R E VI S TA

Martinès de Pasqually
em A n o I - No 1 - J u l h o d e 2 0 1 8
Fase da Lua

Publicação mensal e de distribuição gratuita sobre Filosofia e

Prática de Altos Estudos em Teurgia ou Alta Magia e Ocultismo

A presente publicação não possui nenhum vínculo (nem o deseja) com as tais
Tradições mais Tradicionais do que a própria Tradição Tradicional, muito menos
anseia em ter compromisso com os Proprietários da Verdade Absoluta. Nosso
compromisso é com a prática e com a verificação sistemática dos fatos ocultos. Além
disso, seu nome presta uma devida e respeitosa homenagem àquele que foi e continua
sendo um exemplo de prática, dedicação, perseverança e disciplina individuais que
devem caracterizar e nortear toda a ação do Buscador sincero: ao Mui Sábio Venerável
Mestre Martinez (ou Martinès) de Pasqually, fundador da Ordem dos Cavaleiros
Maçons Elus Cohen do Universo, também conhecida como corrente Martinezista.
 “O compromisso do verdadeiro Adepto é com a prática efetiva, deixando as lutas e
competições pela propriedade da Verdade e da Tradição aos fracos de alma, aos
miseráveis de espírito que rastejam e clamam por reconhecimentos e glórias mundanas
tão efêmeros e pueris quanto tendem a desaparecer e a cair no mais completo
esquecimento de acordo com a mesma natureza do que lhe deu origem: o sensível – um
reflexo direto da falta de experiência de campo e da necessidade extremada por
compensação psicológica de algo que lhes falta em sua expressão externa e que somente
pode ser encontrado em seu interior.”
Um simples Phil:: Inc::

A exteriorização da espiritualidade tem sido uma situação cada vez mais recorrente
na sociedade moderna, um efeito natural devido às grandes inovações
tecnológicas e o modo de conforto da vida contemporânea que oferecem milhares
de oportunidades de distração e apego ao Sensível (mundo dos sentidos objetivos), a ponto
de homem imaginar ser esta a sua única realidade. Nunca na história da humanidade se
viveu cada vez mais em função dos prazeres do corpo e de sua manutenção. Mesmo aquilo
que se reveste das mais altas características espirituais se tornam expressões espelhadas de
uma materialidade disfarçada.
“Iniciação não ostentada em público não é considerada
iniciação”.
Neste processo, a Verticalidade Iniciática, alma e propósito maior de todo o Processo
Iniciático (com suas práticas individuais de oratório como meditação, oração, jejuns,
exercícios), é sacrificada em função de uma exclusiva Horizontalidade (frequentação de
Lojas e Templos, rituais pomposos, documentação, carteirinha, títulos de graus suntuosos,
cargos de oficiante etc.). O interior perde espaço para o acessório e para a externalização
da espiritualidade, que ganha características cada vez mais materiais e capitalistas. Com
tudo isso, cobranças de desempenho deixam de ser feitas, a interiorização do processo fica
relegada a último plano ou é, até mesmo, inexistente na maioria dos casos. A
Horizontalidade Iniciática que deveria se apoiar na Verticalidade Iniciática se torna vazia
e apenas ocasiões para encontros sociais nos quais se pode dar um certo alívio às tensões
interiores e fatos mal resolvidos, ou até mesmo, servir de uma forma de distração para
ocupar as horas ociosas. Foca-se mais no bem da Instituição Iniciática do que nos objetivos
espirituais dos indivíduos que a compõem. Com isso, ensinamentos reais e essenciais são
omitidos em função de políticas administrativo-financeiras e a ganância por poder, glórias
pessoais e honrarias mundanas.
A presente publicação surge como uma resposta a tudo isso, uma forma de tornar o
homem contemporâneo vigilante ao que o cerca e para que não se esqueça de que sua
principal missão neste plano é recordar-se de quem é na Essência.
Charles Lucien de Lièvre
 ÍNDICE
páginas
VERTIC ALIDADE E HORIZONTALIDADE INIC IÁTIC AS

C HAVES SIMBÓLIC AS E C HAVES ATIVAS DA INIC IAÇ ÃO

O MANUSC RITO DA ARGÉLIA DE MARTINEZ DE PASQUALLY -

TRADUÇ ÃO DA PRIMEIRA PARTE

C ONFLITOS QUE SURGEM D URANTE AS PRÁTIC AS

 Revista Martinès de Pasqually - Julho de 2018

VERTICALIDADE E HORIZONTALIDADE INICIÁTICAS

“A precisão da Cerimônia, por si só, não basta… É preciso
uma grande exatidão e santidade de conduta de vida, é preciso
uma preparação feita pela Prece, pelo Retiro, pelo Jejum e
pela Meditação...”
Martinez de Pasqually, extraído de Preparação e Precaução para uma Recepção de Réau-
Croix. MSS. Do século XVIII, col. Privada.

E
ou retorno ao “Estado de frustração por mais bem
Maçom Primitivo” como foi elaborado, antigo e tradicional
is explicada em poucas expressado nas palavras do que seja.
palavras o que é Venerável Mestre Martinès de “Não é nas palavras, nem
Verticalidade Pasqually.
Iniciática. Em outros escritos do nas fórmulas do Ritual, nem
Soberano Colégio afirmamos “Há duas ferramentas na invocação ou evocação
constantemente que “qualquer imprescindíveis e das quais o dos Nomes Divinos, nem nas
vestes, nem nas armas
ritualística que despreze a Maçom nunca poderá abrir
preparação interior do mão, a despeito de quaisquer mágicas, nos incensos, nos
Candidato torna-se mero teatro graus: o malho e o cinzel; e círios que se concentra o
ou espetáculo circense, em cujo ao dizer Maçom refiro-me a Poder Divino, mas dentro do
o único palhaço é o Buscador” . cada Buscador Sincero ou próprio Adepto que aciona
HOMEM DE DESEJO que este Poder e se harmoniza
O trecho extraído acima se procura por sua com todas as coisas e com o
reporta a um ritual de Recepção Reintegração”. próprio G.’.A.’.D.’.U.’.”.
de um Réau-Croix, último grau Phil:: Inc:: Phil:: Inc::
da Ordem dos Cavaleiros Existem três elementos
Maçons Elus Cohen do A Verticalidade Iniciática
Universo do século XVIII. é a alma da Ritualística, seja ela essenciais que devem compor
Todavia, tal preparação não em grupo ou individual, por isso toda e qualquer ritualística, seja
deveria e nem deve ser limitada nunca deve ser negligenciada e ela em grupo ou individual e
apenas aos altos graus, e sim a remetida exclusivamente às todo e qualquer exercício
todos eles, principalmente os práticas conjuntas em Templo ou espiritual, meditação ou oração:
basilares. Conhece-se o bom Lojas. Na realidade, o sucesso de gestos (circumbalações, sinais
“Maçom” ou o bom “Adepto” a qualquer ritualística em grupo sagrados, mudrás, toques,
partir dos graus de Aprendiz ou (simbólica) ganha toda sua força posições, direções para pontos
de Neófito. São nessas fases de e poder através do preparo
sua caminhada que ele recebe os individual (mística) de cada um
elementos mais essenciais para a dos participantes, sejam eles
sua formação como Adepto e oficiais ou assistentes.
para a expansão da Consciência
que o levará ao estado de No que tange às práticas
recordação de sua Essência magico-teúrgicas, tal preparo é
Interior, processo também elemento essencial e
conhecido como Reintegração indispensável, caso contrário, o
ritual fica fadado ao fracasso e à

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cardeais específicos, etc),
palavras (orações, apelos,
invocações, evocações,
discussões, diálogos interiores,
apresentações, etc.) e mente
(pensamento concentrado,
intenção, desejo, atenção, foco,
fechamento dos sentidos para o
exterior, etc). Sem esses três
componentes essenciais o ritual
permanece inócuo, por mais
suntuoso que seja a Loja ou o
Templo, sendo relegado ao plano
do puro teatro. A própria
Egrégora da Ordem ou Escola
Iniciática tem dificuldades de
manifestar-se em sua plenitude,
porque ela se apoia não somente
nos aparatos que compõem o
Templo ou a Loja, mas
principalmente no verdadeiro e
real Tabernáculo ou Templo
Divino que se encontra dentro de
cada participante e cujo o Altar é
o coração.
O Santo dos Santos está
dentro de cada um de nós, e para
que esta Luz Inefável se
manifeste em nossas vidas com
sua plenitude de forças é preciso
que nos preparemos para ela, de
modo a não nos cegarmos com
seu brilho. E isso não se faz sem
o devido Treinamento e
Preparação. Tal responsabilidade
é de cada Adepto individual
individualmente.
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É a Verticalidade Iniciática
(trabalho individual sobre si
mesmo ou a mística de Saint-
Martin) que serve de esteio para a
Horizontalidade Iniciática; não o
contrário. Quando o Adepto se
coloca em harmonia com essas
duas fases de sua Iniciação, então
todas as disputas imbecis por
superioridades, linhagens,
regularidades irregulares, títulos,
pompas e glórias mundanas se
tornam pueris e desnecessárias.
Ele reconhece que dentro de cada
um dos seres humanos, ainda que
lá no fundo, muito encoberta
pelos densos véus das ilusões do
ego, jaz sempre brilhante, no Altar
de seu Coração, a Eterna e
Inefável Luz que nos une
intimamente!
“Não cumpre a HaShem (
,wh ), o Altíssimo ( ]vyli )
descer até o Homem, mas ao
Homem ascender à Luz
Inefável porque foi ele quem
se esqueceu de sua Essência
(União Íntima), não o Criador,
uma vez que Este se faz
presente em toda sua Obra. E
tal união não se consegue sem
esforço individual.”
Phil:: Inc::
Somente com o preparo
no retiro, no silêncio e
em meditação no Altar do
Coração é que consegue livrar-se
do apoderamento da arrogância,
vaidade, do orgulho, do falso
sentimento de superioridade com
relação aos demais e tantas outras
mazelas que assolam o “místico”
ou “iniciado” moderno. É esse
alinhamento entre Verticalidade e
Horizontalidade Iniciáticas que
gera a harmonia e o real espírito
de fraternidade que deveria
imperar em todas as Lojas,
Capítulos, Triângulos e pequenos
Grupos. Enquanto existir a pura
externalização da espiritualidade
em forma de desfile nas
passarelas da Vaidade, haverá
conflitos de todas as espécies
entre irmãos das diferentes
correntes, além de cisões e
rupturas internas em ordens, pois
uma espiritualidade puramente
voltada para a satisfação dos
sentidos é tão efêmera, tão volátil
quanto tudo o que pertence ao
Plano do Sensível (termo muito
bem empregado por Louis-
Claude de Saint-Martin). Dito em
curtas palavras, tendem a
desaparecer.
C ONFL ITOS QUE S URGEM NA
PRÁTIC A DA HORIZ ONTAL IDADE
INICIÁTICA
São sintomas facilmente
detectáveis em quaisquer Lojas
ou Capítulos onde a única
preocupação é apenas a prática da
Horizontalidade Iniciática e sua
Verticalidade desprezada:
1. Os aborrecimentos e pensamentos do
mundo externo povoam a mente do
participante ou oficiante de
ritualística, que tem enorme
dificuldade para afastá-los e
concentrar sua mente, por isso usa a
Loja ou Capítulo para fugir
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momentaneamente de tais como Verdade;
preocupações;
Sufoca e reprime com veemência o
2. A Loja ou Capítulo é usado como conhecimento de outros para não
puro meio de socialização, seja ver exposta a sua própria
para fugir do tédio de um dia vazio, ignorância. Normalmente, se
como o domingo, por exemplo, encobre atrás dos “supostos” altos
seja para matar o tempo ocioso, graus ou da posição hierárquica
seja para escapar da solidão; dentro da Ordem ou Escola para
escamoteá-la;
3. Um meio de aliviar as tensões e
angústias anteriores, usando a 9. Provoca fofocas e intrigas pelas
pretensa espiritualidade como costas de alguns membros sempre
anestésico para os conflitos na tentativa de colocar em
interiores de uma vida vazia e sem evidência sua suposta
sentido; superioridade e predileção Divina,
seu conhecimento e suas
4. A demora da cerimônia provoca a habilidades místicas, com vistas a
ansiedade pelo término, mas que, rebaixar e menosprezar o trabalho
por educação, o indivíduo em dos demais. Além disso, força
questão se mantém calado. previsões e visões clarividentes o
Interiormente rumina sua vontade tempo todo, de modo a querer
de ir embora e deseja que o ritual chamar a atenção sobre si, colocar-
acabe logo; se no centro das atenções. Na
verdade, usa a Loja como uma
5. Quando atua como oficiante de desculpa para destilar sua vaidade.
ritualística se aborrece e não vê a
hora de terminar o mandato, Todos esses conflitos
ficando depois um bom tempo poderiam ser facilmente evitados
afastado da Loja. Muitas vezes, se houvesse uma predisposição
xinga e manifesta uma completa real para a prática individual de
aversão à função desempenhada; Oratório ou Laboratório Mágico
como é previsto por muitos
6. Encanta-se facilmente com títulos, sistemas iniciáticos, porém,
cargos e passagens de graus, mas nunca cumprido porque não pode
seu objetivo principal é chegar à ser exibida publicamente; muito
Venerança ou Maestria da Loja, menos é estimulada pelos seus
isto é, tornar-se o centro das dirigentes porque estes são os
atenções, ser admirado e ter sua primeiros a abandonarem tais
companhia cobiçada pelos outros; práticas. Esse assunto polêmico é
então persiste em continuar, ainda profundamente evitado nos
que contrariado. cenáculos místicos e iniciáticos
justamente porque, além de
Entra facilmente em conflito e causar muitos melindres entre os
discussões polêmicas com demais egos inflados, aqueles que estão à
membros da Loja ou Capítulo frente na direção dos trabalhos
porque julga sua opinião a única também se encontram
correta e que todos devem aceitar completamente despreparados.
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É justamente na Essência e
na correta preparação do
indivíduo que se concentra o
sucesso de qualquer ritualística
em grupo; é da Força Interior
que nasce a força conjunta,
porque cada um pode-se
reconhecer como Fonte e
Receptáculo de canalização deste
Poder, ele não está concentrado
em um só indivíduo. É da
Unidade que se parte para a
Diversidade para novamente
reencontrar a Unidade. Afinal de
contas, a palavra “Universo”
significa a diversidade na
Unidade.
No próximo artigo,
abordaremos um assunto ligado a
esse tema que versa sobre as
chaves simbólicas e ativas da
Iniciação.
“Graus, títulos, honras. Subir
e descer a HaShem ( ,wh )
são apenas linguagens
humanas na vã tentativa de
classificar ou organizar o
intangível. A Iniciação real
pode ser somente vivenciada,
experimentada, sentida não
verbalizada por palavras
humanas. Por essa razão, as
classificações do mundo
nunca devem sobrepor àquilo
que vem do interior e
atravessa os séculos e
milênios. Esse é o Espírito da
própria Tradição, que a
ninguém pertence, mas é de
todos ao mesmo tempo”.
Phil:: Inc::
S:: C:: M:: P::
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C HAVE S ATIVAS E C HAVE S SIMBÓ LIC AS D A INIC IAÇ ÃO

As práticas mais insignificantes em aparência e mais estranhas em si mesmas, ao fim que nos
propomos, levam, não obstante, a esse fim pela educação e o exercício da VONTADE. Um
camponês que se levantasse todas as manhãs, às duas ou três horas, e que fosse bem longe
colher, todos os dias, um ramo da mesma erva, antes do levantar do sol, poderia, levando
consigo a erva, operar um grande número de prodígios. Esta erva seria o sinal da sua
VONTADE e tornar-se-ia, para este a própria VONTADE, tudo o que ele quisesse que se
tornasse no interesse dos seus desejos.

N o trecho acima está

descrito em linhas
breves toda a
essência e importância do
Treinamento Mágico, posto
que nele se reúne os
elementos que definem o
desenvolvimento da
VONTADE – mola-mestra de
toda a eficiência de um Ritual
Mágico ou Iniciático. Nele
encontramos: a interiores, pelo contrário, sua
autodisciplina, caracterizada
por levantar-se bem cedo
todos os dias, antes do nascer
do sol; o que implica
igualmente em uma forte
determinação, um forte
DESEJO para alcançar um
fim. A concentração mental,
caracterizada pela distância
(bem longe) que determina o
tempo mais ou menos longo
necessário para dedicar-se à
Arte. O Adepto bem treinado
sabe que a concentração nada
mais é que o prolongamento
da atenção. O esforço,
caracterizado pelo
percorrimento da distância e a
perseverança em perseguir um
objetivo sem deixar-se
desviar. Todos essas virtudes
são características indeléveis e e que deve ser especialmente
cruciais na formação de uma observado pelo leitor é que a erva é
VONTADE SOBERANA , isto descrita por Eliphas Lévi como o
é, uma VONTADE que nada pode
abalar ou inquebrantável. Daí a
necessidade crucial de
desenvolvimento da Personalidade
Mágica antes de qualquer outra ação
no campo Teúrgico ou Iniciático.
“Todo ato mágico é uma medida
de si mesmo, posto que a Força,
o real Poder vem de dentro do
Adepto e se manifesta através
dele. Os elementos
aparentemente externos
empregados em sua Arte são
apenas meios para alcançar os
mais altos objetivos internos: um
deles é o desenvolvimento da
VONTADE SOBERANA".
Phil:: Inc::
Um detalhe muito importante
“sinal da VONTADE do
camponês” e que pode “tornar-
se para este como a própria
VONTADE” indica o fato de ser
um camponês e agir de maneira
intuitiva ou por ensinamento
transmitido sem, no entanto,
questioná-lo ou meditar sobre ele,
mas que age num ato de pura fé.
Sua condição de camponês não o
priva de suas potencialidades
simplicidade constitui a base de
sua fé inabalável que o dirige
para o mesmo fim alcançado pelo
mais instruído dos Adeptos. A
potencialidade interior está ali, é
real, a Luz Inefável ( hvwhy )
brilha em todos os corações;
apenas os meios de alcançá-la é
que são diferentes. Nessas
condições, quem pode ser
chamado de “profano” ou
“iniciado”?
Já o Magista ou Adepto
deve estar consciente o tempo
todo de cada etapa de seu
desenvolvimento em Alta Magia
ou Teurgia, de modo que um
elemento essencial (a confiança
em si mesmo e em suas
capacidades superiores internas –
traduzida como fé para o leigo)
participe de todo o processo
iniciático e da elevação em graus

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(entendida como elevação
interior). Para que ele adquira
essa confiança inabalável é
preciso que concilie três
fatores essenciais: gesto,
palavra e mente. O que pode
ser entendido como etapas
necessárias de um
Treinamento Mágico.
Por conseguinte, não é
na espada que está o real
Poder, nem no Círculo
Mágico, nem nas vestes, nem
no manto, nem na baqueta,
nem no Oratório, nem nas
palavras dos Rituais, mas tal
poder (VONTADE ) vem de
dentro do próprio Magista ou
Adepto. Todos os elementos
aparentemente “externos”,
volto a repetir alto e bom
som, aparentemente
“externos” são expressões
dessa VONTADE
SOBERANA desenvolvida
por suas ações deliberadas e
conscientes. Essa é a essência
da “mística” de muitos
santos, yoguins, adeptos das
diversas correntes ocultistas:
reconhecer que o poder vem
de uma única e inesgotável
FONTE: do interior do
Adepto. Aquele que
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compreender isso terá captado a
essência da Prática Teúrgica e manipulado pelas mãos de um
poderá dedicar-se a ela sem medo. verdadeiro Adepto da Arte”.
Phil:: Inc::
Todos os símbolos
empregados em sua Arte como a
espada, o pantáculo, a taça, a definirEiso a quemelhor forma de
são CHAVES
baqueta, as vestes, o círculo ATIVAS DA INICIAÇÃO
mágico, os rituais e orações longas CHAVES SIMBÓLICAS dae
e complicadas, as circumbalações, o mesma. Nos rituais simbólicos,
levantar-se de madrugada, os jejuns, normalmente realizados em
as abstinências, o retiro e as Lojas, Capítulos ou Triângulos
meditações tendem a este único são empregados os mesmos e
objetivo: o despertar da VONTADE exatos símbolos e sinais
SOBERANA no Adepto. Os utilizados pelo Mago em sua
instrumentos empregados se Arte, todavia, desprovidos de
tornam, por assim dizer, uma seus elementos essenciais de
extensão de seu poder interior. poder, posto que para tornar esses
A verdadeira força não está símbolos ativos, seria necessária
nos objetos, mas naquele que os uma rigorosa preparação do
manipula e os torna extensão de seu Adepto ou dos Adeptos para a
poder interior, por isso observa isso, a de
realização um tal ritual. Com
cerimônia simbólica
todos os ritos e regras de preparação produz efeitos apenas superficiais
desses objetos para que se tornem o e que não ultrapassam
prolongamento de sua VONTADE , psicológico e do mentala concreto,
esfera do
assim como a preparação de si permanecendo nas camadas
mesmo, sem a qual seria impossível superficiais
imantar tais objetos para o uso em subconsciente. daOs rituais mente
sua Obra. simbólicos destinam-se
praticamente ao exercício do
“A mais bela e suntuosa das companheirismo e para alimentar
espadas templárias não substitui a Egrégora, daí a razão da prática
um prego fincado em um coletiva. O momento mais
pedaço de madeira se este for culminante (etapa mística) de um
rito simbólico é a CADEIA DE
UNIÃO, que muito se assemelha
à CADEIA MÁGICA DE
UNIÃO oriunda de práticas muito
antigas e realizadas em segredo
pelos Adeptos treinados para a
Arte.
“O Adepto Perfeito ou Mago
traz para fora de si mesmo o
Santo dos Santos, o Segredo
dos Segredos, os Arcana
Arcanorum para a
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consagração e santificação
do Templo e de si mesmo,
por isso a mais estrita
observância do Rito é
exigida – condição sine
qua non para seu sucesso
no exercício de sua Arte”.
Phil:: Inc::
Portanto, as CHAVES
ATIVAS DA INICIAÇÃO
consistem na transmissão do
Poder Divino aos símbolos e
materiais empregados em
ritualística, ativando sua alma
astral e ligações com as
dimensões ou Planos Internos
mais profundos (isso só pode
ser alcançado pelo devido
treinamento interior). E
CHAVES SIMBÓLICAS DA
INICIAÇÃO consistem no
uso dos mesmos símbolos,
porém, de uma maneira
superficial atuando na
periferia da mente e com o
objetivo de alimentar a
Egrégora, muitas vezes
alcançando apenas de forma
também superficial a mente
subconsciente do indivíduo.
Por essa razão, muitos desses
rituais dão apenas uma
impressão psicológica de
evolução da consciência, uma
espécie de transe hipnótico
que permanece apenas após
alguns momentos ou mesmo
dias após a sua conclusão,
mas que desaparecem por
completo ao longo do tempo.
É por essa mesma razão
que vemos tantos idiotas
agarrarem-se
desesperadamente a títulos e
honrarias mundanas,
transformando-se em poços de
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pura vaidade, soberba e ostentação
externa de condições que deveriam
se irradiar de seu interior, sem que
para isso tivesse que clamar por
glórias e reconhecimentos
mundanos. Essa necessidade de
compensação psicológica surge
justamente porque a Iniciação
superficial não é capaz de aplacar os
anseios da alma, com isso o ego
assume a direção, uma vez que sua
existência também se destina a
proteger o Adepto enquanto neste
Plano Material.
No caso de um ritual mágico
teúrgico, o Mago se funde com o
próprio Criador e se torna o centro
ativo do Poder e do centro do
Círculo Mágico comanda toda a
operação. Pode-se dizer que o Deus
Íntimo ( hvwhy ) é o protagonista
de todas as ações em ritualística
teúrgica, por essa razão todas as
Inteligências Invisíveis são
comandadas e se fazem presentes.
Na realidade, o espaço mágico,
Laboratório Mágico ou Templo
Individual é utilizado e preparado
pelo Mago para se tornar um espaço
intradimensional, no qual todas as
energias corroboram para
manifestação de sua Consciência
Superior, esse Deus Íntimo que
habita seu ser desde a eternidade. É
nesse exato momento que as
CHAVES da ritualística se
tornam perfeitamente ativas. Por
essa razão, o espaço ideal ou
Templo Individual não pode
receber a visita de curiosos,
tampouco deve ser permitida a
circulação de pessoas dentro do
local, de modo a não macular sua
aura, que vai se fortalecendo a
cada prática bem realizada.
De nada adianta carregar
talismãs, cristais, medalhinhas,
fitas amarradas ao pulso, trechos
da Bíblia no bolso se aquele que
carrega tudo isso não estiver
capacitado para acionar o poder
destes símbolos. É através da
mente muito bem treinada que o
poder do símbolo se torna ativo.
“Muitos são chamados, mas
poucos os escolhidos.
Mudemos esta declaração
bíblica para uma melhor
forma e mais entendível em
nível de Prática Iniciática:
Todos são chamados, mas
poucos se escolhem, porque
cedem constantemente aos
desejos e atrações do mundo
exterior, porém, as
possibilidades interiores são
exatamente as mesmas para
todos. Tudo é questão de saber
QUERER, tudo é questão de
VONTADE; elementos que
devem caracterizar a real
natureza do HOMEM DE
DESEJO”.
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O MANUS C RITO DA ARGÉ L IA

E L US C OHE N DO UNIVE RS O DE MARTINE Z DE PAQUAL LY
Este é um material de gigantesca importância para o estudo aprofundado do Martinezismo ou
Doutrina dos Elus Cohen do Universo de Martinez (Martinès) de Pasqually. Ele vai de par com
o Tratado da Reintegração dos Seres do mesmo autor, sendo que o Manuscrito traz aspectos
mais detalhados sobre a prática dos Maçons Elus Cohen do Universo e o Tratado seu aspecto
mais teórico e doutrinário. O presente material está sendo cuidadosamente traduzido do
francês para o português e será publicada uma parte desta tradução a cada número da revista,
de modo que o leitor possa compor a obra por completo, além de estudar de forma sistemática
o presente Manuscrito, posto que várias leituras são necessárias, além de combiná-las com a
meditação de modo a apreender seu rico conteúdo.
PRIME IRA PARTE Os três sons relativos ao
som principal estão com ele em
C ARTA S OB RE AS uma relação que os músicos
RE L A Ç Õ E S D A avaliaram, o primeiro sob o
H A RM O N I A C O M O S nome de décima segunda ou
N Ú M E RO S oitava da quinta; o segundo de
décima sétima maior ou dupla
oitava da terceira; e o terceiro

Q
uereis em absoluto,
Senhor, ver por
escrito minhas
relações entre a harmonia e os
números. Ei-las aqui: tudo que
vos peço será de não crer que
vo-las dou como a ciência,
mas somente como um dos
testemunhos da ciência; e
nunca esqueçais que ela não
consiste em frios raciocínios
ou em engenhosas
observações, mas nos
virtuosos desejos da alma e do
uso de todas as forças de
nosso ser. É somente sob esta
condição que escreverei.
Saiba, Senhor, que um
som não se faz ouvir sem
levar consigo, ao subir, três
outros sons dos quais ele é o
gerador. Eis já aí a unidade
quartenária; eis aí sob uma
forma o ponto central e os três
ângulos do triângulo; eis, enfim, um
dos traços da lei que dirige qualquer
produção seja ela particular ou
universal. Deixo-vos refletir se esta
lei poderia ser observada tanto
regularmente, quanto
universalmente nas coisas criadas,
se ela não fosse a mesma na ordem
incriada, ainda mais que é
reconhecido que o que é sensível
não subsiste a não ser pelo que não
o é. Encarreguemos, pois, de nos
elevar até o quartenário insensível e
teremos o princípio de todas as
coisas; princípio que nos esclarecerá
sobre nós mesmos e nos tornará
sábios fazendo-nos buscar se
estamos conformes à nossa origem.
sob o nome de oitava que é a
repetição do som fundamental.
Tais são as relações dadas pela
natureza; tal é a distância que ela
estabeleceu entre os quatro sons
correspondentes. Mas, a décima
segunda e a décima sétima
maiores são apenas oitavas de
sons que se encontram em uma
relação mais aproximada com o
som grave; assim, a décima
sétima maior responde à terceira
maior acima do som grave, e a
décima segunda responde a um
som que está a dois terços acima
deste mesmo som grave.
É daí que se forma o
acorde perfeito composto,
segundo a noção recebida, da
tônica da terceira, da quinta e da
oitava. Sei que a oitava sendo
nada mais que a repetição do
som grave, poderia suprimi-la
como os outros sons fora da

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oitava, mas não posso abster-

me de admiti-la, porque, sem
ela, a gama não seria
concluída, posto que ela é a
prova da unidade. Não entro
no detalhe dos outros sons
harmônicos que os mestres da
arte pretendem descobrir na
ressonância do corpo sonoro.
Como esses sons não são
quase sensíveis e que, aliás,
são apenas novas oitavas dos
quatro sons primitivos dados,
atenho-me àqueles e
considerarei as relações
numéricas que encontro entre
eles no acorde perfeito que
eles compõem.
Primeiramente, o particulares. O primeiro intervalo
acorde perfeito traz o número
1, no que ele é tão somente o
único, que é inteiramente
pleno de si mesmo e que é
inalterável em seu valor
intrínseco como a unidade,
pois não conto a sexta ou a
sexta quarta que são apenas
uma transposição dos
mesmos sons do acorde e, por
conseguinte, não mudam por
isso a essência. Em segundo
lugar, este acorde é composto
por quatro sons que encerram
entre eles três intervalos.
Vistes a unidade produzir
seus três sons
correspondentes e submetê-
los. Vedes atualmente o
quartenário conter e ligar de
alguma forma este mesmo
número ternário, o que já nos
mostra uma relação do
quartenário com a unidade.
Consideremos um instante
este ternário e este
quartenário tanto em seus
ranques como em suas ações
do acorde perfeito é uma terceira, o
segundo é uma terceira e o terceiro
é uma quarta: por que não
reconheceríamos aí o número e a
inferioridade do triângulo simples e
do duplo, assim como o verdadeiro
lugar do quartenário constituído
acima de um e do outro para nele
presidir e dirigir-lhe toda a ação?
A partir do instante que
vemos que ele contém tudo, por que
não admitirmos igualmente que ele
a tudo governa? Ainda mais que o
vemos dominar por seu ranque
natural sobre este duplo triângulo, e
que é sempre esta nota quartenária e
superior que determina a natureza
do acorde perfeito, que poderíamos
chamar de acorde universal. Parece-
me que a própria natureza
estabeleceu aqui a diferença do
ternário com respeito ao quaternário
ou do triângulo com seu centro.
Vemos em um o limite e a
dependência, e vemos a
Onipotência no outro. Vemos nas
duas primeiras terceiras do acorde
perfeito o duplo triângulo, ou o
senário, fator de todas as coisas
inferiores, ao passo que o
quaternário está elevado acima
delas e aí se repousa como sobre
seu assento. Um é composto de
duas terceiras diferentes e nos
representa por isso a natureza
perecível de todas as coisas
elementares; o outro formado por
um só intervalo quartenário é
uma nova imagem do primeiro
princípio, e tanto por seu número
como por seu ranque ele nos
representa a simplicidade, a
grandeza e a imutabilidade. E
nem por isso esta quarta
harmônica é mais permanente que
todas as outras coisas criadas; a
partir do momento que ela se
torna sensível, ela deve passar,
mas isso não impede que, mesmo
em sua ação passageira, ela não
impregne na inteligência a
essência e a estabilidade de sua
fonte. Encontra-se, pois, na
reunião dos intervalos do acorde

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perfeito tudo o que é passivo
e tudo o que é ativo, isto é,
tudo o que homem é capaz de
conceber, e é isso o que
demonstra esta relação que
estabeleci entre o quartenário
e a unidade de onde tudo
provém.
Mas para melhor
enxergar essa relação,
examinemos por que meios
este quartenário contém todas
as coisas: é porque desde seu
princípio até seu termo, há
realmente 10, assim como já
pudestes observá-lo. De fato,
desde a unidade ou o som
grave até o som que termina o
primeiro intervalo do acorde
perfeito, há uma terceira; do
final deste primeiro intervalo
até o fim do segundo, há
ainda uma outra terceira, o
que nos dá seis. Enfim, desde
este último intervalo até o fim
do terceiro, há uma quarta; 6
e 4 somam 10. E tudo fica
completo. Poderíeis ter uma
prova mais sensível da
potência e da Divindade do
denário? E não é somente por
ele que o quartenário possui
toda sua virtude? Pois, enfim,
é a unidade que, unida às suas
três correspondentes, forma o
quartenário e tudo o que ele
encerra.
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Porém, como este quartenário
e tudo o que ele encerra nada
consegue sem a unidade de onde ele
provém, ele se aproxima dela e lhe
reporta ao mesmo tempo todas as
coisas por meio do denário que é a
semelhança e a mais perfeita
imagem desta unidade. Vede com
isso que é por sua correspondência
com a unidade que o quartenário
atua; e que, na verdade, é sempre a
unidade quartenária que contém e
limita o ternário, tanto em seu
princípio quanto em suas divisões e
subdivisões, ou seja, em todas as
produções, ações e qualidades das
quais o ternário é suscetível. É
também o que faz o acorde perfeito
que encerra os três intervalos com
todas as divisões e subdivisões que
podem ser feitas, o que produz todos
os tons da gama, e de onde provém
todos os princípios e todos os efeitos
possíveis da harmonia. No entanto, é
somente de uma matéria escondida
na matéria que este denário nos
parece encerrar todas as coisas; nós
o descobrimos somente por nossa
inteligência; ao passo que ela
manifesta esta verdade aos nossos
próprios sentidos por meio do
octonário que é sua primeira ação.
Também temos somente oito sons
em nossa gama, nos quais o
primeiro e o último são os mesmos
ou, se quiserdes, o alfa e o ômega; o
que nos indica a potência universal
do octonário na Criação. Não tenho
a necessidade de dizer-vos o que é o
octonário, sabeis como eu qual é
aquele que traz este número; a
observação presente nos
confirma o que nos é ensinado,
que é Ele que tudo fez surgir e
que é Ele que sustentará tudo
durante a duração dos tempos.
Conhecemos melhor este
octonário sob o nome de dupla
potência. Muito bem, a ordem
das notas da gama (barrado: se
divide em dois tetracordes
iguais) nos indica ainda sob esta
denominação, uma vez que esta
gama se divide em dois
tetracordes iguais, tanto pelo
número de notas quanto o
número de notas nela contidas e
que por seus intervalos, que são
absolutamente estabelecidos de
acordo com a mesma relação nos
dois tetracordes. Examinai os
intervalos naturais das quatro
primeiras notas começando por
um, e aqueles dos quatro últimos,
e vede se eles não se parecem?
Não encerram eles cada um dois
tons plenos e um meio-tom? E
isso na mesma ordem? Não me
detenho para examinar se esses
tons plenos são maiores ou
menores; sei que nenhum deles
deve se assemelhar, uma vez que
nada se assemelha, mas, com
respeito ao meu limite de
matéria, fico reduzido a somente
conseguir sentir a diferença entre
eles. Não me atrevo a tomar
sobre mim a tarefa de estimá-lo,
e creio que os homens foram
bem ardorosos de fixar neles as
relações por números de
vibrações de 8 a 9, de 9 a 10
etc...
Martinez de Pasqually
Manuscrito da Argélia
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C ONFL ITOS QUE S URGE M NO MOME NTO DA PRÁTIC A 1

A preguiça e o esquecimento são os inimigos da VONTADE, e é por isso que todas as religiões
multiplicaram as práticas e tornaram minucioso e difícil o seu culto. Quanto mais a pessoa se
preocupa por uma ideia, tanto mais adquire força no sentido dessa ideia.

A
(LEVI, Eliphas, Dogma e Ritual da Alta Magia, 2 o Vol., p. 110, SCA-SP)
prática ou
Treinamento
Mágico parece
fácil ao primeiro golpe de
vista. Contudo, basta dar
início às primeiras sessões de
meditação para que sejam
verificados os primeiros
obstáculos e resistências da
mente objetiva e do corpo
físico.
Os piores inimigos do
Adepto não são os
externos, mas os
interiores, porque além de
quase imperceptíveis,
exercem um poderoso
domínio sobre a mente
despreparada e
desgovernada. Daí a
necessidade do
Treinamento e da Prática
assídua. É somente por
meio do exercício
contínuo e da aplicação da
VONTADE SOBERANA
que podemos exercer um
império sobre eles.
Phil:: Inc::
Tentar impor uma
quietude ao corpo não é uma
tarefa tão simples como se
imagina devido aos fortes
apelos e ao vício que o ser
humano tem de ceder aos
prazeres imediatos e a todos
os atrativos da vida externa.
Nos tempos atuais, não existe
mais a necessidade de manter
secretos os ensinamentos, porque já
não existe mais a perseguição
religiosa com poder de polícia ou de
determinar o direito sobre a vida e a
morte de uma pessoa. Em contra
partida, temos muito mais
oportunidades de nos desviarmos de
quaisquer perspectivas espirituais
mais do que em qualquer outra
época, assim como temos a
oportunidade de nos dedicarmos
com mais plenitude a tais
exercícios, justamente graças ao
conforto e facilidades propiciados
pelas inovações tecnológicas, dentre
elas: a internet, os dispositivos
eletrônicos portáteis e os telefones
celulares de última geração.
Podemos dizer que as
facilidades e comodidades da vida
moderna são uma faca de dois
gumes. Ao mesmo tempo que
possibilitam o acesso a milhares de
informações de qualidade, também
possibilitam o acesso a muito lixo e
muita informação errada e
distorcida. Ao mesmo tempo que
nos propiciam com materiais de
áudio e vídeos de altíssima
qualidade para o nosso exercício
espiritual, propiciam igualmente
a oportunidade de nos perdemos
em mil pesquisas que apenas
aumentam ainda mais nosso
estado de confusão e ficamos
sem saber a quem ou ao que
recorrer.
Esses fatores exteriores
influenciam grandemente a
prática mística individual,
porque a mente se vê
constantemente bombardeada
por informações de todos os
tipos e de todas as qualidades,
ductilizando o pensamento
somente para os focos externos,
dando-lhes a impressão de falsos
aspectos espirituais ou internos
da Iniciação.
“Nos dias atuais, mais do que
nunca, se torna
imprescindível a conciliação
entre a prática e a absorção
de conhecimento intelectual,
caso contrário, o Adepto
moderno arrisca-se em
aumentar tão somente sua
angústia interior e a
desesperança em tudo o que
concerne sua espiritualidade,
pois passa a vê-la cada vez
mais como uma coisa
impossível de ser realizada
por um ente humano”.
Phil:: Inc::

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No momento da prática
surgem muitas dificuldades
que impedem a quietude da
mente, já viciada em externar
todos os seus aspectos, sejam
pelas contingências da vida
(trabalho, estudo, vida
familiar, vida conjugal) seja
pela própria mente
acostumada à indisciplina.
Por essa mesma razão, as
atividades em Loja e Templo
ganham a preferência da
maioria, uma vez que não são
obrigados a pensar, a colocar
o foco nessas inquietudes e
resolvê-las.
“Toda e qualquer prática
mística colocará sempre
você diante de você
mesmo. E muitos poucos
conseguem se enfrentar.
Todo ato mágico, toda
prática mística é uma
medida de si mesmo, um
enfrentamento interior
inevitável”.
Phil:: Inc::
Bastam as primeiras
sessões meditativas para que
a mente se veja invadida por
pensamentos de todos os
tipos, alguns deles trazendo a
memória fatos antigos
ocorridos há muitos anos, até
mesmo da infância. Sem
contar a vontade de se mexer
na cadeira (ou poltrona) por
não conseguir manter-se na
posição estática. Alguns
possuem a tendência de bater
as pernas ou mexer os pés.
Outros experimentam uma
certa dor de cabeça por forçar
a concentração. Alguns
disparam a pensar nas
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atividades e ocupações que só
poderão ser resolvidas durante o
decorrer do dia ou na hora em que o
comércio está aberto, porém,
sentem dificuldade em afastar tais
preocupações. Elas atacam sem
cessar, impedindo a tranquilidade e
a quietude.
Todos esses obstáculos são
normais e fazem parte do
enfrentamento interior,
principalmente no início. O Adepto
deve fazer de tudo para superá-los,
pois a prática constante gera a
aptidão. Com o tempo tais
pensamentos incontrolados cedem
espaço ao vazio e a tranquilidade hoje se somam aos de amanhã,
que passam a imperar sobre sua que se somarão aos de depois de
mente e corpo. Esse é um dos amanhã, num contínuo estado de
primeiros sinais de crescimento. Mesmo que se sinta
desenvolvimento de uma desanimado deve persistir e
VONTADE SOBERANA .
cumprir com a disciplina. Tenha
sempre em mente que a prática
assídua gera a aptidão e, depois
“O homem pode ser modificado de um certo, se sentirá
pelo hábito, que, conforme o desconfortável todas as vezes que
provérbio, nele se torna uma falhar consigo mesmo.
segunda natureza. Por meio
uma ginástica perseverante e Não permita que a
graduada, as forças e a ansiedade por resultados se
agilidade do corpo se apodere de sua mente e trabalhe
desenvolvem ou se criam numa sistematicamente, dia após dia.
proporção que admira. O Os resultados são certos, todavia,
mesmo se dá com as forças da cada um possui um ritmo que lhe
alma. Quereis vós reinar sobre é próprio. Ninguém se
vós mesmos e os outros? desenvolve no mesmo tempo que
Aprendei a querer.” o outro. Para uns o processo é um
(LEVI, Eliphas, Dogma e Ritual pouco mais rápido; para outros o
de Alta Magia, 2o Vol., p. 111, processo é um pouco mais lento.
SCA-SP) Porém, todos, absolutamente
Como se resolve essas todos, logram o sucesso neste
múltiplas interferências? desenvolvimento interior.
Praticando, praticando, praticando
e quando achar que já praticou o
Outro fator de grande
suficiente, continue a praticar. Os
importância e que o praticante
efeitos das sessões diárias são deve sempre ter em vista: os
cumulativos, isto é, os efeitos de exercícios
interrompidos
irregulares
geram
e
o
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desencorajamento para
continuar adiante. Quando se
começa uma prática nunca
estamos livres da tentação de
interrompê-la, de ceder à
preguiça ou ao prazer
imediato, seja por deficiência
de concentração, seja por
conta de uma festa, uma
balada, um passeio ou uma
viagem. É preciso organizar-
se, ater-se ao programa
estabelecido e sem
interrompê-lo ou adiá-lo.
“Só existe uma
possibilidade para os
exercícios místicos
falharem: quando não são
feitos ou feitos de forma
aleatória”.
Phil:: Inc::
Existem muitos
“místicos” de segunda a
quinta e, quando chega a
sexta-feira, interrompem suas
práticas vindo a retomá-las
somente na segunda-feira ou
no mais tardar na terça ou na
quarta-feira. Esse buraco nas
práticas lhe dá a sensação de
que está sempre
recomeçando, e muitas das
dificuldades iniciais
retornam, posto que a mente
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e o corpo físico não se encontram
plenamente sob seu domínio. Além
disso, criam o vício de interromper
as práticas todos os fins de semana
e feriados prolongados.
Ao contrário do que pensa a
maioria, o inverno é o nosso maior
aliado no domínio do domínio de si
mesmo pelas seguintes razões:
Esta estação do ano nos convida
naturalmente ao recolhimento, ao
aconchego do lar, a uma menor
expansividade por conta das
temperaturas mais geladas. Observe
que no verão existe uma tendência
natural à expansividade, a sair de
casa, a encontrar pessoas. É uma
tendência natural do elemento fogo
que é a expansividade e a radiação.
No frio dormimos melhor e mais cedo,
por isso, acordamos sempre mais
dispostos. Com isso as sessões
meditativas ganham maior qualidade,
principalmente se realizadas nas
primeiras horas da manhã.
3. O frio igualmente nos oferece a
resistência entre levantar-se e praticar
os exercícios espirituais ou
permanecer debaixo do quentinho das
cobertas. O quentinho das cobertas, na
maioria dos casos, sempre leva
vantagem sobre a mente do praticante
oscilante e preguiçoso. É preciso
que este esteja fortemente
motivado e determinado em vencer
a si próprio. Esse é um dos maiores
testes que se pode impor à
VONTADE .
O frio nos oferece a oportunidade de
verificarmos a força do nosso
DESEJO, isto é, se QUEREMOS
e sabemos QUERER com força ou
se nossa tendência mística não é
apenas um fogo de palha
momentâneo. Principalmente
quando não se tem a obrigação de
levantar cedo para trabalhar. Essa
decisão tem que ser voluntária,
sem agregar-lhe compromissos
mundanos. Por isso,
recomendamos que se desperte
duas horas antes de sair para o
trabalho como autodesafio. Verá
que, assim fazendo, não se sentirá
cansado ou sonolento durante o
dia, pois que a prática meditativa
gera uma enorme energia física e
propicia um enorme bem-estar que
perdura o dia inteiro.
"Como se pode aprender a
querer? Aqui está o primeiro
arcano da iniciação mágica, e
é para fazer compreender a
própria essência deste arcano
que os antigos, depositários
da arte sacerdotal rodeavam
os acessos do santuário de
tantos terrores e prestígios. Só
davam crédito a uma vontade,
quando tinha dado suas
provas, e tinham razão. A
força só pode afirmar-se por
vitórias."
(LEVI, Éliphas, Dogma e
Ritual da Alta Magia, 2o Vol.
p. 111, SCA-SP)
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“Por mais sábio e elevado
que seja o Mestre, por
mais tradicional e antiga
que seja a Ordem ou
Escola Iniciática de que
faça parte, nenhum deles
poderá praticar em seu
lugar, assim como não
podem dormir, beber,
comer em seu lugar.
Compete tão somente a
você e a mais ninguém o
enfrentamento de si
mesmo, os métodos
oferecidos pelas escolas e
Mestres são apenas
ferramentas, mas são suas
mãos que devem pegá-las
e fazê-las trabalhar”.
Phil:: Inc::
Enquanto o ente
humano insistir em externar
sua espiritualidade, ele
conviverá continuamente
com as angústias e os
desesperos da incerteza. A
grande questão do
enfrentamento interior será
sempre uma luta diária, uma
vez que, dotado de um corpo
físico, está igualmente sujeito
às leis e limitações da
matéria. E deve respeitar as
Leis do Espírito e as Leis da
Matéria procuranto sempre
conciliar e harmonizar as
duas. Gautama, o Buda,
meditou durante 40 anos
debaixo de uma figueira antes
de atingir a Iluminação. Jesus
Cristo passou boa parte de
sua vida (parte arrancada
propositalmente do Novo
Testamento) se preparando
para exercer seu ministério; o
que começou somente aos 33
anos de idade. Dos treze anos
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até essa época não se tem notícia do fazer esse enfrentamento ou tiver
que fez ou de onde esteve. medo do Inferno, então todos os
Ora para se tornar um Adepto seus esforços estarão perdidos. Se
Perfeito é preciso começar em ouma medo da danação eterna fosse
condição sine qua non para
algum momento, e não será dando o despertar
valor às coisas acessórias que acordo com de um Iluminado, de
as religiões vigentes,
conseguirá este feito. É somente teríamos 8 iluminados a cada 10
pelo enfrentamento diário de si indivíduos de uma população. Os
mesmo que logrará o progresso fatos comprovam uma realidade
interior tão prometido nas Escolas e diferente. Esta ação deve ser
Ordens Iniciáticas. Tenha em mente voluntária, deliberada – fruto de
que a Chave de todos os Grandes uma profunda combinação do
Mistérios se encontra dentro de DESEJO intenso da alma com
você mesmo, e cumpre a você as ações necessárias para
somente abrir as Portas do alcançar a Reintegração – eis a
Tabernáculo Interior, ninguém mística explicada em poucas
poderá fazê-lo em seu lugar. linhas.
“O esforço é o atrito necessário Assim, os Rituais em Lojas
entre o Dinamismo do Espírito e e Templos
a lentidão da Matéria”. mero teatrodeixarão de ser um
para se tornarem
Phil:: Inc:: verdadeiros canais de energia
espiritual que flui através de
Por conseguinte, não podemos todos. A menos que sua intenção
evitar ou adiar esse esforço. É seja a de continuar brincando de
preciso ter sempre em mente que a Harry Potter ou de Senhor dos
VONTADE se desenvolve com
força quando nos dispomos Anéis. Lembre-se de que tudo é
uma questão de escolha. E neste
voluntariamente a nos enfrentar, a tipo de eleição somente você é
lutar contra nossas pequenezas e capaz de se eleger.
limitações interiores que se refletem
de um modo geral em nossa vida S:: C:: M:: P::
exterior. Se tiver a obrigação de