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2018 – AVALIAÇÃO
Profa. Dra. Annie Gisele Fernandes
Datas de entrega: 12 de junho, nos horários das aulas (19:30 às 22:30hs) e 15 de junho, nos
horários das aulas (8:00 às 11:45hs).
NÃO serão aceitos trabalhos enviados por e-mail, nem trabalhos enviados além da data (salvo
em caso de greve e de divulgação de novo calendário acadêmico).
1) Analise o excerto abaixo do Romance de Tristão e Isola (Joseph Bédier), atentando para o
fragmento de “Para Viver um Grande Amor”, de Vinícius de Moraes. O texto crítico de Denis
de Rougemount, “O Mito de Tristão” (O amor e o ocidente, Editora Guanabara) deve ser
considerado em sua análise.
“– Amigo, seria pouco o maior amor que eu pudesse dedicar-vos, pois conservastes esta terra.
Quero recompensar-vos. Minha filha, Isolda das Brancas Mãos, descende de duques, de reis e
de rainhas. Ficai com ela, eu vo-la dou.
– Sire, fico com ela – disse Tristão.
Ah! Senhores, por que disse ele essas palavras? Mas por essas palavras, ele morreu.
Marcou-se dia, estabeleceu-se um prazo. O duque veio com seus amigos, Tristão com os dele. O
capelão cantou a missa. Diante de todos, à porta do mosteiro, segundo a lei da santa Igreja,
Tristão desposou Isolda das Brancas Mãos. As núpcias foram magníficas e ricas. Mas tendo
chegado a noite, enquanto os homens de Tristão o despojavam de suas vestes, aconteceu que, ao
puxarem a manga estreita demais de seu casaco, tiraram e fizeram cair de seu dedo o anel de
jaspe verde, o anel de Isolda, a Loura, que produziu um som límpido nas lajes.
Tristão olhou e viu-o. então seu antigo amor despertou, e Tristão reconheceu o seu erro.
Lembrou-se do dia em que Isolda, a Loura, lhe dera esse anel: estavam na floresta onde, por ele,
ela levara vida cruel. E, deitado ao lado da outra Isolda, reviu a cabana do Morois. Por que
maldade do seu coração acusara intimamente sua amiga de traição? Não, ela sofria por ele todas
as penas e somente ele a tinha traído.
Mas ele também se compadecia de Isolda, sua esposa, a Simples, a Bela. As duas Isolda tinham-
no amado em má hora. A ambas ele mentira a sua fidelidade.
Entretanto, Isolda das Brancas Mãos admirava-se de ouvi-lo suspirar, estendido a seu lado.
Finalmente, disse-lhe um pouco envergonhada:
– Caro senhor, por acaso vos ofendi em alguma coisa? Por que não me dais nenhum beijo
sequer? Dizei-mo para que eu reconheça minha falta e venha a expiá-la, se puder.
– Amiga – disse Tristão – não vos zangueis, mas eu fiz uma promessa. Tempos atrás, num outro
país, combati um dragão e ia perecer, quando lembrei-me da Mãe de Deus. Prometi-lhe então
que, uma vez livre do monstro por sua intercessão, se um dia eu viesse a me casar, durante todo
um ano abster-me ia de abraçar e de beijar minha esposa...
– Ora, pois – disse Isolda das Brancas Mãos – suportá-lo ei de boa vontade.
Mas quando as servas, pela manhã, arrumaram-lhe a camisinha das mulheres desposadas, ela
sorriu tristemente, e pensou que ainda não tinha direito àquele adorno.” (capítulo “Isolda das
Brancas Mãos”).
“Para viver um grande amor, preciso
É muita concentração e muito siso
Muita seriedade e pouco riso
Para viver um grande amor
Para viver um grande amor, mister
É ser um homem de uma só mulher
Pois ser de muitas - poxa! - é pra quem quer
Nem tem nenhum valor
Para viver um grande amor, primeiro
É preciso sagrar-se cavalheiro
E ser de sua dama por inteiro
Seja lá como for
Há de fazer do corpo uma morada
Onde clausure-se a mulher amada
E postar-se de fora com uma espada
Para viver um grande amor”
(Vinícius de Moraes, “Para Viver um Grande Amor”)
2) Vimos que uma das principais características da Cantiga de Amor é a coita amorosa.
Explique-a na cantiga que segue, apontando também outras características daquele tipo de
composição nela presentes bem como as relações (de aproximação e de afastamento) que se
pode notar entre ela e o poema “Letra Para Uma Valsa Romântica”, de Manuel Bandeira. Em
sua análise, considere o texto Tratado do amor cortês, de André Capelão, E “Amor cortês” (in
Revista Camoniana)
Ai nem te humaniza
O pranto que tanto
Nas faces deslizas
Do amante que pede
Suplicantemente
Teu amor, Elisa!
3) Leia a cantiga que segue e comente-a apoiando-se no texto crítico transcrito abaixo:
Bailemos nós ja todas tres, ai amigas, Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos
so aquestas avelaneiras frolidas, so aqueste ramo frolido bailemos,
e quen for velida como nós velidas, e quen ben parecer como nós parecemos,
se amigo amar, se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas so aqueste ramo, sol que nós bailemos,
verrá bailar. verrá bailar.
“As formas tradicionais compreendem todos os cantares d’amigo que refletem a fragância
virginal do campo, das serras e da praia [...]. Como se sabe, os cantares dessa inspiração,
sobretudo aqueles que refletem a vida simples do campo, estão intimamente associados à
música e à dança, motivo por que o conteúdo poético da canção desce algumas vezes para um
plano secundário. [...]” (Segismundo Spina. Introdução. A Lírica Trovadoresca. São Paulo:
Edusp, 1996, p. 50).
“[...] o Quattrocento dá-nos a impressão duma cultura renovada que tivesse quebrado as
algemas do pensamento medieval, quando Savonorola nos vem lembrar que debaixo da
superfície a Idade Média ainda subsiste” (“O advento da nova forma”, p. 327),
Com o Renascimento surge um conceito dinâmico de homem. O indivíduo passa a ter a sua
própria história de desenvolvimento pessoal, tal como a sociedade adquire também a sua
história de desenvolvimento. A identidade contraditória do indivíduo e da sociedade surge em
todas as categorias fundamentais. A relação entre o indivíduo e a situação torna-se fluida; o
passado, o presente, o futuro transformam-se em criações humanas. Esta ‘humanidade’, no
entanto, constitui um conceito generalizado, homogêneo. [...]”(“Introdução”, O Homem do
Renascimento, pág. 9).
“A concepção dinâmica renascentista do homem era tão unitária como a concepção antiga.
Nenhum pensador do Renascimento voltou a uma concepção estática do homem (harmoniosa
ou dualista), tendo este avanço de ser reconhecido até pela Contra-Reforma e a idade barroca.
No interior desse dinamismo, os dois pólos extremos eram a grandeza do homem e a sua
pequenez; a ênfase dada a um ou outro depende apenas do ponto de vista. [...]” (“Introdução”, O
Homem do Renascimento, pág. 21).