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DISCIPULADO

Pr. Jean Francesco


ROTEIRO DO DISCÍPULO
1. O que é a Bíblia?
2. Quem é Deus?
3. O que é a Trindade?
4. O que é o Evangelho?
5. Criação: como tudo começou?
6. Queda: o que deu errado com o mundo?
7. Redenção: como Deus resgata o mundo?
8. Consumação: como será o fim do mundo?
9. Restauração: o que acontecerá com esta criação?
10. O que são as Doutrinas da Graça?
11. O que é a Igreja?
12. O que é o Batismo e a Ceia do Senhor?
13. O que significa ser uma Igreja Reformada?
14. Como me envolver com a igreja local?
O que é Discipulado?
Ser discípulo é colocar os pés na estrada e se sujar da areia dos pés do Mestre.
Discipulado é o caminho que os seguidores de Jesus escolheram para cada momento de suas
vidas. Se você decidiu firmemente que deseja caminhar o resto de seus dias ao lado de Jesus,
você está matriculado no discipulado, porém, não se esqueça que nunca chegará o dia da sua
formatura, pois esta é uma caminhada que começa aqui e continua na vida eterna.
A ideia deste livro é preparar você para caminhar com mais profundidade em sua vida
com Deus, especialmente para aqueles que ainda não foram batizados e desejam entrar na
família de Jesus. Ser um discípulo do Salvador envolve tudo o que somos, nosso intelecto,
nossas emoções e nossas vontades. Isso significa que andar ao lado do Senhor desenvolve e
transforma a nossa maneira de pensar, sentir e realizar. Em outras palavras: um discípulo
pensa diferente; um discípulo deseja diferente; um discípulo age diferente. Nós queremos ser
como Jesus é.
Para isso, escolhemos catorze assuntos que um discípulo de Jesus precisa conhecer.
Começamos com a Bíblia, a fonte de tudo aquilo que pensamos e sabemos sobre Deus, até
chegarmos à Igreja local, o ambiente de vida em que nós celebramos a Deus com o povo dele.
No meio do caminho passaremos pelo ser de Deus, o Pai, Filho e Espírito, a mensagem do
Evangelho, os pontos cruciais da história de Deus com este mundo: Criação, Queda,
Redenção, Consumação e Restauração, as Doutrinas da Graça, o significado da Igreja, o
Batismo e a Ceia e um pouquinho daquilo que chamamos de tradição reformada.
Meu desejo é que nestas catorze viagens rumo à pensar, desejar e viver o caminho de
Jesus, você se sinta desafiado a amar a Deus com muito mais profundidade e a explicar este
caminho extraordinário para aqueles que ainda estão fora da caminhada com Cristo. É hora de
começar!

Um grande abraço,
Pr. Jean Francesco

3
O que é a Bíblia? [1]
Todo discípulo de Jesus caminha com a sua Bíblia. A palavra “Bíblia” vem do latim e
significa literalmente livros. Porém, muito mais do que um livro, ela é na verdade uma
biblioteca. Você sabia que a Bíblia é uma coleção de 66 livros com a maior riqueza literária
do mundo? Nela encontramos histórias, poesias, canções, orações, mandamentos, cartas,
biografias, provérbios, parábolas, novelas, genealogias e muito mais. A Bíblia já foi traduzida
para mais de 2.400 línguas e é o livro mais lido e vendido em todo o mundo.

1. QUAL É A ESTRUTURA DA BÍBLIA?


Pensando numa biblioteca, a Bíblia é basicamente dividida em duas (2) estantes, uma
maior e outra menor. A primeira chamamos de Antigo Testamento (A.T.) e a segunda
chamamos de Novo Testamento (N.T.). Dentro do A.T. temos mais cinco subdivisões e, da
mesma forma, cinco subdivisões no N.T. Saber dessa estrutura vai ajudar você a ter maior
domínio sobre a história de Deus no mundo. Veja a tabela abaixo:

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO


DIVISÃO LIVROS DIVISÃO LIVROS

PENTATEUCO Gênesis – Deuteronômio EVANGELHOS Mateus – João


HISTÓRICOS Josué – 2 Crônicas HISTÓRIA DA IGREJA Atos
POÉTICOS Jó – Cantares CARTAS DE PAULO Romanos – Filemom

PROFETAS MAIORES Isaías – Daniel CARTAS GERAIS Hebreus – Judas

PROFETAS MENORES Oséias – Malaquias PROFÉTICO Apocalipse

2. COMO A BÍBLIA FOI FORMADA?


Qual é a idade do livro que você tem nas mãos? O A.T. e o N.T. foram formados
durante aproximadamente 1.500 anos. Outro dado importante: a Bíblia foi escrita
originalmente em três (3) línguas: Hebraico e Aramaico1 para o A.T. e Grego para o N.T. A
Bíblia possui mais de 30 autores que escreveram em várias épocas, lugares, culturas e em
línguas diferentes. O Antigo Testamento foi terminado no século IV a.C e o Novo Testamento

1
Apenas algumas partes do livro de Daniel.
4
no século II, d.C. Ela permaneceu em vigor durante os séculos por causa das muitas cópias
que foram feitas pelos seus ouvintes.

3. POR QUE ACREDITAR NA BÍBLIA?


Crer na Bíblia como a própria palavra de Deus é fundamental. Sem uma voz clara para
dirigir os nossos caminhos, qualquer caminho será possível, inclusive os errados. Para que
não haja dúvidas em sua mente escolhemos 6 critérios pessoais que te ajudaram a crer com o
coração que a Bíblia é palavra de Deus. Todos eles tem a ver com o testemunho interno que o
Espírito Santo faz da palavra de Deus em nossos corações:

1) Ela fala ao meu coração: Salmo 19.7-10;


2) Ela alimenta o meu ser: Deuteronômio 8.3;
3) Ela nos apresenta quem Deus realmente é: João 4.24, 1João 4.7-8;
4) Ela fala a verdade sobre Jesus Cristo: Hebreus 1.2, João 14.6;
5) Ela é inspirada por Deus: 2Tm 3.16-17;
6) Ela muda a minha vida: 2Tm 3.15, Salmo 119.11;

4. A BÍBLIA FOI ALTERADA COM O TEMPO?


Você sabia que os documentos originais da Bíblia não existem mais? Não existem
mais os autógrafos,2 apenas cópias de cópias de manuscritos. Será, então, que as cópias que
temos são confiáveis? Eu posso dizer com tranquilidade: “sem sombra de dúvidas!” Como?
Pelo fato que os manuscritos antigos não resistiam por mais de um século e que, dependendo
das condições climáticas se deterioravam bem antes que isso, o judaísmo instituiu, através dos
escribas, uma rígida cultura de conservação de documentos que se tornou modelo para outros
povos.
Quem eram os escribas? Os escribas se dedicavam exclusivamente à reprodução de
manuscritos. Seu trabalho era feito com tamanho zelo que, após completarem uma cópia,
contavam as palavras e as letras do texto original e da cópia, a fim de aferirem a exatidão do
documento reproduzido. Eles eram muito cuidadosos, raramente cometiam erros. Além disso,
existem quatro argumentos que confirmam que as cópias da Bíblia são confiáveis:

2
Os manuscritos originais que saíram da pena dos autores.
5
1) Achados arqueológicos: Várias informações bíblicas como lugares, nomes, povos
antigos e episódios do passado confirmam sua antiguidade3;
2) Coerência entre os textos: De acordo com os melhores manuscritologistas a Bíblia
possui de 95% a 98% de coerência entre suas cópias;
3) Quantidade de cópias preservadas: Existem hoje 5.600 cópias bem preservadas do
N.T. e mais de 24 mil cópias e fragmentos preservados da Bíblia toda;
4) Exatidão do mesmo texto em línguas e lugares diferentes: Existem milhares de cópias
hebraicas e gregas do A.T. e do N.T. vindas do Egito, Síria, Itália, Israel, Turquia e
todas elas mantem um padrão sólido de coerência.

Além da evidência dos escribas e dos quatro argumentos científicos acima, ainda
existem três testemunhas confiáveis dizendo que o Antigo Testamento é palavra de Deus.
Jesus, Paulo e Pedro citam o A.T. como um texto escrito por homens, mas homens movidos
durante o processo pelo Espírito Santo. Confira os textos: 1. Jesus: Lucas 24.444; 2. Paulo5: 2
Timóteo 3.16; 3. Pedro: 2 Pedro 1.20-21.
Com tantas evidências para confiarmos nas cópias da Bíblia, dois grandes estudiosos
do nosso tempo vão ainda mais longe. Os teólogos Donald Carson e F.F. Bruce apresentam os
três critérios principais que levaram a Igreja cristã primitiva a receber como inspirados os
vinte e sete (27) livros do N.T:

1) Apostolicidade: Todos os livros vem de uma fonte apostólica (Mateus – Apocalipse),


ou seja, ainda que todos os escritores não fossem apóstolos, todos receberam a
influência deles. A única exceção é o livro de Hebreus6;
2) Catolicidade: Todos os livros foram aceitos pela igreja universal, tanto no Ocidente e
Oriente. A Igreja cria que os vinte e sete (27) livros do N.T. eram norma de fé e vida;
3) Coerência teológica: Todos os livros tem coerência com a mensagem do Evangelho.

5. O QUE SÃO OS LIVROS APÓCRIFOS?


Algumas pessoas tem a Bíblia católica e percebem que ela é um pouco maior. Eles
estão certos. A versão católica da Bíblia contém alguns livros apócrifos que a Bíblia

3
Um clássico da arqueologia bíblica: KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão. Ed. Melhoramentos.
4
O Antigo Testamento Hebraico é dividido em três partes: Torá (Lei), Profetas e Escritos (Salmos).
5
Na época de Paulo o Novo Testamento ainda não estava terminada, ele estava se referindo ao Antigo
Testamento.
6
Como a autoria de Hebreus era desconhecida, ele foi aceito pela igreja pelos dois critérios subsequentes.
6
protestante não tem. Apócrifo é um livro não inspirado por Deus. Quais são os livros
apócrifos? No total são doze (12): 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, Baruque, Sabedoria,
Eclesiástico, acréscimos em Ester e Daniel, Oração de Manassés e 1 e 2 Macabeus. Por que
não os aceitamos como palavra de Deus?
Para responder essa pergunta, quatro coisas podem ser ditas: 1. Embora sejam
considerados bons documentos históricos e devocionais, são escritos puramente humanos,
2Macabeus, por exemplo, não se diz inspirado, pois pede desculpas se errou em alguma coisa.
Neste caso, esses livros não servem para orientar nossas vidas. 2. Eles são contraditórios com
boa parte das Escrituras, possuem informações erradas, e às vezes incentivam o povo de Deus
em coisas que o próprio Deus proíbe, como oração pelos mortos; 3. Os judeus não os
aceitaram como parte do Antigo Testamento; 4. Não eram reconhecidos pela maioria dos
primeiros cristãos como inspirados.

7
Recapitulando: O que é a Bíblia?
1. Quantos livros tem a Bíblia?

2. Cite três gêneros literários que encontramos na Bíblia.

3. Quais são as línguas originais da Bíblia?

4. Quantos autores aproximadamente escreveram a Bíblia?

5. Cite 4 argumentos pessoais do por que você acredita na Bíblia?

6. Os documentos originais do A.T. e N.T. ainda existem?

7. Nós sabemos que não existem mais os documentos originais da Bíblia, restaram apenas
cópias das cópias. Por que as cópias da Bíblia são confiáveis?

8. O que é um livro apócrifo? O que nós pensamos sobre estes livros?

9. Quais são as três testemunhas do Novo Testamento que confirmam a veracidade do Antigo
Testamento?

10. Os teólogos F.F. Bruce e D.A. Carson apresentam três argumentos para confirmar que o
Novo Testamento é palavra de Deus. Quais são?

8
Quem é Deus? [2]
Deus é realmente o assunto mais interessante do mundo. Todos querem saber quem é
Deus e se ele realmente existe. Deus é a maior curiosidade de toda a inteligência humana.
Deus existe? Essa é a maior pergunta que já se fez em toda a história. Deus é o assunto mais
relevante do mundo. Então, quem é Deus? Antes de vermos quem é Deus, vamos pensar
primeiro em quem Deus não é:

1. QUEM DEUS NÃO É?


1) Energia: deus é uma vibração ou forças positivas ou negativas: Nova Era, Astrologia.
2) Tudo o que existe: "Deus é o mundo, o homem, a alma, ele é tudo em todo lugar”:
Hinduísmo, budismo e Monismo.
3) Vários deuses: Existem milhares de deuses (gregos): Politeísmo, Animismo.
4) Um Relojoeiro: deus criou o mundo, mas não tem interação com ele: Deísmo.
5) Deus limitado: Deus não é soberano, não conhece todas as coisas, ele é apenas ama e
sofre junto conosco: Teísmo aberto.7
6) Um Ditador: Alá é um deus que exige minha submissão e ponto final: Islamismo.
7) Um mistério: Alguém que não pode ser conhecido: Agnosticismo.
8) Uma mentira: Alguém que não existe: Ateísmo.

A Bíblia revela que Deus pode ser conhecido, pois ele mesmo se deu a conhecer a nós.
Deus não é totalmente mistério, não é uma energia, ou força positiva como muitos pensam, a
Escritura apresenta Deus como um ser pessoal e relacional, em outras palavras, ele existe
para um relacionamento real com as suas criaturas. A Bíblia sempre apresenta o Senhor como
um ser pessoal, pois Deus fala, geme, ama, cria, vê, ouve, toca, se ira, se agrada, se entristece,
corrige e etc.
Para entendermos melhor a Deus é necessário saber que ele possui características
incomunicáveis, ou seja, atributos e qualidades que só ele possui. Nenhum ser humano possui
qualquer uma delas, são exclusivas de Deus. Segue algumas delas abaixo:

7
Deus não conhece o futuro, não tem controle sobre a vida, pois abriu mão de tudo por amor.
9
2. DEUS POSSUI CARACTERÍSTICAS INCOMUNICÁVEIS
1) Deus é onipotente8: “Deus tem o poder sobre todas as coisas que foram criadas por ele
mesmo.” Sal. 93; Isaías 40.12-31.
2) Deus é onisciente9: “Deus tem o conhecimento de todas as coisas.” Jer. 1.4-5; At 15.8;
1Jo 3.20; João 21.17
3) Deus é onipresente: “Deus está em todo lugar.” Sal. 139; Atos 7.48,49; Atos 17.27,28;
4) Deus é eterno: “Deus não teve um início e nem terá fim, ele sempre existiu.” Êx. 15.18;
Ap. 4.8-10.
5) Deus é único e trino: “Deus é um em essência e três em pessoa.” cf. Deut. 6.4; 1Cor
8.4,6; 1Ts 1.9; Jer. 10.10.
6) Deus é espírito: “Deus é um ser pessoal existente, porém é imaterial e invisível aos
olhos humanos.” João 4.24; 1João 4.12
7) Deus é imutável: “Deus não muda o seu caráter, ele sempre foi perfeito em tudo o que
é.” Num. 23.19; Tiago 1.17
8) Deus é soberano: “Deus está no controle sobre todas as coisas.” Salmo 2; Salmo 96; Ap
1.5, 6.10; Rm 11.36.

Quando descobrimos os atributos incomunicáveis de Deus percebemos que ele é


totalmente diferente de nós, pois entre outras coisas, não participa da nossa finitude, não é um
ser criado, não é governado ou afetado pelo tempo e não está sujeito a mudanças em seu
caráter. Deus, por isso, é glorioso, incomparável e digno de toda a nossa adoração!
Entretanto, como podemos nos relacionar com um Deus tão diferente assim? Deus
possui também características comunicáveis, isto é, aquelas características que ele
compartilha com os seres humanos. Ele se simplifica para que possamos entendê-lo melhor, e
assim, interagirmos com ele em nossa caminhada de fé. Segue algumas destas qualidades
comunicáveis:

2. DEUS POSSUI CARACTERÍSTICAS COMUNICÁVEIS


1) Deus é bondoso: Ele tem prazer em fazer o bem as suas criaturas, Salmo 34.8, Salmo
135.3
2) Deus é fiel: Ele cumpre o que diz e não abandona a aliança que fez com o seu povo,
Salmo 33.4, 145.13; 1Co 1.9, 10.13

8
OMNI=TODO + POTENTE=PODEROSO.
9
OMNI=TODO + CIENTE=SÁBIO (CONHECEDOR).
10
3) Deus é santo: Ele não tem qualquer mancha de pecado em seu ser, Lev. 11.44, 20.2610.
4) Deus é justo: Ele julga sempre com justiça todas as situações da vida, Deut. 10.18; Jó
37.23; Salmo 26.1
5) Deus é verdadeiro: Ele não pode mentir ou enganar, sempre é verdadeiro em tudo o que
diz e faz, Salmo 119.160; João 14.6
6) Deus é misericordioso: Ele não nos pune de acordo com os nossos pecados, Daniel 9.9,
18.
7) Deus é amoroso e gracioso: Ele nos oferece gratuitamente bênçãos sendo nós ainda
pecadores, Isaías 49.15; 1João 4.9
8) Deus é belo: Ele é invisível, mas a glória de seu caráter e a perfeição de suas palavras e
ações embelezam a vida, Salmo 27.4; Isaías 6.3
9) Deus é alegre: Ele tem uma disposição contente e satisfeita por ser quem ele é, Ne 8.10
10) Deus é generoso: Ele oferece muito mais do que nós pedimos ou necessitamos, Deus
não é apegado ao que possui, Sal 116.7; Efésios 3.19

Existem muitos outros atributos de Deus, estamos só olhando os principais. É para um


relacionamento com este Deus que as Escrituras nos chamam. E uma das regras de ouro da
vida cristã é que quanto mais andamos com Deus mais nos parecemos com ele. É impossível
andar com ele e não compartilhar de suas características. Como afirma o apóstolo João: "...
aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou." 1João
2.6. Viver com Deus é ter a certeza de que enquanto caminhamos com ele, o nosso caminho
muda também.
O que você achou deste Deus? Percebeu o quanto ele é glorioso e diferente de nós?
Você acha que a partir do que vimos sua relação com ele ganhou mais profundidade?

10
Aparece a palavra “santo” 54 vezes no mesmo livro.
11
Recapitulando: Quem é Deus?

1. Mencione quatro ideologias, ou o pensamento de algumas religiões sobre o que nós cremos
que
Deus não é.

2. Deus é um ser ___________________, em outras palavras, um ser que existe para um


relacionamento real com as suas criaturas. Complete com a palavra que falta.

3. O que é um atributo/qualidade/característica incomunicável de Deus?

4. Cite quatro atributos incomunicáveis de Deus e comente brevemente algo sobre eles.

5. O que é um atributo/qualidade/característica comunicável de Deus?

6. Cite 6 atributos comunicáveis de Deus e comente algo sobre três deles.

7. “Quanto mais andamos com Deus mais nos parecemos com ele.” Isso é verdade em sua
vida?

8. Qual é a diferença entre os ateus e os agnósticos?

9. O que mais te marcou neste estudo sobre “Quem é Deus?” (pergunta pessoal).

10. “Deus é um em essência e três em Pessoa.” De qual atributo incomunicável estamos


falando?

12
O que é a Trindade? [3]
A doutrina da Trindade não é algo fácil de entender. A Igreja cristã demorou 3 séculos
para entender melhor a Triunidade (um Deus em três Pessoas) de Deus e até hoje não
conseguimos entender isso com tanta precisão, pois Deus é imenso e infinito para as nossas
mentes finitas. É fato que não existe a palavra “Trindade” na Bíblia. Porém, isso não significa
que a Bíblia não ensine esta doutrina. O Novo Testamento quando fala de Deus atribui a
mesma divindade do Deus Pai ao Deus Filho e também do Deus Espírito Santo e sustenta que
há apenas um Deus. Como entender isso?

1. EXISTE APENAS UM DEUS


Não confunda jamais: tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento dizem
que há um só Deus, isto é, nós enquanto cristãos somos monoteístas. Dê uma pausa e compare
o que está escrito em Deut 6.4 e 1Co 8.4-6. Viu só como acreditamos em um só Deus?

2. DEUS É UM EM ESSÊNCIA E TRÊS EM PESSOA


Esta é a definição básica da Trindade. Embora Deus tenha uma só essência ou natureza
(seu Ser), dentro de sua essência subsistem (ficam dentro dele) três pessoas. As três pessoas
são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. As três Pessoas compartilham da mesma
essência, pois todas as três tem a essência da divindade. No entanto, elas possuem também
diferenças reais que não são essenciais. As diferenças de cada Pessoa da Trindade estão
relacionadas a singularidade de suas funções. Isso ficará mais claro no parágrafo abaixo.

3. O PAI É DEUS, O FILHO É DEUS, O ESPÍRITO SANTO É DEUS


As três pessoas tem o mesmo poder, a mesma glória e as três são dignas da mesma
adoração, pois são o Único e Verdadeiro Deus. Porém, as três pessoas tem papéis ou funções
diferentes:
1) Deus Pai: É o líder e mentor da Trindade. [Jo 10.18, 30-33, 14.28, 15.10]
2) Deus Filho: É o executor dos planos de seu líder; [Jo 1.18; 8.8-11; 2Co 13.13; Col
1.15-18; Hb 1.2-3; Jd 3]

13
3) Deus Espírito Santo: É a fonte de sabedoria e poder do Pai e Filho, pois ele procede
de ambos. Ele também aplica a vontade do Pai e o trabalho do Filho no coração dos
homens. [Lc 1.35, 4.13, 5.17; Jo 3.6-8, 14.16-17, 26, 15.26, At 1.8]

4. O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SEMPRE TRABALHAM JUNTOS


As três pessoas trabalham e estão juntas ao mesmo tempo, em todas as coisas, em
todos os momentos na eternidade e no tempo. No entanto, para efeitos didáticos, é possível
entendermos a função de cada Pessoa em determinada ação:

Exemplo 1: Criação
1) Deus Pai – Planejou a criação
2) Deus Filho – Criou o mundo
3) Deus Espírito – Deu sabedoria ao Pai para planejar e poder ao Filho para criar o
mundo. Ele também capacita o homem a entender como Deus está por trás da criação.
Exemplo 2: Salvação
1) Deus Pai – Planejou a nossa salvação
2) Deus Filho – Executou a nossa salvação
3) Deus Espírito – Deu sabedoria ao Pai para planejar nossa salvação e poder ao Filho
para executá-la. Ao mesmo tempo ele aplica a vontade do Pai e o trabalho do Filho em
nosso coração.

5. O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO TEM FUNÇÕES ESPECÍFICAS


Embora trabalhando sempre juntos em todas as coisas, é facilmente perceptível na
Bíblia que cada Pessoa da Trindade recebe mais ênfase em suas funções em relação as outras.
Vamos perceber isso olhando para a nossa salvação: 1. Eleição: Deus Pai nos escolheu na
eternidade para sermos salvos; 2. Justificação: Deus Filho nos justificou dos pecados
morrendo por nós na história; 3. Regeneração: Deus Espírito implanta sua vida em nós em
nossa história pessoal.
Para concluir este estudo, podemos afirmar que a maneira mais fácil de entendermos o
plano de Deus para nossa salvação é olhá-lo a partir das ações da Trindade: “Nós somos
eleitos pelo Pai na eternidade, justificados pelo Filho na história e regenerados pelo Espírito
Santo em nossa história pessoal.” Isso é quase o mais próximo que podemos chegar, para
articular a doutrina histórica da Trindade.
E agora, você entendeu melhor a Trindade?
14
Recapitulando: O que é a Trindade?

1. Quantos séculos a Igreja cristã demorou a entender melhor a doutrina da Trindade?

2. Qual é a definição básica da Trindade?

3. Responda se é verdadeiro (V) ou falso (F): “Embora Deus tenha uma só essência, dentro de
sua essência subsistem três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.”

4. Quais são os papeis principais de cada Pessoa da Trindade?

5. Complete a frase: “As três pessoas da Trindade tem o mesmo poder, glória e são dignas da
nossa ___________, pois são o único Deus verdadeiro. Porém, as três tem _______________
diferentes.”

6. Explique quais são as funções da Trindade na Criação:

7. Explique quais são as funções da Trindade na Salvação:

8. “Nosso Deus trabalha tanto na eternidade quanto no tempo.” (V) ou (F)?

9. Determine quando a Trindade realizou cada uma das coisas abaixo:


Eleição: Deus Pai nos escolhe na ____________________.
Justificação: Deus Filho nos justifica dos pecados na __________________________.
Regeneração: Deus Espírito implanta sua vida em nós em ________________________.

10. O que você achou mais interessante no estudo da Trindade?

15
O que é o
11
Evangelho? [4]
É muito importante termos uma compreensão de qual é a mensagem essencial da fé
cristã. O nome que damos para esta mensagem é “Evangelho”. Esta mensagem resume de
certa forma todo o conteúdo da Bíblia ou o projeto de Deus para o ser humano:
CRIAÇÃO12. Deus nos criou para adorar. Nosso coração não encontrará descanso
enquanto não descansarmos em Deus, nosso criador. Ele nos amou antes mesmo de nos criar.
Ele nos criou para sermos seus amigos íntimos, para andarmos com ele, vivermos para a sua
glória para sempre. E assim foi por algum tempo, porém...
PECADO13. O inesperado aconteceu. Nossos primeiros pais, Adão e Eva, quebraram a
aliança de amor e amizade com Deus. Eles pediram divórcio dele, e por consequência, todos
nós também. Hoje vivemos independentes de Deus, caminhamos com as nossas próprias
pernas. Somos pecadores rebeldes! Quando pecamos é como se estivéssemos dizendo para
Deus: “Eu posso viver sem você!” É por isso que há sofrimento, frustração, traição, mentira e
o pior, a morte. Por causa do pecado, nosso destino é a morte. O salário do pecado é a morte.
Será que Deus errou ao nos criar? Criar para nos jogar fora?
RESGATE14. Deus não nos criou para sermos destruídos, por isso ele tinha um plano
desde a eternidade: perdoar nossos pecados, pagar a nossa dívida, nos livrar da morte. Deus
entrou na história humana no rosto de um homem simples, Jesus Cristo, como prova de seu
amor por nós. Jesus viveu a vida perfeita que nós não vivemos e, por isso, o salário de sua
vida é a vida eterna. Porém, Deus o levou até a cruz para receber o nosso salário: a morte. Na
cruz, então, ocorre uma substituição: O Cristo santo recebe a nossa morte, e nós pecadores
recebemos a sua vida eterna. Quanto amor! Que plano maravilhoso para nos salvar. Jesus
Cristo morto na cruz há dois mil anos atrás é a carta de amor de Deus em resposta ao divórcio
que todos nós entregamos a Deus.

11
A seguir apresentamos três explicações do que é o evangelho.
12
1° Argumento, CRIAÇÃO: Gn 1.1, 26; Is. 43.7; Rm. 14.7,8
13
2° Argumento, PECADO: Gn. 6.5,11,12; Ecl 7.29; Rm 3.9-18, 23, 5.12
14
3° Argumento, RESGATE: Jo 3.16-18; Is 53; Rm. 5.8; 1Jo 2.2, 3.16, 4.14
16
NOVA VIDA15. Mas Jesus não apenas morreu, ele ressuscitou ao terceiro dia! Isso
significa que Deus quer escrever uma nova história conosco. É possível viver de maneira
radicalmente diferente da qual vivíamos antes! Agora é possível deixar Jesus mudar dia após
dia as nossas vidas e nos tornar parecidos com quem ele é. Para isso precisamos fazer duas
coisas: 1. Arrepender-nos dos nossos pecados, concordar que somos pecadores; 2. Crer com
todo o nosso coração que Jesus é o nosso Senhor e Salvador. Acredite: o seu passado foi
cancelado na cruz, é hora de viver uma nova vida!
VIDA ETERNA16. E não apenas ele nos devolve, agora, uma nova vida. Deus
preparou para nós a eternidade. Nela, com Deus, seremos aquilo que Ele projetou desde
sempre: seus amigos mais íntimos. Estaremos juntos para sempre com Deus e nunca mais nos
preocuparemos com as nossas dores, doenças, injustiças, sofrimento ou morte. Porém, aqueles
que continuarem na rebelião contra Deus serão condenados para sempre à morte eterna, longe
da alegria e do amor de Deus. Nós, porém, os que cremos, temos a maravilhosa esperança de
vivermos com Deus eternamente em perfeita alegria.

TEXTO 1
Autor: Mark Driscoll
Traduzido e adaptado por Pr. Jean Francesco

Há um único Deus. E ele é o criador dos céus e da terra. E ele nos fez à sua imagem e
semelhança, macho e fêmea, com dignidade, valor, importância e propósito. Ele nos fez para
adorar. E nós escolhemos pecar contra ele, se rebelar contra ele, desobedecê-lo. Como
resultado, nós somos separados de Deus, e vivemos sob o tolo mito de que, a certo grau, nós
somos cada um seu próprio Deus, declarando o certo e o errado, e vivendo nossa própria vida
por nossos próprios padrões.
E, esse Deus amorosamente veio à história humana como o homem Jesus Cristo,
plenamente Deus, plenamente homem. Nasceu de uma virgem, viveu uma vida sem pecado,
embora tenha sido tentado de todas as formas como nós somos. E ele foi à cruz, e lá ele nos
substituiu. Nossos primeiros pais, no jardim, substituíram Deus por eles mesmos e, na cruz,
Jesus inverte essa substituição, e substituiu os pecadores por ele. E, quando Jesus foi à cruz,
ele tomou voluntariamente sobre si o pecado daqueles que viriam a crer nele.

15
4° Argumento, NOVA VIDA: Rm 6.4; 2 Co 5.17; 1Jo 1.7, 5.1-4; Gl. 5.22-24
16
5° Argumento, VIDA ETERNA: Jo 5.24; Rm. 6.23; 1Jo 2.25, 5.11; Judas 21; Ap. 21.1-5
17
Isso quer dizer: Eu sou pecador, mas Jesus foi à cruz, e tomou sobre si todos meus
pecados, passados, presentes e futuros. E, Jesus Cristo, Deus, que foi um homem, morreu em
meu lugar por meus pecados, pagando minha dívida com Deus e comprando minha salvação.
O cadáver de Jesus foi então deitado em uma tumba e, por três dias, ele ficou enterrado.
No terceiro dia, um domingo, Jesus ressuscitou em vitória sobre Satanás, pecado,
morte, demônios e inferno. E ele nos deu uma missão, com o Espírito Santo, para sermos
enviados, contando essa notícia maravilhosamente boa: de que há um Deus que nos busca
apaixonadamente em Jesus Cristo, amorosamente, continuamente, incansavelmente. E ele
subiu aos céus. E, hoje, Jesus está vivo e muito bem. E ele se assentou no trono. E ele está
julgando e reinando sobre todas as nações, e todas as culturas, e todas as filosofias, e todas as
raças, e todos os períodos de tempo.
Ele está reinando sobre homens e mulheres, crianças e os velhos, ricos e os pobres,
sábios e analfabetos, negros e brancos, os que estão vivos e os que estão mortos, os que
nasceram e os que vão nascer. E ele é o Rei dos Reis, e ele é o Senhor dos Senhores, e ele está
julgando e reinando sobre todas as pessoas, ordenando a todos em todos os lugares que se
arrependam de tudo o que fizeram contra ele. E ele está voltando para julgar os vivos e os
mortos. E os que creem nele vão gozar a eternidade no Seu reino celestial para sempre e os
que não creem vão sofrer longe dele nos tormentos eternos conscientes e eternos do inferno.
É nisso que cremos. Nós cremos em Jesus!

TEXTO 2
Por Mike Mckinley
Traduzido por “Voltemos ao Evangelho”

O Evangelho significa “boas notícias”. É uma boa notícia sobre o que Deus fez por
nós. Para entender a boa notícia, você precisa entender a má primeiro.
A má notícia é que todos são rebeldes contra um Deus santo. Deus criou cada homem
e mulher à sua imagem, para conhecê-lO, amá-lO, desfrutá-lO e adorá-lO, e encontrar todo
sentido e satisfação na vida somente nEle. Mas nós nos rebelamos contra Deus. Nós
decidimos que queríamos encontrar significado, satisfação e prazer em outras coisas. Nós
quisemos adorar a nós mesmos.
Então, eu decido o que é certo ou errado, eu não quero deixar Deus decidir ou declarar
isto. Então, nós somos rebeldes contra Deus. Não somos seus amigos, não somos mais seus

18
filhos, mas nos tornamos rebeldes contra um Rei poderoso e santo. Então, essa é a má notícia:
Cada um de nós merece a Ira de Deus, Seu castigo, Seu julgamento contra nós, devido às
coisas que fizemos.
Mas a boa notícia é que Deus, em seu amor, enviou seu filho Jesus, para nos salvar dos
pecados que cometemos. Jesus viveu uma vida perfeita em obediência. Então, Ele nunca se
rebelou contra Deus. Assim, na cruz Ele não pagou o preço por seus pecados, porque não
pecou; mas Ele pagou o preço por nossos pecados. Ele apaziguou a Ira de Deus, Ele carregou
tudo por nós, a punição, o inferno que nós merecíamos por nossos pecados. Jesus tomou sobre
si isso na cruz. Mas Ele não permaneceu morto, ressuscitou. Em vitória, em triunfo sobre o
pecado e a morte.
E agora Jesus está vivo. Ele está nos céus, e nos chama a abandonar nossos pecados e
confiar somente nEle. E Jesus diz que se colocarmos nossa confiança nEle, nós seremos
perdoados, restaurados e teremos um relacionamento com Deus e uma vida eterna com Ele.

19
Recapitulando: O que é o Evangelho?

1. Nosso entendimento sobre o Evangelho é dividido em 5 partes: Criação, Pecado, Resgate,


Nova Vida e Vida Eterna. Isso te ajudou a compreender melhor a mensagem geral da Bíblia?

2. O que você entende por Criação?

3. O que você entende por Pecado? (Vale 2,0)

4. O que você entende por Resgate? (Vale 2,0)

5. O que você entende por Nova vida?

6. O que você entende por Vida Eterna?

7. Você já compartilhou o Evangelho para alguma pessoa? Se sim, como foi? Se não, já tem
alguém em mente? Qual o nome desta pessoa?

8. Qual parte do Evangelho mais marcou o seu coração? Por quê?

9. Você percebe como o Evangelho se conecta com todas as realidades do nosso coração?
(origem, autoconhecimento, transformação, esperança)

10. Que tal você escrever sua própria versão desta história de salvação?

20
Criação: Como tudo
começou? [5]
Alguns pensadores cristãos reformados escolheram quatro palavras que resumem os
principais temas da Bíblia, são eles: 1. Criação; 2. Queda; 3. Redenção; 4. Consumação. Nós
adicionamos uma quinta palavra: 5. Restauração. Acreditamos que se soubermos estes cinco
conceitos, entender a Bíblia não será mais uma tarefa difícil. Vamos estudar hoje o primeiro
deles: Criação.
Todos nós ficamos curiosos em relação à origem da vida e muitas respostas
atualmente têm sido oferecidas. Neste estudo vamos ler os dois primeiros capítulos da Bíblia,
Gênesis 1-2, para respondermos às seguintes perguntas: Como tudo começou? Quem criou
tudo o que existe? Quem é o ser humano? Existe algum propósito para a vida?

1. COMO TUDO COMEÇOU? OU QUAL É A REAL ORIGEM DA VIDA?


Deus criou o mundo que conhecemos. Tudo começa com Deus, o mundo vem depois
dele, pois ele é o seu criador. O mundo não surgiu do acaso, por uma explosão ou de forma
espontânea. Deus é a inteligência por trás da maravilhosa criação que temos o privilégio de
ver e viver. Mas o que foi criado e como foi criado? Note como o livro de Gênesis traça
ordem dos elementos criados por Deus:

Dia 1
Dia 2 Dia 3 Habitats
Luz, trevas
Céu, água Terra
(Dia e Noite)
Dia 4 Dia 6
Dia 5
Sol, lua e Animais e seres Habitantes
Aves e peixes
estrelas humanos

O que é o sétimo dia,? Por que ele é chamado “dia do Descanso”. Será que Deus parou
de trabalhar? De maneira alguma! O sétimo dia, no qual Deus termina o seu trabalho de criar
todas as coisas, é só o início do trabalho de Deus. A partir desta primeira obra, Deus agora vai

21
cuidar da criação. O termo descansar neste texto significa que Deus sentiu-se satisfeito com o
que havia criado, pois o mundo ficou “muito bom!” Como um artista depois de perceber que
sua pintura ficou magnífica exclama: “Voilà”17
Deus criou o mundo perfeito e bom. Este mundo em que vivemos é bom e tem um
dono, o próprio Deus Criador. O diabo não é o dono do universo e nem está dominando sobre
ele. Além disso, a criação ou natureza não é eterna, pois teve um início. Podemos dizer
também, diferente de outras religiões que a criação não deve ser adorada, pois é a criatura que
deve adorar ao Criador.

2. QUEM É O HOMEM?
O homem e a mulher são a obra prima da criação de Deus. Nós não viemos do acaso,
nem somos produto de bilhões de anos de evolução, muito menos somos “animais racionais”,
somos a imagem de Deus. Podemos afirmar que “Deus nos criou para se ver.” Somos o
reflexo de Deus, seus representantes na terra criada. Ele nos criou para que o mundo olhasse
para nós e enxergasse a ele mesmo. Deus nos criou para refletir o seu glorioso ser na terra.
Somos a fotografia de Deus no mundo. Nenhuma criação anterior tem esse privilégio, por isso
o salmo 8.5 diz que somos a “coroa” da criação. Não somos nada menos que a obra prima da
arte criativa de Deus. Somos os únicos seres criados a imagem e semelhança de Deus.

3. EXISTE PROPÓSITO NA VIDA?


Além de nos ter criado com toda essa dignidade, em Gênesis 1.26-28, Deus nos deu
três ordens, que são as três tarefas criacionais da vida humana. São coisas que fazemos desde
que existimos. O ser humano precisa equilibrar estas três ordens em sua vida, e a menos que
faça isso, nunca experimentará o sentido da existência:

1. Desenvolver relacionamentos: o ser humano é um ser social


Quando Deus diz para multiplicarmo-nos na terra ele estava nos comissionando um
mandato social, isto é, constituirmos família, gerarmos filhos, ser irmãos uns dos outros,
sermos seres relacionais entendendo que nós precisamos de Deus, mas também precisamos de
pessoas. A menos que sejamos seres relacionais jamais nos sentiremos satisfeitos com a vida.
Nós existimos para nos relacionar com outras pessoas. Uma boa ilustração disso é o dilema de
solidão que o ator Tom Hanks vive no filme “O Náufrago.”

17
Voilà – leia-se voalá – é a expressão francesa de apreço por algo que quer dizer: “Veja lá!”
22
2. Desenvolver trabalho e cultura: o ser humano é um ser artesanal18
Em Gn 2.15 lemos o seguinte: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no
jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” Esta é a nossa segunda tarefa nesta vida: cuidar
do mundo em que vivemos, administrar os animais e a terra que Deus fez. Deus nos criou para
desenvolver o mundo, sermos engenheiros do progresso da criação.
Nós fazemos isso produzindo cultura, cuidando da terra, desenvolvendo as
potencialidades da mesma para o seu progresso e também para o desenvolvimento da
sociedade. Hoje em dia, nós cumprimos o mandato cultural através das nossas profissões que
o próprio Deus nos dá em algum momento da nossa história e de todas as nossas ocupações,
hobbyes, artes, serviços e etc. A menos que encontremos algo que nos torne úteis para
melhorarmos o mundo criado, não nos sentiremos satisfeitos.

3. Desenvolver um relacionamento com Deus: o ser humano é um ser espiritual


Além da necessidade de nos envolvermos com outras pessoas e termos alguma
utilidade no mundo, todos nós nascemos para ter um encontro com Deus. E enquanto isso
não acontecer, sempre iremos atrás de atalhos e refúgios que não nos tornarão satisfeitos.
Estaremos inquietos sem Deus. Como disse Agostinho: “o nosso coração não encontra
descanso, até que descanse em Ti”. Ou como Matthew Henry em suas últimas palavras, que
estão até hoje na lápide de seu túmulo: “uma vida investida em comunhão com Deus é a vida
mais prazerosa do mundo inteiro.” É a prioridade dentre os três. Se tivermos intimidade com
Deus iremos desejar desempenhar os dois mandatos acima.
Sem a doutrina da criação como base para a nossa vida é impossível responder as
perguntas: Como tudo começou? Quem somos nós? E qual é o nosso propósito na vida? Deus
tem respostas para nós, respostas que podem satisfazer por completo o nosso coração e de
toda a humanidade.

18
O ser humano é alguém que produz arte no trabalho e na vida comum.
23
Recapitulando a Criação
1. Quais são os dois capítulos da Bíblia que nos apresentam o relato da Criação?

2. O mundo foi criado ao acaso ou de forma espontânea?

3. Qual é a relação do que Deus cria entre os dias 1,2 e 3 e dias 4, 5 e 5?

4. Qual é o significado do Sétimo dia?

5. O mundo é uma criação boa ou má? Explique.

6. Quem é o homem?

7. Quais são as três ordens ou mandatos que Deus deu para o ser humano no jardim?

8. Qual é a importância da doutrina da criação para a sua vida?

9. O que significa para você ter sido criado à imagem e semelhança de Deus?

10. Qual é a relação que você vê entre o ser humano e os demais animais? Leia Gênesis 1-2.

24
Queda: O que deu errado
com o mundo? [6]
Todos nós sabemos que algo deu de errado com o mundo. “Não era para ser assim” é o
sussurro mais sincero da alma humana, pois há tanto sofrimento, dor, perdas e tristezas na
vida que a existência do mal não pode ser ignorada. Afinal, o que deu de errado com a criação
boa de Deus? Essa é a importância do estudo da Queda. Esta palavra é um sinônimo de
pecado. É a expressão que resume a como o ser humano caiu em pecado logo no início da
história humana registrada em Gênesis 3.1-22. Leia este relato e entenda melhor a origem do
mal e do sofrimento.

1. DE ONDE VEIO MAL E O SOFRIMENTO?


Deus fez um acordo com o homem no cap. 2.16-17. Ele ofereceu liberdade total ao
homem para desfrutar de toda a criação que ele mesmo tinha feito. A única restrição seria
comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois se eles a comessem experimentariam
a morte. O primeiro casal humano viveu neste estado de liberdade e comunhão com Deus por
algum tempo, no entanto, a serpente veio ao jardim para tenta-los. Leia atentamente o cap.
3.1-5 e veja como a proposta da serpente era astuta e fatal. No diálogo da serpente com o
casal o diabo propôs três coisas: Dúvida, contradição e indução:

Dúvida: “Ele disse isso mesmo que Deus disse?”


Contradição: “Vocês certamente não morrerão!”
Indução: “No dia em que vocês comerem, serão como Deus!”

A questão essencial aqui é perceber o que significava comer ou deixar de comer o


fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Conhecer o bem e o mal naquele caso
significava poder decidir, independente de Deus, o que seria bom e o que seria mal. Em
outras palavras, a proposta do diabo era a seguinte: “Sejam independentes e criem suas

25
próprias leis, vivam do jeito que vocês quiserem, assumam o comando de seu destino e não
dependam mais de Deus para viver.”
A serpente conseguiu enganar o casal. O ato de comer o fruto não foi um gesto passivo
ou sem importância – não foi sem querer querendo – eles decidiram conscientemente que
deixariam tudo o que Deus criou, a maneira de cuidar da criação, jogariam tudo fora para
começar a viver do zero por eles mesmos. Por isso, o pecado é o homem querendo ser o seu
próprio Deus. Pecado é o desenho se rebelando contra o Desenhista. O vaso se rebelando
contra o Oleiro. A pintura se rebelando contra o Pintor.
Por isso, o mal, o pecado, sofrimento e a morte são os frutos da quebra da dependência
entre criatura e Criador que aconteceu no Éden com os nossos primeiros pais. Todo o
sofrimento que a humanidade experimentou e ainda experimenta através de guerras, fomes,
doenças, catástrofes, assaltos, crimes e na morte são consequências diretas do pecado original.

2. TODOS NÓS SOMOS PECADORES?


Já ouvi muita gente dizer: “fulano é tão bonzinho, não acho que ele será condenado!”
Ou outras pessoas que dizem: “fulano é perfeito, só falta ser crente!” O que é que está por traz
dessas frases? Com certeza, uma visão bem “aguada” do impacto que o pecado tem em nossas
vidas. O salmo 14.3 é bem claro quando diz que “todos se rebelaram e juntamente se
corromperam, não há quem faça o bem, não há nenhum sequer.” Este “todos” inclui crianças,
adolescentes, jovens, adultos, idosos. Todos nós fomos infectados pelo vírus do pecado.
Talvez você possa dizer: “Conheço pessoas que não são crentes, mas são pessoas
maravilhosas, cheias de amor; para elas só falta Jesus.” Eu respondo: conviva mais tempo
com essas pessoas “boazinhas” e você verá claramente as marcas do pecado estão em sua
vida. Ninguém escapa! Leia também Romanos 3.9-26, 5.12-21. No próprio jardim, o homem,
depois do pecado, se torna um grande fugitivo de Deus.

3. QUAIS SÃO OS RESULTADOS PRÁTICOS DA REBELIÃO DO PECADO?


Depois de o pecado ser introduzido na vida humana, pelo menos quatro consequências
diretas afetaram a vida de toda a humanidade:
1) O ser humano está desconectado de Deus, v.8-10. Todos os seres humanos
carregam em si mesmos o DNA do pecado, isto é, tem o pecado gravado em todas as áreas do
seu coração. O homem não busca mais a Deus, pelo contrário, agora foge dele. O homem está
morto em seus pecados.

26
2) O ser humano está desconectado dos outros seres humanos, v.7, 11-13, 16. Todos
os relacionamentos depois do pecado são fragmentados. Não existe paz absoluta. A partir
desse momento brigas e guerras são inevitáveis. Viver em sociedade agora é um problema,
casamentos são desfeitos, relacionamentos são descartáveis e sem compromisso, há roubo,
assassinatos e caos social.
3) O ser humano está desconectado do seu trabalho e distorce a cultura, v.17-19.
Todos os seres humanos para desenvolverem seu trabalho terão que suar bastante. O trabalho
agora é fonte de canseira e desgosto. A terra boa foi amaldiçoada por causa do pecado do
homem. Até a criação sofre com o pecado humano. A cultura do homem não reflete mais a
beleza de Deus.
4) O ser humano está desconectado da própria vida, Gn 519. Todos os seres humanos
agora experimentam a realidade da morte física. O salário do pecado é a morte. Esta é a
trágica recompensa do pecado da humanidade, o homem estar desconectado da própria vida
criada por Deus. Em outras palavras, o pecado do casal não apenas afetou o seu
relacionamento com Deus, mas todas as dimensões da vida, a relacional, espiritual, cultural, e
individual. O mundo inteiro está em desarmonia e há sofrimento em todas as áreas da vida
porque o relacionamento central – com Deus – foi quebrado.

4. O PLANO DE DEUS FOI DESTRUÍDO?


Será que o projeto de Deus foi totalmente estragado? O projeto de Deus foi destruído
pelo Diabo e pelo ser humano? Não. O pecado e a morte não são a última palavra no livro de
Gênesis. Quais são as atitudes de Deus no jardim que nos mostram que Deus não foi pego de
surpresa pelo pecado da raça humana? Temos “três pistas de esperança” aqui:

1) Deus promete que um menino vai nascer da mulher e vai destruir a serpente, v. 3.15
2) Deus veste o casal com pele de animais, isto é, alguém morre por eles, v.21
3) Deus expulsa o casal do jardim para que não vivam eternamente em pecado, v.22-23

Olha que coisa extraordinária já em Gênesis 3! Você percebeu que Deus já tinha um
plano para nos salvar antes mesmo do nosso pecado?

19
Perceba quantas vezes é repetida a expressão “viveu... e morreu.”
27
Recapitulando a Queda
1. Você concorda que dentro do coração da humanidade há uma noção geral de que “algo está
errado” ou que o mundo e a vida “não eram para ser assim”?

2. Qual é o capítulo da Bíblia que descreve o relato da Queda?

3. De onde veio o mal e o sofrimento que experimentamos? Explique.

4. Quais foram as 3 estratégias de Satanás para seduzirem o primeiro casal à rebelião do


pecado?

5. Qual é o significado mais profundo de “comer o fruto da árvore do bem e do mal?”


Explique.

6. Defina o que é pecado.

7. Todos nós somos pecadores? Por quê?

8. Quais são as 4 consequências ou “desconexões” geradas pelo pecado original?

9. Deus foi pego de surpresa pela Queda ou tinha já tinha um plano em mente?

10. O que mais te marcou no estudo da Queda?

28
Redenção: Como Deus
resgata o mundo? [7]
Você já ouviu falar em “final feliz?” Com certeza sim. Da mesma forma que a maioria
de nós aceita que algo deu errado com o mundo, também acreditamos que de alguma forma
“viveremos felizes para sempre.” Foi por isso que a humanidade inventou os heróis, aqueles
que aparecem quando tudo está prestes a ser destruído, então, de forma miraculosa, eles
restauram a paz mundial.
Nossas histórias infantis estão repletas de “... e viveram felizes para sempre”. Dentro
de nós há uma sede por salvação. Entretanto, essa redenção não veio através do Homem de
Ferro, Batman, Homem Aranha, Thor, Lanterna Verde ou quem quer que seja, veio sim
através de Jesus Cristo. No estudo de hoje leremos Colossenses 1.13-23, para respondermos
as seguintes perguntas: 1. Qual é a solução para o mundo? 2. Quem é o Salvador? 3. Como
Cristo reverte os efeitos do pecado em nossas vidas?

1. JESUS CRISTO É A SOLUÇÃO PARA O MUNDO CAÍDO EM PECADO,


v. 13-14
Neste texto fica claro para nós que Cristo nos libertou do reino das trevas e nos
transportou para o reino do seu amor. Esse ato de salvação se chama redenção. Redenção
significa literalmente “comprar alguém de volta”. Quando uma nação perdia a guerra para
outra, os guerreiros perdedores tornavam-se prisioneiros e escravos dos inimigos vencedores.
Como alguém poderia ficar livre desta escravidão?
Era possível desde que alguém da própria família da pessoa, que fosse livre,
comprasse-o de volta para o seu país. Em outras palavras, para haver libertação essa pessoa
tinha que ser 1. Livre; 2. Parente da pessoa; 3. Ter os recursos; 4. Vontade. O que isso tem a
ver com Cristo e nós pecadores?
Nós estávamos presos e escravizados pelo reino do pecado e pelo Diabo. Não
podíamos alcançar a liberdade por nós mesmos. Porém, Jesus Cristo, que é totalmente livre de
pecado, nos adotou para Deus Pai pagando o preço dos nossos pecados, por sua própria

29
vontade. O nosso salário era a morte, por isso ele nos comprou de volta morrendo na cruz.
Suas feridas ganharam a nossa cura. Sua tristeza, nossa alegria. Sua morte, nossa vida.
Chamamos a morte de Cristo por nós de “sacrifício substitutivo”, pois o Salvador nos
substituiu na cruz: a morte que era para ser nossa, Deus depositou na conta dele, e a vida que
era para ser dele, Deus creditou em nós.
Assim, Cristo nos liberta do reino das trevas e nos compra de volta para o reino do seu
amor. Isso é Redenção. Ninguém pode ser realmente livre nesta vida sem receber a liberdade
de Jesus Cristo.

2. JESUS CRISTO REVERTE TODOS OS EFEITOS DO PECADO EM


NOSSAS VIDAS, v. 19-23
Nestes dois versos aprendemos que o nosso Redentor reconciliou todas as coisas da
terra e do céu através do seu sangue derramado na cruz. Quais foram as áreas de nossa vida
distorcidas pelo pecado? 1. A nossa relação com Deus foi quebrada; 2. Nossa relação com o
próximo foi quebrada; 3. Nossa relação com o mundo foi quebrada; 4. Nossa relação com a
vida eterna foi quebrada. No entanto, em Cristo, temos novamente acesso a todas estas coisas.
1) Jesus Cristo reconecta o homem com Deus. Agora podemos ter acesso e intimidade
com Deus mais uma vez, pois Cristo rasgou a nossa dívida de pecados na cruz. Deus, agora,
nos vê como seus filhos amados. Podemos viver uma vida inteira de prazer na presença de
Deus, pois Jesus nos reconecta a rede de amor do nosso Criador. [Rm 5.1, 10-11; 2Co 5.18;
Cl 1.22; 1Pe 3.18]
2) Jesus Cristo reconecta o homem com o homem. O homem que vivia em guerra
contra si mesmo agora pode viver em relacionamentos de paz e amor. A barreira que nos
separava uns dos outros foi quebrada. Casamentos podem ser restaurados, amizades pode ser
refeitas, pais e filhos podem se amar novamente e todos os nossos relacionamentos, agora,
podem ser grande fonte de alegria. [Mc 9.50; 1Ts 5.13; 1Jo 1.7, 3.23]
3) Jesus Cristo reconecta o homem com o mundo. Nós não podemos mais pensar que o
trabalho e a nossa cultura ainda são fonte de cansaço e desgosto. Em Cristo o nosso trabalho,
profissão, ocupação, a política, a educação, as artes e o nosso lazer podem ser oferecidos para
a glória de Deus e para o progresso do mundo. Nós somos chamados por Deus para redimir a
nossa cultura. Deus espera que nós utilizemos nossas habilidades para glorifica-lo e fazermos
deste mundo um lugar melhor para se viver. [Ef 4.28; 1Co 9.6-10, 10.31; 2Ts 3.10-13]
4) Jesus Cristo reconecta o homem com a vida eterna. Depois do pecado perdemos o
acesso a vida eterna, mas em Cristo esta vida nos foi devolvida novamente. Hoje, por causa
30
do nosso maravilhoso Salvador, nós podemos ter a esperança de vivermos com Cristo por
toda a eternidade. Podemos morrer nesta vida, mas temos a certeza de que ressuscitaremos
dos mortos no último dia para vivermos com Cristo num novo céu e numa nova terra. Em
Cristo alcançaremos vitória contra a morte. [Mt 24.46; Jo 3.14-16, 36, 5.24; Rm 5.21, 6.22; Tt
3.4-7]

3. JÁ ESTAMOS RESTAURADOS, MAS AINDA NÃO TOTALMENTE


Então quer dizer que nosso relacionamento com Deus agora é perfeito? Nossos
relacionamentos após um encontro com Cristo serão perfeitos? Iremos sempre enxergar o
trabalho e a cultura como algo desejável? Não estamos mais sujeitos a morte física? É claro
que a resposta é não. A nossa redenção foi inaugurada por Jesus, mas ainda não foi
completada. Nós ainda vivemos com a tensão “redenção v.s. queda” dentro de nós.
Não podemos esquecer que Jesus Cristo já deu o golpe fatal no reino do pecado.
Entretanto, não podemos ser otimistas demais em relação a esta vida, pois o pecado ainda está
presente em nós. Cristo já nos libertou do domínio do pecado, mas não ainda da presença do
pecado. Da mesma forma, nossa intimidade com Deus ainda é defeituosa, nossos
relacionamentos ainda são defeituosos, nossa relação com o trabalho e a cultura ainda são
defeituosos e todos ainda experimentamos a realidade da morte. Porém, isso não é em nada
desanimador para aqueles que esperam em Jesus. Deus já nos concedeu liberdade e esperança
para o presente e certamente irá cumprir os seus propósitos futuros.
No próximo estudo estudaremos o que acontecerá nos últimos tempos e como Deus irá
restaurar todas as coisas.

31
Recapitulando a Redenção
1. Você concorda que dentro do coração da humanidade há uma noção geral de que
“viveremos felizes para sempre”? Como podemos perceber isso?

2. Qual é o significado da palavra Redenção?

3. O que significa ser transportado do Reino das Trevas para o Reino do Amor do Filho de
Deus?

4. Para “comprar de volta” algum prisioneiro-escravo o Libertador daquela época precisaria


possuir 4 qualidades. Quais são e como elas se aplicam a pessoa de Jesus?

5. Por que dizemos que o sacrifício de Cristo é substitutivo? Como acontece esta substituição?

6. Quais são as 4 reversões que Cristo faz em relação aos efeitos do pecado original?

7. “Jesus Cristo reconecta o homem com a vida eterna”, aprofunde essa ideia.

8. Complete: “Cristo nos libertou do _____________ do pecado, mas não da ___________ do


pecado.”

9. Se nós já fomos redimidos por Cristo, não é possível sermos perfeitos nesta vida? Explique.

10. O que mais te marcou no estudo da Redenção?

32
Consumação: Como
será o Fim do mundo?
[8]
Já estudamos como Deus criou o mundo, como ele foi infectado pelo pecado humano
e como Cristo reverteu os efeitos cósmicos do pecado através de seu sacrifício na cruz e pela
ressurreição. No entanto, ainda há mais coisas por acontecer, a consumação é uma delas. A
Bíblia diz que haverá um fim para a vida como a conhecemos. Neste estudo veremos o que
acontece com o ser humano após a morte e depois o que irá acontecer na segunda vinda de
Jesus Cristo.

1. O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE?


Antes do retorno de Jesus, a Bíblia deixa bem claro o que acontecerá com os crentes e
incrédulos no final de suas vidas. Podemos dizer que TODOS os mortos tem o seguinte
destino:
1) Os corpos voltam ao pó: Os seus corpos, depois da morte, voltam ao pó e se
desintegram. No livro de Gênesis 3.19 o próprio Deus diz para o homem: “No suor do rosto
comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó
tornarás.”
2) As almas voltam para Deus: As suas almas não morrem, nem dormem, são
imortais e por isso retornam imediatamente para Deus que as deu. Em Eclesiastes 12.7
Salomão nos diz para onde retorna o nosso espírito (alma): “... e o pó volte à terra, como o
era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” Isso significa que Deus está tanto no céu quanto no
inferno, como veremos a seguir.
3) Os salvos vão para o céu: As almas dos justos são aperfeiçoadas em santidade e
irão para o céu onde verão a face de Deus em glória. Jesus deixa bem claro esse ensinamento
em Lucas 23.43: “Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no

33
paraíso.” Lucas também ensina isso no livro de Atos 7.59: “E apedrejavam Estêvão, que
invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” O apóstolo Paulo igualmente em
Filipenses 1.23: “Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e
estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” O apóstolo Pedro faz coro com os
demais em 1Pedro 1.3: “Deus nos regenerou para uma viva esperança... para uma herança
incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós.” Contudo, o céu não é o
destino final dos salvos, pois apenas a alma está livre da corrupção do pecado. O céu é um
lugar de alegria e gozo para a alma dos crentes, porém, é um habitat provisório, eles esperam
a ressurreição do corpo.
4) Os perdidos vão para o inferno: As almas dos ímpios são lançadas imediatamente
no inferno, em sofrimento e tristeza. Jesus em uma parábola conta o que acontece aos ímpios
depois da morte: “Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de
Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos...” Lucas
16.22-23. Não podemos pensar que esse será o final de todas as coisas. Por isso, vamos
entender o que acontecerá quando Jesus Cristo retornar para a terra. Da mesma forma que o
céu não é o destino final da alma dos salvos, o inferno não é o destino final da alma dos
perdidos. Duas ressurreições os esperam: uma para honra, outra para o horror.

2. O QUE ACONTECERÁ QUANDO JESUS RETORNAR?


A segunda vinda de Jesus é o acontecimento mais esperado dos cristãos. Cristo voltará
da mesma forma que subiu ao céu após a ressurreição (Atos 1.11). Por que esse dia é tão
importante para nós? Vários textos dizem que simultaneamente a segunda vinda de Jesus
acontecerá a ressurreição dos mortos, o juízo final, condenação e salvação (cf. Mt 25.31-46,
1Ts 5.1-11, 2Ts 2.1-12)
1) Haverá uma ressurreição de mortos: Todos os mortos ressuscitarão com os seus
mesmos corpos. Os ímpios serão ressuscitados para a vergonha, os corpos dos crentes serão
ressuscitados para a honra e para serem semelhantes ao próprio corpo de Jesus.
O apóstolo Paulo ensinou que os crentes terão seu corpo ressuscitado em Romanos
8.23: “Nós... igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a
redenção do nosso corpo.” O profeta Daniel escreveu que no último dia haverá a
ressurreição de ímpios e crentes: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns
para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno” (Daniel 12.2). O próprio Jesus
ensinou a respeito da dupla ressurreição: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em
que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o
34
bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do
juízo” (João 5.28-29).
Paulo ensinou que o corpo dos crentes será semelhante ao corpo de Jesus: “Jesus...
transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória”
(Filipenses 3.21). O apóstolo João da mesma forma: “Agora, somos filhos de Deus, e ainda
não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1João 3.2).
2) Haverá um juízo final: Cristo julgará o mundo com justiça. O primeiro julgamento
será o da Igreja, 1Pedro 4.17. Depois de ser julgada a igreja, ela junto com o Senhor irá julgar
os anjos caídos, 1Co 6.3. Depois, todas as pessoas que tiverem vivido sobre a terra em
rebelião contra Deus e o Senhor Jesus Cristo serão julgados. Para nós, os que cremos em
Cristo, o juízo não nos deve amedrontar, pois em João 3.18 Jesus disse: “quem nele (Jesus)
crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito
Filho de Deus.” Além de tratar da salvação dos crentes e condenação dos perdidos, o juízo
final retribuirá a cada um de acordo com as suas obras. Os salvos de acordo com o que
fizeram de bom e os perdidos de acordo com suas maldades.
Paulo ensinou o juízo final quando pregava na cidade de Atenas: “[Deus] estabeleceu
um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e
acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17.31). Judas, irmão de
Jesus, nos ensina que os anjos caídos também serão julgados: “os anjos que não guardaram o
seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas,
em algemas eternas, para o juízo do grande Dia” (Judas 6).
Jesus ensinou que os crentes que se dedicaram a Cristo na vida presente receberão
muito mais na vida futura: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou
pai, ou mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas
vezes mais e herdará a vida eterna” (Mateus 19.29). Ele também diz que aqueles que
sofreram pelo seu nome receberão grande recompensa, cf. Lucas 6.23.
Jesus ensinou que os ímpios serão punidos de acordo com o grau de suas maldades. O
sofrimento no inferno é proporcional ao nível de maldade e pecados cometidos na terra. Ele
ensina isso claramente Mateus 10.15: “Em verdade vos digo que menos rigor haverá para
Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade (cidades que rejeitaram o
evangelho)”. João no livro de Apocalipse 18.5-6 anuncia juízo dobrado para Babilônia, que
representa todas as cidades que perseguiram os crentes e seduziram as nações com
imoralidade sexual.

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3) Haverá condenação e salvação: Os ímpios e os demônios serão lançados para o
inferno para sofrimento eterno, enquanto os crentes serão salvos para viverem com Cristo
numa terra restaurada. Apocalipse 19 e 20 nos ensinam que todos os inimigos de Cristo e da
Igreja serão condenados ao “lago de fogo”, o lugar onde os ímpios viverão corporalmente em
sofrimento junto ao Diabo e demônios. Já os capítulos 21-22 mostram como acontecerá a
restauração de todas as coisas e como será a vida e o lugar em que os crentes viverão
corporalmente com Cristo eternamente. No próximo estudo veremos com mais detalhes como
será esta gloriosa restauração.

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Recapitulando a Consumação
1. Qual é o acontecimento futuro mais esperado pelos cristãos?

2. O que acontece com todos aqueles que morrem? 4 etapas:

3. O céu é o destino final dos crentes? O que acontecerá depois?

4. As almas dos perdidos irão para o inferno após a morte. Este é o destino final deles?

5. Quais são os três momentos principais que acontecerão após o retorno de Cristo?

6. Explique o que acontecerá durante a Ressurreição geral dos mortos? Cite 2 referências
bíblicas.

7. Explique o que acontecerá durante o Juízo Final? Cite 2 referências bíblicas.

8. Explique como será a Condenação e Salvação? Cite 2 referências bíblicas.

9. Este estudo te deu medo ou esperança? Como você explicaria o que sentiu após este
capítulo?

10. O que mais te marcou no estudo sobre o fim do mundo?

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Restauração: O que
acontecerá com esta
criação? [9]
É difícil encontrar uma pessoa que não tenha curiosidade em saber como será o fim do
mundo. Muitos cientistas são corajosos o suficiente para afirmar que uma grande catástrofe
virá do espaço e eliminará a terra para sempre. Outros, afirmam que a terra ainda está em
expansão e um dia ficaremos tão afastados do Sol que o mundo terminará completamente
congelado. É muito comum também ouvir de alguns crentes que depois da vinda de Jesus,
esse mundo mal será destruído para sempre, nossas almas estarão com Cristo no céu com
vestes brancas, plenamente santas. Então viveremos juntos como uma só família, andando nas
nuvens, tocando nossas harpas com os anjos e adorando a Deus na eternidade para sempre.

1. ESTE PLANETA NO QUAL VIVEMOS SERÁ RESTAURADO POR DEUS


No entanto, a Bíblia afirma algo completamente diferente. A Bíblia inteira fala sobre a
restauração desta terra. No dia do juízo final, como já vimos, os ímpios e os demônios serão
lançados no inferno para sofrimento eterno, enquanto os crentes serão salvos para viverem
com Cristo numa terra restaurada. Existe uma quantidade enorme de versos que falam da
restauração da terra em toda a Bíblia, a seguir os principais:
1) Atos 3.19-21: “Arrependei-vos... a fim de... que [Deus] envie o Cristo, que já vos
foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de
todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade”.
Neste texto Pedro anuncia que Cristo será enviado à terra mais uma vez por Deus Pai, e nesta
segunda vinda ele irá restaurar todas as coisas criadas. E mais, esta restauração não é uma
ideia nova, foi profetizada pelos profetas no Antigo Testamento.
2) Isaías 65.17: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá
lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas”. O próprio Deus está falando

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aqui. Ele nos diz hiperbolicamente que após a restauração de todas as coisas nós nem nos
lembraremos como era o antigo mundo. É como trocar um carro velho por um carro novo,
uma casa velha por uma casa totalmente nova. Isso não significa que não nos lembraremos
mais, é que simplesmente não tem comparação!
3) Romanos 8.20-23: “A criação está sujeita à vaidade... por causa daquele que a
sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção,
para a liberdade da glória dos filhos de Deus... Toda a criação, a um só tempo, geme e
suporta angústias até agora. E também nós... igualmente gememos em nosso íntimo,
aguardando... a redenção do nosso corpo”. Da mesma forma como nós temos vontade de ter
um corpo livre de enfermidades, cansaço, problemas e morte, a terra anseia o dia em que será
livre das maldições a que foi sujeita pela rebelião humana.
4) 2 Pedro 3.13: “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova
terra, nos quais habita justiça”. A esperança que temos é que após o “derretimento da terra”,
“destruição da terra”, uma terra purificada virá à tona: um novo céu e uma nova terra. Novos
não em origem – porque é o mesmo céu e terra – mas em qualidade, totalmente glorificada!
5) Apocalipse 21.1-3: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira
terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus... Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o
tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e
Deus mesmo estará com eles”. Quando nós olharmos para o novo céu e a nova terra nem
vamos nos lembrar da antiga terra marcada por terremotos, poluição, desgastes e desarmonias.
Deus fará novas todas as coisas. O céu descerá para terra, viveremos com Deus para sempre
desta forma.
O que todos esses textos nos ensinam? Quando Jesus Cristo retornar para julgar o
mundo, nós, os que cremos nele, viveremos para sempre com Cristo com um corpo
ressuscitado parecido com o dele, num lugar que é ao mesmo tempo o Céu, e ao mesmo
tempo a Terra. Haverá um casamento da dimensão onde Deus hoje habita e do lugar que nós
habitamos. Assim, viveremos nesta nova criação com Cristo para sempre.

2. COMO SERÁ A RESTAURAÇÃO DA TERRA?


1. A Terra será queimada, não para ser destruída, mas para ser purificada de suas
imperfeições. O fogo na Bíblia nem sempre significa destruição final, mas também
purificação. Os lábios do profeta Isaías são purificados por uma brasa! (Is 6.7-8). Zacarias diz
que Deus purifica o seu povo como o fogo purifica a prata e o ouro (Zc 13.9). Além destes,
39
vemos na vida comum que o fogo purifica a carne e demais alimentos, purifica a água, objetos
de higiene. Em outras palavras, o fogo é instrumento de esterilização, ele tira bactérias
daquilo que está infectado.
É assim que acontecerá com este mundo. Várias passagens mostram que o fim do
mundo – com o fogo – está intimamente ligado ao seu novo começo. Jesus fala a respeito
deste fogo em comparação ao que aconteceu com a cidade de Sodoma: “... no dia em que Ló
saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos. Assim será no dia em que o
Filho do Homem se manifestar” (Lucas 17.29-30). O apóstolo Pedro nos dá mais detalhes
sobre esse fogo: “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido
entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens
ímpios... os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós,
porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita
justiça.” 2Pedro 3.7-12.
2. A Terra, depois de ter sido purificada, resplandecerá e estará totalmente nova,
ampliada, bela e gloriosa! Deus não desprezará a terra que ele mesmo criou, pelo contrário,
ele irá resgatar as suas qualidades originais, destruindo aquilo que está podre e
rejuvenescendo aquilo que já era bom. A Igreja espera por um “novo” mundo não “outro”
mundo. Um mundo restaurado, não um mundo desconhecido. Além disso, a terra será muito
maior do que é atualmente. Esta terra será ampliada para caber todos os crentes que já
morreram no passado junto com os crentes que estarão vivos no retorno de Jesus. Nela não
faltam portas, muralhas, pedras preciosas, o seu tamanho é quadrangular (Ap 21.16) para nos
lembrar que o mundo será o próprio Templo de Deus.
3. Haverá uma harmonia perfeita entre a natureza, plantas, animais, seres humanos
e o Criador. O mundo finalmente será totalmente restaurado, nosso relacionamento com Deus
será totalmente restaurado, os relacionamentos humanos serão plenamente restaurados, não
haverá mais pecado ou morte, os animais viverão em perfeita harmonia e a terra estará cheia
das belezas do Deus criador. Na Bíblia existem duas passagens bem claras desta harmonia que
haverá na nova terra:

Isaías 11.6-9: “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao


cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará.
A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como
o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na

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cova da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a
terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.”

Apocalipse 22.1-5: “Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal,
que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e outra margem do
rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as
folhas da árvore são para a cura dos povos. Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela,
estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e
na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de
candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos
séculos dos séculos.”
E aí, o que você achou dos dois textos? Seria bom você reler várias vezes e usar a
imaginação para pensar como será viver com Deus numa terra restaurada e sem pecado. Faça
isso!

41
Recapitulando a Restauração
1. Mencione três visões erradas sobre o que acontecerá com esta terra.

2. Em linhas gerais, o que a Bíblia diz que acontecerá com esta terra? Para responder consulte
Atos 3.19-21, Isaías 65.17, Romanos 8.20-23, 2 Pedro 3.13 e Apocalipse 21.1-3.

3. A terra será queimada? Qual é o significado deste fogo que irá queimar a terra? Dê
exemplos.

4. Viveremos em outra terra ou nesta mesma terra? Por quê?

5. A nova terra será maior que a primeira? Por quê?

6. Que tipo de harmonia haverá na nova terra?

7. Escreva 5 coisas que você aprende com Isaías 11.6-9 e Apocalipse 22.1-5. Consulte os
textos!

8. Você achava que a Bíblia fosse tão clara a respeito deste assunto?

9. Te dá alegria saber que este pequeno planeta é amado por Deus e também é alvo de
salvação? Como devemos trata-lo após saber de tudo isso?

10. O que mais te marcou no estudo sobre a restauração da criação?

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O que são as Doutrinas
da Graça? [10]
O que chamamos de cinco pontos do calvinismo é uma forma lógica e didática de
entendermos melhor a doutrina da salvação. Na história os 5 pontos recebem geralmente dois
apelidos: 1. Doutrinas da Graça – porque os cinco pontos mostram que a salvação é algo
realizado totalmente por Deus; 2. TULIP – isso mesmo, tulipa, em português. É uma palavra
de cinco letras usada como acróstico ou abreviação dos cinco pontos, veja no gráfico abaixo:

T Total Depravity – Depravação Total


U Unconditional Election – Eleição Incondicional
L Limited Atonement – Expiação Limitada
I Irresistible Grace – Graça Irresistível

P Perseverance of the Saints – Perseverança dos Santos

Esses cinco pontos foram produzidos por teólogos reformados holandeses no Sínodo
de Dort nos anos 1618-1619. Vejamos então o significado de cada um deles:

1. CORRUPÇÃO RADICAL: O ser humano está corrompido pelo pecado e é


incapaz de se salvar
O primeiro ponto significa que todas as áreas da nossa vida foram afetadas pelo
pecado. Estamos socialmente corrompidos, culturalmente corrompidos, mas pior que isso,
espiritualmente mortos. Todo o nosso ser, intelecto, emoções e vontade estão corrompidos
pelo pecado. Isso não quer dizer que os humanos são todos intensamente iguais em maldade,
mas que todos temos a mesma potencialidade para cometer os mesmos pecados. Em algumas
pessoas os sintomas afloram mais, em outros menos, porém, todos foram igualmente
infectados pelo “vírus” contaminador do pecado.
A grande consequência disso é que nós estamos totalmente incapazes de salvar a nós
mesmos. Nosso pai Adão era o representante de toda a raça humana, e ele caiu em pecado,

43
por isso, todos nós caímos com ele e fomos afetados pela mesma corrupção. Toda a
humanidade herdou a culpa do pecado de Adão e por isso todos somos pecadores. Isso
significa que o homem possui uma incapacidade total para restaurar o relacionamento com
seu Criador. A consequência disso é que não temos disposição e desejo em nós mesmos para
buscarmos a Deus. Estamos espiritualmente mortos em nossos pecados. (Para o 1° ponto leia:
Genesis 3; Salmo 14, 51 e 53; Romanos 3; Efésios 2)

2. ELEIÇÃO SOBERANA: Deus soberanamente escolhe pecadores para serem


salvos
O segundo ponto significa que Deus escolheu certos indivíduos dentre todos os
membros decaídos da raça humana para serem salvos da sua corrupção radical. Se fossem
deixados à sua própria escolha, os homens jamais buscariam a Deus, pois não temos mais o
desejo de ter comunhão com Deus. Assim, teria sido perfeitamente justo para Deus ter
deixado todos os homens em seus pecados e miséria e não ter demonstrado misericórdia a
quem quer que seja. É neste contexto que a Bíblia apresenta a eleição. Deus escolhe
pecadores por amor. É um amor sem explicação. Ela é soberana porque é iniciativa do próprio
Deus, o homem não pode fazer nada para ser eleito, Deus é totalmente livre em escolher e
salvar quem ele quiser.
Deus poderia ter escolhido salvar todos os homens – pois Ele tinha o poder e a
autoridade para fazer isso – ou Ele poderia ter escolhido não salvar ninguém – pois Ele não
tem a obrigação de mostrar misericórdia a quem quer que seja –, porém não fez uma coisa
nem outra. Ao invés disso, ele escolheu salvar alguns e deixar os demais em seus próprios
pecados. Não cabe à criatura questionar a justiça do Criador por não escolher todos para a
salvação. Se ele não tivesse escolhido alguns, TODOS seriam definitivamente condenados.
(Para o 2° ponto leia: Ef 1; João 6.37-40, 45, 65, 15.16; Romanos 8-9).

3. EXPIAÇÃO DEFINITIVA: Jesus Cristo morreu para salvar exclusivamente os


pecadores eleitos
Embora Deus tivesse resolvido salvar da condenação um número definido de
pecadores, sua santidade e justiça exigiam que o pecado fosse punido. A eleição sozinha não
seria suficiente para a salvação deles. Os que foram escolhidos por Deus Pai e dados ao Filho
precisavam ser perdoados e terem sua dívida cancelada para serem salvos. Em contra partida,
alguém precisava pagar por eles e os eleitos certamente não podem pagar por seus próprios
pecados. Só alguém totalmente justo e sem pecado poderia receber esta punição. Por isso,
44
Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, suportou o castigo merecido pelos pecadores e
obteve a salvação para os seus eleitos.
Os eleitos, então, são libertos da culpa, do domínio do pecado e da morte eterna como
resultado do que Cristo sofreu por eles na cruz. Cristo substituiu os eleitos na cruz: seu direito
de viver devido a sua santidade foi creditado a eles e o dever dos eleitos de morrerem devido
a seus pecados foi debitado no próprio Cristo. Deus não deixou aos pecadores a decisão se a
obra de Cristo será ou não efetiva. Pelo contrário, todos aqueles por quem Cristo morreu serão
infalivelmente salvos. O sangue de Jesus não possibilita a salvação, ele realiza a salvação.
(Para o 3° ponto leia: Isaías 53.11-12; Mateus 1.21, 20.28; João 10.14-15; Romanos 5.15).

4. GRAÇA IRRESISTÍVEL: O Espírito Santo regenera e atrai irresistivelmente os


pecadores eleitos
Deus Pai é o responsável pela eleição daqueles que serão salvos. O Deus Filho é
responsável por comprar, resgatar e perdoar os eleitos dos seus pecados na cruz. O Deus
Espírito Santo é o responsável por regenerar os pecadores eleitos para uma nova vida aqui e
agora. O Espírito Santo nunca falha em trazer à salvação aqueles que o Pai escolheu e por
quem o Filho morreu. Isso significa que apenas os eleitos conseguirão ouvir o evangelho e
arrepender-se dos seus pecados e crer em Cristo. O “não-eleito, não-salvo e não-regenerado”
jamais responderá a chamada do evangelho para arrepender-se e crer.
Em outras palavras, o Espírito Santo antes, durante ou depois da pregação do
Evangelho opera um milagre interno e gracioso no coração do pecador. O Deus Espírito
oferece ao pecador eleito um “ouvido” para ouvir Deus falar, “olhos” para o pecador se
enxergar perdido e ao mesmo tempo enxergar a maravilhosa graça de Deus, e uma disposição
nova em seu coração para em amor escolher o mesmo Deus, que em incomparável amor,
primeiro, o escolheu. (Para o 4° ponto leia: Ezequiel 11.19-20, 36.26-27; João 1.12-13, 5.21;
Atos 16.14-15; Romanos 8.30).

5. PERSEVERANÇA DOS SANTOS: Deus não permite que os eleitos salvos se


percam
Os eleitos não são apenas justificados por Cristo e regenerados pelo Espírito; eles são
mantidos na fé inabaláveis pelo infinito poder de Deus. Isso não significa que aqueles que já
foram regenerados não possam ter momentos de fraqueza espiritual e até mesmo dúvidas
pontuais de sua salvação. Significa que todos os que são unidos espiritualmente a Cristo,

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através da regeneração, estão eternamente seguros em Deus. Sua salvação não pode ser
perdida. Nada, nem ninguém os podem separar do eterno e imutável amor de Deus.
E aqueles crentes que professam Jesus Cristo com a sua boca e desistem no meio do
caminho? Esses não apenas dão provas que “desistiram da graça”, mas que nunca estiveram
na graça. Esta perseverança infalível está diretamente ligada à santificação, que é o processo
pelo qual o Espírito Santo torna os eleitos cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo em tudo o
que fazem, pensam e desejam. Por isso, é impossível que qualquer eleito se recuse a buscar a
santidade. Todos aqueles que foram eleitos, salvos em Cristo e regenerados pelo Espírito
amam a Deus e desejam conformar suas vidas com a vida de Jesus Cristo. (Para o 5° ponto
leia: Romanos 8; Filipenses 1; Hebreus 7.25, 10.14; 1Pedro 1.5).
Essas são as ricas doutrinas da graça que nossos irmãos holandeses nos deixaram por
herança. Que possamos entende-las e desfrutar do consolo que o Salvador nos dá a partir de
cada uma delas.

46
Recapitulando as Doutrinas da Graça
1. Por que associamos tais doutrinas com a flor TULIP?

2. Quando e por quem estas doutrinas foram oficialmente desenvolvidas?

3. O que é a Corrupção Radical?

4. O que é a Eleição Soberana?

5. O que é a Expiação Definitiva?

6. O que é a Graça Irresistível?

7. O que é a Perseverança dos Santos?

8. Que tipo de consolo estas doutrinas trazem para a sua vida?

9. Você percebeu o trabalho da Trindade em cada Doutrina da Graça?

10. O que mais te marcou no estudo sobre as Doutrinas da Graça?

47
O que é a Igreja? [11]
Qual a primeira coisa que te vem à mente quando você ouve a palavra igreja? A igreja
em muitos lugares tem vivido uma crise de identidade. Alguns confundem igreja com prédios
e grandes monumentos. Outros enxergam a igreja como um mero clube de amigos. Ainda tem
aqueles que imaginam a igreja como um convênio médico gratuito e imediato, e a pior
comparação de todas: a igreja como um trampolim para a prosperidade financeira. Será que é
isso que a Bíblia diz ser a igreja?
As Escrituras dizem que a igreja é o corpo de Cristo (1Co 12.27), a noiva de Cristo (Ef
5.22-32), o edifício de Deus, templo do Espírito, santuário de Deus (1Co 3.16), família de
Deus (Ef 2.19). O que estas imagens nos ensinam sobre o significado da igreja? Simples,
igreja é o povo de Deus. É o povo eleito por Deus Pai para a salvação em Jesus Cristo, atraído
a ele pelo Espírito Santo e pela pregação do evangelho. Uma das formas de entendermos
melhor que tipo de povo é a Igreja é através de suas marcas.

QUAIS SÃO AS MARCAS DA IGREJA?

1. A Igreja é adoradora
A verdadeira igreja de Jesus é adoradora em sua natureza. É impossível fazer parte da
Igreja de Jesus e não ser um adorador (Rm 12.1). A igreja não é apenas uma reunião de
amigos, é uma comunidade de adoradores (Jo 4.23-24). Tudo o que a Igreja é ou faz é uma
forma de adorar e glorificar a Deus. Por esta causa, o culto é algo que determina o “DNA” da
Igreja. Além de adorar a Deus em todo o tempo e lugar, o culto público é de suprema
importância para a Igreja, pois é nele que nos conectamos com a Igreja Universal de Cristo
espalhada pela terra (Hb 10.25). É através do culto público que nós simbolizamos a reunião
cósmica do povo de Deus adorando a Cristo no novo céu e nova terra.
Fora o culto, outra forma de viver um estilo de vida em adoração é pela constante vida
de oração e reflexão nas Escrituras. A Igreja é o povo de Deus que vive em seus joelhos e
alimenta a mente das palavras da Trindade. São estas duas disciplinas aliadas com a graça de
Deus que tornam a Igreja santa. Toda igreja local deve buscar uma vivência de adoração
saudável. Uma igreja que não é adoradora não pode ser identificada como Igreja.

48
2. A Igreja é proclamadora
A verdadeira Igreja de Jesus é proclamadora e ensinadora em sua natureza. Outra coisa
que está no “DNA” da Igreja de Cristo é o ensino das Escrituras. Nós somos o povo do livro,
por isso, somos o povo que ensina e prega o livro para os “de dentro” e para os ‘de fora”.
Ensinar a Bíblia significa proclamar quem é Deus, quem é Cristo, quem é ser humano, o que é
a vida, o que é a morte, o que é bom, o que é mal.
A Igreja Primitiva perseverava “na doutrina dos apóstolos” (At 2.42). A tarefa
pedagógica da Igreja deve ser desenvolvida dentro e fora do culto. Novamente na antiga igreja
vemos essa marca de forma clara: “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não
cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.” (At 5.42). Da mesma forma, toda igreja
local deve buscar profundidade no fiel ensino das Escrituras para que todos nós sejamos
apresentados maduros no Dia de Cristo (2Co 11.1-2). E nenhuma Igreja pode ser realmente
Igreja sem a marca do ensino e pregação da palavra.

3. A Igreja é uma família


A verdadeira Igreja de Jesus é uma irmandade em sua natureza. A Igreja é o corpo de
Cristo e a família de Deus. Essas duas imagens representam o caráter relacional e
interdependente do povo de Deus. Muito mais do que amigos uns dos outros, somos uns dos
outros, membros do mesmo corpo, irmãos atraídos pelo mesmo sangue. Por esta razão, o povo
de Deus deve se amar com o mesmo amor que Cristo nos amou.
Isso implica em praticar hospitalidade, (Rm 12.13) multiplicar alegrias e dividir
tristezas (Rm 12.15), fazer refeições em conjunto (At 2.46) e resolver os conflitos uns dos
outros (1Co 6.3-7). Viver como irmãos desta forma é uma consequência de chamarmos o
mesmo Deus de Pai. Esse tipo de relacionamento deve também por natureza erradicar a
necessidade dos necessitados de uma comunidade local. Na igreja primitiva os crentes
vendiam suas propriedades e bens para que ninguém da igreja passasse necessidade, At 2.45.
Pelas razões até aqui vistas, concluímos que é impossível ser Igreja, povo de Deus, e não
participar de uma comunidade local. Da mesma forma que é impossível ter um Pai em comum
e não viver em família.

4. A Igreja é serva
A verdadeira Igreja de Jesus é serva em sua natureza. Note as palavras do apóstolo
Pedro sobre serviço: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de
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Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja
Deus glorificado” (1Pe 4.10-11). Serviço faz parte do “DNA” da Igreja porque Deus nos dá
dons ao entrarmos para a família da fé. Precisamos servir uns aos outros, como um corpo bem
ajustado, cada um suprindo uma necessidade com aquilo que foi capacitado por Deus para
fazer.
Além do serviço comunitário, a Igreja tem a tarefa de servir o mundo. A Igreja é o sal
da terra, o elemento que impede a putrefação do mundo. Além de sal, somos a luz do mundo,
através das nossas boas obras o mundo abrirá os olhos e glorificará a Deus, Mt 5.13-16.

5. A Igreja é missionária
A verdadeira Igreja de Jesus é missionária em sua natureza. A tarefa que Jesus deu
para a Igreja é fazer discípulos dele em todas as nações e ensina-los a viver de acordo com as
suas palavras. Por isso, é impossível ser Igreja e não ter um “DNA” missionário. Na Igreja
todos os crentes são essencialmente missionários, não apenas os pastores, missionários
transculturais, evangelistas ou presbíteros. Todos nós somos capacitados pelo Espírito Santo a
fazer novos discípulos para Jesus.
Outra coisa indispensável é o entendimento que cada perdido é um “campo
missionário”. Não precisamos necessariamente sair de nosso bairro, cidade, ou país para
encontrarmos pessoas perdidas, elas estão em toda parte – obviamente existem povos menos
alcançados que outros. Todas as pessoas que ainda não conhecem o Salvador são alvo da
nossa ação. De certa forma, tudo o que a Igreja faz é para que, em última análise, novos
discípulos sejam formados.
Que a nossa oração seja: “Deus, que enquanto nós te adorarmos, os perdidos sejam
tocados para te adorar também; enquanto ensinarmos, os incrédulos queiram aprender e viver;
enquanto nos amarmos como irmãos, os de fora queiram entrar para a nossa família; enquanto
servirmos, eles glorifiquem a ti e sirvam conosco; e enquanto anunciarmos o evangelho
salvador, seus corações sejam atraídos para um encontro contigo.” Toda igreja local deve
orientar o foco de suas ações para a glória de Deus e para o resgate de seres humanos
perdidos.

50
Recapitulando O que é a Igreja?

1. Neste estudo apresentamos 4 visões erradas sobre a Igreja, mencione 3 delas.

2. Cite três imagens ou figuras que a Bíblia utiliza para ilustrar o significado da Igreja.

3. Por que a Igreja é Adoradora?

4. Por que a Igreja é Proclamadora?

5. Por que a Igreja é uma Família?

6. Por que a Igreja é Serva?

7. Por que a Igreja é Missionária?

8. Você mudou sua visão sobre o que é a Igreja, por quê?

9. O que mais te marcou no estudo sobre O que é a Igreja?

10. Qual a diferença que a Igreja de Jesus já fez na sua vida até agora?

51
O que é o Batismo e a
Ceia do Senhor? [12]
A Igreja é uma comunidade que foi fundada por Jesus (Mateus 16.18). Ninguém tem
autoridade para dizer o que a Igreja deve ou não deve fazer a não ser o próprio Cristo. E Jesus
nos deu duas cerimônias para celebrar: o Batismo e a Ceia. Estas duas festas representam a
essência do que Deus em Cristo fez em nossas vidas.
Para entender melhor o que é o Batismo e a Ceia, leia as seguintes referências: Mateus
28.19; Lucas 22.14-20; Romanos 6.4-11; Colossenses 2.11-15; 1 Coríntios 11.17-33. A igreja
primitiva batizava e partia o pão. Essas duas cerimônias, ritos, foram nomeadas pela Igreja
cristã de “Sacramentos”. A maioria de nós sabe que as igrejas protestantes têm dois
sacramentos, porém, muitos de nós temos dificuldade de discernir, desvendar o que é um
sacramento.

1. O QUE É UM SACRAMENTO?
A palavra sacramento significa “ordenança”. Isto é, são as ordenanças que Jesus
deixou para a sua Igreja. Um sacramento é uma cerimônia que simboliza a ação de Deus na
vida do crente. Ou seja, todo sacramento celebra simbolicamente o que Deus fez
verdadeiramente na vida do salvo. Os sacramentos dados por Jesus simbolizam duas
realidades espirituais, ações que Deus operou dentro de nós: 1. A regeneração (Batismo); 2.
Manutenção da fé (Ceia). No batismo celebramos que alguém nasceu de novo (no caso dos
adultos), na Ceia celebramos que o mesmo Espírito que nos regenerou tem sustentado a nossa
vida com o corpo e o sangue de Jesus Cristo. Vamos explicar melhor:

1º sacramento: Batismo
O batismo é a cerimônia de “entrada” ou “iniciação” de alguém na Igreja (cf. Mateus
28.19). Todos aqueles que ouviram e receberam a Jesus devem ser batizados, pois o batismo é
o símbolo visível (água, símbolo do Espírito Santo) da ação invisível (regeneração) de Deus

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no seu povo. Quando alguém é batizado nós reconhecemos, simbolicamente, através da água,
que Deus regenerou aquela pessoa, de fato e de verdade.
No sacramento existe o elemento natural e o elemento espiritual. O natural aqui é a
água (símbolo), o espiritual é o que aconteceu antes da cerimônia, isto é, a ação de Deus na
regeneração. As igrejas reformadas também batizam crianças, quando são filhas(os) dos
crentes, por quê?
No Antigo Testamento as crianças dos crentes eram consideradas herdeiras da
promessa feita a seus pais, e por isso, recebiam a circuncisão. (cf. Gênesis caps., 12, 15 e
principalmente o cap. 17). Esse ritual simbolizava que a criança também estava incluída na
aliança com Deus. Porém, no Novo Testamento a ordenança da circuncisão é substituída pelo
batismo (Colossenses 2.11). Por isso, na nova aliança as crianças continuam incluídas na
aliança de Deus (cf. Atos 2.39), porém, não mais através da circuncisão, mas pelo batismo.
Embora haja aliança de Deus com os filhos dos crentes, o batismo infantil não
significa que todo filho de pais crentes são consequentemente salvos, pois a verdadeira
descendência não ocorre por consanguinidade, mas pela herança da fé. Veja como Paulo
explica isso em Romanos 4!

2º sacramento: Ceia do Senhor


Se o batismo é o sacramento de iniciação, a Ceia é o sacramento de “manutenção”. É a
maneira pela qual a memória e a força do sacrifício de Cristo ficam sempre vivas no coração
dos cristãos. E isso é feito através de dois elementos: O pão e o vinho (ou derivados). O pão é
o símbolo direto do Corpo partido de Jesus por nós na cruz, o vinho é o símbolo direto do
sangue de Jesus, derramado por nós, capaz de nos perdoar de todos os pecados.
Esses dois símbolos: pão e vinho, representam que a nossa vida com Deus depende
sempre da mediação de Jesus. Por isso, também, a Ceia é uma festa e não deve ser celebrada
como um ofício fúnebre. Cristo morreu, mas Ele permanece vivo!

2. DISTINÇÕES SÃO NECESSÁRIAS: Não faça confusão!


Nem o batismo, muito menos a Ceia do Senhor tem o poder para SALVAR. Eles não
têm poder em si mesmos, antes, são SÍMBOLOS do poder de Deus que já operou dentro de
nós. Não esqueça essa definição: “sacramento é o elemento visível da ação invisível de Deus
no seu povo.” Existem muitas outras coisas que poderíamos dizer sobre o Batismo e Ceia,
mas que não poderemos explorar neste único estudo. Para um estudo mais aprofundado vale a

53
pena recorrer às Teologias Sistemáticas – a apresentação de todas as doutrinas cristãs em
ordem lógica.20

EXEMPLO: Batismo e ceia na igreja católica apostólica romana (ICAR)


Diferente das igrejas protestantes os cristãos católicos ensinam 7 sacramentos em vez
de apenas 2, são eles: 1. Batismo, 2. Confissão, 3. Eucaristia, 4. Crisma, 5. Casamento,
6. Ordenação e 7. Extrema-Unção. Existem muitas diferenças que não poderemos abordar
aqui sobre este assunto. Porém, em relação ao Batismo e a Ceia, as principais diferenças são
as seguintes:

IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA


BATISMO Tem poder e efeito de salvação [ex opere operatu21]
É uma repetição do sacrifício de Cristo e pão e o vinho mudam
CEIA DO SENHOR de substância transformando-se no corpo e sangue real de Cristo

IGREJAS PROTESTANTES
BATISMO É um selo e símbolo na vida daqueles que já foram salvos
É uma cerimônia memorial do sacrifício de Cristo e o pão e o
CEIA DO SENHOR vinho continuam iguais em substância e simbolizam a ação
sobrenatural do Espírito Santo em nossas vidas.

Quando entendemos o real significado dos dois sacramentos bíblicos, concluímos que
é impossível pertencer a Igreja e não celebrá-los! Não faz sentido desejar Cristo e não desejar
o batismo e a Ceia do Senhor. Os dois sacramentos são meios visíveis que Deus nos abençoa
invisivelmente pelo seu Espírito Santo.

20
Vale a pena adquirir a de Louis Berkhof. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã.
21
Do latim: “tem poder de salvação.”
54
Recapitulando o Batismo e a Ceia
1. O que é um Sacramento?

2. O Batismo e a Ceia tem base bíblica? Quais?

3. Qual é o significado do Batismo?

4. O que é o Batismo Infantil? Por que ele é praticado nas Igrejas Reformadas?

5. Qual é a diferença do Batismo na visão protestante e católica romana?

6. O que é a Ceia do Senhor?

7. Qual é a diferença da Ceia na visão protestante e católica romana?

8. Essas diferenças geram algum problema na prática? Por quê?

9. Por que os sacramentos são importantes para a nossa vida?

10. Você tem desejo de participar desses elementos?

55
O que significa ser
uma Igreja
Reformada? [13]
Você já se perguntou como surgiu a Igreja Presbiteriana? Uma das coisas mais
importantes para qualquer grupo de pessoas é ter uma consciência clara da sua identidade e
objetivos. A identidade tem a ver com as raízes, a história, os fundamentos, as características
que nos diferem dos demais. Para termos uma noção básica a respeito da tradição reformada
da qual fazemos parte, analisaremos dois dos nossos nomes: reformado e presbiteriano.

1. SOMOS CRISTÃOS REFORMADOS


O movimento reformado é o ramo do protestantismo que surgiu na Suíça do século
dezesseis, tendo como líderes originais Ulrico Zuínglio, em Zurique, e especialmente João
Calvino, em Genebra. Nós damos maior importância para Calvino do que para Zwinglio ou
Lutero pois ele foi o responsável por organizar didaticamente as ideias da Reforma
Protestante como nenhum outro. Através de seus comentários bíblicos e de seu livro mais
conhecido, Instituições da Religião Cristã, Calvino foi mais longe do que todos os seus
antecessores.
É interessante que a grande marca dos reformados no mundo até hoje é a sua maneira
de pensar e ser Igreja no mundo a partir da Bíblia. Basicamente a grande diferença no
pensamento dos cristãos reformados é a firme convicção na soberania de Deus. Ser um cristão
reformado é olhar a vida com as lentes do controle total de Deus sobre todas as coisas. Deus
não é apenas soberano na salvação, mas na política, no trabalho, na família, nos
relacionamentos e em cada detalhe dos acontecimentos da história.
Além disso, a Igreja reformada existe em todos os continentes e sempre se caracteriza
aonde chega pela desejo de estudar as Escrituras e viver para a glória de Deus no mundo. Boa
parte do desenvolvimento religioso, político, social e econômico do Ocidente foi moldado
56
pela visão de cristãos envolvidos em todas as áreas do saber humano. Na época da reforma
protestante os cristãos desenvolveram 5 pilares da fé reformada:
1. Sola Scriptura: somente a Escritura pode moldar nossa visão sobre Deus e
normatizar nossa vivencia no mundo;
2. Sola fide: somente a fé em Cristo é capaz de nos aproximar de Deus; o nosso
esforço pessoal ou boas obras não podem comprar nem contribuir para a nossa salvação;
3. Solo Christus: somente Cristo é suficiente para nos salvar do pecado, da morte e do
juízo de Deus, pois ele é o nosso substituto que morreu na cruz. Nem a Igreja, Maria, santos
ou qualquer outra pessoa pode mediar nossa relação com Deus, apenas Cristo é a ponte que
nos leva para os braços do Pai;
4. Sola Gratia: somente a graça de Deus sendo dada como um presente pode salvar o
ser humano de sua perdição. Não há iniciativa no próprio homem para se salvar; se Deus não
fosse até nós, estaríamos para sempre perdidos;
5. Soli Deo gloria: somente a Deus devemos toda a glória, pois ele é bom e amoroso.
Toda respiração, pensamento, atitude e desejo devem ser elevados para glorificar o nome de
Deus e de Cristo.

2. SOMOS CRISTÃOS PRESBITERIANOS


O termo presbiteriano foi adotado pelos reformados nas Ilhas Britânicas (Escócia,
Inglaterra e Irlanda). Os reis ingleses e escoceses preferiam o sistema episcopal, ou seja, uma
igreja governada por bispos e arcebispos, o que permitia um maior controle da Igreja pelo
Estado. Já o sistema presbiteriano, isto é, o governo da igreja por presbíteros eleitos pela
comunidade e reunidos em concílios, significava um governo mais democrático e autônomo
em relação aos governantes civis. Das Ilhas Britânicas, o presbiterianismo foi para os Estados
Unidos e dali para muitas partes do mundo, inclusive o Brasil.
A Igreja Presbiteriana chegou ao Brasil através de um missionário norte-americano
chamado Ashbel Green Simmonton em 1859 e é uma das igrejas evangélicas mais antigas do
país. Simmonton foi pastor na cidade do Rio de Janeiro e dali, a igreja se espalhou pelo Brasil
inteiro. Hoje em dia a região que recebe mais influência da igreja é o sudeste brasileiro.
Outra coisa importante sobre a Igreja Presbiteriana é a sua forma de enxergar as
Escrituras. Pelo fato de a Bíblia não ser um livro de doutrinas sistematizadas, os
presbiterianos sentiram necessidade de elaborar um grupo de doutrinas essenciais a partir
dela; esse documento se chama Confissão de Fé de Westminster. Ela foi elaborada por 151
teólogos de várias Igrejas Evangélicas, reunidos na Abadia de Westminster, em Londres, na
57
Inglaterra, de julho de 1643 a fevereiro de 1649. Além da confissão existem também os
catecismos, que é a confissão da nossa fé em forma de perguntas e respostas. Todos esses
documentos foram preparados em espírito de oração e profunda submissão ao ensino das
Escrituras.
Em linhas gerais, ser reformado tem mais a ver com a nossa forma de pensar e viver,
já ser presbiteriano tem a ver com a nossa maneira de ser Igreja. Nós defendemos o sistema de
governo representativo, isso significa que a liderança de uma igreja local sempre estará na
mão de um Conselho e não de um Presidente. Isso assegura a igreja de ser governada por
pessoas isoladas e cair em opressão e personalismo.
Precisamos conhecer a nossa história. Somos reformados, nossa igreja interpreta a
vida a partir dos olhos da Soberania de Deus. Somos presbiterianos, acreditamos que a
liderança da igreja de Cristo é constituída de presbíteros. Embora devamos valorizar a nossa
herança, jamais podemos nos tornar exclusivistas, lembrando que o corpo de Cristo é maior
que o movimento ao qual estamos ligados.

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Recapitulando a Igreja Reformada
1. Como surgiu a Igreja Presbiteriana?

2. Quem foi João Calvino?

3. Como a Igreja Presbiteriana chegou ao Brasil?

4. Quais são os padrões de doutrina da IPB?

5. Como funciona o governo da Igreja Presbiteriana?

6. O que significa para você ser um cristão Reformado?

7. O que significa para você ser um Presbiteriano?

8. Qual é a coisa mais marcante que você pode perceber até agora na Igreja Presbiteriana?

9. Somos exclusivamente a denominação verdadeira? Explique.

10. O que você percebe de diferença da Igreja Presbiteriana e outras igrejas aqui no Brasil?

59
Como me envolver
com a Igreja Local?
[Final]
Depois de estudarmos tudo o que estudamos é hora de apresentar um pouco da
dimensão prática da fé cristã. Escolhemos cinco aspectos que são essenciais na vida de
qualquer cristão verdadeiro que almeja a maturidade na fé.

1. SANTIDADE
A partir de agora, como cristão, você deve buscar num nível máximo expressar seu
amor a Deus e seu desejo por ele através de dois exercícios espirituais: 1. Oração;
2. Meditação nas Escrituras. Uma vez perguntaram para A.W. Tozer o que era mais
importante, orar ou ler a Bíblia? Ele respondeu: “O que é mais importante para um pássaro, a
asa da direita ou a asa da esquerda?” Nós somos como aves, se as nossas duas asas não
estiverem funcionando bem jamais voaremos alto com Deus. Oração é o meio de
comunicação que temos para falarmos com Deus. Meditar nas Escrituras é o meio que Deus
utiliza para falar conosco. É através dessas duas disciplinas espirituais que o nosso caráter dia
a dia será moldado conforme o caráter de Jesus Cristo.
Você se compromete a viver uma vida santa? Por quê?

2. SERVIÇO
É hora de pensar quais são os dons que Deus te deu para servi-lo no mundo e na
Igreja. Todos nós ao recebermos Jesus, recebemos por tabela um ou mais dons espirituais.
Todo dom é útil para servir a Deus e edificar o seu povo. Quais são os dons que Deus tem de
dado para servir a Deus na igreja? Quais são os dons que Deus te deu para servi-lo no mundo?
Quais são as necessidades que você percebeu em nossa igreja? O que você pode fazer para
saná-las?
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Você se compromete a servir a Deus, a Igreja e o mundo? Por quê?

3. INVESTIMENTO
Outra coisa muito importante para todo cristão verdadeiro é o seu investimento pessoal
na obra de Deus. Nós podemos fazer isso de várias formas, seja com o nosso tempo, trabalho,
em causas sociais e humanitárias. No entanto, há uma coisa que a palavra de Deus nos
orienta: contribuir financeiramente na Igreja local que frequentamos. Contribuir
financeiramente com a igreja local é o investimento mais estratégico para o crescimento do
povo de Deus no mundo. Existem dois níveis de contribuição, o primeiro chamamos de
Dízimo, o segundo chamamos de Oferta.
O Dízimo é a décima parte daquilo que alcançamos com o nosso trabalho e, então,
oferecemos para o trabalho missionário da igreja local. Ele é importante para a manutenção
fixa estrutural da igreja (pagamento de contas prediais, obreiros, pastores e funcionários),
socorro material dos crentes pobres, auxílio material dos necessitados da comunidade e para a
igreja avançar em seu desafio de pregar o evangelho a todas as pessoas do mundo.
As ofertas são contribuições voluntárias de acordo com aquilo que cada um propôs em
seu coração. Elas geralmente são alçadas para propósitos específicos como reformas, causas
não previstas e urgentes, missionários e outras coisas.
Você se compromete a sustentar a igreja local? Por quê?

4. RELACIONAMENTOS
Enquanto cristãos precisamos desenvolver um bom relacionamento com todas as
pessoas. Não devemos nos cansar de promover e incentivar relacionamentos de amor. No
ambiente comunitário é nosso dever fazermos amizades espirituais que nos deem crescimento
espiritual, que nos ajudem a rir e chorar diante das circunstâncias da vida. Somos um corpo, e
por isso, totalmente interdependentes. Precisamos estar em comunhão com a nossa Igreja,
com, o povo de Deus. Ações como participar de um grupo pequeno, frequentar os cultos,
programações de acordo com a sua faixa etária são maneiras de viver numa atmosfera
relacional.
Você se compromete a viver com comunhão com a Igreja? Por quê?

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5. EVANGELISMO
A missão que está no cerne do que é um cristão é compartilhar o Evangelho com
pessoas que ainda não tiveram um encontro real com Deus. Nós fazemos isso com atitudes e
palavras. Deus nos enviou ao mundo e nos encheu com o poder do Espírito Santo para
proclamarmos que Ele está em busca de adoradores que o adorem em nome de Jesus Cristo.
Cristo nos chama para mostrar o seu amor na sala de aula, sala de reuniões, fábrica,
parque infantil, vestiário, empresa, restaurante, shopping, casa e em nossa vizinhança. Nosso
campo missionário é a vida diária, é a nossa rotina, são as pessoas que ouvimos e vemos todos
os dias. Elas são o alvo da mensagem do evangelho.
Você se compromete a evangelizar pessoas no dia a dia da sua vida? Espero que tudo
isso que estudamos até aqui – foi uma longa jornada – tenha feito você um discípulo radical,
sábio que busca pensar, desejar e viver como Jesus. Não existe coisa mais maravilhosa e feliz
do que ter um relacionamento com Jesus. Nossa vida ganha uma nova cor e nossa alma
descansa tranquila nos braços do Pai.
Que por causa deste relacionamento especial com Jesus você se sinta capacitado pelo
Espírito Santo a evangelizar, anunciar, convidar e desafiar outras pessoas fora do caminho
para entrarem na família da fé.
Agora é a sua vez de discipular outros! Deus te abençoe!

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