmente

qualificado como as que, em virtude de suas capacidades notáveis, conseguem um

desempenho elevado. São crianças que exigem programas educacionais diferenciados e

serviços além dos normalmente oferecidos pelo programa regular para contribuir para si

mesmas e para sociedade. Entre essas crianças de desempenho elevado estão as que as que

demonstram desempenho e/ou capacidade potencial em qualquer das seguintes áreas:

Capacidade intelectual, aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo,

capacidade de liderança, artes visuais e de representação. (KIRK; GALLAGUER apud

MARLAND, 2002.p.66)

O deficiente é uma pessoa com direitos. Existe, sente, pensa e cria.


Tem uma limitação corporal ou mental que pode afetar aspectos de
comportamento; aspectos estes muitas vezes atípicos, uns fortes e
adaptativos, outros fracos e pouco funcionais, que lhe dão um perfil
intra-individual peculiar. Possui igualmente discrepâncias no
desenvolvimento biopsicossocial, ao mesmo tempo que aspira a uma
relação de verdade e de autenticidade e não a uma relação de
coexistência conformista e irresponsável. O deficiente pode não ver,
mas não tem dificuldades em orientar-se ou fazer música. Não ouve,
mas escreve poesia [...] (FONSECA,1995, p. 9)

Todos esses casos podem perfeitamente ser trabalhados, apenas é preciso que haja

amor, dedicação, preparação física e pedagógica e maior interesse por parte de gestores e

educadores para que haja uma educação inclusiva verdadeiramente funcional.


A escola precisa atender qualquer aluno que não se encaixa no modelo ideal. CAVALCANTE
( 2005,p.43)
6 INCLUSÃO: REAL X IDEAL

A Constituição Federal estabelece o direito dos PNEE’s receberem atendimento

preferencial na rede regular de ensino salvos os casos de excepcionalidade em que as

necessidades do educando exigem outras formas mais específicas de atendimento. “Art. 28:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: III – Atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de

ensino” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 2004, p. 123).

A Organização Mundial de Saúde estima que em torno de 10% da população tem

necessidades especiais de diversas ordens – visuais, auditivas, físicas, mentais, múltiplas,

distúrbio de conduto e também superdotação ou altas habilidades. Segundo o PNE –

Educação Especial (em anexo), se esta afirmativa se aplicar também no Brasil, ter-se-à cerca

de 15 milhões de pessoas com necessidades especiais. Diante destas declarações, como está a

educação especial brasileira?.

Com base nos registros da Secretaria de Educação Especial, nota-se que o número de

alunos PNEE’s matriculados em escolas regulares na rede pública em 2004, é de 186.547 e na

rede privada é de 8.823. Classificando por modalidade, corresponde a 109. 596 na Educação

Infantil, 365.359 no Ensino Fundamental e 8.381 no Ensino Médio. Em relação às condições

de infra-estrutura das escolas públicas, percebe-se que dentre 174.894, apenas 8.414 possuem

sanitários adequados e 6.357 possuem dependências e vias para os PNEE’s. Quanto a parte

pedagógica, o número de escolas com classe comum que conta com apoio pedagógico

específico em 2004 corresponde a 3.236 na rede estadual, 7.261 na rede municipal e 713 na

rede privada; em contra partida o número de escolas com classe comum sem apoio

pedagógico corresponde à 19.550 nas redes: estadual , municipal e privada. O que se percebe
é uma disparidade gigantesca entre disposição e condições para atendimento dos PNEE’s nas

redes de ensino do país.

A educação inclusiva representa um passo muito concreto e


manejável que pode ser dado em nosso sistemas escolares para
assegurar que todos os estudantes começem a aprender que o
‘pertencer’ é um direito, não um status privilegiado que deva ser
conquistado. (CASTRO E FREITAS apud SASSAKI, 1997, p. 123)

Os números da inclusão só não são maiores porque as escolas da rede pública não têm

estrutura para receber as crianças. Segundo o secretário de Educação de Itatibaia, Salim

Andraus Júnior, para que a inclusão possa ser realizada, não basta apenas colocar a criança

dentro da escola, é preciso que todo o sistema esteja preparado para isso, fisicamente e

pedagogicamente. “Os professores precisam ser capacitados, e a estrutura da escola como

banheiros adaptados, rampas, elevadores, carteiras especiais e até o transporte desses alunos

faz parte do processo de inclusão, e isso custa caro”, explica o secretário. Além disso, destaca

que em alguns municípios são criados Centros de Educação Especial que na verdade não

cumprem o real objetivo da inclusão.

Pensar na inclusão dos alunos com necessidade educacionais


especiais nas classes regulares sem lhes oferecer ajuda e apoio, bem
como a seus professores e familiares, parece o mesmo que inseri-los
seja como número de matrícula, seja como mais uma carteira na sala
de aula. Dizendo de outro modo, pensar na inclusão sem que haja a
integração psicossocial e pedagógica entre todos os alunos é uma
forma requintada e perversa, embora habilmente mascarada, de
segregação e de exclusão, apesar de estarem juntos, fisicamente e
apenas. ( CARVALHO, 2003.P.171)

Os resultados deste processo virão em longo prazo, pois o preconceito de professores,

pais de alunos e funcionários de toda a escola ainda existe. Salim acredita ainda que alguns

tipos de deficiências exigem uma atenção mais focada, o que é mais difícil numa classe cheia
de alunos. Por isso ele defende que nesses casos o atendimento seja diferente, para que a

criança possa desenvolver toda a sua capacidade.

Um tópico abordado por Mittler(2003) é o papel do Coordenador de Necessidades

Especiais, tendo como propósito auxiliar os professores da rede regular de ensino no trabalho

educacional às crianças com algum tipo de necessidade educacional especial e a todas as

outras; além das adaptações necessárias na sala de aula e no currículo. É exatamente isso que

a LDB propõem quando coloca que as escolas devem ter acesso a uma equipe de apoio

especializada o que contribui para o um processo de inclusão ideal. “A inclusão, quando feita

de forma adequada, representa uma etapa vencida no desenvolvimento da criança ou

adolescente com necessidades especiais” ( ANDRAUS, 2005)

Além da interação com outras crianças, que exclui o isolamento ao qual muitos

deficientes acabam sendo submetidos, a participação na vida social aumenta a auto-estima.

Com a educação inclusiva, os professores da classe comum do ensino


regular, a escola regular, passam a ter um “novo alunado”. “alunos
especiais”, “pessoas com deficiências”, “pessoas com necessidades
educativas especiais”, estudantes! Estudantes que começam a
freqüentar a ‘pertencer’, às escolas da sua comunidade, onde seus
irmãos, primos e vizinhos estudam. (CASTRO; FREITAS apud
SASSAKI, 1997, p. 123)

É preciso preparar todos os professores para atender a todos os alunos a fim de


corresponder às expectativas de uma educação ideal.
[...] eles (professores) também têm o direito de esperar apoio e
oportunidades para seu desenvolvimento profissional nesse caminho,
da mesma maneira que os pais e mães têm o direito de esperar que
suas crianças sejam ensinadas por professores cuja capacitação
preparou-os para ensinar a todas elas. (MITTLER,2003, p. 183)

Dentro desta perspectiva entre o ideal e o real é preciso que o professor, como peça
fundamental no processo de ensino-aprendizagem, tenha por propósito a necessidade da
construção e ampliação de suas habilidades aliadas as suas experiências para atender de
forma concreta as perspectivas da educação inclusiva, que é o ensino a todas as crianças
independentemente de suas semelhanças e/ou diferenças.
A inclusão cresce a cada dia, com ela, o desafio de garantir uma educação de qualidade para
todos. Na escola inclusiva, os alunos aprendem a conviver com a diferença e se tornam
cidadãos solidários. Para que isso se torne realidade em cada sala de aula, sua participação,
professor, é essencial. (CAVALCANTE 2005 ,p.40)

7 A PREPARAÇÃO DO PROFESSOR E A EDUCAÇÃO ESPECIAL

Sabe-se que, em geral todo ser humano teme a mudanças; não é muito diferente no

âmbito educacional. Na questão da inclusão dos PNEE’s nota-se uma ambigüidade, de um

lado pais otimistas por seus filhos especiais estarem em escolas regulares e por outro lado os

professores preocupados por não terem formação adequada para recebê-los. [...] Com a Lei
da inclusão, essas e outras diferenças, sobre as quais já antes, nós professores, não sabíamos

nada, pois sempre foi um saber específico do campo clínico, agora, de uma hora pra outra,

devemos sabê-las? ( BRAUNER, 2005,p.10 ) A inclusão ainda é uma novidade assustadora

para muitos professores. A tendência é que os mesmos se refugiem num paradoxo, baseando-

se em propostas idealistas que dificilmente se efetuam na prática, com isso se angustiam pelo

fato de saber que é tão pouco o que ele pode fazer quando a responsabilidade é de todos. Por

isso se faz necessária a sua preparação.

A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO DO PROFESSOR

Tratando-se da responsabilidade fundamental dos educadores, referendamo-nos na

questão profissional em relação ao contexto atual. A medida que os professores tornam-se

profissionais da educação, e o processo de conscientização de uma sociedade democrática

acontece onde a educação deve ser acessível a todos, e fez a escola reestruturar-se, seus

educadores tiveram seu posicionamento voltado para uma educação inclusiva.

Segundo Santos (2005, p.6 ) é preciso não só conhecer algumas dificuldades

educativas dos PNEE’s mas, direcionar o olhar para uma compreensão da diversidade

oportunizando a aprendizagem de seus estudantes e respeitando suas necessidades, constitui o

cerne de sua formação. A formação do professor precisa estar em consenso com a necessidade

da perspectiva educacional atual de inclusão. Porém, do que adianta ter-se projetos especiais,

um parágrafo inteiro dedicado aos direitos dos PNEE’s, criar-se uma secretaria de educação

especial, quando o docente a atuar não está preparado para receber estes alunos nas classes

regulares?!, Como foi apresentada no capítulo 6 a disparidade entre professores gabaritados e

não gabaritados para isso em relação a grande demanda de alunos, é discrepante. [...] pode

parecer cruel, mas é verdade que um professor incompetente ou mal preparado para a tarefa,
acarretará a criança retardada mental, maior mal que a ausência de recursos de educação

especial. ( MAZOTTA, 1993. p.46)

O art.8º parágrafo I da resolução CNE/CEB número 2 diz que as escolas da rede

regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns professores

capacitados e especializados respectivamente, para o atendimento às necessidades

educacionais dos alunos. Sabe-se que isso dificilmente acontece. A LDB coloca que as

escolas devem contar com professores qualificados em seus diversos níveis, seja magistério;

curso superior de pedagogia ou pós-graduação.Muitas escolas não se preocupam em investir

nesta preparação do professor e igualmente diversas faculdades de pedagogia não incentivam

estudos nesta área pela mesma ter um enfoque em gestão e não em educação especial.

Objetivando a contextualização da teoria com a prática foi realizado uma pesquisa de

campo com professores de classes regulares dos seguintes estabelecimentos de ensino: Escola

Rural de Capoeiruçu, Colégio Estadual Antônio Joaquim Correia, Escola Dr. Augusto Público

e Colégio da Faculdade Adventista da Bahia. São estes os resultados:

Gráfico 1

Formação Docente

29% 29%

Magistério
Superior Completo
Superior Incompleto

42%
Fonte: Questionário – Questão 1

A formação destes profissionais caracteriza-se pela qualificação ou


habilitação específicas, obtidas por meio de cursos de pedagogia ou de
outras alternativas de formação agenciadas por instituições
especializadas. Nestes cursos, estágios ou capacitação profissional,
esses especialistas aprenderam a lidar com métodos, técnicas,
diagnósticos e outras questões centradas na especificidade de uma
determinada deficiência, o que delimita suas possibilidades de atuação.
( SÁ, 2002.p.1 )

A necessidade da inclusão dos PNEE’s nas escolas regulares é óbvia, mas da mesma

forma também faz-se necessária uma preparação dos professores para isso,seja através da

formação acadêmica ou capacitação realizada através da formação contínua.

A capacitação efetiva de docentes para atuar nessa perspectiva


inclusiva que vise o desenvolvimento autônomo, tem como finalidade
levar esses profissionais a uma constante reflexão sobre sua prática
pedagógica, onde a avaliação e re-avaliação, bem como os
questionamentos, são permanentes, afim de que possam rever esta
prática e compartilhar experiências e novas idéias com seus colegas,
pondo fim na prática individualista da formação e do exercício
profissional. (FREITAS, CASTRO, 2005, p. 60

A lei coloca que a educação é direito de todos e impõe essa inclusão de forma

abusiva. Segundo as declarações dos professores, a maioria deles não se sentem preparados

para receber estes alunos, há uma necessidade de se desenvolver habilidades muito mais além

de simples conhecimentos teóricos; a prática é indispensável e isto não é vivenciado no curso

superior de pedagogia. Colocam ainda a falta de uma equipe de apoio especializada como:

psicólogo, fonoaudiólogo, profissional da área de educação especial entre outros; afinal, é isso

que a lei diz que garante mas na prática nota-se que não é bem assim que funciona.

Prosseguindo com a análise dos dados, consta no próximo gráfico a confirmação do

que esta sendo abordado em relação ao pensamento dos professores no tocante a inclusão

inclusiva.
Gráfico 2

Professores que se sentem preparados para o


processo de inclusão

14%

Sim
Não

86%

Fonte: Questionário – Questão 7

Este gráfico evidencia cada palavra dita pelos professores, e sua opinião quanto as

suas condições profissionais para receber os alunos PNEE’s em suas classes regulares de

ensino.

Para a educação, o sujeito com deficiência é um "aluno especial",


cujas necessidades específicas demandam recursos, equipamentos e
níveis de especialização definidos de acordo com a condição física,
sensorial ou mental. No âmbito da saúde, o mesmo aluno é tratado
como "paciente", sujeito a intervenções tardias e de cunho curativo,
enquanto no campo da assistência social ele é um "beneficiário"
desprovido de recursos essenciais à sua sobrevivência e sujeito a
formas de concessão de benefícios temporários ou permanentes de
caráter restritivo[...] (SÁ, 202.p.3)
Os professores abordam ainda que a iniciativa do governo é boa só em determinados

pontos, como a interação social, a quebra de preconceitos e a empatia mas, existem alguns

pontos que dificultam. Além da falta de preparo existem poucas iniciativas efetivas e práticas

por parte das entidades governamentais bem como das instituições educacionais no preparo de

seu corpo docente assim como mostra o gráfico a seguir:

Gráfico 3

Iniciativa das Escolas

29%
Nenhuma

Cursos
0% Socialização

71%

Fonte: Questionário – Questão 8

[...] O que se observa, nestes setores, são ações isoladas e simbólicas


ao lado de um conjunto de leis, projetos e iniciativas insipientes e
desarticuladas entre as diversas instâncias do poder público. Em
todos os casos, percebemos uma concepção de sujeito fragmentado,
incompleto sem a necessária incorporação das múltiplas dimensões
da vida humana[...] (SÁ, 202.p3)
A maioria dos professores entrevistados acreditam ser importante a inclusão porém

muito difícil devido as condições precárias tanto na parte pedagógica quanto física como

mostra o gráfico seguinte:

Gráfico 4

Opinião dos professores sobre a inclusão dos


PNEE's

21%

0% Importante
Desnecessário
Inviável

79%

Na verdade a formação de qualquer educador deve ser rica o bastante


para permitir Uma aguda consciência da realidade em que irá atuar,
uma fundamentação teórica que permita uma ação coerente, além de
uma satisfatória instrumentalização técnica que permita uma ação
eficaz (...) Sua concretização implica abrangência nos níveis
atitudinal, crítico-contextual, cognitivo e instrumental. ( SAVIANI,
apud MAZOTTA, 1993;40)

Partindo desses pressupostos pergunta-se, de que forma o professor pode preparar-se e

ser preparado para receber os PNEE’s nas classes regulares uma vez que aparentemente lhes

faltam subsídios? È preciso que toda a comunidade escolar viabilize esta preparação, seja no

âmbito administrativo ou mesmo no investimento pessoal, o que não se pode admitir é que a
mesma não aconteça. Todo esforço da parte do professor deveria ser envidado para maximizar

sua atuação, já que é natural de todo docente querer explorar o máximo de seus alunos.

Falar do papel do professor implica, por um lado abordar aspectos


que estão além da relação ensino-aprendizagem, pois implica falar da
escola no contexto da sociedade contemporânea, com suas
desigualdades e contradições. Por outro lado, implica não subestimar
as relações cotidianas de sala de aula, as quais o professor tem a
responsabilidade específica. Responsabilidade esta de possibilitar a
apreensão do saber sistematizado pelo seu aluno. Essa posição pode
possibilitar a superação de possíveis características que sua herança
biológica o marcou. (KASSAR, 2004, p. 85)

As mudanças dos processos educativas se consolidam na construção de novas

percepções de quem produz a prática pedagógica. Pra que isso aconteça é preciso que o

professor tenha acesso ao conhecimento pois, o mesmo permite uma abertura para visão de

mundo no contexto da inclusão dos PNEE’s e que esse crescimento seja visto de forma

contínua e jamais acabada. Para KASSAR,(2004) o professor, como protagonista de sua

história, ao reconhecer-se como tal, pode traçar caminhos que possibilitem mudanças

fundamentais em sua ação pedagógica. O acesso ao conhecimento é fundamental para o aluno

e professor enfim para o ser humano, por isso a importância de possibilitar uma educação de

qualidade de forma holística fundamentada no amor, no compromisso e na dedicação pois, a

mesma é um direito de todos independente de suas diferenças e/ou semelhanças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo resultou nas seguintes deduções: A percepção da presença da educação


inclusiva em vários documentos legais como a Constituição Federal que assegura a educação
para todos; o progresso nas leis de diretrizes e bases da educação, declarações universais
como a de Salamanca e outros. Os cursos de pedagogia deveriam ter uma carga maior das
disciplinas referentes a educação especial na grade curricular ,as escolas podem e devem
investir em cursos através de formação continuada ou incentivar os professores a participar de
seminários e cursos específicos pertinentes ao assunto. Percebe-se ainda que é de estrema
importância ter-se a presença de uma coordenação especial na escola como também a
necessidade do professor estar preparado para receber estes alunos nas classes regulares pois ,
de nada adianta a inclusão dos mesmos nas escolas regulares se não há condições físicas e
principalmente pedagógicas. Sabemos que a lei garante certos direitos que em sua maioria
estão no papel, a mesma apresenta um ideal que está muito longe da realidade atual. Com
base nos questionários aplicados com professores das escolas citadas anteriormente verifica-
se esta verdade, muitos professores não estão preparados , não há equipes especializadas para
apoiar o trabalho do professor, como consta nos dados da Secretaria de Educação Especial do
Brasil onde mostra que a maioria das escolas não tem apoio pedagógico nenhum. Ou seja, a
maioria das escolas que tem alunos com necessidades educacionais especiais tem contadocom
a boa vontade e dedicação de seus professores, isso é importante , porém não é o sulficiente
para garantir aos mesmos uma educação de qualidade pois os professores não tem os meios
para proporcioná-los tal educação. É preciso realmente que haja nas escolas uma equipe de
apoio especializada em educação inclusiva, condições físicas adequadas, gestores
preocupados e interessados em preparar seus professores para receber estes alunos especiais e
por fim professores preparados para recebê-los em sala de aula com tudo que eles merecem e
tem direito para se desenvolverem como educacionalmente e socialmente, diz-se socialmente
porque como sabe-se a escola tem um papel fundamental na sociedade como agente
transformador.
Finalizamos admitindo não ter encerrado tudo que se podia explorar em um tema tão
complexo, todavia acreditamos que se mostra necessário a realização de novos estudos nessa
perspectiva, um deles poderia a importância do preparo de acadêmicos do curso de pedagogia
para receber alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular.

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