O “desvio de produtividade do consumidor” é uma tese
desenvolvida pelo advogado Marcos Dessaune, que vem sendo reconhecida e aplicada pelos Tribunais brasileiros, desde 2013.
Segundo o próprio autor da tese:
o desvio produtivo caracteriza-se quando o
consumidor, diante de uma situação de mau atendimento, precisa desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências — de uma atividade necessária ou por ele preferida — para tentar resolver um problema criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável.
Diante disso, a espera por tempo excessivo, em filas de banco,
por exemplo – situação essa que causa extremo aborrecimento e estresse ao consumidor –, é passível de gerar direito à dano moral subjetivo.
Nas palavras de Maria Helena Diniz (2002, p. 83), o dano moral:
consiste na lesão a um interesse que visa a
satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos de personalidade (como a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família). Configurado o dano, portanto, há a possibilidade de este ser reparado mediante indenização.
E quanto ao argumento de que essa tese sobrepesaria o
judiciário, Dessaune defende que, "se os fornecedores não cumprem a lei espontaneamente, só resta aos consumidores lesados fazerem valer seus direitos por intermédio dos Procons e do Poder Judiciário". Dessa forma, com a devida condenação dos fornecedores quando da prática de dano moral, haveria a prevenção de sua continuidade, diminuindo, assim, as demandas judiciárias. REFERÊNCIAS
DIAS, Luana Cristina Ferreira. Teoria do desvio produtivo do
consumidor: contra longa espera em bancos, telefonias e consultórios. Disponível em: http://www.amodireito.com.br/2018/01/direito-oab- concursos-teoria-desvio-produtivo-consumidor.html. (Acesso em 01.04.18).
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: direito das
coisas/Maria Helena Diniz. – 16. ed. atual de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406 de 10-1-2002). – São Paulo: saraiva, 2002.
GUGLINSKI, Vitor. Você sabe o que é “desvio produtivo do
consumidor”? Disponível em: https://vitorgug.jusbrasil.com.br/artigos/114536742/voce-sabe-o-que-e- desvio-produtivo-do-consumidor. (Acesso em 01.04.18).
LELLIS, Leonardo. Tempo gasto em problema de consumo deve ser
indenizado. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2014-mar- 26/tempo-gasto-problema-consumo-indenizado-apontam-decisoes. (Acesso em 01.04.18).