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em Dammesek (Damasco). Todavia, há registros de essênios que viviam normalmente
nas cidades, relacionando-se com pessoas de outras crenças. Muitos dos essênios
optavam pelo celibato para se dedicarem exclusivamente ao aprimoramento espiritual,
servindo ao ETERNO. Os casados, por sua vez, mantinham relações sexuais, mas
praticavam períodos de abstenção para não se prenderem aos prazeres sensuais. Criam
em anjos e demônios, e especializaram-se em batalha espiritual, visto que pensavam
existir uma guerra entre os “filhos da luz” (os essênios) e as forças malignas de Belial.
Buscavam e exercitavam dons espirituais, principalmente o de profecia, e raramente
erravam em suas predições do futuro.
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e tiveram relevância doutrinária e devocional na formação do Judaísmo do “Caminho”,
a religião praticada pelos netsarim (nazarenos), os primeiros discípulos de Yeshua.
Não se sabe a exata origem dos essênios, mas a maioria dos estudiosos
leciona que estes, tal como os p’rushim (fariseus), derivam dos chassidim (piedosos),
grupo religioso devotado à Torá e que teve participação importante ao apoiar a revolta
dos macabim (macabeus), em torno de 167 a 142 A.C.
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Por intermédio de mensageiros, o rei enviou à Yerushalayim
[Jerusalém] e às cidades de Yehudá [Judá] cartas prescrevendo
que aceitassem os costumes dos outros povos da terra,
suspendessem os holocaustos, os sacrifícios e as libações no Beit
Hamikdash [Templo], violassem os shabatot [sábados] e as festas,
profanassem o santuário e tudo que é santo, erigissem altares,
templos e ídolos, sacrificassem porcos e animais imundos,
deixassem seus filhos incircuncidados e maculassem suas almas
com toda sorte de impurezas e abominações, de maneira a
obrigarem-nos a esquecer a Torá e a transgredir seus
mandamentos.
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Estes judeus zelosos, extremamente devotados ao ETERNO e que não
obedeceram às ordens iníquas de Antíoco Epifâneo, eram chamados de chassidim
(piedosos), grupo precursor dos essênios.
Logo, ainda que não se saiba a origem exata dos essênios, há quase que um
consenso entre os pesquisadores no sentido de que o grupo religioso é uma derivação
posterior dos chassidim.
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Templo, quando uma ‘raiz’ brotou de ‘Israel e Aarão’. Esse grupo
de sacerdotes e leigos ‘perambulou sem rumo’ por vinte anos até
que recebeu um guia enviado por Deus, ‘o Mestre da Justiça’.
Uma facção da congregação designada como ‘os que buscam as
coisas fáceis’ se rebelou contra ele, passando a seguir ‘o
Mentiroso’, que os fez ficar à deriva em matéria de doutrina, de
moral e de calendário litúrgico. Segue-se a isso um conflito
violento, e o Mestre e aqueles que permanecem fiéis a ele foram
para o exílio ‘na terra de Damasco’, onde estabeleceram a ‘nova
Aliança’. Ali morreu o Mestre. Os ímpios, por outro lado,
continuaram a reger em Jerusalém até encontrarem a Vingança
divina nas mãos ‘do principal rei da Grécia’.
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Defende a teoria predominante que o Sacerdote Ímpio era Jonatas Macabeu
(e também Simão, seu sucessor, ensinam alguns) e que o Mestre da Justiça foi um
sacerdote da linhagem de Tsadok (Zadoque), que se revoltou com o sacerdócio ilegal do
primeiro. Explica-se.
A “Revolta dos Macabeus” teve início com Judas Macabeu, que liderou sua
família e os chassidim contra as forças do Império Selêucida de Antíoco Epifâneo. Com
a morte de Matatias em 166 A.C, seu filho Judas Macabeu passa a liderar os judeus na
luta contra os estrangeiros, conseguindo retomar Yerushalayim (Jerusalém) e
reconsagrar o Beit Hamikdash (Templo), instituindo-se a festa conhecida como
Chanuká. Após a morte de Judas Macabeu (160 A.C), seu irmão Jônatas Macabeu
assumiu o governo, que perdurou de 160 a 143 A.C. Este Jonatas que é identificado pela
maioria dos especialistas como “o Sacerdote Ímpio”. Por quê?
Porque Jonatas celebrou acordo com o rei sírio Alexandre Balas, filho de
Antíoco Epifâneo, sendo por este nomeado para o cargo de kohen hagadol (sumo
sacerdote) (Macabim Álef/1º Macabeus 10:18-21). Ainda que Jonatas fosse de família
sacerdotal, sua nomeação para o cargo foi ilegal, porque um pagão não poderia escolher
quem seria o sumo sacerdote do ETERNO e tradicionalmente os sumos sacerdotes
descendiam da família dos oníadas. Assim, Jonatas passou a exercer tanto o poder
político quanto o religioso, e sua nomeação ilícita causou o descontentamento de judeus
piedosos, que passaram a reputá-lo como “o Sacerdote Ímpio”. Os piedosos deixaram
Yerushalayim (Jerusalém), porque achavam que eram ilegais a adoração e os sacrifícios
no Templo apresentados pelo Sacerdote Ímpio e, então, passaram a vagar durante 20
(vinte) anos no deserto até encontrarem o Mestre da Justiça. Por sua vez, o Mestre da
Justiça seria um sacerdote descendente de Tsadok (Zadoque/Sadoc), sendo que este
último foi amigo e sumo sacerdote do Rei David, chegando a ungir Shlomoh (Salomão)
como rei. Também descontente com o sacerdócio ilegal de Jonatas, o Mestre da Justiça
se une aos chassidim (piedosos) no deserto e fundam o grupo essênio de Qumran. Em
linhas gerais, esta é a teoria majoritária acerca da origem da seita.
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Gerechtikgkeit, 1963, pgs. 36-78); 7) H. Stegemann (Die Entstehung der
Qumrangemeneide, 1971); 8) M. Hengel (Judaism and Hellenism I, 1974, pgs. 224-
227); 9) J. Murphy-O´Connor (The Essenes and the History, 1974, pgs. 215-244).
“Ao mesmo tempo, Alexandre [Janeu], rei dos judeus, viu turbar-
se o seu reino, pelo ódio que o povo tinha contra ele. No dia da
festa dos Tabernáculos, quando se levam ramos de palmas e de
limoeiros, ele preparava-se para oferecer sacrifício. O povo não se
contentou de lhe lançar limões à cabeça, mas o ofendeu com
palavras, dizendo que, tendo sido escravo, ele não merecia honra
alguma e era indigno de oferecer sacrifícios a Deus. Ele ficou de
tal modo enfurecido que mandou matar uns seis mil deles e
em seguida reprimiu o esforço da multidão irritada com uma
cerca de madeira que mandou fazer ao redor do Templo e do altar,
e que se estendia até o lugar onde somente os sacerdotes têm
direito de entrar.” (Flávio Josefo, Ob.Cit., páginas 615 e 616).
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enquanto ainda viviam, suas mulheres e filhos.” (Flávio Josefo,
Ob.Cit. página 617).
Assim, para o rabino James Trimm, os essênios são fariseus que se isolaram
da vida social e religiosa em Yerushalayim (Jerusalém), instituindo uma nova seita do
Judaísmo com uma maior rigidez da halachá, que é o conjunto de mandamentos
rabínicos interpretativos dos mandamentos da Torá, dos costumes e tradições,
objetivando servir de guia do modo de viver israelita. Eis os escólios do ínclito rabino
nazareno:
(...)
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Por mais que pareça sedutora a teoria do querido rabino James Trimm, no
sentido de que os essênios surgiram na época do rei Alexandre Janeu (103 a 76 A.C),
que seria o misterioso “Sacerdote Ímpio”, há um evidente erro neste raciocínio. Os
Manuscritos do Mar Morto, que descrevem a comunidade de Qumran (os essênios),
datam pelo menos do ano 150 A.C. Ora, se os essênios já existiam, na pior das
hipóteses, desde o ano 150 A.C, fica claro que não surgiram quase 50 (cinquenta) anos
depois, durante o período de Alexandre Janeu, que iniciou seu reinado em 103 A.C.
Há uma terceira teoria acerca da origem dos essênios que, ao contrário das
outras, não atribui a identidade do “Sacerdote Ímpio” a Jonatas Macabeu (primeira
corrente) ou a Alexandre Janeu (segunda corrente), mas sustenta que os Manuscritos do
Mar Morto, ao usarem a expressão “Sacerdote Ímpio”, não estão se referindo a uma
pessoa específica e sim a diversos Sumos Sacerdotes hasmoneus ao longo do tempo. É o
que leciona uma das maiores autoridades no assunto, o professor espanhol Florentino
García Martínez:
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