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JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁ

COMARCA DE SANTANA
NÚCLEO DE GARANTIAS - SANTANA
RUA CLÁUDIO LÚCIO MONTEIRO, 900 - CEP 68.925-000

Nº do processo: 0010517-44.2016.8.03.0002

Tipo de ato: Decisão


DESPACHO/DECISÃO: Trata-se da comunicação da prisão em flagrante de SAMUEL
GEORGE MIRANDA, sob a acusação de ter praticado o crime previsto no art. 213, § 1º
do Código Penal. Após analisar os autos observo pela narrativa dos fatos, apresentada
pela vítima, I. C.DE L. F, 14 anos de idade, que a prisão em flagrante se deu após mais
de 24(vinte e quatro) horas do crime, em lugar distante de onde ocorrera o fato, sem que
houvesse perseguição anterior; portanto, descaracterizando qualquer das hipóteses de
flagrante delito previstas em lei, vide art. 302 do CPP. Cabível, desta forma, o
relaxamento da prisão flagrancial. A irregularidade da prisão em flagrante, entretanto, não
conduz imediatamente à liberdade do indiciado, eis que cabe ao Juiz analisar o
cabimento ou não dos requisitos da prisão preventiva, conforme art. 310 do CPP. Pois
bem. Os indícios da materialidade e da autoria do crime atribuídos ao acusado são
elevados, estão representados pelo laudo do exame de constatação feito na vítima, e
depoimento da mesma. No laudo pericial se registrou: " a pericianda apresenta hímem
íntegro e apresenta sinais clínicos de libidinagem(manipulação vulvar e coito ou
manipulação anal)", indicando a materialidade do crime. De outro lado, as imagens do
circuito de monitoramento em vídeo da escola "Crianças Alegres" (gravação do veículo do
acusado deixando a menor/vítima nas proximidades da escola), e o depoimento da
vítima, este último rico em detalhes, são sinais da autoria do delito. Noutro giro, destaco
que a pena mínima prevista em lei para o crime é superior a quatro anos de reclusão,
permitindo a prisão preventiva. Além disso, vê-se a necessidade da segregação preventiva
para resguardar a ordem pública, posto que o fato despertou o clamor público, sendo
noticiado em diversas redes sociais, órgãos de imprensa, havendo comoção social, pois,
ao que tudo indica o acusado não tinha qualquer relação com a vítima, abordou-a em via
pública, com uso de faca, levando-a para local distante, e praticando sexo oral, e anal
com a menor, o que evidenciou para a população Santanense a situação de insegurança
que os municípeis e em especial os jovens estão expostos. Portanto, fica evidente que,
muito embora, o indiciado seja primário, tenha residência fixa, ocupação lícita, a prisão
se mostra necessária para dar a sociedade uma resposta eficaz, atenuar os ânimos,
impedindo inclusive atos de vingança privada. O Estado-Juiz e o Estado-Administração
precisam exercer seus papéis neste momento de revolta, usando os mecanismos legais, e
assim restabelecendo a ordem social. Pelo exposto, na esteira da manifestação do
Ministério Público, CONVERTO a prisão em flagrante em prisão preventiva do indiciado
SAMUEL GEORGE MIRANDA. Expeça-se o mandado de prisão. Oficie-se ao IAPEN
recomendando que o preso fique separado dos demais, em situação de proteção, em
virtude da natureza da acusação que lhe pesa. Intime-se a vítima a comparecer no setor
psicossocial deste Fórum, vinculado a Diretoria, no prazo de 24h, para que seja

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COMARCA DE SANTANA
NÚCLEO DE GARANTIAS - SANTANA
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entrevistada pela psicóloga, devendo ser remetido o relatório ao Juiz competente para o
julgamento da causa, e feito os encaminhamentos pertinentes aos órgãos de proteção ao
adolescente. Presentes intimados.

SANTANA, 16/11/2016

MICHELLE COSTA FARIAS


Juiz(a) de Direito

Processo nº 0010517-44.2016.8.03.0002 2

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