EDITORIAL
SUMÁRIO
ARS BENE
MORIENDI
C
omo é atestado pelas Sagradas Escrituras, Jesus
se preocupou com o cansaço e o desgaste dos
trabalhadores e trabalhadoras do Reino. No en-
tanto, há necessidade de tempo para atender os
doentes e necessitados. Os discípulos não têm
tempo nem para comer. Jesus então convida para sair
um pouco do trabalho e os leva a um lugar calmo e tran-
quilo.De vez em quando é necessário parar e se refazer.
Em meio a esta correria, o papa Francisco desponta
como um dos críticos da atual realidade. O pontífice tem
falado da chaga do “martalismo”, do ativismo, produzido
pela presunção de quem se ilude que pode contar unica-
mente com os próprios recursos, estruturas, de quem se
apoia nas rebuscadas estratégias organizativas que sabe
pôr em campo, esquecendo a insubstituível necessidade
da graça de Deus.
Francisco tem criticado a maneira burocrática e formal,
que leva muitos no ministério a viver como meros em-
pregados, empenhados compulsivamente na elaboração
de projetos, a redigir programas, e implacavelmente ob-
cecados pelo cálculo das entradas e saídas, confundindo
a eficiência técnica com a eficácia evangélica, trocando
a urgência das muitas coisas a fazer, com a prioritária
importância de viver em cada situação os sentimentos
que tinha Jesus Cristo.
A propósito do mês vocacional de agosto, o papa
Francisco, em maio último em visita aos participantes
de um simpósio sobre a Vida Consagrada interveio de
forma livre e espontânea, recorrendo a uma expressão
latina para chamar atenção aos religiosos e religiosas
sobre uma tentação que hoje ataca a todos: a Ars bene
moriendi, ou seja, a “eutanásia espiritual” que atinge o
coração do consagrado que não aguenta mais os problemas
da vida, que não tem coragem de seguir o Senhor, que
não faz próprios os conselhos evangélicos e, portanto,
fecha-se em si mesmo numa atitude de sobrevivência
e acaba por se anestesiar e morrer sem deixar fruto. O
papa sugere, então, três atitudes para contrariar esta
tentação: oração, pobreza e paciência.
No Brasil, a Comissão Episcopal Pastoral para os Mi-
nistérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como subsídio
para vivência deste momento, elaborou materiais para
colaborar na dinâmica de experiência vocacional com
o tema: “Vocações para uma grande missão” e o lema:
“Ide e anunciai” (Mt 11, 4b). 
2 JULHO/AGOSTO 2018 MISSÕES
JULHO/AGOSTO 2018/06
Irmã Maricela Vargas, EF, e
professo Abel Andrade, imc.
Foto: Júlio César Caldeira
 PRÓ-VOCAÇÕES----------------------------------------03
Quem hei de enviar? Quem irá por nós?
Oscar Liofo
 ATUALIDADE----------------------------------------------04
A formação no caminho para a Missão
Bruno Santana Aguiar
 ESPECIAL--------------------------------------------------06
Pastoral Afro: em defesa de uma cultura
Sândrio Cândido
 INFÂNCIA-------------------------------------------------08
175 anos de IAM
Patrícia de Souza
 ESPIRITUALIDADE----------------------------------------10
Deus nos chama a serviço da Vida
Ronaldo Lobo
 TESTEMUNHO-------------------------------------------12
Leigos Missionários da Consolata
Antonieta e Sérgio Merlo Garcia
 FORMAÇÃO MISSIONÁRIA----------------------------14
Violência contra as pessoas idosas
Juacy da Silva
 FÉ EM AÇÃO---------------------------------------------16
Nossos maiores resíduos
Nei Alberto Pies
 FAMÍLIA CONSOLATA-----------------------------------17
Na montanha
Giacomo Mazzotti
 MISSÕES RESPONDE-----------------------------------21
O Estado e a Igreja
Edson Luiz Sampel
 ÁSIA--------------------------------------------------------22
Relação significativa
Gilberto da Silva
 DESTAQUE------------------------------------------------24
América em Missão: o Evangelho é alegria
Jaime Carlos Patias
 MISSÃO EM CONTEXTO-------------------------------26
Campanha vocacional
Agência Gaudium Press
 BÍBLIA------------------------------------------------------27
Até os confins da terra!
Mauro Negro
 ENTREVISTA-----------------------------------------------28
A Igreja em saída do papa: adesões e resistências
João Vitor Santos
 VOLTA AO BRASIL-----------------------------------------30
BBC Brasil, Folha de São Paulo, Grito dos Excluídos.

Quem hei de enviar?
Quem irá por nós? (Is 6, 8)
A vocação brota do coração de
Deus e do cuidado comunitário.
de Oscar Liofo
A
escassez de vocações é uma questão tão
antiga como atual na história. Jesus já tinha
recomendado aos discípulos que pedissem
ao Senhor da messe para que enviasse mais
operários para sua seara.
Nesta perspectiva, as dioceses do Regional Sul 2
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB -
Paraná), iniciaram uma ação evangelizadora em prol
das vocações, tendo como tema: “Cada comunidade
uma nova vocação” (ver rubrica Missão em Contexto
- p. 26 desta edição). Esta ação evangelizadora está se
espalhando para outras dioceses do país e também
fora, através dos encontros de oração, das formações,
das reuniões, das redes sociais etc.
A problemática atual nos leva a perguntarmo-nos:
será que Deus parou de chamar jovens para a vida
PRÓ-VOCAÇÕES
consagrada e sacerdotal? Deus continua chamando
trabalhadores para a sua messe e espera que estes
respondam ao seu chamado. Para que obtenha res-
posta, é necessário que homens e mulheres mensa-
geiros incentivem, animem, convidem, façam o papel
de intermediários, como foi o caso do profeta Isaías,
do sacerdote Eli na vocação de Samuel, (1 Sm 3, 1-8)
e outros. Deus continua chamando hoje os fiéis à
missão evangelizadora para serem outros Elias ou
Moisés, que despertam sementes vocacionais nos
jovens. Por isso, as comunidades são chamadas nesta
ação evangelizadora a rezarem e serem mensageiras,
através das quais Deus vai agindo.
Família
O primeiro lugar onde os mensageiros devem se
encontrar é na família. Os pais podem e devem ser os
primeiros mensageiros que vão mostrando aos filhos
o caminho de Deus. Assim, a ação evangelizadora
proposta pelas dioceses deve começar nas famílias. As
comunidades também são chamadas a serem mensa-
geiras de Deus trabalhando e fortalecendo a formação
cristã já recebida nas próprias famílias. O testemunho
de vida de cada membro da comunidade contribui na
ação evangelizadora. Enfim
os que responderam sim ao
chamado de Deus (padres,
consagrados e consagradas,
casais) e que receberam de
modo particular esta missão
evangelizadora, são chama-
dos incondicionalmente a
assumir o papel de mensa-
geiros de Deus.
A ação evangelizadora
suscitará várias vocações
no meio dos jovens na me-
dida em que todos assumi-
rem o papel de cooperador
evangelizador. 
Oscar Liofo, imc, é professo em Cascavel, PR.
Ordenado diácono em 11 de agosto de 2018.
JULHO/AGOSTO 2018 MISSÕES 3