Resumo
O objetivo deste artigo é analisar a produção científica que aborda o tema
fenomenologia enquanto método de pesquisa e comparar as publicações nos principais
eventos científicos e revistas de Administração com classificação “A” segundo a CAPES.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que teve como metodologia a investigação em meio
eletrônico e a revisão de 43 artigos publicados nos principais eventos e revistas nacionais de
administração entre os anos de 1997 e 2008. Os principais resultados são apresentados em
sete tabelas e duas figuras, que mostram: a quantidade de artigos publicados no período,
classificação por tópicos de pesquisa, natureza do estudo, técnica de coleta de dados, número
de autores, instituições e projetos pesquisados, e autores e obras mais utilizados. O estudo
baseia-se no conceito de fenomenologia de Edmund Husserl e em trabalhos que abordam a
utilização do método fenomenológico para a pesquisa em outros campos das ciências sociais.
O trabalho aborda os principais autores e as principais obras que serviram de referência para o
desenvolvimento dos artigos investigados, procurando levantar informações consideradas
relevantes para estudiosos, professores e alunos que se interessam pelo tema. O artigo
apresenta os principais conceitos que fazem parte da fenomenologia e busca a separação entre
a fenomenologia enquanto método de pesquisa e como movimento filosófico. O estudo
mostrou que o interesse pela fenomenologia como método de pesquisa em Administração vem
crescendo substancialmente, notadamente nos últimos seis últimos anos do período
pesquisado. A falta de entendimento sobre o método fenomenológico, segundo Moreira
(2002), pode ser explicada devido à relativa ausência de sua exploração, fato que também se
deve a sua difícil compreensão. Mas o estudo indica que há bastante disposição de estudiosos
em Administração em superar as dificuldades de compreensão da fenomenologia, pelo fato de
reconhecerem a adequação do método para pesquisas qualitativas que enfatizam a experiência
de vida das pessoas como fonte de informações. Essa pesquisa se insere nesse contexto, ao
servir de referencial para a realização de estudos que abordem o tema fenomenologia ou que
utilizem o método fenomenológico como método de pesquisa em Administração. Nesse
sentido, foram apontadas sugestões de estudos futuros, como a investigação sobre a qualidade
da aplicação do método fenomenológico nos artigos mapeados, e a realização de pesquisas
que tenham como objetivo discussão mais aprofundada da condução das técnicas de pesquisa
aplicadas em trabalhos baseados no método fenomenológico.
Introdução
A pesquisa qualitativa é caracterizada pela ação e pela reflexão, sendo assim é
marcada por uma abertura na interpretação de seus conceitos, na diversidade de rótulos e
rotinas de trabalho que nem sempre podem ser bem estabelecidas. Acompanhar o
desenvolvimento da pesquisa qualitativa e manter-se atualizado em relação a ela é tarefa
difícil, em face da quantidade de novas abordagens que surgem e das novas formas de
interpretação dessas abordagens.
Os métodos de pesquisa mais comuns provêm das ciências sociais, como a psicologia
e a antropologia, e de uma forma mais indireta da filosofia. A contribuição mais direta da
filosofia nesse campo corresponde ao que é chamado de fenomenologia, ou método
fenomenológico – método de estudo da fenomenologia. A fenomenologia foi um dos
movimentos filosóficos mais importantes do século XX, que desde seu início teve ligações
estreitas com a recém criada psicologia, que serviu de meio para a disponibilização do método
fenomenológico para as outras disciplinas no campo das ciências sociais. Quanto a sua
1
utilização prática como método de pesquisa, pode-se dizer que o método fenomenológico é
relativamente inexplorado, o que se deve basicamente a sua difícil compreensão,
principalmente por aqueles que não são da área da filosofia. (MOREIRA, 2002).
Carvalho e Vergara (2002), em referência à pesquisa na área de marketing, mas que
pode contemplar outras áreas, sugerem que uma das grandes dificuldades encontradas na
utilização da abordagem fenomenológica consiste na falta de maior sintetização de seus
procedimentos metodológicos para o uso de acadêmicos ligados à área. Gil (2002) ressalta
que uma das maiores contribuições da reflexão fenomenológica foi o seu auxílio na
formulação de problemas e na construção de hipóteses.
O objetivo desse artigo é analisar a produção científica que aborda o tema
fenomenologia, bem como comparar as publicações nos principais eventos científicos e
revistas de Administração com classificação “A” dada pela CAPES. Trata-se de uma pesquisa
bibliográfica que teve como metodologia a pesquisa em meio eletrônico e a revisão de 43
artigos publicados nos principais eventos e revistas nacionais de administração entre os anos
de 1997 e 2008. Em busca desse objetivo, foram identificadas as organizações, instituições e
entidades objeto de estudo, bem como as principais obras sobre fenomenologia e seus
respectivos autores. Os artigos analisados foram classificados de acordo com a natureza
(estudos práticos ou teóricos) e as áreas de estudo.
A relevância desse estudo está ancorada no fato de que tem crescido a cada ano o
interesse pelo estudo e pelo uso da fenomenologia como método de interpretação em pesquisa
em Administração. Destaque-se ainda a disposição de pesquisadores em superar as
dificuldades de compreensão filosófica da fenomenologia, por vislumbrarem a adequação do
método em pesquisas qualitativas que enfatizam a experiência de vida das pessoas.
Este artigo inicia-se com uma breve incursão aos principais conceitos da
fenomenologia. Em seguida apresenta-se a metodologia utilizada na pesquisa, para então
mostrar os resultados obtidos e as análises desenvolvidas. Finalmente, nas considerações
finais, são apresentadas as contribuições dessa pesquisa e incita-se a continuidade dos
estudos.
2
– 1938), para quem a fenomenologia era uma forma completamente nova de fazer filosofia,
que entrando em contato diretamente com as “coisas próprias” dava destaque à experiência de
vida, deixando de lado especulações metafísicas e abstratas. Para Husserl, a Fenomenologia é
uma doutrina que defende que o intelecto intui uma certeza sobre a essência das coisas, de
forma imediata e absoluta.
Diz Husserl em sua obra Investigações Lógicas, que Fenomenologia é
““uma zona neutral de investigação”, onde as ciências têm raízes”. (...) “A fenomenologia nunca se
orienta pelos fatos (externos ou internos), mas pela realidade da consciência, isto é, para aquilo que se
manifesta imediatamente na consciência, alcançada por uma intuição, antes de toda reflexão ou juízo: as
essências ideais (fenômenos)” (RIBEIRO JR., 1991, p. 24-25).
“inclui todas as formas pelas quais as coisas são dadas à consciência”, e (...) “todas as formas de estar
consciente de algo quer dizer que ele inclui também qualquer espécie de sentimento, desejo e vontade,
com seu comportamento imanente” (MOREIRA, 2002, p. 63).
“O que aparece na consciência é o fenômeno. [Fenômeno] que significa trazer à luz, colocar sob
iluminação, mostrar-se a si mesmo em si mesmo, a totalidade do que se mostra diante de nós”
(MOUSTAKAS, 1994, p. 26).
3
“Trata-se de explorar este dado, a própria coisa que se percebe, em que se pensa, de que se fala,
evitando forjar hipóteses, tanto sobre o laço que une o fenômeno com o ser de que é fenômeno, como
sobre o laço que o une com o Eu para quem é fenômeno.” (Lyotard, 1967, p. 9).
4
As essências correspondem a unidades de sentido observadas por indivíduos diferentes
nos mesmos atos, ou pelo mesmo indivíduo em diferentes atos. As essências são as unidades
básicas de entendimento comum de qualquer fenômeno. “Quando um fato se nos apresenta à
consciência, juntamente com ele captamos uma essência.” (MOREIRA, 2002, p. 84).
Outro conceito fundamental é o de intencionalidade. A idéia de intencionalidade está
ligada à idéia de a consciência ser dirigida a algo ou de ser consciente de um objeto. Nisso
entram dois conceitos importantes: o de imanente e o de transcendente. O imanente
corresponde ao que vemos, a um dado, por exemplo, a parte da frente de uma árvore. Já o
transcendente é a nossa objetivação da árvore. A transformação do imanente em
transcendente, ou seja, a transformação da simples imagem do objeto em significação do
objeto é feita por meio do procedimento que é chamado de análise intencional.
Voltando à noção de intencionalidade,
“dizer que a consciência é intencional significa dizer que toda consciência é consciência de algo. A
consciência não é uma substância, mas uma atividade constituída por atos (percepção, imaginação,
volição, paixão, etc.), com os quais visa algo” (MOREIRA, 2002, p. 85).
A atitude fenomenológica não se preocupa com o que é real, pois a fenomenologia tem
por objetivo analisar as vivências intencionais da consciência e a partir daí perceber o sentido
dos fenômenos. Outro conceito é o de evidência apodítica que é compreendido como um
saber certo e indubitável.
“Significa o aparecimento do que verdadeiramente é, e é por isso tão manifesto que exclui a
possibilidade de dúvida e de erro. A evidência é um critério de verdade e de certeza. Para Husserl, vai
haver evidência sempre que haja uma adequação completa entre o intencionado e o dado, quando se dê
um “preenchimento da intenção”, isto é, a intenção receba a absoluta plenitude do conteúdo, a plenitude
do próprio objeto” (MOREIRA, 2002, p. 86).
“Sem a evidência, não será possível falar de fundamentação radical. No entanto, não é qualquer
evidência que é satisfatória: apenas a evidência apodítica, com ausência total de dúvida.”(MOREIRA,
2002, p. 86).
A Metodologia Utilizada
Este estudo configura-se como uma pesquisa bibliográfica baseada nos artigos
publicados nos anais dos principais eventos científicos e revistas de Administração no Brasil,
classificados pela CAPES como “A”. A pesquisa considerou apenas as publicações no período
de 1997 à 2008. Este intervalo foi definido pela intenção dos autores em mapear a produção
mais recente sobre o tema, zelando pela atualidade e pertinência dessa pesquisa.
As revistas selecionadas para a pesquisa foram: Organizações e Sociedade – O&S, da
Universidade Federal da Bahia; Revista de Administração Contemporânea – RAC; Revista de
Administração da Universidade de São Paulo – RAUSP; Revista de Administração de
Empresas – RAE, da Fundação Getulio Vargas/SP; Revista de Administração Pública – RAP,
da Fundação Getulio Vargas/RJ; Revista Eletrônica de Administração – REAd, da
6
Universidade Federal do Rio Grande do Sul; e Cadernos EBAPE, periódico on-line sobre
Administração Pública e de Empresas, da Escola Brasileira de Administração Pública e de
Empresas da Fundação Getulio Vargas.
No que se refere aos eventos científicos, foram investigados: Encontro da Associação
Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração – EnANPAD; Encontro de
Marketing da ANPAD – EMA; Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD – Eneo;
Encontro de Administração Pública e Governança da ANPAD – EnAPG; e Simpósios
ENANPAD.
As informações sobre os artigos publicados nas revistas e nos eventos foram obtidas
mediante busca eletrônica, utilizando-se as ferramentas de busca disponibilizadas nos
próprios sites e critérios de pesquisa com variações da palavra “fenomenologia” (fenomenol*,
fenomenologia, fenomenológico, fenomenológica e fenomenologicamente). Ao todo foram
encontrados 43 artigos, sete publicados em revistas (17%) e 36 publicados em eventos (83%).
Dos eventos, o EnANPAD é o único que possui edição anual.
Teve-se a preocupação de revisar o texto de cada artigo, com intuito de estabelecer
com maior segurança a classificação dos temas e principalmente a metodologia utilizada, a
fim de se atingir os objetivos delineados para a pesquisa. A classificação dos artigos por
assunto e por tema seguiu a metodologia adotada pelo EnANPAD. Os temas foram agrupados
em nove assuntos: APS - Administração Pública e Gestão Social; EOR - Estudos
Organizacionais; EPQ - Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade; ESO -
Estratégia em Organizações; FIN – Finanças, GCT - Gestão de Ciência; Tecnologia e
Inovação; GOL - Gestão de Operações e Logística; GPR - Gestão de Pessoas e Relações de
Trabalho; e MKT – Marketing.
Quanto à natureza de pesquisa, os trabalhos foram classificados em teóricos ou
práticos. Os estudos teóricos são aqueles nos quais os modelos ou teorias são abordados,
oferecendo recomendações de ação ou estágios a serem atingidos. Já os estudos práticos são
aqueles que foram realizados a partir de dados obtidos em pesquisa de campo.
A organização e a análise dos dados, bem como a definição da estrutura deste trabalho,
basearam-se no modelo do artigo de Lunardi, Rios e Maçada (2005). Com base no trabalho
desses autores, foram elaboradas as tabelas 1, 2, 3 e 4. Para complementar o estudo, foram
elaboradas as tabelas 5, 6 e 7 e as figuras A e B. É importante ressaltar que o objetivo desta
análise não foi julgar a qualidade científica dos artigos, mas sim identificar o uso da
fenomenologia, os principais assuntos de pesquisa e os instrumentos e técnicas utilizados na
investigação, as instituições ou programas pesquisados, as universidades com maior número
de publicações e os autores mais citados nos artigos.
Resultados e Análises
A tabela 1 mostra a distribuição dos 43 trabalhos, que abordam o tema fenomenologia
ou usam a fenomenologia como método de pesquisa, publicados nos principais eventos e
revistas em Administração no período de 1997 à 2008.
As publicações estão concentradas nos últimos seis anos pesquisados, período em que
foram publicados sete trabalhos (6% do total) entre 1997 e 2002, contra 36 publicados (84%
do total) no período de 2003 à 2008, números que indicam um interesse crescente do estudo e
da aplicação da fenomenologia em pesquisas em Administração. Os eventos constituem o
principal veículo de divulgação da fenomenologia (84%) e o evento com maior número de
publicações é o ENANPAD com 31 publicações (72% do total de 43 artigos).
7
TABELA 1 - ARTIGOS SOBRE FENOMENOLOGIA PUBLICADOS NO PERÍODO DE 1997 a 2008
Ano de Publicação
Publicações Total
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
O&S 0
R RAC 0
E
V RAUSP 1 1
I
RAE 1 2 3
S
T RAP 0
A
S REAd 0
EBAPE 1 1 1 3
E ENANPAD 3 3 4 5 7 5 2 2 31
V EMA 1 1 2
E
N EnEO 1 1
T
O EnAPG 1 1
S
Simpósio ANPAD 0 1 1
Total Geral 0 3 0 0 1 4 5 8 7 6 2 7 43
Obs.: Os espaços demarcados com a cor cinza correspondem a anos em que não houve edições dos eventos científicos correspondentes.
Ano de Publicação
Total
Assuntos (Classificação
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
ENANPAD)
R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E G
FIN - Finanças
1 0 1 1
GCT - Gestão de Ciência, Tecnologia e
Inovação 1 1 0 2 2
MKT - Marketing
1 1 3 2 2 5 7
TOTAL GERAL
3 1 1 3 1 5 1 7 7 5 2 3 4 7 36 43
Legenda: R = Revista; E= Evento; G= Geral
8
A área do Ensino e Pesquisa em Administração concentrou o maior número de
publicações, totalizando 13 artigos (30% do total). Os trabalhos enquadrados nesse assunto
discutem a fenomenologia e o seu uso como método de pesquisa no campo da Administração.
Os assuntos Gestão de Pessoas e Relação de Trabalho, Estudos Organizacionais, Estratégia
em Organizações e Marketing ficaram equilibrados com cinco, seis, sete e sete publicações
respectivamente, somando 25 publicações ao todo (58% do total de 43 artigos). Essa
distribuição equilibrada pelos assuntos eixos nos estudos organizacionais reforça o indicador
de que o estudo da fenomenologia está se consolidando fortemente como opção de
metodologia de pesquisa em Administração.
A tabela 3 mostra que os artigos que utilizam a fenomenologia como método de
pesquisa em Administração superam os que exploram teoricamente o tema. Do total de 43
artigos analisados, 26 (60%) foram identificados como estudos práticos e 17 (40%) como
teóricos. Essa tabela confirma os dados das tabelas anteriores que apontam para a
consolidação do uso da fenomenologia como método de pesquisa em Administração nos
últimos seis anos pesquisados: 24 dos 26 artigos classificados como práticos (92%) foram
publicados nos últimos seis anos do período pesquisado. Em relação aos estudos teóricos,
70% destes foram publicados nos últimos seis anos pesquisados. Esses dados indicam que a
discussão sobre o tema fenomenologia no início dos anos 2000, refletida em publicações,
produziu sustentação e incentivo ao desenvolvimento de estudos práticos para abordagem da
fenomenologia nos anos seguintes.
Ano de Publicação
Total
Natureza 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E G
Estudos Teóricos 2 1 1 1 1 1 2 1 3 1 1 2 5 12 17
Estudos Práticos 1 2 4 5 6 3 1 2 2 2 24 26
TOTAL 0 3 0 0 1 4 5 8 7 6 2 7 7 36 43
E P Q - E N S IN O E P E S Q U IS A E M
G C T - G E S T Ã O D E C IÊ N C IA ,
T E C N O LO G IA E IN O V A Ç Ã O
O P E R A Ç Õ E S E LO G ÍS T IC A
R E LA Ç Õ E S D E T R A B A LH O
A P S - A D M IN IS T R A Ç Ã O
E S O - E S T R A T É G IA E M
O R G A N IZ A C IO N A IS
A D M IN IS T R A Ç Ã O E
M K T - M A R K E T IN G
GOL - GESTÃO DE
C O N T A B ILID A D E
O R G A N IZ A Ç Õ E S
EOR - ESTUDOS
FIN - FIN A N Ç A S
METODOLOGIA TOTAL
Estudos Teóricos 0 2 10 2 0 0 0 3 17
Estudos Práticos 1 4 3 5 1 2 1 5 4 26
Total 1 6 13 7 1 2 1 5 7 43
10
TABELA 5 - TEMAS EM FENOMENOLOGIA VERSUS TÉCNICA DE COLETA DE DADOS
(segundo metodologia de classificação adotada nos eventos da ANPAD)
e
Não-
Documental
Documental
Observação/Pesquisa Participante
Entrevista e Análise Documental
Observação
Entrevista e Questionário
Observação Participante
Pesquisa Bibliográfica
Áreas e Temas
Análise
Análise
Análise Documental
Mapeamento
Questionário
participante
Entrevista,
Entrevista,
Entrevista
Entrevista
Total
APS - Administração Pública e Gestão Social 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
FIN - Finanças 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
MKT - Marketing 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4
TOTAL GERAL 10 1 2 2 2 1 2 2 1 1 2 26
11
TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS POR NÚMERO DE AUTORES
Ano de Publicação
Total de
Artigos Total de
Número de Autores 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
Autores
R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E R E G
1 (um) 1 3 1 3 1 1 3 2 3 12 15 15
2 (dois) 3 1 3 3 2 2 3 1 4 14 18 36
3 (três) 1 3 1 1 1 0 7 7 21
Mais de 3 1 2 0 3 3 13
TOTAL DE AUTORES 0 6 0 0 1 5 7 17 12 13 4 20 7 36 43 85
12
FIGURA A - INSTITUIÇÕES E PROJETOS PESQUISADOS NOS ARTIGOS CLASSIFICADOS COMO ESTUDOS PRÁTICOS
13
Tabela 7 - Obras mais Referenciadas nos Trabalhos Analisados
Quantidade de
Trabalhos em
Obras
que são
Referenciadas
BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. 22. ed. Petrópolis:
Vozes, 2002. 9
Burell G, e Morgan, G. Sociological Paradigms and Organizational Analysis, London:
Ashgate Publisching, 1994 8
MOREIRA, Daniel A. O Método Fenomenológico na Pesquisa. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2004. 7
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 2ª Ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista:
Editora Universitária São Francisco, 2007 7
VAN MANEN, M. Researching lived experience. New York: Satate of New York Press,
1990. 6
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Ed. Atlas,
1992. 6
CARVALHO, J. L. F.; VERGARA, S. A Fenomenologia e a Pesquisa dos Espaços de
Serviços. Revista de Administração de Empresas, v. 42, n. 3, p. 78-91, jul./set, 2002. 5
CRESWELL, J. W. Research design: qualitative, quantitative and mixed methods
approaches.2.ed, SAGE, 2002. 5
GLASER, B. G.; STRAUSS, A. L. The discovery of grounded theory: strategies for
qualitative research. Chicago: Aldine Publishing Company, 1967. 5
MOUSTAKAS, C. Phenomenological Research Methods. Thousand Oaks: Sage
Publications Ltda, 1994. 5
SCHUTZ (1979) Fenomenologia e Relações Sociais (Textos Escolhidos). Rio de
Janeiro: Zahar. 5
VERGARA, S.C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 4. ed.São Paulo:
Atlas, 2005. 4
THOMPSON, C. L., LOCANDER, W. B., POLLIO, H. R. Putting consumer experience
back into consumer research: the philosophy and method of existencial-phenomenology.
Journal of Consumer Research, v. 16, n. 12, Sept. 1989. 4
PAIVA JR, F. O empreendedorismo na ação de empreender: uma análise sob o
enfoque da fenomenologia sociológica de Alfred Schütz. Tese de doutorado em
Administração. Centro de Pesquisa e Pós-graduação em Administração. Universidade 4
14
FIGURA B - Obras de Edmund Husserl Referenciadas nos Trabalhos Analisados
HUSSERL, E. The crisis of european sciences and transcendental phenomenology . Evanston :
Northwestern University Press, 1970.
HUSSERL, E. A crise da humanidade européia e a filosofia. Porto Alegre:EDIPUCRS, 2002.
HUSSERL, E. Ideas relativas a una fenomenologia pura y una filosofia fenomenológica. México: Fondo
de Cultura Económica, 1962.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 2ª Ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária
São Francisco, 2007
HUSSERL, E. Ideas: general introduction to pure phenomenology. New York: Collier Books, 1931.
HUSSERL, E. Investigações Lógicas: sexta investigação. São Paulo: Abril S.A., 1975.
HUSSERL, E. Meditações cartesianas: introdução à fenomenologia. São Paulo: Madras Editora, 2001.
HUSSERL, Edmund. Elem entos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento. In:
Investigações lógicas. São Paulo, Nova Cultural, 1988. [Coleção Os Pensadores ]
Considerações Finais
Esse estudo teve como objetivo analisar a produção científica sobre fenomenologia e o
seu uso como método de pesquisa em Administração, bem como comparar as publicações nos
principais eventos científicos e revistas de Administração com classificação “A” dada pela
CAPES. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que teve como metodologia a revisão de 43
artigos publicados nesses eventos e revistas no período de 1997 a 2008.
Os levantamentos mostram que o estudo da fenomenologia vem crescendo a cada ano,
bem como sua utilização como método de pesquisa em Administração. Os eventos são o
principal veículo de divulgação da fenomenologia, com destaque para o Enanpad que
concentra 72% de toda a publicação sobre o tema.
O assunto Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade foi responsável por
30% das publicações nos doze anos pesquisados, de 1997 a 2008, consolidando-se e
crescendo a cada ano. Isso indica a construção de uma base teórica consistente em relação ao
tema, capaz de sustentar a qualidade da análise de pesquisas com base no método
fenomenológico. O crescente número de trabalhos classificados como práticos, bem como a
diversidade de assuntos e de objetos de pesquisa abrigados pela análise fenomenológica,
também ajudam a reforçar essa afirmação. A pesquisa mostrou ainda que a cada dia mais
estudiosos se interessam pela construção conjunta de trabalhos que envolvem o tema.
O estudo levantou os principais autores e as principais obras que serviram de
referências para o desenvolvimento dos artigos e entende-se que essas informações
constituem referencial teórico importante para estudiosos, professores e alunos que se
interessam pelo tema. No âmbito da pesquisa qualitativa, devido ao seu caráter aberto e
marcado pela ação e pela reflexão, a quantidade de novas abordagens e interpretações é muito
grande, o que torna difícil uma atualização constante. O conhecimento acerca dos principais
estudiosos e de suas principais sobre o assunto constitui instrumento valioso de atualização e
desenvolvimento dentro do tema.
Como explica Moreira (2002), os métodos de pesquisa mais comuns provém das
ciências sociais, como a psicologia e a antropologia, principalmente, e de uma forma mais
indireta da filosofia. A contribuição mais direta da filosofia nesse campo corresponde ao que é
chamado de fenomenologia ou método fenomenológico – método de estudo da
fenomenologia, um dos movimentos filosóficos mais importantes do século XX.
O autor explica que a falta de utilização e de melhor entendimento sobre o método
fenomenológico pode ser explicado devido à relativa ausência de sua exploração, fato que se
deve a sua difícil compreensão. Esse estudo contribuiu para demonstrar que cada vez mais
estudiosos do campo da Administração estão dispostos a superar essas barreiras, pelo
entendimento que têm de que a fenomenologia constitui um método muito adequado em
15
pesquisas que tenham em seu objeto dar destaque à experiência de vida das pessoas.
Essa pesquisa deixa indicações de estudos a serem realizados futuramente, como por
exemplo, a investigação da qualidade da aplicação do método fenomenológico nos trabalhos
que foram objeto desse estudo, bem como de outros. Sugere-se ainda a realização de
pesquisas que tenham como objetivo discussão mais aprofundada da condução das técnicas de
pesquisa aplicadas em trabalhos nos quais foi utilizado o método fenomenológico. Enfim, os
dados levantados nesse trabalho podem servir de referencial valioso para a realização de
pesquisas que abordem o tema fenomenologia ou que utilizem o método fenomenológico
como método de pesquisa em Administração.
REFERÊNCIAS
16