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Higienismo ou saúde?
O foco do higienismo é a erradicação da doença, não a promoção da saúde
“Sem potência de expansão, sem uma certa dominação das coisas, a vida é
indefensável” (Artaud)
"O essencial é que o homem ou a mulher se sinta viver sua própria vida, tome a
responsabilidade de sua ação ou inação, se sinta capaz de se atribuir o mérito de
um sucesso e a responsabilidade de um fracasso" (Winnicott)
A saúde tem a ver com a capacidade que temos de produzir coisas novas,
promover ativamente a relação entre as coisas
“Não somos nada adaptados a viver em um contexto já dado”
O combate às doenças no trabalho é menos a sua supressão e mais o cuidado com
a saúde, cuidado em fazer com que os trabalhadores promovam a relação entre as
coisas
Essa promoção das relações é possível por meio do ofício
O que é um ofício?
Uma terceira via para pensar a saúde do trabalhador é reposicionando o lugar do
especialista. Em vez de ser ele o modificador do trabalho (tarefa nunca realizável),
seriam os próprios profissionais os responsáveis por isso, ao se engajarem em seu
ofício e com a ajuda dos especialistas.
O ofício é uma discordância criativa entre as quatro instâncias da arquitetura
social do trabalho. Essas instâncias seriam:
o Pessoal: a ação singular do sujeito diante do trabalho – situada, dirigia e
não reiterável
o Interpessoal: a ação singular e coletiva diante do trabalho – situada, dirigia
e não reiterável
o Transpessoal: gênero profissional (história coletiva impessoal que
atravessa a atividade) e o sobredestinatário. Quando o coletivo de trabalho
assume a tarefa (segundo ofício) de cuidar do gênero. Esse gênero torna-
se o continente profissional do coletivo
o Impessoal: a tarefa prescrita que é necessariamente reelaborada pelo
gênero profissional. Sustenta o ofício para além das situações singulares
O gênero profissional abre os horizontes do poder de agir dos trabalhadores, pois
o fazem com base na herança histórica dos erros e acertos do gênero que participa.
o Com esse gênero fragilizado o ofício ele faz com que o trabalho seja
indefensável, coloca o sujeito em confronto direto e sozinho com o real.
o Ofício se apaga quando o fluxo em alguma dessas instâncias está
interrompido.
O ofício só se revela no movimento. Mesmo no caso do trabalho prescrito
(dimensão impessoal) é necessário que haja as normas para que ela seja
transformada, não negada.
Coletivo e coletivo
O coletivo pode ser um muro de proteção contra o sofrimento no trabalho
O melhor modo de cultivar um ofício é questioná-lo, é mantendo-o em
movimento, deve haver o conflito criativo sobre o trabalho bem feito
o O silêncio ou negação do conflito engessa e reduz a potência do ofício
O ofício no sujeito
A disputa profissional empreendida pelo coletivo também se interioriza nos
sujeitos.
O coletivo comparece não apenas como um sentimento de pertencimento, mas
como um instrumento de trabalho em si
Quando se encontra com o coletivo é porque ele foi recriado na e para a atividade
em si.
O coletivo não recobre o todo do ofício, haja vista que ele tem outras dimensões
e se refaz na atividade