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Faculdade Pitágoras

Camila Carvalho
Cleidivânia Alcântra
Ivamara Pereira
Larissa Stefany
Valquiria Capila
Yara Sousa

ACONSELHAMENTO E ORIENTAÇÃO
EM PSICOLOGIA
ADOLESCENTES INFRATORES

Belo Horizonte

2017
1.0. Introdução

Adolescência, esta fase do desenvolvimento humano que sempre causou


preocupação em nossa sociedade, preocupação maior ainda quando estes
jovens estão envolvidos no contexto de violência. E muito se fala e estuda
sobre o assunto, é neste contexto que o artigo estudado se insere. Ele relata a
experiência de atendimentos psicológicos aos jovens na Delegacia do
Adolescente e Centro Socioeducativo em Curitiba, Paraná.

Proporcionando a eles um acolhimento multidisciplinar no momento de suas


chegadas à instituição. Com o foco de promover reflexões e diálogos sobre os
atos infracionais cometidos e comportamentos disfuncionais relacionados ao
estado depressivo e ansiedade.

Cumprindo assim o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente,


dando a oportunidade de escuta desses jovens.

2.0. Contextualização

O artigo relata a implementação de uma experiência pioneira em uma


Delegacia do Adolescente e Centro de Sócio-Educação, por estagiários de
Psicologia da PUC do Paraná, em 2005.

O objetivo principal foi implantar o serviço de plantão psicológico para


adolescentes autores de ato infracional na recepção, triagem e abrigamento da
Delegacia do Adolescente com uma intervenção psicológica focal. A
modalidade possibilitou reflexão e diálogo com os jovens sobre o ato
infracional, sobre sua responsabilidade na situação, comportamentos
disfuncionais.

3.0. Como foi realizado o trabalho.

Os estagiários permaneciam na instituição por oito horas semanais, que eram


distribuídas em dois períodos.

Os adolescentes eram encaminhados ao atendimento psicológico após serem


atendidos pela recepção. O atendimento que era realizado pelos estagiários
durava cerca de 30 a 40 minutos, aonde era usada uma intervenção baseada
em estratégias focais, considerando o contexto em questão ser transitório e
emergencial.

Após cada atendimento, era preenchido pelo grupo uma ficha de registro de
atendimentos e um formulário de atitudes, o intuito era organizar os dados da
intervenção, com as características das atitudes dos adolescentes do início ao
fim do atendimento.

Os dados obtidos pelo grupo de estagio foram tabulados, segundo as


características de identificação da clientela. Foram esses: Atitudes de
envolvimento de reflexão, atitudes depressivas e atitudes de ansiedade.
A primeira corresponde à conduta do adolescente em relação à proposta,
visualizada na situação de atendimento, como: interesse ponderações sobre a
situação infracional analise sobre as consequências de evento, verbalização
sobre as perspectivas de vida e futuro.

A segunda se refere às condutas que representava humor deprimido,


visualizadas na situação de atendimento, como olhar vago, desanimo, apatia,
pessimismo, tristeza, desinteresse, perda de prazer pela vida e desesperança.

A terceira relata as atitudes de ansiedade, portanto nesta categoria durante o


decorrer dos atendimentos se demonstravam a presença de estados de
ansiedade diante a situação de agitação motora, respiração ofegante,
inquietude e irritabilidade.

Os dados que foram adquiridos nos atendimentos aos adolescentes, foram


organizados e distribuídos de acordo com a análise sócio demográfica, analise
dos discursos e avaliação de mudanças de atitudes durante a intervenção.

Fora atendido ao todo cerca de 59 casos, destes 37 correspondia ao sexo


masculino, 8 ao sexo feminino e 2 atendimentos foram direcionados a
familiares. A idade média dos adolescentes submetidos ao atendimento era de
15,5 nos de idade.

O conteúdo dos registros de atendimento foi subdivido em quatro categorias


devido aos relatos dos adolescentes. Essas foram: características da
adolescência, aspectos familiares, drogas e problemática social/violência.

Em relação às características da adolescência foram percebidas a importância


da valorização do momento reflexivo nos atendimentos, onde pode ser
explorada alternativas nas vivencias dos adolescentes, que não os
envolvessem novamente nas consequências negativas dos atos infracionais.

Sobre os atendimentos realizados cerca de 39% dos adolescentes atendidos


relatam mora com os pais, 38% com pelo menos um dos genitores (no geral a
mãe). 11% relatam viver na rua, os demais residem com outros parentes (7%),
e uma faixa de 5% em outras condições.

A problemática relacionada ao uso e tráfico de drogas, esteve presente em


grande parte dos atendimentos. Em alguns relatos notava-se que o
adolescente estava sob efeito de substancias, além da diversidade de
substancias usadas. Nesses casos em que era evidente o uso de drogas,
observaram-se nitidamente processos autodestrutivos.

Houve casos no qual era relatado pelo adolescente, em que a própria


residência era um ponto para a venda de drogas, e que os pais eram usuários,
em outros casos acabaram mortos por traficantes.

Referente à problemática social e a violência, consta que o uso de drogas


recorrente é uma das maiores causas das infrações para conseguir dinheiro.
A vida nas ruas era outro fator aliado ao uso das drogas, pois responde como a
predominância dos delitos de furtos e/ou assaltos descrito nos relatos.

Observou-se também certo sentimento de injustiça por parte dos adolescentes


em relação a autoridades que representavam a lei, principalmente os policiais.

As contradições de condutas utilizadas revelaram que existe uma instabilidade


de caracterização da identidade dos adolescentes, as mesmas que possibilitou
a possível atitude de reflexão durante os atendimentos realizados. As
respostas obtidas eram diversas, mais no geral resistentes. No entanto as
atitudes parecem ser mais elaboradas em adolescentes mais velhos ou
adiadas para um futuro mais distante por eles, pois a maioria se sente seguro
com a lei que os protege até os seus 18 anos.

Alguns jovens atendidos se limitaram ao relatar a banalização da violência e


injustiça social de sua realidade de vivencia, pois não podiam fazer nada. A
desesperança e a sensação de estar fora do controle também foram citados.

Devemos relatar que os resultados obtidos estão ligados à expressão que


caracteriza dois lados, o depressivo e as atitudes ansiosas. Facilmente são
observados a justificativa e a eficácia deste modelo breve. Os mesmos
revelaram padrões com duração e propensão às intervenções com o tempo
delimitado. Tanto uma como outra podem depender de uma análise do quadro
momentâneo e das características de personalidade em fase da adolescência.

4.0. Vantagens e desvantagens dessa modalidade com esse público

4.1. Vantagens:

Promover alívio da ansiedade, bem como a tentativa de levar o


adolescente a refletir sobre a situação presente, destacando a sua
responsabilidade pela mesma de maneira analítica e crítica.

O formulário de atitudes identificou atitudes depressivas do grupo. Desta


forma os atendimentos passaram a ser divididos em três grandes
categorias de resposta durante a análise: Atitudes de envolvimento e
reflexão, Atitudes depressivas e Atitudes de ansiedade.

Atitudes de envolvimento e reflexão (categoria 1): nessa categoria, foram


considerados os atendimentos de acordo com o envolvimento dos
jovens com a proposta. Na população atendida, 70,2% envolveram-se
positivamente demonstrando participação espontânea, receptividade ao
diálogo e eventualmente atitudes reflexivas verbalizadas. Nos demais
casos, considerados como não receptivos à proposta, o adolescente não
relatou mais do que o necessário, fez uso de monossílabos, evitou a
continuidade do diálogo ou estava sob efeito de substâncias.
Atitudes depressivas (categoria 2): durante os atendimentos em que
predominaram atitudes depressivas, observou-se que essas foram mais
detectadas em adolescentes reincidentes ou abrigados. A aplicação do
formulário de atitudes no início e no final dos atendimentos revelou uma
redução dessas atitudes em pouco mais de 41% dos casos.

Atitudes de ansiedade (categoria 3): já nos atendimentos em que as


atitudes eram predominantemente relacionadas à ansiedade, a redução
desses comportamentos ao final dos atendimentos chegou a 72,9% dos
casos.

4.2. Desvantagens:

Atitudes reflexivas pareciam mais elaboradas em adolescentes mais


velhos e muitos jovens atendidos se limitavam a relatar com apatia a
banalização da violência e da injustiça social que permeia sua realidade,
como se nada pudessem fazer a respeito.

Inicialmente o formulário de atitudes baseou-se num inventário de


ansiedade (Beck et al.,1988) para se detectar predominantemente
atitudes relacionadas à constatação da ansiedade. Entretanto, a
complexidade do momento da adolescência associada à situação
específica desses jovens revelou também aspectos expressivos de
apatia e desesperança nos atendimentos, relacionados com as
condições em relação ao presente e às expectativas limitadas de futuro
que julgavam ter, fatos estes que, em conjunto, denotavam
sintomatologia depressiva. Em vista do constatado, o formulário foi
modificado, diferenciando comportamentos relativos à depressão e à
ansiedade.

5.0. Conclusão

A complexidade do envolvimento em atos infracionais na adolescência revela


os frágeis alicerces que sustentam a formação desses indivíduos.

Em todas as categorias em discurso, grande parte, dos adolescentes apresenta


como problemática comum, como se fosse uma regra estabelecida ou acolhida
pelos vínculos familiares, os vários conflitos típicos da adolescência, evasão
escolar, contato com drogas e também desigualdade social.

A natureza subjetiva na perspectiva da realidade do adolescente, não diminui o


papel da família e da sociedade como suporte. Nota-se que, na evolução da
tecnologia como crescimento mundial, a mídia, reproduz realidade a estes
jovens uma imagem surreal aliada a desigualdade, que não sustentam a
efetividade dos DIREITOS HUMANOS, tampouco a representatividade da
justiça.

Neste sentido, que passa a residir entre a sobrevivência e o ajustamento no


discurso dos adolescentes em conflitos com a lei e com a própria sociedade,
tratar e assistir este jovem no sentido de assistência reproduzir positivamente
uma retomada saudável de seu processo de amadurecimento emocional e
adaptativa.

Dessa forma, a modalidade de intervenções aplicadas pelos projetos também


contribui para atualização do saber o ato infracional desse adolescente e
também para o andamento do processo jurídico, subsidiando juízes e
promotores em decisões mais adequadas para o adolescente em questão. Pois
desta forma, as iniciativas renovam a atenção dada à importância e a
necessidade de repensar ás práticas preventivas e corretivas aplicadas.
Valorizar e fornecer informações com objetivo para melhorar e, adequar
medidas socioeducativas ou a subjetividade destes adolescentes com maior
eficácia no processo de ressocialização.

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