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TEXTO 1
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"O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha.
Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta
própria"
Mário Quintana
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CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: LEITURA E LITERATURA NA ESCOLA
PROFESSORA: CÁSSIA VIRGINIA MOREIRA DE ALCÂNTARA
1º SEMESTRE 2016
Sabemos que a literatura, seja ela brasileira ou estrangeira, não está tão presente nas
salas de aula quanto deveria. Isso porque para muitos professores a literatura é um
conteúdo sem significado, pois não tem um objetivo técnico, preciso de obter algum
conhecimento. Ou seja, a literatura só tem valor acompanhado de algum ensinamento
objetivo, exato e que possua estritamente cunho pedagógico. Nenhum professor de
literatura deverá inibir-se de pôr em prática leituras, comentários ou interpretações que
estimulem nos estudantes a sensibilidade, o senso crítico, a capacidade
argumentativa, e sejam assim susceptíveis de lançar alguma luz sobre essa realidade
indefinível a que chamamos universo literário.
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CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: LEITURA E LITERATURA NA ESCOLA
PROFESSORA: CÁSSIA VIRGINIA MOREIRA DE ALCÂNTARA
1º SEMESTRE 2016
Equivocadamente vistas como seres do mal, essas mulheres tiveram sua morte
justificada. Por esse motivo, a imagem que delas foi perpetuada é a de velhas e feias,
portanto motivo de medo para as crianças. Essas ideias, até hoje, são reproduzidas
em livros infantis. Isso também contribui para o preconceito contra a mulher, embora
houvesse homens bruxos. E assim as bruxas se tornaram grandes personagens dos
contos de fadas, eternizando-se por meio do folclore literário.
Para Bettelheim, a simbologia que existe nos contos de fadas auxilia as crianças a
encontrar significado para a vida. Elas se identificam com as personagens no
enfrentamento de perigos, representados por situações novas e surpreendentes. O
medo infantil se associa ao medo de ficar independente e crescer. Está relacionado,
na verdade, à perda da proteção da mãe, pois o crescimento é um conflito entre o
desejo da separação e, ao mesmo tempo, o medo dessa separação.
Do imenso leque de obras literárias para o trabalho em sala de aula, uma delas se
destaca servindo de sustentáculo de nossa educação formal. É o livro Meu pé de
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PROFESSORA: CÁSSIA VIRGINIA MOREIRA DE ALCÂNTARA
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Na realidade da sala de aula, para estudo e análise, Meu pé de laranja lima é um livro
extremamente marcante, comovente e triste. Marcante pela ironia da sua história,
comovente pela simplicidade transmitida e com que é escrito e triste pela dor e pelas
perdas retratadas. Um livro simples que transmite uma mensagem e sentimentos sutis
e profundos. Com uma mescla de turbulentas emoções e pequenas conquistas e
vitórias, vividas pelas personagens, que vêm ao rubro de forma simples e eloquente
em cada palavra. Neste livro o mais importante não é os grandes feitos ou qualquer
outro ato considerado por nós, na nossa cegueira e egocentrismo, digno e merecedor
de importância, mas sim as pequenas coisas que no fundo acabam por ser as mais
bonitas e importantes; as pequenas vitórias; a dor e a conquista, do mundo real e da
vida real, que acabam por ter uma fantasia mais doce e bonita e um misticismo mais
profundo do que as grandes lendas ou histórias, apenas pelo que são.
Meu pé de laranja lima, como tantos outros clássicos da nossa literatura infantil,
contribui para o encontro da criança com a literatura, para o desenvolvimento de sua
competência leitora condição necessária, uma vez que esta deverá ser resgatada sem
ter a pretensão de fazer análise literária, mas sim que realçar alguns elementos
importantes para compreensão do aluno, como enredo tempo, espaço, personagens,
que comentem sobre as peculiaridades das obras, contextualizando-as em relação ao
estilo de época, ao estilo individual, e também a certos aspectos que são específicos
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1º SEMESTRE 2016
TEXTO 2
A designação infantil faz com que esta modalidade literária seja considerada "menor"
por alguns, infelizmente.
A autêntica literatura infantil não deve ser feita essencialmente com intenção
pedagógica, didática ou para incentivar hábito de leitura. Este tipo de texto deve ser
produzido pela criança que há em cada um de nós. Assim o poder de cativar esse
público tão exigente e importante aparece.
O grande segredo é trabalhar o imaginário e a fantasia. E como foi que tudo começou?
O impulso de contar histórias deve ter nascido no homem, no momento em que ele
sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que poderia ter
significação para todos. Não há povo que não se orgulhe de suas histórias, tradições e
lendas, pois são a expressão de sua cultura e devem ser preservadas. Concentra-se
aqui a íntima relação entre a literatura e a oralidade.
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CURSO: PEDAGOGIA
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PROFESSORA: CÁSSIA VIRGINIA MOREIRA DE ALCÂNTARA
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A Literatura Infantil constitui-se como gênero durante o século XVII, época em que as
mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito
artístico.
É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do
adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da
vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida
adulta.
Coleção de contos árabes (Alf Lailah Oua Lailah) compilados provavelmente entre os
séculos XIII e XVI. São estruturados como histórias em cadeia, em que cada conto
termina com uma deixa que o liga ao seguinte. Essa estruturação força o ouvinte
curioso a retornar para continuar a história, interrompida com suspense no ar.
Foi o orientalista francês Antoine Galland o responsável por tornar o livro de As mil e
uma Noites conhecido no ocidente (1704). Não existe texto fixo para a obra, variando
seu conteúdo de manuscrito a manuscrito. Os árabes foram reunindo e adaptando
esses contos maravilhosos de várias tradições. Assim, os contos mais antigos são
provavelmente do Egito do séc. XII. A eles foram sendo agregados contos hindus,
persas, siríacos e judaicos.
O uso do número 1001 sugere que podem aparecer mais histórias, ligadas por um fio
condutor infinito. Usar 1000 talvez desse a idéia de fechamento, inteiro, que não
caracteriza a proposta da obra.
O Mercador e o Gênio
Aladim ou a Lâmpada Maravilhosa
Ali-Babá e os Quarenta Ladrões Exterminados por uma Escrava
As Sete Viagens de Simbá, o Marinheiro
O rei persa Shariar, vitimado pela infidelidade de sua mulher, mandou matá-la e
resolveu passar cada noite com uma esposa diferente, que mandava degolar na
manhã seguinte. Recebendo como mulher a Sherazade, esta iniciou um conto que
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A história conta que, durante três anos, moças eram sacrificadas pelo rei, até que já
não havia mais virgens no reino, e o vizir não sabia mais o que fazer para atender o
desejo do rei. Foi quando uma de suas filhas, Sherazade, pediu-lhe que a levasse
como noiva do rei, pois sabia um estratagema para escapar ao triste fim que a
esperava. A princesa, após ser possuída pelo rei, começa a contar a extraordinária
"História do Mercador e do Efrit", mas, antes que a manhã rompesse, ela parava seu
relato, deixando um clima de suspense, só dando continuidade à narrativa na manhã
seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver, graças à sua palavra sábia e à
curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três filhos e, na milésima
primeira noite, pede ao rei que a poupe, por amor às crianças. O rei finalmente
responde que lhe perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade.
Lembra a Psicanálise, que a criaça é levada a se identificar com o herói bom e belo,
não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria personificação de
seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e beleza e,
principalmente, sua necessidade de segurança e proteção. Pode assim superar o
medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta, podendo
alcançar gradativamente o equilíbrio adulto.
A área do Maravilhoso, da fábula, dos mitos e das lendas tem linguagem metafórica
que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças.
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TEXTO 3
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A leitura se desenvolve melhor numa sala de aula que possua grande variedade de
estímulos para a linguagem oral e escrita, que proporcione experiências informativas
que estimulem as crianças a escutar, a olhar e a descrever e que lhes permita
expressar seus sentimentos e pensamentos por meio de diversas modalidades
comunicativas.
O cérebro da criança está potencialmente dotado para descobrir as regularidades ou
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A referência a texto alude a uma passagem de qualquer extensão que forme um todo unificado. Caracteriza-se por
sua coesão, no sentido de que qualquer interpretação de um dos elementos depende dos outros e não pode ser
compreendido isoladamente, e, também, por sua coerência, no sentido de que deve estar ordenado em redes de
relações significativas entre as idéias expressadas ou proposições. Assim, inclui-se dentro do conceito de texto a
palavra “PARE” como um aviso, um poema ou os volumes que formam o texto Em busca do tempo perdido de
Proust.
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Também deve estar escrito com letras destacadas em seus livros, cadernos e sobre o
cabide onde pendura sua roupa. A criança deve ser estimulada para que identifique o
seu nome e o de seus colegas: por exemplo, quando ajuda o professor a distribuir os
materiais de trabalho. A recomendação de utilizar a letra de imprensa ou script é
porque esses tipos são os mais usados nos textos impressos.
– Os principais elementos da sala de aula devem ser identificados (quadro, mesa de
trabalho, janelas, portas), como também as diferentes áreas por onde a criança circula
(ginásio, sala de brinquedos, biblioteca, banheiro).
– Devem-se colar indicadores escritos, como: “Saída”, “Entrada”, “Tinta fresca”, “Não
tocar”, “Ouça os outros com atenção”, “Regar todos os dias”, “Ponha o lixo aqui”, etc.
– Deve haver um lugar tranqüilo, confortável e com luz adequada onde as crianças
possam olhar livros e revistas sem serem perturbadas pelos demais.
– Cada criança pode ter um “cofrinho” de palavras em que vai guardando as palavras,
escritas em cartolina com letra de imprensa, que seja capaz de identificar. Ela também
pode elaborar um dicionário ilustrado com as palavras selecionadas.
– Ter uma biblioteca de aula com livros de contos de fadas, de animais, de plantas, de
lugares, de crianças de culturas diferentes, etc. Fazer assinatura de revistas de
interesse coletivo. Estimular que os livros e as revistas circulem e sejam emprestados
mutuamente. Os especialistas recomendam um mínimo de 50 livros, a maioria deles
renovável.
– Ter um diário mural permanente onde se escrevam com letras grandes os nomes
das crianças destacadas em alguma atividade; os nomes das crianças encarregadas
de realizar distintas funções dentro da sala de aula, como apagar o quadro, alimentar
um animalzinho, regar as plantas, etc. No diário mural também se devem colocar
cartões de felicitações, cartas, recados, recortes ou qualquer material impresso
trazido, se possível, pelas próprias crianças. – Ter uma oração-calendário, por
exemplo: “A data de hoje é ..... de .............................. de 200...” (dia) (mês) (ano).
– Ter cartazes para uso do educador com as letras de canções, de poemas ou outras
formas literárias menores que estejam sendo aprendidas. Contar e ler alternadamente
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seus próprios contos. Esta última ação, especialmente, é a que mais reflete a
influência dos contos infantis sobre a habilidade das crianças para construir textos
coerentes (Cox e Sulzby, 1984). Tanto as “leituras compartilhadas” quanto a atividade
de “brincar de ler” cumprem com esses objetivos.
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crianças vêem os livros como uma fonte de satisfação pessoal que não se encontra de
outra maneira; aprendem a manejar fisicamente os livros e os usam em suas
brincadeiras espontâneas.
Os primeiros materiais para as experiências de leituras compartilhadas são os contos
apresentados em livros gigantes, quer dizer, livros com formato grande a fim de que
possam ser lidos diante de um grupo de crianças ou diante de uma turma completa.
Também se recomenda que os contos tenham conteúdos divertidos e, se possível,
previsíveis. As experiências de leituras compartilhadas permitem cumprir os seguintes
objetivos:
– Recriar dentro da sala de aula as experiências de leituras em casa.
– Introduzir as crianças no mundo da literatura infantil.
– Desenvolver nas crianças a habilidade de ouvir, aumentando, como conseqüência,
a sua capacidade de atenção.
– Desenvolver seu gosto estético por meio da valorização das ilustrações dos livros.
– Enriquecer seu vocabulário e seu manejo de diversas estruturas gramaticais e
textuais.
– Contribuir para introduzir as crianças com naturalidade na aprendizagem da
linguagem escrita.
– Desenvolver amor pelos livros.
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• linguagem simples, que conserve o frescor e o ritmo do que foi criado para ser
narrado oralmente;
• um narrador que vá ao essencial, sem deter-se em detalhes, mas que mantenha um
ritmo que permita conservar a atenção do ouvinte;
• personagens claros, definidos e que realizam rápidas ações;
• espaços concretos, mas cheios de magia, que despertem a sensibilidade dos
meninos e meninas, por meio das imagens;
• uma estrutura simples, que tenha, se possível, um padrão repetitivo e, como
conseqüência, previsível;
• uma linguagem que transporte as crianças para um universo com suas próprias leis,
que desperte sua imaginação e as convide a sonhar;
• ilustrações que, por meio da cor, da forma e da textura, formem uma linguagem
em si mesmas e proporcionem significado ao conteúdo dos contos.
– Preparar livros gigantes próprios se se dispuser de livros comerciais. Com este
propósito, escrever os textos apropriados para esta atividade, com letras de imprensa
ou manuscrita em tamanho grande, sobre folhas de cartolina de 30 por 40 centímetros,
para que as crianças possam ler o texto facilmente. Também se pode usar um
computador para se imprimir o texto com letras grandes. Colocar uma capa que possa
ser criada e colorida pelas próprias crianças. Deixar uma página destinada ao índice e
um espaço aproximado de três quartos da página para as ilustrações ou fotografias,
abaixo ou acima do texto.
– Pôr o livro frente ao grupo de crianças, se possível num atril, e ler os contos com
entusiasmo e expressividade.
– Repetir os contos tantas vezes quantas as crianças solicitarem. Graças à repetição,
elas rapidamente brincam de ler, memorizam-nos e antecipam o que vem a seguir.
Esta atividade ajuda as crianças a interiorizarem aspectos da linguagem relacionados
com a habilidade de ouvir, com o enriquecimento do vocabulário, a sintaxe e a
estrutura textual do conto como gênero literário.
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– Ao ler em voz alta o livro gigante, ir mostrando as palavras para que as crianças, ao
mesmo tempo em que se familiarizam com a literatura, observem que as palavras
ouvidas são representadas por palavras; que na leitura existe uma ordem da esquerda
para a direita e de cima para baixo; que o livro tem uma capa, um título, autores, etc.
– Depois da leitura do conto, dar tempo às crianças para que recordem e comentem
seu conteúdo e suas ilustrações, tragam à memória outros contos semelhantes, façam
desenhos inspirados no tema, criem seus próprios contos, etc. Não interrompê-las
quando falam; não interrogá-las, ou fazê-lo sutilmente; permitir que elas interajam
livremente e facilitar suas próprias respostas frente à literatura.
Brincar de ler
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– Fazer o mesmo com letras com grafia aproximadamente similar, mas com orientação
diferente, como: b-d, p-q, m-w, n-u.
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– Brincar de “Cantar, cantar, sair para buscar”, para descobrir objetos e palavras com
determinada quantidade de sílabas.
– Utilizar uma série de cartões fônicos para identificar e formar conjuntos de figuras
que contenham um mesmo número de sílabas.
TEXTO 4
Histórias Acumulativas
Oi, gente,
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do enredo e mesmo do próprio texto. Esses gêneros agradam aos pequenos leitores
pelo caráter repetitivo-acumulativo de fatos, situações e enunciados presentes no
enredo. E suas características são muito produtivas na aprendizagem da leitura.
A cultura popular é rica em contos desse tipo e são contos essencialmente de tradição
oral, quer dizer, em princípio, nascem em culturas orais, sendo constantemente
criados e recriados. Foram e são, por um lado, preservadas ao longo do tempo através
da narração oral e da memória – recursos típicos de culturas que não dispõem da
escrita – e, por outro lado, por isso mesmo, sofreram e sofrem modificações que dão
origem a várias versões. Assim, ainda que os contos populares sejam registrados por
escrito, retomados em recontos autorais ou reelaborados em versões autorais
contemporâneas, continuam marcados pela narrativa oral, pois mantêm características
próximas à oralidade. Como diz Ricardo Azevedo (2008), o escritor aí escreve como
quem fala e o leitor lê como quem ouve.
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Desse modo, embora nesses exemplos de histórias com repetição acima, as situações
e enunciados repetidos não se acumulem, algumas delas também ressaltam o caráter
acumulativo e são, por vezes, inclusive, considerados como tal, devido a sua estrutura
encadeada. A estrutura aí é repetitiva, havendo a recorrência de uma mesma situação
ou situações semelhantes, sem se acumularem a cada passagem, sem repetir, no
enunciado, a situação anterior. Algo, de fato, pode ser retomado para seguir – veja o
exemplo dos personagens de Bruxa, Bruxa, sempre retomados para serem
convidados à festa. Mas cada situação não vai, de fato, sendo acumulada no texto, a
cada passagem. A presença da repetição, em muitas histórias com repetição, dá a
ideia de que os personagens estão interligados. Por esse motivo, nem sempre é tão
simples diferenciar as histórias com repetição e as histórias com acumulação. O modo
de encadear pode fazer toda a diferença. Contos como “O Macaco e o rabo”, “O
Macaco que perdeu a banana”, “A Formiguinha e a Neve”, bem como livros de
literatura infantil como “A Casa Sonolenta” e “O Nabo gigante” são acumulativos. É
bom lembrar que as histórias acumulativas são, de qualquer modo, um tipo especial
de história com repetição.
Um exemplo muito interessante dessa fronteira meio fluida entre contos de repetição e
contos de acumulação é a história “A velhinha maluquete”, de Ana Maria Machado,
que é uma narrativa bem-humorada, com muita sonoridade e nonsense, de uma
velhinha que quer fazer com que os bichos de uma fazenda inteira caibam num cesto
de balão. Considera-se que a história remete aos contos cumulativos da tradição
popular, pois os personagens vão sendo acrescentados, há a repetições de motes de
pergunta e resposta e apresenta-se um encadeamento sucessivo de uma mesma
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Cascudo propôs doze tipos de contos em seu livro "Contos Tradicionais do Brasil" e
registrou dois contos acumulativos: “O Menino e a avó gulosa” e “O Macaco perdeu a
banana”, referindo-se também, em nota, ao “Macaco e o rabo”, ao “O Macaco e o
Confeiteiro” e ao “O Macaco e a Viola”, dentre outros, registrados por outros
folcloristas. É interessante notar que esses contos de macaco, por exemplo, dialogam
também com os contos tradicionais de animais, como os de macaco, onça, bode, etc.
Isso justamente porque as classificações consideram por vezes o critério temático e
por vezes critérios formais, estruturais, inclusive misturando-os em uma mesma
categorização, como é o caso da de Cascudo. Assim, seria natural que determinados
contos pudessem ser classificados em mais de uma categoria, apesar de poderem ter
um aspecto mais determinante.
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Há versões diferentes do conto sobre o macaco que perdeu o rabo, uma delas
semelhante à “História da Coca” e outra semelhante a outros contos, como “A História
da Pimenta” e o conto da galinha que subiu ao céu, referido abaixo. Veja essa versão
do “Macaco e o rabo”:
Confiram alguns desses e outros contos aqui no site da Jangada Brasil, um ótimo site
sobre cultura popular do Brasil. Nesse posttem doze contos cumulativos, mas no site
sempre aparecem outros.
No livro de Ricardo Azevedo “Você diz que sabe tudo borboleta sabe mais”, podemos
encontrar também o conto cumulativo “O Macaco e a goiabeira” e, no seu outro livro
“Contos de bichos do mato”, mais alguns, como o conto “O cachorro-do-mato e a
galinha-carijó” e “O gato e o burro”, versão parecida com o do “Macaco e o Rabo”. De
fato, muitos desses contos cumulativos apresentam uma semelhança muito grande
entre si e há uma variedade de versões parecidas, com estrutura muito próxima e
pequenas variações, o que é próprio aos textos de tradição oral.
Entretanto, cada tipo de história acumulativa tem sua forma peculiar de acumular e
encadear eventos e elementos, a depender do enredo e de sua temática. Não há uma
fórmula única.
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Alguns acumulam personagens, as ações que fizeram, podendo também trazer algum
qualificativo deles, como em “O nabo gigante”, em que cada animal, cuja ação é a
mesma (ajudar a puxar o nabo), é apresentado com uma característica: canários
amarelos, galinhas pintadas, porcos barrigudos, e assim por diante. Já em outros são
as ações ou sugestões de cada um que são diversas.
Na “Casa Sonolenta” são as ações de cada personagem que são acumuladas junto
com eles: avó roncando, menino sonhando, cachorro cochilando... e por aí vai. É
interessante também observar as semelhanças e diferenças nos modos de encadear
as situações. Isso mostra a variedade de elementos que, inclusive, possibilita uma
variedade de modos de ler, de recontar, e de propostas e materiais que podemos
pensar a partir de cada um deles. Assim, cada um pode e deve ser visto como um,
embora tenha uma estrutura acumulativa semelhante.
Por vezes, nos contos acumulativos, ditos também enumerativos, há, de fato, a
presença de enumeração. A acumulação das ações são acompanhadas de
enumerações, como a contagem dos personagens, por exemplo. Ainda no livro “O
nabo gigante”, os animais que vão ajudar a arrancar o nabo da terra são a cada vez
em maior número: uma vaca, dois porcos, três gatos, quatro galinhas, cinco gansos e
seis canários. No “E o dente ainda doía”, de Ana Terra, acontece a mesma coisa, bem
como nos "Uma boa cantoria" e "O domador de monstros", ambos de Ana Maria
Machado.
Outra coisa interessante é que, por vezes, a história agrega naturalmente partes
cantadas. Na “História da Coca” o trecho acumulativo, por exemplo, é cantado:
Cascudo diz que os contos acumulativos são contos com palavras ou períodos
encadeados, ações ou gestos que se articulam numa longa seriação. As sequências
narrativas se repetem e se encadeiam com acréscimos e recorrências de alguns
elementos, sempre na mesma ordem, até o fim. Aproximam-se também, em alguns
casos, dos "contos de nunca acabar", pois os episódios, que se articulam num longo
encadeamento, parecem não ter fim. Por vezes, por certas circunstâncias, de fato não
terminam ou não terminariam nunca. As histórias de nunca acabar trazem trechos,
mais ou menos longos, que se repetem e/ou se acumulam, e têm como principal
característica a ideia de um eterno recomeço, de um ciclo que nunca se fecha, de
circularidade: a história não tem desfecho, podendo seguir indefinidamente ou volta
para o começo. Um exemplo é o conto cumulativo “A Casa que Pedro fez”, que às
vezes é graficamente apresentado com fontes/letras que vão aumentando à medida
que a acumulação aumenta:
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Este é o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal
vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que
matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o galo que cantou de manhã que acordou o padre de barba feita que casou o
moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto
que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está
na casa que Pedro fez.
Este é o fazendeiro que espalhou o milho para o galo que cantou de manhã que
acordou o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal
vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que
matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
(In RUIZ, Corina Maria Peixoto. Didática do folclore)
Além das parlendas, os contos acumulativos se aparentam por vezes de outras formas
orais, como a cantiga, que pode também apresentar estrutura acumulativa. E mesmo
as formas poéticas literárias podem beber na fonte dos contos cumulativos da tradição
oral, como é o caso desse poema de Sérgio Caparelli, O Capitão sem fim, que se
assemelha a uma história de nunca acabar.
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In: AGUIAR, Vera (Coord.). Poesia fora da estante. Porto Alegre: Projeto, 2009.
Nesse livro, aliás, além dos contos de nunca acabar, tem dois contos cumulativos, um
é "A verdadeira história da Carochinha", com dois blocos de acumulação, e o outro, "O
céu está caindo", versão encontrada também com outros nomes, como indico mais
adiante. No mais, o livro apresenta também histórias enroladas, meio parlendas, meio
trava-línguas, cujo humor decorre de jogos de palavras típicos dos trocadilhos. O livro
é muuuuuito divertido!
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Nota-se, assim, como o conto acumulativo dialoga com diversos outros gêneros de
texto e outras formas de narrativa. Acho, entretanto, que o melhor exemplo de diálogo
entre o gênero conto cumulativo e outras formas de estrutura semelhante é a canção
da tradição popular “A Velha a Fiar”, também conhecida como “A Velha a Bordar”.
Nessa canção os episódios são encadeados com ações e gestos que se relacionam,
se repetem e se acumulam. Essa canção popular virou um filme, em 1964, do cineasta
Humberto Mauro, obra que é considerado como o primeiro videoclipe brasileiro, e está
entre os primeiros do mundo também. É uma versão antiga, mas muito interessante e
significativa. Vale à pena conferir. A canção é executada pelo Trio Irakitã. Veja no site
do Portacurtas.
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Tatiana Belinky tem um conto intitulado "Que bagagem", no livro "Di-Versos Russos",
em que uma mulher viaja com muita bagagem e com seu cãozinho, que, no decorrer
da viagem, se extravia. E aí se apresenta a situação-problema. A lista da sua
bagagem - "uma arca, um cestão, um quadro, um colchão, um saco, um caixote, mais
um cachorrinho-filhote..." - é repetida a cada momento da história, variando apenas o
refrão.
Bem interessantes são as histórias da coleção Conta de Novo (FTD), de Ana Maria
Machado que, com maestria, retoma os elementos dos contos acumulativos
tradicionais – alguns são contos folclóricos recontados – e os insere em enredos
engraçados, mirabolantes, que podem agradar bastante às crianças maiores, do
primeiro ano. Traz um vocabulário também mais próprio a crianças dessa faixa etária.
Cito “O Barbeiro e o Coronel”, “Pimenta no Cocuruto”, “Uma boa Cantoria”, “Ah,
cambaxirra se eu pudesse...” e “O Domador de Monstros”, todos recorrendo a
sequências acumulativas e repetitivas em seus enredos. E muitos devem lembrar de
alguns deles de sua infância... Devo a Ana Lúcia Antunes a lembrança dessa coleção,
quando falei para ela que estava fazendo um post sobre histórias acumulativas. Valeu,
Aninha!
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da Coleção Taba, que citei anteriormente. Eu tenho ainda esses vinis, mas na internet
só achei a versão pela metade...aqui.
Aliás, Ana Maria Machado tem outros livros com estrutura cumulativa, a exemplo do
"Camilão, o comilão", da Salamandra, que é mais simples que esses, para crianças
menores. Muito divertido, já tem várias edições também. E deve ter outros...
Encontrei uma história acumulativa curiosa no livro “De onde tudo surgiu e como tudo
começou (tudo, tudo mesmo!)”, de Lia Zatz e Graça Abreu, da Moderna, um livro de
narrativas do “como” e do “porquê” de várias coisas. Inspiradas nos contos
tradicionais, as autoras criam explicações divertidas para várias situações como: por
que a girafa tem pescoço comprido, por que o caracol carrega a casa nas costas,
como surgiram as línguas, dentre outros mistérios. O conto “Por que o caranguejo não
tem cabeça” é um conto acumulativo curioso. É que ele começa já apresentando uma
situação acumulada, desencadeada pelo caranguejo, e, depois, o chefe dos animais
vai questionando de um por um, cada personagem, sobre o porquê de terem feito
certa ação. Nisso as situações vão se desenrolando ao avesso, sendo narradas por
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cada um, que vai colocando a culpa no outro e no outro, e novamente se acumulando.
E o caranguejo termina sendo o grande culpado por ter perdido sua cabeça.
Bom, gente, por ora, as sugestões de contos que têm a estrutura repetitiva ou
acumulativa, seja da tradição oral ou da literatura infantil contemporânea, são essas.
Muitos outros estão por aí, para irmos descobrindo, uma vez que possamos identificar
suas características. E lembrando-se sempre de que conhecer essas características
nos ajudam a explorar melhor os textos, mas as classificações rígida de gêneros,
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colocar rótulos, não é o que importa mais, especialmente para as crianças, e sim sua
fruição.
É isso, gente. Logo mais continuo esse post com a discussão sobre histórias
acumulativas e a leitura e alfabetização, anúncio de material a partir desses textos,
bem como com o post dos Tangolomangos. Em breve!
Abraços,
Lica
Algumas referências:
AZEVEDO, Ricardo. Conto popular, literatura e formação de leitores. In: SILVA. René
M.C. Cultura popular e educação: salto para o futuro, Brasília, 2008. Disponível em:
http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/151433Contoreconto.pdf
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura Oral no Brasil. 3 ed. Belo Horizonte: Ed.
Itatiaia; São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1984.
_________. Contos Tradicionais do Brasil. Rio de Janeiro: Edições de Ouro:1967.
_________. Dicionário de folclore brasileiro. 10.ed. rev. atual. e ilust. São Paulo:
Global, 2001
ROMERO, Sílvio. Contos Populares do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São
Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1985.
POSTADO POR LICA ÀS 09:18
http://oficinasdealfabetizacao.blogspot.com.br/2012/09/historias-acumulativas.html
TEXTO 5
A POESIA INFANTO-JUVENIL
Mara Elisa Matos Pereira
A poesia, ao longo dos séculos, foi definida de várias maneiras. Alguns buscaram
defini-la por critérios formais, que enfatizavam a sua construção em versos e a
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musicalidade produzida pela métrica, pelo ritmo e pelas rimas. Outros, percebendo
que nem todo o texto poético está centrado no aspecto formal, tentaram observar o
modo como o discurso poético fala a respeito dos mais diferentes temas.
A estudiosa Nelly Novaes Coelho define a poesia como “um certo modo de ver as
coisas. Uma visão que vai além do visível ou do aparente, para captar algo que não se
mostra de imediato, mas que lhe é essencial”1 . A autora chama a atenção para um
aspecto muito subjetivo da produção poética, que diz respeito à maneira como o poeta
vê o mundo e fala sobre ele. A linguagem poética é uma forma de expressão que
explora ao máximo as potencialidades de sentido do signo lingüístico. Cabe ao leitor,
diante do mundo inusitado da poesia, atribuir sentidos, preencher lacunas e
compartilhar da criação desse modo de ver que vai além da percepção imediata.
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Essa carnação sensorial permite que vejamos mentalmente aquilo que é abstração,
por isso, o discurso poético estimula o olhar de descoberta e ativa as emoções. As
crianças, através da imagética, conseguem contatar e dar forma a uma série de
experiências. Vejamos um exemplo, no poema Canção de nuvem e vento de Mário
Quintana5 :
Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo [...]
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disforme, que cresce e esconde algo. A criança que conhece essa emoção encontra,
no poema, uma possibilidade de associá-la à imagem de algo pertencente ao mundo
externo, transformando sensações puramente físicas em um elemento simbólico.
Na poesia infanto-juvenil, o nível fônico, por exercer uma grande atração na criança e
atingir mais diretamente os sentidos e as emoções desta, costuma ser bem explorado.
Isso acontece porque é através do som que se dá a iniciação poética. Os sons das
palavras devem causar prazer, independente do que significam.
Os desvios de sentido, tão freqüentes nos textos poéticos, podem ser explicados da
seguinte forma:
As metáforas e outros tropos são perfeitamente normais para as crianças, isso porque
elas mesmas as utilizam, mesmo que seja de forma inconsciente. Assim, a criança vai
preencher os espaços que a poesia deixa em aberto com sua “subjetividade”, isto é,
ela vai estabelecer uma relação entre o “texto poético e a sua interpretação interna”.
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medieval [...]. Através delas o mundo da infância tem acesso a outro assunto
que lhe é vedado em muitas famílias: as relações homem-mulher.
A poesia infantil atual, à primeira vista, não se distancia muito das formas poética do
passado, pois faz uso da brevidade textual, do potencial simbólico da linguagem para
transformar a poesia numa brincadeira de palavras com o objetivo de encantar as
crianças que lêem e ouvem esse tipo de texto. Além disso, muitas delas se aproximam
das manifestações populares e folclóricas da tradição oral.
No Brasil, desde seu surgimento, no final do século XIX, até aproximadamente 1970, a
maior parte da produção poética em questão segue moldes tradicionais que passam a
ser gradativamente substituídos a partir de então. Observamos que:
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uma ação característica da infância (ato lúdico), a qual difere do jogo enquanto
atividade adulta (lazer). Para os adultos o jogo é uma atividade secundária;
modo ou condição de realizar determinadas ações. É a exploração do mundo
sem obrigatoriedade, apenas pela necessidade de adaptação;
uma atividade gratuita, porém controlada (regras);
uma atividade espontânea, mas não desinteressada (há o interesse pelo
resultado);
pode ser individual ou social, requerer concentração ou manifestar extroversão
etc.
Além disso, o jogo:
O professor deve se apoiar nos recursos que o próprio poema possui, tornando-o mais
atraente e significativo. Isso é possível através dos elementos lúdicos que os textos
poéticos infanto-juvenis costumam apresentar. As crianças entregam-se de bom grado
a textos musicais e engraçados, com formulações lingüísticas e proposição de
imagens curiosas e inusitadas.
Além disso, o trabalho com poesia, na escola, pode privilegiar a experiência sonora
com a linguagem (mais próxima da criança). O trabalho com o aspecto sonoro da
poesia pode auxiliar na passagem do oral para o escrito de forma lúdica e menos
traumática.
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Devemos, ainda, ter o cuidado para não tornar a poesia moralizante. Hoje em dia, os
poemas voltam-se mais para o cotidiano infantil, para o estímulo da fantasia, da
reflexão, e a linguagem se mostra mais acessível, mais coloquial, contemplando o
universo lingüístico do pequeno leitor.
A poesia deve ser introduzida para a criança como “arte” e não como forma de se criar
condutas. A criança deve ser valorizada e, para isso, é necessário que a poesia
infantil, como o próprio nome já diz, crie o “efeito poético” que irá provocar um modo
singular de ver o real.
TEXTO 6
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A leitura das entrelinhas, isto é, de cada detalhe, é indispensável para que o leitor, no
caso o contador, possa ultrapassar a superfície do texto e envolver-se na realização
de uma leitura mais bem aprofundada. É preciso, então, que ele não esqueça que a
leitura é o exercício de um diálogo. Além disso, o contador precisa apreciar a história,
como alguém aprecia uma comida saborosa, de modo a que essa apreciação o
desperte para a sensibilidade e emoções que o texto transmite.
O modo pelo qual o texto é transmitido aos ouvintes deve levar em consideração a
ação vocal por meio da qual o texto é transmitido. A narração dos novos contadores,
ou seja, a forma com que contam suas histórias, deve ser sempre uma “performance”
teatral. Por isso, os contadores podem ser considerados atores de uma teatralidade
viva. Para Sisto (2005) Alguns aspectos essenciais precisam compor a performance
do contador, como emoção, texto, adequação, corpo, voz, clima e memória. Nesse
sentido, o contador deve pesquisar, estudar e treinar para a sua contação, apresentar
o texto com naturalidade. A naturalidade exige segurança e simplicidade no
desempenho. O uso de artificialidades, isto é, recursos durante as falas e a atuação
implicam na instabilidade do contador perante seu público. Conforme Sisto (2005,
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p.22) “quem conta tem que estar disposto a criar uma cumplicidade entre a história e o
ouvinte, oferecendo espaço para o ouvinte se envolver e recriar.”
Para Zumthor (2005) os principais instrumentos do narrador são sua voz e seu corpo,
para transmitir as emoções do enredo do texto. A voz é um elemento natural, desde
sempre separado da linguagem: ela midiatiza a língua. Assim, o contador deve educar
a voz para conseguir o melhor efeito possível enquanto narra e também atentar para a
sua expressão corporal. A voz tem uma função importantíssima durante a contação,
ela deve ser modulada de acordo com o que está sendo narrado.
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Para contar bem uma história são necessários os seguintes cuidados por parte do
contador:
• conhecer bem a história;
• fazer um planejamento antes de contá-la;
• não enfatizar detalhes simples;
• mostrar entusiasmo e alegria ao contá-la;
• evitar o uso de muitos “então”;
• utilizar linguagem clara e correta;
• pronunciar bem as palavras;
• olhar para seus ouvintes;
• não interromper a narração para dar explicações;
• falar em tom audível e com voz modulada.
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REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
COELHO, B. Contar histórias uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1986.
SISTO, C. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. 2 ed. Curitiba: Ed.
Positivo, 2005.
ZUMTHOR, P. A presença da voz. In: Escritura e nomadismo. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2005. p 61-102
http://seguidoresdeesopo.blogspot.com.br/2013/04/tecnicas-de-contacao-de-
historias.html
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atividades concretas com os livros. Em vez de um trabalho reflexivo sobre a obra, que
exigiria um nível de abstração muito elevado para os alunos de 0 a 8 anos, indicam-se
brincadeiras, jogos e atividades plásticas e musicais, que permitem à criança descobrir
os significados do texto de forma prazerosa.
A elaboraçãso de procedimentos e técnicas alternativas para a utilização do livro
infantil, devem levar em conta os seguintes aspectos: qualidade estética dos livros
literários em temos verbais e visuais, organização das unidades por focos de interesse
e idade, presença ou não do texto escrito, gênero, tipo de personagem, estrutura e
temática, organização de um repertório de obras de Literatura Infantil adequado à
criança e ampliar o repertório de atividades propostas pelo professor. Depois dessas
observações é só soltar a imaginação.
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Com o avental, você pode abusar da criatividade, pois você poderá deixar um fundo fixo,
como por exemplo, uma floresta, um jardim, um castelo, etc, e vai trocando só os
personagens da história.
Outra coisa legal dessa proposta é que você senta em círculo com os alunos, deixando-os
bem pertinho de você e com isso participando mais ativamente da história, ou seja
interagindo com a história proposta.
Vale também improvisar histórias, deixando cada criança com um personagem, que vai
aparecendo no decorrer da história, e vai sendo colocado pela criança no avental.
Aproveite, é divertido, as crianças adoram e você pode até desenvolver conteúdos
curriculares com essa proposta.
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http://cirandaeducacao.blogspot.com.br/p/contacao-de-historias.html
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http://www.youtube.com/watch?v=Xn2uCVrUCa4
A arte de contar histórias – Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=vc88Jm8vlnM
A arte de contar histórias – Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=7csqjf1SeY4
A arte de contar histórias – tv cultura
http://www.youtube.com/watch?v=TEjKog_x3iI
Contação de um conto chinês (usando o flanelógrafo)
http://www.youtube.com/watch?v=G5KQ3qA-CAY
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