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Técnicas de microfonação em
estéreo para o seu dia a dia
EVOC20 PS
O vocoder do LogicX para quem quer
ampliar possibilidades criativas AG E M SEM
M I X
O S ( PA RTE 2)
SEGRED
PLUG-INS AH I S TÓ R I A D A
Opções Waves com características MIXAGEM
especiais que vale a pena conhecer
de informação lucinda@musitec.com.br
Edição jornalística: Marcio Teixeira
Consultoria de PA: Carlos Pedruzzi
Você pode não estar acreditando, mas é verdade – já estamos na COLABORARAM nESTA EDiçãO
metade do ano. Mas o carnaval não foi ontem? Pois é. Parece que André Paixão, Cristiano Moura, Davison
foi. Muito trabalho até o momento? Muitos sonhos iniciados nesses Cardoso, Enrico De Paoli, Fábio Henriques,
últimos seis meses? Alguns deixados pelo caminho? Faz parte. Mas Farlley Derze, Homero Sette, Lucas
não há nada como novos projetos para o lugar daqueles que, a gen- Meneguette, Lucas Ramos, Marcelo Ferraz,
te querendo ou não, se perdem pelo caminho. Meio do ano remete Mauro Ludovico e Renato Muñoz.
àquela história de copo meio cheio ou meio vazio. Acho que “meio
cheio”, pela carga positiva nele presente, é bem melhor. Não acha? REDAçãO
Tudo bem. A torcida aqui é para que o seu meio-ano tenha sido Marcio Teixeira - marcio@musitec.com.br
perfeito em suas imperfeições, e que você tenha, sim, obrigatoria- Rodrigo Sabatinelli - rodrigo@musitec.com.br
mente, ouvido, feito ou operado bastante música até agora! Ela é redacao@musitec.com.br
o norte da gente, não? É o que nos guia. E enquanto existir som, o cartas@musitec.com.br
copo sempre estará pronto pra ser preenchido.
DiREçãO DE ARTE E DiAGRAMAçãO
Nossa capa deste mês traz Oswaldo Malagutti Jr., o homem que foi dos Client By - clientby.com.br
Pholhas ao Mosh Studios dizendo para o que veio. Por meio da conver- Frederico Adão e Caio César
sa que tivemos com ele você saberá tudo, das origens aos dias atuais,
sobre a história do complexo que é o maior da América Latina. Matéria Assinaturas
fundamental para todos os apaixonados por estúdios, som e música. Karla Silva
assinatura@musitec.com.br
Na seção Em Tempo Real você saberá mais sobre a carreira de Ro-
berta Siviero, uma técnica que, cheia do talento e de determinação, Distribuição: Eric Brito
abre caminhos em um universo essencialmente masculino. Foi mui-
to legal conversar com ela e, através do texto, ajudar a deixar claro, Publicidade
pela milionésima vez, que as mulheres podem estar onde quiserem, Mônica Moraes
trabalhando com tudo o que for de interesse delas. monica@musitec.com.br
Nesta AM&T você também fica sabendo, por meio da seção Em Casa, impressão: Ediouro Gráfica e Editora Ltda.
sobre técnicas de microfonação em estéreo que serão bem úteis em seu
home studio. No Desafiando a Lógica, André Paixão, o Nervoso, fala Áudio Música & Tecnologia
sobre o vocoder EVOC20 PS, alternativa bem legal para quem não tem é uma publicação mensal da Editora
a versão analógica mas quer aproveitar tudo o que pode surgir a partir Música & Tecnologia Ltda,
dessa valiosa ferramenta. E nessa edição também trazemos a última CGC 86936028/0001-50
parte da série Criando o subwoofer H.Sette 2x18” SW6000nd, com os insc. mun. 01644696
detalhes finais da produção do equipamento. E tem ainda muito mais. insc. est. 84907529
Periodicidade Mensal
No caderno Luz & Cena, destaque para as luzes da festa de 50 anos
da TV Globo e de mais um Monsters of Rock, que levou pauleira vio- ASSinATURAS
lentíssima a São Paulo, para delírio de milhares de devotos. Para os Tel/Fax: (21) 2436-1825
usuários do Final Cut Pro, Marcelo Ferraz destaca a versão 10.2 do (21) 3435-0521
programa, que, como pode ser conferido na coluna, agora está mais Banco Bradesco
rápido, estável e com novas ferramentas. E isso é bom. Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
30 Plug-ins
Plug-ins Waves que justificam o investimento:
Sugestões de processadores que contam com diferenciais seções
Cristiano Moura
editorial 2 notícias de mercado 6
novos produtos 10 índice de anunciantes 95
78
festival
Monstros do Rock – A luz do renovado festival que traz a
nata do hard rock internacional a São Paulo
72
por Rodrigo Sabatinelli
86
capa
media composer
TV Globo 50 Anos – Como começar seu trabalho no Avid e continuar no Premiere,
Dobradinha de lighting After Effects, Da Vinci Resolve e Pro Tools, entre outros
designers dá luz a por Cristiano Moura
evento comemorativo
92
por Rodrigo Sabatinelli
iluminando
PRODUTOS ........................................... 68
Lux mundus: A reunião definitiva das tecnologias
EM FOCO .............................................. 70 de iluminação
F i n al C ut . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 por Farlley Derze
4 | áudio música e tecnologia
FinAL CUT .............................................. 92
NOTÍCIAS DE MERCADO
Divulgação
Quando o público ouve suas canções ou discos preferidos, raramente pensa em como
tudo aquilo é resultado de algo mais do que a simples inspiração ou qualidade técnica
do artista. Como diz Fábio Henriques, autor do Guia de Microfonação, que chega agora
ao mercado por meio da Editora Música & Tecnologia, arte, física e matemática estão
interligados quando o assunto é o registro musical. E o primeiro – e fundamental – mo-
mento em que esses universos se cruzam é a microfonação.
Para ter aceso a tanta informação de qualidade, basta ir à loja virtual da Editora Música & Tecnologia (link direto: http://www.musitec.
com.br/loja/produto.asp?cod=1210) e garantir o seu exemplar. Para adquirir a versão digital da obra, acesse a App Store ou o Google
Play e procure por Livraria Música & Tecnologia. Baixe o aplicativo e, em seguida, o livro.
receram à City of Rock, nos quatro dias, um total de 172 mil pessoas.
“Nós estamos trazendo uma experiência mais profunda, rica e mais imersiva no Spotify. Queremos que o Spotify ofereça um
mundo ainda mais amplo de entretenimento. E nós estamos apenas começando”, declarou Daniel Ek, fundador e CEO do Spotify.
O serviço passa também a contar com uma página de início chamada “Agora”, cuja proposta é oferecer playlists ao longo do dia,
apresentando “a música certa” para cada momento. Segundo o Spotify, o Agora “aprende” sobre o gosto do usuário e mostra fai-
xas selecionadas por especialistas in-house e com base na coleção do ouvinte. Todas as novidades começaram a ser implantadas
em maio para usuários de iPhone nos EUA, Reino Unido, Alemanha e Suécia. Em breve, os demais mercados serão contemplados.
Divulgação
Concluído o período de transição – coordenado pelo ex-presidente
e CEO Paul Foeckler – após a compra da empresa pela Yamaha, no
fim de 2014, a Line 6 tem agora Marcus Ryle como seu novo pre-
sidente. O executivo, que é cofundador da Line 6 e atuava como
chefe de operações estratégicas, se disse muito contente por assu-
mir a nova responsabilidade.
Divulgação
com.br
O console, que cabe em uma mochila, oferece 18 canais e
sistema de gravação multipista que possui recursos como
16 pré-amplificadores de microfones (Midas Pré-amp) com
conectores combos XLR ou P10 ¼ TRS, duas entradas de li-
nha P10 ¼ TRS, seis AUX sends com conectores XLR balan-
ceados, processamento de dinâmica, equalizadores full pa-
ramétrico, equalizadores gráficos de 31 bandas, L/R Master
com conectores XLR balanceados, sistema wi-fi, interface
www.fender.com.br
www.pridemusic.com.br
Native Instruments.
Out, USB e pedal de sustain, tudo
numa estrutura de design com- www.samsontech.com
pacto, bastante adequado tanto www.equipo.com.br
Divulgação
www.proshows.com.br
Além disso, foram mantidas as capacidades multifuncionais da Série Pro-R, como range de alimentação de 100-260Vac sem
qualquer alteração de potência, suportando até 420Vac sem danos, além da sua fle-
xibilidade no range de frequências, com grande qualidade desde
em subwoofers até delicados drivers, sem qualquer restrição de
escolha. Com potência total de 2.000 W e pesando somente 5,5
kg, a R-2 MultiFlex é, de acordo com a fabricante, capaz de qual-
quer aplicação dentro de sua categoria de potência.
Divulgação
www.amplificadoresnextpro.com.br
Roberta
Siviero
Daniel Bernardinelli
R
oberta Neves Siviero ignorou que o mundo dos téc- alguns programas de TV e desde 2009 tenho feito mais
nicos de PA é essencialmente masculino e “caiu den- shows, que é meu foco principal, tanto fazendo PA quanto
tro”. Aos 36 anos, “Beta” – para os amigos – dá um monitor, além dos freelas com empresas de som”, pontua
rápido mergulho num passado não tão distante para recor- a técnica, que já trabalhou com artistas como Vespas Man-
dar que, desde que se entende por gente, é extremamente darinas, Daúde, Filipe Catto, Teatro Mágico e Felipe Cor-
ligada à música. Muito curiosa, sempre quis saber, em deta- deiro. Atualmente é técnica de som [“quase sempre fazen-
lhes, como as coisas do mundo do som funcionam. do PA e monitor”] das bandas Vivendo do Ócio, Medulla,
Planar e Coyotes, entre outras. Também está no projeto
“Desde novinha sabia que queria trabalhar com música. infantil chamado “Crianceiras”, de Marcio de Camillo.
Tinha amigos músicos e adorava ir aos ensaios e shows.
Na escola, realizávamos festival de bandas, shows em Para ser uma boa profissional, Roberta acredita que o princi-
eventos, e assim fui conhecendo, timidamente, os basti- pal é gostar do que se faz. “Para trabalhar com áudio no Brasil
dores”, afirma ela, que aos 19 anos começou a namorar você tem que amar [risos], pois é uma área que exige muito
um guitarrista que veio do Rio Grande do Sul para o Rio de você física, mental e pessoalmente. Amor e dedicação são
de Janeiro com sua banda. Roberta o acompanhava nas a base de tudo na vida, não?”, observa ela, que sonha em se
gravações e se encantou com o mundo de botõezinhos e especializar em montagem e alinhamento de sistemas de so-
possibilidades. “Isso foi entre 1998 e 1999. Peguei bem norização e também em RF; trabalhar em rádio [“sempre foi
aquela transição do analógico para o digital", afirma ela. uma grande companhia, desde criança”] e se aposentar “bem
velhinha, tendo um estúdio de som no campo ou em alguma
Roberta, então, descobriu o curso superior técnico de Tecnologia serra, com uma paisagem linda e sons da natureza ao redor”.
de Gravação e Produção Fonográfica da Universidade Estácio
de Sá, criado e coordenado pelo produtor musical Mayrton Perguntada sobre como é ser uma mulher em uma área domi-
Bahia. Iniciou o mesmo pensando em trabalhar com produ- nada pelos homens, Roberta diz achar engraçada essa curio-
ção musical, mas mudou de ideia quando começou a apren- sidade. “Sempre me coloquei como uma pessoa, uma profis-
der sobre os processos de gravação, mixagem e masterização. sional do áudio, não como 'uma mulher fazendo isso', e meio
“Desde então vivo encantada com essa área, que é muito rica, que fui ignorando aqueles que torciam o nariz. Quando você
abrangente e possibilita um crescimento diário", destaca. para para pensar, é tão absurdo te julgarem profissionalmente
pelo seu sexo, né? Todos costumam me tratar bem, e os mais
Radicada em São Paulo desde 2005, após ir para a cidade desconfiados logo veem que sou tão da 'graxa' quanto eles
trabalhando como microfonista no espetáculo Um Circo de [risos]”, encerra Roberta, que sempre posta página Mulheres
Rins e Fígados, de Gerald Thomas, Roberta, desde então, do Áudio (www.facebook.com/MulheresDoAudio), cuja ideia é
já atuou como freelancer para empresas como Gabisom, apoiar, incentivar e ajudar a inserir ainda mais a mulher no
Maxi Audio, Loudness, Tukasom, Phobus e TrBr. “Atuo em mercado do som. •
BATE-BOLA
Console: Das analógicas, gostei muito das da Soundcraft MH-4 Microfone: Tudo sempre vai depender da aplicação, da situa-
e Series Five. Das digitais, Yamaha PM5D-RH. As SD, da DiGiCo, ção, do instrumento/voz em que ele será utilizado.
são um primor, e as Vi da Soundcraft e a ILive da Allen&Heath
são muito boas também. Equipamento: Microfones e sistemas de PA. Adoro pesquisar,
testar e ouvir todos os possíveis. paga para curtir um bom som ao vivo.
Periférico: Distressor, da Empirical Labs Melhor posicionamento da house mix: No centro, bem no
meio da plateia, na metade da largura da profundidade do
Monitor de chão: L’Acoustics HQ 115 e Meyer Sound UM-1C local ou até metade da distância entre o palco e o primeiro
delay. E que não seja dentro de nenhuma sala ou embaixo
Última grande novidade lançada no mercado: Acredito de mezaninos e similares [risos].
que a possibilidade de controlar mesas via roteador e aplicati-
vos foi bem marcante e útil Técnicos inspiração: Florencia Saravia e Karrie Keyes
Acervo do autor
muito correto.
fábrica. E, é claro, sem a utilização de softwares que A preparação deste profissional, a meu ver, deve co-
possam acessar amplificadores ou caixas. meçar bem antes da montagem do sistema. Esta
pessoa deve estar apta a mandar e responder e-
O resultado é bem óbvio e pode ser facilmente obser- -mails que tratem do seu trabalho, deve estar pre-
vado. O objetivo principal do sistema de sonorização, parada para discutir (num bom sentido), com os
que é proporcionar ao público uma cobertura sonora técnicos do artista, as opções de equipamentos que
consistente, com um SPL agradável e a inteligibilidade a sua empresa dá, assim como o que pode ser ne-
do programa, dificilmente é alcançado, ficando muitas cessário utilizar no local a ser sonorizado.
vezes a culpa para o artista ou seu técnico, nunca para
os reais responsáveis (não que técnicos de bandas tam- Ele deve estar pronto para participar de reuniões técni-
bém não possam estragar tudo). cas com contratantes e produtores de eventos, e, para
isso, ele deve ter au-
tonomia, respaldo e
Acervo do autor
apoio da sua empresa
para tomar decisões
na escolha do equi-
pamento, horários,
quantidade de pesso-
as que irão trabalhar
e infraestrutura ne-
cessária para a imple-
mentação do sistema
de sonorização.
Quando chegar a
hora da montagem
do sistema, alguns
Torres de delay nem sempre são levadas a sério como problemas já fo-
deveriam, principalmente em grandes festivais ram identificados e
resolvidos. Chega,
então, o momento
do profissional mos-
QUAL O PROBLEMA, ENTÃO? trar as suas habilidades técnicas na implementa-
ção do sistema de sonorização, posicionamento,
Para mim, são dois problemas básicos. Um, com a em- ângulos, ligações. Tudo deve ser feito com a in-
presa de sonorização, que parece não se preocupar tenção de preparar o sistema para conseguir seus
muito com a qualidade do serviço que está prestando. objetivos.
Muitas alegam que são mal remuneradas, outras ale-
gam dificuldades estruturais no local do evento ou até Está na hora dos verdadeiros profissionais do áudio
mesmo a falta de necessidade em atender às especifi- se mostrarem presentes e não deixarem espaço para
cações técnicas do artista (e seu técnico) simplesmen- amadores trabalharem. Hoje em dia, se faz cada vez
te porque não concordam com os pedidos. mais necessário o conhecimento de computadores,
softwares, outras línguas, teoria e muita prática, e
O segundo problema – e o que mais me preocu- é com isso que os bons profissionais são formados.
pa – é a falta de preparo (técnico e profissional) Existe tempo e espaço para todos conseguirem o
do responsável técnico da empresa pelo evento em seu lugar, porém, para isto, devem mostrar serviço.
questão. O técnico do sistema é o representante da
empresa naquele evento, e a minha preocupação é Esta minha critica deve ser levada como um desa-
que poucas vezes acho que posso contar 100% com fio e não como algo desconstrutivo e com o obje-
este profissional. Poucos me passam confiança sufi- tivo de falar mal de todos os técnicos de sistemas
ciente em relação à sua capacidade. no Brasil. Há vários profissionais altamente prepa-
Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do iATEC e técnico de gravação e PA. iniciou sua carreira
em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: renatomunoz@musitec.com.br
N
essa edição da coluna vamos começar a falar sobre téc- haja “espaço” na música para que uma gravação em esté-
nicas de microfonação específicas, para ajudar vocês a reo funcione bem. Se a música tiver muitos instrumentos
melhorarem as gravações feitas no seus home studios. que atuam na mesma faixa de frequência (por exemplo,
E vamos iniciar pelas técnicas de microfonação em estéreo, violões e guitarras), a captação dos mesmos em estéreo
que podem ser bem úteis para dar dimensão e espacialidade às pode “embolar” a sonoridade. Isso porque em estéreo
suas gravações. Então não vamos perder tempo! os instrumentos ocupam uma faixa maior do panorama,
sobrando menos espaço no eixo horizontal. Quanto mais
MICROFONAÇÃO EM ESTÉREO: instrumentos a música tiver, haverá menos espaço para
O QUE É? PRA QUE SERVE? os mesmos no panorama, e “menor” cada um terá de ser.
Agora, em músicas com arranjos mais minimalistas não
A microfonação em estéreo é usada para recriar o efeito há necessidade de se preocupar com isso, podendo cada
estereofônico em uma gravação e dar dimensão e “espa- instrumento ocupar uma faixa maior do panorama.
cialidade” ao som. É composta por dois microfones con-
densadores idênticos posicionados para captarem jun- Além disso, as microfonações em estéreo tendem a di-
tos a mesma fonte sonora. Por utilizar dois microfones, minuir um pouco a “definição” e o “peso” da gravação, pois
esse tipo de microfonação permite ao ouvinte perceber essas mesmas diferenças que criam o efeito estereofônico
os diferentes sons vindos de diferentes posições do pan- geram interferências de fase que geralmente diminuem os
orama, da esquerda à direita, assim como os ouvidos. graves. Além disso, pelo fato dos microfones serem posi-
Para obter o efeito estereofônico, na reprodução deve-se cionados a uma distância maior do instrumento, a tendên-
sempre posicionar os dois canais em pontos diferentes do cia é que haja mais reflexões na gravação também, o que
panorama (esquerda/direita). pode diminuir a “definição”. Se você quiser peso – mono...
Se quiser dimensão estereofônica – estéreo!
Mas as técnicas de microfonação em estéreo também po-
dem ser utilizadas para dar um tamanho “surreal” para Por isso, antes de sair gravando tudo em estéreo, certi-
instrumentos menores. Por exemplo, se você utilizar uma fique-se de que há espaço e necessidade para tal. Não
microfonação em estéreo na gravação de um cavaquinho há nada de errado em gravar os instrumentos em mono,
ou bandolim, pelo fato de ocupar uma extensão maior do pois posicionando-os em diferentes pontos do panorama
panorama, o instrumento soará “maior” do que normal. você obtém um efeito estereofônico na sua música sem
que nenhum instrumento tenha sido gravado em estéreo. densadores idênticos (cardioide), posicionados a 0 cm de dis-
A grande maioria dos instrumentos é gravada em mono. tância, com uma diferença de ângulo (70º - 130º) entre eles.
Dessa forma, haverá uma diferença de resposta de frequên-
COMO FUNCIONAM AS TÉCNICAS cia entre os microfones, porém não haverá diferença de tem-
DE MICROFONAÇÃO EM ESTÉREO? po ou nível. Esse é o tipo de técnica mais “conservadora”, pois
o efeito estereofônico é menor, mas ela garante uma interfe-
As técnicas de microfonação em estéreo exploram a capaci- rência de fase mínima, e, com isso, mais definição e peso na
dade do sistema auditivo humano de perceber a direção de gravação. Por isso, é o tipo de microfonação em estéreo mais
origem dos sons que chegam aos nossos ouvidos (direcio- usado em todo o mundo, especialmente em home studios.
nalidade). Ao analisar a diferença entre o som que chega ao
ouvido esquerdo em relação ao som que chega ao ouvido A mais popular das técnicas coincidentes é a X-Y, muito
direito, nós inconscientemente conseguimos decifrar a lo- usada para as mais diversas aplicações (bateria, violão,
calização da fonte sonora. Como o sons chegam aos nossos piano etc.). Consiste em dois microfones condensadores
ouvidos em tempos diferentes, com níveis diferentes e com posicionados a 0 cm e a 90º um do outro (veja imagem).
respostas de frequência diferentes, nosso cérebro é capaz
de calcular de onde cada som está vindo. E essas técnicas PAR QUASE-COINCIDENTE
de microfonação usufruem dessa característica da nossa au-
dição para criar gravações com espacialidade e dimensão. As técnicas de par quase-coincidente utilizam dois micro-
fones condensadores idênticos (cardioide) posicionados a
Para isso, porém, é necessário que haja pelo menos uma 10 - 50 cm de distância com uma diferença de ângulo (70º
das seguintes “diferenças” entre o sinal que chega aos - 150º) entre eles. Dessa forma, haverá uma diferença de
dois microfones: resposta de frequência e nível entre os microfones, porém
não haverá uma diferença de tempo grande. Isso produz
- Diferença de tempo – o som chega primeiro em um mi- um efeito estereofônico mais aberto do que o observado
crofone em técnicas coincidentes, e sem muita perda devido a in-
- Diferença de nível – o som chega mais alto em um mi- terferências de fase. Essas técnicas são também muito po-
crofone pulares, especialmente quando se está buscando uma so-
- Diferença de resposta de frequência – o som chega com noridade com mais ambiência e efeito estereofônico maior.
timbres diferentes em cada microfone
Uma das mais populares técnicas quase-coincidente é a
Essas diferenças são obtidas pelo posicionamento dos ORTF, que consiste em dois microfones condensadores po-
microfones (distância e ângulo), e quanto maior forem, sicionados a 17 cm e 110º um do outro (veja imagem).
maior será o efeito estereofônico. Porém, se o efeito esti-
ver exagerado, perde-se a “definição” do som no centro, e PAR ESPAÇADO (A/B)
por isso às vezes mais um microfone é utilizado no centro.
Além disso, com um efeito estereofônico muito “aberto” As técnicas de par espaçado utilizam dois microfones
pode-se ter problemas caso a gravação seja reproduzida idênticos (cardioide ou omnidirecional) posicionados com
em “mono”, pois haverá cancelamento de fase alterando a mais de 50 cm de distância e sem nenhuma diferença
resposta de frequência (compatibilidade com mono). de ângulo (0º) entre eles. Dessa forma, haverá uma di-
PAR COINCIDENTE
As técnicas de par coincidente utilizam dois microfones con-
ferença de resposta de frequência, nível e tempo entre compatível com “mono”. Por isso, é muito utilizada em situ-
os microfones, produzindo um efeito estereofônico muito ações em que a espacialidade é desejada na gravação, mas
mais aberto que as outras técnicas. Porém, muitas vezes sem perder a compatibilidade com “mono” (ex.: TV e rádio).
a imagem central da gravação fica comprometida, e, por Mas devido à sua complexidade na decodificação, é raro o
isso, muitas vezes é necessário acrescentar mais um mi-
uso desse tipo de microfonação para gravações musicais. É
crofone no centro para compensar.
até bastante comum em captação para TV ou cinema, po-
rém, na música, as vantagens que a microfonação M-S traz
Como os microfones ficam posicionados bem distantes um
muitas vezes não compensam as dificuldades e limitações.
do outro, há uma grande margem para problemas deriva-
dos de interferências de fase. Por isso, para minimizar os
problemas de fase, utiliza-se uma regra para determinar
a distância entre os microfones: a regra “3:1”. Mede-se a
distância entre a fonte sonora e o centro entre os microfo-
nes. A distância entre os microfones deverá ser três vezes
esse valor (veja imagem).
M/S
A técnica M-S é talvez a mais “estranha” das técnicas. Uti-
liza-se um microfone a condensador cardioide e um bidi-
recional, posicionados com 0 cm de distância e com uma
essencial que a relação entre o nível dos dois permaneça igual. Por
isso, “agrupe” os canais no software se você não estiver utilizando
uma mandada pós-fader.
Até lá! •
BINAURAL
Há também uma técnica de gravação que consiste em ser utilizadas mais para testes de salas e equipamentos.
utilizar um par de microfones espaçados com uma “ca- Por exemplo, se você quiser testar a sonoridade que
beça” artificial entre os mesmos, com a intenção de os ouvintes escutam em diferentes posições de um te-
captar o som como um ser humano ouve. Quando esse atro ou casa de shows, é mais fácil posicionar diversos
tipo de gravação é reproduzido com fones de ouvido, o “Dummy Heads” em diferentes pontos e comparar as
resultado dá a sensação de tridimensionalidade sonora gravações. Será possível ouvir com fidelidade como se-
perfeita, em que os movimentos do som podem ser per- ria a sonoridade nas diferentes posições sem precisar
cebidos como se estivessem acontecendo na sua frente, ficar correndo pelos diferentes pontos da sala.
sendo possível perceber se o som está vindo da frente
ou de trás, de cima ou de baixo, e não só da esquerda/
direta, como normalmente.
Há também uma
Há diversas gravações na internet que mostram esse
técnica de gravação
tipo de microfonação, e é bastante interessante escu-
que consiste em
tar. A mais conhecida é a de um homem no barbeiro
utilizar um par
recebendo um corte de cabelo, e chega a ser assus-
de microfones
tador, pois se você fechar os olhos, parece que está
espaçados com
realmente sentado na cadeira do barbeiro!
uma “cabeça”
artificial (conhecida
Porém, a aplicação da gravação binaural na música é
como “Dummy
bastante reduzida pelo fato de necessitar que o ouvin-
Head”) entre os
te escute o material somente via fone de ouvido. Além
mesmos, com a
disso, os microfones (conhecidos como “Dummy Head”
intenção de captar
– veja imagem) são bastante caros, limitando mais ain-
o som como um ser
da o acesso. Por isso, as gravações Binaural tendem a
humano ouve
Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do IATEC. Formado em Engenharia de Áudio pela SAE (School
of Audio Engineering), dispõe de certificações oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live Certified Trainer.
E-mail: lucas@musitec.com.br
Q
uando chega a hora de investir em plug- Em especial, o H-Delay (fig. 1) com seu controle
-ins, nos deparamos com uma lista enor- “Analog”, os filtros de corte e a opção “LoFi” cobrem
me de possibilidades e fica difícil escolher basicamente qualquer necessidade num único plug-in.
o que comprar primeiro.
METAFLANGER E MONDOMOD
Neste artigo vamos falar sobre alguns plug-ins ou
coleções da Waves que possuem alguma caracterís- Estes dois plug-ins de modulação são talvez os mais
tica que os torna especiais e que vale a pena co- antigos, e, até hoje, dois dos mais completos modu-
nhecer, experimentar bastante e, quem sabe, até ladores existentes. Apesar de muito úteis para uso
adquirir uma licença.
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves,
Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de Trilha
Sonora, Gravação e Mixagem de Áudio e Elementos da Linguagem Musical. Email: cmoura@proclass.com.br
MOSH
STUDIOS
Oswaldo Malagutti jr. conta a história de um
dos maiores complexos da América Latina
A
s histórias de Oswaldo Malagutti Jr. e do Mosh Stu- Em entrevista à AM&T, “pilotada” por nossa equipe em
dios se confundem, ou melhor, se complementam, parceria com o generoso engenheiro Beto Neves – hoje,
em diversos aspectos. Ex-integrante do grupo Pho- um dos homens fortes da equipe do Mosh –, Oswaldo fa-
lhas, com o qual obteve enorme sucesso nos anos 1970, lou de passado, presente e futuro.
vendendo mais de um milhão de cópias de seu trabalho de
estreia, o músico deixou a estrada para se tornar dono de Num papo de quase duas horas de duração, o músico e pro-
um dos maiores complexos de produção, gravação, mixa- dutor musical recordou-se, com saudosismo, de sua inicia-
gem e masterização de áudio da América Latina. ção na música, do primeiro concurso vencido na TV – que lhe
rendeu prêmios como uma série de equipamentos Gianinni e
A mudança, um tanto arrojada, se deu ainda nos anos a gravação de um disco pela extinta gravadora Chantecler –,
1970, “quando a disco music tomou o mundo de assalto”, da construção da primeira sede do Mosh, numa casa no bair-
lembra ele, que na época era sócio de outro integrante do ro paulistano da Pompéia, da mudança do estúdio para uma
Pholhas, o maestro Hélio Santisteban. “O nome do estúdio zona industrial da capital e, claro, das crises pelas quais pas-
[Mosh] vem das nossas iniciais, mas muita gente acha sou com vitória ao longo desses mais de 30 anos de história.
que é por causa daqueles saltos que os jovens davam de
cima dos palcos”, diverte-se o proprietário. AM&T: Oswaldo, você é contrabaixista, mas reza a
Beto Neves
lenda que iniciou na música influenciado por um tio almente me projetei. Em 1966, a TV Record botou no
que tocava gaita de boca. ar um programa chamado Brotos 66, uma espécie de
concurso de bandas que representavam diversos colé-
Oswaldo Malagutti Jr.: Pois é. É verdade! No início dos gios. Cada colégio tinha a sua [banda] representante e
anos 1960, com 13, 14 anos, eu o assistia tocar em casa a Atlantis era uma delas.
e fui tomando gosto pela coisa, até que, algum tempo
depois, me juntei a dois amigos e formei um trio musical Quem vencesse esse concurso, que tinha eliminatórias di-
no qual eu me divertia muito tocando a tal gaita. Na épo- árias, semanais, mensais e a grande final do ano, recebia
ca, ouvíamos todos aqueles caras: Elvis, Paul Anka, Neil como prêmio uma série de equipamentos fabricados pela
Sedaka e Chuck Berry, dentre outros. Gianinni – como um baixo Apollo, um amplificador Tre-
mendão e uma guitarra Supersonic –, um contrato com o
Você também teve bandas de rock instrumental... [programa] Jovem Guarda e o direito de gravar um dis-
co pela gravadora Chantecler. Vencemos todas as etapas
Oswaldo: Sim. Ainda nos anos 1960 fiz parte de uma e fomos os campeões do concurso. Pouco tempo depois,
banda chamada Le Phanton, que depois passou a se estávamos, pela primeira vez, dentro de um estúdio de
chamar The Fighters. Mas foi com a Atlantis que re- gravação, gravando nosso primeiro disco.
Oswaldo e Sossego em
Londres: amizade dentro
e fora do áudio
Aliás, de onde vem esse nome, do famoso “stage dive”, Oswaldo: Olha, começamos basicamente com o que já tínha-
ou seja, daquela brincadeira de jovens que subiam nos mos no nosso estúdio, como, por exemplo, uma mesa de PA
palcos e se jogavam deles em cima dos outros? Kelsey, da Sound City, que pertencia ao Pholhas, um gravador
MCI JH-8, de oito canais em uma polegada, que comprei logo
Oswaldo: Todo mundo acha que o nome vem daí, mas, em seguida, um piano Fender Rhodes e alguns poucos micro-
na verdade, vem da junção das minhas iniciais e das do fones, como os Sennheiser 421 e uns modelos da Neumann.
Acervo Mosh
Em 84, o Hélio anunciou sua saí-
da, pois decidiu seguir carreira solo
como músico, e eu continuei sozi-
nho. O mercado estava aquecido e
fazia sentido comprar a parte dele
e continuar investindo. Foi aí que
adquiri uma [mesa Soundcraft] Se-
ries 2400 e minha primeira máqui-
na de 16 canais, outra MCI, que era
um verdadeiro “trambolho” de tão
grande e pesada.
Carlos Garcia
Alguns amigos dizem, em tom de brincadeira, cla- Você acha que a democratização da tecnologia
ro, que você é uma espécie de acumulador. O que afetou o Mosh?
acha disso?
Oswaldo: Olha, todos nós sabíamos que a democratiza-
Oswaldo: Eles têm razão! Eu não consigo me desfazer de ção da tecnologia digital, ou seja, a chegada do Pro Tools,
nada! Mas também, acho que não invisto mais. Estou feliz ia mudar tudo tanto mercadológica quanto artisticamente.
com o que tenho e o mercado hoje não possibilita fazer Mas confesso que muita coisa me surpreendeu. A crise
mais investimentos pesados como os que fiz no passado. nos atingiu, sim, porém conseguimos sobreviver e esta-
A Neve que tenho, por exemplo, pertenceu ao [estúdio] mos aqui até hoje.
Record Plant, do falecido Roy Cicalla, e está entre os meus
xodós, assim como o Clasp, que adquiri há alguns anos. Na sua opinião, o que será do futuro da música?
Mas acho que parei por aqui.
Oswaldo: As gravadoras diminuíram
seus investimentos, os home studios
Carlos Garcia
No detalhe, a SSL do
Mosh: tecnologia digital
em meio a universo vintage
40 | áudio música e tecnologia
Acervo Mosh
dência é que os grandes es-
túdios desapareçam do mapa.
Creio que em cada lugar do
mundo vá existir um “Mosh”
sobrevivente, mas muita gen-
te vai abrir mão disso.
Divulgação
Rodrigo Sabatinelli
DUCA
LEiNDECKER
Multi-instrumentista revisita carreira em DvD solo
C
onhecido por seus trabalhos à frente do Ci- mês. Realizado com o novo projeto, Duca conver-
dadão Quem e do Pouca Vogal – duo feito sou com AM&T e convidou para o papo o amigo
com Humberto Gessinger, dos Engenheiros Renato, que contou detalhes sobre os processos
do Hawaii –, Duca Leindecker, que lançou há um ano de captação, edição e finalização.
o CD Voz, Violão e Batucada, gravou em novembro
passado, na Associação Leopoldina Juvenil, em Por- SANTO DE CASA FAZ MiLAgRE, SiM
to Alegre, seu primeiro DVD solo.
Duca Leindecker: A produção musical do DVD foi
Ao lado do baterista Claudio Matos e do baixista minha e a executiva foi minha e do Fabio Bolico,
Maurício Chaise, o músico revisitou o repertório em parceria com a Estação Filmes, que pertence
clássico de suas bandas, mas não deixou de fora ao Rene Goya Filho, diretor do projeto e de outros
as músicas mais cultuadas de seu mais recente meus, tais como os DVDs do Pouca Vogal e do Cida-
trabalho. Na ocasião, ele contou ainda com as par- dão Quem. O repertório foi composto por canções de
ticipações do próprio Humberto e de Tiago Iorc, meu mais recente trabalho, Voz, Violão e Batucada,
seu parceiro na composição Até Aqui, também além dos maiores sucessos da carreira do Cidadão,
presente no DVD. algumas adaptações de músicas do Pouca Vogal e,
claro, material inédito – a música Até Aqui, parceria
Gravado e mixado por Renato Alscher e masteri- com Tiago Iorc, cantada e tocada ao vivo com ele.
zado por Michael “Mike” Fossenkemper, o show
teve operação de PA de Marcelo Truda, velho com- Dentre as parcerias, tivemos o próprio Tiago e o
panheiro de Duca, e deve ser lançado no próximo [Humberto] Gessinger. Teríamos ainda o Luciano
Divulgação
Renato Alscher foi o engenheiro responsável pela
gravação e mixagem do áudio do DVD
Divulgação
Duca: Eu fiz as
edições, esco-
lhendo, de fato,
os melhores
takes das exe-
cuções das mú-
sicas, realizadas
em dois dias de
gravação. Aliás,
fazer isso [gra-
var em dois dias]
foi essencial para
que esse proces- No alto da bateria, os overs KM 184, da Neumann
so de edição fosse vitorioso. Afinal de contas, com
mais material, ainda por cima tocado com click, é
possível montar algo realmente ideal. É um processo de Nova York. Aliás, esse não foi meu primeiro
de escolhas mesmo. trabalho finalizado lá. O Mike foi acertivo e mexeu
o suficiente, sem alterar a natureza do som. O que
MASTERIZAÇÃO NA “VELHA CASA” ele fez foi, basicamente, segurar os graves, abrir
os médios, expandir o som de uma forma geral e,
Duca: O trabalho foi masterizado pelo Michael claro, dar volume à mix, à qual se referiu como
“Mike” Fossenkemper no Turtle Sound Studios, “muito consistente”. •
Divulgação
CRiANDO O SUBWOOFER
H.SETTE 2X18” SW6000ND
Os detalhes finais (PARTE 5)
A título de curiosidade, mostramos na figura 1 a compa- A equação acima mostra que a eficiência da primei-
ração entre o novo subwoofer SW6000nd e uma cópia da ra caixa (SW6000nd ) é dez vezes maior que a da
SB850, bem construída e usando falante nacional de boa segunda.
qualidade. Nota-se uma diferença média de 10 dB nas
freqüências mais baixas, principalmente de 30 a 60 Hz. Para conseguir o mesmo SPL utilizando várias caixas
do segundo tipo, precisaremos de:
Diante disso, foi feita a seguinte pergunta: quantas
dessas caixas copiadas seriam necessárias para produ-
– relação entre as eficiências, origina-
zir o mesmo SPL que uma SW6000nd? A resposta será
da pela diferença de 10 dB no SPL das caixas.
dada pelo desenvolvimento a seguir.
,
ou seja, dez caixas desacopladas.
Fig. 1 – Vermelho: resposta do sub SW6000nd; Apesar de não termos a versão ori-
verde: resposta da caixa clone SB850 ginal para aferição da curva de resposta e demais pa-
râmetros, normalmente os grandes fabricantes, como
mente com todas as caixas envolvidas na compa- EAW, são precisos em seus manuais, possibilitando
ração recebendo a mesma tensão do amplificador. uma comparação dos gráficos da SW6000nd com a
versão publicada pela EAW com razoável exatidão.
Intrigados com o resultado obtido na caixa clone, e
antes de culpar o falante nacional pelo ocorrido, fo- Fazendo um comparativo aproximado entre a SB850
mos ao site do fabricante original e baixamos as cur- clone, SB850 original, SB1000 original e a SW6000nd,
vas da SB850 e da SB1000 (respectivamente mos- a partir das curvas analisadas, obtivemos o quadro
Fig. 2 – Curva da SB850, original, obtida em Fig. 3 – Curva da SB1000, original, obtida em
31/05/2014 no endereço http://eaw.com/docs/1_Current_ 31/05/2014 em http://eaw.com/docs/1_Current_
Products/SB/Spec_Sheets/SB850zR_SPECS_rev1.pdf Products/SB/Spec_Sheets/SB1000zR_SPECS_revB.pdf
Clone SB850 c/
Freq. EAW SB850 Orignal SB1000 original H.Sette SW6000nd
Fal. nacionais
Hz dB dB dB dB
30 82 85 85,5 93
40 89 93 92 100,5
50 95 96 94 101,5
60 98,5 98 95 101
70 101 99 96 103
80 96 101 96,5 102
90 97,5 102 97,5 102
100 100 102,5 98 103
comparativo mostrado na Tabela A. Nota-se que a so alcançado, e até pelo espanto provocado nos
SB850 clone, nas frequências abaixo de 70 Hz, se saiu profissionais de áudio que o ouviram, o autor do
bem em relação à SB850 original, porém, ao comparar projeto foi solicitado a falar a respeito de como
os quatro modelos em todas as frequências, fica evi- aquele resultado foi conseguido.
dente a maior eficiência da SW6000nd.
Para permitir, na feira, a observação do interior da
LANÇAMENTO caixa, foi colocada uma tampa superior em acríli-
co transparente, com 20 mm de espessura, que em
Na edição da AES Brasil realizada em São Pau- nada prejudicou seu funcionamento normal.
lo entre 12 e 15 de maio de 2014, no estande
da 4VIAS foi demonstrado, pela primeira vez, o CONCLUSÃO
subwoofer H.Sette SW6000nd. Devido ao suces-
Conforme podemos concluir a partir
do acima exposto, o desempenho do
subwoofer H.Sette SW6000nd foi al-
cançado graças à utilização de técni-
cas corretas, equipamentos adequa-
dos e uma esforçada equipe técnica
que se esmera em fazer o melhor,
dentro de suas especialidades.
Homero Sette é gerente de desenvolvimento e aplicações da 4VIAS Pro Audio (homero.sette@4VIAS.com.br). Mauro Ludovico é
gerente de planejamento da companhia (4VIAS@4VIAS.com.br).
EvOC20 PS
O vocoder do LogicX para quem não
possui o original analógico e quer
ampliar possibilidades criativas
Evocar é sinônimo de invocar, conjurar, convocar, das como ferramentas de controle para gerar som.
chamar, entre outros semelhantes, e, a partir de Simplificando, o EVOC20 escuta um sinal de áudio e
uma compreensão básica da técnica que conhece- a ele adiciona novas caracteristicas e oscilações de
mos como “vocoding”, fica bem claro por que os de- volume do mesmo sinal a partir do seu sintetizador.
senvolvedores do Logic batizaram seu vocoder nati-
vo de EVOC20. Basicamente, assim como vocoders O primeiro passo, ao utilizar o EVOC20, é bem
clássicos (Korg VC-10, Roland VP-330, para citar al- simples. Assim como acontece com os outros ins-
guns), esse instrumento analisa um sinal de entra- trumentos virtuais do Logic, é necessário criar um
da, dividindo-o em bandas de frequências distintas canal “Software Instrument” e inserir uma instância
que são enviadas a um sistema de síntese e utiliza- do referido instrumento. A semelhança com outros
INÍCIO DA CRIAÇÃO
Nesse caso, o próximo passo seria criar um canal
de áudio, que servirá para abrigar a fonte sonora
que vai controlar o EVOC20. Obviamente, quando
falamos em vocoder, logo pensamos em vocais e
lembramos das vozes robóticas de artistas como
Eletric Light Orchestra, Pink Floyd, Kraftwerk, Daft
Punk – entre muitos outros que fizeram bom uso
dessa técnica –, mas nada impede que nosso áudio
seja proveniente de uma performance percussiva,
por exemplo. Para realizar esse teste, basta inse-
rir um dos loops que a Apple inclui no pacote do
Logic no seu canal de áudio e, depois, configurar
o sinal SideChain no menu “dropdown”, localizado
no canto direito superior da interface do EVOC20
–, selecionando o número do canal de áudio em
que está inserido o loop, que servirá apenas como
sinal de controle.
Como queremos
usar o loop apenas
como trigger, vamos
“limar” o output
stereo desse canal
SÍNTESE
Já deu pra perceber que o EVOC20
não é um sintetizador como outro
qualquer, baseado em combinações
de ondas sonoras geradas por os-
ciladores, posteriormente filtradas,
O CAMiNHO DO SiNAL amplificadas, envelopadas etc. Um dos modos de
síntese presentes nesse instrumento, porém, chega
A partir da hora em que é possível escutar essa cria- bem próximo do que conhecemos como a popular
ção incial, chega o momento de avançar na timbra- síntese subtrativa: o Dual Mode. É que nele pode-
gem do seu som a partir das infindáveis combina- mos escolher entre dois modelos de ondas sonoras
ções e possibilidades que se fazem presentes nos sampleadas: Wave 1 e Wave 2, sendo que cada uma
diferentes parâmetros do EVOC20. delas possui um botão correspondente que nos dá
a possibilidade de escolher 49 opções de onda, com
O EVOC20 baseia-se em duas seções que nada mais direito a afinação – ou desafinação – em semitons,
são do que bancos de filtros do tipo “passa banda” além de um botão Noise que, como o próprio nome
chamadas “Analysis” e “Synthesis”, sendo que o nú- diz, gera ruído, sendo que, através dele, podemos
mero de bandas de cada um desses filtros sempre definir intensidade, tipo e, obviamente, mixá-las
será diretamente correspondente, com um número através do slide “Balance”. O outro modo de síntese
máximo – e extravagante – de vinte bandas por fil- presente no EVOC20 é FM, que pode ser selecionado
tro. Ou seja, se existem oito bandas no filtro de aná- através de um clique no botão DUAL, que serve para
lise, haverá oito bandas no filtro de síntese, sendo alternar entre os dois modos, diga-se de passagem.
que a Banda 1 do filtro de análise se relaciona com a Nesse modo, a diferença básica é que nele a primei-
Banda 1 do filtro de síntese e por aí vai. ra onda (Wave 1) tem sua frequência modulada pela
segunda (Wave 2). Curioso? Experimente os dois!
Resumindo, o sinal de áudio que chega ao input de
análise passa pelo filtro correspondente (sim, o filtro de
análise), onde é dividido em bandas. Cada uma dessas
bandas recebe um envelope correspondente (Envelo-
pe Follower),que oscila de acordo com cada alteração
de volume da fonte sonora. Na verdade, a única parte
do áudio que passa pelo filtro e, consequentemente,
gera sinais de controle de dinâmica. Finalmente, es-
FiCAM AS DiCAS
- Experimente a diversificada coleção de sons e presets que acom-
panha o EVOC20 e descubra mais sobre o potencial criativo desse
instrumento, que vai muito além de vozes robóticas.
Até a próxima.
Grande abraço!
MiXAgEM
SEM SEgREDOS (Parte 2)
A história da mixagem
P
ara começarmos nossa aventura, é bem útil executar sua obra, e ao maestro, quando durante os
conhecermos como as coisas se desenrolaram ensaios e as performances controlava o volume de
até o presente estado da arte. Por exemplo, emissão de cada instrumento.
alguém que está começando em áudio agora pode
imaginar que a mixagem de muitos canais sempre Portanto, não dá pra saber quem foi o primeiro mixador,
fez parte do processo de gravação. O que veremos é mas pode-se perceber como o conceito de mixagem é
que, de certa forma, até que sim, mas do jeito como bem mais vasto do que equalizar em uma mesa.
fazemos hoje a coisa é bem recente.
Mas precisamos ser obviamente um pouco mais fo-
O CONCEiTO DE MiXAgEM E cados no nosso assunto, e então vamos nos res-
O PRiMEiRO MiXADOR tringir à mixagem de música gravada. Mesmo aí
veremos que, durante pelo menos os primeiros 50
Mixagem, em essência, é o processo de se equili- anos, a tecnologia, o que tínhamos, era mais ou
brar a emissão de várias informações sonoras de menos o que vimos acima.
forma a se conseguir um resultado satisfatório.
Já se percebe que o conceito é bem amplo. Por A ERA DA gRAvAÇÃO ACÚSTiCA
exemplo, lá na idade média, durante a apresen-
tação de um coral gregoriano, cabia ao maestro O áudio gravado se concretiza aproximadamente
mixar. Ele era o responsável pelo volume relativo em 1877, com o fonógrafo (de Edison), com mídia
de cada monge de forma que o resultado fosse cilíndrica, e, dez anos depois, com o gramofone
equilibrado. (de Berliner). Este usava como mídia discos de
um material chamado “shellac” (que, por incrí-
Mais tarde coube aos compositores e maestros o vel que pareça, é uma resina secretada por um
papel de mixadores. O compositor, quando especi- inseto asiático). O som era captado por um cone
ficava o número de instrumentos que desejava para que o concentrava e enviava a uma membrana
Wiki Images
dia, com o maestro contro- nética remontem ao fim do
lando o volume dos músicos. século 19, foi com a Se-
Agora, porém, como não havia gunda Guerra Mundial que
o compromisso da performance a tecnologia se solidificou. O
ficar visualmente bonita, podia-se serviço secreto alemão de-
também usar como elemento da senvolveu o magnetofone,
mixagem a distância do músico ao que gravava em fitas. Assim,
cone de captação. Instrumentos com os discursos de Hitler eram
maior volume de emissão ficavam levados a diferentes locais,
mais longe e os mais discretos impossibilitando os aliados
ficavam mais perto, com o can- de identificar onde ele esta-
tor em primeiro plano (será que va fisicamente.
é dessa época o ato de se
chamar a percussão de O gramofone, criado por Berliner e lançado Com o final da guerra, o
“cozinha”?). em 1887: equipamento usava como mídia magnetofone é descober-
discos de shellac – resina secretada por to por um oficial america-
O aparelho que executava um inseto asiático. Disco girava a 78 RPM. no e levado para os EUA,
o disco na casa do ouvinte que a partir dele desen-
era mais ou menos como o gravador, só que a volveu um novo gravador/reprodutor. Curiosa-
agulha passava sobre o sulco do disco e fazia a mente, um grande cantor da época, Bing Crosby,
membrana vibrar, e essa vibração era amplificada viu nisso a oportunidade de gravar no conforto de
pelo cone e reproduzida. Tudo mecânico e acús- um estúdio sem a necessidade de se deslocar até
tico. a rádio para uma apresentação ao vivo. Graças a
sua “preguiça” e sua vultuosa contribuição finan-
A ERA DA GRAVAÇÃO ELÉTRICA ceira, foi criada a Ampex.
Reprodução
uma constante evolução de equi-
pamentos, como os gravadores e
os consoles, que começavam a dis-
por de mais canais. Por exemplo,
a unidade móvel dos Rolling Sto-
nes, que gravou clássicos como o
Led Zeppelin IV e o Machine Head
(1971), dispunha de dois gravado-
res de 16 pistas sincronizados.
Wiki Images
Adat: gravador de oito pistas digitais chegou usando mecanismo de
videocassete e provocou uma verdadeira reviravolta no mercado
Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música &
Tecnologia. É responsável pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor
musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMixagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e
música. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.
Gravando em
salas pequenas
Acertando nos detalhes
E
m estúdios caseiros, ou mesmo em estúdios te do violão. Neste encontro rígido, em silêncio,
profissionais com espaços para gravações a corda não vibra e atinge seu ponto de variação
específicas, encontramos muitas vezes salas mínima de pressão. No meio do braço do violão,
pequenas. Acusticamente, “sala pequena” é a que ao contrário, a corda vibra livre e emite o seu som
tem ao menos uma das suas dimensões menor do plenamente. A diferença neste exemplo é que o
que a do comprimento de onda que se quer captar espaço enclausurado da sala, ao invés de ter a
ou reproduzir. Neste artigo entenderemos como tirar pressão mínima nas extremidades, como no caso
o melhor desses espaços. de uma corda de violão, tem a pressão mínima do
seu primeiro modo axial exatamente no seu meio.
No estúdio da Fatec-Tatuí, a principal sala de grava-
ção tem a área de 142,50 m², espaço suficiente para Para conhecermos a densidade modal da sala, a
uma orquestra sinfônica gravar confortavelmente. medimos com o microfone ECM 8000 da Behringer,
Também existem duas pequenas salas de apoio: a utilizando o software REW – Room Eq Wizard; a in-
sala de gravação de voz e a sala de gravação de terface Avid Mbox USB Mini; e um monitor da Gene-
amplificadores de guitarra. lec 8050b, como gerador do ruído de varredura. O
microfone ficou a uma altura de 70 cm, perpendicu-
O nosso exemplo de “sala pequena” é justamente lar e próximo em cinco centímetros do monitor, posi-
esta de gravação de amplificadores de guitarra. cionado entre o falante e o tweeter do mesmo. Com
As suas dimensões são de dois metros de largura os dados em mãos, consideramos a banda de 20 Hz
por 2,74 metros de comprimento e 4,64 metros até 230 Hz para a análise, no limite da frequência de
de altura. A aluna do curso de Produção Fonográ- Schroeder – que, pela menor medida da sala, estima
fica da Fatec, Rebeca Montanha, está estudando até qual frequência as ondas estacionárias são rele-
as características deste espaço para o seu traba- vantes na acústica do ambiente.
lho de conclusão de curso com o intuito de que
este nos sirva como um mapa das melhores pos- A frequência fundamental da sexta corda solta da
sibilidades de uso do estúdio. guitarra em afinação padrão é a nota Mi 2, que está
em 82,4 Hz (considerando-se o Dó 4 como central,
APRENDENDO A TER MODOS a 261,6 Hz). Então, como o propósito é a gravação
de um amplificador de guitarra, as nossas preocu-
A questão primordial de uma “sala pequena” são pações são a partir deste número. Se nessa mesma
os modos. Cada modo corresponde a uma onda sala gravarmos o som de um amplificador para con-
estacionária que se forma na sala, com frequência trabaixo de cinco cordas, a nota Si 0, em 30,8 Hz,
determinada pelo formato e dimensões do local. será a origem da nossa atenção.
Sucintamente, o que forma os modos é análogo
ao que acontece no contato da corda com a pon- Neste artigo selecionamos alguns cenários entre
relevantes são as que estão alinhadas com os seus som, quem estiver bem no meio do eixo da largu-
três eixos principais, sendo chamadas de modos ra escutará menos a frequência de 85 Hz do que
axiais. Como os modos axiais existem em função a outra pessoa que não estiver. Quem estiver no
das dimensões da sala e os harmônicos de cada ponto de 1/4 ou 3/4 da largura ouvirá um pouco
modo axial são múltiplos inteiros da frequência melhor a frequência de 85 Hz, mas perceberá me-
fundamental (duas vezes, três vezes, quatro vezes nos a frequência de 170 Hz.
etc.), tudo vira praticamente uma questão de
geometria da sala, combinada na coincidência dos Nas baixas frequências, o maior eixo da sala estabe-
comprimentos das ondas harmônicas. lece o primeiro modo. Como a sala analisada possui
a altura de 4,64 metros, este primeiro modo axial
Por exemplo, no eixo da largura da sala, que tem está em 36,6 Hz, portanto, abaixo da frequência a
dois metros, com a velocidade do som estimada em ser captada. Nos gráficos das densidades modais é
340 metros por segundo, teremos o primeiro modo possível ver uma resposta de frequência similar nes-
axial na frequência de 85 Hz, com a sua pressão sa região do espectro em todas as medições, uma
mínima bem no meio da sala. O segundo harmônico, vez que a altura da captação é a mesma (70 cm).
que é duas vezes o valor da frequência fundamental Nas outras regiões do espectro encontramos maior
de 85 Hz, tem o modo axial em 170 Hz, na propor- divergência nas respostas das frequências devido às
ção 1/4 e 3/4 do total da largura da sala. O mesmo diversas contribuições dos demais modos axiais. Os
acontece com os demais harmônicos: 85 Hz x 3 = melhores posicionamentos foram aqueles que ren-
255 Hz; 85 Hz x 4 = 340 Hz; 85 Hz x 5 = 425 Hz etc. deram respostas mais aplainadas.
Então, se duas pessoas se posicionarem em dois Como uma sala tem três eixos (largura, compri-
locais diferentes dessa sala para escutar o mesmo mento e altura), os problemas de modos existem
O tratamento acústico, neste caso de gravação do instrumentos que podemos gravar e onde na sala
amplificador de guitarra, deve absorver ao máxi- teremos a qualidade pretendida. Em um processo
mo a primeira reflexão e as suas primárias, dimi- complexo, como é o da produção musical, acertar
nuindo a interferência dos sons refletidos no som nos detalhes faz toda a diferença. Afinal, mes-
direto captado pelo microfone. O ideal é uma sala mo em salas pequenas, essa deve ser a meta, de
com uma alta absorção total e que a captação qualquer modo. •
Davison Cardoso Pinheiro é arquiteto formado pela Universidade Federal Fluminense com participação em centenas de projetos
e construções. É professor de Introdução à Acústica e Acústica Aplicada ao Ambiente no curso de Produção Fonográfica da
Fatec Tatuí. E-mail: da.v@uol.com.br.
Lucas C. Meneguette, músico e pesquisador, é professor das disciplinas de Software e Hardware e Teoria e Percepção Musical
no curso de Produção Fonográfica da Fatec Tatuí. Em sua tese de Doutorado, estuda o design funcional de áudio para jogos
digitais. E-mail: lucasmeneguette@gmail.com.
MONSTERS OF ROCK
Em detalhes, a iluminação
do aguardado festival
Divulgação
turas. Trata-se do comando digital de remotos (até 200 m com cabo XLR de cinco pinos e até
motores CDM-0802. Cada um de seus 1 km com sistema wireless). Possui chaves de opera-
racks de comando controla até oito ta- ção também no comando e é solid-state, com relés ele-
lhas elétricas trifásicas de até 2HP cada trônicos com isolador ótico nas saídas. Preparado para
uma, e eles podem ter sincronizados até operar em 220 VCA trifásico (com kit opcional para 380
15 comandos, para operar, simultanea- VCA trifásico), pode ser montado com tomadas Steck
mente, um conjunto de 120 motores seis vias, EP6 ou Socapex.
através de uma chave programável.
www.trusst.com.br
Possui sistema automático de detecção www.penn-elcom.com.br
Divulgação
DMC-G7, que permite filmagem com resolução 4K. Ela, para controlar a câmera, conferir os arquivos regis-
que tem flash embutido, conta com um sensor CMOS trados e salvar tudo no celular. A câmera
de 16 megapixels, ISO de até 25600, monitor articu- pesa 410 gramas, mede 124.9 x 86.2 x
lado de três polegadas, autofoco e zoom digital de 4x. 77.4 mm e estará disponível nas cores
Trabalha com uma velocidade de disparo entre 60 e grafite e preta.
1/4000 segundos e oferece vários modos de cena.
www.panasonic.com.br
Outras novidades são um sistema de foco atualizado e um www.panasonic.com
RGB (a versão RGB 2.5 [foto] para grandes efeitos e produções. Devido ao sistema
é a primeira a chegar às pra- high-end de laser com grande equilíbrio de cor e scan-
teleiras) e que não requer, ners extremamente rápidos, seu emprego na TV e em
para funcionar, operadores ou shows de alto nível também não é um problema. Mede
empresas que trabalhem com 514 mm x 443,5 mm x 115 mm e pesa 16.5 kg.
laser. Basta acionar o produ-
to como um moving normal e, de www.rtilight.com
Um dos principais foi o moving head LED Wash ST-B4024Z, que foi projetado para colo-
rir os palcos de modo wash. O equipamento conta com os recursos de zoom linear (10
Divulgação
a 50 graus) para um melhor ajuste da cor nos palcos, tilt/pan contínuo e efeitos beam
(Sistema Optical). Sua iluminação é gerada por 24 Quad LEDs de 12 W RGBW, podendo
ser operado em 14 ou 18 canais DMX.
www.star.ind.br
PRODUÇÕES 4K EM DESTAQUE NA
MESA DA SONY NA SEMANA ABC
A Sony Brasil participou, entre 13 e 15 de maio, da 13ª
Divulgação
edição da Semana ABC (Associação Brasileira de Cinema-
tografia), na Cinemateca de São Paulo. O evento, gratui-
to, contou com palestras e mesas de debates que discuti-
ram o mercado cinematográfico brasileiro.
TV GLOBO
50 ANOS
Dobradinha de lighting designers
dá luz a evento comemorativo
A
TV Globo comemora, em 2015, 50 anos de temas de novelas e de programas exibidos na grade
sua fundação. E para eternizar a data, a da emissora nesse meio-século de vida.
emissora de Roberto Marinho promoveu, nos
dias 22 e 23 de abril, no Maracanãzinho, no Rio de O fornecimento dos equipamentos de luz usados no
Janeiro, um megaespetáculo no qual recebeu nomes evento ficou a cargo da LPL, sendo Bruno Lima res-
como os dos atores Tony Ramos e Renato Aragão, da ponsável pela coordenação geral, Nilson Barros, o
apresentadora Angélica, do narrador esportivo Gal- Xuxa, o homem de interligação de rede dos conso-
vão Bueno e dos cantores Roberto Carlos, Anitta e les e sistemas disponíveis e Sergio Almeida o pro-
Michel Teló, entre muitos outros, que interpretaram gramador e operador de luz de cenas criadas pelos
lighting designers Naldo Bueno e Césio Lima, duas de futuras parcerias, que, com certeza, serão mui-
“autoridades” em espetáculos de grande porte. to prazerosas”, disse Naldo. “Fizemos tudo a quatro
mãos e reforçamos uma parceria que já existe há
“Ele [Césio], com sua tranquilidade para lidar com anos. Essa foi a grande sacada do projeto: esse en-
um projeto para a TV, e eu, com a experiência em contro de forças”, completou Césio.
eventos do tipo, nos unimos e realizamos algo do
qual, de fato, nos orgulhamos muito. Nesse nosso Mas se a dupla se uniu para conceber o espetáculo,
novo encontro, além de tudo, lembramos de histó- na hora de executar o trabalho ao vivo cada um se
rias do passado, demos muitas risadas e falamos encarregou de uma função. Césio foi o responsável
enquanto que, na
cobertura do está-
dio, foram usadas
48 PAR LED LP354,
e emoldurando um
enorme telão, de
74m x 16m, foram
usados 36 moving
lights Elation Shar-
py 5R e 16 ribaltas
de LED SMG P5.
Césio Lima e Naldo Bueno: lighting designers
unidos em projeto de grandes dimensões Por fim, para iluminar a plateia, destinaram-se
24 fresneis de 2.000 K, 48 PAR LED LP354 e 62
pela fotografia de cena, enquanto Nando cuidou da ribaltas iLED 1m RGBWA, equipamentos que, as-
fotografia de apresentadores e cantores, comandan- sim como os demais, foram controlados por dois
do, para isso, uma equipe de operadores de canhão, consoles grandMA II Full Size e por um sistema
que, segundo ele, “em função da grande movimen- OnPC2 + Fader Wing, voltado exclusivamente para
tação no palco e da necessidade de se preservar as o controle dos faders da fotografia.
projeções feitas em seu chão, teve importante papel
no resultado do projeto”. CONTEÚDO REVIVE
DÉCADAS DE SUCESSO
RIDER COMPATÍVEL COM
A COMEMORAÇÃO A criação e a instalação do telão ao fundo do palco,
bem como o uso de projeções em seu chão, ficaram
Grandioso, o espetáculo foi iluminado por uma am- a cargo do cenógrafo Abel Gomes, que realizou o
pla quantidade de equi-
pamentos. O palco e suas
rampas de acesso, por Kiko Sousa
Kiko Sousa
P&G Cenografia. Já as projeções, feitas
por 18 projetores Panasonic de 20.000
ANSI Lumens, cada, foram gerencia-
das pela Infoview.
Kiko Sousa
nel e no piso do palco, foram exibidas,
em cinco telas de LED fornecidas pela
LED Com, trechos de novelas e logo-
marcas da emissora.
Kiko Sousa
o papel de sua equipe nes-
te projeto de comemoração
dos 50 anos da Globo?
Césio: Certamente! E por ser a grande estrela, L&C: E como foi trabalhar com Boninho,
todo o trabalho de luz, ou seja, todas as cenas, Abel, Naldo...?
foram criadas a partir de sua utilização. Tivemos
que dosar a quantidade de luz usada para que Césio Lima: Bárbaro, como sempre! Boninho
as imagens projetadas fossem bem vistas tanto é o cara que, hoje, dentro da emissora,
representa seu passado,
presente e, claro, futuro. Foi
Kiko Sousa
Monstros
do Rock
A luz do renovado festival que traz a nata
do hard rock internacional a São Paulo
E
m 1995, quando o Brasil sediou pela primeira A estrutura da “aranha gigante” criada pela dupla para
vez o Monsters Of Rock, os jovens Caio e Eri- o festival foi composta por um X central que se esten-
ch Bertti – hoje dois respeitadíssimos lighting dia por seis “tentáculos”, sendo três de cada lateral do
designers brasileiros – sequer imaginavam que es- palco. Esses tentáculos desciam do teto, chegavam a
tariam, duas décadas depois, à frente de um dos cerca de 1,5 m do chão e sustentavam, em boa parte
mais significativos festivais de rock e heavy metal de sua extensão, diversos tipos de equipamentos de
do mundo, que neste ano traria à Arena Anhembi, luz, como, por exemplo, moving lights, em sua maio-
em São Paulo, nos dias 25 e 26 de abril, artistas ria, no teto, e lâmpadas PAR LED em sua base.
como Kiss, Ozzy Osbourne, Manowar, Accept, Judas
Priest e Yngwie Malmsteen, entre outros. Dentre os aparelhos, estiveram 12 Robe ColorSpo-
tWash 2500E AT; 18 Robe Robin 600 LEDWash, mo-
Locadores de equipamento pela LPL, empresa fami- vings à base de LED; 22 MAC Viper Wash, considera-
liar de Césio Lima, os irmãos também estiveram jun- dos dos mais rápidos do mercado, oito DTS XR2000
tos na concepção do curioso rider do evento, que, de Beam e os 30 Elation Platinum Beam 5R, e, entre os
acordo com Erich, foi desenhado sob influência de um refletores, 48 lâmpadas PAR 64 e 24 PAR LED de 3W
projeto usado pelo próprio Kiss, indiscutivelmente o RGBW, da Hot Machine, além de 12 Martin Atomic
nome de maior relevância do line up. 3000 e 11 Blinder de quatro lâmpadas.
“Partimos deste desenho – uma espécie de aranha Todos esses equipamentos foram controlados por
gigante –, e com o auxílio luxuoso do projetista consoles grandMA II Full Size, Avolites Tiger Titan e
Renato Matsubara, criamos o nosso rider, que foi Hog IV, que além de figurarem na house mix, esti-
projetado para atender a todos com conforto, pre- veram à disposição dos iluminadores no estúdio de
enchendo todo o ambiente cênico e permitindo que programação montado na sede da LPL, onde cada
eles [os iluminadores] fizessem grandes shows, re- profissional teve pelo menos quatro horas dedicadas
produzindo perfeitamente suas cenas”, disse Erich, a seu trabalho, realizado com o auxílio do software
em entrevista à Luz & Cena. de visualização Light Converse.
2.2 05
5 3.1
201
2.4 5
403 13 5 3.8 404
13
4.298 L-1 16 202 5.172
209
20 16 20
L-1
L-2
6
19 19 6
L-2
L-5
8
22 22 8
2.6 L-5
2.8 5
5 3.4
204
207
501 2.1
05 3.2
5 502 Vertical full patch on next
3.1
205
sheet
206
7
3.37
9
10
6
10
1
2.35
3
3.35
3
10
5
10
2
4
10
3
2.37
9
3.32
7
14 17 20 23 26 29 29 26 23 20 17 14
2.5
2.9
3.5
3.9
402 503 504 505 506 405
L-120 L-26 L-58 L-21 L-90 NC NC L-90 L-21 L-58 L-26 L-120
co baixista.
4.235 5.235
15
15
L-1
20
L-1
20
18
18
L-26
L-26
21
21
L-58
L-58
24
24
L-21
L-21
27
27
L-90
L-90
30
Macgyver Zitto
NC
NC
Blinder 4x 11
25 3.1
25
3
510
224 509 225 3.1
2.2
226
85 223 3.1
65
2.1
45 46 Robe Colorspot 2500AT 12
227
65 222 3.1
85
7
2.1
3.1
45 05
229
25 220 3.2
25
2.1
44 47 Robe Robin 600 Ledwash 18
230
219
1
3.2
401 43 48 406
4.172 5.298
Production Title
Monsters of Rock
Designer Director
se sempre em tons de
violeta, e nos contras,
em branco, ele deu vida
a músicas como Dark
Avenger, Kings Of Me-
tal e Secret Of Steel,
entre outras. Aliás, vale
lembrar que Jan e Hor-
ton, do Judas, foram os
únicos iluminadores do
festival a utilizar conte-
údo próprio. Os demais
limitaram-se a explorar o
painel com o uso de ima-
gens captadas ao vivo.
“Foi preciso conferir cue a cue do show”, disse ele, Atual iluminador do Motörhead e do próprio Sepul-
que em War Pigs, sucesso de Ozzy à frente do Bla- tura, Caio lembrou que, na primeira edição nacional
ck Sabbath, seu eterno
grupo, utilizou luzes ba-
Camila Cara
tidas no ritmo do con-
tratempo da bateria e
um contraluz, também
ritmado, em tons for-
tes de vermelho. Em
Crazy Train, sucesso da
carreira solo do artista,
abusou, no bom sen-
tido, dos bruttes que
acendiam a plateia.
No show do Manowar,
o stage manager ale-
mão Jan Freitag foi o
responsável pela ilu-
minação. Investindo
Muitas
novidades no
Final Cut Pro 10.2
Mais ferramentas, velocidade e estabilidade
R
ecentemente a Apple atualizou o Final
Cut para a versão 10.2. Foi um pulo con-
siderável em relação à versão anterior,
10.1.4, o que foi justificado pela quantidade de
novidades e modificações.
AS NOVAS MÁSCARAS
DE EFEITOS
Uma novidade muito útil foi a adição de másca-
ras de forma (shape mask) e cor (color mask) a
todos os efeitos de vídeo. Este recurso antes só
estava disponível no Color Board, e abre a pos-
sibilidade de se aplicar efeitos de forma muito
mais precisa, facilitando o processo criativo e
de finalização (Figura 3). Abra o Inspector após
aplicar o efeito e observe que, ao lado do nome
do mesmo, aparece um ícone quadrado com
um círculo no meio (Figura 4). Clicando nes- Figura 5A – A ferramenta Draw Mask sendo aplicada
áudio música e tecnologia | 83
F i n al Cut
JANELA DE IMPORT
UNIFICADA
As janelas de seleção de mídias e a de
opções de importação agora são uma
só. As opções de evento de destino, ge-
renciamento de arquivos, transcoding, Figura 6 – A nova janela de importação
Marcelo Ferraz é editor de vídeo na TV Brasil e professor do IATEC, no Rio de Janeiro. Mantém um site voltado para Final Cut Pro
X em fcpxnerd.wordpress.com e pode ser contatado pelo e-mail marcelofrodo@gmail.com.
Começando no Avid
e terminando em
outra ferramenta
Como continuar seu trabalho no
Premiere, After Effects, Da Vinci
Resolve e Pro Tools, entre outros
A
decisão da plataforma a ser escolhida para principalmente, ser eficiente no que diz respeito ao
um projeto sempre deve levar em conta as gerenciamento de tempo.
possibilidades de integração com outras fer-
ramentas. Isto porque, apesar dos aplicativos de Vamos, neste artigo, entender como o Avid Media
edição de vídeo de hoje possuírem funções “extras” Composer envia material para outros aplicativos im-
como efeitos, correção de cor e processamento de portantes do mercado.
áudio, ainda existem aplicativos e profissionais mais
adequados para cada função.
AAF – O PRINCIPAL RESPONSÁVEL
Usa-se muito o termo “workflow” para se referir ao
O formato OMF é muito mais comum do que o AAF,
fluxo de trabalho decidido em uma produção, que
principalmente no envio de material da ilha de edi-
envolve desde a captura até a entrega. Outro ter-
mo comum é o “round trip”, que significa o processo ção para o estúdio de sonorização. Porém, isto se
envolvido em exportar material de uma plataforma dá apenas pelo fato do OMF ser um formato mais
para processar em outra, e depois voltar, com o ma- antigo, e não por ser melhor. Pelo contrário, o AAF é
terial processado, para o projeto/aplicativo inicial. um formato mais recente, funciona melhor e retém
muito mais informação do que o OMF.
A decisão do workflow e round trip é fundamental
para evitar perdas na qualidade da imagem, man- Já ouvi diversos motivos para se continuar usando
ter ao máximo a possibilidade de rever decisões e, OMF em vez do AAF, como o fato de usuários de Pro
“Round trip” é o processo de exportar material de uma plataforma para processar em outra,
e depois voltar, com o material processado, para o projeto/aplicativo inicial
Tools precisarem pagar algo a mais para abrir este em questão e, em seguida, acessar o menu File >
arquivo ou que “OMF é só para áudio e AAF é só para Export. Vamos pressionar o botão “options” para
vídeo”. Resumindo, estas duas afirmativas são fal- seguir para a janela de opções e explorar um pou-
sas, como também são a maioria das outras. Então, co mais (fig. 1).
salvo um caso ou outro muito específico, o formato
AAF é o mais recomendado. Logo no alto, na opção “Export as”, vamos alterar o
tipo de arquivo para AAF. Logo em seguida, marque
as opções “Include All Video/Data Tracks in Sequen-
ce” para os vídeos e “Include Audio Tracks in Se-
quence” se precisar também do áudio. Repare que à
direita há uma opção para escolher apenas algumas
pistas, e não todas (fig. 2).
Mas se está lá, é por que é útil, mesmo que em Fig. 3 – Local de armazenamento das mídias
poucos casos... Um exemplo fácil de pensar é caso o
aplicativo que vai ler o AAF não suporte os arquivos
ou codecs que o Avid esteja usando. Supondo que questão de segurança, recomendo que seja usada a
você está usando o codec Avid DNxHD e quer abrir o opção “folder”.
seu AAF no Final Cut Pro 7 – mesmo sendo na mes-
ma máquina, o FCP 7 não consegue ler o codec Avid E assim o processo é finalizado. Basta entregar para
DnxHD, então será necessário fazer um AAF conso- seu companheiro de trabalho e ele poderá abrir di-
lidado e transcodificado para o codec Apple ProRes. retamente ou importar a sequência.
Sobra a opção “folder” e a opção “Embedded in AAF”. Para encerrar, vale ressaltar que o AAF se compro-
A opção folder é auto-explicativa, ou seja, armazena mete a enviar todas as informações essenciais da
as mídias numa pasta definida pelo usuário. Já a sequência, que são as pistas e pontos de corte, mas
opção “Embedded in AAF” cria apenas o arquivo AAF também envia informações de efeitos básicos como
com todas as mídias já encapsuladas no arquivo. resize, picture-in-picture, keyframes e tudo mais.
Porém, o aplicativo deve ser capaz de interpretar es-
Apesar da segunda opção ser mais prática (um úni- tas informações, e nem todos têm essa habilidade.
co arquivo é gerado), alguns aplicativos não conse-
guem ler corretamente o arquivo, então, por uma Vamos ficando por aqui. Até o próximo mês! Abraços •
Cristiano Moura é instrutor certificado pela Avid. Por meio da ProClass, oferece consultoria e treinamentos customizados, além
de lecionar cursos oficiais em Avid Media Composer. Contato: cmoura@proclass.com.br.
Lux mundus
A reunião definitiva das
tecnologias de iluminação
Rodrigo Horse
A
reunião fora marcada para acontecer no dia esquerdo da plateia sentavam-se os iluminadores cêni-
três de janeiro (03/01), data escolhida que cos, iluminadores de exteriores e interiores, arquitetos
melhor representa o terceiro versículo do e engenheiros eletricistas. Na galeria do auditório esta-
capítulo um do livro Gênese do Velho Testamento, vam as luminárias art nouveau, candelabros, castiçais,
onde se encontra a expressão "Fiat lux". tubos e bulbos de vidro, refletores e painéis de OLED de
múltiplas dimensões.
Na reunião, ocorrida no Teatro da Luz, com capacidade
para duas mil pessoas, estavam presentes e compu- Para abrir a reunião, a Tocha Paleolítica flamejante
nham a mesa central do palco "o Fogo Paleolítico numa pôs-se de pé, gesto seguido por todos os presentes,
tocha", "a Luz de Arco-Voltaico", "a Luz Incandescen- e com sua voz de chama ardente conclamou a todos
te", "a Luz de Sódio", "a Luz Fluorescente", "a Luz de um minuto de silêncio em memória a todos que um
Neon" e "o LED". Presidia a mesa "a tocha paleolítica". dia dedicaram parte de sua vida à luz artificial, seja
Do lado direito da plateia sentavam-se os representan- na forma de produzi-la, seja no modo de utilizá-la.
tes da GE, Philips, Osram, Trilux, Gobos do Brasil, Te- Todos então silenciaram suas vozes, dimerizaram
lem, Avolit, Jands, GCB, dentre outras marcas. Do lado suas luzes e baixaram suas cabeças. Ao fim de um
Wiki Images
voz lumínica histórias e acalantos no
quarto de dormir; seja na vidraça ou
no mármore das paredes, do chão ao
teto ela rabisca seu design histórico;
possui um idioma lúdico para emba-
lar textos teatrais e shows de músi-
ca, onde confirma seu dote artístico
que reverbera nos olhos do mundo
de todo mundo. Caros presentes, de-
claro aberta a reunião. Bem-vindos
ao Lux mundus.
Wiki Images
Nesse momen- os insultos vin-
to, sua fala foi dos da plateia, e
sufocada por um não desperdiçou
burburinho alvo- a chance de lhe
roçado vindo da agradecer e dizer
galeria onde es- que dentre os ilu-
tavam os ilumina- minadores cêni-
dores cênicos, ao cos ela era uma
mesmo tempo em joia histórica,
que no outro lado que trouxe enor-
da galeria reagi- me contribuição
ram os represen- aos profissionais
tantes de outras do teatro. Ele,
tecnologias e uma pessoalmente,
espécie de rixa se lamentava a de-
instalou entre as cisão de bani-la
Lâmpada incandescente
duas plateias. A e a atitude da
tocha paleolítica União Europeia,
pediu o microfone, solicitou calma, e que todos es- que desde 2009 aplica uma multa de 5,5 mil eu-
perassem o momento oportuno para se manifes- ros para quem insiste em fabricar ou importar essa
tarem. Um iluminador cênico chegou a se levantar tecnologia. Nesse momento ela ergueu-se das mãos
para se retirar, mas foi convencido pelo editor da do iluminador e, com o seu filamento dimmerizado,
Luz & Cena a permanecer. Uma voz do fundo gri- pronunciou em voz baixa um "obrigada". O iluminador
tou "fora as incandescentes" e a algazarra se ge- recolocou-a em seu assento à mesa e desceu pelas
neralizou. Uma equipe de lanternas dirigiu-se até a escadas do palco para ocupar o lugar de onde saíra.
plateia com seus focos direcionados para os focos
da confusão: aqueles que defendiam as lâmpadas A Tocha Paleolítica deu um suspiro flamejante que
incandescentes e aqueles que comemoravam a sua ecoou no microfone à sua frente e preencheu o si-
extinção. Na galeria, grandes painéis de LEDs se lêncio como se fosse um pedido de respeito. E disse:
curvaram e projetaram seu brilho para baixo, de
modo a intimidar os mais alvoroçados, até que, - A partir desse momento faremos um intervalo. A
após cinco minutos, a ordem foi restabelecida, mas cafeteria está aberta no saguão e advirto que, ao
as lanternas permaneceram perfiladas nas laterais primeiro sinal de confusão, os responsáveis serão
do teatro com o jato de luz apontado para o teto. convidados a se retirar do teatro.
Só quando o silêncio permitiu a retomada da palavra As lanternas ocuparam lugares estratégicos de vigi-
todos perceberam que a luz incandescente baixara lância e todos foram ao saguão em harmonia. Resta-
sua intensidade de 100 W para 25 W. Um iluminador -nos aguardar o retorno para ouvir da tecnologia sor-
cênico da velha guarda entrou pelos fundos do pal- teada para falar primeiro – a lâmpada incandescente
co e a segurou em suas mãos e pediu que perdoasse – o que ela tem a nos contar de sua biografia. •
Farlley Derze é diretor de Gestão e Pesquisa da empresa Jamile Tormann iluminação Cênica e Arquitetural, doutor
em História da iluminação, professor de Evolução da iluminação na Arquitetura pelo instituto de Pós-Graduação.
E-mail: diretoria@jamiletormann.com.
94 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Com o passar da vida, da idade, e das mudanças de mer- “Sim, mas os DJs não tocam!” Bem, poderíamos ficar ho-
cado na nossa música mundial, temos visto os DJs, que ras aqui. Tá... eles não tocam um instrumento como um
na minha época eram “os garotos que colocavam som em violino ou um piano. Mas, e se seus Macs e Launchpads
festinhas” (e muitas vezes tinham que ficar escondidos forem considerados instrumentos? Ok... mas não saem
para não atrapalharem o visual das mesmas), se torna- notas dali! Ué, saem colagens! Saem bumbos, caixas,
rem artistas. E muitas vezes artistas que atraem públicos
baixos eletrônicos e, por que não, riffs de pianos e ou-
gigantescos em festas e eventos ao redor do planeta. Esse
tros mil eventos musicais e sônicos. Sim, sim, sim, mas
sucesso mostruoso certamente gerou, em muitos casos,
alguns DJs não fazem nada além de apertar o play em
partes e lugares, antipatia, inveja, discórdia ou qualquer
um CD. Concordo, mas quem aqui disse que todos me-
outra palavra que sugira reprovação da classe DJ.
recem o mérito de produtores? Fato é que, se ouvirmos
a música pop de hoje em dia, veremos que ela tem um
Vou fazer uma breve analogia. Um dos maiores produ-
mar de informações sônicas e musicais, seja por notas de
tores de discos da história do mundo, Sir Richard Perry,
uma guitarra, seja por baterias tocadas em pads com as
com quem trabalhei na gravação e produção de um álbum
pontas dos dedos, seja por vocais gravados, regravados,
do Ray Charles em 1992 e 1993, não era instrumentista.
processados e modificados, e então encaixados naquele
Sim, eu disse, este que foi considerado o maior produtor
lugarzinho da música que finalmente vai levantar os pelos
de hit singles com artistas (grandes) diferentes, não toca-
dos braços ou botar milhares de pessoas em estado de
va nenhum instrumento. Ué... mas como assim? Ele era
êxtase em uma festa de grande porte.
um megaprodutor sem tocar nenhum instrumento? Sim.
E não fui eu quem deu este título a ele. Ele foi reconheci-
Da mesma forma que há produtores que são instrumen-
do pela indústria desta forma. E trabalhando com ele eu
aprendi a diferença entre músico e instrumentista. tistas virtuosos e outros que não tocam, existem discos
que têm resultados incríveis e outros que nem tanto. Exis-
O fato do Sir Richard Perry não tocar nenhum instrumen- tem shows que acontecem, outros que não dizem por que
to não o fazia deixar de ser músico. Com seus ouvidos estão alí. Existem técnicos de som que apertam botões e
ímpares e sensibilidade musical rara, ele alcançou resul- olham o relógio loucos pra irem logo embora, e outros en-
tados sônicos e musicais em seus álbums com cantores genheiros de música que, talvez sem tocarem uma nota,
como Barbara Streisand, Carly Simon, Rod Stewart, Art fazem aquelas notas gravadas ganharem vida, ouvintes e
Garfunkel e Ray Charles (estes dois últimos discos em que arrepios! Existem os DJs que apertam o play, e outros que
eu tive a sorte de ser seu engenheiro de música e progra- fazem colagens com uma musicalidade tão moderna tal-
mador de synths). Tendo dito isso, vemos diversos bons vez jamais ouvida antes. E quem trabalha para a música,
músicos, ou melhor, bons instrumentistas, que produzi- seja engenheiros de música, produtores ou DJs, merece
ram discos e talvez não tenham conseguido a magia dos todos os créditos das emoções que suas músicas geram
projetos deste “produtor que não sabe tocar nada”. nos braços arrepiados ao redor do mundo.
Voltando ao “caso dos DJs”, claro que em todas as áreas Divirtam-se! Até mês que vem. •
Enrico De Paoli é músico, ex-DJ (por que não?!) e engenheiro de música. Grava, mixa, masteriza e produz com um único resultado em mente: o que os
eventos sônicos da músicas causam em seus ouvintes. Para mais informações sobre sua discografia e seus treinamentos Mix Secrets, visite www.
EnricoDePaoli.com.
áudio música e tecnologia | 97
98 | áudio música e tecnologia