Você está na página 1de 170
UNB IMPA TEORIA CLASSICA DO POUNNCIAL por DJAIRO GUEDES DE FIGUEIREDO EDITORA UNIVERSIDADE DY BRASLLIA 1963 PREFACTO 0 presente trabalho foi preparado pare ser apresentedo co mo um ourso no IV Coléquio Brasileiro de Matemdtica. A escolha do assunto ee deveu nfo sbmente ao interésse do autor como também & auséncia’ de textos em portugués sébre equacdes parcieis. Estas notas poderiam ser estudadas em um curso de ter- ceiro ano da Faculdade de Filosofia, ou, com certeza, em um pri~ meiro ano dé cursos de pés-graduagdo. 0 tinico pré-requisito sendo edleulo, esta apostila poderia constituir um curso introdutério de equagdes parciais, omitindo-se certos tépicos para que seja possivel apresentar um pouco de equacdes hiperbélicas e parabéli-~ cas, isto é, equdgdes da onda e do calor. ' Anges dg,cada odpitulo, damos um pequeno sumério do con- tetido do mesmo.” Isso dard ao leitor uma ideia dos vdrios assun- tos aqui abordados. ~ , . A bibliografia, djvidida em trés partes, tem a finalide- de de orientar estudos colaterais e prosseguimento no sentido das equagdes elipticas. 7 | 0 Wtimo pardgrafo do Wltimo capitulo historia, rhpidamen te, /o desenvolvimento das equagdes elipticas apés.o principio de Dirichlet. dbviamente, as referéncies af dadas no s&o exaustivas. Trabalhos importantes omitidos podem ser localizados nas biblic~ grafias dos trabalhos citados. : Dada & preméncia de tempo no nos foi possivel preparar um nimero maior de exercicios. Para suprir, parcialmente, essa deficiéncia lembramos que o livro de Epstein, citado na biblio- grafie, contém interessantes exercicios. | Uma boa base de cdleulo ¢ essencial para que o leitor cir cule livremente nas diversas dedugdes déste trabalho. Indicamos &queles que se sintam deficientes um estudo de capitulos do livro de Fulks (vide bibliografia). | Em muitos lugares, soltamos rédeas ® imaginag&o e falamos de certas teorias mais avangadas, néo na esperanga do que o leitor entendesse completamente o que era dito, mas com o objetivo de ten ii. té-lo a investigar melhor essas questdes. Agradecimentos sio0 devidos a Blizaheth, Ida e Romério, datildgrafos do Departamento de MatemAtica da Universidade| de Brasilia,'e a Wilson do IMPA. A minha esp6sa, cujo estimulo e dedicaco foram valiosos, expresso minha gratid&o. Djairo Guedes de Figueiredo Brasilia, junho de 1963 aii invice PREPACIO sassesscscsscsccenecseeeeresesessareesrcsessseseee UNDICE co ecse cess eecensescecerececeseneseseeeseeeeseneeneee CAPITULO I - TEOREMA DA DIVERGENCIA B INTRODUGKO Sundric g 8 a § a 1 2 3 5 Regides e teorema da divergéncia «.... Potencial de um campo vetorial .. Ovservagées sébre célevlo das vériagGes Vepeseeeeee Problemas variacionais sem condigdes de contérno... O equiliprio da membrand .s-sessessseeseecereeeeee CAPITULO IT ~ FUNGOES HARMONICAS Sumdrio see. Fungdes Harmonicas ...e+. Problemas de contérno .+..s. Primeira identidade de Green . Segunda identidade de Green w+... Terceira identidede de Gren Propriedade do velor médio . Fungdes de Green .. Férmula de Poisson Teorema do Maximo (forma forte) . Convergéncia de fungdes harmGnicas sereeseeeneee Singularidades Removiveis .... Bquagdo de Poisson sssesesee © principio da reflexdo de Schwara serseessceosreee CAPITULO IIT - 0 PROBLEMA DE DIRICHLET Sumdrio 8 § 8 g | 1 2 3 4 Pungdes subharménicas e superharménicas © método de Poincaré .... © método de Perron A nog&o de barreira e o problema de Dirichlet. Pag. i did 35 37 43 47 49 49 52 53 56 60 61 T TB 81 83 84 89 92 96 iv Pag. 85 - A funcdo de Wiener .sssececccseeserecsrescecsessced 106 g 6 - RegiSes ilimitadas e o potencial eondutor ......... 111 | B 7 ~ A nogio da capacidade essitecsessseeesecsersnsenend 115 | CAPITULO IV - FUNGOES HARMONIGAS NO PLANO ' | SUMATAO csvccaseccceesseeees Pere 11g § 1 - Séries de Fourier. ree alg § 2 ~ 0 problema de Dirichlet para o disco ..... 130 8 3 - Transformac&o conforme sseeeeeeeeerere 8 4 - Fungo de Green e funcg&o de Riemann teeeeeeees 135 teeeeeeseees BT CAPITULO ¥ - O PRINCTPIO DE DIRICHLET SUMEPLO ceseeeseeseeeeeeeres 140 § 1 - Comentdrios sébre o Principio de Dirichlet .. § 2 - 08 espscos Ho sevssesccceceasseeeee g 3 -.0 método das sucessdes minimizantes .......4. § 4 - Observacdes FAnais ssssesescseeccerereeeens 154 162 BIBLIOGRAFIA sevecsssccccssscccssccecsceverscessssssoveccen -LO5 -0-0-0-0~ captfuLo I YEOREMA DA DIVERGRNCIA B INTRODUGAO Sumério. Bate capitulo tem duas finelidedes. A primeire ¢ apre~ sentar o teorema de divergéncia para regides bastante gereis do BT, 9 que 6 feito detalnadamente no $1, 0 teorema de divergéncia é de t&o grande uso na teoria do potencial e.a ausénoia de demons tragdes simples e gerais nos livros é t& séria que o $1 é oportu no @ Wtil. A segunda finelidade do capitulo é ser a antesala do curso, que a bem dizer comeca no capttulo Il, Tentamos por meio de exemplos mostrar ao leltor que fungées harménicas aparecem em problems de interesse prdtioo, vag. em campos vetoriaie ($2). A seguir visamos ilustrar o aparecimento de problemas de contérno para a equag&o de Iaplace Aus 0, 08 quais 8&0 0 objetivo cen tral da teoria cldssice do potencial, pois s&o precisamenta proble mas|desse tipo que aparecem em ficica matemitica. 0 exemplo esco~ Inide 6 0 ao equilivrio da membrana, e visendo utilizer o princi- pio! de Hamilton introduzimos nos $3 e 4 um minimo (autosuficiente) de conceitos sdbre cdloulo das variagées. I | | | . oo 7 | £1. Regides-e teoreme da divergéncie i | Por regio entendemos qualquer conjunto aberto e eoniexo do espago euclideano de dimensdo n , que designaremos por R” , | Com o objetivo de fixar a notag&o definiremos os conceitos que intervém nas definigdes acima. | R° 6 0 conjunto Gas dtuplas ordensdas de nimeros reais X= (Xyye0e5%,) munido de ume estruture de espago vetoriat com a a soma ¢ @ miltiplicasiio por um escalar (i.é, mimero real) tet das ‘como se segue | (ay yore yy) + (Ky reee ry) = (HL + Tyree esky + Iq) | Mayyerey%y) = (A Xyyeeey AKL) s | e munido de ume eStrutura de espago métrico com a distdnoia entre dois pontos, x = (yy eee yXy) eye (Yr e+e sTy) definida como 2 ale) = [Gyrw)P sve + (apy)? |? . | : | Uma bola (aberte) B= B(x) de raio r-e centro’ x em R® 6 0 conjunto dos pontos,.y ,tais que a(y,x)0 existem ks bolas de raio 6 que cobrem A le tal que k, 6?—+0 quando §-*0. Apenas o caso pen tem interesse pois qualquer A de R” tem p-contetido zero se p>n. 0 caso P0 existem conjuntos (@igamas cubos) Assos, que cobrem A e@ tal que Z vo1(a;) < 8, Serd usado na demonstragéo de lema abaixo o fato de que na defini~ ce de p-conteddo zero podermos tomar cubos ao invés de esferas. Lema tel.- Um conjunto A em BR tem contevdo de Jorden zero se @ 86 se éle tiver n-contevdo zero. 18), Adntamon que A tenhe conteido de Jordan zero. Suponhamos, por contiedig#o, que A néo tem n-conteddo zero, Ise0 significa que existe ¢>0 tal que para ume sucessBo 8),5,,+++ de nimeros positives tendendo a zero temos (1) Ks 5) oes onde Kg jy 6 o nimero de eletientos de uma cobertura arbitréria de 4A por cuh 8 de! lado by 0 4 relag&o (1) se verifica para qualquer cobertu... de A por eubos de ledo 6, ). Por outro lado, tendo A ec atetido ae Jordan zero, 6 possivel determinar cubos Burov sBy que cobrem Ae taie que Yi vo1(b 5) < € , Por subdivisdo, se necessdério, deter minemos k cubos de lados todos iguais a um determinado 6; , que cobrem A e cujo somatério dos volumes é menor que. € , isto n koce y © que contrediz (1). 20), Suponhamos agora que A tem n-contetido zero. Dai se segue que dado €>0 pndewse determiner 6>0 tal que Xs oles de raio 6 i =6- we cobrem A e@ ks 6"Z ©. A soma dos volumes dessas bolas é nenor | | A seguir demonstramos a invarignoia de p-contetido medi- que ok, 6" , que por construg&o serd menor que ce. 5 Os ¢ @ ante transformacgdes lipschitzienas. | i Uma transformagio F entre dois espagos euclideanos (em geral, i nétricos) RT e R" , 6 lipschiteiane se qualquer que sejem x ¢ y em R™ temos Im(x) - Fly) s X|x-y] | onde K é @ chemada constante de Lipschitz. | I Lema 1.2 - Se A em R” ‘tem p-contetdo zero entéo F(A) tem i p-conteiido zero. | \ Demonstragéo - Tendo A p-contetdo zero podemos determinar fe bolas de raio 6/K tal que (3)? > 0 quando 6->0. Agora pela transformagho F esses boles iro em conjuntos de aiametro menor que 26 os quais esto contidos em bolas ae vaio 6 as quais cobrem WA) , Bles s8o também em mimero k, ¢ teremos xk, SP-~ 0 quando 6-»0, provando que F(A) tem phown~ tevido zero. i 7 w \ Uma fungéio (vetorial) F de ACR™ em R™ 6 dita de classe oy se ela tem tédas as derivadas parciais continues até a orden k . Representamos Fe O,(A) . | | Um_elemento de superficie no R” 6 a imagom de uma pole do R™1 mediante uma fungio biunivoca de classe C, , cuja he triz jacobiana tem caracteristica n-l . | Uma superficie regular [7 é um subconjunto conexo ao R” com a propriedade que todo ponto xe |" temuma vizinhanca V(x) tal que [AV¥(x) 6 um elemento de superficie. Introduziremos agora o conceito de integral sébrs una perficie regular [". Para fazer as coisas mais simples imeginare mos que [" é & imagem de uma regigo A do R™* pela tuncko x = Bla) = B(uy,..sjU,.,) de classe 0, ouje natriz jacobiane tem caracterfsatica n-1 em todes pontos de A . Designamos por Sy(a), ees dy(a) os determinantes das n watrizes que se pode obier da matriz jacobiana retirando uma linha de cade vez. Seja aggre h(x) uma fungdo real continue definida ew [5 entéo definimos 7 2 2i/2 | @ J n(x) 0 » J, cao tert 2)? aa, onde devenos supor que A tenha contetdo de Jorden. Uma regido Q lipitada do R” ¢ dita de Gauss ce sua fronteira [ é constituida de duas partes [, e [, com as se~ guintes propriedades: 12) Mr é um conjunto fechade com (2 teddo zero, 22) Cada x eT, tem uma vizinhanga V(x) tal w(x)a ry é um elemento de superficie; além disso, apés v go de eixos fazendo a normal exterior ¥(x) coincidir rego positiva do eixo x, , V(x) Nn ry pode ser represe: La equacdo x, = h(Xp,++0)X,) , onde bh € de classe C, ¢ se ) estd em V(x)MQ entdo Ky SW Kyy ooo 6X, X= (Xp e005 y Ultima condig&o significa que V(x)N estdé de um mesmo lado de V(x) AP, . Obsiervando que o R” é um espago separdvel (i.é, contém um sub= : a ~8- | conjunto enumerdvel denso nele) segue-se que [, é uma uniéo fi~ nita ou enumerdvel de superficie regulares. ! Um-exemplo de regido de Gauss que ebrange os tipos usualmente tra tados nos é dado por O tal que [ € uma unsdo finite de super~ ficies regulares e de seus “bordos". Com efeito, seja ny =Ury : onde [ é a imagem de um aberto ajeret por uma funcao By Ld de classe C, « : Se extendermos By até o contérno OAS de 4; de modo que fam aa; a fungio By seja lipschitziana, teremos pelo lema 2 que B,( 845) que é o contérno ony de "5 tem (n41)-contetide were. Sendo [, = U an; concluimos que rS tem (n-1)-conteiido zero. 0 teoreme da divergéntia serdé agora enunciado pera regi- des de Gauss. Teorema 1.3 ~ Seja Q vma regio de Gauss, como definida acime, Seja P= (Fy,++e,F,) = F(x) uma fungio vetorial 11 mitada pertencente a O,(2 UP,)NG,(n) . Além disso, supgmos que div F seja integrdvel, i Ent&o a seguinte formula se verificat (3) fawre- foriy a 1 A demonstrago repousa em uma série de lemas, dois dos quais s&o o teorema de divergéncia em casos particulares, Leme 1.4 - Seja um pavalelepipedo {x + 8y< Es S51 JL, see yn}e Admitindo tédas as condigdes de teorema 1.3, a formule (3) se conserva. | -9- i Demonstracio - Usando integrais iteradas obtemos . 1 OF. 7 Sa 4 (4) [fies = f S. Be OF Oy vee OK ‘1 onde 2, = {(xp, Ry) b BySRS dys U5 2,000} Pelo teorema fundamental do cdélevlo, em (4) obtemos 1%) ] dg res am, = f [Py(oysXp ree eq) — PyCOq ays a 1 * Sue onde [(x,) 6 a uni&o das dues faces do. cubo pare x) X,) a, e xX, 7 bys De modo andlogo para as demais parcelas de divergéncia e chega- mos, por aditividede, a (3). Lema 1.5 - Seja 2 a regi&o dos pontos x = (x,r+00,%,) teis que R(Xp5 Hy) SPSL 8 MLSS Dy (52, ee0yn) onde h 6 de classe ©, . Designamos por A a parte curve do contérno [ , i.e., a parte dada por x, = W(Xyy +401 Xy) » Seja Fe (ByyeeesFy) uma fungSo pertencente a C, (2 ul} ney(a2) e F = 0 em uma vizinhanga de [- A. Entdo f aw ? a fr.ve 2 A ‘DemonstracSo ~ Mediante a mudangs’ de varidveis dada por 0 (7) YF yo R(X py +60 yXy) Vy = %yp (4 = 2yoneyn) =10- obtemos a imagem * de @ como o conjunto dos pontos y + = (¥y1¥gree+sTy) tais que i Oxy sl = WygyereyIy) @ mbeyy0 en 5 \ Seja a= ba; + Definindo Bh = = a;/a obtenos 2B; =1,e 8;>0 em Us e zero fore aay uy. Por linearidade, obt asad (8) f div Pax = Bf ase (0; F) ax (9) [ B.9 a Ef, (ost oo ao W Para cubos vu; contidos em Q temos pelo lema 1:4 que (10) Su, div (658) ax = fn, (BF) 2d do onde QU; 6 0 contérno de U, . Sendo zero a ultima integral, I i | i | i i \ i coneluimos que | | n aa P) ax os P) pv a (a) f (8,0 Jf (0 9 86 uma vez que também a Wltima integral em (11) 6 zero. 1.5 que fos (og) a Sian 9 6 Usa i | Para qubos v5 que contém parte dea contérno ry temos pelo Lema | | | | | | e dat | I -13- (a2) J div (B5F) ax = i, (87) «¥ ao Agora (8), (9), (11), (12) implicam (3), n@ste caso. O seguinte lema desempenhs papel crucial ne parte final : a da ‘demonstrag&o do teorema 1.3. Lema 1.7 - Sejam A e B. dois conjuntos abertos tais que @ist(A,B) ¢ maior ou igual a 4d . Ent&o existe uma funcdo (x) infinitamente diferencidyel e teal que ox) =O , x em A, : sl, * em B Jered o(x)l< %, x fora de AUB , onde c 4 uma constante. Demonstracéo ~ Seja y(x) uma fung&o infinitamente diferencidvel tal que w(x) = 0, Ixl > Sv cnlax el Agora definamos o conjunto C como se segue c= {x + aist(x,B) < 2}. Definamos entéo / (x) = (Q™ f y(E58) ay c ny 7 # f4cil de verificar gue g(x) = 0 pare x em A 6 igualal ° -14- para x em B, E - 3 yas) ag) 2 (gyP J aay, i aa) | Por mudanga de varidveis ela). 2 f av(z) a, = ot ey 32, Q. ED. Agora completemos a demonstrag&o do teorema 1, definimos dues sucessoes de conjuntos Apc{xid (x, soph = " {x+ axsT)> sp} s3 i Usando o lema 1.7 serd possivel determiner uma func&o infinitamen- i te diferencidvel 9,(x) que seja O em A; e¢ 1 em By tal que (13) jared 94(x)1 < 2d" para x em [8;- 4; - / S claro que 9,f 6 uma fungdo continua em QUT, , com derivadas continuas em Q e gue se anule em uma yizinhanca A, de % 7 Portanto vale o teorema 1.3, como foi demonstrado no lema 1.6 i = B.v i (14) f div (957) ax i os? ao i Como oF converge para” F em Qury quando j—- o segue-se | | | -15- (15) Lim F.y ao -f PLY ac sin Ses : ; onde a Ultima integral pode ser tomada como integral imprépria. Por outro lado, (16) f div (957) ax = f 5 div F dx + f grad 5+ Fax a 2 a A primeiva integral no segundo membro tende para f div F ax. Se demonstrarmos que a segundo integral tende a zero, completare- mos a demonstracao. Da hipétese sébre r , coneluimos que dado 6>0, 0 conjunto A, (dos pontos x tais que dist(x,[,)<6) ¢ coberto por Ky esfe- ras de raio 26 3 @ temos xk, 6" 1» 0 quando 6-0. Assim 0 conjunto (3, pode ser coberto por k, bolas de raio 1/25"? , aigamos, e ‘, estd relecionado com j pelo fato GR Portanto, chamando M o mdximo de |F| em O obtemos quando jo. a7) AG greg, Fax |< ie att x, ata onde c, 6-0 volume de bole unitdria em R” . 0 segundo membro de (17) pode ser escrito como 2% M coy “Ce = const (oy <= o qual tende a zero quando j—-o . §2. Potencial de um campo vetorial Un campo vetorial F = F(x,y,z) é uma fungSo vetorial “continua definida em uma regido V do R? assumindo valores no ~16~ - p>, Uma imagem geométrica de um campo vetorial é dada imaginedo que a cada ponto (x,y,z) de V se acha ligado o vetor (x,y,z). i | Exemplo 1 - Campo gravitacional induzido por uma _particula, Supo~ nhamos que uma particula de massa m seja poste jem um ponto Q = (x,,¥9,2,) + Pela lei da gravitaciio universel de Newton | essa particule gera um campo gravitacional F = (1,M,N) . Isto s, uma particula de massa unitdria colocada em um ponte P = (x,y,z) 6 atraida pela primeira por uma férca ¥ de componentes L,M e | N dades por | ien(x-x) xm(y-¥) km(2-2,) 5 = Me - a Be -—e ° i onde r® = |xox,|? + ly-vgl? + |a2,|? © k 6 um constante. Usando notag&o vetorial o campo gravitacional pode ser esoritio como : g-- ka z= QQ, | r | Exzemplo 2 ~ Gampo eletrostdtico, Pela lei de Coulomb o-campo ele- twostdtico gerade por uma carga elétrica 9 colecde em um ponto Q € | p= Kala 0) , r | | | | expressendo @ forga de repulelio sétre uma carga elétrica unitdria en P, xk! 6 uma constante que depende do meio. | | Exemplo 3 - Campo magnetostdtico. Pela lei de Coulomb do maguetis— mo, um polo magnético p ocolocado em um ponto Q ge- va um campo magnetostdtico dado por -17- Be x'p(@ -9, rv que ¢ @ forga de repulsdo a um polo magnético unitdério colecado em P. xk" é uma constante que depende do meio. Exemplo 4 - Campo gravitacional gerado por distribuigées de massag. Seja V uma regido onde se tem uma distribuigéo de masses de densidade T(Q) . Pela lei de Newton o campo gravitacio- nal gerado serd RP) = f U(9)(Q-) av V I Q-P| Se se tratar de uma distribuicHo superficial em S de densidade we) = [ £2UQS) os s e(Q) ent&o 1Q-P| Exemplo 5 - Gampo de velocidades, Suponhamos que uma certa porgdo de fluido se acha em movimento. Em cada ponto do espa- go (x,y,2) temos em um determinado instante + a velocidade (ulx,y,2,t) , v(x,¥yZ,t) , w(x,y,2,t)) de particule que por at passe. Temos portanto um campo vetorial, (chamado um campo de ve~ locidades, o qual varia com o tempo. Um campo de velocidades que nBo depende de +t € chamado estaciondrio. A equagéo da continui-~ dade para campos estaciondérios expressa div(u,y,w) = wu, + vy tw =o onde *o representa a contribuigéo das fontes, Se o fluido é ine compressivel o = 0 e @ equagHo da continuidade é i b © 7 © trabalho de um campo vetoriel F ao longo de uma curva C é definido como sendo a integral de linha (a) wo) = fF. ee Cc onde a curva © é suposte ser diferencidvel por partes, isto ¢ é a imagem do intervalo [0,1] pela fungdo vetorial P(+)=(x(4) (4), 2(%)) onde x(t) , y(t) e a(t) so fungdes diferencidveis por partes. Tédes as curvas usadas nesse pardgrafo s&o desse tipo. Se F = (L,M,N) , @ expresso (1) pode ser eserita : wc) = fax + may + nan . e 0 campo ¢ dito conservative se W(0) = W(C') quaisquer que sejam os pares de curvas G © 0! que tenham os mesmos pontos iniciais e finais. eso é equivalente a dizer que o trabalho 30 %on go de qualquer curva fechada é zero. Um campo F € dito derivar de um potencial se existe ums fungiio escalar » continuamente diferencidvel tal que F = grad 9. Afuncho g ¢ dita o potencial do campo F . Exemplo 1.A. No exemplo 1, 0 potencial é =-—2 Exemplo 2.4. No exemplo 2, o potencial seria 9 = xa : Teorems 2.1 - Um campo é congervativo se.e sé se deriva de um po- tencial. : Demonstrac&io - Suficiéncia. Seja © uma curva P(+)=(x(+),y(‘t) , z(t) | -19- ligando og pontos Q, © Q , isto 6, P(0) = a @ WL) 2 Q. ° Ent&o rea. f[ ax 4 @ J gy x #97 + 982 ou, desde que C 6 diferencidvel por partes f . . }? » a= f (9,x'(4) + gyy'(t) +o, 2(t)) at = 1 Lo Bee CM) ae = eR) ~ @(F(0}) = eA) = 9fG,) © que mostra que o trabalho W(C) depende sdmente dos pontos ini cial e final da curva C , isto é, F 6 conservativo. Nevessidade, Seja F = (L,M,N) um campo conservativo. Portanto a fungéo (P) ° oP =f FP. aP Po esta bem determinada, isto é, independe da particular curva que li ge P, a P. Provamos que o, = © andlogos, o que mostra que 6 um potencial do campo F . Com efeito, seje P = (x,y,x) e P+ AP = (x +h,y,z) , ent&o PLAP xh, Sg. y+ Op) - oP) 2 f P.apeR [vax Ox ho Jp h i, e pelo teorema do valor médio pare integrais Re = L(x + Oh,y,z) , OS Ol . Pela continuidade de L obtemos, fazendo h tender para zero, oy eb Q.E.D. | ~20- i a i Daremos uma outra caracterizacgo mais prética de campos conservativos definidos, porém, em uma regifio simplesmente conexa. Teorema 2.2 - Seja F = (L,M,N) um campo vetorial continuamente diferencidvel definido em uma regio simplesmente co nexa V. Ent&o F 6 conservativo see s6se VF=0., Omitiremos a demonstragéo déste teorema, @ qual se apoia no teorema de Stokes, Consulte Fulks (bibliogr.) para uma demons tragéio no caso da regiao V .ser convexa, que 6 um caso partiou- lar de regido simplesmente conexa. Hl Um campo vetorial F € dito solenoidal se divF = 0. Exemplo: 0 campo de velocidades de um fluido incompressivel em re- gime estaciondrio é solenoidal. : Usando o teorema 2.1 concluimos que se um campo solenoi~ dal é conservativo, a fung&o potencial g que o determina serd tal que i div grad g = 0 isto 6, usando o laplaciano A, que é o operador diferencieal 2 a a2 : + + ax ay? ue Ae = O55 + Pyy + Py, =O 2 ou seja o potencial 9 de F é uma func&o harménica, conceito éste que definiremos no préximo pardgrafo. Resumiremos isso no Deorema 2.3 - A funcdo g que gera um cempo vetorial solenoids satisfaz & equagio Ag = 0. | ~21- Para, finalizar éste pardgrafo observamos que um critério para determinar se um campo é solenoidal pode ser obtido usando o teorema da divergénciat Teorema 2.4 - Um campo F é solenoidal se e sé se 2 = 0 J? as qualquer que seja a superficie S limitando uma regi&o de Gauss. 83. Observagées sébre cdlculo das variagdes Neste pardgrafo explicaremos sucintamente o objetivo do edlculo das variagdes e obteremos a equac&o de Euler, a qual desem penharé pepel importante no pardgrafo 5 e no capitulo V. Seja A um conjunto onde se acha definida uma fung&o re- al I, Supondo que I seja limitade inferiormente (ou superior— mente), isto 6, existe m (ou M) tal que I(x)*m (ou I(x) = Oo. (Bssae equegdes s&o chamadas sa equagdes de Euler do problema va~ viacional). Demonstracko ~- Suponhamos que I(x,y) definido em A assume seu minimo (andlogo raciocinio se fora méximo) em (9, y)+ Iseo implica que Mgr YS He + fm + YF Ep Me) quaisquer que sejem £, € € € ny =7,(t) © Ny = 794) » fungdes de classe C,° em [a,b] e que se anvlamem a e bd. =26- Definimos a seguinte fung&o: real. de duas varidveis €, e ey i * . : . ales 1y) = f (49 + Eqnys V+ Eptor G + Eqhys Y + Eofig)at, | a qual assume seu minimo na opigem (0,0). Isso implica que cuss derivadas primeiras sejam nules ne origem; portanto j b f (mF (O19s ¥1b5-%) + Eyl H505¥ 4G, Y at = 0 b Bolte, ods AgBy( tie, Vre. ¥ at = 0 i £ (mgPy (59s Vode Y) + Ags (tr, Yes ¥ Integrando por partes a segunda parcela e lembrando que My le N. se anulam nas extremidades do interyalo de integrag&o ti ° » 4 J (F, - Ge) ny at = 2 a ° 7 a i Usando o lems 3.1, o resultado se segue. | ObservacSo ~ As equagdes de Euler apés efetuada a derivacho em + tornam-se j ER tt Ry t+ ¥ Fy + Fay thar = 0 | F,. xP, y F y a ak =0 | ER +a HTB tH By + By - By i Teorema 3.3 - Se g(x,y) 6 uma solugio do problema variacional proposto no Exemplo 5, ent&o @ 6 também solugdo | da equagéo diferencial parcial | | -27- (6), BN, + y Fa, ~ Fa 0 ' DemonstracZo - Suponhamos que I(u) assume seu minimo em A para u=@ « Entéo (7) I() $ I(@ + en) qualquer que seja € e qualquer n de classe C, em Qoe igual a © no contérno [ . Definimos a seguinte fungdo real ! a(e) =f F(y¥19 + EN1y + Nyy + ENy) Gxdy - Em virtude de (6) q'(0) . deve ser zero e portanto f CHE 1%y) + 1g Fay (2591910 q1%y) + + my Buy (2191919 q19y)) axdy Integrando por partes e usando o fato que n se anule em uma vi- zinhenga do contérno [ de 2 obtemos a a [m- p =9 8 )n axay = 0 J, Fa~ te 8a, ~ OF Pay e pelo lema 3.1, segue-se @ equagdo de Euler (6). Uma boa referéncia para um estudo mais detalhado de cdl— i : culo das variagdes é o Courant-Hilbert, volume I, Methods of Ma- ‘thematical Physics. Exercicio 1 - Qual deve ser a forma da curva C ligando os pon- tos P e Q em um plano vertical para que uma particula deslizando sébre’ C , sem atrito, sdmente sob a agdo -28- I | da gravidade gaste um tempo minimo? | Sugestéo: Sendo m a massa da particula, a velocidade em um pon~ to R qualquer serdé tirada da lei de conservagdo da energia, ise to é, @ soma das energies potencial e cinética da particule deve ser zero $m vg + mesg - yp) = 0+ Fezendo P= (0,0) © orien tendo 0 eixo dos y para baixo obtemos a forma conhecida da velo cidade v= V 2ey . Q Q Por fim, observe que £ at -f aa, Exerofcio 2 - Ache a fung&o positive x = x(t) tal que x(0) =a e x(1) =b e que gera, por revolucao em torrio do eixo +, uma superficie de drea minima. ' Exeroteio i - Qual é 0 trajeto de um raio de luz partindo éa ori- gem (0,0) até um ponto (a,b) em um meio ae indi ce de refraghio x41. : Sugest&or A velocidade v(x,y). da luz no meio é o/x+l, onde ° 6 8 velocidade da luz no véeuo. 0 principio de Fermat afirma que @ luz viaja pelo caminho que minimize o tempo. a4. Problemas variecionais sem condicdes de contérno, — i No pardgrafo anterior obtivemos condicées necessdrigs pa- ra que uma certa fungdo da classe & fosse solugfo de um dado problema variacional. 14, as fungdes de A deviam satisfazer condigdes dé contérno. No presente pardgrafo diseutiremos pro- plemas variacionais sem condigdes de contSrno, isto 6, as fungdes =29— de A no s&o requeridas satisfazer condigdes de contérno. Nos textos em lingua inglesa, a terminologie usada é "free boundary problems". Primeiro introduziremos o conceito de primeira variag&o do funcional I. A primeira variac&io de I 6 a diferencial da fungio a(€) , definida no pardgrafo anterior, calculade ne ori- gem €= 0, Utilizando a notagéio 7 a [Fl], = Fy - ate obvteremos, por cdleulo de diferencial de a(€y,£) + que a pri- meira variag&o do funcional do exemplo 4 (§ 3) ¢é ey coal (0,0) + &, BE;(000) 7 b o £ {IF €1nq + [Fly e2ng Jat + [Py eqn, + Fyeany L 4q(0, 0) a que designaremos por 61. Designando por a a oe Pay 7 Oy Fay lf, = ®y obteremos, faeilmente, que @ primeire variagdo do funcional I ao exemplo 5 (83) 6 at = f [Fly en axay + {[@ Y, +B, Yy)enao f Fly vt a1 Pay M2 onde (¥,,9>) 6 @ normal unitérie’ exterior a [ . Suponhamos agora que o seguinte problema variacinnal ¢ propostot minimizar I do exemplo 4 (ou 5) supondo x(t), y(t) (ou u(x,y)) livre no contérnmo t=a e t=b (ou [ ). En | =30- | pontos externos a diferencial se anula, portanto decorre de arbi-~ trariedade de n, € mp gue no caso do. exemplo 4 fF] l= 0, Fy 0 em t=ae ¢ ln onde as dusas primeiras expressdes s8o as equacgées de Euler que s&o também condigées necessdrias no caso de problema variecional com condic&o de contérno. No caso.do exemplo 5 decorre da arbitrariedade de que [rp], = 0 e Ry Fy, 0 en Tl, i onde 2 primeira expresso é a equagdo de Euler do funcional do exemplo 5» i Resumiremos isso nos dois seguintes teoremas: i Teorema 4.1 ~ Se x = o(t) e y = y(t) s&o uma solug&o do pro- plema variacional proposto no exemplo 4, sendo A constituide de fungdes de classe C, sem conéigdes impostad nas extremidades @ ¢ b do intervelo de definig&o, ent&o além de 9 @ ¥ serem solugées das equagées de Euler [F], = 0 © fly 7 = 0, elas satisfazem 4s chamadas condigSes naturais de contdérno em t=a e t=be Deorema 4.2 — Se (x,y) uma solugéio do problema variacional proposto no exemplo 5, sendo A constitufda de fungées de classe C, sew condigves de contérno, entéo 9 além de ser solugdo da equacéo de Euler Fl, = 0, deve satisfazer & condig&o natural de contOrne \ Fu Va + Fuy? 2 = 0 em [. i -31- Encerraremos éste parégrafo estudando o funcional (2) I S Flxyyupugruy) axdy + fi sixyyu) ao. a r Se. o(x,y) € wma minizante de I , entéo a fungéo ate) = f Pane + £0, My + CMs Gy + Ey) Guay + + f a,y19 + en) a0 r deve ter diferencial nula en € = 0, isto 6, @ variac&o primeira 6I de I 6 zero: 0=6I= ef (na, + ny Pay + ny Byy)axdy +e f% ao a r e integrando por partes 0 = 6 =f en IP], axay + J en(Gt Fu,t Ye Fu) a ‘a r Desde que 1 6 arbitrdrio segue-se que g deve satisfazer a equagSo de Buler [PF], = 0 (que é @ mesma do funcional do exemplo 5, 83) e & condicdo mtural de contérno (2) G, +. Bt 2% =O. ibrio da membrana Neste pardgrafo aplicaremos os resultados dos dois pard- grefos anteriores pare deduzir 4 equac&o diferencial parcial eapre sentativa do equilibrio de uma membrana, | ak | | Seje Q a parte do pleno (x,y) ocupada por uma membre- na de desnidade u(x,y) em sua posic&o de repouso, Tensdes sho aplicadas & membrana e ela passa a ume posigho descrita pela eque Bo z= u(x,y) . Consideraremos apenas deslocamentos pequenos com releg&o & posic&o de repouso. A energie potencial da membrana em uma posigio u(x,y) ¢ dada por j BRAY cevtinc ec seein ie eet (1) Log = foneo =f onde Q' € a superficie 2 = u(x,y) . O deslocamento é suposto pequeno de modo a » nSo variar sensivelmente de @ para iQ! . Pela definig&o de integral de superficie (1) se torna ve axay - [| yaxay Se ca 2. 42 Use wl + + ug) J, sce ie . vO, novamente-usando.o'fato.de..se: ter paquenos deslocamentos, po- ténotes de quarte ordem de u, e de vy s&0 deixadas de lado: (2) ve J 108 +8) d@xdy 2 ie A energia potenoial da membrana dada em (2) é entio fun= gGo da posig&o u(x,y) da megme. Estamos supondo que ndo existem fércas exteriores agindo na mem- rena, 0 primeiro problema que propomos para a membrana ¢ 9 de equilibrio da mesma com o contérno fixo ao longo de uma curva re- versa z= f(x,y) , (x,y) © [. O problema 6 determinar dentre 16 das as posigdes u aquela que representa a posicao de equilfbrio, .Do principio de Hamilton decorre que na posicéo de equilibrio a ~33- * energia potencial U assume um valor minimo. Portanto, usando os resultados do pardgrafo 3 concluimos que u(x,y) que represen ta @ posic&io de equilibrio da membrana deve satisfazer a equagéo diferencial (ad, + (Hay) = 0 em Q@ e estd sujeita bs condigées de contérno fem — Admitindo que a membrana-é homogénea (ph = constente) obtemos ' Ux + By =O om ube oem — que € o problema de DiriéhYet para a equag&o de Laplace. O segundo problema 6 também o de equilibrio de membrana, agora com o contérno [ ‘ligado & sua posigéio de repouso por fér gas eldsticas (de médulo de leasticidade p ) e sujeito & ume férga externa p . Néste caao’a energia potencial é dada por dak f log + oH) anay + J (ous few) ao Usando os resultados do 8.4, vemos que a funcional U acima é do tipo (1) do 84 e portanto a funcio wu aque minimiza U deve satisfazer & equagéo de Euler e & condig&o natural de contérno B+ outrp=0 am CT. Resumindo, a posigéio de equilibrio’da membrana neste caso é dada ‘por um fungéo u(x,y) que'é solugdo do seguinte problema de con =34- térno, supondo y» = constante, | Ugy + Yyy = 0 em 2 wy pu=s-p em [ y que € chamado problema de Robin. i Finalmente, no caso de inexistirem forgas eldésticas gue mentém o contérno, o¢ = 0 e a posigao de equilfbrio da neubrana é solugSo ds : i i que € conhecido como problema de Neumann, Sente-se por razGels fi i sicas que tal problema pode n@o ter solugdo, iste é, o problema variacional pode niio ter uma fungiio u que minimize a energia potencial. No cepitulo II, veremos que a Zisica é confirmade (ou seja, a matemftica da membrana é boa!) provendo~se que o probleza de Neumann 6 6 soltvel se fp do = 0. r | -35- caPfTULO. II FUNGOES. HARMONICAS Sumdric, Neste capitulo introduzimos as fungdes harménicas e esty damos vérias de suas propriedades (§ 1). Ainda no § 1 damos exem- plos de fung’es harménicas e ressaltamos o papel da chamada solu- c&o fundamental da equacdo de Laplace Au = 0 na composic&o de fungdes harménicas. No § 2 apresentamos alguns problemas de con~ térno para a equacio de Laplace, isto 6, problems de determina~ g&o de fungdes harménicas satisfazendo certas condigdes no contér no da regiéo. S&o éles os problemas de Dirichlet, Neumann e Robin. A quest&o de unicidade da solug&io désses problemas é atacada no 83 por meio da la, identidade de Green. Tentemos (§ 7) usar as identidades de Green para resolver a questio de existéncia da so- lug&o dos problemas de contérno em paute. Chega-se, ai, & conclu- so de que por ésse método a questdo recai na determinagBo de fun gio de Green da regifio, e tal problema resulte t&o dificil quanto o (em verdade, equivalente ao) original, Apesar disso no § 8 te- mos uma recompensa: o métode da fungéo de Green funciong: para re- solver o probleme de Dirichlet para a bola; a simetria da bole ajuda @ que se determine facilmente a fungio de Green pane’ a mes- ma, A solugSo do problema de Dirichlet para a bole tem uma repre- sentagdo integrel, e férmula de Poisson, Esta, pode~se dizer, 6 o resultado central do capitulo. Dela se seguem resultados impor- tantes como a ansliticidade da fungéo herménica (8 8), ume forma -36- | | forte do teorema do mdximo para fungdes harméniceas (§ 9), alca racterizagéo das fungdes harménicas como as fungdes continuas que satisfazem & propriedade do valor médio (§ 9), e finalnente téda a teoria da convergéncia das fungdes harménicas que apresen vamos no § 10 . O capitulo III sentird, consequentamente, forte influéneia da férmula de Poisson, ne parte do método Perron, 0 pardgrafo 12 apresenta a equacgSo de Poisson e.a discusso ao po- tencial Ge volume para distribuigio de masses dedas por fungies Hélder-continuas. | i 0 capitulo termina com o principio de reflexdo de Schwarz eo celebrado exemplo de Hadamard de um problema de Cauchy gue no tem solugdo. 37- gl. Funcées harménicas Seja Q wma regi&o do RB” ; consideraremos sempre regides de Gauss, as queis foram definidas no Capitulo I, Uma fung&o real u(x) definida em Q 6 dita barménice se é continua e satisfaz & equacio de Laplace Au = 0 em todos os pontos de Qs Exemplo 1 - Para n= 2, uma classe ampla de fungdes harménicas $ dada pelas partes real e imagindria de qualquer fungéo analitica u(x,y) + i v(x,y) + Das condigdes de Cauchy- Riemann w= vy @ wy =~ Vy soutecee por derivagéo u,, + . _ wu Fy = Vag t My 20+ tau w= Be Exemplo 2 - Polinémios homogéneos que satisfazem a equac&o de . Laplace séo chamados esféricos harménicos. Ve jamos exemplos pare n= 3 . Qualquer polindmio do 12 grau ax + by + + ez 6 um esférico harménico de la. ordem. Um polinémio do 22 2. aye + ex2 + fxy é um esférico herménico grav ex? + by? + 02 se atb+oz0. He definic&o de fung&io harnénice 6 necessério incluir a continuidade, pois e mesma ndo é impliceda pelo feto de existiren as derivades de segunda ordem de u . Um exemplo ¢ dedo pela fun~ gBo u(x,y) = Re e7 1. 2=x+ iy #0 u(0,0) = 0 , a qual satisfaz e equagdo de Laplace em todo o plano 2 e é des- =38- | continua para 2= 0. | Introduzindo coordenades esféricas (r,2,,...,5,) liga i das a (x,,+04%,) peles equagdes xyarby (j= 1,..+,n) . I obtemos a seguinte expresso para o laplaciano nessas coordenadas: (1) Au = By +25 Abi \ | onde A\ é um operador diferencial que sé envolve derivadas com relagio e & + | = inh yn i n i Abl= Pt 53%, = he S53 asey tS De (1) concluimos que uma.fung&o harménica u(x) qué i ! e depende apenas de r, isto é; u(x) = f(r) satiefaz & equagéo | | (2) amr) +B er) 20. A equag&o diferencial (2) tem, além da solugéo f(r) = constante, 7 | outra solugio linearmente independente da primeira que ¢ singular pare r=0+ (3) f(r) =r se n>2 | ou. ro 39 c \?-2 ,»0>2, 6 uma funcSo harménica em todo es- | | GB!) f(r) = logr se n=2 . | Assim u(x) = | paco com excegao da origem. | | A solucSo fundamental da equagio de Iaplace Au=0 é definida como sendo a funcgao y(|z-x°|) = mae —— 1 se n>2 nix? | ou y( fax?) = oe log se n=2, Observacio. A funcSo ([x-x°]) satisfaz & equacgdo Au = 0 para todo x #4 x° . Usando a teoria das distribui- g%es podemos provar que tal fungdo 6 a solugio de Au = 6(x°) no sentido das distribuigdes. Aqui 6(x°) , 6 a distribuigdo 6 de Dirac, isto 6, < 6(x°), g(x)> = o(x°) , para as fungdes "teste" o(x) . . * A sOluc&o fundamental é usada para compor novas fungdes harménicas. Seja, [ uma superficie no. RK” . Sejam (x) e o(x) fungdes definidas em [ . 0 potencial de camada simles em [" com densidade’ superficial (x) ¢ definido por (4) wy) =f ee) Weyl ae v ou a menos de uma constante multiplieetiva 4) (y) = 08) go se 233. bi [ le-yP" . | | ' -40- | 0 potencial de camade dupla em I" com densidade superficial | o(x) i é definida por | (5) aly) = fo) v( feyl) -a0 cr ou @ menos de uma constente multiplicative . i (5') Teorena 1.1 - Os potenciais de camada simples e de camada dupla séo fungtes harménicas en R7-T, A demonstrag&o é feita lembrando que se Yo n&o pertence a [, existe una vininhanca déle onde cada una das integrais (4) ¢ (5) converge uniformemente em y . Portanto pode-se permutar o opera aor A = x on com o sinal de integral. Desde que, V5 y(|x-y]) € harménica segue~se ent&o que o potencial de camada simples é tima fungéo harménica. Para o potencial de camada dupla 6 preciso sinda observar que A$; = 3% A porque o operasor 3. nfo depende de y . ; 0 Uma mudanga de coordenadas x = g(y) pode afetar & her- monicidade, isto é, u(x) harménica nao implica, necessiriamente, que u(o(y)) seja harménica em y . B f40il de ver que transla- gées, homotetias e transformagdes lineares ortogonais das varid- veis independentes nfo afetam a harmonicidade. Isto é, vale 0 se guinte teorema: | Teorema 1.2 ~ Seja u(x) harménica em R” . Fntdo 12. v(y) = -41- =u(y-h) , onde h 6 um dado ponto em R™ , é uma funclo harmé~ nica. 22. v(y).= u(Ay) , onde A € um ndmero real qualquer, ¢ uma funcSo harménica, 38. v(y) = u(Ay) , onde A ¢é uma matrig ortogonal, ¢ uma fungdo harménica. Demonstracéo da 3a. parte - Seja A= (a; 5) uma matriz ortogo- Baty: Caleulando as derivadas de v nale Pela ortogonalidade de A obtemos a d aey | A ay “: “a, ays x5 Para n= 2 um resultado muito mais forte que o teorema Q.E.D. 1.2 vale, conforme mostra o teorema abaixo Teorema 1.3 - Seja u(x,y) harménica no plano x,y . Pazendo a mudanca de varidveis x= Gn) y= Vs) » a fungio viZ,7) = u(o(.n) , ylS,n)) 6 harménica em 4 e n se o(&,n) +i ¥(%,n) ¢ wma fung&o analitica da varidvel comple- xa G+ ine ~42— A demonstragio faz-se facilmente usando es condigées de Cauchy- I Riemann, . i 0 teorema 1.3 nos diz que transformagdes conforme no pla- no preservam a hermonicidade. 0 que acontece para n>3? Em pri- | meiro lugar vejamos quais s&0 as representagdes conforme no espa- go. Temos o seguinte ' | Teorema 1.4 (Liouville) - No eapago, as tnicas representagdes con~ i forme sfo 12) Translagiot: x—»x+h . 22) Homotetia Xe Ax 32) Rotaco xX—— Ax , onde A é uma matria ortogonel 4°) Invers&o x x—+ 2, ikl?’ ou combinagSes das mesmas | Para uma demonstragio déste teorema consulte Kreyszig (Bibl.), ov Nevanlinna (Bibl.). ‘ | Exercicio: Prove que a inversdo com relacio & esfera unitdria ¢ i uma representagdo conforme. i © teorema 1.2 assegura que as representagdes conforne 12, 7 | 28 e 39 preserve a harmonicidade. Ba invers&o, preserva harmo- nicidade? Néo, mas o seguinte vale: BR”, Ent&o wy) = ae wy bP ly] i | Teorema 1.5 (TransformagHo de Kelvin) - Seja u(x) harnénica en | | i | | é uma fungSo harménica. | | 43- A demonstrag&o faz-se por um uso repetido da regra da cadeia. © teorema 1.5 serd importante mais adiante no tratamento dos chamados problemas extteriores, cujes regides contendo uma vi-~ zinhanga do infinito podem ser transformadas por inveré&o em re- gides limitadas. @ 2. Problemas de contérno Em muitos problems fisicos em que aparece a equacdo de Laplace, procura-se acher uma fungéo harménica em ume certa re~ gifo Q limitade e que satisfaga uma condic#o no contémo T. Problemas de contérno para regiées ilimitadas ser&o estudados no Capitulo III, Sejam f(x), g(x) e h(x) fungdes continues dedas en [, Temos os seguintes problemas de contérno 1%, Problema de Dirichlet: achar u(x) continue em QQ tal que Au=o em A u=f em — 22, Problema de Neumann: achar u(x) continuaem Q tal que Av=0 em Q Began mr, onde ¥ = Y(x) 6 normal exterior no ponto x em [ . 39, Problema de Robin:.acher u(x) contimaem . A tel que Au=0 em au+ ener 7, -44- onde a= a(x) 6 uma fungHo positiva em [, isto 6, existe k >0 | tel que a(x)>k, para x em [. | Abaixo provaremos o teorema do méximo na forma fraca, ° qual’implicard a unicidade de solugio do problema de Dirichlet. A unicidade de solucio dos demaie problemas serd demonstreda no pardgrefo 3 pelo nétode das integrais de mergia de vasto uso em eguagdes parcisis, hoje en dia, A questo de existéneia de solu- gao é bastante delicada e a ela consagraremos todo o capitulo Til. Teorema 2.1 (Teorema do méximo na forma fraca) - Seja u(x) w uma fung&iec harménica em Q e continua em Gi. Ent&o| u(x) assume seu méximo e seu minimo no contérno [ de Q . Demonstracio (Privalov) - Seje M o méximo de’ u(x) em N,o qual, por contradig&o, supde-se assumido apenas em pontos interiores de . Admitamos que na origem 2 funco | u(x) é igual e M, 0 que serd conseguido por uma trenslagéo des| ve- ridveis independentes, operac&o que preserva a harmonicidade de fungi. | Definamos a fung&o ! v(x) = u(x) + FEBS fel? 24 : onde a ¢ 0 didmetro da regigo Q e m 60 méximo de u(x) em TP, 0 qual é menor que M. | A fungéo v(x) assume seu m&ximo em pontos de Q , pois » xen Fy, vxjem+ Bam Gein a | e (0) = ufo) = | | ! ~45- . Avix) = Aulx) + heme que 6 maior que zero para todo x em Q, Por outro lado Isso, porém, contradiz o fato de que em um ponto P de onde wm maximo 6 assumido deve-se ter Av(P) <0. Para demonstrar que u(x) assume seu minimo em [", to- maremos a funcio - u(x) , que tem méximos onde w(x) ‘tem mfnimos. Q.E.D. Teorema 2,2 (Unicidade da solug&o do problema de Dirichlet) - Se Uz, @ UW, séo duas solugdes do problem de Dirichlet, ent&o wy, =U - DemonstracSo - A fungfo u= u, - uy 6 solug&o do problema Au = 0 em Q u= Oem Pr. Pelo. teorem 2,1, a funcéo u(x) em Q estd limitada pelos seus valores minimo e mdximo em [. Desde que ésses s&o zero, segue-se que u=0, Um conceito de significative importéncia histérica é 0 de problema bem posto, introduzido por Hadamard. A grosso modo, um problema é dito bem posto se a solug&o depender continuamente dos dados no contérno. A importancia disso se prende ao fato de que, os dados sendo determinados apenas aproximadamente, uma pequena varia g8o de dados n&o deveria afeter muito a solugdo. Para a equagéo de Laplace o problema de Dirichlet ¢ bem posto, isto é, vale o seguinte | Teorema 2.3 - (Continuidade da solugdo com os valores iniciais). -46- Sejan f, e fj duas fungdes continuas en Pe tais que max |£,(x) - £,(x)|0, -o0 Au,=0 , y>0 u(x,0) = £(x) ay(x40) = £(x) ay(x,0) = atx) By ylKr0) = ex) ™* sen mx cujas solugBes (x,y) e u,(%,y) podem diferir muito se n for grande, correspondem a dados iniciais mito préximos! Hadamerd introduzindo o conceito de bem posto e dando exemplos de problemas néio bem postos chamou_a atengBo para o érro da atitude de que a teoria analitica de equagdes parciais era o bastante para as aplicagées, atitude justificada pelo fato de que fungdes ndo analiticas (digamos apenas continues) podiam ser a- proximadas por fungdes analiticas. Tinha-se como ébvio que a0 a~ proximar-se os dados iniciais ter-se-ia consequente aproximagSo das solugées. § 3. Primeira identidade de Green Apresentaremos neste pardgrafo um consequéncia imedieta do teorema da divergénoia. Seja Q wma regio em R". Consideremos . as fungdes u(x) € 0,(8)104(@) .e v(x) € ,()N Gp(m) . Temos a seguinte identidade em Q + uAv + grad u.grad v = Yr wy (OR) e pelo teorema da divergénoie n {wav ans [goat vga van = fu D Ev, a a root ‘onde Y= Y(x) = (Vy(x),e+05%,(x)) 6 @ normal-exterior a x en T). Como o somatério no segundo membro nadavmais é que a derivada \ 48- direcional $2, obtemos: = ov (1) fv avans [eras grea vox = fu ao, para téde funcio ue 0,(8)N0,(2) e téda ve 0, (A) 6, (2)! . Supondo que u=v e que u 6 ume fungdo harnénica, obtemos de (I) Sf eras wigrea wax = fu Ba . : Dai concluimos: : (a) Se u=0 em [, ent&o grad u=0 em -@, 0 que implica us const. em 2. Cono u ¢ contima em He é iguala 0 om ([, segue-se que u=0 em Q. a le (») Se %=0 em [, temos que u= const. em 2. a (e) Se e(xju+$2=0 em [, onde a(x)>0, temos i f grea ugrad uax+ few ao=0 , ! Q r © que implica o eanulamento da primeira integral, e dai u = = const. (como nos casos anteriores), e f av do= 0, 0 fato de que a>0, ¢ 0 enulamento desta wiltima integral implicem u=0 em [. Sendo u continua em % e constante em O ,| concluimoes u=0 em OQ. / De (a) inferimos que o problema de Dirichlet tem no nde ximo uma solugio u em ©, (@) 1 0,(a) » Foi provado no § 2 déste capitulo, usando o Teorema do Maximo a unieidade aa solugéo ao problema de Dirichlet na classe mis ampla 6,(8)Mc,(9) « De (b) segue-se que se uw, © uy em 0,(1)N0,(2) | séio -49- solugées do problema de Neumann ent&o u, - u, 6 uma constante. De (c) segue-se que o problema de Robin tem no méximo uma solugéio en 0,(M)N6p() « Supondo u=1 em A e que v_ seja uma func&o harméni-~ ca em 2, obtemos de (I): Ly w = 0 que 6 0 teorema de Gauss: “a integral no contérno [ da derivade normal de uma fungdo v harménica em Q 6 zero". Este teoreta implica que a funcSo g(x) do problema de Neumann (cfr, § 2) de-~ ve satisfazer & relac&o fate) dc = 0, para que o problem te- nha solugio. § 4. Segunda identidade de Green Suponhamos que tanto u como v pertencem a G(X) NG, (A) » Aplicando a identidade (I) dos dois-modos possi- veisa u e v, e subtraindo os resultados obtemos anf (wav-v aw x= fn B-v Bao na r que é a segunda identidede de Green. & 5. Terceira identidade de Green Seja x° um ponto de ©. Tome, em (II), v(x) = 0 |-(n-2) = |x-x 733, e u(x) wma fung&o qualquer de 0 (A) N 0, (a) . Vimos no § 1 que uma tal v(x) 6 harménica em to- 50- | do 0 espago menos o ponto x° , Aplicamos a identidade (II) ao par u,v na regido Q- B, , onde B, = B,(x°) . Temos (2) = fia?" ou ax = f (a Be fem] PP — freneP Bas ‘a-B, O(2-B.) onde 9(N-B,) representa a fronteira de Q ~ Bee Considerando a orientag&o das normais nas duas componentes de a(Q-B,) , temos i - fre x° 128 au ax + f jx-x°|?-™ gu ax = ; ‘a. 3, fe foe Bren? - [xo]? 2 yac ' r ‘ | ager - x8 BB) ao, fx-x0| <€ (2) t indica integfacSo sdbre a esfera de! raio onde r = |x-: e do. © . Procederemos agora para dbter majoragZe para as integrais que dependem de « . Lf |x-x?/P® aw axl cuff [x-x?|?-™ ax = Be Be € suo, f rar= ye onde o, 6 drea da esfera unitdria em RB” ,e M 6 0 méximo ge Au em 3B. Do mesmo modo / Su 2° go, = (2-n) 6? Sate) ac, | bex' Pee ex] oe ' = (Qen)eh™ foxvep ent acy = iwl=2 Sle = (2-n) face? + ey) doy , ly|=2 onde foi feite a mudenga de veridvel x ~ x, = ey. = | 2 8 go, |< x e2-R mel o, = Ko,e [x-x°| =e ; a onde K € 0 méximo de S$ em |x-x|ee . Fazendo ¢ tender pare zero obtemos lim I, = 0, lim I, = 0 e@ lim I, = (2n)o, u(x°) . Portanto em (2) temos aan vg BeigegO| 2B - jxex? |? 2%) ao =f xen? /P™ au ax = Lea Slat pee BF a - (2-n) 9, u(x?) e dai concluimos: (III) u(x°) = 2 {= ax + Tanya, Jaime at (wd 1 a2 2 Jac TEnye_ a a a r que a terceira identidade de Green, ondé. ue 0,(G)NCp(2) « Se n=2 , usaremos no argumento antérior a fungdo log |x-x°] obteremos (III,2) u(x®) = & f 296" Au ax + +k fos B tog tex°| - tog |x-x% 82) ao. r 52. | | 6. Propriedade do valor médio | | onde Suponhamos que Q seja a bola aberta B= B,(x°) , ‘ uma fungéo harménica u(x) se acha definida, Admitamos, mais adn a, que u(x) © C,(B) . Pele identidade (III) temos, o) 2 a 2n_ 2n du . v2) = tearar [ao go xn _ 22 Bag = [x-x°|=R = ger [uw ao + 3 ac 2 |x-x°] =R |x-x°| = Pelo teorema da divergéncia Bu 4g “on 3 fRo- frre been? |=R [x-x0[ =r” I Ss I | | i | | i I i | | I I fax ax B a qual se anula pois u 6 suposta herménice em B. u(x) = u(x) do jx-x°| =R | i i | Portanto j opel | oyR | © que quer dizer que o valor de fungao harménica u(x) no centro x° de bola B é 2 méd@ia dos valores da mesma na superficie| da | bola. | | Diz-se que uma funcdo u(x) definida em uma regifo | 2 : °| | | i | | | satisfaz a propriedade do valor médio se para todo ponto x’ em Q e tédas as esferas S com centro em x° e contidas em |a tem-se 53- w(x?) = Ser [x ao 8 ni! onde R €o0raiode S. Acabamos de provar que se u é harménica em Q ent&o ela satis- faz a propriedede de valor médio. A rectproca é verdadeira: se u(x) 6 continue e satiefaz e propriedade de valor médio em Q entéo u(x) ¢ harménica. Demonstraremos éste fato mais tarde.’ Exereicio: Demonstre que se u(x) é harménica na bola B= = BR(x°) entiio u(x) = [eo ax, ae, onde w, 6 o volume da bola unitéria, 7s Fungo de Green Suponhamos que u(x) -seja harménica em M e pertencga a o,(%) » Pela identidade (III): (2) ux?) = Telaya fe & mI ao - . r tial 1 ou. Bae ay oo i —— wa [ze r A férmula (1) expressa uma fungdo harménica qualquer como soma de um potencial de camada simples de densidade superficial p = = -0u/dv e de um potencial de camada dupla de densidade superfi- cial o =u. Observe que (1) nfio é uma boa férmula de reprenen~ tag&o da solugdo do probleme de Dirichlet ou do problema de Neumann ide pois para cada désses problemas apenas uma das fungdes ale) | e S26 ade om Na tentativa de usar (1) para resolver o problema de/| Dirichlet, nés a modificamos de modo que o potencial de canada simples néo figure em (1). Para& isso, se ao deduzirmos (101) sarmos como v(x) a fungdo k ° me? +n(x,x°) , & T2HG, onde h(x,x°) é uma func&o harménica de x para cada fixado | x° , Obtemos entdo i I w(x®) = i) % ime + za) (2) - [hae 2) BH éo . lx=x° \ i i i i Uma regiBo Q é dita ter uma func&o de Green G(x,x°) se, para cade x° em 2 , © problema de Dirichlet \ An(x,x°) = 0, em Q ! alnye®) = - Doe ,xoen 7 tem solug&o uh(x,x°). Neste caso, a fungSo de Green é oO k ° | G(x,x°) = meee + n(x,x°) . | —X | : i Supondo que 0 +em-tma fungéo de Green G(x,x°) , (2) se torna: i “ Bo u(x®) = J a oc) u(x) ae, que é uma férmula de representag&o de uma fungio harmonica a(x) | \ i -55- em termos de seus valores u no contérno [", Esta férmula foi, porém, deduzida com a hipétese adicional de u(x) pertencer a 6,(G) . N&o é verdade,porém, que dado um problema de Dirichlet 1 Au = 0 em 2 (4) v= f oem 7, onde Q tem func&o de Green G(x,y) , n&o ¢ verdade que a solugiio u(x) seja de ©, (%) . Daf, a seguinte express&o obtida de (3) (5). uly) = f & alx,y) £(x) ae. r nfo é necessariamente a solucfo de (4). Isso, porém, 6 verdade feitas algumas restrigdes en N , como foi demonstrado por Liapounov (Bibl.). No préximo pardégrafo nés adotamos ésse procedimento para determinar a solucéo do problema de Dirichlet para a esfere. Id, deveremos proceder diretamente para demonstrar que a express&o (#) ¢ a soluciio do problema. Observamos, pois, que o conhecimento da funcdo de Green para uma certa regio M nos permite resolver o problema de Dirichlet sob restrigdes préprias em Q e f(x) . A rectproca é verdadeira: se o problema de Dirichlet tem solugio para f(x) continua em [, ent&o a fungdo de Green para Q existe, Isso decorre da prépria definig&o de tal fungéio. Vé-se assim que os dois problemas sdo equivalentes, e portanto o método acima de re- solug&o do problema de Dirichlet nao parece bom, excepto quando por! outros argumentos obtenhamos a fung&o de Green, B o que acon- tece no caso do semi~plano e de esfera, por exemplo, cujas fun- gdes de Green sho obtidas por métodos geométricos. 56- Exemplo - Seja Q 0 semiespago x,>0. A fung&o de Green ¢ definicdo: x,y) = —E, + 2(x,y) lx-y | i onde h(x,y) € harménica em x para todo y em Q, e tal que G(x,y) = 0 para z em x, = 0 . Tomamos | i -k i R(x,y) = Ter = onde oy! = (YyseeesYpiys — Vy) Sendo y = (¥yreeesTy) + | Exerefcio 1 ~ Mostre que a fungio de Green é positiva em Q. Exerefoio 2 ~ Mostre que a fungdéo de Green para a esfera de raio R e centro ne origem é Oa) = Brae [levi - 8 i |e? vi Pe) A funoio de Green 6 simétrica, isto 6, G(x,y) = G(y,x). Para demonstrar isso aplique a segunda identidade de Green bs fungdes u(z) = G(2,x) e v(z) = @(z,y) na regifio | M'- (B(x) UB (y)) , onde Q' é umasubregiso contenao x el yx e cujo fécho esté contido em 1. Fazendo a seguir ©~-=0 obtem- se a igualdade dese jada. Exerefeio 3 ~ Obtenhe de (2) uma formule de representag&o de u(x) em fung&o dos valores = em [. A fungiio que de- sempenha aqui o papel de fungéio de Green é a fungiio de Neumann. § 8. Formula de Poisson i Aplicando a férmula (4) do § 7 para o caso da esfera| de i -57- raio R e centro na origem, obtemos 2 2 (D u(y) = aly 2 9x) ae Ro, ke-y| |x] =R + que é chanade férmule de Poisson. . Como foi observado no parégrafo anterior, es hipdteses utilizadas para chegar & férmula (1) restringem os nossos resultados ao se~ guinte teorema "Se o problema de Dirichlet Aw u ol O para [z|0 pode-se determinar uma esfore de raio 8 em térno de x° tal que para y nela |u(y)-o(x)|0 determinamos n de modo que w(n)O tal que |f(x)|0, existe 6>0, dependendo sbmente de € , tal que | le(x,) - £(x,)|<€ qualquer que seja fe $ © para todo per %y%p com |x, - xp| <6 . (Para uma demonstragdo déste teorona consulte, por exemplo, Goffman (Bibl.)). ! Se no teorema de Arzell& introduzirmos a hipétese adieio~ nal de que as fe } sio harménicas, deveremos esperar que de condigées equivalentes sejam enfraquecidas. | © teorema 10.8 descreve a situac&o. Necessitamos, porém, o ~67- Lema 10.7 - Seja u(x) harménica em Q , e tal que |u(x)| %, O conjunto $/K é limitado; demonstrando que o mesmo ¢ equicon— timo, ume aplicacdo imediata do teorema de Arzell& conduzird ao resultado do presente teoréma, Para demonstrar a equicontinuidade de 3|K usaremos o teorena ae nédia para funcSes de varias varidveist sejam 2 = (2,,++0,2,) € ¥ = (Yyr+++4F,) Pontos de K e tais que lz-y|< 4/2 , ent&o u(z) - uly) = (2-y)grad WG) , onde . designa o produto escalar de dois vetores no R” eo gradu é calewlado num ponto & do segmento que liga 2 a ve Fela desigualdade do tridngulo segue-se que dist(t,[)>$.. Portanto, aplicando o lema 10.7 Ju(z) - u(y) ¢ [ey] a 32 om, © que expressa a equicontinuidade das fungdes de 3|K. Q.E.D. Designaremos por H o espago vetorial das fungdes harmé— nicas em um certa regio @ © continuas em Hi . 0 teorena 10.2 estabelece o fato dé que se em H introdugirmos a topologia) da convergéncia uniforme éle se torna um espago de Banach, isto) é, -69- . um espago normado completo. Outras normas podem ser definidas em H . Por exemplo, a norma p, para lép0 e OR/2 e |x°~yl |x°-y]/2 . Dat Sf ter? ay < fi bx®-yl2® ay + 282 S385 12 ay B Br B-B* o que implica (3) com x = 1420°? Q.E.D. Lema 12.3 - Seja B uma bola de raio € e centro x. Ent&o Levi ayo , onde c é uma contante. Assim se A & I-n ou 2-n , 2 integral acima tende a zero quando € tende a zero. A demonstrac&o do lema 3 faz-se por uma mudanga de varid— veis «2=x-y. Demonstrag&o do Teorema 12,1 - A demonstrac&o far-se-4 em 5 par- tes. (1) v(x) € bem definida. Com efeito, Se x € um ponto do exte- rior de Q , a integral (2) converge e representa ai wna fun ¢gao harménica. Se x estd em 1, procederemos do seguinte modo: seja B= B(x) 4 ent&o (4) = f jive ely)ay + Ses ely)ay A primeira integral é bem definida, e a segunda pode ser majorada por Me e* , pelolema 12.3, M 60 méximo de (x) em B(x) para fixo rv. Assim a ultima integral em (4) tende a zero, o que assegura a convergéncia da integral em (2). (ZI) v(x) © 0,(R*) . Com efeito. 86 falta provar que v(x) ¢ continua en x° de Q. Ent&o v(x) = v(x®) = (5) onde B= B,(x°) . i Tomando x em B, teremos, usando a continuidade da integral. ao tipo de (2) nos pontos fora de &, que & primeira integral em (5) pode ser feita suficientemente pequena se x-x° for peaueno. A segunda integral em (5) pode ser mejorada por i 2en 0, y| 2-8 M Siew ay ou fix ny [2B ay que pelo uso do lema 12.2 ¢ menor que \ M(L + Is) f [x°-y [2 ay B @ qual por eua vez, pelo lema 12.3, ¢ igual a M1 +k) ce? , que tende pera zero quando « tende para zero. (171) v(x) © C,(B") . Com efeitos Procedendo formalmente, toma- mos a derivede primeira dentro do sinal de integral: (6) f ay Ix-y[?™ o(y) ay = ff (en) prey | "(x yeyy) ey )ay + Q na I Provaremos que a Wltima integral converge absolutamente e unifor- memente, pole ‘ m Vf eye ey B onde B= 3B,(x) e M € 0 maximo de lp(y)| em uma vizinhang¢ de - & : 4) (way |< xf my | a x » Pelo lema 12.3, 0 segundo membro de (7) ¢ igual a Mee, 0 qual tende para zero quando ©«-=0, Isso implica que (2-n)(x 5-7.) ae) = f a] tn) ay i ‘a Ixy | a qual é continua em Q . (1¥) w(x) © G,(R™) . Com efeito. Se procedermos como em (III) obteremos que @ integral majorante é da ordem de uma cons- tante. Deveremos muder o raciocinio e explorar o fato, até agora néo utilizado, de que p 6 Hélder-continua. Seja x° o ponto de Q onde queremos demonstrar que v eC, . Seja B= BR(x°) e Ble Bar(x°) com R

Você também pode gostar