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Modelo de Alegações Finais

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Publicado por Robert Nogueira Jr há 2 anos  90,3K visualizações

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE


DIREITO DA ‘’...’’ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ‘’...’’ DO
ESTADO DE ‘’...’’

URGENTE/RÉU PRESO

Processo nº: ‘’...’’

Autor: Ministério Público do Estado de ‘’...’’

Denunciado: ‘’...’’(Nome do Cliente)

NOME DO CLIENTE, já devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, através de seu procurador que a esta subscreve, vem respeitosamente
à presença de V. Exa., nos termos dos artigos 57, caput, da Lei 11.343/06 c/c
403, § 3º do Código de Processo Penal, tempestivamente, no quinquídio legal,
apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS,
pelas razões de fato e de Direito a seguir apontadas;

SÍNTESE DOS FATOS

Obs:Aqui, deve-se expor de forma clara e objetiva todos os pontos


importantes do processo (dia dos fatos, manifestações e decisões, etc).

Exemplo:

Narram os autos que na data de ‘’...’’, policiais militares receberam a denúncia


de que o ‘’...’’(Nome do Cliente) estaria deslocando do bairro ‘’...’’ no intuito de
realizar uma entrega de entorpecentes.

A guarnição foi no encalço do denunciado que segundo os policiais, tentou


evadir, mas conseguiram abordá-lo na Rua. ‘’...’’, do Bairro ‘’...’’.

Receberam ainda, a informação de que na tentativa de fuga o denunciado


havia dispensado algo, mas nada foi encontrado.

Vale destacar que, na abordagem pessoal nada de ilícito foi encontrado.

Deslocaram-se então para a residência do denunciado, e lá foi encontrada uma


porção de maconha em seu quarto.

Foi então o denunciado preso em flagrante sob a acusação de estar praticando


traficância de substância conhecida como maconha, o que na verdade não
merece prosperar.

A Denúncia foi recebida na data de ‘’...’’ em fls. ‘’...’’.

O denunciado apresentou resposta escrita em fls. ‘’...’’.

Na Audiência de Instrução e Julgamento foram ouvidas 4 testemunhas e ao


final, o interrogatório do denunciado em fls. ‘’...’’.

O Ministério Público em suas Alegações Finais de fls. ‘’...’’ pede a condenação


do denunciado, sob o argumento de que existem provas suficientes para
condená-lo pelo delito de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da lei
11.343/06.

Autos à defesa, para apresentação de Alegações Finais.

Em síntese, são os fatos.

DO MÉRITO

Obs: Nesse momento, deve-se argumentar e expor teses e provas que


demonstrem a existência do seu direito e consequentemente, sirvam de
amparo para a concessão dos pedidos. Acho sempre interessante ressaltar os
efeitos negativos gerados pela pena, a real necessidade de submeter a pessoa
ao cárcere, as condições dos presídios, etc. Portanto, expor tudo o que for
favorável e capaz de influenciar no convencimento do julgador.

Exemplo:

Inicialmente, cumpre ressaltar que o denunciado é primário, possui residência


fixa e trabalho lícito, conforme documentos acostado aos autos.

Cumpre esclarecer ainda, que o denunciado não exerce comércio ilícito de


entorpecentes conforme afirmado na denúncia. A irrisória quantidade de
drogas encontrada, seria para o consumo pessoal, haja vista que se trata de
usuário de drogas.

Verifica-se que nos autos não há nenhuma prova capaz de incriminar o


denunciado de forma concreta e inequívoca ao delito em que é acusado, pelo
contrário, existem apenas presunções de que a droga encontrada seria para a
comercialização.

Como sabemos, no processo penal vigora o princípio segundo o qual a prova,


para alicerçar um decreto condenatório, deve ser indiscutível e cristalina.

Portanto, se o conjunto probatório não permitir precisar essa conclusão em


decorrência da dúvida, cumpre ao magistrado optar pela absolvição com base
no princípio do in dúbio pro réu.

Importante destacar também, que segundo os relatos obtidos nesse


procedimento, seja pelas testemunhas ou interrogatório do denunciado, não
há qualquer elemento que evidencie a prática do comércio de drogas,
maiormente quando não houvera flagrante de venda, detenção de usuários,
apreensão de objetos destinados à preparação, embalagem e pesagem da
droga.

Conforme se observa do exposto, resta comprovada a situação do denunciado


como usuário, conduta tipificada no artigo 28 da Lei 11.343/06 e não a de
traficante, conforme aduzido na denúncia.

Não há prova nos autos, de acordo com a análise dos depoimentos, do local do
fato, das condições em que se desenvolveu a ação, das circunstâncias sociais e
pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do denunciado, cheguem à
certeza de que a prática do fato era realmente tráfico de drogas, razão pela
qual, em caso de não absolvição, mostra-se necessária a desclassificação.

Diante disso, verifica-se que não há nos autos qualquer prova que o
denunciado tinha a intenção de vender a droga apreendida em sua residência.
Em seu interrogatório, o denunciado é categórico ao afirmar que é apenas
usuário habitual e jamais se envolveu na mercância de qualquer entorpecente,
fato este corroborado pelo depoimento das testemunhas e demais provas
trazidas ao processo.

Portanto Exa., não há nos autos prova inquestionável quanto a ocorrência do


delito em que está sendo acusado o denunciado. Mostrando-se prudente a
absolvição do mesmo, e em última análise, caso não entenda dessa forma, a
desclassificação do delito para uso de drogas, para que assim prevaleça a
efetiva aplicação do direito e ditames da justiça.

DOS PEDIDOS

Obs: Muito importante essa parte, deve-se analisar as possibilidades e


proceder os pedidos principais e subsidiários, ou seja, requerer absolvição,
desclassificação do delito, exclusão de qualificadoras, acatamento de causas
de diminuição, aplicação da pena no mínimo legal, conversão em restritivas
de direitos, possibilidade de suspensão do processo, concessão de algum
benefício, etc.

Exemplo:

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência;

a/ A ABSOLVIÇÃO do denunciado, nos termos do artigo 386, inciso V, VI e


VII do Código de Processo Penal, haja vista que não há prova concreta e
inquestionável para sustentar uma condenação, prevalecendo o princípio do
in dúbio pro réu.

b/ Caso não seja a absolvição o entendimento de V. Exa., pelo princípio da


eventualidade, que seja acolhida a tese de DESCLASSIFICAÇÃO para o
delito de Uso de Drogas (artigo 28 da Lei 11.343/06), dando definição diversa
do teor da denúncia, nos termos do artigo 383 do Código de Processo Penal,
com a consequente remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal, nos
termos do § 2º do artigo 383 c/c 394, § 1º, inciso III, do Código de Processo
Penal.

c/ Por derradeiro, caso entenda pela condenação do denunciado, o que não se


espera, requer a APLICAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL, com a
devida aplicação do § 4º do artigo 33 da Lei 11.343/06, analisando as
circunstâncias pessoais favoráveis do denunciado (artigo 59, inciso IV, do
Código Penal) e conversão em penas restritivas de direitos, de acordo com o
artigo 44 do Código Penal, posto que o denunciado preenche todos os
requisitos.

d/ Em caso de condenação, a aplicação do art. 59 da Lei 11.343/06 c/c 283 do


Código de Processo Penal, somado aos princípios da presunção de inocência
(art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal), entendimento da prisão como
última ratio, Lei 12.403/11 (medidas cautelares diversas da prisão), pelos
efeitos negativos do cárcere, requisitos favoráveis do denunciado (primário,
residência fixa, trabalho lícito), para que possa RECORRER EM
LIBERDADE, sendo expedido o devido e competente alvará de soltura em
favor do denunciado, para que possa ser restabelecida imediatamente sua
liberdade.

Para a efetivação da justiça, direitos e garantias asseguradas a todos os


cidadãos, e por tudo evidenciado nos autos, revela-se mais adequada, razoável
e humana, o acatamento dos argumentos e total procedência dos pedidos
formulados pela defesa.

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

Local ‘’...’’ e data ‘’...’’

Advogado ‘’...’’

OAB ‘’...’’

Robert Nogueira Jr

- Advogado com atuação na área criminal - Graduado em Direito pela Universidade Vale do Rio Doce -
Governador Valadares/MG (2007/2012) - Pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela
Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce - Governador Valadares/MG (2013/2014) - Pós-graduado em
Criminologia, Política Criminal e Segurança Pública pelo Instituto Luiz Flávio Gomes/Universidade
Anhanguera - Campo Grande/MS (2014/2016) - Pós-graduado em Direito Penal Militar e Processual Penal
Militar pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce - Governador Valadares/MG (2015/2016)

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4 Comentários

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Robert Nogueira Jr
1 ano atrás

Prezados colegas,

Importante tecer alguns comentários abaixo:

O artigo 403, § 3º do Código de Processo Penal, que trata das Alegações Finais,
dispõe que o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de
acusados, conceder às partes o prazo de 5 dias sucessivamente para apresentar
memoriais.

No mesmo sentido, o artigo 404, § único do CPP, aduz que realizada a diligência
determinada, em seguida, as partes apresentarão no prazo sucessivo de 5 dias, suas
alegações finais, por memorial.

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 4  Responder 

Robert Nogueira Jr
1 ano atrás

Ilustres colegas,
Gostaria de ressaltar que tais considerações neste documento (modelo de Alegações
Finais), servem apenas de auxílio e orientação inicial para a elaboração de sua peça
processual. Obviamente há muita coisa a ser acrescentada, mas de qualquer forma,
espero ter ajudado. Caso entendam conveniente, no documento (Direitos Humanos
e a Ressocialização no Sistema Carcerário Brasileiro) discorro um pouco acerca de
pontos que podem servir como reforço no desenvolvimento de sua peça (Prevalência
da liberdade, presunção de inocência, Direito Penal como a última ratio, aplicação
da Lei 12.403/11, condições dos presídios, efeitos gerados pelo cárcere, etc).
Sucesso!

 3  Responder 

Euler Gabriel
8 meses atrás

Sucinto, claro. Muito bom

 1  Responder 

M.antonia Cruz
1 mês atrás

obrigado pelo ensinamento, gostei da funamentação.

 1  Responder 

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